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Direito Penal - Erro de tipo e Erro de Proibição

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___________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
Erro de tipo 
 
Segundo Bitencourt, erro de tipo essencial é o que recai sobre circunstância que 
constitui elemento essencial do tipo. É a falsa percepção da realidade sobre um 
elemento do crime. É a ignorância ou a falsa representação de qualquer dos elementos 
constitutivos do tipo penal. Essa modalidade de erro está regulada no artigo 20 do 
Código Penal – erro sobre elemento constitutivo do tipo legal exclui o dolo, mas 
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Nucci diz que o erro de tipo essencial escusável, ou invencível, afasta o dolo e a 
culpa, porque qualquer pessoa prudente nele teria incidido; afirma também que o erro de 
tipo essencial inescusável, ou vencível, afasta o dolo, mas permite a punição por crime 
culposo, se houver figura típica, uma vez que não agiu a pessoa com a natural prudência 
exigida por lei. 
Erro de tipo acidental é aquele que não se trata sobre elementos ou 
circunstâncias do crime, incidindo sobre dados acidentais do delito, ou sobre a conduta 
de sua execução. Isto não impede o sujeito de compreender o caráter ilícito de sua 
conduta. Mesmo que não existisse, ainda assim a conduta seria antijurídica. O agente 
age com consciência do fato, enganando-se a respeito de um dado não essencial do 
delito ou quanto à maneira de sua execução. 
 
Casos de erro acidental: 
 
 Erro sobre objeto (“erro in objecto”) 
 
O objeto material do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual incide a conduta do 
agente. Ocorre o erro sobre o objeto quando o agente supõe que sua conduta recai sobre 
determinada coisa, sendo que, na realidade, ela incide sobre outra. 
 
 Erro sobre pessoa (“erro in persona”) 
 
Ocorre quando há erro de representação, em face do qual o sujeito atinge um 
pessoa supondo tratar-se da que pretendia ofender. Ele pretende atingir certa pessoa, 
vindo a ofender outra inocente pensando tratar-se da primeira. O erro sobre a pessoa não 
exclui o crime, pois a norma penal não tutela apenas a pessoa A ou “B”, porém todas as 
pessoas. 
 
 Erro na execução (“aberratio ictus”) 
 
Aberratio ictus significa aberração no ataque ou desvio do golpe. Ocorre quando 
o agente, pretendendo atingir uma pessoa, vem ofender outra. Há disparidade entre a 
relação de casualidade prevista pelo agente e o nexo causal realmente produzido. Ele 
pretende que em consequência de seu comportamento se produza um resultado contra 
“A”; realiza a conduta e causa o evento contra “B”. Tratando-se de erro acidental, a 
aberratio ictus não exclui a tipicidade do fato. 
 
 
___________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
 
 Resultado diverso do pretendido (“aberratio criminis”) 
 
Aberratio criminis (ou aberratio delicti) significa desvio do crime. Quer atingir 
um bem jurídico e ofende outro (de espécie diversa). Enquanto na aberratio ictus, se o 
agente quer ofender “A” e vem a tingir “B”, responde como se tivesse atingido o 
primeiro, na aberratio criminis, a solução é diferente, pois o Código manda que o 
resultado diverso do pretendido seja punido a título de culpa. 
 
Podem ocorrer vários casos: 
1) O agente quer atingir uma coisa e atinge uma pessoa. Responde pelo resultado 
produzido a título de culpa (homicídio ou lesão culposa). 
2) O agente pretende atingir uma pessoa e atinge uma coisa. Não responde por 
crime de dano culposo, uma vez que o Código não prevê a modalidade de culposa para 
crime de dano. Pode responder por tentativa de homicídio ou tentativa de lesão corporal, 
conforme o elemento subjetivo. 
3) O agente quer atingir uma pessoa vindo a atingir esta e uma coisa. Responde 
pelo resultado produzido na pessoa, não havendo crime de dano. 
4) O agente quer atingir uma coisa, vindo a ofender esta e uma pessoa. Responde 
por dois crimes: dano (art. 163) e homicídio ou lesão corporal culposa em concurso 
formal (concurso entre crime doloso e culposo). 
 
 
RELATORA : MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA 
AGRAVANTE : OZENI RODRIGUES BATISTA TAVARES 
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
 
EMENTA 
 
 
AGRAVO REGIMENTAL. PROCESSO PENAL. RECURSO 
ESPECIAL.CONTRABANDO. MÁQUINAS CAÇA-NÍQUEIS. SENTENÇA 
DE ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. REFORMA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. ERRO 
DE TIPO. MATÉRIA EMINENTEMENTE FÁTICA. SÚMULA 7⁄STJ. 
1. Para se chegar a conclusão diversa da que chegou o Tribunal de 
origem, segundo o qual não foram afastadas, de plano, a materialidade e 
autorias delitivas quanto ao crime de contrabando, seria inevitável o revolvimento dos 
elementos probatórios carreados aos autos, procedimento que é vedado nesta instância 
especial, a teor do enunciado nº 7 da súmula desta Corte. 
2. Agravo regimental improvido. 
 
 
 
___________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
VOTO MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (Relatora): 
 
Consoante assentado na decisão agravada, requer a defesa o restabelecimento da 
sentença absolutória, assim fundamentada: 
 
Para a efetiva caracterização da conduta típica, seria necessária a demonstração 
de que o réu, dono do bar onde as máquinas foram encontradas, soubesse da 
procedência estrangeira das mercadorias proibidas e assim as recebesse, mantivesse em 
depósito ou utilizasse, tal qual descrito na denúncia. 
Portanto, configurado está o erro de tipo. Se o agente desconhece que 
a mercadoria é estrangeira, não se pode cogitar da prática dolosa de qualquer das 
condutas denunciadas, ainda que demonstrada a falta de documentação legal que 
acompanhasse as máquinas. Isso porque o dolo é abrangente e requer a ciência plena 
dos elementos descritos na figura típica. 
Considerando que o erro de tipo exclui o dolo e que as condutas criminosas 
imputadas não podem ser praticadas a titulo culposo, concluo pela atipicidade da 
conduta de RÉU, impondo-se sua absolvição, nos termos do art. 386, III, do Código de 
Processo Penal. 
 
Processo: AgRg no REsp 1300991 ES 2012/0005460-7 
Relator(a): Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR 
Julgamento: 14/08/2012 
Órgão Julgador: T6 - SEXTA TURMA 
Publicação: DJe 22/08/2012 
 
EMENTA 
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL.ART. 334, § 
1º, C E D, DO CP. DESCAMINHO. CONTRABANDO. ERRO DE 
TIPO.OCORRÊNCIA. ACÓRDÃO A QUO FIRMADO NO ACERVO DE PROVAS 
DOS AUTOS. OSUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NÃO É SUCEDÂNEO DAS 
INSTÂNCIASORDINÁRIAS. REVOLVIMENTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA7/STJ. 1. Para a doutrina clássica, a tipicidade, a 
antijuridicidade (ilicitude) e a culpabilidade são os três elementos que convertem aação 
em delito. Caso inexistente a tipicidade, ausente a condutailícita. 2. Os juízos de 
primeiro e segundo graus absolveram a parte ré emdecorrência da existência de erro de 
tipo. Desconstituir talentendimento é providência imprópria no recurso especial, a teor 
daSúmula 7/STJ. 3. O agravo regimental não merece prosperar, porquanto as 
razõesreunidas na insurgência são incapazes de infirmar o entendimentoassentado na 
decisão agravada. 4. Agravo regimental improvido. 
___________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
gRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.300.991 - ES (2012/0005460-7) 
 
RELATÓRIO 
 
O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIAO REIS JÚNIOR: Trata-se de agravo 
regimental interposto pelo Ministério Público Federal contradecisão que não 
conheceu de seu recurso especial, em decorrência da incidência da Súmula 7/STJ, assim 
ementada (fl. 257): 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. DESCAMINHO. CONTRABANDO. 
ERRO DE TIPO. ACÓRDAO A QUO FIRMADO NO ACERVO DE PROVAS DOS 
AUTOS. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NAO É SUCEDÂNEO DE 
INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. REVOLVIMENTO FÁTICO PROBATÓRIO. 
INCIDÊNCIA DA SÚMULA7/STJ. 
Recurso especial não conhecido. 
Colhe-se dos autos que o atual agravante interpôs recurso especial com fundamento no 
art. 105, III, a , da Constituição Federal, contra acórdão do Tribunal local o qual 
considerou que a parte ré incorreu em erro de tipo, o que implicou a atipicidade da 
conduta e a consequente absolvição da ré em relação ao crime previsto no art. 334,1º, c 
e d, do Código Penal (fls. 171/191). 
 
 
Erro de Proibição 
 
 
 Segundo Nucci, é a falsa percepção quanto à ilicitude do fato, diz 
respeito ao conteúdo da norma, que se aprende no dia a dia, tomando conhecimento do 
que é certo e do que é errado. Erro de proibição invencível exclui a culpabilidade pois o 
agente atua sem consciência atual ou potencial da ilicitude. Não se pode censurar a 
conduta daquele que, embora pratique um fato típico e antijurídico, não tem a menor 
noção de realizar algo proibido. O erro vencível é crime, embora com culpabilidade 
atenuada, permitindo-se a redução da pena de um sexto a um terço tendo em vista que o 
autor age sem consciência atual da ilicitude, mas em condições de obtê-la, ou seja, tem 
consciência potencial. 
 
 
Processo: AgRg no HC 95113 RS 2007/0277524-4 
Relator(a): Ministro OG FERNANDES 
Julgamento: 19/04/2012 
Órgão Julgador: T6 - SEXTA TURMA 
Publicação: DJe 09/05/2012 
 
 
 
___________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
AgRg no HABEAS CORPUS Nº 95.113 - RS (2007/0277524-4) 
RELATÓRIO 
 
O SR. MINISTRO OG FERNANDES: Trata-se de agravo 
regimental interposto contra decisão que julgou prejudicado o presente writ , de cujo 
teor se colhe: 
Por ocasião do indeferimento do pedido inicial, foi o feito assim relatado (fls. 175-
176/e-STJ): 
Habeas corpus contra a Oitava Turma do Tribunal Regional da 4ª Região que, 
improvendo o apelo interposto em favor de Otávio Lodi Hoppe, preservou 
o decisumque o condenou à pena de 01 ano de reclusão em regime aberto, substituída 
a pena privativa de liberdade pela prestação de serviços à comunidade, em 
acórdão assim ementado: 
"PENAL E PROCESSUAL. COMPETÊNCIA. ART. 56 DA LEI. Nº 9.605/98. GUARDA 
DE AGROTÓXICOS DE ORIGEM ESTRANGEIRA. CRIME 
PERMANENTE.MATERIALIDADE. AUTORIA. DOLO. ERRO DE PROIBIÇAO. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE 
 
VOTO 
 
O SR. MINISTRO OG FERNANDES (RELATOR): Busca-se no presente habeas 
corpus a nulidade da sentença condenatória, por incompetência absoluta do órgão 
judicial que a prolatou (Justiça Federal). 
O pedido, contudo, encontra-se prejudicado. 
Com efeito, de acordo com as informações obtidas da Subseção Judiciária do Rio 
Grande do Sul 1ª Vara Federal de Santo Ângelo (ofício de e-fls. 214/215), verifica-se 
que o paciente cumpriu integralmente a pena imposta na ação penal de que tratam estes 
autos. 
Induvidoso, portanto, que fica esvaziado o objeto da presente impetração. 
Como é sabido, não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de 
liberdade. 
Diante do exposto, mantendo a decisão agravada por seu próprios fundamentos, NEGO 
PROVIMENTO ao agravo regimental. 
É o voto. 
Processo: Inq 2559 MG 
Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI 
Julgamento: 18/08/2011 
Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação: ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-030 DIVULG 10-02-2012 PUBLIC 13-02-2012 
Parte(s): 
MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL 
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA 
JOSÉ SARAIVA FELIPE 
OSCAR LUIS DE MORAIS 
ARTHUR PEREIRA DE CASTILHO NETO 
___________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
EMENTA 
EMENTA INQUÉRITO. DENÚNCIA. ART. 350 DO CÓDIGO ELEITORAL. 
DENUNCIADO QUE SUBSCREVEU NOVA PRESTAÇÃO DE CONTAS EM 
SUBSTITUIÇÃO A DOCUMENTO ANTERIORMENTE APRESENTADO 
PERANTE A JUSTIÇA ELEITORAL, AO INVÉS DE PROVIDENCIAR SUA 
RETIFICAÇÃO. AUSÊNCIA DE DOLO. ATIPICIDADE RECONHECIDA. ERRO 
DE PROIBIÇÃO IGUALMENTE VERIFICADO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. 
DENÚNCIA REJEITADA. 
1. Para que ocorra o crime, o sujeito ativo deve estar consciente de que está praticando o 
falso ideológico, segundo a descrição da norma. O elemento subjetivo está na intenção 
livre de falsificar, com perfeita noção da reprovabilidade do ato. 
2. Interpretou o denunciado a norma proibitiva que concerne diretamente ao fato, 
tomando seu comportamento como permitido e aprovado pelo Direito, em evidente 
ocorrência de erro de proibição (CP, art. 21). 
3. Denúncia rejeitada. 
Decisão 
Após os votos dos Senhores Ministros Dias Toffoli (Relator) e Gilmar Mendes, 
rejeitando a denúncia, e o voto do Senhor Ministro Março Aurélio, recebendo-a, pediu 
vista dos autos o Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Falou pelo acusado o Dr. 
Arthur Pereira de Castilho Neto. Presidência do Senhor Ministro Cezar Peluso. 
Plenário, 31.03.2011.Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, 
rejeitou a denúncia, contra os votos dos Senhores Ministros Março Aurélio, Ricardo 
Lewandowski e Ayres Britto. Votou o Presidente, Ministro Cezar Peluso. Ausente, 
licenciado, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 18.08.2011.

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