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CINESIOTERAPIA - 3º Termo Prof. Crysthyano LEIS DO DESENVOLVIMENTO OSTEO-ARTICULAR O esqueleto é tanto mais maleável quanto menos ossificado está, ou quanto mais jovem seja o indivíduo. Eliminando as deformidades de origem traumática, senil ou infecciosa, podemos dizer que toda deformidade óssea tem origem entre o nascimento e os 20 anos de idade, e com frequência entre os 7 e 14 anos, sendo este período de idade aquele em que a morfologia e a postura definem-se para o futuro. A plasticidade do esqueleto, nessa época, por um lado pode facilitar a má formação; porém, por outro lado e pela mesma razão, (maleabilidade) favorece a correção. Por isso é necessário tratar, na adolescência, as alterações que poderão tornar-se ósseas e fixas. O tratamento preventivo é mais fácil, mais rápido e de melhor prognóstico. No adulto, quando tratarmos de uma deformidade, vamos visar um tratamento postural; o objetivo não pode ser o de reduzir totalmente as deformidades, mas sim dar-lhe flexibilidade para suas AVDs e diminuir possíveis quadros álgicos. Lei de ossificação e crescimento Nem todas as partes do esqueleto ossificam-se com a mesma rapidez, sendo que esse processo segue algumas regras: as costelas ossificam-se rapidamente, porém continuam maleáveis graças às cartilagens costais; - os pés ossificam-se mais depressa que as mãos, portanto os tratamentos para pé plano ou outras deformidades devem ser feitos precocemente; - as epífises férteis, que ossificam mais tardiamente, estão situadas perto dos joelhos e próximo ao punho (nelas aparecem as dores do crescimento); - a pélvis está completamente ossificada antes dos 20 anos; Lei de alternância de Godin Os picos de crescimento do esqueleto alternam-se de seis em seis meses. O crescimento lateral alterna-se com o crescimento longitudinal. O crescimento da extremidade distal alterna-se com o crescimento da extremidade proximal. O crescimento dos membros superiores alterna-se com o crescimento dos membros inferiores. 1 Podemos observar também alternância lateral entre os MsIs (direito e esquerdo), o que pode gerar um desequilíbrio pélvico (temporário). A desigualdade decorrente deste processo não é alarmante na criança visto que o desequilíbrio é temporário, devendo, portanto ser observada, pois pode dar origem a uma atitude escoliótica. Às vezes uma escoliose persiste na idade adulta se o crescimento terminou em um momento de desequilíbrio. Lei de Delpech Esta lei tem grande importância na cinesioterapia tanto para compreendermos a etiologia das deformidades ósseas como para determinarmos o protocolo de tratamento. Segundo essa lei, a formação óssea se dá pela movimentação normal e por pressões normais de estruturas vizinhas (músculos, tendões e ligamentos). Assim, sempre que tivermos movimentos anormais e pressões anormais em superfícies ósseas ou cartilaginosas, ali serão geradas anormalidades. Exemplo 1: uma articulação imóvel ou imobilizada pode sofrer rigidez, anquilose ou soldar-se completamente quando há uma imobilização muito prolongada. Exemplo 2: na coluna vertebral, quando há um desequilíbrio de pressão entre as vértebras, a coluna tenderá à flexão para um dos lados. O processo é sempre o mesmo, independente da curvatura anormal, que pode ser com convexidade posterior (cifose), anterior (lordose acentuada) ou lateral (escoliose). PLANOS ANATÔMICOS DE MOVIMENTAÇÃO Plano Sagital (ou de perfil) movimentos: flexão e extensão; linha imaginária ântero-posterior divide o corpo na linha média em lados Dir. e Esq. Plano Frontal (ou coronariano) movimentos: adução e abdução; linha imaginária de um lado ao outro divide o corpo na linha média em porção anterior e porção posterior Plano Transverso (ou horizontal) movimentos: rotação interna, rotação externa, pronação e supinação; linha imaginária horizontal divide o corpo em porção superior e porção inferior ** A intersecção das três linhas (ou planos) determina o centro de gravidade da pessoas 2 CINESIOTERAPIA - 3º Termo Prof. Crysthyano TIPOS DE EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS Passivo, ativo, ativo-assistido, resistido e alongamento passivo ou ativo EXERCÍCIO PASSIVO - é o exercício no qual não há contração muscular voluntária e é produzido por uma força externa; - é realizado pelo terapeuta, mas este deve fazer sempre uma solicitação verbal ao paciente para que ele tente contrair o músculo. Indicações - obter relaxamento ou estimulação muscular, ou alongamento; - músculos com grau de força 0 e 1; - para manter a mobilidade articular já existente, como em pacientes de UTI, comatosos, hemiplégicos ou em articulações dolorosas; - para evitar retrações e contraturas; - para manter a elasticidade dos músculos; - para atender às necessidades circulatórias; - para o paciente manter a consciência do movimento (em padrões normais de AVD); - preservar ou melhorar o esquema e a imagem corporal; - para evitar o silêncio periférico. O movimento passivo NÃO SERVE para: - prevenir atrofia muscular; - aumentar a força muscular; - atender às necessidades circulatórias tão bem como na contração ativa. Contra-indicações - em região de fraturas não consolidadas ou próximo a fraturas recentes com bloqueio articular; - imediatamente após cirurgias de tendões, músculos e ligamentos, salvo em algumas exceções, como em pós-cirúrgicos de LCA; - quando o movimento articular puder ser prejudicial a processos de cicatrização. EXERCÍCIO ATIVO-ASSISTIDO - é o exercício no qual o paciente realiza o movimento com auxílio do terapeuta; 3 - este auxílio vai ser dado somente depois que o paciente realizar o que consegue, e de acordo com a capacidade do músculo solicitado. Indicações - músculos espásticos após relaxamento; - músculos com grau de força 2. ** Obs: As indicações e as contra-indicações para a execução (ou para o uso) deste tipo de exercício são as mesmas do exercício ativo, além das já citadas, considerando-se que sempre haverá alguma limitação e então o paciente necessitará de auxílio. EXERCÍCIO ATIVO - é o movimento livre de um segmento, produzido por uma contração ativa e voluntária; o paciente executa o exercício sozinho, porém, sob supervisão do fisioterapeuta. Indicações - manter e/ou aumentar ADM; - começar a desenvolver força muscular; - quando o paciente está apto a contrair ativamente o músculo e mover um segmento; - desenvolver coordenação motora; - para alcançar as mesmas metas do exercício passivo e ainda obter contração muscular; - para manter a elasticidade e contratilidade dos músculos; - para melhorar a circulação sanguínea (retorno venoso); - para músculos com grau 3 e 4. O movimento ativo NÃO SERVE para: - aumentar a força muscular em músculos já fortes; - manter trofismo em grupos musculares bastante fortes. ** Abordar contração isométrica e isotônica, concêntrica e excêntrica Contra-indicações - imediatamente após cirurgias de músculos, tendões ou ligamentos, mesmo que o paciente consiga fazer o movimento (salvo em algumas exceções); - quando as condições cardio-vasculares do paciente são instáveis e o exercício pode colocar em risco a sua vida (por exemplo, o infarto). EXERCÍCIO RESISTIDO - é uma forma de exercício na qual há uma contração muscular voluntária estática ou dinâmica, e esta é resistida por uma força externa manual ou mecânica (R); - esta força externa vai ser aplicada de acordocom o potencial do músculo. Exercício com Resistência Manual - é o exercício ativo no qual a (R) é feita pelo terapeuta; 4 - esta (R) não pode ser medida quantitativamente e a quantidade de (R) aplicada é limitada pela força do terapeuta. Exercício com Resistência Mecânica - é o exercício ativo no qual a (R) é aplicada com equipamentos e/ou aparelhos; - a (R) pode ser medida quantitativamente e aumentar com a evolução (necessidade); - é útil quando é necessária uma força maior que a do terapeuta. Considerações 1- Se à medida que o músculo se contrai for feita uma resistência contra ele, o músculo se tornará mais forte após um certo período de tempo. 2- O músculo, que é um tecido contrátil, se tornará mais forte através da hipertrofia de suas fibras musculares e do aumento da exigência de trabalho nas suas fibras. 3- À medida que a força de um músculo aumenta, aumentam também a resposta cardiovascular, a potência e a resistência à fadiga. 4- Muitos fatores como doenças, desuso ou imobilização prolongada podem determinar a fraqueza muscular. Através de exercícios resistidos manuais ou mecânicos programados, poderemos conseguir aumento de força muscular, melhora da resistência à fadiga e da função física geral. Indicações e Objetivos - aumentar o volume do músculo (hipertrofia); - melhorar a função física geral; - aumentar a força muscular: para isso a contração muscular precisa ser resistida ou receber uma carga para promover a hipertrofia; - para trabalhar com músculos de grau 4 ou 5; - aumentar a resistência à fadiga: consegue-se isto repetindo-se o exercício diversas vezes, com uma resistência média e com maior velocidade; - aumentar a força muscular e a massa muscular: para isto devemos usar uma carga maior, com menos velocidade e um número menor de repetições. Contra-indicações - inflamação e edema (o exercício resistido pode causar estes sinais); - dor (quando houver dor, diminuir ou suspender o exercício resistido); - quando não houver uma ADM boa, adequada. Precauções - evitar a manobra de Valsalva, (o paciente prende a respiração, fazendo apnéia (orientar para cantar, contar ou respirar ritmicamente durante o exercício); - previnir movimentos substitutivos: quando houver bloqueio articular ou músculos fracos, o paciente tentará realizar o movimento desejado como lhe for possível. Tipos de Exercícios Resistidos Isotônicos 5 - há contração muscular com movimento articular; - podem ser feitos com resistência manual ou mecânica. Isométricos - há contração muscular porém sem movimento articular; - como não há movimento articular, a força vai desenvolver-se somente naquelas fibras em cujo ângulo o exercício é executado. Princípios para a aplicação do exercício resistido ** local da resistência e da estabilização ** voz de comando 1- Antes do início dos exercícios - avaliar a ADM e a força do paciente; - explicar ao paciente os exercícios e os procedimentos: demonstrar ao paciente o movimento desejado, executando-o passivamente no membro a ser trabalhado; - colocar o paciente em posição confortável e manter a região do corpo a ser trabalhada livre de roupas restritivas; - o terapeuta deve adotar uma boa postura corporal, que é individual; - explicar ao paciente que ele precisa executar o exercício com esforço, mas sem a manobra de Valsalva. 2- Durante a execução dos exercícios - estudar onde aplicar a resistência; geralmente ela é aplicada na extremidade distal do segmento pois isso promove maior quantidade de resistência com menor esforço do fisioterapeuta; temos exceções quando há uma lesão de cotovelo, joelho ou tornozelo e então a resistência deve ser aplicada mais proximalmente; - determinar a direção da resistência: ela é sempre aplicada na direção oposta ao movimento desejado; - estabilizar os segmentos para evitar movimentos substitutivos (com correias ou faixas); - aplicar a quantidade apropriada de resistência: a resposta do paciente deve ser um esforço máximo SEM dor e no exercício dinâmico a movimentação deve ser homogênea e sem tremores; - estabelecer o número ideal de repetições e a quantidade de peso através do teste de força muscular (parar antes de levar o paciente ao ponto de fadiga muscular) e do Teste de Resistência Máxima; - realizar repetições adicionais somente após um período adequado de repouso muscular; - trocar o local de aplicação de resistência e/ou diminuir a quantidade de resistência se: * o paciente não estiver conseguindo ADM total * o local de aplicação da resistência for doloroso * ocorrer tremor muscular ou movimentos substitutivos (será feita uma aula prática com a participação de todos os alunos) 6 Alongamento Ativo ou Auto-alongamento: ALONGUE-SE! (Bob Anderson) ALONGAMENTO Definição: é uma manobra terapêutica usada para alongar estruturas de tecido conectivo encurtadas patologicamente, e assim aumentar sua ADM. ** As estruturas que podem sofrer encurtamento e precisar alongamento são: - tecido conectivo - músculos - ligamentos - tendões - pele Alongamento Passivo: ocorre quando o paciente está relaxado e uma força externa é aplicada para alongar um tecido encurtado. Alongamento Ativo: ocorre quando o próprio paciente realiza a manobra de alongamento. Flexibilidade: é a capacidade de um músculo de relaxar e ceder à força de um alongamento. Exercícios de flexibilidade são exercícios de alongamento elaborados para aumentar a ADM. Retração: é uma leve diminuição no comprimento de tecidos moles. Ocorre um enrijecimento no músculo ou tecido conectivo antes que o paciente possa alcançar a ADM completa. Exemplo: ísquio-tibiais. Contratura: é uma diminuição acentuada no comprimento de tecidos moles, ou é um bloqueio articular, levando à perda de ADM. Exemplo: com uma contratura em flexão de cotovelo, o paciente não pode estender completamente o cotovelo. Contratura Irreversível: é a perda permanente da flexibilidade dos tecidos moles e na maioria das vezes só pode ser liberada cirurgicamente. Nestes casos grande parte do tecido elástico normal foi substituída por tecido não elástico como fibrose ou miosite ossificante. Causas de diminuição de ADM (encurtamento adaptativo) - imobilização prolongada: uso de gesso ou "splint" por período prolongado, após fraturas, cirurgias ou traumatismos; - mobilidade restrita: repouso prolongado no leito ou confinamento em cadeira de rodas; - doenças articulares: osteoartrites ou artrite reumatóide (doenças reumáticas) causam dor, espasmo muscular, inflamação e fraqueza alterando a estrutura dos tecidos moles; 7 - processos patológicos: devido a traumas, inflamação, edema, hemorragias, isquemias, incisão cirúrgica, laceração e/ou queimaduras, pode ocorrer a produção de tecido fibroso denso que substitui tecidos moles (estes perdem sua elasticidade e plasticidade normais, com diminuição da ADM). Indicações - quando uma ADM está limitada devido a retrações, contraturas, aderências e formação de tecido cicatricial inadequado, levando ao encurtamento de músculos, tendões e pele; - quando existe fraqueza muscular e retração no tecido oposto: PORÉM os músculos retraídos devem ser alongados antes de se fazer fortalecimento nos músculos fracos; - sempre que limitações venham interferir nas AVDs. Contra-indicações - quando um bloqueio ósseo limita a ADM; - após fraturas recentes; - quando houver processo inflamatório agudo ou infeccioso com dor, calor, tumor e rubor nas articulações próximas; - sempre que o paciente referir dor aguda, durante ou após movimentos articulares forçados por alongamento; - quando se observar hematomas ou outro sinal de traumas nos tecidos - quando as contraturas ou tecidosmoles encurtados estiverem dando uma estabilidade articular maior que a normal, ou quando as contraturas ou os tecidos moles encurtados forem a base para aumentar habilidades funcionais ou AVDs, particularmente em pacientes com paralisia ou fraqueza muscular grave. Exemplo: paraplégicos com hiperlordose (equilíbrio para sentar) ou pacientes com mão em garra (auxílio na funcionalidade). Procedimentos para aplicação do alongamento passivo - o terapeuta aplica a força externa e controla a direção, velocidade, intensidade e duração do alongamento; - a direção do alongamento será exatamente oposta à direção da função do músculo retraído a ser alongado; - o paciente deve estar relaxado já que o medo e a tensão podem ser nocivos: na posição de alongamento o paciente pode referir sensação de repuxamento ou desconforto nas estruturas alongadas, mas não deve referir dor intensa; - os tecidos são alongados além do seu comprimento em repouso e esta técnica não deve ser confundida com exercícios passivos que trabalham apenas a ADM já existente; - a força de um alongamento é geralmente aplicada durante 10 segundos e repetida várias vezes em uma mesma terapia; - a intensidade e a duração do alongamento são geralmente aplicadas de acordo com a tolerância do paciente e com a resistência à fadiga do terapeuta; - um alongamento manual de baixa intensidade aplicado por maior tempo será mais confortável e mais tolerável pelo paciente (pouco e frequente); - a aplicação de calor prévia ao alongamento aumenta a temperatura do tecido e aumenta a sua extensibilidade (relaxamento); 8 - explicar ao paciente os objetivos do alongamento e certificar-se de que ele compreendeu; - deixe a área que vai ser alongada livre de roupas restritivas, faixas ou "splints"; - verificar qual é a ADM na articulação contra-lateral pois pode ser que a ADM já fosse diminuída antes mesmo da lesão; - segure firmemente sem incomodar o paciente e use as superfícies maiores das mãos para aplicar a força do alongamento: se necessário use toalhas nas regiões onde há pouco tecido subcutâneo, sobre superfícies ósseas ou onde a sensibilidade estiver reduzida; - aplique a força de alongamento de maneira delicada e lenta, leve a articulação até o ponto de restrição ou bloqueio e movimente ou avance um pouco além deste ponto da ADM: movimentar a extremidade lentamente ao longo da amplitude para depois avançar na ADM; - evite o alongamento com movimentos balísticos (com insistência) pois isso pode causar lesões articulares (micro-traumas) e vai causar o reflexo do estiramento, determinando contração reflexa no músculo que está sendo alongado; - não se consegue ganhar amplitude completa em apenas uma ou duas sessões de tratamento; o aumento da flexibilidade é um processo lento e gradual que vai exigir várias semanas de tratamento para se obter resultados aparentes e significativos. 9
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