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04/04/2016 1 Universidade Nove de Julho Disciplina de Hematologia Anemias hemolíticas 2016.1 Profª Heide Baida Anemias hemolíticas Introdução • Caracterizadas pelo aumento na destruição dos eritrócitos (hemólise); • Classificam-se em: 1. Hereditárias, apresentando alterações nos componentes das hemácias; 2. Adquiridas, apresentando alterações não relacionadas diretamente com os componentes das hemácias, tais como medicamentos, infecções, anticorpos. 04/04/2016 2 Anemias hemolíticas Características clínicas e laboratoriais • Palidez cutâneomucosa, icterícia, esplenomegalia, cálculos vesiculares; • Laboratorialmente: aumento da bilirrubina sérica, reticulocitose, poiquilocitose, fragmentos celulares, aumento da fragilidade osmótica. 04/04/2016 3 Anemias hemolíticas Classificação HEREDITÁRIA • DEFEITO DE MEMBRANA • DEFEITO NO METABOLISMO CELULAR • DEFEITO NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA ADQUIRIDA • IMUNOLÓGICAS • INFECCIOSAS • POR AGENTES QUÍMICOS • HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA Anemias hemolíticas Classificação HEREDITÁRIA • DEFEITO DE MEMBRANA: 1. Esferocitose hereditária • DEFEITO NO METABOLISMO CELULAR: 1. Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PD) 2. Anemia sideroblástica • DEFEITO NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA: 1. Talassemias 1.1. Síndromes α-talassêmicas 1.2. Síndromes β-talassêmicas 2. Síndromes falcêmicas 04/04/2016 4 Síntese proteica DNA NORMAL PROTEÍNA NORMAL Síntese proteica DNA MUTADO PROTEÍNA ALTERADA 04/04/2016 5 Anemias hemolíticas Classificação ADQUIRIDA • IMUNOLÓGICAS 1. Auto-imunes 2. Reações hemolíticas transfusionais 3. Doença hemolítica do recém-nascido (DHRN) • INFECCIOSAS 1. Malária • POR AGENTES QUÍMICOS 1. Drogas • HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA Esferocitose hereditária • Caracterizada pela diminuição da interação entre a membrana da hemácia e o citoesqueleto, por perda de porções lipídicas da membrana; • As células são produzidas normalmente, mas gradativamente perdem sua forma bicôncava e tomam a forma esférica; • São sequestrados prematuramente e destruídos pelo sistema monocítico-fagocitário. DEFEITOS DA MEMBRANA 04/04/2016 6 Esferocitose hereditária • Herança autossômica dominante; • Comum nos caucasianos; • Clinicamente a esplenomegalia é comum, bem como a formação de cálculos vesiculares; • Citologicamente, encontra-se esferócitos e também pode ocorrer a presença de reticulócitos; • Ocorre o aumento da fragilidade osmótica; • Em casos severos, pode ser indicada e esplenectomia. DEFEITOS DA MEMBRANA Extensão sanguínea de paciente com Esferocitose Hereditária Hemácias normais 04/04/2016 7 Esferocitose Hereditária Wintrobe, 2007 Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PD) • Torna a hemácia suscetível ao estresse oxidante; • Forma descritas 400 variantes, com diferentes manifestações citológicas; • Herança ligada ao sexo. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR 04/04/2016 8 Deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G-6-PD) • Clinicamente, pode ser assintomática; • O quadro hemolítico pode ser desencadeado por alguns fármacos (sulfas, antibióticos, analgésicos); • Citologicamente, observa-se a presença de Corpúsculo de Heinz; • Laboratorialmente, pode ocorrer hemoglobinúria. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR Extensão sanguínea de amostra de paciente com Deficiência de G-6-PD 04/04/2016 9 Anemia sideroblástica • Pode ser congênita (ligada ao sexo) ou adquirida (drogas, intoxicação, idiopática); • Ocorre alteração na síntese do grupo heme, por desordens enzimáticas na mitocôndria dos precursores das hemácias. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR Anemia sideroblástica • Laboratorialmente: microcitose, hipocromia, policromasia, poiquilocitose, sideroblastos . • Tratamento: nas adquiridas, cessar o estímulo. Transfusões de sangue. DEFEITOS NO METABOLISMO CELULAR 04/04/2016 10 Amostra de medula óssea de pacientes com anemia sideroblástica Grânulos de Pappenheimer ou Grânulos Sideróticos Wintrobe, 2007 04/04/2016 11 Talassemias • Agrupa as patologias decorrentes da redução ou ausência de síntese das cadeias peptídicas da molécula de hemoglobina; • As principais alterações são: 1. α-talassemias: com redução (α+) ou ausência (α0) das cadeias alfa; 2. β-talassemias: com redução (β+) ou ausência (β0) das cadeias beta; 3. δβ-talassemias: mais raras, podendo haver redução ou ausência de síntese das cadeias δou β. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Hemoglobina (Hb) Hb normais do indivíduo adulto (3-6 meses pós nascimento): • Hb A: α2β2 (98,0%) • Hb A2: α2δ2 (1,5%) • Hb F (fetal): α2γ2 (0,5%) Todas as moléculas de Hb são constituídas por 1 par de cadeias alfa e um par de cadeias não-alfa. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 12 Talassemias Incidência: • Alfa: ásia, áfrica • Beta: oriente médio, mediterrâneo, índia A deficiência na produção das cadeias ocasiona: • Diminuição na síntese da molécula de Hb; • Aumento relativo da cadeia predominante, causando alterações na vida média das hemácias; • São anemias com hemácias hipocrômicas. Classificação: quanto a gravidade clínica • Maior ou Major • Menor ou Minor (traço talassêmico) DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA α-Talassemias • Células diploides possuem 4 genes que codificam a cadeia alfa (α2α1/α2α1); • Nas talassemias um ou mais genes podem estar comprometidos, resultando assim em formas variadas da doença: DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 13 α-Talassemias 1. Todos os genes comprometidos, com ausência da síntese de cadeias alfa. Ocorre então a formação do tetrâmero γ4, chamada de Hb Bart. Esta condição é incompatível com a vida, causando morte intra-uterina por hidropsia fetal. Pode-se encontrar pequenas quantidades do tetrâmero β4 (HbH) no sangue. Hb de Bart: alta afinidade pelo oxigênio DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA α-Talassemias 2. Pode ocorrer a ausência de 3 genes, comprometendo a formação da HbA e excesso de Hb com cadeias beta – HbH. Pequena quantidade de Hb de Bart é encontrada; 3. Nas formas heterozigóticas, as cadeias alfa se formam, mas com quantidade reduzida. A forma é silenciosa, sendo os indivíduos praticamente normais, podendo apresentar hemácias microcíticas e hipocrômicas. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 14 β-Talassemias • β0 talassemia – ausência total da síntese da cadeias beta; • β+ talassemia – diminuição na síntese de cadeias beta. • Nos indivíduos homozigóticos (β0β0) ocorre ausência de cadeias beta. Após o nascimento, não há formação da HbA. A doença é conhecida como Talassemia major ou Doença de Cooley; • Nos indivíduos heterozigóticos (β+β0) ocorre produção reduzida de cadeias beta. A doença é conhecida como Talassemia minor. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Talassemias Quadro clínico e laboratorial • Pode ser grave, intermediário e leve; • Retardo no crescimento, palidez, aumento do volume abdominal, icterícia, anormalidades esqueléticas; • Laboratorialmente: anisopoiquilocitose com anemia hipocrômica e microcítica, reticulócitos aumentados, corpúsculos de Heinz e/ou Howell-Jolly,hemácias em alvo, alterações na eletroforese de hemoglobina, ferro sérico e ferritina normais, aumento na saturação da transferrina, hemoglobinúria, hemoglobinemia. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 15 Icterícia e hemoglobinúria Talassemias Tratamento • Transfusões de sangue; • Quelantes de ferro; • Esplenectomia; • Transplante de medula óssea. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 16 β-talassemia major β-talassemia minor Anemia Falciforme 04/04/2016 17 Síndromes falcêmicas Anemia Falciforme ou Drepanocítica • Comum na áfrica; • Principal causa: substituição do ácido glutâmico pela valina na posição 6 do segmento A da cadeia polipeptídica β; • A HbS é formada por cadeias α e β, com os genes β do tipo βS; • A condição pode ser de homozigose ou heterozigose. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia Falciforme ou Drepanocítica • A HbS, em condições de baixas tensões de oxigênio, polimeriza-se formando estruturas filamentosas de desoxihemoglobina; • O fenômeno é irreversível, impedindo que a molécula transporte os gases; • Pode ocorrer ainda o fenômeno de vaso oclusão, principalmente no baço. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 18 Anemia Falciforme ou Drepanocítica Clinicamente: • Tromboses; • Crises dolorosas (ósseas, musculares, abdominais); • Embolias; • Crises de hemólise aguda; • Crise de insuficiência renal; • Cálculos vesiculares; • Icterícia; • Esplenomegalia. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Anemia Falciforme ou Drepanocítica Laboratorialmente: • Eletroforese de hemoglobina; • Prova de solubilidade; • Policromasia, anisopoiquilocitose, drepanócitos, hemácias em alvo, corpúsculos de Howell-Jolly. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA 04/04/2016 19 Anemia Falciforme ou Drepanocítica Tratamento: • Transfusões; • Hidratação; • Analgésicos; • Esplenectomia. DEFEITOS NA MOLÉCULA DE HEMOGLOBINA Fenômeno de vaso oclusão 04/04/2016 20 Presença de drepanócitos em extensão sanguínea Anemia hemolítica autoimune (AHAI) • São extracorpusculares; • Ocorre a produção de anticorpos antieritrocitários em resposta a um agente estimulante, podendo ser de origem química, microbiana, celular; • Os anticorpos podem ser detectados circulando ou aderidos às hemácias; • Geralmente são da classe IgG ou IgM. 04/04/2016 21 Hemácias com anticorpos aderidos à membrana 04/04/2016 22 Anemia Hemolítica Adquirida Autoimune 1. Causada pela produção de autoanticorpos; 2. Detectada pelo teste direto antiglobulina (TDA) - Teste de Coombs Direto; 3. Divididos em dois tipos, de acordo com a temperatura reativa: 4°C: anticorpos “frios” 37°C: anticorpos “quentes” Anticorpos “quentes” (IgG) • Hemácias revestidas com anticorpos (opsonização)são fagocitadas pelos macrófagos através do receptor para fração Fc. • Destruição total quando revestido também com C3b, fragmento de C3. Anemia Hemolítica Adquirida Autoimune 04/04/2016 23 Anemia hemolítica transfusional • Decorrente da incompatibilidade pelos antígenos eritrocitários; • Comuns em pacientes politransfundidos; • O painel de antígenos eritrocitários deve ser realizado. Anemia hemolítica mediada por anticorpos Wintrobe, 2007 04/04/2016 24 DEFINIÇÃO: Doença hemolítica perinatal é causada pela destruição precoce dos eritrócitos do neonato, consequente à passagem placentária de anticorpos maternos contra antígenos do fator Rh do neonato. Doença Hemolítica Perinatal Sistema Rhesus (Rh) Esse sistema sanguíneo recebeu esse nome por ter sido o resultado de pesquisas feitas com uma espécie de macacos, Rhesus. 04/04/2016 25 Incompatibilidade do Rh: Desenvolve-se quando há uma diferença no tipo sanguíneo de Rh da gestante (Rh negativo) e do feto (Rh positivo); Como consequência, anticorpos anti-Rh positivos são formados. Doença Hemolítica Perinatal 04/04/2016 26 Diagnóstico 1) Determinação do fator Rh e do grupo sanguíneo da mãe. 2) Teste de Coombs indireto: • Inespecífico • Detecta presença de IgG materna anti-eritrócito. • Sensibilidade de 65% para prever o grau de comprometimento fetal. Teste de Coombs 04/04/2016 27 Indicações da imunização: • Pós-parto de mães Rh – , com 1º filho Rh +; • Síndromes hemorrágicas: abortamento, ameaça de abortamento, gestação ectópica, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, trauma abdominal ou uterino; • Procedimentos invasivos (amniocentese). Profilaxia pré-natal • Aplicação de Ig Rh na 28a semana de podendo ser repetida na 34a semana; • 0,7 – 1,9% dos casos de isoimunização ocorrem durante a gestação, pois o antígeno Rh está presente no feto a partir do 38° dia da concepção e pode passar para a circulação materna a partir da 6a semana; • Estudos demonstraram que houve uma redução de 1,8% para 0,1% na taxa de isoimunização das pacientes acompanhadas. 04/04/2016 28 Profilaxia pós-parto • Realizar nas primeiras 72 horas após o parto de recém- nascido Rh +; • A eficácia é maior nas primeiras 72 horas, mas em casos de não realização neste período, pode ser realizada até 14 ou 28 dias; • Dose de 300mg. Hemoglobinúria Paroxística Noturna • É adquirida; • Ocorre um defeito intrínseco na membrana do eritrócito, com acentuada sensibilidade à ação do sistema complemento; • Caracterizada pela eliminação de urina escura pela manhã, pois ocorre elevada hemólise durante a noite. 04/04/2016 29 Hemoglobinúria Paroxística Noturna • As células surgem a partir de um clone anormal; • Efeitos extrínsecos (infecção, drogas, estresse, exercício físico, gravidez) influenciam no grau da hemólise; • Granulócitos e plaquetas também podem estar susceptíveis a ação do complemento. Hemoglobinúria Paroxística Noturna • Laboratorialmente: hemólise, ferropenia, neutropenia, plaquetas normais ou diminuídas; • Os pacientes são propensos a tromboses, infecções e hemorragias. 04/04/2016 30 Hemoglobinúria Paroxística Noturna O tratamento pode conter: • Administração de ferro; • Corticosteroides; • Medicação anticoagulante; • Transplante de medula óssea em casos graves. Piet Mondrian 1872-1944
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