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Gênero Staphylococcus spp 4 2013 1

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Gênero Staphylococcus spp 
 
 
 Prof. Marcos JP Gomes 
ATUALIDADES 
Atualmente (2013), na List of Prokaryotic names with Standing in 
Nomenclature, organizada pelo pesquisador J.P. Euzéby há citação de 47 espécies e 24 
subespécies incluídas no gênero Staphylococcus spp, conforme o site: 
 www.bacterio.cict.fr/s/staphylococcus.html 
 
 
Staphylococcus agnetis (Taponen et al. 2012) e Staphylococcus stepanovicii (Hauschild et al. 2012) 
S. arlettae 
S. aureus S. aureus subsp aureus S. aureus subsp anaerobius 
S. auricularis S. capitis 
S. capitis subsp capitis S. capitis subsp urealyticus 
S. caprae S. carnosus 
S. carnosus subsp carnosus S. carnosus subsp utilis 
S. caseolyticus S. chromogenes 
S. cohnii S. cohnii subsp cohnii 
S. condimenti S. delphini 
S. epidermidis S. equorum 
S. equorum subsp equorum S. equorum subsp linens 
S. felis S. fleurettii 
S. gallinarum S. haemolyticus 
S. hominis S. hominis subsp hominis 
S. hominis subsp novobiosepticus S. hyicus 
S. hyicus subsp chromogenes S. hyicus subsp hyicus 
S. intermedius S. kloosii 
S. lentus S. lugdunensis 
S. lutrae S. microti 
S. muscae S. nepalensis 
S. pasteuri S. pettenkoferi 
S. piscifermentans S. pseudintermedius 
S. pulvereri S. saccharolyticus 
S. saprophyticus S. saprophyticus subsp bovis 
S. saprophyticus subsp saprophyticus S. schleiferi 
S. schleiferi subsp coagulans S. schleiferi subsp schleiferi 
S. sciuri S. sciuri subsp carnaticus 
S. sciuri subsp lentus---------------- -------------------> S. lentus 
S. sciuri subsp rodentium S. sciuri subsp sciuri 
S. simiae S. simulans 
S. succinus S. succinus subsp casei 
S. succinus subsp succinus S. vitulinus 
S. warneri S. xylosus 
 
 
 
HISTÓRICO 
Em 1878, o estafilococo foi isolado e descrito, pela primeira vez, por Robert 
Koch, de um ferimento purulento. 
Em 1880, o médico escocês Alexander Ogston adotou o nome do gênero da 
palavra grega staphylo que significa cacho de uvas. 
Pasteur o multiplicou em meio de cultivo líquido e Ogstron evidenciou sua 
patogenicidade para cobaias e camundongos. 
Em 1884, Rosenbach admitiu duas espécies que as chamou de “aureus” e 
“albus”, relacionando a presença de pigmentos. 
Nocard, em 1887, isolou um estafilococo de um caso de mastite ovina. 
Guillebeau, em 1890, sugeriu que este organismo era responsável pela mastite em 
vacas (Guerreiro, 1984). 
 
GENERALIDADES 
O ADN dos estafilococos possui um percentual de citosina e guanina (C+G) de 
30-39 mol%. Outros critérios genéticos para incluir uma espécie desconhecida ao 
gênero Staphylococcus estão baseadas na árvore filogenética construída pela 
comparação das sequencias do 16S ARNr e 23S ARNr. São células esféricas com 0,5 - 
1,5 μm de diâmetro; apresentação em arranjos individuais, aos pares e em agrupamentos 
irregulares. São Gram positivos; imóveis; não esporulados; aeróbios ou anaeróbios 
facultativos; quimiorganotróficos com metabolismo respiratório e fermentativo. As 
colônias são geralmente opacas, podendo variar sua coloração (branca, creme, amarela 
ou laranja); geralmente catalase positiva com citocromo presente, mas geralmente 
oxidase negativa. O teste de nitrato é geralmente reduzido a nitrito. Suscetível à lise 
pelo lisostafina, mas não à lisozima; geralmente são halotolerantes (crescem a 10% de 
sal). A temperatura ótima varia entre 30ºC a 37ºC. 
 Estão distribuídos, principalmente na pele e mucosas de vertebrados de sangue 
quente, mas isolados de produtos alimentares, pó e água. Algumas espécies são 
patógenos oportunistas nos animais e no homem, onde produzem toxinas extracelulares. 
 Os estafilococos são organismos esféricos e de tamanho geralmente uniforme 
(0,8 m). No pus, se apresentam sob a forma de massas agrupadas irregulares, 
lembrando a forma de cachos de uva. 
A espécie aureus é a espécie típica e principal patógeno dentre as espécies do 
gênero. 
A capacidade em produzir coagulase classifica as espécies em dois grupos: os 
estafilococos coagulase positivos (ECP), incluindo as espécies: S. aureus subsp aureus; 
S. aureus subsp anaerobius; S. hyicus; S. lutrae; S. intermedius; S. pseudintermedius; S. 
schleiferi subsp coagulans e S. delphini e os estafilococos coagulase negativos (ECN), 
incluindo todas as demais espécies. A espécie S. hyicus é variavelmente coagulase 
positiva e, frequentemente incluída como coagulase negativa. Podem apresentar cápsula 
de polissacarídeos em amostras clínicas. São coráveis pelos corantes comuns quando 
recentemente isolados. São Gram positivos. Cultivos velhos podem perder a habilidade 
de reter o Gram. As principais espécies do gênero Staphylococcus e as principais 
enfermidades animais estão mostradas nos quadros 1 e 2. 
 
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS E RESISTÊNCIA 
As colônias dos estafilos podem apresentar diversas colorações, isto é, elas podem 
variar desde a coloração branca porcelana até a coloração laranja, quando cultivadas em 
meio sólido. O pigmento carotenóide pode ser visualizado, em meios que contenham 
amido ou ácido graxo. As colônias crescem (1 a 3 mm) no Agar - sangue, após 18 
horas. Os estafilococos estão entre os microrganismos não esporulados mais resistentes. 
Resistem à dessecação; são resistentes ao calor e toleram os desinfetantes comuns 
melhor que a maioria das bactérias. 
 
TIPAGEM DOS ESTAFILOS 
A fagotipagem dos estafilos é aplicada na epidemiologia das infecções humanas. 
Existe mais de 22 fagos, distribuídos em quatro grupos (I, II, III e IV) e quatro grupos 
não classificados. A maioria das amostras humanas é lisadas por um único grupo. 
Algumas amostras de bovinos e de outras espécies, geralmente não podem ser “tipadas”, 
segundo os critérios utilizados no esquema desenvolvido para as linhagens humanas. 
Cepas de animais possuem um grau de adaptação ao hospedeiro. 
 
Quadro 1. Associação dos ECP, Hospedeiros e Enfermidades Principais. 
Espécies coagulase + Hospedeiro Enfermidade Principal 
S. aureus subsp aureus Bovinos Mastites, lesões supurativas. 
S. aureus subsp anaerobius Ovinos Mastites, piemia. 
 Suínos Lesões supurativas 
 Eqüinos Botriomicose, artrites, mastites. 
 Caninos Piodermites, infecções urinárias e 
 Discoespondilites 
 Aves Lesões de pele, artrites, 
 Bumblefoot 
S. pseudintermedius Caninos Otite externa, piodermites, 
 Lesões supurativas. 
 Eqüinos Lesões supurativas 
 
S. intermedius Aves Abscessos e artrites 
S. schleiferi subsp coagulans Caninos Otite externa 
 
S. delphini Golfinhos Lesões supurativas de pele 
 
S. hyicus Suínos Epidermite exsudativa 
 
S. lutrae Lontras Fígado, Baço, Glândula Mamária. 
 
 
* Os estafilos do grupo intermedius (EGI) compreende as espécies S. intermedius; S. pseudintermedius e S. delphini, pois não é 
possível distingui-los claramente. 
Quadro 2. Associação dos ECN, Hospedeiros e Enfermidades Principais. 
Espécies coagulase (-) Hospedeiros Enfermidades Principais 
 
S. hyicus Suínos Epidermite exsudativa 
 Bovinos Mastites 
 Aves Lesões supurativas 
 
S. chromogenes Bovinos Mastites 
 
S. simulans Bovinos Mastites 
 
S. xylosus Bovinos Mastites 
 
S. epidermidisBovinos Mastites 
 
S. cohnii Bovinos Mastites 
 
S. sciuri Bovinos Mastites 
 Ovinos, caprinos Mastites 
 Eqüinos Mastites 
 
S. gallinarum Aves, bovinos Lesões supurativas de pele. 
 
S. lentus Suínos, ovinos Lesões supurativas de pele. 
 Caprinos aves Lesões supurativas de pele 
 
S. equorum Eqüinos Infecções do trato genital 
 
S. haemolyticus Bovinos Mastites 
 
S. warneri Bovinos Mastites 
 
S. felis Felinos Otite externa 
 
 
 
Staphylococcus aureus 
 
 Prof. Marcos Gomes 
 
Foliculites, Furúnculo, Impetigo. 
INTRODUÇÃO 
A espécie foi chamada de aureus pela coloração da colônia (amarelo-ouro), 
entretanto algumas colônias não são pigmentadas ou perderam esta característica, 
durante os sucessivos subcultivos. 
 
FATORES DE VIRULÊNCIA 
O S. aureus e outros estafilococos coagulase positivos (ECP) produzem muitas 
proteínas extracelulares associadas às células do hospedeiro. Essas proteínas são 
importantes na colonização e no crescimento dos estafilos nos vários tecidos. A 
presença desses organismos e seus produtos extracelulares sobre as superfícies 
demonstram como estes agentes estabelecem infecções. 
Muitas toxinas citolíticas (hemolisinas); enzimas (proteases, lipases, 
hialuronidases) se associam para causar lesão tecidual, fornecendo nutrientes de baixo 
peso molecular que são assimilados e utilizados para o seu desenvolvimento. A doença 
resulta de um fenômeno complexo entre as várias proteínas de superfície envolvidas na 
colonização celular, enzimas, toxinas e o ambiente extracelular. 
Nenhum fator de virulência sozinho é responsável pela superação da resposta do 
hospedeiro, exceto no caso da toxina exfoliativa e da toxina da síndrome do choque 
tóxico (TSST-1) em que o produto bacteriano é responsável primário pelos sinais da 
doença. Entretanto, certas hemolisinas e enzimas contribuem com o processo da doença. 
Além disso, mutantes podem perder mais de um fator de virulência (alfa toxina e 
coagulase). Os fatores de virulência são visualizados no quadro 1 abaixo. 
 
 
 
 
Quadro I. Determinantes de Virulência do S. aureus. 
 Determinantes Ação Tecidos do Hospedeiro 
______________________________________________________________________________________________ 
 1. Polissacarídeo capsular Antifagocítica 
 
 
 2. Composição da parede celular 
 Peptidoglicano Piogênico, quimioatrativo. 
 Ácido teicóico Liberado, pode proteger contra o Complemento 
 
 3. Proteínas da superfície celular 
 Proteína A Interage com a região Fc da IgG 
 Proteína de ligação ao fibrinogênio Liga-se ao fibrinogênio 
 Proteína de ligação à fibrinonectina Liga-se à fibrinonectina 
 Proteína de ligação à laminina Liga-se à laminina 
 Proteína de ligação ao colágeno Liga-se ao colágeno 
 Proteína de ligação à vitronectina Liga-se à vitronectina 
 
 4. Toxinas extracelulares 
 Alfa, Beta, Gama e Delta toxinas Citotóxica para tecidos e leucócitos. 
 
 Leucocidina P-V Destrói leucócitos (leucocida) 
 
Toxina da Síndrome do Choque Tóxico (TSCT) Liga-se às moléculas do MHC da classe ll 
 induz síntese de citocinas causando múltiplas 
 disfunções orgânicas 
 
 Enterotoxinas Emética e diarréia 
 
 Toxina Epidermolítica Lisa a ligação da célula com estrato granuloso 
 
 5. Enzimas 
 Coagulase Catalisa a conversão de fibrinogênio em fibrina 
 
 Lipase Degrada os lipídios 
 
Enzima Modificadora de Ácidos Graxos Modifica ácidos graxos liberados na degradação 
 lipídica e Contribuí com a formação de 
 Abscessos. 
 
 Proteases Degrada proteínas, incluindo proteínas de defesa 
 hospedeiro. 
 
 Fosfolipases Degrada fosfolipídios 
 
 Estafiloquinase Converte plasminogênio plasmina fibrinolítica 
 
 Hialuronidase Degrada o ácido hialurônico 
 Nuclease Cliva tanto o DNA quanto o RNA 
 
 
1. Superfície Celular 
11. Peptidoglicano 
O principal, polímero da parede celular do S. aureus e dos ECN é o 
peptidoglicano (glicopeptídeo ou mureína). Este polímero é liberado em grandes 
quantidades no local da infecção (pele, abscesso muscular e articulações). O 
peptidoglicano estimula a produção endógena de pirógenos e quimiotaxia para os 
leucócitos. 
 
12. Cápsula de polissacarídeo 
A cápsula do S. aureus tem sido classificada em muitos imunotipos. A produção 
de cápsula verdadeira pode ser visualizada pela microscopia, após a coloração com tinta 
Nankin ou da Índia. Ela é rara entre as linhagens do S. aureus, tanto do homem quanto 
dos animais. Macrocápsula produzida pela linhagem do sorotipo 1 impede a 
opsonização e fagocitose, estando associadas à virulência. Uma fina microcápsula de 
polissacarídeo é produzida pela maioria das amostras isoladas de S. aureus. A maioria 
delas produz o sorotipo 5 ou 8. Estas linhagens tendem a resistir à fagocitose em 
estudos “in vitro”. O papel da cápsula sobre a virulência parece variar, conforme o tipo 
de infecção investigada. Cepas mutantes do S. aureus que perderam a habilidade de 
produzir cápsula mostram uma perda da virulência no quadro da mastite bovina. Por 
outro lado, mutantes (defectivos) quanto à produção de microcápsula, não mostraram 
diferenças entre as amostras capsuladas. As amostras mutantes (cápsula negativas) são 
50% menos eficazes na produção de endocardite experimental induzida por cateterismo, 
em ratos. 
 
13. Ácidos Teicóicos 
Esses ácidos são fosfatos de poliribitol e poliglicerol que estão, tanto associados 
ao peptidoglicano quanto extracelularmente. Os anticorpos aos ácidos teicóicos estão 
presentes no soro de animais hígidos (normais); ácidos teicóicos extracelulares protege 
os organismos da opsonização pela ativação do complemento e reduz os componentes 
necessários à interação com as bactérias. 
 
2. Proteínas de Ligação 
21. Proteína A 
A proteína A é a principal proteína de ligação à imunoglobulina. Ela está presente 
em mais de 98% das amostras de origem animal e do homem. A proteína A liga-se à 
porção Fc das IgGs (IgG1, IgG2 e IgG4), inibindo a opsonização e fagocitose. Estudos 
com amostras não produtoras de proteína A resultaram numa redução da virulência na 
infecção subcutânea e intraperitoneal, mas não houve diferenças nas mastites. 
 
 
 
22. Proteínas de Ligação à Fibrinonectina (Fn-binding Proteins) 
As fibrinonectinas estão presentes na maioria das amostras do S. aureus. Os 
estudos sobre a ligação da fibrinonectina às proteínas tissulares e soro induzem uma 
proteína do hospedeiro que inibe a fagocitose. Recentemente, foi demonstrado que o 
pré-tratamento com anticorpo à fibrinonectina estimulou a fagocitose. 
 
23. Proteínas de Ligação ao Fibrinogênio 
A maioria dos S. aureus, assim como S. pseudintermedius e, possivelmente o S. 
hyicus, aglutina o fibrinogênio extraído de animais e do homem. Há, pelo menos, três 
proteínas de superfície já identificadas, sendo provável que o número de proteínas de 
ligação ao fibrinogênio aumente. É provável que as linhagens de origem animal ou 
humana possuam diferentes proteínas de ligação, visto que têm sido observadas 
diferenças entre os S. aureus de vários hospedeiros. Parece lógico definir as enzimas 
estafilocócicas que promovem a coagulação sanguínea como as coagulases e aquelas 
que ativam a dissolução do coágulo sanguíneo como estafiloquinases. 
 
24. Outras Proteínas de Ligação 
Proteína de ligação ao colágeno e à vitronectinasão duas proteínas de ligação dos 
estafilococos à matriz extracelular que tem sido recentemente descrita; identificada; 
purificada e caracterizada. Essas proteínas de ligação foram detectadas no S. aureus e, 
em várias linhagens de ECN; são patogênicas para o úbere bovino e para o homem. 
Alem disso, outras estruturas de ligação ao plasminogênio, à tromboespondina e à 
laminina foram caracterizadas por diferentes laboratórios, mas o seu papel na adesão 
tissular ainda não foi bem esclarecido. 
 
25. Fatores de Virulência pouco Definidos 
Produção de muco por espécies coagulase negativas (ECN), especialmente 
isoladas de infecções causadas pelo S. epidermidis. Após o crescimento, a bactéria 
produz grandes quantidades de muco que são predominantemente polissacarídeos 
extracelulares e pouco definidos quimicamente, incluindo vários açúcares, tais como, 
ácido manurônico e o ácido galacurônico. O muco dos ECN cresce sobre a superfície de 
instrumentos intramamários, equipamentos de ordenha e cateteres; tornam-se 
misturados as proteínas do hospedeiro, formando um biofilme amorfo. Biofilme e 
infecções associadas a este material são difíceis de tratar pela fraca penetração dos 
ATMs que, geralmente ligam-se ao polímero do biofilme. Alem disso, os fagócitos não 
podem penetrar com eficiência no biofilme. Assim o agente fica protegido. Além disso, 
o muco mostrou propriedades imunossupressoras quando inoculadas em animais. 
 
26. Regulação do Ferro e Crescimento “in vivo” 
O S. aureus, S. epidermidis e outros ECN crescidos “in vivo” mostraram uma 
grande diferença na produção de proteínas de superfície, quando comparadas com a 
mesma cepa, crescida em meio convencional de laboratório. Os estafilococos crescidos 
em meios sintético “in vitro” suplementados com fluido peritonial, leite bovino ou 
frações do leite, tais como lactoferrina, sugeriram que os íons ferrosos (Fe++) e, 
possivelmente outros cátions divalentes podem estar envolvidos na regulação de genes 
às várias proteínas de superfície, bem como proteínas extracelulares e intracelulares. 
 
3. Toxinas Extracelulares e Enzimas 
31. Toxina α (Alfa) 
A toxina mais caracterizada é a toxina α (α hemolisina), uma proteína de 34kDa, 
produzida pela maioria das amostras de S. aureus. Conhecida como α hemolisina, ela 
lisa hemácias de algumas espécies animais. A toxina α liga-se a membrana da célula 
alvo (plaquetas e mastócitos), induzindo a formação de poros na membrana. A célula 
perde íons rapidamente quando lisada. A morte das células alvo pela toxina formadora 
de poros promove a liberação de prostaglandina e outros mediadores de inflamação. Há 
evidências que a α toxina altera a função do macrófago, promovendo lesão tecidual no 
local do abscesso. A toxina α é dermonecrótica, após a inoculação na derme de coelhos 
e de outros animais. Alem disso possui uma poderosa ação sobre a musculatura lisa dos 
vasos. A inoculação de pequenas quantidades da toxina α no úbere de caprinos e ovinos 
resulta em necrose tecidual. A α toxina detoxicada (α toxóide) induz uma proteção 
parcial contra mastite por S. aureus em caprinos, ovinos e no modelo experimental da 
mastite, em coelhos. Alguns fatores de virulência estão descritos no Quadro I, abaixo. 
 
32. Toxina β (Beta) 
A toxina β induz a clássica “hot cold hemolysis” nas hemácias de ovinos pela 
degradação da esfingomielina da membrana. A toxina β é uma enzima tóxica, 
denominada de esfingomielinase. A susceptibilidade das células às diferentes espécies 
animais depende da quantidade de esfingomielina da membrana celular. Esta enzima 
tóxica age sinergicamente com outras toxinas e enzimas destruidoras da membrana, 
permitindo a degradação tecidual. Amostras isoladas de bovinos produzem toxina β, 
mas dificilmente as linhagens humanas. A β toxina parece ter uma participação 
particular na mastite, pois a toxina aumenta o crescimento bacteriano na glândula 
mamária. O toxóide beta produziu alguma proteção contra a mastite experimental em 
coelhos. 
 
 
33. Toxina γ (Gama) 
Recentemente, a toxina γ tem sido estudada em detalhes e sua importância nas 
infecções animais não tem sido muito explorada. A toxina é composta de duas 
proteínas, uma delas é uma protease que pode estar encoberta por estruturas de ligação à 
membrana celular específica para o segundo componente. 
 
34. Toxina δ (Delta) 
A toxina δ comporta-se como um detergente, produzindo lesão em todas as 
células do hospedeiro. Entretanto, os lipídios da pele podem rapidamente ligar-se e 
neutralizar a toxina delta, especialmente em coelhos e camundongos inoculados 
experimentalmente. 
 
35. Leucocidina 
Um pequeno número de S. aureus produz leucocidina (Panton-Valentine 
leukocidin) que é composta de duas proteínas chamadas de F (Fast) e S (Slow), tendo 
com base a sua mobilidade eletroforética em agarose. A toxina liga-se aos 
polimorfonucleares (PMN) e, os destrói, após rápida desgranulação. Há evidência de 
que linhagens bovinas do S. aureus produzem uma leucocidina que é tóxica para PMN 
de bovinos, porém bem menos tóxica para PMN do homem. 
 
36. Toxina da Síndrome do Choque Tóxico 1 (TSCT-1) e 
37. Enterotoxinas estafilocócicas (EEs) 
A Síndrome do Choque Tóxico (SCT) é uma doença sistêmica causada por 
toxinas do S. aureus e descrita, pela primeira vez, em 1978, por Todd e colaboradores. 
Ela é uma proteína estafilocócica originalmente conhecida como enterotoxina F e uma 
exotoxina C pirogênica. 
Mais tarde, ela foi denominada de SCT-1, por Bergdoll e colaboradores, em 
1981. Algumas linhagens do S. aureus produzem uma proteína de 22 kDa denominada 
em inglês de “Toxic Shock Syndrome Toxin” (TSST) ou toxina da síndrome do choque 
tóxico (TSCT); pode ser absorvida pelas mucosas, através da circulação, assim como as 
endotoxinas das bactérias Gram negativas. 
A TSST-1 pertence à superfamília das enterotoxinas estafilocócicas e toxinas 
eritrogênicas dos estreptococos do grupo A. 
O S. aureus secretam enterotoxinas/enterotoxina like toxina e a toxina TSS 
(TSST-1), que possuem ou podem possuir atividade de superantígeno (SAg). 
O termo superantígeno foi denominado, em 1989, por John Kappler, para 
descrever a propriedade de estimular um grande número de células T. 
Estudos com enterotoxinas estafilocócicas (EEs), exotoxinas pirogenicas 
estreptocócicas (EPEs) e TSCT comprovaram que estas exotoxinas compartilhavam 
duas funções comuns, incluindo habilidade de ligar-se como molécula completa 
diretamente ao MHC classe II e também aos receptores da cadeia β das células T, fora 
da interface de ligação normal ao antígeno (Ortega et al. 2010). Esses superantígenos 
estimulam inespecificamente às células T sem o reconhecimento antigênico normal. Os 
SAgs ligam-se diretamente à região da porção variável dos receptores beta das células T 
com moléculas da classe II do principal complexo de histocompatibilidade (MHC), 
resultando numa forte estimulação de células T, que responde com a proliferação 
exagerada e liberação maciça de citoquinas. Estas toxinas ligam-se às regiões 
conservadas do complexo de histocompatibilidade da classe II da célula do hospedeiro, 
induzindo uma superprodução de linfocinas, resultando em lesão tecidual. Os 
superantígenos ativam 20-30% de todas as células T enquanto que os antígenos 
convencionais somente estimulam aproximadamente 0,001% das células T. Assim, a 
liberação de quantidades maciças de citocinas desencadeia os sinais da SCT (Grumann 
et al. 2008; Fraser et al. 2000). Estas toxinas liberaram o fator de necrose tumoral ou 
“Tumor Necrosis Factor” (TNF) e outras citocinas que induzem o choque 
cardiovascular associado com a formação de microtrombos nos capilares.Alem disso, 
as células ligadas às toxinas são destruídas pelas células T. 
O papel destas toxinas ou dos superantígenos nas infecções animais (mastite 
bovina) é limitada. As linhagens bovinas do S. aureus que produzem TSST-1 são 
idênticas às TSST-1 do homem. As cepas dos ovinos e caprinos produzem uma variante 
com massa molecular e antigenicidade semelhante, mas com diferente ponto isoelétrico. 
 
Outras enterotoxinas estafilocócicas (EEA-EEE e EEG-EEJ) e enterotoxinas 
estafilocócicas “like toxins” (EElK–EElR e EElU) foram identificadas no S. aureus. As 
doenças causadas por estas toxinas tem importância no homem, mas também descritas 
em bovinos, caprinos e ovinos (Ho et al. 1989). 
Nos cães, as enterotoxinas produzidas pelo S. pseudintermedius foram descritas, 
especialmente a enterotoxina estafilocócica tipo C canina (EECcanina) a qual foi 
caracterizada biologicamente, imunologicamente e molecularmente (Edwards et al. 
1997). As enterotoxinas causam diarreia e vômito quando ingeridas e responsáveis pelo 
quadro de intoxicação alimentar. As enterotoxinas podem também causar SCT se 
alcançar a corrente circulatória. A SCT pode ocorrer como sequela de qualquer infecção 
estafilocócica se a enterotoxina ou TSCT-1 for liberada sistemicamente ou se o 
hospedeiro perdeu a capacidade de produzir anticorpos neutralizantes. Valle e 
colaboradores em 1991 estudaram a produção da TSCT-1 em amostras isoladas de 
diferentes regiões corporais de 133 caprinos saudáveis, detectando a presença de 
anticorpos para esta toxina no soro e leite, através do ensaio imunoenzimatico (ELISA). 
Das 342 cepas de estafilo, 86 (25,2%) eram produtoras de TSCT-1. Os anticorpos para 
TSCT-1 foram detectados no soro de 57 (42,9 %) dos animais e em 63 (47,4%) das 
amostras de leite, sugerindo que os caprinos estão em contato com cepas produtoras da 
TSCT-1, a mesma responsável pela doença no homem. 
 
Os estudos focados na produção de enterotoxinas pelas linhagens de ECN de 
origem animal são raros (Nemati et al. 2008). Valle et al. (1990) identificaram a 
produção de enterotoxinas estafilocócicas (EEs) em ECNs. As EEs foram produzidas 
por 70 (75%) das cepas de ECPs e por 22% das linhagens ECNs. Algumas espécies 
ECNs como S. chromogenes, S. warneri, S. sciuri, S. saprophyticus e S. lentus 
produziram EEs identificadas como SEA, SEB, SEC, e SEE, no grupo de ECN, isolados 
do leite de caprinos sugeriram que os caprinos são importantes reservatórios de estafilos 
enterotoxigênicos. Outros pesquisadores descreveram a presença de enterotoxinas nos 
ECN (Orden et al 1992; Cunha et al 2006; Cunha et al 2007). 
As lesões causadas pelo ECNs e sua persistência no úbere pode ser provocada 
pela produção de exotoxinas. Algumas linhagens isoladas de ovinos, caprinos e bovinos 
com mastite produziram a TSCT-1 e enterotoxina estafilocócica (Orden et al 1992). 
Entretanto investigações mais profundas, incluindo o numero total de enterotoxinas e os 
genes dos superantígenos nas linhagens de ECN isolados do úbere não foram relatadas. 
Nemati e colaboradores, em 2012, testaram e detectaram, através da PCR, a presença de 
20 exotoxinas, dentre 102 cepas de 10 diferentes espécies de ECNs isoladas de casos de 
mastite clinica e subclinica. Os autores analisaram a presença de genes que codificam a 
presença de enterotoxinas/enterotoxin-like toxins (sea, seb, sec, sed, see, seg, seh, sei, 
sej, selk, sell, selm, seln, selo, selp, selq and selu); a TSCT-1 e a toxina exfoliativa A e 
B (TEA e TEB). Nenhuma sequência foi ampliada para o superantígeno nas amostras 
testadas de ECNs, indicando que não foram envolvidos das mastites. 
Os sinais/sintomas da Síndrome do Choque Tóxico (SCT) variam dependendo 
da origem. 
A SCT-1 resulta da infecção com o S. aureus, que pode ser caracterizada por 
febre alta acompanhada de pressão arterial baixa, fraqueza, confusão mental que 
rapidamente progride para estupor, coma e falência de múltiplos órgãos. A lesão de rash 
cutâneo é frequentemente observada no início do curso da doença, parecendo 
queimadura solar, mas pode envolver qualquer região do corpo, incluindo lábios, boca, 
olhos, palma e sola dos pés. O rash cutâneo evolui para descamação e este processo 
pode durar 10-14 dias, em pacientes que superam a fase inicial da infecção. A infecção 
pelo estreptococo apresenta menor rash cutâneo do que o apresentado pelo S. aureus. 
A primeira caracterização da enterotoxina estafilocócica A (SEA) e da 
enterotoxina estafilocócica B (SEB) foi realizada por Casman (1959) e Bergdoll (1960). 
Posteriormente, foram detectadas outras espécies de estafilococos, produzindo 
enterotoxinas relacionadas às proteínas responsáveis às muitas doenças, incluindo a 
SCT, septicemia e intoxicação alimentar. Há 23 diferentes tipos de enterotoxinas 
identificadas além da TSCT-1, distribuídas entre 5 grupos filogenéticos (Vasconcelos e 
Cunha, 2010). As enterotoxinas foram descritas e designadas de SEA até SEV em 
ordem cronológica a sua descoberta. Algumas delas foram renomeadas como “SE like 
toxins”, pois não causavam vômito nem foram testadas em modelos experimentais. As 
Enterotoxinas estafilocócicas são enterotoxinas proteicas de cadeia única e baixo peso 
molecular (27.000-34.000D). São produzidas por espécies de estafilococos, 
principalmente o S. aureus, S. intermedius, S. hyicus, S. xylosus e S. epidermidis. As 
enterotoxinas são produzidas em torno de 30% das linhagens do S. aureus, isoladas de 
várias infecções humanas, provenientes de alimentos contaminados. Há muitos tipos 
antigênicos destacando-se seis tipos principais de enterotoxinas (A, B, C1, C2, D e E). 
As toxinas são semelhantes na estrutura protéica; são termoestáveis, resistindo a 100º C 
por minutos. 
 
PATOGENIA 
A toxina preformada nos alimentos quando ingerida, microgramas (μg) da toxina 
pode causar náusea, vômito e diarreia (todos os sinais de intoxicação alimentar por 
estafilococos, no homem). O nome da doença aguda é intoxicação alimentar 
estafilocócica ou estafiloenterotoxicose ou estafiloenterotoxemia. Inicialmente, os sinais 
são súbitos e agudos, dependendo da suscetibilidade individual à toxina; da quantidade 
alimento ingerido com a toxina; da quantidade da toxina presente no alimento ingerido e 
na saúde geral do individuo. 
Os sinais mais comuns incluem: náusea, vômito, cólica abdominal e prostração. 
Alguns indivíduos podem não demonstrar todos os sinais associados à doença. Em 
casos mais graves podem ocorrer: dor de cabeça, dores musculares e alterações 
transitórias da pressão arterial e frequência cardíaca. A recuperação, geralmente leva de 
2-3 dias, exceto nos casos mais graves. 
A dose capaz de produzir sinais de intoxicação estafilocócica é menor que 1,0 µg 
do alimento contaminado que corresponde a uma população de S. aureus superior a 10
5
 
/ grama. 
Entrevista com os doentes; colheita de dados e a análise epidemiológica são 
essenciais no diagnóstico da intoxicação alimentar estafilocócica. Os alimentos 
incriminados devem ser recolhidos e analisados para os estafilococos. A presença de 
estafilos enterotoxigênicos é prova circunstancial que o alimento contém toxina. O teste 
conclusivo é a ligação da intoxicação com um alimento específico ou nos casos de 
vários ingredientes, a detecção da toxina na amostra do alimento(s). 
A observação microscópica direta do alimento pode auxiliar o diagnóstico, no 
caso em que o alimento foi pasteurizado ou aquecido. 
Métodos sorológicos para a determinação do enterotoxinas do S. aureus isoladas 
de alimentos, bem como métodos para a separação e detecção de toxinas em alimentos 
têm sido desenvolvidos e utilizados como auxílio no diagnóstico da intoxicação.A fagotipagem pode ser útil quando estafilococos viáveis podem ser isolados dos 
alimentos incriminados; da(s) vítima(s) e a suspeita do(s) portador (es) como 
manipuladores de alimentos. 
Os alimentos incriminados na toxinfecção alimentar incluem: carnes e produtos 
derivados; aves e ovos; saladas com ovo, atum, frango; batata; macarrão, produtos de 
padaria, como pastéis de nata; torta de creme e chocolate; recheios de sanduíche, leite e 
produtos lácteos. Os alimentos que necessitam de tratamento durante a preparação e 
mantidos em temperaturas elevadas, após o preparo são frequentemente envolvidos na 
toxinfecção alimentar. 
Os estafilococos estão presentes no ar, leite em pó, esgoto, água e comida ou de 
equipamentos de alimentos, superfícies ambientais, no homem e animais. O homem e os 
animais são os reservatórios primários. Os estafilococos estão presentes nas fossas 
nasais e garganta; no cabelo e na pele de 50% ou mais dos indivíduos hígidos. Esta 
prevalência é ainda maior para aqueles que associam ou que entrem em contacto com 
pessoas doentes e ambientes hospitalares. Os manipuladores de alimentos são as 
principais fontes de contaminação de alimentos em surtos de intoxicação alimentar. A 
intoxicação humana é causada pela ingestão de enterotoxinas em alimentos produzidos 
(S. aureus) que não foram mantidos suficientemente quentes (60°C ou acima) ou frio 
suficiente (7,2°C ou abaixo). 
Todas as pessoas são consideradas suscetíveis a esse tipo de intoxicação 
bacteriana, porém, a intensidade dos sinais pode variar. As espécies animais, em sua 
maioria, são resistentes às enterotoxinas, exceto macacos e gatinhos. 
A verdadeira prevalência/incidência de a intoxicação alimentar estafilocócica é 
desconhecida por uma série de razões, incluindo a resposta das vítimas às entrevistas 
com os agentes de saúde; diagnóstico errôneo da doença, pois há sinais semelhantes aos 
de outros tipos de intoxicação alimentar (como vômitos causados pela toxina do B. 
cereus); coleta inadequada para análises laboratoriais e exames laboratoriais impróprios. 
Na análise do alimento é necessário detectar vestígio de enterotoxina 
estafilocócica nos alimentos incriminados. A toxina deve ser separada dos constituintes 
dos alimentos e concentrada por precipitação com antissoro específico 
(antienterotoxina). Dois princípios são utilizados para esse fim: 
1-Adsorção seletiva da enterotoxina do extrato alimentar para as resinas de troca 
iônica e; 
2-Utilização de processos físicos e químicos para a remoção seletiva de 
componentes alimentares a partir do extrato, deixando a enterotoxina (s) em solução. 
A utilização dessas técnicas e da concentração dos produtos resultantes tornou 
possível a detecção de pequenas quantidades de enterotoxinas nos alimentos. 
Há métodos rápidos baseados em anticorpos monoclonais como ELISA, ou 
aglutinação passiva reversa em látex que estão sendo avaliados quanto à sua eficácia na 
detecção de enterotoxinas em alimentos. Estes métodos rápidos podem detectar cerca de 
1,0 nanograma de toxina / g de alimento. 
 
Surto 
Cerca de 1364 crianças adoeceram de um total de 5.824 que tinham comido o 
almoço servido em 16 escolas primárias do Texas. Os almoços foram preparados em 
uma cozinha central e transportados para as escolas de caminhão. Estudos 
epidemiológicos revelam que 95% das crianças que adoeceram tinham comido salada 
de frango. Na tarde do dia anterior ao almoço, os frangos congelados foram fervidos por 
3 horas. Após o cozimento, os frangos foram desossados, resfriados a temperatura 
ambiente com um ventilador; cortados em pequenos pedaços e colocados em panelas de 
alumínio com l2 cm de profundidade e armazenados, durante a noite no refrigerador a 
8-9°C. Na manhã seguinte, os ingredientes da salada foram adicionados e misturados 
em batedeira. A comida foi colocada em caixas térmicas e transportadas para as várias 
escolas de 9h30-10h:30, onde foi mantido em temperatura ambiente até servido entre as 
11:30 e 12h. O exame bacteriológico da salada de frango revelou presença de grande 
número de S. aureus. A contaminação do frango, provavelmente ocorreu quando foi 
desossado. A galinha não foi resfriada com rapidez suficiente, porque fora armazenada 
em camadas de l2 cm de profundidade. Crescimento do Staphylococcus provavelmente 
ocorreu também durante o período em que o alimento foi mantido na sala de aula. A 
prevenção deste incidente incluiria: a) Rastreamento dos indivíduos que manipularam o 
frango como portadores do Staphylococcus 
b) Resfriamento mais rápido do frango; 
c) Refrigeração adequada da salada e 
d) Tempo de preparação para o seu consumo. 
 
38. Toxinas Exfoliativas (Toxinas Epidermolíticas) 
Há dois tipos de toxina exfoliativa; a ETA e a ETB. Elas pertencem ao fago do 
grupo II, responsável por lesões vesiculares em crianças e adultos com a ocorrência de 
alterações imunológicas posteriores. 
ETA é um produto de gene cromossomial e ETB é produto de um gene 
plasmídico. As duas toxinas possuem aproximadamente 30k Da, mas diferem 
antigenicamente. As duas rompem o encaixe de uma célula à outra, no estrato 
granuloso. A inoculação da toxina A ou B em camundongo neonatos induz lesão 
vesicular semelhante ao que é visto em pênfigo neonatal ou impetigo, no homem. Surto 
da doença envolve geralmente alta percentagem de crianças nas enfermarias. 
 
39. Outras Toxinas 
Muitas linhagens de ECNs causam infecções nos animais e no homem. Elas 
produzem um polipeptídio, com peso molecular de 12 kDa, que lesiona a membrana 
semelhantemente a melitina, veneno encontrado no picada de abelhas. 
 
 
 
4. Enzimas 
41. Coagulase 
O S. aureus produz duas coagulases; uma ligada à célula ou ”clumping factor” e 
outra extracelular ou coagulase livre. A proteína de ligação ao fibrinogênio na superfície 
dos estafilococos e sem ação enzimática pode converter diretamente fibrinogênio em 
fibrina insolúvel, causando “grumos” ou “clumping”. Por outro lado, a exoenzima livre 
causa ativação específica da trombina plasmática, levando a conversão de fibrinogênio 
em fibrina. A formação de fibrina próxima à infecção estafilocócica localiza o processo, 
impedindo a fagocitose. O papel da coagulase na virulência não é muito claro. Quando o 
gene para a produção de coagulase foi alterado pela biologia molecular, os organismos 
coagulases negativos não demonstraram redução da virulência em modelos 
experimentais (camundongos). 
 
42. Lipases, Esterases e Enzima Modificadora de Ácidos Graxos (EMAG). 
As linhagens do S. aureus são capazes de multiplicarem-se rapidamente sobre a 
pele, produzindo enzimas que degradam lipídios (lipases e esterases) e uma enzima 
chamada de “Fatty Acid-Modifying Enzyme” (FAME) ou “Enzima Modificadora de 
Ácidos Graxos” (EMAG). Os ácidos graxos bactericidas liberados pela degradação 
lipídica são quimicamente modificados pela EMAG, perdendo suas propriedades 
bactericidas. Deste modo, essa enzima é importante, especialmente em amostras 
capazes de formar abscessos eficientemente. 
 
43. Catalase 
A maioria das linhagens do S. aureus produz catalase, enzima que catalisa a 
conversão do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio. A catalase protege o S. 
aureus do peróxido de hidrogênio que se acumula durante o metabolismo bacteriano, 
durante a fagocitose. 
 
44. Proteases 
O S. aureus produz, pelo menos, 4 proteases e uma enzima de degradação 
específica da lesão. Essas proteases, assim como outras exoenzimas hidrolíticas, tais 
como a hialuronidase e a nuclease são importantes no início do processo, degradando o 
pus no abscesso, permitindo a liberação de nutrientes para a multiplicação das células 
jovens,levando a cronificação da infecção. Entretanto, um abscesso local com barreira 
de fibrina e microrganismos com pequena produção de estafiloquinase e protease, 
frequentemente tornam-se estéreis. 
 
FATORES PREDISPONENTES 
Traumas, esmagamentos, estado imune do animal, remoção da flora competitiva, 
virose primária, produção de lipases etc. 
 
PATOGENIA 
 A virulência dos ECP e ECN não pode ser explicada apenas por um único fator 
de virulência. Interações complexas ocorrem entre os diversos mecanismos, toxinas 
extracelulares, proteínas de superfície, enzimas etc todas contribuem na virulência dos 
estafilococos, incluindo: 
a) Colonização do S. aureus (pele, nariz, orofaringe). 
b) Penetração e infecção. 
c) Resistência à fagocitose mediada pela proteína A e ao material capsular. 
d) Sobrevivência intracelular em células fagocíticas. 
e) Resistência mediada pela coagulase ao fator antibactericida. 
f) Produção de hialuronidase. 
g) Produção de alfa toxina. 
h) Produção de outras leucocidinas. 
i) Desenvolvimento de reação de hipersensibilidade retardada. 
j) Adesão às células epiteliais. 
 
ENVIO DE AMOSTRAS CLÍNICAS 
Amostras clínicas incluindo pus, secreção láctea, sêmen ou tecidos de diversas 
origens devem ser enviados em recipientes estéreis (vidro, plástico ou suábios), bem 
fechados; dentro de sacos de plástico, em caixa térmica sob-refrigeração. Algumas 
vezes, o material pode ser congelado até o envio ao laboratório de diagnóstico. Mesmo 
que as espécies do gênero sejam resistentes às condições adversas é boa prática tomar 
essas medidas uma vez que outros agentes podem estar associados à causa, porem 
menos resistentes. O material deve se possível chegar ao laboratório dentro das 
primeiras 24 horas (Guerreiro et al. 1984). 
 
 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
O diagnóstico clínico não é difícil e tem como base: a anamnese, a apresentação 
e os sinais clínicos. A especialização e experiência do veterinário são importantes na 
elaboração da suspeita. O laboratório somente confirma ou refuta o diagnóstico do 
veterinário clínico. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
O diagnóstico laboratorial é uma tarefa complexa, exigindo do laboratorista, 
treinamento especializado, pois há espécies com as mesmas características fenotípicas, 
as quais podem variar, conforme as técnicas utilizadas. As características fenotípicas 
variam, conforme as técnicas e testes utilizados, todos preconizados pelo subcomitê de 
taxonomia de estafilococos e estreptococos. As principais características que permitem 
diferenciar os oito ECP estão contidas nos quadro 2 abaixo 
Quadro2. Diferenciação entre espécies dos ECP 
1) S. aureus subsp aureus; 2) S. aureus subsp anaerobius; 3) S. delphini; 4) S. hyicus; 
5) S. intermedius; 6) S. lutrae; 7) S. pseudintermedius; 8) S. schleiferi subsp coagulans. 
 Testes/espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 
Coagulase* + + + d + + + + 
“Clumping 
factor” 
+ - - - d - - - 
Cresc. 
aerobiose 
 
+ 
-/ + 
tardio 
 
+ 
 
+ 
 
+ 
 
+ 
 
+ 
 
+ 
Cresc. à 15° C + - + + 
Cresc. à 45° C 
+ 
 
- 
 
+ 
- fraco 
retardado 
 
+ 
 
+ 
 
Diâmetro 
Colonial 
> 5 mm** 
 
+ 
 
- 
 
+ 
 
+ 
 
+ 
 
- 
 
+ 
 
d 
Pigmentação 
Colonial 
+ - - - - - - - 
Redução de 
Nitratos 
+ - + + + + + + 
 Testes/espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 
1) S. aureus subsp aureus; 2) S. aureus subsp anaerobius; 3) S. delphini; 4) S. hyicus; 
5) S. intermedius; 6) S. lutrae; 7) S. pseudintermedius; 8) S. schleiferi subsp coagulans. 
 
1) S. aureus subsp aureus; 2) S. aureus subsp anaerobius; 3) S. delphini; 4) S. hyicus; 
5) S. intermedius; 6) S. lutrae; 7) S. pseudintermedius; 8) S. schleiferi subsp coagulans. 
Testes/espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 
DNAse 
termoestável 
+ + - + + + + + 
Hialuronidase + + + - - - 
Hemólise 
(sangue ovino) 
+ + + - d + + + 
VP*** + - - - - - + + 
Beta-
Galactosidase 
- - + - + + + d 
Beta-
Glucuronidase 
- - geral
m
 + 
tardio 
- - 
Pirrolidonil 
Arilamidase 
- - - ?+ ?+ 
Testes/espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 
1) S. aureus subsp aureus; 2) S. aureus subsp anaerobius; 3) S. delphini; 4) S. hyicus; 
5) S. intermedius; 6) S. lutrae; 7) S. pseudintermedius; 8) S. schleiferi subsp coagulans. 
 
Testes/espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 
DGalactose**** + - + + + + + 
Maltose**** + + + - - ou fraca
m
 
+ 
+ + - 
Dmanitol**** + - + - + + - d 
Sacarose + 
Dtrealose**** + - - + + + + - 
Dribose**** + - + + + + 
Dxilose**** - - - - - +***** - - 
Resistência 8 
µg/mL de 
acriflavina 
+ - - - - - - 
Resistência a 
polimixina B 
+ - + - - - - 
Testes/espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 
1) S. aureus subsp aureus; 2) S. aureus subsp anaerobius; 3) S. delphini; 4) S. hyicus; 
5) S. intermedius; 6) S. lutrae; 7) S. pseudintermedius; 8) S. schleiferi subsp coagulans. 
 
 
 
 
* Plasma de coelho. 
** No agar P após 3 dias de incubação a 37 °C. Composição do agar P (g/L) : 15g de agar; 10g de peptona; 5g de NaCl; 5g de 
extrato de levedura e 1g de glicose. 
*** Técnica derivada daquela de Davis e Hoyling. A cepa estudada é semeada em agar BHI, contendo 1 % de glicose. Após 24 h de 
incubação a 37°C, se deposita sobre o agar um disco impregnado de uma solução a 10% de piruvato de sódio. Após 3 h de 
incubação, colocar sobre o disco uma gota de solução de potássa a 40%; uma gota de solução de creatinina a 1% e uma gota de 
solução alcoólica a 1% de alfa naftol . Esperar 1 hora e se houver o aparecimento de uma coloração rosa ou vermelha o teste é 
positivo. 
**** Acidificação em aerobiose. 
***** Segundo Brun & Bes, a característica de acidificação da xilose não existe quando utilizamos o API Staph. 
TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS (TSA) 
O teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) é de importância, pois pode 
e deve orientar a tomada de decisão quanto ao tratamento medicamentoso. Entretanto, o 
comportamento da linhagem isolada frente ao tratamento imposto pode ser diferente, 
pois a amostra foi testada “in vitro” e não “in vivo”. As 84 cepas estudadas por La 
Fuente e colaboradores, em 1985, foram sensíveis à eritromicina, à vancomicina, à 
novobiocina, à penicilina G, à meticilina, às cefalosporinas e às tetraciclinas, 
 
PROFILAXIA 
Há vacinas disponíveis, mas a profilaxia é sanitária. Ela baseia-se no isolamento 
dos animais infectados; na desinfecção dos locais e dos objetos e nas boas práticas de 
criação (higiene e tratamento das feridas etc.). 
Animais introduzidos no plantel deve ser objeto de controle restrito e nos 
animais gravemente enfermos devem ser sacrificados. 
 
 
 
 
 
Mastite Estafilocócica 
 
 
Prof. Marcos Gomes 
INTRODUÇÃO 
Mastite é a principal inflamação da glândula mamária e o S. aureus, o agente mais 
importante como causa de mastites no mundo. Os ECN são considerados patógenos 
menores, mas responsáveis por mastites severas. Há diferenças entre os ECN em vários 
países. Entretanto, o S. epidermidis, S. chromogenes, S. simulans, S. xylosus, S. hyicus e 
S. haemolyticus são as espécies mais comuns. Mastite estafilocócica pode clínica ou 
subclínica. O S. aureus é encontrado em lesões supurativas de bovinos, especialmente 
nas mastites. Em muitas regiões criatórias do mundo é o principal agente relacionado 
coma glândula mamária. 
O sistema moderno de ordenha assim como o confinamento favorece a penetração 
do agente na glândula pelo canal da glândula. O microrganismo é um ativo colonizador 
do canal galactófago. 
A transmissão pode ocorrer, através da ordenhadeira e pelas mãos do ordenhador. 
Os estafilococos alcançam o tecido mamário, através de lesões ou feridas na superfície 
do teto. Após a entrada, há o desenvolvimento de lesões agudas ou crônicas, estando 
associadas a diversos fatores, incluindo o fator de aderência à superfície interna do canal 
do teto; presença de anticorpo para a alfa toxina; número de neutrófilos na secreção 
mamária; produção de beta toxina e coagulase; freqüência de ordenhamento; capacidade 
nutricional e multiplicativa da bactéria na utilização de nutrientes dentro da glândula 
mamária, entre outros. 
A fagocitose e a morte intracelular do S. aureus pelo leucócito no leite é inibida 
pela gordura do leite. A caseína inibe a destruição intracelular, pelo bloqueio do efeito 
bactericida do sistema de lactoperoxidase e das histonas. Embora a eficiência do sistema 
fagocítico de defesa possa ser reduzida, ela é importante na manutenção dos 
mecanismos de defesa à infecção subclínica do S. epidermidis, S. agalactiae ou E. coli 
pelo aumento no número de células produzidas em resposta a presença de S. 
epidermidis. 
A mastite pelo S. aureus pode variar de subclínica a gangrenosa. A maioria dos 
casos é subclínica e crônica. São formas inaparentes, mas com prejuízo econômico 
grande. 
A mastite gangrenosa superaguda causada pelo S. aureus ocorre em vacas de 
primeira cria (1ª lactação), acarretando perda de grande quantidade de tecido mamário. 
A lesão tóxica aos vasos resulta numa necrose coagulativa isquêmica dos tecidos 
adjacentes. A pele torna-se púrpura sobre a área afetada, podendo se desprender. Os 
animais têm febre alta, podendo morrer por toxemia em 2 a 3 dias. A mastite 
estafilocócica crônica resulta no endurecimento do úbere, aumento na contagem celular 
e coagulação ocasional do leite. O S. aureus causa mastite em ovelhas, cabras, éguas, 
porcas, gatas e martas. 
 
Staphylococcus hyicus 
 
 
 Prof. Marcos JP Gomes 
 
Epidermite Exsudativa 
SINONIMIA "Micrococcus hyicus", Staphylococcus hyicus subsp hyicus. 
HISTÓRICO 
 Em 1978, Devriese e colaboradores publicaram um estudo com 168 amostras 
identificadas como S. hyicus, isoladas de suínos, bovinos e aves. A homologia de ADN-
ADN, assim como as características fenotípicas permitiu dividir as amostras em dois 
grupos como duas subespécies de uma única espécie. Os autores validaram os nomes de 
S. hyicus para S. hyicus subsp hyicus (132 linhagens não pigmentadas) e de S. hyicus 
subsp chromogenes (36 amostras pigmentadas). Em 1º de janeiro de 1980, essas 
denominações foram aceitas no “Approved Lists of Bacterial Names”. 
 
CARACTERPISTICAS GERAIS 
O S. hyicus apresenta as características do gênero Staphylococcus spp. As 
amostras desta espécie são cocos Gram positivos; possuem 0,6 - 1,3 µm de diâmetro; 
agrupados em 2 ou em 4 ou em pequenos grumos; imóveis; não esporulados; aeróbios 
ou anaeróbios (o crescimento pode ser melhor em anaerobiose); catalase positivos; 
nitrato redutase positivos; oxidase negativos; sensíveis à novobiocina; resistentes à 
polimixina B; resistentes à lisozima; sensíveis à lisostafina. 
 
CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS E CULTURAIS 
Apresentam resposta positiva para os testes: 
ADNase, Termonuclease, Hialuronidase, Gelatinase, Lecitinase, Hidrólise da 
caseína, Fosfatase alcalina, Arginina di-hidrolase, Hidrólise do hipurato, Hidrólise de 
Tween 80. Acidificação em aerobiose do beta-D-frutose, do D-galactose, da N-
acetilglucosamina, da glicose, do glicerol, da lactose, da D-manose, da D-ribose, da 
sacarose e da D-trealose. 
 
Apresentam resposta negativa para os testes: 
Produção de VP (acetoína), “clumping factor” Indol, Fenilalanina desaminase, 
Ornitina descarboxilase, Beta-galactosidase, Arginine arilamilase, Pirrolidonil 
arilamilase, Hidrólise da esculina, redução do telurito, produção de H2S, Acidificação 
em anaerobiose do Manitol, Acidificação em aerobiose do Adonitol, Amidalina, L-
arabinose, Arabitol, D-celobiose, Dulcitol, D-fucose, beta-gentiobiose, Lixose, Maltose, 
D-manitol, Melibiose, D-melezitose, Rafinose, Ramnose, Salicina, Sorbitol, Sorbose, 
Tagatose, D-turanose, Xilitol e D-xilose. 
 
Apresentam resposta variável aos testes: 
Coagulase, Urease, Beta-glucosidase e Beta-glucuronidase (resposta, geralmente 
positiva). Para as cepas (linhagens) coagulases positivas, a coagulação em tubo 
contendo plasma de coelho não é observada antes das 18 a 24 horas de incubação; 
menos de 10% delas dão uma resposta positiva em 4 horas. 
O S. hyicus é cultivado na presença de 0,5%, 7,5% ou 10% de Sal a 15°C. O 
crescimento é fraco na presença de 15% Sal ou a 45°C. A temperatura ótima de 
crescimento está entre 30 e 35°C. 
As colônias obtidas em gelose possuem um diâmetro superior a 5 mm e não são 
pigmentadas. No AS de bovino ou ovino, as colônias não são hemolíticas. No Tripticase 
Soy Agar (TSA), as colônias são circulares, com bordos regulares, ligeiramente 
convexas, opacas, com superfície brilhante e com diâmetro entre 3 a 5 mm. No caldo, o 
crescimento produz um turvamento uniforme e a formação de um sedimento. 
Aproximadamente 90% das linhagens do S. hyicus isolados de suínos e bovinos 
produzem CAMP positivo com amostra beta hemolítica de S. aureus subsp aureus. 
Fagos lisogênicos estão presentes nas amostras de S. hyicus, existindo um sistema 
de lisotipia que utilizam mais de 23 fagos, permitindo o rastreamento epidemiológico 
das linhagens. As amostras de S. hyicus não são lisadas pelos fagos utilizados na 
fagotipagem das amostras do S. aureus subsp aureus. 
 
HABITAT 
Nos animais hígidos, o S. hyicus é isolado da pele e cavidades nasais das aves 
domésticas ou silvestres; da pele, cavidades nasais, tonsilas e vagina de suínos; da pele 
e tonsilas de bovinos; da glândula mamária e leite de cabras e pele de gatos. O S. hyicus 
ainda não foi isolado do homem. 
 
 
 
PATOGENICIDADE 
Este agente é responsável por diversas infecções animais e de numerosos casos de 
infecções cutâneas de cavalos, bovinos, suínos; metrite e vaginites em suínos. A doença 
pode ser reproduzida experimentalmente. Há duas subespécies do S. hyicus, incluindo o 
S. hyicus subsp hyicus, agente da epidermite exsudativa do suíno e o S. hyicus subsp 
chromogenes um microrganismo de virulência questionável, geralmente isolado de 
mastite bovina. 
Epidermite exsudativa é uma infecção aguda e generalizada da derme de leitões. 
A doença é caracterizada pelo excesso de secreção sebácea, exfoliação e exsudação. 
Essas mudanças resultam em perda da função que, geralmente compromete toda a 
superfície do corpo. 
 
INFECÇÃO DOS SUÍNOS 
Nos suínos, o S. hyicus é responsável por artrites (idade inferior a 6 semanas), 
abortos, metrites e vaginites. É responsável pela epidermite exsudativa (exudative 
epidermitis), igualmente chamada de eczema seborréico do suíno (seborrhoic eczema), 
doença gordurosa do suíno (“greasy pig disease”) ou impetigo contagiosa suis. 
A dermatite exsudativa é uma doença de importância, especialmente nas granjas 
com boa sanidade. Os leitões se infectam facilmente, após o nascimento pelo contato 
com as mães. Os fatores de risco são constituídos pelos traumatismos resultantes da 
manipulação dos animais jovens (castração, corte de dentes, caudectomia, tatuagem) ou 
brigas. 
As infecções pelo porcine respiratory e reproductive syndrome virus (gêneroArterivirus, família dos Arteriviridae, ordem dos Nidovirales) ou pelo porcine 
circovirus tipo 1 (gênero Circovirus, família dos Circoviridae) ou pelo porcine 
parvovirus (gênero Parvovirus, sub-família dos Parvovirinae, família dos Parvoviridae) 
predispõem igualmente ao aparecimento da doença. 
A forma clássica ocorre principalmente nos leitões. A doença não é pruriginosa, 
começando no ventre, orelhas e ao redor dos olhos. A pele aparece gordurosa; os pelos 
ficam colados e as pálpebras edemaciadas. A infecção torna-se generalizada, atingindo 
os rins, fígado, articulações e sistema nervoso central. A infecção pode atingir de 30-
50% da leitegada. Ela pode tornar-se epidêmica. A infecção é acompanhada pelo 
enfraquecimento e mortes. As formas localizadas se manifestam, após o período de 
desmama e início da engorda. Elas surgem como crostas circulares, elevadas com 1 a 2 
cm de diâmetro, disseminadas por toda a superfície do corpo mesmo que sejam pouco 
numerosas, na região da cabeça e pescoço. A doença não é acompanhada de prurido, 
evoluindo para a cura mesmo na ausência de tratamento. 
O S. hyicus é a espécie mais associada à síndrome da mordedura do flanco (flank 
biting syndrome) e "necrose das orelhas" (necrotic ear syndrome). Essas síndromes 
resultam de uma superinfecção de feridas causada pelas mordeduras. 
Na vaca e na cabra, o S. hyicus é responsável por mastites subclínicas e infecções 
subcutâneas. 
No gato, a presença do S. hyicus está associada às lesões subcutâneas. 
Nas aves, o S. hyicus é responsável por artrites, sinovites, osteomielites e 
espondilites. 
Nos eqüinos, o S. hyicus á origem de diversas lesões cutâneas, abscessos, podendo 
ser isolado de lesões de dermatofilose. 
 
FATORES DE VIRULÊNCIA 
Coagulase 
Aproximadamente, 24 a 56% das linhagens do S. hyicus produzem coagulase. A 
coagulase é uma proteína extracelular que se liga à protrombina para formar um 
complexo chamado “estafilotrombina” que transforma o fibrinogênio em fibrina. As 
bactérias presentes no interior do coágulo tornam-se protegidas contra as defesas do 
hospedeiro. Cerca de 80 % das linhagens do S. hyicus isoladas de suínos possuem uma 
proteína comparável à proteína A do S. aureus. Esta proteína é capaz de ligar-se ao 
fragmento Fc das imunoglobulinas G e impedir a opsonização dessas imunoglobulinas. 
As linhagens de origem bovina ou de origem aviária são desprovidas de proteína A. 
 As cepas de origem suína, especialmente aquelas isoladas da enfermidade 
(aprox. 51 %) produzem estafiloquinase. A estafiloquinase se liga ao plasminogênio, 
convertendo-se em plasmina. A plasmina, por sua ação fibrinolítica, desempenha um 
papel na disseminação da cepa e, pela ação proteolítica, permite a disponibilização de 
aminoácidos úteis em seu crescimento. 
O S. hyicus excreta uma lipase, única dentro do mundo bacteriano com atividade 
enzimática sobre os lipídios e fosfolipídios. A importância dessa enzima dentro da 
patogenia da infecção ainda não é bem conhecida. A lipase pode permitir a persistência 
da bactéria dentro da pele em oposição à fagocitose. 
O S. hyicus sintetiza duas metaloproteases: a ShpI e ShpII. Seu papel na 
patogenicidade é incerto, mas pode ser responsável pela citotoxicidade. A protease 
ShpII é mais necessária na maturação extracelular da lipase que é excretada sob a forma 
de uma prolipase. 
As amostras isoladas de suínos produzem exfoliatinas, com peso molecular entre 
27-30 kDa, chamadas ExhA (Ex para exfoliatina e h para hyicus), ExhB e ExhC. A 
toxina ExhA é uma metaloproteína com zinco e a toxina ExhB uma metaloproteína 
com cobre ou cobalto. Os genes codificadores para a toxina ExhB estão em um 
plasmídio de grande tamanho enquanto que a toxina ExhA é codificado em genes 
cromossômicos. A inoculação por via SC das toxinas ExhA ou ExhB em leitões ou 
pintos de um dia provocaram lesão epidérmicas. Nos leitões, a inoculação de uma cepa 
não produtora de exfoliatina não produziu eritema persistente por 48 horas enquanto que 
a inoculação de uma cepa produtora provocou exfoliação, exsudação e a formação de 
crostas. 
 
ETIOPATOGENIA 
O S. hyicus subsp hyicus difunde-se facilmente de um grupo de suínos para outro. 
O trânsito de animais tem sido um fator importante na difusão da doença. A doença tem 
um período de duas semanas, após a introdução de um animal infectado. Leitões de 1 a 
7 semanas são geralmente acometidos. A mortalidade e morbidade são variáveis. 
Os microrganismos penetram através de soluções de continuidade na pele 
(mordida dos leitões), devido à competição pelo alimento/espaço. A doença pode se 
apresentar com o corpo inteiro coberto com exsudato úmido ou sob a forma crônica 
onde o começo é lento e a pele enrugada. As lesões surgem poucos dias após a 
inoculação experimental. Inicialmente, surgem as vesículas nas regiões da superfície da 
pele sem pelos, bandas coronarianas e atrás das orelhas. A doença progride pelo corpo 
todo; a pele torna-se espessada e a camada da epiderme pode descamar-se. Os suínos 
recuperam-se em duas semanas, após o início da doença, tornando recuperados, após 
30-40 dias. O exame histológico da pele revela acúmulo de material protéico, células 
inflamatórias e bactérias sobre a camada superficial. 
Na necropsia, os ureteres estão aumentados e o rim cístico pelo acúmulo de 
detritos e bloqueio do fluxo normal da urina. Surtos podem ocorrer (aproximadamente 
50% dos animais) com mortes, após apresentarem anorexia, febre e sinais de intensa 
sede. A pele apresenta alopecia, fissura e paraqueratose. 
O tratamento com complexo B, nos animais infectados pode contribuir para sua 
recuperação, parecendo que as necessidades de biotina nesta doença estão alteradas, ou 
seja, a doença pode ser agravada pela carência de biotina. 
 
COLHEITA DE AMOSTRAS 
Devemos enviar leitões vivos ou recentemente mortos. Podemos remeter swabs 
das lesões cutâneas. As amostras colhidas nas granjas distantes do laboratório devem ser 
enviadas em refrigeração em caixa de isopor. 
 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
As amostras colhidas são inoculadas no AS (ovinos ou bovinos). Incubação em 
estufa a 37ºC, durante 24 horas. Reconhecimento das colônias de Staphylococcus spp. 
Em amostras contaminadas indica-se inoculação em meios seletivos (sais de Manitol, 
Columbia CNA agar). 
A identificação do agente afora suas características morfológicas e culturais tem 
como base, o tipo respiratório e a pesquisa da catalase. As galerias API Staph não 
permitem o diagnóstico preciso, a menos, que haja recursos para testes complementares. 
A cartela API ID 32 STAPH permite assegurar o diagnóstico, mas caros. 
A amplificação do espaço intergênico ARNr 16S-ARNr 23S permite a 
diferenciação entre S. hyicus das outras espécies do gênero Staphylococcus isoladas de 
mamites de bovinos (com exceção do S. intermedius). A natureza da espécie e 
subespécie faz parte do diagnóstico diferencial, levando em consideração a origem da 
amostra e eventual produção de coagulase. A identificação das diferentes espécies está 
contida no Quadro. 1 abaixo. 
 
TESTE DE SENSIBILIDADE ANTIMICROBIANA (TSA) 
As linhagens isoladas de suínos são geralmente resistentes à penicilina, à 
estreptomicina, às tetraciclinas, à trimetoprima, às sulfonamidas, à clindamicina e à 
eritromicina. Os antimicrobianos ativos incluem: novobiocina, enrofloxacina, 
ampicilina, ceftiofur, associação sulfonamida-trimetoprima e cloranfenicol. 
 
VACINAS 
Não há imunógenos disponíveis no comércio para prevenir epidermite exsudativa. 
Somente vacinas autógenas são utilizadas nas criações de suínos. Como as linhagens de 
S. hyicus avirulentas podem ser isoladas da pele, somente ascepas potencialmente 
patogênicas (provindas de casos clínicos) devem ser incluídas na autovacina. 
 
 
Quadro I. Características bacteriológicas de espécies de Staphylococcus, sensíveis à 
novobiocina, coagulase negativas (ou podem ser coagulase negativas), oxidase negativa isoladas 
dos animais. 
 
1) S. auricularis; 2) S. capitis subsp urealyticus; 3) S. caprae; 4) S. chromogenes; 
5 ) S. epidermidis; 6 ) S. felis; 7 ) S. haemolyticus; 8) S. hominis subsp hominis; 9) S. hyicus; 
10) S. muscae; 11) S. pasteuri; 12) S. simulans; 13) S. warneri. 
 Testes / Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
Coagulase* - - - - - - - - d - - - - 
Ø colonial ≥ 5 mm** - d d + - + + - + + + + d 
Pigmento colonial - d - d - - d d - - f - d 
Cresc. em 10 % Sal + + f + + f + + + + + 
Cresc. em 15 % Sal f -f - + d - -f + + f f 
Cresc. à 15°C - + -f +f -f -f + (+) + + d 
Cresc. à 45°C + + -f + + + + -f - + + + 
Resist. 2U/mL Bacitracina + + - + - - - + + - 
Red. Nitratos d + + + +f + d d + + -f 
VP d d + - + - d d - - - -f + 
 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
1) S. auricularis; 2) S. capitis subsp urealyticus; 3) S. caprae; 4) S. chromogenes; 
5 ) S. epidermidis; 6 ) S. felis; 7 ) S. haemolyticus; 8) S. hominis subsp hominis; 9) S. hyicus; 
10) S. muscae; 11) S. pasteuri; 12) S. simulans; 13) S. warneri. 
* : Plasma de coelho. ** : No agar P apos 3 dias de incubação a 37 °C. 
 
 
 
1) S. auricularis; 2) S. capitis subsp urealyticus; 3) S. caprae; 4) S. chromogenes; 
5 ) S. epidermidis; 6 ) S. felis; 7 ) S. haemolyticus; 8) S. hominis subsp hominis; 9) S. hyicus; 
10) S. muscae; 11) S. pasteuri; 12) S. simulans; 13) S. warneri. 
Testes / Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
Hialuronidase - - d - + 
DNase -f + f -f d -f + - - -f d 
Nuclease Termoestável - - - -f -f -f - - + - - -f - 
ADH d + + + +f + + d + - - + d 
Urease - + + d + + - + d - + + + 
Fosfatase alcalina - - + + + + - - + + - f - 
Beta-glucosidase - - - d d - d - d + - + 
Bêta-glucuronidase - - - - - - d - d + d d 
Beta-galactosidase d - - - - + - - - - - + - 
Testes / Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
1) S. auricularis; 2) S. capitis subsp urealyticus; 3) S. caprae; 4) S. chromogenes; 
5 ) S. epidermidis; 6 ) S. felis; 7 ) S. haemolyticus; 8) S. hominis subsp hominis; 9) S. hyicus; 
10) S. muscae; 11) S. pasteuri; 12) S. simulans; 13) S. warneri. 
 
1) S. auricularis; 2) S. capitis subsp urealyticus; 3) S. caprae; 4) S. chromogenes; 
5 ) S. epidermidis; 6 ) S. felis; 7 ) S. haemolyticus; 8) S. hominis subsp hominis; 9) S. hyicus; 
10) S. muscae; 11) S. pasteuri; 12) S. simulans; 13) S. warneri. 
Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
L-arabinose*** - - - - - - - - - - - - - 
D-celobiose*** - - - - - - - - - - - - - 
D-fucose*** - - - - - - - - - - 
Beta-D-fructose*** + + + + + d + + + + + 
D-galactose*** - + + d d d d + - + -f d 
Lactose*** - d + + d + d d + - + d 
Maltose*** (+) + d d + - + + - - f -f (+) 
D-manitol*** - + d d - d d - - - f + d 
D-manose*** - + + + (+) + - - + - - d - 
Testes/Especies 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
 
 
 
 
1) S. auricularis; 2) S. capitis subsp urealyticus; 3) S. caprae; 4) S. chromogenes; 
5 ) S. epidermidis; 6 ) S. felis; 7 ) S. haemolyticus; 8) S. hominis subsp hominis; 9) S. hyicus; 
10) S. muscae; 11) S. pasteuri; 12) S. simulans; 13) S. warneri. 
*** : acidificação em aerobiose 
 
Testes/Espécies 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 
D-Melezitose*** - - d - - d - - - d 
Rafinose*** - - - - - - - - - - - - - 
D-Ribose*** - - + d -f d - + - - d d 
Sacarose*** d + - + + d + (+) + + + + + 
Salicina*** - - - - - - - - - - - 
D-Trealose*** (+) - + + - + + d + + + d + 
D-Turanose*** d d - - d d d - + - d 
Xilitol*** - - - - - - - - - - - 
D-Xilose*** - - - - - - - - - + - - - 
 
 
 
* : Plasma de coelho (Difco). 
** : No agar P apos 3 dias de incubação a 37° C. Composição do agar P (em g/L): agar: 15g; peptona: 
10g; NaCl: 5g; extrato de levedura: 5g; glicose: 1g. 
*** : acidificação em aerobiose 
+ : ao menos 90 % das cepas são positivas. 
- : ao menos 90 % das cepas são negativas. 
d : 11 a 89 % das cepas são positivas. 
( ) : reação tardia. 
f : reação fracamente positiva. +f : reação positiva a fracamente positiva. -f : reação negativa a 
fracamente positiva. 
 
 
Staphylococcus pseudintermedius 
Prof. Marcos JP Gomes 
Dermatites; Otites; Piodermites. 
HISTÓRICO 
Todas as cepas de estafilococos capazes de produzir coagulase foram colocadas, 
antes de 16 de Janeiro de 1985, foram colocadas em subespécies S. aureus subsp 
aureus. Desde esta data, os avanços taxonômicos permitiram identificar outras espécies 
ou subespécies que produziam ou podiam produzir coagulase, tais como: S. aureus 
subsp aureus/anaerobius; S. delphini; S. hyicus; S. intermedius; S. lutrae e S. schleiferi 
subsp coagulans. O S. pseudintermedius foi incluído nesta lista em 11 de julho de 2005. 
Esta nomenclatura foi validada e publicada para um grupo de quatro linhagens (cepas) 
originalmente identificadas com base no perfil de restrição intergênicas dentre os genes 
para tRNA. As seqüências dessas quatro linhagens eram idênticas e a análise 
filogenética mostrou que as cepas eram aparentadas do S. delphini, S. intermedius e ao 
S. schleiferi subsp schleiferi (homologia superior a 99%). Os estudos de hibridização 
ADN-ADN realizada com duas dessas cepas, incluindo a linhagem LMG 22219 que 
será designada como a cepa típica do S. pseudintermedius revelou que estas duas 
linhagens formam um único grupo genômico distinto do S. delphini, S. intermedius e S. 
schleiferi subsp schleiferi. 
O S. pseudintermedius é um comensal da pele e mucosas e o mais importante 
patógeno isolado em amostras clínicas dos cães. Esta bactéria coagulase positiva está 
primariamente associada com infecções da pele e ouvido, mas pode estar associado com 
todo tipo de infecção comunitária e hospitalar com difusão de amostras resistentes aos 
antimicrobianos que deram origem ao termo S. pseudintermedius Resistente à 
Meticilina (SPRM) ou sua versão inglesa Methicilin-resistant S. pseudintermedius 
(MRSP) as quais tem complicado o tratamento consideravelmente. A introdução de 
novos produtos antibacterianos no mercado veterinário foi reduzida, pois a resistência 
aos antimicrobianos aumentou assustadoramente entre os animais e no homem. É 
necessário que medidas eficazes sejam adotadas na prevenção e controle da infecção 
pelo S. pseudintermedius nos cães. A aplicação dessas medidas necessita o 
conhecimento da epidemiologia do agente, do hospedeiro e do ambiente, todos 
envolvidos na patogenia da infecção pelo S. pseudintermedius. 
Taxonomia 
As recentes mudanças na taxonomia e o surgimento da resistência à meticilina 
renovaram o interesse da veterinária sobre o S. pseudintermedius, resultando no 
desenvolvimento e na aplicação de novas ferramentas diagnósticas, incluindo: 
tipificação de linhagens e, conseqüentemente obtenção de conhecimento quanto à 
ecologia, à epidemiologia, à estrutura populacional e à virulência das espécies. 
O S. intermedius, foi descrito foi descrita, pela primeira vez, em 1976, por Hájek 
como espécie coagulase positiva, tendo como base o conteúdo C+G e os testesfenotípicos. O autor isolou amostras de pombos, cães, martas e cavalos. Por mais de 30 
anos, o S. intermedius foi considerado a causa mais comum das infecções de pele e 
tecidos moles no cão. A cepa típica NCTC 11048 ou ATCC 29663 ou CCM 5739 ou 
LMG 13351 isoladas de pombos foram utilizadas como representante do S. intermedius 
nos estudos de diferenciação entre as espécies. Entretanto muitos pesquisadores 
detectaram uma grande diversidade fenotípica e genotípica entre as amostras, sugerindo 
a existência de outras espécies. (2,13-16) 
Recentemente, foi demonstrado que as amostras isoladas como S. intermedius, 
através dos testes fenotípicos era, na verdade, uma mistura de três espécies diferentes: o 
S. intermedius, o S. pseudintermedius e o S. delphini que foram colocados no Grupo do 
Staphylococcus intermedius (GSI). Em 1988, o S. delphini foi isolado, pela primeira 
vez, de ferida purulenta de golfinhos e raramente registrado desde lá. O tipo S. 
intermedius tem origem numa cepa de pombo, possui taxonomia distinta e não 
representativa da maioria dos isolados comumente identificados como S. intermedius no 
passado. A nova espécie descrita como S. pseudintermedius e não S. intermedius é a 
causa mais comum de infecções cutâneas em cães. Desde a reclassificação das espécies, 
foi proposto que toda a amostra isolada de cães fosse denominada de S. 
pseudintermedius, a menos que seja provado o contrário por métodos moleculares 
(Bannoehr et al 2007; Sasaki et al. 2007) 
 
CARACTERÍSTICAS CULTURAIS 
O S. pseudintermedius foi tradicionalmente identificado pela morfologia colonial 
e testes fenotípicos padronizados. As colônias são elevadas; de tamanho médio e 
despigmentadas; evidencia grande β hemólise e incompleta; completa e pequena δ 
hemólise, tanto só como combinadas no agar sangue (hemácias ovinos e bovinos). 
Entretanto, uma grande α hemólise completa não é observada nesta espécie e o uso de 
sangue eqüino não é recomendado no isolamento inicial, pois não há hemólise nesse 
meio. Um olho treinado pode, na maioria das vezes, diferenciar a morfologia colonial 
do S pseudintermedius do S. aureus que possui coloração e padrões hemolíticos 
variáveis assim como aquelas cepas coagulase negativas as quais são menores e 
geralmente não hemolíticas. A diferenciação definitiva das espécies coagulase negativas 
requerem o teste da coagulase em tubo. O S. pseudintermedius geralmente é negativo 
para o “clumping factor” em lâmina e o teste comercial de aglutinação em látex que 
detecta o clumping factor, proteína A e/ou antígeno de superfície do S. aureus. 
Consequentemente há o risco do S. pseudinteremdius ser falsamente identificado como 
ECN nos laboratório de diagnóstico humano, onde o laboratorista pode não estar 
famililiarizado com esta espécie e com os testes comerciais rotineiramente utilizados na 
rápida discriminação entre o S. aureus e os ECN. Os testes fenotípicos mais 
discriminatórios diferenciando o S. pseudintermedius das outras espécies de 
estafilococos isolados de cães incluem: coagulase, produção de acetoína, pirrolidonil 
arilamilase, β-galactosidase, resistência à polimixina B e acidificação do D-manitol, 
conforme a Quadro 1. 
Quadro1. Testes fenotípicos diferenciais entre membros do Grupo Estafilococos intermedius (GEI) e 
outras espécies do gênero Staphylococcus isolados de cães. 
Staphylococcus 
espécies 
Coagulase PYR* ΒGalactosidase** VP Polimixina 
B*** 
Prod. D- Manitol 
 
GEI(intermedius) + - + - S (d) 
S. aureus + - - + R + 
S. schleiferi d + (+) + S - 
S. epidermidis - - - + R - 
S. haemolyticus - + - + S d 
 
*Pirrolidonil arilamilase foi determinada pelo kit comercial recomendado na identificação de estreptococcus.**Atividade foi 
determinada pelos testes comerciais utilizando 2naftol-β-D-galactopiranosídeo como substrato. ***Resistência (R) foi definida 
como inibição de um Ø < 10 mm, utilizando disco de polimixina B de 300 Unidades. 
A identificação fenotípica do S. pseudintermedius foi complicada pelas recentes 
mudanças na taxonomia das espécies bem como pelo reconhecimento do S. schleiferi 
subsp. coagulans como patógeno em infecções de cães, especialmente nas otites 
externas. Os novos desafios na identificação das espécies foram acompanhados da 
necessidade de métodos padronizados de caracterização que torne possível a 
investigação epidemiológica e o monitoramento de linhagens resistentes à meticilina ou 
SPRM. A consequência foi o desenvolvimento de novas ferramentas diagnósticas na 
identificação de amostras e tipificação de linhagens do S. pseudintermedius nos últimos 
cinco anos (Tabela 2). 
Tabela 2. Métodos genotípicos e genômicos utilizados na identificação do S. pseudintermedius e tipagem 
de linhagens. 
S pseudintermedius Nome do Método Referências 
Espécie PCR-RFLP Bannoehr et al. 2009. 
 MALDI-TOF MS Decristophoris et al. 2011. 
 PCR Multiplex Sasaki et al. 2010. 
Tipagem linhagens PFGE Perreten et al. 2010. 
 Ruscher et al. 2010. 
 Black et al. 2009. 
 Fazakerley et al. 2010. 
 Soedarmanto et al. 2011. 
 Vincze et al. 2010. 
 Multilocus seq (4genes) Bannoehr et al. 2007. 
MLST (8genes) Solyman et al. 2011. 
SCCmec Kondo et al. 2007 
spa typing Moodley et al. 2009 
__________________________________________________________________________________________________________ 
A identificação fenotípica do S. pseudintermedius não pode ser diferenciada claramente 
dos outros membros do GEI. O S. intermedius pode ser diferenciado do S. 
pseudintermedius e do S. delphini fenotipicamente pela reação da arginina desidrolase 
(S. intermedius é negativo); produção de ácido pela β gentobiose em condições aeróbias 
(S. intermedius é positivo) e pelo D-manitol anaerobicamente (S. intermedius é 
positivo). O S. pseudintermedius e o S. delphini não podem ser diferenciados pelos 
testes fenotípicos pela falta de confiança nos testes comerciais e kits, Assim a 
identificação do S. pseudintermedius na rotina dos laboratórios atuais se baseia no fato 
de que as espécies do GEI exceto o S. pseudintermedius estão virtualmente ausentes em 
cães. Entretanto para a correta identificação das espécies do GEI é necessário métodos 
moleculares. O uso de meios cromogênicos (S. aureus Select e o S. aureus ID agar 
(SAID)/chrom ID) pode diferenciar o grupo GEI do S. aureus. O meio se cora de azul 
ou verde para as espécies do grupo GSI (em oposição aos outros estafilococos 
patogênicos) que combinados com a fermentação de açúcares possibilitam a 
identificação de espécies do GEI; já que o S. pseudintermedius é manitol negativo e 
trealose positivo; o S. delphini é manitol positivo e trealose negativo e o S. intermedius 
é manitol e trealose positivos. Um PCR-RFLP foi recentemente desenvolvido tendo 
como base um único site de restrição MboI do gene pta do S pseudintermedius que está 
ausente no S. intermedius e no S. delphini. Bannoehr e colaboradores examinaram 112 
amostras de campo de ECP, incluindo 86 de origem canina foram testadas pelo PCR-
RFLP e todas as cepas caninas, exceto uma foram identificadas como S. 
pseudintermedius (Bannoehr et al. 2009). As linhagens remanescentes mostraram um 
perfil de restrição do gene pta que indicou identidade com o S. aureus. 
Outros ECP alem do GEI podem ser isolados de cães, tais como o S. aureus e S. 
schleiferi subsp. coagulans. A identificação correta do S. schleiferi subsp. coagulans é 
problemática, pois os meios comerciais disponíveis não são direcionados à identificação 
deste patógeno canino. Segundo Chanchaithong e Prapasarakul, em 2011, as espécies 
coagulases positivas isoladas de cães podem ser diferenciadas pela PAGE-SDS e por 
testes

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