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Direito Penal - Teoria do Crime

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________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
Teoria do Crime 
 
Classificação do Crime 
 
O crime material ou de resultado descreve a conduta cujo resultado integra o 
próprio tipo penal, isto é, para a sua consumação é indispensável a produção de um 
resultado separado do comportamento que o precede. O fato típico se compõe da 
conduta humana e da modificação do mundo exterior por ela operada. O resultado 
material que integra a descrição típica pode ser tanto de dano como de perigo concreto 
para o bem jurídico protegido. A não ocorrência do resultado caracteriza a tentativa. 
O crime formal também descreve um resultado, que, contudo, não precisa 
verificar-se para ocorrer a consumação. Basta a ação do agente e a vontade de 
concretizá-lo, configuradoras do dano potencial, isto é, do eventus periculi - ameaça, a 
injúria verbal. Afirma-se que no crime formal o legislador antecipa a consumação, 
satisfazendo-se com a simples ação do agente. 
Preterdoloso ou preterintencional é o crime cujo resultado total é mais grave do 
que o pretendido pelo agente. Há uma conjugação de dolo - no antecedente - e culpa - 
no subsequente -, o agente quer um minus – menos - e produz um majus – mais. 
Crime habitual é aquele que somente se consuma através da prática reiterada e 
contínua de várias ações, traduzindo um estilo de vida indesejado pela lei penal. Logo, 
pune-se o conjunto de condutas habitualmente desenvolvidas e não somente uma delas, 
que é atípica. São requisitos para o seu reconhecimento, a reiteração de vários fatos, a 
identidade ou homogeneidade de tais fatos e o nexo de habitualidade entre os fatos. 
Permanente é aquele crime cuja consumação se alonga no tempo, dependente 
da atividade do agente, que poderá cessar quando este quiser, como o cárcere privado e 
o sequestro. Crime permanente não pode ser confundido com crime instantâneo de 
efeitos permanentes – homicídio, furto -, cuja permanência não depende da 
continuidade da ação do agente. 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
Crime unissubjetivo é aquele que pode ser praticado pelo agente 
individualmente, que também admite o concurso eventual de pessoas, constituindo a 
regra geral das condutas delituosas previstas no ordenamento jurídico-penal. 
Crime plurissubjetivo, por sua vez, é o crime de concurso necessário, isto é, 
aquele que por sua estrutura típica exige o concurso de, no mínimo, duas pessoas. A 
conduta dos participantes pode ser paralela - quadrilha -, convergente - adultério e 
bigamia - ou divergente – rixa. 
Crime comum é o que pode ser praticado por qualquer pessoa, como lesão 
corporal, estelionato e furto. 
Crime próprio ou especial é aquele que exige determinada qualidade ou 
condição pessoal do agente. Pode ser condição jurídica – acionista -; profissional ou 
social – comerciante -; natural - gestante, mãe -; parentesco – descendente. 
Crime impossível é aquele que jamais poderia ser consumado em razão da 
ineficácia absoluta do meio empregado ou pela impropriedade absoluta do objeto. 
Crime político envolve, de forma geral, o conceito de Direito Internacional, ou 
seja, são atos ou omissões que prejudicam o interesse da chamada "Lei de Segurança 
Nacional” de um determinado país, em determinado tempo histórico, sendo ele de 
natureza interna ou externa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
 
 
 Crimes Materiais 
PROCESSO: HC 152112 ES 2009/0212470-6 
RELATOR(A): MINISTRA MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA 
JULGAMENTO: 02/02/2012 
ÓRGÃO JULGADOR: T6 - SEXTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJE 15/02/2012 
 
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. CRIME MATERIAL. VESTÍGIOS. 
DESAPARECIMENTO. PERÍCIA. IMPOSSIBILIDADE. PROVA TESTEMUNHAL. 
SUPRIMENTO. 
1. Firmado pelo tribunal de origem, em sede de apelação, que não foi possível realizar a 
perícia, porque a vítima do crime de lesões corporais graves desapareceu, não há como, 
em habeas corpus, onde não há espaço para dilação probatória, concluir de modo 
contrário. 
2. Ainda mais porque na espécie, além da prova testemunhal, há laudo médico, do 
hospital onde a vítima foi socorrida, atestando os ferimentos e a sua gravidade. 
3. Julgamento na origem em consonância com o entendimento desta corte sobre o tema. 
4. Ordem denegada. 
 
PROCESSO: AgRg no HC 198590 SP 2011/0040278-1 
RELATOR(A): Ministra REGINA HELENA COSTA 
JULGAMENTO: 25/02/2014 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 10/03/2014 
 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME DE 
SONEGAÇÃO FISCAL. ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA. 
INDEFERIMENTO DA PROVA PERICIAL. CRIME MATERIAL QUE DEIXA 
VESTÍGIOS. CRITÉRIO DA DISCRICIONARIEDADE MOTIVADA E NÃO DA 
OBRIGATORIEDADE LEGAL. PRECEDENTES. 
I - Esta Corte Superior vem entendendo que nos crimes de sonegação de contribuição 
previdenciária não há obrigatoriedade da prova pericial se a materialidade do delito 
pode ser verifica pelo Juiz, mediante outros elementos de prova. 
II - Essa orientação aplica-se também aos casos de crime de sonegação fiscal, pois o 
critério a ser utilizado é o da discricionariedade motivada e não da obrigatoriedade 
legal. 
III - Agravo regimental improvido. 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
 
 
 
 
PROCESSO: HC 92616 SP 2007/0243569-9 
RELATOR(A): Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA 
JULGAMENTO: 15/12/2009 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 01/02/2010 
 
EMENTA: PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ESTELIONATO. 
COMPETÊNCIA. ART. 70 DO CPP. CONSUMAÇÃO. OBTENÇÃO DA 
VANTAGEM INDEVIDA. CRIME MATERIAL. ORDEM DENEGADA. 
 
1. O crime de estelionato, de natureza material, consuma-se no momento e lugar em que 
o agente obtém a vantagem indevida. 
2. Ordem denegada. 
 
 Crimes Formais 
PROCESSO: HC 191032 DF 2010/0214843-6 
RELATOR(A): Ministra REGINA HELENA COSTA 
JULGAMENTO: 08/04/2014 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 14/04/2014 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. NÃO 
CONHECIMENTO. CORRUPÇÃO DE MENORES. ABSOLVIÇÃO. AUSÊNCIA DE 
PROVAS. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. INADMISSIBILIDADE. CRIME 
FORMAL. 
I - Acompanhando o entendimento firmado pela 1ª Turma do Supremo Tribunal 
Federal, nos autos do Habeas Corpus n. 109.956, de relatoria do Excelentíssimo 
Ministro Marco Aurélio, a 5ª Turma deste Superior Tribunal de Justiça passou a adotar 
orientação no sentido de não mais admitir o uso do writ como substitutivo de recurso 
ordinário, previsto nos arts. 105, II, a, da Constituição da República e 30 da Lei 
n. 8.038/1990, sob pena de frustrar a celeridade e desvirtuar a essência desse 
instrumento constitucional. 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
II - O entendimento desta Corte evoluiu para não mais se admitir o manejo do habeas 
corpus em substituição ao recurso próprio, bem assim como sucedâneo de revisão 
criminal. Precedentes. 
III - Pretende a Impetrante a absolvição pelo cometimento do delito previsto no 
art. 1º da Lei n. 2.252/1954, porquanto não comprovada a conduta do Paciente em 
corromper ou facilitar a corrupção de menor envolvido. 
IV - O entendimento pacífico deste Tribunal Superior é no sentido de que não cabe a 
discussão a respeito de tese absolutória,por insuficiência de prova, em sede de habeas 
corpus, por ser remédio de rito célere e cognição sumária, incompatível com a 
necessidade de aprofundado reexame do acervo fático-probatório. Precedentes. 
V - Ad argumentadum tantum, o crime de corrupção de menores tem natureza formal, 
bastando para sua caracterização, indícios de envolvimento de menor de 18 (dezoito) na 
companhia de Agente imputável. Súmula 500 desta Corte. 
VI - Habeas corpus não conhecido. 
 
PROCESSO: CC 119495 MG 2011/0252436-2 
RELATOR(A): Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA (DESEMBARGADORA CONVOCADA 
DO TJ/PE) 
JULGAMENTO: 08/05/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: S3 - TERCEIRA SEÇÃO 
PUBLICAÇÃO: DJe 15/05/2013 
 
EMENTA: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. DIREITO PENAL E PROCESSUAL 
PENAL. ART. 7º DA LEI 8.137/90. CRIME FORMAL. CONSUMAÇÃO NO LOCAL 
DO CONSTRANGIMENTO. 
1. O delito previsto no art. 7º da Lei nº 8.137/90 é de natureza formal e consuma-se no 
lugar em que o consumidor foi enganado, independentemente do local onde estão 
situadas as contas bancárias beneficiárias dos depósitos e a sede da empresa que ofertou 
o serviço. 
2. Na hipótese, o delito praticado consumou-se em Campo Grande/MS, onde o 
consumidor foi levado a erro, devendo ser reconhecida a competência do Juízo daquele 
local. 
3. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da 2ª Vara Criminal 
de Campo Grande/MS, o suscitado 
 
PROCESSO: AgRg no HC 251111 SP 2012/0167090-5 
RELATOR(A): Ministro MOURA RIBEIRO 
JULGAMENTO: 24/09/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 30/09/2013 
 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA 
PATRIMÔNIO. EXTORSÃO. CRIME FORMAL. CONSUMAÇÃO. EFETIVO 
CONSTRANGIMENTO. OBTENÇÃO DA VANTAGEM INDEVIDA. MERO 
EXAURIMENTO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
1. O delito de extorsão é formal ocorrendo a consumação com o efetivo 
constrangimento de alguém a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça algo, 
independentemente da obtenção da vantagem indevida, que configura mero 
exaurimento. 
2. Agravo regimental não provido. 
 
 Crimes Preterdolosos 
PROCESSO: AP 513720097120012 AM 0000051-37.2009.7.12.0012 
RELATOR(A): Artur Vidigal de Oliveira 
JULGAMENTO: 01/08/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: 14/08/2013 Vol: Veículo: DJE 
 
EMENTA: APELAÇÃO. MPM E DEFESA. LESÃO CORPORAL. CRIME 
PRETERDOLOSO. CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES. INAPLICABILIDADE. 
PRESCRIÇÃO. HABEAS CORPUS DE OFÍCIO 
 
1. Comete o crime de lesão corporal agravada pelo resultado o militar que, dolosamente, 
pratica o estrangulamento no pescoço do companheiro de farda, depois de ficar 
exaltado, asfixiando o ofendido e causando, culposamente, perigo de vida e lesões 
corporais. 2. São inaplicáveis, nos crimes preterdolosos, as circunstâncias agravantes 
genéricas. 3. Concede-se Habeas Corpus de ofício quando verificada a extinção da 
punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva do Estado, na modalidade retroativa. 
Recurso conhecido em parte. Decisão unânime. 
 
PROCESSO: APL 00441212820078190014 RJ 0044121-28.2007.8.19.0014 
RELATOR(A): DES. ANTONIO CARLOS DOS SANTOS BITENCOURT 
JULGAMENTO: 17/12/2012 
ÓRGÃO JULGADOR: PRIMEIRA CAMARA CRIMINAL 
PUBLICAÇÃO: 19/03/2013 11:17 
 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. 
CRIME PRETERDOLOSO. 
Recurso da defesa que pretende ver reconhecida a lesão corporal simples, por 
superveniência de causa relativamente independente. Hipótese em que a vítima foi 
agredida por seu companheiro com golpe de faca na região posterior da coxa direita, 
após anteriores agressões presenciadas pela filha do casal. Atendimento hospitalar com 
alta para a vítima que acabou falecendo por força de hemorragia resultante de "extensa 
lesão da musculatura posterior e a presença de um grande hematoma local infiltrando os 
planos profundos da coxa" (fls. 138), no esclarecimento do quesito da causa mortis por 
anemia aguda provocada por lesão corto-contundente (arma branca), conforme laudo de 
fls. 22/23. Inexistência de causa relativamente independente que, por si só, tenha 
relevância de alterar o curso causal para o resultado morte; permanecendo a agressão a 
faca como o meio suficiente e necessário do resultado lesivo, sem o que não teria 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
ocorrido, segundo o processo hipotético de eliminação de Thyren. Eventual negligência 
médica, na realidade inexistente, que importaria em mera concausa superveniente 
vinculada à relevância da lesão, como desdobramento natural ou físico do risco criado, e 
sem exclusão deste como fazer naturalístico e originário (causal) do resultado morte. 
Pena final fixada em 05 anos de reclusão, mantido, no mais a respeitável sentença. 
Provimento parcial do apelo defensivo. 
 
PROCESSO: ACR 201000010053551 PI 
RELATOR(A): DES. SEBASTIÃO RIBEIRO MARTINS 
JULGAMENTO: 30/11/2010 
ÓRGÃO JULGADOR: 2A. CÂMARA ESPECIALIZADA CRIMINAL 
 
EMENTA: APELAÇAO CRIMINAL. PROCESSO PENAL. LESAO CORPORAL 
SEGUIDA DE MORTE. PROVAS SUFICIENTES PARA A CONDENAÇAO. NEXO 
CAUSAL ENTRE A AÇAO DOLOSA E O RESULTADO MORTE CULPOSA. 
CRIME PRETERDOLOSO. DOLO NO ANTECEDENTE E CULPA NO 
CONSEQUENTE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. 
1. As provas comprovam de forma indubitável a autoria e materialidade delitiva. 
2. Nexo causal entre a conduta do réu (desferimento da facada na região do pescoço) e a 
morte da vítima após uma semana. 
3. Crime preterdoloso, ou seja, dolo na deflagração do ferimento (animus laesendi) e 
culpa no resultado morte. 
4. Recurso conhecido e improvido. 
 
 
 Crimes Habituais 
 
PROCESSO: AgRg no REsp 1186677 DF 2010/0050345-4 
RELATOR(A): Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR 
JULGAMENTO: 15/10/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: T6 - SEXTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 28/10/2013 
 
EMENTA: PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. 
ART. 183 DA LEI N. 9.472/1997. CRIME HABITUAL E FORMAL. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. INAPLICABILIDADE. TIPICIDADE RECONHECIDA. 
RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. POSSIBILIDADE. 
1. O crime tipificado no art. 183 da Lei n. 9.472/1997 é habitual, formal e de perigo 
abstrato, não sendo necessário demonstrar a ocorrência (ou ausência) de prejuízo. 
2. Assim, não há como reconhecer o reduzido grau de reprovabilidade ou a mínima 
ofensividade da conduta, haja vista que, para a configuração do crime em questão, basta 
a prática habitual de atividade de telecomunicação sem a devida autorização dos órgãos 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
públicos competentes (AgRg no REsp n. 1.257.339/RJ, Ministro Og Fernandes, Sexta 
Turma, DJe 14/5/2013). 
3. Não sendo aptos os argumentos trazidos na insurgência para desconstituir a decisão 
agravada, deve ela ser mantida pelos seus próprios fundamentos. 
4. Agravo regimental improvido. 
 
 
PROCESSO: REsp 899630 PR 2006/0208615-2 
RELATOR(A): Ministra LAURITA VAZ 
JULGAMENTO: 10/08/2010 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 13/09/2010 
 
EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME CONTRA O SISTEMA 
FINANCEIRO NACIONAL: GESTÃO TEMERÁRIA (ART. 4.º, PARÁGRAFO 
ÚNICO, DA LEI N.º7.492/86). CRIME HABITUAL IMPRÓPRIO. 
DESNECESSÁRIA A HABITUALIDADE. RECURSO PROVIDO. 
1. A denúncia imputa aos Réus o crime de gestão temerária, pela concessão de linha de 
crédito internacional, desconsiderando os riscos da operação,bem como várias 
prescrições do Banco Central do Brasil. 
2. A conduta se enquadra, em tese, no crime do art. 4.º, parágrafo único, da Lei 
n.º 7.492/86, pois, em se tratando de crime habitual impróprio, não é necessária 
habitualidade para a caracterização desse delito de gestão temerária. 
3. Recurso provido. 
 
PROCESSO: ACR 199933000153506 BA 1999.33.00.015350-6 
RELATOR(A): DESEMBARGADOR FEDERAL CÂNDIDO RIBEIRO 
JULGAMENTO: 15/01/2014 
ÓRGÃO JULGADOR: TERCEIRA TURMA 
PUBLICAÇÃO: e-DJF1 p.680 de 24/01/2014 
 
EMENTA: PENAL. DELITO DO ART. 4º DA LEI 7.492/1986 (GESTÃO 
FRAUDULENTA DE INSTITUIÇÃO FINANCEIRA). CRIME HABITUAL 
IMPRÓPRIO. AUTORIA E MATERIALIDADE. DOLO COMPROVADO. 
SENTENÇA SEM TRÂNSITO EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE DE 
AGRAVAMENTO DA PENA. 
I - A gestão fraudulenta pode ser vista como crime habitual impróprio, em que uma só 
ação tem relevância para configurar o tipo, sendo desnecessária a reiteração de atos para 
sua configuração. Precedentes desta Corte e do STJ. 
II - Autoria e materialidade do crime do art. 4º da Lei 7.492/1986 (gestão fraudulenta de 
instituição financeira) devidamente demonstradas. Dolo comprovado. O acusado, 
descumprindo ordens da sociedade empresária a qual representava comercialmente, 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
continuou comercializando cotas de consórcio, embora o Banco Central já tivesse 
declarado irregular a situação da aludida pessoa jurídica. Além disso, comercializava 
cotas contempladas, o que era contrário ao próprio instrumento contratual que 
concretizava os negócios. 
III - Há impossibilidade de se considerar a sentença que ainda não transitou em julgado 
para fins de agravar a pena-base (Súmula 444 do STJ). 
IV - Apelo do Ministério Público Federal parcialmente provido. 
 
 Crimes Permanentes 
 
PROCESSO: HC 267968 RJ 2013/0098916-7 
RELATOR(A): Ministra LAURITA VAZ 
JULGAMENTO: 15/08/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 26/08/2013 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE TRÁFICO 
ILÍCITO DE ENTORPECENTES. PRISÃO EM FLAGRANTE. CRIME 
PERMANENTE. AUSÊNCIA DE NULIDADE. ORDEM DE HABEAS CORPUS 
DENEGADA. 
1. O tráfico ilícito de drogas é crime permanente, o que enseja o prolongamento no 
tempo da flagrância delitiva, enquanto durar a permanência. 
2. Tratando-se o tráfico ilícito de drogas de crime permanente, não há se falar em 
ilegalidade da prisão em flagrante por violação de domicílio, uma vez que aConstituição 
Federal, em seu art. 5º, inciso XI, autoriza a entrada da autoridade policial, seja durante 
o dia, seja durante a noite, independente da expedição de mandado judicial. Precedente. 
3. Ordem de habeas corpus denegada. 
 
PROCESSO: HC 107385 RJ 
RELATOR(A): Min. ROSA WEBER 
JULGAMENTO: 06/03/2012 
ÓRGÃO JULGADOR: Primeira Turma 
PUBLICAÇÃO: DJe-065 DIVULG 29-03-2012 PUBLIC 30-03-2012 
PARTE(S): 
LEONARDO RODRIGUES MAC CORMICK SANHAÇO 
DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL 
SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR 
 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. ESTELIONATO 
PREVIDENCIÁRIO. NATUREZA JURÍDICA. CRIME PERMANENTE. 
PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA. WRIT DENEGADO. 
1. O crime de estelionato previdenciário, quando praticado pelo próprio beneficiário das 
prestações, tem caráter permanente, cessando a atividade delitiva apenas com o fim da 
percepção das prestações. Precedentes Corte (HCs 102.774, 107.209, 102.491, 104.880 
e RHC 105.183). 
2. Iniciando o prazo prescricional com a cessação da atividade delitiva, não é cabível o 
reconhecimento da extinção da punibilidade no caso concreto. 
3. Habeas corpus denegado. 
 
PROCESSO: AgRg no REsp 1199520 RJ 2010/0113078-0 
RELATOR(A): Ministra REGINA HELENA COSTA 
JULGAMENTO: 18/03/2014 
ÓRGÃO JULGADOR: T5 - QUINTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 21/03/2014 
 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME 
DE ESTELIONATO CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL. CRIME PERMANENTE. 
CONDUTA PRATICADA PELO PRÓPRIO SEGURADO. TERMO A QUO DO 
PRAZO PRESCRICIONAL. DATA DA CESSAÇÃO DO PERCEBIMENTO DO 
BENEFÍCIO INDEVIDO. 
I- A 3ª Seção desta Corte Superior de Justiça, ao apreciar o REsp n. 1.206.105/RJ, 
pacificou o entendimento de que o crime de estelionato contra a Previdência Social é 
crime permanente. 
II- Quando a conduta é praticada pelo próprio segurado, o prazo prescricional começa a 
fluir a partir do momento da cessação do percebimento do benefício previdenciário 
indevido. 
III- Agravo regimental improvido. 
 
 Crimes Unissubjetivos 
PROCESSO: RCCR 8164 PA 2000.39.00.008164-8 
RELATOR(A): DESEMBARGADOR FEDERAL I'TALO FIORAVANTI SABO MENDES 
JULGAMENTO: 30/06/2008 
ÓRGÃO JULGADOR: QUARTA TURMA 
PUBLICAÇÃO: 25/07/2008 e-DJF1 p.130 
 
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. CRIME DE LAVAGEM DE DINHEIRO. 
LEI Nº9.613/98, ART. 1º, INCISO VII. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA. 
INOCORRÊNCIA. DEMONSTRAÇÃO DE INDÍCIOS SUFICIENTES DA 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
EXISTÊNCIA DO CRIME ANTECEDENTE. CRIME UNISSUBJETIVO. DECISÃO 
REFORMADA. 
1. A Lei nº 9.613/98 tipificou o delito de lavagem de dinheiro como crime autônomo, 
embora tenha exigido para sua configuração a demonstração da existência de indícios da 
ocorrência do crime antecedente. Precedentes STJ. 
2. A denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal indica que existem indícios 
probatórios de um esquema criminoso de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em 
operações ilegais, praticados com características de uma organização criminosa, que 
teriam dado origem aos recursos movimentados na conta do recorrido. 
3. O crime de lavagem de dinheiro é crime unissubjetivo, embora nada impeça a co-
autoria ou participação. É crime comum, podendo ser cometido por qualquer pessoa, 
bastando tão-somente que o autor do fato tenha consciência da origem ilícita do produto 
e vontade de praticar a conduta criminosa, não sendo exigível que também tenha 
praticado o crime antecedente, considerando sua autonomia típica. 
4. Recurso criminal provido. 
 
PROCESSO: ACR 2009304025 SE 
RELATOR(A): DES. NETÔNIO BEZERRA MACHADO 
JULGAMENTO: 04/08/2009 
ÓRGÃO JULGADOR: CÂMARA CRIMINAL 
PARTE(S): 
Apelante: JOSE CARLOS DOS SANTOS 
Apelado: MINISTERIO PUBLICO 
 
EMENTA: PREFEITO MUNICIPAL. PECULATO. CRIME UNISSUBJETIVO A 
PRESCINDIR DO CONCURSO DE OUTROS AGENTES PARA CONSUMAR-SE. 
PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO POR OMISSAO DA EXISTÊNCIA 
DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. REJEIÇAO.PRELIMINAR DE 
NULIDADE DA SENTENÇA SUBJACENTE DA IRREGULAR EMENDATIO 
LIBELLI. REJEIÇAO. INAFASTÁVEL DOLO DO RÉU DEMONSTRADO PELO 
PAGAMENTO DE PARCELAS RELATIVAS A ETAPAS NAO CONCLUÍDAS DA 
OBRA CONTRATADA. PROVA DOCUMENTAL EFICIENTE A EMBASAR A 
CONDENAÇAO. PENA-BASE ESTRUTURADA EM CIRCUNSTÂNCIAS 
CONCRETAMENTE AFERIDAS. IMPROVIMENTO DO RECURSO. 
AFASTAMENTO, DE OFÍCIO, DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA PREVISTA 
NO 2º DO ART. 327 DO CP, QUE NAO ALCANÇA PREFEITOS. DECISAO 
UNÂNIME. 
 
PROCESSO: APR 685383 SC 2008.068538-3 
RELATOR(A): Torres Marques 
JULGAMENTO: 29/06/2009 
ÓRGÃO JULGADOR: Terceira Câmara Criminal 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
PUBLICAÇÃO: Apelação Criminal (Réu Preso) n. , de Chapecó 
PARTE(S): 
Apelante:Anderson Schinaider 
Apelada: A Justiça, por seu Promotor 
 
EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES CONTRA A SAÚDE. TRÁFICO ILÍCITO DE 
DROGAS. AGENTE PRESO EM FLAGRANTE ENQUANTO SE DESLOCAVA DE MOTOCICLETA 
COM SUA NAMORADA PORTANDO OITO PEDRAS DE CRACK. NAMORADA ADOLESCENTE 
QUE ASSUME A RESPONSABILIDADE DAS SUBSTÂNCIAS OBJETIVANDO AFASTAR A 
AUTORIA DO ACUSADO. DEPOIMENTO DOS POLICIAIS QUE EFETUARAM ANTERIOR 
CAMPANA E A PRENDERAM O RÉU EM HARMONIA COM OS OUTROS ELEMENTOS DE 
PROVA. DESTINAÇÃO DA DROGA EVIDENCIADA. AUTORIA E MATERIALIDADE 
COMPROVADAS. CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA DA PENA. POSSIBILIDADE DE 
AUMENTO DA FRAÇÃO DA REDUTORA DO ART. 33, § 4º DA LEI N. 11.343/06. REDUÇÃO EM 
METADE. INVIABILIDADE DE REDUÇÃO EM GRAU MÁXIMO EM RAZÃO DA NATUREZA 
DA DROGA. INCIDÊNCIA DA CAUSA ESPECIAL DE DIMINUIÇÃO DE PENA DO ART. 41DA 
LEI N. 11.343/06. BENEFÍCIO PASSÍVEL DE APLICAÇÃO SOMENTE NO CASO DE CONCURSO 
DE PESSOAS. CRIME UNISSUBJETIVO. INDEFERIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE 
SUBSTITUIÇÃO DA PENA. VEDAÇÃO EXPRESSA DO ART. 44 DA NOVA LEI DE DROGAS. 
RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 
 
 Crimes Plurissubjetivos 
PROCESSO: APL 597807320078170001 PE 0059780-73.2007.8.17.0001 
RELATOR(A): Alderita Ramos de Oliveira 
JULGAMENTO: 13/07/2011 
ÓRGÃO JULGADOR: 3ª Câmara Criminal 
PUBLICAÇÃO: 134/2011 
 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. PORTE ILEGAL DE ARMA DE 
FOGO DE USO PERMITIDO. FLAGRANTE. CRIME PLURISSUBJETIVO. 
CONDUTA DE TRANSPORTAR ARMA DE FOGO IRREGULAR. TIPICIDADE. 
DEPOIMENTOS DOS POLICIAIS RESPONSÁVEIS PELA PRISÃO DOS 
ACUSADOS. VALIDADE. MEIO IDÔNEO DE PROVA A EMBASAR A 
CONDENAÇÃO. PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. APELO 
IMPROVIDO. DECISÃO UNÂNIME. 
I - Os policiais não se encontram legalmente impedidos de depor sobre atos de ofício 
nos processos de cuja fase investigatória tenham participado, no exercício de suas 
funções, revestindo-se tais depoimentos de inquestionável eficácia probatória, sobretudo 
quando prestados em juízo, sob a garantia do contraditório, mormente quando 
respaldados em outros elementos de provas carreados aos autos. Precedentes do STJ. 
II - O crime capitulado no art. 14, da Lei nº 10.826/2003 é plurissubjetivo, sendo 
incriminada a conduta consubstanciada na prática do núcleo do tipo "transportar". 
III - Apelo improvido. Decisão unânime. 
 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
PROCESSO: INQ 44805 PA 2001.01.00.044805-4 
RELATOR(A): DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO MENEZES 
JULGAMENTO: 01/02/2006 
ÓRGÃO JULGADOR: SEGUNDA SEÇÃO 
PUBLICAÇÃO: 23/05/2006 DJ p.1 
 
EMENTA: PENAL E PROCESSUAL PENAL. DENÚNCIA. CRIMES 
PLURISSUBJETIVOS. AUSÊNCIA ABSOLUTA DE INDÍCIOS. ACUSADOS SEM 
PRERROGATIVA DE FORO. 
1. Tem admitido a jurisprudência, atenuando os rigores do art. 41 do Código de 
Processo Penal, que, nos crimes de autoria coletiva, possa a denúncia conter a descrição 
genérica dos fatos, dando pela participação indiciária de todos os acusados, restando 
para a instrução, mediante contraditório e ampla defesa, a prova da efetiva participação 
de cada qual. É mister, todavia, que, em tal opção de persecução penal, admitida em 
caráter excepcional, venha a peça inaugural confortada pelo menos com indícios de 
participação típica de cada qual, e mesmo de materialidade. 
2. Na hipótese, não havendo nenhuma menção aos nomes de seis dos sete denunciados 
nos depoimentos que constam do inquérito, com relação aos quais o MPF, na peça 
inaugural, não escreve sequer uma linha a respeito das suas respectivas participações no 
episódio criminoso que narra, impõe-se a rejeição da denúncia em relação ao acusado 
com foro pela prerrogativa da função, com remessa dos autos ao juízo competente 
(primeira instância) quanto aos acusados sem tal prerrogativa: o que tem contra si 
referências no material informativo e aqueles aos quais a denúncia nada descreve em 
termos de autoria ou participação no fato delituoso. 
3. Rejeição da denúncia em relação ao acusado com prerrogativa de foro. Remessa dos 
autos à primeira instância quanto aos demais. 
 
PROCESSO: ACR 266 PA 2002.39.01.000266-1 
RELATOR(A): DESEMBARGADOR FEDERAL OLINDO MENEZES 
JULGAMENTO: 10/01/2006 
ÓRGÃO JULGADOR: TERCEIRA TURMA 
PUBLICAÇÃO: 27/01/2006 DJ p.12 
 
EMENTA: PENAL. CÁRCERE PRIVADO. TRABALHADORES RURAIS. 
INVASÃO DE PRÉDIO DO INCRA. CRIME PLURISSUBJETIVO. INÉPCIA DA 
DENÚNCIA. PRECLUSÃO. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. 
1. Segundo os precedentes, a oportunidade de alegação de inépcia da denúncia se exaure 
com a prolação da sentença condenatória. Toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 -
 CPP), não havendo restrição legal para que o ofendido seja ouvido como tal. 
2. Em se tratando de crime plurissubjetivo, tem admitido a jurisprudência, abrandando 
os rigores do art. 41 - CPP, que a denúncia possa narrar os fatos de forma genérica, 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
dando pela participação de todos, desde que a conduta do acusado seja devidamente 
comprovada no decorrer da instrução criminal. 
3. Descrevendo a denúncia fato típico, e havendo prova da materialidade do crime e da 
participação do acusado na ação do verbo núcleo do tipo, mantendo servidores públicos 
e autoridades em cárcere privado (art. 148 - CP), não merece acolhida a pretensão de 
afastar a autoria imputada ao apelante. 
4. Apelação improvida. 
 
 Crimes Comuns 
PROCESSO: RE 605917 SC 
RELATOR(A): Min. DIAS TOFFOLI 
JULGAMENTO: 29/05/2012 
ÓRGÃO JULGADOR: Primeira Turma 
PUBLICAÇÃO: 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 21-06-2012 PUBLIC 22-06-
2012 
PARTE(S): 
MIN. DIAS TOFFOLI 
SEBASTiÃO VOMIR CORREA 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA 
PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SANTA 
CATARINA 
RUBENS MÁRCIO PAVARIN 
SÉRGIO DE OLIVEIRA 
ROSILENE MUNARO 
 
EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 
MATÉRIA CRIMINAL. RECURSO OPOSTO CONTRA DECISÃO 
MONOCRÁTICA. NÃO CABIMENTO. CONVERSÃO EM AGRAVO 
REGIMENTAL. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. MILITAR. CONDENAÇÃO 
POR CRIME COMUM. PERDA DA GRADUAÇÃO DECIDIDA PELA JUSTIÇA 
ORDINÁRIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. 
1. Os embargos de declaração opostos contra decisão monocrática, embora não 
admissíveis, podem ser convertidos em agravo regimental, na esteira da uníssona 
jurisprudência desta Corte. 
2. Este Supremo Tribunal se posicionou no sentido de que “ à Justiça Militar Estadual 
compete decidir sobre a perda da graduação de praças somente quando se tratar de 
crime em que a ela caiba processar e julgar, ou seja, crimes militares” (RE 
nº 602.280/SC-AgR, Primeira Turma, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski, DJe 
de 10/3/11). 
3. Regimental não provido. 
 
PROCESSO: CC 88600 RJ 2007/0181454-6 
RELATOR(A): Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
JULGAMENTO: 14/09/2011 
ÓRGÃO JULGADOR: S3 - TERCEIRA SEÇÃO 
PUBLICAÇÃO: DJe 29/09/2011 
 
EMENTA: PENAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUSTIÇA MILITAR E 
JUSTIÇA FEDERAL.CRIME DE CORRUPÇÃO ATIVA PRATICADO POR CIVIL 
EM DETRIMENTO DAJUSTIÇA MILITAR. CRIME COMUM. COMPETÊNCIA 
DA JUSTIÇA MILITAR. 
1. Para a hipótese colacionada na parte final do art. 9º, III, b, doCódigo Penal Militar, é 
dispensável a coexistência de doispressupostos para o crime militar, a saber, que o 
delito sejapraticado contra militar em atividade ou contra funcionário daJustiça Militar(no exercício da função) e em local sujeito àadministração militar. 
2. Na espécie, o denunciado (civil) foi acusado da suposta práticado crime de corrupção 
ativa por ter oferecido vantagem indevida aservidor da Justiça Militar (analista 
judiciário), no exercício desua função (cumprimento de mandato de citação), a fim de 
quedeixasse de praticar ato de ofício. Fato delituoso que ocorreu naresidência do 
denunciado, fora do recinto militar. 
3. Crime considerado como militar em tempo de paz, tendo em vistater sido praticado 
contra funcionário da Justiça Militar, noexercício de função inerente ao seu cargo. 
4. Conflito conhecido para se declarar a competência do JuízoAuditor da 3ª Auditoria da 
Primeira Circunscrição Judiciária Militardo Rio de Janeiro, o suscitante. 
 
PROCESSO: HC 10000130427024000 MG 
RELATOR(A): Maria Luíza de Marilac 
JULGAMENTO: 13/08/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: Câmaras Criminais / 3ª CÂMARA CRIMINAL 
PUBLICAÇÃO: 23/08/2013 
 
EMENTA: "HABEAS CORPUS". ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. 
CRIME HEDIONDO. RETIFICAÇÃO DOS LEVANTAMENTOS DE PENA. CRIME 
COMUM. 
Não sendo o crime de associação para o tráfico de drogas hediondo, deve ser procedida 
a retificação dos levantamentos de penas dos pacientes, para que referidas condenações 
sejam lançadas como crime comum. 
 
 Crime impossível 
HABEAS CORPUS 116.090 MINAS GERAIS 
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA 
PACTE.(S) :THALES GARCIA FIALHO 
IMPTE.(S) :DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL 
COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL 
MILITAR. INFRAÇÃO DO ART. 290, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL MILITAR. 
POSSE DE DROGA EM RECINTO MILITAR. ALEGAÇÃO DE NULIDADES 
DECORRENTES DA APLICAÇÃO DO RITO PREVISTO NA LEI N. 11.719/2008 E 
DO NÃO RECONHECIMENTO DO CRIME IMPOSSÍVEL: AUSÊNCIA DE 
PLAUSIBILIDADE JURÍDICA E PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. 
PRECEDENTES. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA: INAPLICABILIDADE. HABEAS CORPUS DENEGADO. 
 
A jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que 
não se pode mesclar o regime penal comum e o castrense, de modo a selecionar o que 
cada um tem de mais favorável ao acusado, devendo ser reverenciada a especialidade da 
legislação processual penal militar e da justiça castrense, sem a submissão à legislação 
processual penal comum do crime militar devidamente caracterizado. Precedentes 
 
HABEAS CORPUS 117.083 SÃO PAULO 
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES 
PACTE.(S) :JOÃO CARLOS BARBOSA 
PACTE.(S) :MARIA GILVANETE DOS SANTOS 
IMPTE.(S) :DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO 
PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO 
COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. 2. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE 
AGENTES. CONDENAÇÃO. 3. ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO AO ENUNCIADO 7 
DA SÚMULA DO STJ. NÃO HOUVE REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-
PROBATÓRIO PRODUZIDO NAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS, MAS TÃO 
SOMENTE UMA VALORAÇÃO JURÍDICA DOS FATOS, CONSENTÂNEA AOS 
LIMITES LEGALMENTE IMPOSTOS AO RECURSO ESPECIAL. 4. VIOLAÇÃO 
AO ARTIGO 5º, INCISO LIV, DA CF. INOCORRÊNCIA. CORRÉU 
DEVIDAMENTE INTIMADO, QUE DEIXOU DE CONTRA-ARRAZOAR O RESP. 
5. TESE DE CRIME IMPOSSÍVEL. OS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA DE 
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS, OU ATÉ MESMO OS CONSTANTES 
MONITORAMENTOS REALIZADOS POR FUNCIONÁRIOS, NÃO TÊM O 
CONDÃO DE IMPEDIR TOTALMENTE A CONSUMAÇÃO DO CRIME. 
PRECEDENTES DO STF. 6. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
SENTENCIADOS REINCIDENTES NA PRÁTICA DE CRIMES CONTRA O 
PATRIMÔNIO. PRECEDENTES DO STF NO SENTIDO DE AFASTAR A 
APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA AOS ACUSADOS 
REINCIDENTES OU DE HABITUALIDADE DELITIVA COMPROVADA. 7. 
ORDEM DENEGADA. 
 
PACTE.(S): ANGÉLICA MARIA DA SILVA 
PACTE.(S): VIVIANE DA SILVA FLORES 
IMPTE.(S): DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO 
COATOR(A/S)(ES): RELATOR DO HABEAS CORPUS Nº 110877 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. TENTATIVA 
DE FURTO. CRIME IMPOSSÍVEL, FACE AO SISTEMA DE VIGILÂNCIA DO 
ESTABELECIMENTO COMERCIAL. INOCORRÊNCIA. MERCADORIAS DE 
VALOR INEXPRESSIVO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 
APLICABILIDADE. 1. O pleito de absolvição fundado em que o sistema de vigilância 
do estabelecimento comercial tornou impossível a subtração da coisa não pode vingar. 
As pacientes poderiam, em tese, lograr êxito no intento delituoso. Daí que o meio para a 
consecução do crime não era absolutamente ineficaz. 2. A aplicação do princípio da 
insignificância há de ser criteriosa e casuística, tendo-se em conta critérios objetivos. 3. 
A tentativa de subtração de mercadorias cujos valores são inexpressivos não justifica a 
persecução penal. O Direito Penal, considerada a intervenção mínima do Estado, não 
deve ser acionado para reprimir condutas que não causem lesões significativas aos bens 
juridicamente tutelados. 4. Aplicação do princípio da insignificância justificada no caso. 
Ordem deferida a fim de declarar a atipicidade da conduta imputada às pacientes, por 
aplicação do princípio da insignificância. 
 
 Crimes Políticos 
 
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES 
RECLTE.(S) : REPÚBLICA ITALIANA 
ADV.(A/S) : ANTONIO NABOR AREIAS BULHÕES 
RECLDO.(A/S) : PRESIDENTE DA REPÚBLICA 
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO 
INTDO.(A/S) : CESARE BATTISTI 
ADV.(A/S) : LUIZ EDUARDO GREENHALGH E OUTRO(A/S) 
Ementa 
 
EMENTA: RECLAMAÇÃO. PETIÇÃO AVULSA EM EXTRADIÇÃO. PEDIDO DE 
RELAXAMENTO DE PRISÃO. NEGATIVA, PELO PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA, DE ENTREGA DO EXTRADITANDO AO PAÍS REQUERENTE. 
FUNDAMENTO EM CLÁUSULA DO TRATADO QUE PERMITE A RECUSA À 
EXTRADIÇÃO POR CRIMES POLÍTICOS. DECISÃO PRÉVIA DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL CONFERINDO AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA A 
PRERROGATIVA DE DECIDIR PELA REMESSA DO EXTRADITANDO, 
OBSERVADOS OS TERMOS DO TRATADO, MEDIANTE ATO VINCULADO. 
PRELIMINAR DE NÃO CABIMENTO DA RECLAMAÇÃO ANTE A 
INSINDICABILIDADE DO ATO DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA. 
PROCEDÊNCIA. ATO DE SOBERANIA NACIONAL, EXERCIDA, NO PLANO 
INTERNACIONAL, PELO CHEFE DE ESTADO. ARTS. 1º, 4º, I, E 84, VII, DA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ATO DE ENTREGA DO EXTRADITANDO 
INSERIDO NA COMPETÊNCIA INDECLINÁVEL DO PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA. LIDE ENTRE ESTADO BRASILEIRO E ESTADO ESTRANGEIRO. 
INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. DESCUMPRIMENTO 
DO TRATADO, ACASO EXISTENTE, QUE DEVE SER APRECIADO PELO 
TRIBUNAL INTERNACIONAL DE HAIA. PAPEL DO PRETÓRIO EXCELSO NO 
PROCESSO DE EXTRADIÇÃO. SISTEMA “BELGA” OU DA 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
“CONTENCIOSIDADE LIMITADA”. LIMITAÇÃO COGNITIVA NO PROCESSO 
DE EXTRADIÇÃO. ANÁLISE RESTRITA APENAS AOS ELEMENTOS FORMAIS. 
DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL QUE SOMENTE VINCULA O 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA EM CASO DE INDEFERIMENTO DA 
EXTRADIÇÃO. AUSÊNCIA DE EXECUTORIEDADE DE EVENTUAL DECISÃO 
QUE IMPONHA AO CHEFE DE ESTADO O DEVER DE EXTRADITAR. 
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES (ART. 2º CRFB). EXTRADIÇÃO 
COMO ATO DE SOBERANIA. IDENTIFICAÇÃO DO CRIME COMO POLÍTICO 
TRADUZIDA EM ATO IGUALMENTE POLÍTICO. INTERPRETAÇÃO DA 
CLÁUSULA DO DIPLOMA INTERNACIONAL QUE PERMITE A NEGATIVA DE 
EXTRADIÇÃO “SE A PARTE REQUERIDATIVER RAZÕES PONDERÁVEIS 
PARA SUPOR QUE A PESSOA RECLAMADA SERÁ SUBMETIDA A ATOS DE 
PERSEGUIÇÃO”. CAPACIDADE INSTITUCIONAL ATRIBUÍDA AO CHEFE DE 
ESTADO PARA PROCEDER À VALORAÇÃO DA CLÁUSULA PERMISSIVA DO 
DIPLOMA INTERNACIONAL. VEDAÇÃO À INTERVENÇÃO DO JUDICIÁRIO 
NA POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA. ART. 84, VII, DA CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA. ALEGADA VINCULAÇÃO DO PRESIDENTE AO TRATADO. 
GRAUS DE VINCULAÇÃO À JURIDICIDADE. EXTRADIÇÃO COMO ATO 
POLÍTICO-ADMINISTRATIVO VINCULADO A CONCEITOS JURÍDICOS 
INDETERMINADOS. NON-REFOULEMENT. RESPEITO AO DIREITO DOS 
REFUGIADOS. LIMITAÇÃO HUMANÍSTICA AO CUMPRIMENTO DO 
TRATADO DE EXTRADIÇÃO (ARTIGO III, 1, f). INDEPENDÊNCIA NACIONAL 
(ART. 4º, I, CRFB). RELAÇÃO JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL, NÃO 
INTERNO. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO DESCUMPRIMENTO QUE SE 
RESTRINGEM AO ÂMBITO INTERNACIONAL. DOUTRINA. PRECEDENTES. 
RECLAMAÇÃO NÃO CONHECIDA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO DO 
PRESIDENTE DA REPÚBLICA. DEFERIMENTO DO PEDIDO DE SOLTURA DO 
EXTRADITANDO. 
 
PROCESSO: Ext 1299 DF 
RELATOR(A): Min. CÁRMEN LÚCIA 
JULGAMENTO: 10/09/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: Segunda Turma 
PUBLICAÇÃO: 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-188 DIVULG 24-09-2013 PUBLIC 25-09-
2013 
PARTE(S): 
GOVERNO DA ARGENTINA 
CÉSAR ALEJANDRO ENCISO 
DOMINGOS PEREIRA DA SILVA SARAIVA E OUTRO(A/S) 
 
EMENTA: EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA 
PELA JUSTIÇA ARGENTINA. TRATADO ESPECÍFICO: REQUISITOS 
ATENDIDOS. CRIMES DE SEQUESTRO QUALIFICADO (“ PRIVACIÓN ILEGAL 
DE LA LIBERTAD AGRAVADA” ) E TORTURA (“ IMPOSICIÓN DE 
TORMENTOS” ). DUPLA TIPICIDADE. PRESCRIÇÃO. EXTINÇÃO DA 
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Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
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Recife, 2014. 
 
PUNIBILIDADE DOS CRIMES DE TORTURA E SEQUESTRO EM QUE AS 
VÍTIMAS FORAM COLOCADAS EM LIBERDADE. CRIMES DE SEQUESTRO 
EM QUE AS VÍTIMAS PERMANECEM DESAPARECIDAS. NATUREZA 
PERMANENTE. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. CRIMES POLÍTICOS. 
IMPROCEDÊNCIA. EXTRADIÇÃO PARCIALMENTE DEFERIDA. 
1. O pedido formulado pela República da Argentina atende aos pressupostos necessários 
ao seu deferimento parcial, nos termos da Lei n. 6.815/80 e do Tratado de Extradição 
específico, inexistindo irregularidades formais. 
2. Ressalvada a prescrição, pela legislação brasileira, dos crimes de tortura e dos crimes 
de sequestro, cujas vítimas tiveram suas liberdades restabelecidas, o Estado-Requerente 
dispõe de competência jurisdicional para processar e julgar os demais crimes imputados 
ao Extraditando, que teria sido autor de atos que supostamente configurariam o tipo 
penal de “ privação ilegal de liberdade agravada” , estando em consonância com o 
disposto no art. 78, inc. I, da Lei n.6.815/80 e com o princípio de direito penal 
internacional da territorialidade da lei penal. 
3. Requisito da dupla tipicidade previsto no art. 77, inc. II, da Lei n. 6.815/1980 
satisfeito: fato delituoso imputado ao Extraditando correspondente, no Brasil, ao crime 
de sequestro qualificado, previsto no art. 148, § 1º, inc. III, do Código Penal. 
4. A natureza permanente do crime de sequestro qualificado em que as vítimas 
continuam desaparecidas faz com que o prazo prescricional somente comece a fluir a 
partir da cessação da permanência e não da data do início do sequestro. Precedentes. 
5. Extraditando processado por fatos que não constituem crimes políticos e militares, 
mas comuns, ressaltando que o Poder Judiciário argentino é plenamente capaz de 
assegurar aos réus, em juízo criminal, a garantia de julgamentos imparciais, justos e 
regulares. 
6. Na ação de extradição o Supremo Tribunal não detém competência para indagar 
sobre o mérito da pretensão deduzida pelo Estado-Requerente ou sobre o contexto 
probatório em que a postulação extradicional apóia-se. Precedentes. 
7. Extradição parcialmente deferida. 
 
PROCESSO: AgRg no AREsp 320536 PR 2013/0118714-1 
JULGAMENTO: 11/06/2013 
ÓRGÃO JULGADOR: T2 - SEGUNDA TURMA 
PUBLICAÇÃO: DJe 25/06/2013 
 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE 
INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL. CRIME POLÍTICO. REGIME MILITAR. 
REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-PROBATÓRIA. SÚMULA 7/STJ. ALÍNEA C. 
NÃO DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA 1. 
Cinge-se a controvérsia à responsabilidade civil do Estado em indenizar o ora agravante 
pelo alegado dano material sofrido em decorrência de prisão política do seu genitor 
durante o regime militar. 2. A Corte local consignou que "os fatos alegados se referem a 
danos morais e não materiais". 3. Qualquer conclusão em sentido contrário do que ficou 
expressamente consignado no acórdão recorrido demanda reexame do suporte fático-
probatório dos autos. Aplicação da Súmula 7/STJ. 4. A divergência jurisprudencial deve 
________________ 
Filipe Gabriel da Silva Ferreira 
Acadêmico de Direito pela Universidade Católica de Pernambuco 
Recife, 2014. 
 
ser comprovada, cabendo a quem recorre demonstrar as circunstâncias que identificam 
ou assemelham os casos confrontados, com indicação da similitude fático-jurídica entre 
eles. Indispensável a transcrição de trechos do relatório e do voto dos acórdãos recorrido 
e paradigma, realizando-se o cotejo analítico entre ambos, com o intuito de bem 
caracterizar a interpretação legal divergente. O desrespeito a esses requisitos legais e 
regimentais (art. 541, parágrafo único, do CPC e art. 255 do RI/STJ) impede o 
conhecimento do Recurso Especial, com base na alínea c do inciso III do 
art. 105 da Constituição Federal. 5. Agravo Regimental não provido.

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