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CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 143 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E ESTOQUES CONSIDERAÇÕES INICIAIS A ciência da administração apóia-se no seguinte tripé: a) finanças: mola propulsora; b) material: condição para o processo produtivo; c) pessoal: aciona o processo produtivo. Para que exista uma administração perfeita, é neces- sária uma harmonia entre essas três áreas. Um entrosa- mento tal que uma fique dependente da outra, porque elas se entrelaçam e se confundem dentro do fluxo adminis- trativo. Nada se pode fazer sem capital, bem como sem material. Entretanto, somente com esses dois não temos condições de administrar, pois há a falta do elemento hu- mano, que irá acionar todo o processo produtivo. Não deverá existir diferença no nível hierárquico entre essas áreas, pois têm a mesma importância para o bom funcio- namento da empresa. INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A gerência de materiais é um conceito vital que pode resultar na redução de custos e no aperfeiçoamento do desempenho de uma organização de produção, quando é adequadamente entendida e executada. É um conceito que deve estar contido na filosofia da empresa e em sua orga- nização. Os materiais em geral representam a maior parcela de custo de produtos acabados, sendo responsáveis por aproximadamente 52% do custo do produto numa média empresa, chegando, em alguns casos, a 85%. O investi- mento em estoque de materiais é tipicamente de 1/3 do ativo de uma empresa. Administrar materiais é fazer um exercício de pro- vedor, analista, pesquisador e programador. É, acima de tudo, colocar a empresa como um organismo viável a to- dos que dela participam. Definição de Administração de Materiais A administração de materiais visa a abastecer, de modo contínuo, a empresa com material que seja neces- sário às suas atividades. São cinco os requisitos básicos para o abastecimento: a) qualidade do material; b) quantidade necessária; c) prazo de entrega; d) preço; e) condições de pagamento. Qualidade do material O material deverá apresentar qualidade que possibi- lite sua aceitação dentro e fora da empresa (mercado). Quantidade Deverá ser estritamente suficiente para suprir as ne- cessidades da produção e estoque, evitando a falta de material para o abastecimento geral da empresa, bem como o excesso em estoque. Prazo de entrega Deverá ser o menor possível, a fim de levar um melhor atendimento aos consumidores e evitar falta do material. Menor preço O preço do produto deverá ser tal que possa situá-lo em posição de concorrência no mercado, proporcionan- do à empresa um lucro maior. Condições de pagamento Deverão ser as melhores possíveis, para que a em- presa tenha maior flexibilidade na transformação ou ven- da do produto. ADMINISTRAÇÃO DE COMPRAS E ALMOXARIFADO Competência do Departamento de Compras “A arte de comprar está se tornando cada vez mais uma profissão e cada vez menos um jogo de sorte”. Henry Ford A função de comprar implica a aquisição de materi- ais de qualidade certa, na época adequada, ao preço conve- niente, na quantidade correta e da fonte certa. Um cadastro de fornecedores deverá ser mantido sem- pre atualizado, de forma que nos permita obter informa- ções no tempo adequado. Deverá conter todos os dados e o histórico do fornecedor junto à empresa. Devemos detectar e registrar o aparecimento de no- vos fornecedores e de novas organizações prestadoras de serviço, que poderão vir nos atender no futuro. As compras poderão ser de dois tipos básicos: a) adquiridas no mercado interno; b) adquiridas no mercado externo (importação). Dedicaremos maior atenção compra no mercado in- terno. O setor de compras deverá manter estreita e intensa relação com os outros setores administrativos da empre- sa, principalmente com a contabilidade geral, para classi- ficar os produtos nas devidas contas. O controle do transporte dos materiais adquiridos pelo setor de compras visa a acompanhar, mediante as notas de conhecimento, o percurso dos bens, desde a saída do forne- cedor até a recepção na empresa. Devemos levar em consi- deração as condições de segurança e, principalmente, o ri- goroso cumprimento das datas de entrega da mercadoria. (Follow Up – To Follow = ‘seguir, acompanhar’; Up = ‘na mosca, no mesmo instante’) ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES A administração de estoques constitui um componente importante da administração de capital de giro, principal- mente quando a empresa utiliza grandes quantidades de materiais e/ou quando precisa manter um alto volume de estoques. A administração de estoques está intimamente ligada à gestão das contas a pagar e à preservação do fluxo de caixa, que dependem fundamentalmente da política e prá- tica de compras da empresa. A despesa com suprimentos é um fator significativo, que pode resultar em custos desnecessários quando a polí- tica de compras e armazenamento de materiais for inade- quada, observando-se que para muitas empresas ainda exis- te outra agravante que é a “perecibilidade” e o prazo de validade de muitos materiais. Fica patente que os estoques representam um item importante para a administração fi- nanceira. Os princípios que regem a administração de es- toques são semelhantes àqueles que orientam a adminis- tração de caixa. Realmente, administrar estoques consiste essencialmente em determinar, como no caso do caixa, qual o nível médio do estoque a ser mantido para que a segu- rança seja garantida, minimizando o custo total. Devemos ter sempre o produto de que se necessita, mas não podemos estourar o caixa com estoque em exces- CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 144 so, essá é uma frase que descreve bem o dilema da admi- nistração de estoques. A administração de estoques é parte vital do com- posto logístico, pois estes podem absorver de 25% a 40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa. Olhando apenas pelo prisma fi- nanceiro, podemos ser induzidos a erros que se contra- põem às razões para manter estoques, tais como: jamais perder uma venda; melhorar o nível do serviço ofereci- do; incentivar a economia na produção; permitir melho- res compras e transporte; proteger-se contra alteração de preços; precaver-se contra oscilações na demanda ou no tempo de ressuprimento; proteger-se contra contingên- cias; etc. Para administrar os estoques, foram desenvol- vidas várias técnicas, algumas de difícil aplicação nas micro- e pequenas empresas: o sistema ABC; o modelo do lote econômico de compra; o MRP (Material Requirement Planning); o Just-in-Time, dentre outros. A mais simples e, portanto, mais acessível ao segmento é o sistema ABC, que comumente já é instintivamente prati- cado pela maioria das empresas de alguma forma. Os estoques representam custos acumulados de ma- téria-prima, material não vendido ou não usado que será mantido para o futuro. Eles têm ligação com os vários departamentos da empresa, tais como compras, fabrica- ção (produto em processo), almoxarifado (insumos) e con- trole da produção e vendas (produto acabado). Os estoques são formados para: a) separar os segmentos individuais nas linhas de matéria-prima, manufatura e distribuição, para que cada um possa funcionar eficientemente em relação ao fluxo da linha de produção; b) criar condições sob as quais cada segmento possa fornecer o máximo de serviço compatível com seu nível de operação; c) permitir a cada um dos segmentos atingir seu rit- mo eficientemente, por meio das compras ou produção da quantidade que resultará no menor custo total. O esto- que serve apenas de reservatório entre uma fase e outra da produção. Antigamente, a manutenção de altos esto- ques era considerada demonstração de “poder econômico” ou “requinte”. Atualmente, o estoque é considerado uma necessidade para garantira alta taxa de rentabilidade do capital. 1. Função do Controle de Estoque A função do controle de estoque é maximizar o efei- to lubrificante no feedback de vendas não realizadas, aju- dando no ajuste do planejamento de produção. A administração do controle de estoque deve minimizar o capital total investido em estoques, pois ele é caro e aumenta continuamente, uma vez que o custo financeiro também se eleva. Uma empresa não poderá trabalhar sem estoque, pois sua função amortecedora en- tre vários estágios de produção vai até a venda final do produto. O controle de estoque é de suma importância para a empresa, posto que controla os desperdícios e desvios, bem como apura o demasiado investimento, que prejudi- ca o capital de giro. Quanto maior é o investimento, tam- bém maior é a capacidade e a responsabilidade de cada setor da empresa. Os objetivos dos departamentos de compras, de pro- dução, de vendas e financeiro deverão ser conciliados pela administração de controle de estoques, sem prejudicar a operacionalidade da empresa. A responsabilidade da di- visão de estoques já é antiga: os materiais caem sobre o almoxarife, que zela pelas reposições necessárias. Na administração moderna, a responsabilidade dos estoques fica sob uma única pessoa. Os departamentos tradicionais ficam livres dessa responsabilidade e podem dedicar-se à sua função primária. 2. Objetivo do Controle de Estoque O objetivo do controle de estoque é otimizar o inves- timento em estoque, aumentando o uso dos meios inter- nos da empresa, diminuindo as necessidades de capital investido. Os estoques do produto acabado, matéria-prima e material em processo não serão vistos como independen- tes. Todas as decisões tomadas sobre um dos tipos de es- toque influenciarão os outros tipos. Às vezes, acabam se esquecendo dessa regra nas estruturas de organização mais tradicionais e conservadoras. O controle de estoque tem também o objetivo de planejar, controlar e replanejar o material armazenado na empresa. 3. Política de Estoque A administração geral da empresa deverá determinar ao departamento de controle de estoque o programa de objetivos a ser atingidos, isto é, estabelecer certos padrões que sirvam de guias aos programadores e contro-ladores e também de critérios para medir o desenvolvimento do departamento. Essas políticas são diretrizes que, de maneira geral, são as seguintes: a) metas de empresas quando há tempo de entrega dos produtos ao cliente; b) definição do número de depósitos de almoxarifados e da lista de materiais a ser estocados nele; c) controle do nível em que deverão flutuar os esto- ques para atender a uma alta ou baixa demanda ou a uma alteração de consumo. As definições das políticas são muito importantes ao bom funcionamento da administração de estoques. Os estoques representam custos acumulados de ma- téria-prima, material não vendido ou não usado que será mantido para o futuro. Os estoques têm ligação com os vários departamen- tos da empresa, tais como compras, fabricação (produto em processo), almoxarifado (insumos) e controle da pro- dução e vendas (produto acabado). Classificação dos Estoques Em sua grande maioria, os estoques destinam-se à produção. Deve-se fazer um estudo dos vários tipos de estoque, a fim de classificá-los e de determinar a finali- dade de cada um. Tipos de Produtos em Estoque a) Matéria-prima: é o material básico necessário para a fabricação de um determinado produto. Seu consumo é proporcional ao volume da produção. b) Produtos em Processo: são aqueles que estão nas diferentes etapas (fases) de elaboração do produto final, que estão na transformação da matéria-prima em produ- tos semi-acabados (nas máquinas). c) Produtos Semi-acabados: são aqueles saídos da produção que, para ser considerados acabados, passarão ainda por diversas fases do processamento (nos estoques intermediários). CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 145 d) Produtos Acabados: artigos produzidos ou compra- dos destinados à venda, distribuição ou consumo final. Sistemas de Controle de Estoques a) Sistema de Duas Gavetas: consiste na separação física em duas partes. Uma parte será utilizada totalmen- te até a data da encomenda de um novo lote, e a outra será utilizada entre a data da encomenda e a data do recebi- mento do novo lote. A grande vantagem deste sistema está na substancial redução do processo burocrático de reposição de material. A denominação duas gavetas de- corre da idéia de guardar um mesmo lote em duas gave- tas distintas. b) Sistema de Estoque Mínimo: é usado principal- mente quando a separação entre as duas partes do esto- que não é feita fisicamente, mas apenas registrada na fi- cha de controle de estoque, com o ponto de separação entre as partes. Enquanto o estoque mínimo estiver sendo utilizado, o departamento de Compras terá prazo sufici- ente para adquirir e repor o material no estoque. c) Sistema de Renovação Periódica: consiste em fazer pedidos para reposição dos estoques em intervalos de tem- po pré-estabelecidos para cada item. Esses intervalos, para minimizar o custo de estoque, devem variar de item para item. A quantidade a ser comprada em cada encomenda é tal que, somada com a quantidade existente em estoque, seja suficiente para atender à demanda até o recebimento da encomenda seguinte. Logicamente, este sistema obriga a manutenção de um estoque reserva. Deve-se adotar pe- ríodos iguais para um grande número de itens em estoque, pois procedendo à compra simultânea de diversos itens, pode-se obter condições vantajosas na transação (compra e transporte). d) Sistema de Estocagem para um Fim Específico: apresenta duas subdivisões: • estocagem para atender a um programa de produ- ção pré-determinado: é utilizada nas indústrias de tipo contínuo ou semi-contínuo que estabelecem, com antecedência de vários meses, os níveis de produção. A programação (para vários períodos, semanas e meses) elaborada pelo P.C.P. deverá ser coerente para todos os segmentos, desde o recebi- mento do material até o embarque do produto aca- bado; • Estocagem para atender especificamente a uma or- dem de produção ou a uma requisição: é o método empregado nas produções do tipo intermitente, em que a indústria fabrica sob encomenda, sendo jus- tificável no caso de materiais especiais ou neces- sários esporadicamente. Os pedidos de material neste sistema são baseadas principalmente na lista material (Row Material) e na programação geral (AP = Annual Planning). Existem casos em que o pedido para compra precisa ser feito mesmo antes do projeto do produto estar detalhado, ou seja, an- tes de a listagem do material estar pronta, pois os itens necessários podem ter um ciclo de fabrica- ção excessivamente longo. Ex.: grandes motores, turbinas e navios. CUSTOS DE ESTOQUE Todo e qualquer armazenamento de material gera de- terminados custos, que são: a) juros; b) depreciação; c) aluguel; d) equipamentos de movimentação; e) deterioração; f) obsolescência; g) seguros; h) salários; i) conservação. Todos eles podem ser agrupados em diversas moda- lidades: a) custos com pessoal (salários, encargos sociais); b) custos de capital (juros, depreciação); c) custos com edificação (aluguel, impostos, luz, con- servação); d) custos de manutenção (deterioração, obsoles- cência, equipamento). Existem duas variáveis que aumentam esses custos: a) quantidade em estoque; b) tempo de permanência em estoque. Todos esses custos relacionados podem ser chama- dos de custo de armazenagem. São calculados com base no estoque médio e geralmente indicados em percentual (%) do valor em estoque (fator armazenagem). Os custos de armazenagem são proporcionais à quan- tidade e tempo que um item de material permanece em estoque. Custo de armazenagem ( I ) Motivada pela concorrênciaentre as empresas, têm-se dedicado intensa atenção à minimização de custos. Den- tre os tipos de custos que afetam a rentabilidade da em- presa, o custo de estocagem ou armazenamento é um dos mais importantes. Anos atrás, o foco principal era dado à produção, relegando a segundo plano as atividades liga- das à guarda, à movimentação e à estocagem de materi- ais. Verificou-se que os custos decorrentes de armazena- gem representavam grande entrave para a concorrência entre as empresas, e que sua redução representaria o meio de diminuir consideravelmente os custos globais da em- presa. Fórmula para cálculo de custo de armazenagem: Custo de armazenagem = (Q/2)x t x p x i em que: Q = quantidade de material em estoque no tempo consi- derado; P = preço unitário do material; I = taxa de armazenamento, expressa geralmente em porcentagem do custo unitário; (*) T = tempo considerado de armazenagem. (*) Não há impedimento para que seja expresso em valores unitários. Para validação dessa fórmula, torna-se necessária a verificação de duas hipóteses: CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 146 a) O custo de armazenagem é proporcional ao estoque médio. Na figura abaixo temos uma justificativa da hipótese tomada. Com efeito, no ponto “x”, quando o estoque é máximo, o custo de armazenagem é máximo. No ponto y, quando o estoque é zero, o custo de arma- zenagem é mínimo. Matematicamente ele seria zero, mas, na realidade, existem despesas fixas que fazem que ele seja diferente de zero. Estoque Médio Curva do Custo de Armazenagem 43 44 45 46 47 48 49 50 51 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Custo de Armazenagem E s to q u e X Y b) O preço unitário deve ser considerado constante no período analisado. Se não for, deve ser tomado um valor médio. O valor de “I” — taxa de armazenamento — é obtido através da soma de diversas parcelas. Assim, temos: a) Taxa de retorno de capital IA = 100 x LUCRO VALOR ESTOQUES. O capital investido na compra do material armazena- do deixa de render juros. b) Taxa de armazenamento físico IB = 100 x SxA CxP Em que: s = área ocupada pelo estoque; a = custo anual do m2 de armazenamento; c = consumo anual; p = preço unitário. Portanto, CxP = valor dos produtos estocados. c) Taxa de seguro IC = 100 x EDIFÍCIOSESTOQUEVALOR SEGURODOANUALCUSTO �. ... d) Taxa de transporte, manuseio e distribuição ID = 100 x ESTOQUEDOVALOR OEQUIPAMENTDEANUALODEPRECIAÇà .. ... e) Taxa de obsolescência IE = 100 x ESTOQUEDOVALOR CIAOBSOLESCÊNPORANUAISPERDAS .. ... f) Outras taxas Taxas como: água, luz, etc. Conclui-se que a taxa de armazenamento é: I = Ia + Ib + Ic + Id + Ie + If Os valores acima podem ser obtidos pela contabi- lidade ou podem-se utilizar valores mencionados no último balanço, sem a preocupação de precisão. Para determinação do valor da taxa de armazenagem, deve-se levar em conta os tipos de materiais estocados. Em certas empresas, algumas parcelas de “I” tem um peso tão grande que torna desnecessário o cálculo da ou- tra. Por exemplo: a) Para algumas empresas, a taxa de retorno de capi- tal e a de seguro são as mais importantes por se referirem a materiais de grande valor. É o caso de joalherias, em- presas que trabalham com materiais eletrônicos, etc. b) Para outras, o espaço ocupado é o fator que pesa mais. Por exemplo, as que trabalham com espuma de poliuretano e papel. c) Para outras, ainda, é a segurança o mais importan- te, razão pela qual suas taxas de seguro são altas (caso de empresas que trabalham essencialmente com inflamáveis e explosivos). Analisando a fórmula do custo de armazenagem, de- duzimos que esse custo nada mais é do que a soma de diversos custos, ou seja: Custo de armazenagem = (Q/2) x t x p x i Mas.: i = ia + ib + ic + id + ie + if Portanto, temos que o custo de armazenagem é = (Q/2)x p x ia) . t + (Q/2)x p x ib) . t + (Q/2)x p x ic) . t + (Q/2)x p x id) . t + (Q/2)x p x ie) . t + (Q/2) x p x if) . t Custo de armazenagem é a soma de custos de capital, custos de seguros, custos de transportes, custos de obsolescência, custos de despesas diversas. Fatores que influem no custo de armazenagem: a) otimização do aproveitamento da área ocupada, por motivo de tempo gasto em transporte e obsolescência dos materiais; b) layouts adequados e utilização de meios de movi- mentação compatíveis. Custo de pedidos (B) É o custo em ($) de um pedido de compra. Para calcularmos o custo anual de todos os pedidos colocados no período de um ano, é necessário multiplicarmos o cus- to de cada pedido pelo numero de vezes que, em um ano, foi processado. Se (n) for o número de pedidos efetuados durante um ano, o resultado será: Custo total anual (CTA) de pedidos = B x N O total das despesas que compõem o Custo Anual de Pedidos é: a) mão-de-obra: para emissão e processamento; b) material: utilizado na confecção do pedido (papel, lápis, borracha, envelope, etc.); c) custos indiretos: despesas ligadas indiretamente com o pedido (telefone, luz, escritório de compra, etc.). Após a apuração anual dessas despesas, teremos o custo total anual dos pedidos. Para calcular o custo unitá- rio, basta dividir o CTA pelo número total anual de pedi- dos. B = Custo total anual de pedidos (CTA) = Custo Unitário do Pedido Número anual de pedidos (n) CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 147 Temos de considerar um item de compra para cada pedido. Se normalmente a empresa utiliza um pedido de compra para vários itens, deve-se calcular a quantidade média de itens por pedido. Representamos abaixo a curva do custo de pedido: CURVA DO CUSTO DE PEDIDO 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 QUANTIDADE C U S T O E M R $ Custo total de estoque Sendo considerado fixo o preço de determinado item, a equação do custo total é: Custo total = Custo Total de Armazenagem + Custo Total do Pedido A figura abaixo mostra a curva da equação do custo total. Curva do Custo Total 0 100 200 300 400 500 600 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Quantidade C u s to Custo Total Custo de Armazenagem Custo de LEC Vamos agora detalhar a equação para o custo total: a) o estoque médio em unidades de um item é = 2 Q em que Q é o número de itens comprados por pedido; b) o estoque médio em $ mantido em estoque é 2 QP � , em que P o preço unitário do material; c) o custo total de armazenagem por ano é I QP . 2 . � � � � � � , em que I é a taxa de armazenagem anual; d) o número de pedidos colocados no fornecedor por ano é Q C , em que C é o consumo total anual; e) o custo total de pedido por ano (CTA) é BQ C . � � � � � � � � , em que B é o custo unitário do pedido. A fórmula do custo total de estoque é: C T C Q B P Q� � � � � � � � � � � � � � . . 2 LOTE ECONÔMICO Introdução A decisão de estocar ou não determinado item é bási- ca para o volume de estoque em qualquer momento. Ao tomar tal decisão, há dois fatores a considerar: a) É econômico estocar o item? 2) É interessante estocar um item indicado como antieconômico a fim de satisfazer um cliente e, portanto, melhorar as relações com ele? O primeiro fator pode ser analisado matematicamen- te. Em geral, não é econômico estocar um item se isso ex- cede o custo de comprá-lo ou produzi-lo. Também pode ser demonstrado que não é econômico estocar itens quan- do as necessidades dos clientes, ou a média de consumo da produção,tenham um excesso correspondente à metade da quantidade econômica do pedido. Com a finalidade de prestar o melhor serviço ao clien- te, mesmo em condições antieconômicas para a empresa, torna-se necessária a criação de estoques de determinados itens, com o intuito de não criar uma ruptura com o cliente. Quanto deve ser comprado ou produzido de cada vez? Existem custos que aumentam à medida que a quan- tidade do material pedido aumenta, porque, em média, considerando consumo uniforme, metade da quantidade pedida estará em estoque. Tais custos são aqueles vin- culados a armazenagem dos materiais, incluindo espaço, seguro, juros, etc. Existem custos que diminuem à medida que a quan- tidade de material pedido aumenta, com a distribuição dos custos fixos por quantidade maiores. No gráfico abaixo, podemos perceber um aumento dos custos de armazenagem à medida que a quantidade dos produtos comprados ou produzidos aumenta, em ra- zão da maior quantidade que deve ser armazenada. Curva do Custo Total 0 100 200 300 400 500 600 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Quantidade C u s to Custo Total Custo de Armazenagem Custo de Aquisição LEC A curva mais baixa indica o custo total para enco- mendar material, custo esse que diminui à medida que aumenta a quantidade de produtos pedidos de uma só vez. Essa redução se deve ao fato de que poucos pedidos terão de ser emitidos durante determinado espaço de tempo e, como resultado, haverá despesas menores de emissão de pedidos de compra. A curva superior representa o cus- to total do estoque, que é obtido ao adicionarem-se os custos de armazenagem aos custos de pedido. CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 148 Lote Econômico de Compra Partiremos das seguintes condições: a) o consumo mensal é determinístico e com uma taxa constante; b) a reposição é instantânea quando os estoques che- gam a nível zero. Considerando um pedido de um ano (t), o custo total seria formado de três componentes. CT = Custo unitário do item (ano) + custo do pedido (ano) + custo de armazenagem (ano). Custo total do ano pode ser apresentado também da seguinte maneira: CT = Custo total do período (t)x número de períodos (ano) O custo unitário por período é o custo de aquisição das q unidades, ou seja: p x q, em que p é o preço unitário do item. Em cada período, faz-se apenas uma compra, o custo de pedido é o custo de se fazer uma compra, isto é, b. O estoque médio por período é 2 Q . Então, o custo de armazenagem por período é: I t Q 2 Sendo i = Custo de armazenagem em $/unidade/ano, t= Duração de um período (ano), então o custo total por período é: 2 .. QtIBQPCT ��� O número de pedido por ano é: Q CPEDIDOS � Substituindo a equação de custo total pelas duas equa- ções anteriores, temos: 2 ... QI Q CBCPCT ��� em que: P = Preço unitário de compra, C = Consumo do item, B = Custo do pedido, Q = Quantidade do lote, I = Custo de armazenagem. Quando vimos custo de armazenagem, foi dito que o índice i poderia ser indicado de duas maneiras: em percentual ao valor total do estoque ou em valor unitário. I BCQ 2� Essa fórmula apresentada é para quando i for dado como valor unitário; para valor percentual, teríamos a se- guinte alteração: PI BCQ . 2 � Restrições ao Modelo do Lote Econômico a) Ajustes nas taxas de frete: • fretes não-lineares; • descontos por volume. b) Descontos para grandes compras. c) Outros ajustes: • lote econômico de produção; • múltiplos itens na compra; • limitação de orçamento; • frota própria Exemplo: aplicação da fórmula do lote econômico de compras. O consumo de determinada peça é de 20.000 unida- des por ano. O custo de armazenagem por peça por ano é R$ 1,90, e o custo de pedido é de R$ 500,00. O preço unitário de compra é R$ 2,00. Determine: a) o lote econômico de compra; b) o custo total anual; c) o número de pedidos por ano; d) a duração entre os pedidos. O lote econômico é: Q BC I x x � � � � 2 2 500 20000 1 90 10 526 315 3 245 , . , , peças por pedido O custo total anual é: CT P C B C Q I Q� � �. . . 2 CT x� � �2 20000 500 20000 3 245 1 90 3 245 2 . , , . , CT � � �40000 3082 3082 CT R� $ 46,164 POR ANO O número de pedidos é: ANOPEDIDOS Q CPEDIDOS /.2,6 3245 20000 ��� O intervalo entre os pedidos é: ANOS C Qt .162,0 20000 3245 ��� GESTÃO DE ESTOQUE Por gestão de estoque, entendemos o planejamento do estoque, o seu controle e sua retroação sobre o planejamento. O critério básico da gestão de estoque é a minimização dos custos de ter e/ou não ter estoque. Avaliação dos Estoques A avaliação do estoque anual deverá ser realizada em termos de preço, para proporcionar uma avaliação exata do material e informações financeiras atualizadas. A ava- liação dos estoques inclui o valor das mercadorias, dos produtos em fabricação e dos produtos acabados. Para se fazer uma avaliação desse material, tomamos por base o preço de custo. Métodos de avaliação de estoques Na prática, quando produtos iguais são comprados a preços e em épocas diferentes e vendidos a preços e épo- cas diferentes, os problemas de custeamento e das saídas de mercadorias do estoque tornam-se complexos, exis- tindo vários critérios que procuram apresentar soluções satisfatórias. CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 149 A fórmula do lucro é: LUCRO BRUTO (Lb) = VENDAS (V) – CUSTO DAS VENDAS (Cv) LB = V – Cv E a fórmula para determinar o custo de vendas é: CUSTO DE VENDAS (Cv) = ESTOQUE INICIAL (Ei) + COMPRAS (C) – ESTOQUE FINAL (Ef) Cv = Ei + C – Ef : . Lb = V – ( Ei + C – Ef ) Podemos observar que uma avaliação maior ou me- nor dos estoques afetará o lucro do período. Métodos para Avaliação de Estoque a) avaliação por meio do custo específico: é uma avaliação pouco usual. É utilizada pelas indústrias que produzem equipamentos de grande porte, fabricando ape- nas sob encomenda e não em série. Exs.: pontes rolantes, guindastes, navios, tanques reservatórios, etc. Nesses ca- sos, a apuração do custo contábil é exatamente igual ao representado na avaliação do estoque; b) avaliação pelo custo médio: é a mais freqüente e tem por base o preço médio móvel (para inventário per- manente) de todas as movimentações no estoque. A lon- go prazo, apresenta custos mais realistas. Após cada nova entrada, um novo custo deve ser calculado; c) avaliação pelo método PEPS ou FIFO: a avalia- ção por este método é feita pela ordem cronológica das entradas, isto é, o primeiro a entrar é o primeiro a sair. FIFO = (FIRST IN, FIRST OUT indicado para períodos de de- flação; o lucro fica supervalorizado e o Estoque Final fica supervalorizado também. O CMV fica subavaliado. d) Avaliação pelo método UEPS ou LIFO: este método considera os últimos lotes que foram incorporados ao estoque, como os que devem sair em primeiro lugar, com apenas um fluxo de custo e não necessariamente de mercadorias.LIFO = (LAST IN, FIRST OUT) Indicado para períodos de inflação e apresenta como principais características o fato de os custos ficarem supervalorizados e conseqüentemente os lucros ficam menores. O Estoque Final fica subavaliado. e) Avaliação pelo custo de reposição: esta avalia- ção tem por base a elevação dos custos a curto prazo em relação à inflação decorrente. Ex.: possuímos um esto- que de 400 peças de um determinado item ao preço unitá- rio de $ 2.500,00. Espera-se para os próximos três meses uma inflação de 35%. Logo, haverá um reajuste de $ 875,00 no custo unitário de reposição, passando para $ 3.375,00. Equacionando, temos: CUSTO DE REPOSIÇÃO (CR) = PREÇO UNITÁ- RIO (PU) + PERCENTUAL DE INFLAÇÃO CR = $ 2.500,00 + 35% CR= $ 3.375,00 OBJETIVOS DA GESTÃO DE ESTOQUE a) Objetivos financeiros: • manter investimentos em estoque dentro do limi- te dos fundos disponíveis, de modo a não com- prometer o caixa e não desequilibrar seriamente o capital de giro, reduzindo conseqüentemente a liquidez. b) Objetivos de proteção à propriedade: • salvaguardar o material contra roubo e desperdí- cio possíveis de prever, danos seguráveis ou uso sem autorização; • assegurar que dentro de tolerâncias razoáveis o valor desses materiais estejam corretamente registrados nos livros e mapas contábeis. c) Objetivos operacionais: • obter maior equilíbrio possível entre, de um lado, a produção e os custos de manutenção do estoque e, do outro, o serviço prestado ao cliente; • minimizar as perdas resultantes da deterioração, obsolescência ou declínio do valor dos produtos em estoque. Benefício dos Objetivos a) Relacionamento, manutenção e localização: • melhoria da relação com os clientes (entrega rápi- da da mercadoria); • manutenção de um maior equilíbrio das quantida- des de itens em estoque; • melhor localização geográfica de estoque em de- pósitos regionais. b) Aumento da eficiência do pessoal chave: • o controle eficiente de estoque pode poupar tempo aos executivos, que não terão de apressar entre- gas de matéria-prima, corrigir repetidas interrup- ções na produção e resolver sérios problemas de dilatação com clientes; • a eficiência dos vendedores externos também é au- mentada por uma redução de tempo que eles gas- tariam em acompanhar a execução de pedidos ou de dar explicações ao cliente. c) Redução nos custos de fabricação: • eliminação das paradas, causadas por falta de ma- téria-prima; • minimização das paradas das máquinas pela falta de peças sobressalentes essenciais; • produção de lotes econômicos em lugar de lotes pequenos. d) Redução dos custos de material comprado: • redução de compras de emergência: • redução dos custos de obtenção em virtude de menor freqüência de compras. e) Redução dos custos e perdas de estoque: • mediante a manutenção de um estoque convenien- te de cada produto e, portanto, reduzindo-se a quan- tidade total de artigos acabados, necessários para proporcionar uma distribuição competitiva; • por meio da manutenção de um equilíbrio mais econômico entre os custos de armazenamento e os custos de obtenção; • por intermédio do impedimento da acumulação de produtos em processamento em razão da falta imprevista de matéria prima ou peças compradas. f) Redução dos custos de escritórios: • nas atividades de acompanhamento das compras expedição; CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 150 • na verificação física dos estoques; • no tempo gasto para administrar complexas roti- nas de modificação e localização das ordens, reprogra- mação ou atividades similares, essenciais para fazer verificação das ordens em processamento e para expedir ordens urgente para clientes importantes. g) Fortalecimento da posição financeira: • na preservação de uma liquidez maior do capital de giro; • na redução das necessidades totais de capital para depósitos regionais e outros espaços de armaze- na-mento, para fábrica e equipamentos, para su- portar picos na demanda e na produção. ROTATIVIDADE DE ESTOQUES A rotatividade ou giro de estoque é uma relação existen- te entre o consumo anual e o estoque médio do produto. Rotatividade = consumo médio anual estoque médio A rotatividade é expressa no inverso de unidades de tempo ou em “vezes”, isto é “vezes” por dia, por mês ou por ano. Exemplo: o consumo anual de um item foi de 800 unidades e o estoque médio de 100 unidades. O giro seria: R = 800 unid/ano = 8 vezes/ano 100 unid. Pode ser também calculada pela relação: CMV/EM, em que EM é o estoque médio. Sendo calculado pela rela- ção: (EI + EF)/2 Antigiro = Taxa de Cobertura: a rotatividade indica quantas vezes rodou o estoque no ano. O antigiro indica quantas vezes de consumo equivalem ao estoque real ou estoque médio. Antigiro = estoque médio consumo Exemplo: um item que tem um estoque de 3.000 uni- dades é consumido a uma taxa de 2.000 unid./mês. por quantos meses o estoque cobre a taxa de consumo? Antigiro = 3.000 = 1,5 mês 2.000 O grande mérito do índice de rotatividade do estoque é que ele representa um parâmetro fácil para a compara- ção de estoques entre empresas do mesmo ramo de atividade e entre classes de material do estoque. Para fins de controle, deve-se determinar a taxa de rotatividade adequada à empresa e então compará-la com a taxa real. É bastante recomendável, ao se determinar o padrão de rotatividade, estabelecer um índice para cada grupo de materiais que corresponda a uma mesma faixa de preço ou consumo. O critério de avaliação será determinado pela políti- ca de estoques da empresa. Não devemos esquecer, po- rém, que: a) a disponibilidade de capital para investir em esto- que é que vai determinar a taxa de rotatividade-padrão; b) não se devem utilizar taxas de rotatividade iguais para materiais de preços muito diferentes. Use de prefe- rência a classificação ABC, indicando cada classe com seu índice; se não for suficiente, subdividida em D, E, etc; c) baseado na política da empresa, nos programas de produção e na previsão de vendas, determine a rotatividade que atenda às necessidades ao menor custo total; d) estabeleça uma periodicidade para comparação entre a rotatividade-padrão e a rotatividade real. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA O CONTROLE DE ES- TOQUES Para se organizar um setor de controle de estoque, inicialmente devemos descrever suas principais funções, as quais se seguem: a) determinar o que deve permanecer em estoque. Número de itens; b) determinar quando se deve reabastecer o estoque. Prioridade; c) determinar a quantidade de estoque que será ne- cessária para um período pré-determinado; d) acionar o departamento de compras para executar a aquisição de estoque; e) receber, armazenar e os materiais estocados de acor- do com as necessidades; f) controlar o estoque em termos de quantidade e va- lor e fornecer informações sobre sua posição; g) manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens danificados. Existem determinados aspectos que devem ser espe- cificados antes de se montar um sistema de controle de estoque. Um deles refere-se aos diferentes tipos de estoque exis- tentes em uma fábrica. Os principais tipos encontrados em uma empresa industrial são: matéria-prima, produto em pro- cesso, produto acabado e peças de manutenção. ESTOQUE MÍNIMO O estoque mínimo, também chamado estoque de se- gurança, determina a quantidade mínima que existe no estoque destinada a cobrir eventuais atrasos no suprimento e objetivando a garantia do funcionamento eficiente do processo produtivo, sem o risco de faltas. Dentre as causas que ocasionavam essas faltas, pode-se citar as seguintes: oscilações no consumo; oscilações nas épocas de aquisição, ou seja, atraso no tempo de reposi- ção; variação na quantidade, quando o controle de quan- tidade rejeita um lote e diferenças de inventário. O estoque mínimo é a chave para o adequado estabe- lecimento do ponto de pedido. Entretanto, se a quantida- de de material representada como margem de segurança não for usada, torna-se uma parte permanente do esto- que; a armazenagem e os outros custos serão elevados. Ao contrário, se se estabelecer uma margem de seguran- ça demasiado baixa, isso acarreta custo de ruptura, que CO N H EC IM EN TO S ES PECÍ FI CO S 151 são os custos de não possuir os materiais disponíveis quan- do necessários, isto é, a perda de vendas, paralisação da produção e despesas para apressar entregas. Estabelecer uma margem de segurança, ou estoque mínimo, é um risco que a empresa assume na ocorrência da falta de estoque. A determinação do estoque mínimo pode ser feita por meio da fixação de determinada projeção mínima, esti- mada no consumo, e por cálculo com base estatística. Nesses casos, parte-se do pressuposto de que deve ser atendida uma parte do consumo, isto é, que deve ser alcançado o grau de atendimento adequado e definido. Esse grau de atendimento nada mais é que a relação entre a quantidade necessitada e a quantidade atendida. ESTOQUE MÁXIMO O estoque máximo é igual à soma do estoque míni- mo com o lote de compra. O lote de compra poderá ser econômico ou não. Em condições normais de equilíbrio entre a compra e o consumo, o estoque oscilará entre os valores máximo e mínimo. O estoque máximo é uma função do lote de compra e do estoque mínimo e, evidentemente, variará todas as ve- zes que uma ou as duas parcelas acima variarem. O esto- que máximo sofrerá também limitações de ordem física, como espaço para armazenamento. É possível ainda dimi- nuir tanto o tamanho do lote como o de estoque mínimo, quando a falta de capital torna-se maior. É preferível dimi- nuir o tamanho do lote e diminuir o estoque mínimo, a fim de evitar a paralisação da produção por falta de estoque. CURVA ABC A mais importante técnica para administrar os esto- ques é a chamada análise ABC. A forma prática da aplicação de análise ABC obtém-se por ordenação dos itens em função do seu valor relativo. A técnica ABC é a única que traz resultados imedia- tos em face de sua simplicidade de aplicação. Uma vez que se consegue ordenar todos os itens pelo seu valor relativo, passa-se a classificá-los em três gru- pos chamados A, B e C, conforme exemplo a seguir: a) Classe A: neste grupo, incluem-se todos os itens de valor elevado e, portanto, são os que requerem maior cuidado por parte do administrador de matéria-prima; b) Classe B: incluem-se os itens de valor intermediá- rios; e c) Classe C: mantêm-se os itens de menos valor rela- tivo. Assim, divide-se o inventário em três classes: a) Classe A: requer controle rigoroso; b) Classe B: requer um controle menos rigoroso; d) Classe C: requer um controle apenas rotineiro. ROTATIVIDADE DAS MATÉRIAS-PRIMAS A rotatividade ou giro do estoque é uma relação exis- tente entre o consumo anual e o estoque médio do pro- duto. A rotatividade é expressa no inverso de unidade de tempo ou em vezes, isto é, vezes por dia ou por mês ou por ano. O índice de giro pode também ser obtido por meio de valores monetários de custos ou de venda. O grande mérito do índice de rotatividade do estoque é que ele representa um parâmetro fácil para a compara- ção do estoque entre empresas do mesmo ramo de atividade e entre classes de material do estoque. Para fins de controle, deve-se determinar a taxa de rotatividade adequada à empresa e, então, comprá-la com a taxa real. É bastante recomendável ao se determinar o padrão de rotatividade e se estabelecer um índice para cada grupo de materiais que corresponda a uma mesma faixa de preço ou consumo. Os estoques representam custos acumulados de ma- téria-prima e material não vendido ou não usado que será mantido para o futuro. Os estoques têm ligação com os vários departamen- tos da empresa, tais como compras, fabricação (produto em processo), almoxarifado (insumos) e controle da pro- dução e vendas (produto acabado). Os estoques são formados para: a) separar os segmentos individuais nas linhas de matéria-prima, manufatura e distribuição, para que cada um possa funcionar eficientemente em relação ao fluxo da linha de produção; b) criar condições sob as quais cada segmento possa fornecer o máximo de serviço compatível com seu nível de operação; c) permitir a cada um dos segmentos atingir seu rit- mo eficientemente, por meio das compras ou produção da quantidade que resultará no menor custo total. O esto- que serve apenas de reservatório entre uma fase e outra da produção. FILOSOFIA JUST-IN-TIME Just-in-time é uma filosofia de administração que se apóia em princípios que priorizam o aumento da produ- tividade e da lucratividade, reduzindo retrabalhos, refu- gos e desperdícios. Um termo que recentemente se tornou popular para descrever o tipo de sistema que resulta da adoção de uma abordagem ITS é just-in-time (JIT). O termo pretende transmitir a idéia de que os três principais elementos de manufatura – recursos financeiros, equipamento e mão- de-obra – são colocados somente na quantidade necessá- ria e no tempo requerido para o trabalho. A Filosofia do Just-In-Time A filosofia Just-In-Time consiste em operar um siste- ma de manufatura simples e eficiente, capaz de otimizar o uso dos recursos de capital, equipamentos e mão-de-obra. Isso resulta em um sistema de produção capaz de atender às exigências de qualidade e de entrega de um cliente, ao menor custo. A meta do Just-In-Time é eliminar qualquer função desnecessária no sistema de manufatura que traga custos indiretos, que não acrescente valor para a empresa e que impeça a melhor produtividade ou agregue despesas des- necessárias no sistema operacional do cliente. O Just-In-Time pode ser descrito como: a) uma filosofia de administração que está constante- mente enfocando a eficiência e integração do sistema de manufatura utilizando o processo mais simples possível; CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 152 b) dedicação ao processo de esforçar-se continuamen- te para minimizar os elementos no sistema de manufatura que restrinjam a produtividade. A seguir, nos temos os cinco princípios básicos que orientam uma empresa e seus empregados no desenvol- vimento de um sistema JIT. a) Cada funcionário ou posto de trabalho é tanto um cliente como um fornecedor. b) Clientes e fornecedores são uma extensão do pro- cesso de manufatura. c) Deve-se procurar continuamente simplificação. d) É mais importante prevenir problemas do que resolvê-los. e) Deve-se obter ou produzir algo somente quando for necessário (just-in-time). Um dogma do JIT é sempre otimizar e integrar o siste- ma de manufatura (eliminando estoques, inspeção, retrabalho, equipamento e mão-de-obra em excesso) a fim de que os problemas relacionados com a produção venham à tona. Essa técnica é usada para superar os problemas re- lacionados com a produção na linha e para reduzir os cus- tos indiretos até que o sistema de produção (qualidade, ín- dices e custos) tenha sido equilibrado em termos de níveis de qualidade. O processo de produção está equilibrado quando a última remoção de excessos resula em perda de qualidade de produção. O resultado desse equilíbrio será uma produção mais suave e livre de problemas. É somente pormeio de um processo de contínua melhoria que o siste- ma de manufatura pode atingir seu nível ótimo de produti- vidade e alcançar seu pleno potencial de lucros. Abaixo, temos os cinco elementos principais que re- duzem a produtividade e, dessa forma, aumentam os cus- tos de produção: a) projeto falho; b) istemas improdutivos; c) roblemas de produção; d) tempo de preparação para produzir (SETUP); e) excesso de equipamentos, mão-de-obra e estoques. O resultado líquido de se operar um sistema JIT é a redução do desperdício, e isso pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso da empresa. Colocado em termos simples, o JIT é ter somente o que é necessário, exatamente quando é necessário. Os lucros obtidos com a redução do desperdício são, provavelmente, os mais significativos, na medida em que eles se traduzem em benefícios diretos para a base finan- ceira; Uma vezque o desenvolvimento de processos e pro- dutos de alta qualidade é uma responsabilidade de toda a empresa, e não somente de uma única área, a palavra manufatura inclui todas as funções da empresa (isto é, engenharia, produção, vendas, finanças, controle de qua- lidade, etc.). Para se obter o máximo de benefício de um sistema de manufatura Just-In-Time, é necessário criar uma nova mentalidade de gestão empresarial. Os Fabricantes JIT Obtêm uma Vantagem Com- petitiva Obter uma vantagem competitiva significa ser mais eficiente, ter um produto melhor ou fornecer um serviço melhor que o dos competidores. A manufatura Just-In- Time persegue cada um desses valores para desenvolver uma vantagem competitiva por meio da melhor adminis- tração de todo o sistema de manufatura. Desenvolver uma vantagem competitiva significa ex- plorar ou tirar vantagem de algo que os concorrentes ne- gligenciarem ou forem incapazes de desenvolver. Nor- malmente, o desenvolvimento e a manutenção de uma vantagem competitiva é uma tarefa árdua; se fosse fácil, a vantagem seria fugaz, com as outras empresas também o conseguindo. Dessa forma, em razão da natureza da competição, o processo de melhoria precisa ser contínuo. Os sistemas Just-In-Time são desenvolvidos para tra- balhar continuamente pelas metas de melhoria do desem- penho. Integrar e otimizar o sistema de manufatura é um processo constante em uma empresa JIT, à medida que ela evolui com o desenvolvimento de novos mercados, novos produtos e processos mais eficientes. A administração JIT permite obter uma vantagem competitiva mediante o uso de três ferramentas gerenciais simples: a) integralização e otimização: reduzindo a necessi- dade de funções e sistemas desnecessários, como inspeção, retrabalho e estoque; b) melhoramento contínuo: desenvolvendo sistemas internos que encorajem a melhoria constante nos proces- sos e procedimentos; c) compreensão do cliente: atendendo às necessida- des do cliente e reduzindo o custo total do cliente na aqui- sição e uso de um produto. Integralização e Otimização Talvez a maneira mais fácil e rápida de uma empresa melhorar a sua situação financeira seja reduzir as despe- sas, integrando e otimizando o sistema de manufatura. Muitas das funções improdutivas que existem atualmente em uma empresa foram criadas em razão da ineficiência ou incapacidade da função inicial ou das funções que as tornaram necessárias. Por exemplo, a inspeção é um ser- viço de produção que não seria necessário se todas as peças que chegassem à linha de montagem fossem boas e se todas as operações de montagem executadas com es- sas peças fossem feitas corretamente. A tese do JIT é que o desempenho melhorado nas funções iniciais de um sis- tema de manufatura – engenharia, produção e vendas – podem tornar possíveis reduções significativas nos custos globais. Para reduzir a carga de custos indiretos, uma empresa deve: a) entender por que as atividades que os originaram existem; b) corrigir quaisquer problemas nas funções iniciais que tornem essa atividade indireta necessária. Quanto menos recursos são dirigidos para funções indiretas, mais recursos são economizados, aumentando o lucro poten- cial da empresa. Além do estágio de projeto, alguns dos elementos dos sistemas de produção que representam oportunidades para reduzir despesas gerais são: 1. Estoques 2. Testes 3. Inspeção 4. Retrabalho 5. Expedição 6. Manuseio de materiais CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 153 Melhoramento Contínuo Muito freqüentemente, as empresas se concentram na produção do produto e ignoram os efeitos que o siste- ma de manufatura tem na produção e nos custos do mes- mo. Entretanto, no mundo atual, de intensa competição internacional, o enfoque somente em cima de “ter o pro- duto entregue” é uma abordagem não competitiva. A fi- losofia corporativa que busca uma vantagem competitiva deve incluir a contínua melhoria do sistema como um dos seus sustentáculos. A atitude gerencial deve ser “Nossa missão é a melhoria contínua”, à medida que desenvol- vem as políticas e processos para reduzir os custos de fabricação. Coletivamente, a tarefa gerencial na manufa- tura JIT consiste em desenvolver ao longo de toda a orga- nização a consciência de sempre procurar uma oportuni- dade de reduzir o desperdício e a ineficiência que este- jam presentes no sistema de manufatura. Deve ser dada atenção especial ao desenvolvimento de sistemas internos para o uso eficiente de recursos e na melhoria contínua de: 1. projeto de novos produtos tendo em vista o pro- cesso de manufatura; 2. desenvolvimento da participação do empregado na definição e na obtenção das metas globais da empresa; 3. simplificação e otimização do processo de manufatura. Compreensão do Cliente Poucos gerentes ou funcionários consideram a redu- ção dos custos internos dos clientes como parte de suas responsabilidades de trabalho. Entretanto, para o cliente (particularmente se ele for um fabricante em regime de OEM), o preço de aquisição não é o custo total de um dado produto. Adicionalmente aos custos óbvios, existe uma série de custos internos que o cliente deve conside- rar ao usar um componente. Abaixo temos a lista de cin- co categorias de custos operacionais internos associados ao uso de materiais (adquiridos ou fabricados). Todos os itens (até um certo limite) são resultado da aceitação de desempenho fraco de um fornecedor. Sob condições iguais, um fornecedor que possa reduzir os custos operacionais internos de um cliente terá uma vantagem competitiva. a) Expedição, recepção, contagem, reembalagem. b) Inspeção, rejeição, devolução. c) Armazenamento, manuseio de materiais. d) Obsolescência, refugo. e) Garantia e assistência técnica. Os sistemas JIT encorajam o desenvolvimento de es- truturas intra e interempresas necessárias para entregar o produto diretamente na linha de produção do cliente. Es- ses programas de entrega na linha são desenvolvidos para reduzir os custos internos de operação do cliente, forne- cendo um produto que possa ser utilizado diretamente na sua linha de produção, e significam que o fabricante al- cançou o mais alto grau de competência e ganhou a con- fiança do cliente em sua capacidade de entregar a quanti- dade e a qualidade planejadas do produto. O Guarda-chuva JIT O Just-In-Time pode muito bem ser representado como uma filosofia “guarda-chuva”, com subsistemas de manufatura integrados em um sistema global. O JIT não é uma colcha de retalhos de sistemas; entretanto, ele deve incorporar aspectos importantes de outros sistemas e fun- di-los em um sistema sinergístico. Algumas das princi- pais técnicas de manufatura que exercem influência em cima de um sistema JIT são: a) sistemas kanban dos japoneses; b) controle total da qualidade; c) controle estatístico do processo; d) tecnologia de grupo. Como o Just-In-Time Relaciona-se com outros Sistemas de Manufatura O relacionamento de sistemas JIT com outros tipos de sistemas de manufatura ou de qualidade é sinergístico. Não existe um sistema único que possa atender adequa- damente a todas as necessidades dentro de uma empresa. Os sistemas JIT selecionam as técnicas e procedimentos de vários outros sistemas conseguindo, assim, a melhor aplicação global. O sistema Just-In-Time é um desenvolvimento japo- nês, mas alguns dos seus princípios foram concebidos nos Estados Unidos. Algumas pessoas creditam à Ford Motor Company a primeira empresa ocidental a desenvolver e usar alguns dos conceitos do JIT nas linhas focalizadas dos primeiros automóveis Ford. Em seu primeiro nível, o JIT é uma combinação de produção “puxada” (o kanban japo- nês), “controle total de qualidade” (EUA) e um compro- misso de “custos totais para baixo” (japoneses). Os siste- mas mais prováveis que podem ser associados ao JIT são: a) sistemaskanban; b) estoque zero; c) planejamento de necessidades de materiais e planejamento da capacidade de manufatura (MRP e MRPII) Sistemas kanban. A palavra kanban significa “registro visual” e refere-se ao sistema de controle de manufatura desenvolvido e usado no Japão. O kanban, ou cartão, como é normalmente chamado, é um meca- nismo pelo qual um posto de trabalho informa a sua ne- cessidade de mais peças para a seção precedente. O tipo de sinal usado como kanban não é importante. Cartões, bolas coloridas, luzes e sistemas eletrônicos têm sido usados como sinais kanban. O único fato que separa o verdadeiro sistema kanban de outros sistemas de car- tão, como as ordens de produção usados na maioria das empresas, é a incorporação do sistema de produção “pu- xada”. Produção “puxada” refere-se a um sistema de de- manda em que os produtos são produzidos somente de acordo com a demanda do setor que os usa. Nota: O Dr. Armand V. Feigenbauen é o criador do termo “controle total de qualidade” e autor de um livro com o mesmo nome. Nota: O termo “custos totais para baixo” pode ser relacionado ou derivado de outro termo japonês, gorika, que significa produção “racionalizada, livre de desperdí- cios, simplificada”. Estoque zero. Estoque zero, fortemente divulgado pela American Pro – and Inventory Control Society (APICS), define as metas de redução dos níveis de esto- que para próximo do zero. Muito da filosofia do estoque zero é compatível com a filosofia e conceitos do JIT. CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 154 Planejamento das Necessidades de Materiais (MRP). É um sistema de planejamento baseado na explosão da estrutura dos produtos, visando controlar as necessi- dades de materiais. Consiste de um planejamento mestre aberto em suas necessidades de peças individuais (explo- são) e “empurrado” através do ciclo de produção. Duran- te muitos anos acreditou-se que o uso de computadores permitiria aos sistemas MRP dominar o campo de siste- mas de controle de produção. Entretanto, o sistema MRP tem dois grandes obstáculos. Primeiro, ele funciona ba- seado em um planejamento mestre, feito em função das necessidades estimadas dos clientes e, segundo, ele utili- za um sistema de produção “empurrada”. Os sistemas MRP geram necessidades de materiais baseados na de- manda estimada dos clientes. Prevêem a manufatura de grandes lotes, mesmo sabendo que o material pode não ser necessário. O resultado é que o MRP “empurra” ma- teriais de uma estação de trabalho para outra, não impor- tando as necessidades da produção no momento. Alguns autores referem-se ao MRP como “controle de materiais na embalagem certa” (just-in-case material control). O resultado desses dois fatores é que o MRP é um sistema que necessita de muitos custos indiretos e excessos de estoques para atender ao plano mestre, que pode mudar com freqüência, atendendo a compromissos de planeja- mento flexíveis, levando a um grande estoque de materi- ais que fica armazenado quando o plano muda. Adicio- nalmente, o MRP não contribui na solução do problema básico de melhorar o sistema global de produção. Como resultado de “empurrar” a produção em gran- des quantidades, o MRP permite que o estoque fique acumulado quando as necessidades de produção mudam. Alguns sistemas MRP permitem controle “chão de fábri- ca” e fazem ajustes na produção diariamente. Entretanto, as enormes quantidades de dados necessárias e geradas tornam as explosões diárias do planejamento mestre do MRP uma tarefa enorme. A maioria dos fabricantes ocidentais que está mudan- do para o JIT acha que é necessário manter o MRP so- mente para administração dos materiais comprados. Ape- sar de o processo de pedidos ser baseado em planejamento derivado de um processo MRP, os planos de entrega se- rão baseados nas necessidades reais e poderão ser ajusta- dos nas entregas diárias pelo uso de um sistema kanban. O planejamento de produção também é controlado por meio do uso de um sistema kanban. Planejamento de Capacidade de Manufatura (MRP II) É uma extensão do planejamento de necessidades de materiais e usa um banco de dados comum para fornecer informações de carga de máquina, custos e mão- de-obra. Para fins de planejamento, esses são recursos valiosos e devem ser mantidos em um sistema JIT. Os Três Maiores Erros de Julgamento a Respeito do JIT O maior erro de julgamento a respeito do JIT é achar que ele é um sistema estruturado de controle de estoques. Apesar do fato de um sistema estruturado de JIT controlar estoques, essa não é a sua principal função. O esforço somente no controle de estoques não cria um sistema JIT. Entretanto, um sistema de produção “puxada” somente permite que exista uma pequena quantidade de estoque em um dado ponto do processo de manufatura. Materiais adicionais não podem ser pedidos enquanto não forem necessários. Isso tem como efeito manter baixos os níveis de estoque. Deve-se notar que, a menos que fornecedores e clientes estejam ligados em um sistema JIT coordenado, pode haver um excesso de estoque. Esse estoque serve como segurança, visando a permitir a duas seções independência funcional. Um segundo erro de julgamento é que o JIT é um método usado pelas áreas de materiais para manter os estoques nos depósitos do fornecedor, forçando-o, dessa forma, a arcar com o ônus do estoque. Apesar disso acon- tecer eventualmente, livrar-se do encargo dos estoques não é a intenção de um sistema JIT bem desenvolvido. Normalmente, quando isso ocorre, é conseqüência do desconhecimento das duas empresas que não sabem como trabalhar com o JIT. O cliente que permite que um fornecedor armazene materiais não está fazendo qualquer favor a sua empresa. O local onde os bens estão armazenados fisicamente é irrelevante. Os materiais e recursos necessários para a manufatura foram comprometidos. A mão-de-obra, despesas gerais, materiais e subcontratantes necessários para produzir o material devem ser pagos, não importa onde eles estejam. Conseqüentemente, os recursos que poderiam ter sido usados para produzir algo necessário foram dispersados em estoques não produtivos. Quando os estoques começam a se acumular, os cus- tos decorrentes começam a cobrar a sua taxa. O custo de manutenção de estoques não está limitado ao valor do produto e ao custo do espaço ocupado. Os custos associ- ados a estoques são o custo financeiro, o armazenamento do material e o seguro de estoques. O menos óbvio, mas talvez o mais caro, é a perda de flexibilidade que o fabri- cante experimenta como resultado de materiais estoca- dos, no que se refere a qualidade, mudanças de projeto ou obsolescência. A redução dos níveis de estoques diminui o impacto do custo se algum desses assuntos acima vier a ocorrer. Foi estimado que cerca de 15 a 20 por cento dos custos ligados a materiais são atribuídos a fatores relacionados com estoques. Será uma significativa contribuição para os lucros de qualquer empresa se os estoques puderem ser reduzidos. Aspectos adicionais que devem ser considerados na avaliação de uma política de redução de estoques são o uso de estoques de segurança, intermediários e de produtos acabados. O terceiro erro de julgamento da lista é que os sistemas JIT são programas de controle de qualidade. Nada pode estar mais longe da verdade. O Just-In-Time é uma filosofia operacional e deve ser tratada como tal. A qualidade do produto é sempre conseqüência do processo de manufatura (isto é, vendas, engenharia, produção etc.). O velho ditado “A qualidade se faz e não se controla” continua verdadeiro. CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 155 Para que a manufatura JIT se torne uma realidade, os sistemas de manufatura devem funcionar em níveis próximos do defeito zero. Essa necessidade torna a qualidade um assunto chave e inegavelmente uma meta que deve ser atingidaantes que a conversão para a manufatura JIT se torne uma consideração séria. As Metas da Manufatura Just-In-Time Existem cinco metas básicas associadas a um sistema JIT. Essas metas têm a intenção de promover a otimização de todo o sistema de manufatura, desenvolvendo políticas, proce-dimentos e atitudes requeridos para ser um fabricante responsável e competitivo. Resumidamente, essas metas são: a) projetar para otimização da qualidade/custo e facilidade de fabricação; b) minimizar a quantidade de recursos dispendida no projeto e manufatura de um produto; c) entender e responder às necessidades do cliente; d) desenvolver a confiança e relações abertas com fornecedores e clientes; e) desenvolver o comprometimento de melhorar todo o sistema de manufatura. O projeto Ótimo para a Fabricação O projeto do produto é a primeira e provavelmente a mais importante etapa no desenvolvimento de um produto que seja fabricável. Fabricabilidade significa que um produto pode ser produzido em um ambiente de produção com um alto grau de confiança de que o produto final irá atender aos requisitos de engenharia, padrões de qualidade e margens de lucro. a) Projetar o produto para a finalidade solicitada. b) Simplificar o projeto do produto tanto quanto possível. (Estimou-se que, tipicamente, somente 20 por cento do projeto de um produto são ditados por necessidades funcionais e que os outros 80 por cento do projeto são ditados pela preferência do projetista.) c) Projetar n produtos levando em conta facilitar a sua produção/montagem. d) Definir os requisitos de produção de modo que os processos usados tenham condições para atender aos padrões de qualidade de partes por milhão (ppm). e) Manter o fornecedor e a produção avisados quanto a mudanças que possam afetar as metas de qualidade, redução de custos e melhoria no desempenho do produto. f) Revisar as especificações do fornecedor para detectar possíveis reduções de custo para ambas as partes. O processo de projetar para fabricação requer que os setores de projetos e engenharia trabalhem junto com o cliente, com a produção e com os fornecedores de peças, durante a fase de projeto. A meta é produzir um produto que tenha sido projetado para tirar vantagem dos processos de produção e montagem e funcionar de acordo com esses. Minimizar os Recursos Dispendidos para Fabricar um Produto Aloca-se para a confecção de um produto, como elementos básicos, recursos financeiros, equipamento e mão-de-obra. A maneira como esses elementos são alocados determina a quantidade requerida de cada um deles. Em um sistema JIT existe uma pressão constante para se usar o mínimo de recursos. O melhor método para desenvolver esse processo é estabelecer uma política na empresa sobre o uso dos recursos e então treinar os empregados para questionar constantemente “o que é necessário, e por que é necessário?”. Um forte elemento no desenvolvimento da técnica de utilização mínima de recursos é o processo de planejar adequadamente e com tempo suficiente para tal. Se for gasto muito pouco tempo em planejamento, sempre ha- verá uma tendência para aumentar o uso de recursos. Existe uma afirmação a respeito das diferenças nas téc- nicas de planejamento entre os administradores japone- ses e os ocidentais. No Japão, o planejamento do projeto ocupa 90 por cento do tempo total, e a implementação ocupa os restantes 10 por cento. Nas empresas ociden- tais, o planejamento do projeto ocupa somente 10 por cento e a implementação ocupa os outros 90 por cento. Com efeito, os japoneses estão dizendo que um plane- jamento completo simplifica e reduz a fase de implemen- tação de um projeto. Algumas das tentativas e erros ou desajustes podem ser eliminadas com o uso de boas téc- nicas de planejamento. Seja Responsável Para com o Cliente É responsabilidade do fornecedor desenvolver a capacidade de atender às necessidades do cliente. Ter responsabilidade com o cliente significa também: a) Produzir com qualidade em lotes menores; b) Reduzir os custos de manufatura dos produtos; • reduzir o custo de preparação da produção (set-up); • reduzir o custo de retrabalho e refugo. c) Reduzir o tempo do ciclo de produção. d) Reduzir a quantidade de estoque de um cliente. (Alguns clientes e fornecedores consideram necessário que o fornecedor mantenha um estoque, de modo que possa ser “responsável”. O argumento é que se as regras de redução do ciclo de manufatura e tempo de separação forem seguidas, a razão para arcar com excesso de estoques é removida.) e) Reduzir os custos internos do cliente. f) Trabalhar junto com a engenharia de projetos em produtos futuros. g) Trabalhar junto com a administração do cliente em sistemas de futuras necessidades. Desenvolver a Confiança e Transparência O termo confiança é muito usado em sistemas JIT. Não significa confiança como “acredite em mim, você irá gostar”, mas confiança que é obtida pela verdade, honestidade e transparência. O Just-In-Time precisa que tanto o fornecedor como o cliente definam metas de longo prazo, visando a CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 156 benefícios mútuos. O uso de comprometimento de longo prazo permite o desenvolvimento de relações que irão conduzir à confiança. Em sistemas JIT, um fornecedor deve mostrar capacidade de honrar compromissos e seguir em frente na execução de um contrato. As responsabilidades do cliente devem ser executadas com o mesmo profissiona- lismo. Se o fornecedor está seguindo um planejamento preciso, o mesmo deve fazer o cliente. Um cliente não pode esperar que o fornecedor entregue diariamente e, por seu lado, arbitrariamente pagar o fornecedor de acordo com a conveniência do fluxo de caixa. Desenvolver o Comprometimento para Melhorar todo o Sistema de Manufatura Os sistemas JIT são estruturados para expor continua- mente os problemas de manufatura, para receber e avaliar as sugestões de melhoria de processos de seus empregados. É responsa-bilidade gerencial encorajar e apoiar. Muito freqüentemente, gerentes ocupados permitem que problemas conhecidos ocorram e aumentem porque esses problemas não são considerados importantes ou porque não têm tempo suficiente para resolvê-los. Sob um sistema JIT, investigar e remover sistematicamente as deficiências no sistema de manufatura torna-se parte integrante do processo. Existem duas coisas para se fazer um trabalho corretamente. Primeiro, o planejamento do projeto. Planejamento apropriado e intensivo é necessário para que o projeto seja levado ao seu término. Normalmente, o responsável por defeitos de manufatura é o sistema de produção. Não se pode esperar que os operadores do sistema compensem um sistema operacional inadequado. Em segundo lugar, permite que as pessoas possam parar a produção no evento da ocorrência de um problema. Essa abordagem permite a correção do problema antes que muitas unidades defeituosas tenham sido produzidas e fecha o ciclo da contínua melhoria do processo. A manufatura Just-In-Time é baseada no princípio de se fazer os trabalhos sempre de forma correta. Não é mais difícil fazer as coisas direito em 98 de cada 100 vezes. Entretanto, é difícil desenvolver um sistema de manufatura que seja capaz de produzir sempre um bom produto. Os sistemas de manufatura devem incluir elementos projetados para expor e remover a causa dos problemas que provocam a produção do material defeituoso. É inquestionável que existe uma considerável vantagem de custo na eliminação do refugo, retrabalho e perdas de pro- dução, associados à necessidade de parar e consertar um processo que esteja produzindo peças defeituosas. As Vantagens da Manufatura Just-In-Time Os sistemas Just-In-Time desenvolvem redução de custo em todas as áreas da manufatura. Para esta discussão, o sistema de manufatura será aberto em três seções: a) Materiais.Inclui o fornecedor, o sistema de aquisição e as atividades de controle de qualidade do fornecedor. b) Produção. Inclui engenharia de projeto, produção e montagem, engenharia de produção e atividades internas de controle de qualidade. c) Vendas. Inclui a base de cliente e serviços de assistência técnica. Redução do Custo de Materiais As reduções diretas de custo em um sistema de materiais JIT são significativas em termos de redução de aquisição, recepção, inspeção e custos de armazenagem. As reduções oriundas somente dessas áreas podem ficar numa faixa de 30 a 50 por cento dos custos opera- cionais agregados. Os custos relacionados com materiais são reduzidos em um sistema JIT de diversas maneiras: a) Reduzindo o número de fornecedores com os quais a empresa opera. b) Desenvolvendo contratos de longo prazo. c) Eliminando a expedição. d) Reduzindo planejamento de pedidos. e) Obtendo melhores preços por unidades. f) Eliminando a necessidade de contagem individual das peças. g) Simplificando os sistemas de recebimento. h) Eliminando inspeção de recebimento. i) Eliminando maior parte da reembalagem. j) Eliminando os desarranjos causados por grandes lotes. k) Eliminando a armazenagem dos estoques. l) Eliminando o excesso de materiais refugados. Reduzindo Custos de Produção A função produção inclui atividades de engenharia (tanto de projeto como de produção), produção e controle de qualidade. Em sistemas JIT, a engenharia, a produção, o controle de qualidade e os fornecedores interagem mais no projeto de produtos visando à fabricação. Isso é verdadeiro tanto no nível de componentes como no de montagem. Os produtos que são projetados, tendo em vista a facilidade de fabricação, têm uma chance melhor de trazer lucro durante o seu ciclo de vida. Otimizar o processo de produção para obter a meta de nível de qualidade de 100 por cento, resulta em redução dos custos internos de inspeção, retrabalho e teste. Soma-se a isso a vantagem da redução de custos externos para serviços de assistência técnica e reparos de garantia. Adicionalmente às reduções acima, existem econo- mias a serem obtidas em outras áreas mais obscuras que coletivamente integram os custos da qualidade. Esse é um termo usado por perito do controle de qualidade para se referir às despesas incorridas e receitas perdidas com re- sultados de qualidade menores que 100 por cento em qual- quer material ou atividade. Dessa forma, o custo da quali- dade incluiria itens como o funcionamento de seções de conserto, refugos internos e retrabalho, parada de linha, vendas perdidas e perda de reputação do fornecedor. Nota: (retrabalho) Seções de conserto são áreas onde os materiais com defeitos são retidos esperando uma solução. O custo da qualidade pode representar mais do que 15 a 25 por cento do faturamento da empresa. Se uma parte do dinheiro perdido como custo de qualidade for usado para evitar falhas na qualidade, estima-se que o retorno na forma de economias de longo prazo será múltiplo da quantia investida na prevenção de problemas de qualidade. Redução do Custo nas Vendas As economias obtidas por vendas como resultado de se usar o JIT vêm na forma de estabilização do plano CO N H EC IM EN TO S ES PE CÍ FI CO S 157 mestre e redução das sobreposições de sistemas (como inspeção e teste) entre o fabricante e o cliente. Quanto mais clientes JIT o departamento de vendas puder estabelecer, tanto mais a empresa poderá otimizar os seus próprios recursos. Os clientes que possuem uma necessidade de produtos mais estáveis, por seu lado, também serão fabricantes JIT. Pela natureza de seu próprio sistema operacional, o cliente JIT irá precisar de fornecedores que aceitem as responsabilidades de comprometimento de longo prazo. A meta do departamento de vendas torna- se então o desenvolvimento de uma base de clientes JIT. Os Atuais Sistemas de Administração Os executivos se vêem à frente de uma gama variada de assuntos desde responsabilidade social até ética em relação à produtividade e lucratividade de uma empresa. Entretanto, a realidade é que o desempenho de um executivo ou gerente é baseado em resultados de curto prazo. A eficiência com que um executivo manuseia os fatores sociais e de produtividade determina o seu nível de sucesso nos negócios. A gerência irá manter os compromissos do mês? A empresa irá obter lucros no trimestre? Em alguns casos, a realidade pode ser que se não houver lucros este ano, poderá não haver no ano seguinte. Dessa forma, os gerentes são encorajados a enfocar assuntos que irão ter um impacto direto e assegurar lucros de curto prazo. Lucros de curto prazo são freqüentemente o resultado de decisões que resolvem ou escondem os problemas atuais, mas não levam em conta que o custo da qualidade pode representar mais do que 15 a 25 por cento do faturamento da empresa. Se uma parte do dinheiro perdido como custo de qualidade for usado para evitar falhas na qualidade, estima-se que o retorno na forma de economias de longo prazo será múltiplo da quantia investida na prevenção de problemas de qualidade. Decisões baseadas no enfoque de curto prazo geral- mente não levam a soluções permanentes, de modo que soluções para contornar os mesmos problemas precisam ser utilizadas com freqüência a fim de manter o controle. A implantação de medidas que enfocam a melhoria de desempenho descobrindo e eliminando as deficiências e ineficiências do sistema é a abordagem que irá ter os maiores efeitos a longo prazo. Melhorar a eficiência da produção implica usar menos materiais, menos mão-de-obra e reduzir as tarefas indiretas para obter o mesmo resultado. Adicionalmente, melhorias na eficiência ou qualidade tendem a reduzir os custos em mais de uma área ao mesmo tempo. Por exemplo, mudar o projeto de um produto para torná-la menos complexo não somente irá melhorar o custo de produção das peças como também irá reduzir a inspeção e o tempo de montagem. Da mesma forma que a chance de falhas em componentes e no produto como um todo é reduzida, a reposição e o tempo de teste também serão reduzidos. O Maior Fator Unitário no Custo do Produto A tendência atual em muitas indústrias, e certamente na indústria eletrônica, é ser menos integrada verticalmen- te, adquirindo maior quantidade de subconjuntos de for- necedores. Dessa forma, a percentagem de custo do pro- duto alocado para aquisição de materiais ou serviços tem aumentado; os materiais são agora o maior fator unitário nos custos totais de manufatura para algumas empresas. Nas indústrias mais técnicas, o custo da matéria pode variar de 60 a 90 por cento do custo total de manufatura. Com até 90 por cento do custo total em matéria-prima, é fácil verificar o impacto que o custo de materiais e a qua- lidade terão na lucratividade. Nota: Para os propósitos deste assunto, matéria-prima será vista como qualquer material adquirido, de chapas a subconjuntos (peças). Nota: Nem todas as empresas têm altos custos de materi- ais. Algumas, como os fabricantes de semicondutores ou máquinas ferramentas, têm altos custos de mão-de-obra. Em tais casos, os sistemas JIT internos são mais impor- tantes e a matéria-prima fica numa posição secundária. A alteração na escolha fazer/comprar numa percenta- gem maior de decisões por comprar é em parte devido aos maiores níveis de tecnologia necessários para confec- cionar um produto. À medida que os custos de tecnologia aumentam, as empresas são forçadas a concentrar os seus recursos financeiros em segmentos específicos, a fim de permanecerem competitivas. Nível de Qualidade no Mercado Mundial como Referência As grandes corporações fizeram o nível de referên- cia da qualidade e desempenho de vendas no mercado mundial durante algum tempo. Empresas de utilização de mão-de-obra intensiva, como as da indústria eletrô- nica, produziram no exterior
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