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Resumo – FES 1 – 1º Semestre de 2011 
Prof. Nozoe 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 1 - Texto – Caio Prado Jr. Páginas 19-32 e 119-130 
Método de análise – descreve e análisa os acontecimentos mais importantes. 
Nesses acontecimentos, procura a sua natureza e os objetivos do comportamento 
humano. 
Busca entender qual é a intenção de quem colonizou o Brasil. (porquê?) 
Tenta entender qual a consciência do colonizador e as contingências nas quais 
aquela busca se há de realizar. 
Como o colonizador realizará o lucro comercial depende das contigências, que são o 
sentido da colonização -> intenção do colonizador (lucro)+ condições naturais. 
Perfil do colonizador (mentalidade): Caio Prado Jr elabora, a partir dos fatos 
anteriores ao descobrimento e à colonização do Brasil. -> desenvolvimento do 
coméricio europeu desde o século XI -> depende dos contatos do mundo árabe. 
No século XII, a Península Ibérica está fora da rota comercial (à margem do 
comércio). 
No século XV, o comércio vai crescentemente se deslocando para a via marítima. 
Ocorre um processo gradual. -> cresce, em Portugal, cidades e burguesia comercial. 
Há uma mudança na estrutura econômica. 
O comércio através dos italianos, limita o crescimento da burguesia, passsam a 
buscar novas rotas, iniciando uma expansão ultramarina. -> é com o objetivo 
comercial que se chegou às outras localidades. 
Pressuposto de Caio Prado Júnior -> o português chega à América já com espírito 
de comerciante, em busca do lucro. 
Fator determinante para que fossem os portugueses (Primazia) 
1. Localidade – era mais fácil para sair de Portugal e havia menos chances de 
Portugal conseguir ocupar a Europa. 
2. 1415 – Portugal ataca Ceuta, que era o celeiro do trigo, da indústria têxtil. 
Um entreposto comercial, inúmeras caravanas passavam pela cidade. Havia 
inúmeras mercadorias de interesse de Portugal. 
3. 1498 – Chegada de Vasco da Gama em Calicute -> costa ocidental africana, 
ilhas atlânticas (Madeira e Açores), Costa ocidental africana. 
Os portugueses desembarcam em Calicute, cidade muita mais evoluída do 
que a Europa Ocidental. Conseguem estabelecer uma feitoria (estanco real), 
porém, não entram em contato com os meios de produção. 
Outros países passam a tentar entrar nesse comércio. 
Portugal perde essas feitorias durante a União Ibérica. 
Obs. Até metade do século XV, apenas Porugal faz a expansão marítima. 
Objetivo da expansão marítima -> romper com o monopólio das cidades italianas. 
O caráter da expansão ultramarina é o interesse comercial. 
 
No Brasil 
1. tentam estabelecer feitorias para obtenção do pau-brasil. 
2. Levam índios para a Europa (animar festas + cultura e riquezas naturais) 
O Brasil era apenas um detalhe no episódio, apesar da colonização e instalação de 
unidades produtivas, o objetivo era comercial. 
 
Porque foi preciso colonizar o Brasil? 
Havia uma população indígena que não produzia excedente apropriável. -> recorre-
se assim a uma prática desconhecida, a necessidade de povoar para produzir 
generos de interesse. O grande problema é que Portugal não tem população 
suficiente. 
Tipo de colonizador -> os trópicos repelem o colonizador típico. Não há migração 
espontânea para o Brasil. Atrai apenas colonos interessados em obter especiarias. 
Os colonos vem para o Brasil apenas para serem dirigentes da produção, não para 
trabalharem. Há uma necessidade de capital. 
Para atrais colonos, a Coroa Portuguesa concede sesmarias, que consiste na 
transferência de terras do patrimônio público para o setor privado). A única 
obrigação do proprietário era pagar o dizimo para a Coroa Portuguesa. 
Com a falta de população, a única alternativa era a escravidão – foram utilizados o 
índio nativo e o negro africano (já havia um comércio regular, para trabalhos 
domésticos). 
Obs. Portugal sempre teve escravos aprisionados de guerra. Culturalmente, já 
estavam acostumados com a escravidão. 
Porque utilizaram o escravo africano? 
O índio possuia um fluxo de oferta irregular e estavam pouco habituados ao 
sistema de produção. 
As condições naturais determinam a forma de exploração 
a) Forma de organização da produção – Plantation, caracterizado pela grande 
propriedade, escravista e monocultura. 
b) Estrutura econômica -> grande lavoura e subsistência (depende de outro 
setor e pode ser internalizada). 
c) Exportadores -> o próprio centro de dinamismo foi mudando com a mudança 
do produto a ser exportado. 
 
O Brasil é apenas um fornecedor de gêneros para o comércio europeu. 
 
Evolução da economia brasileira 
1. Cíclica (positiva / negativa) 
2. Predatória 
3. Móvel no espaço 
 
O comércio europeu busca o lucro comercial (objetivo do colonizador). A Ásia e a 
África produzem excedente comercial, por isso, não há uma interferência da 
prdução. 
No Brasil, não há produção de excedente comercial, havendo a necessidade de 
organizar uma produção. 
Efeitos negativos da colonização portuguesa -> incoerência e instabilidade no 
povoamento. A colonização não tem o sentido de constituir uma base econômica 
sólida e orgânica. 
Como consequências, o trabalho escravo só gerará o trabalho forçado, degrada e 
degener 
 
Fragmentos importantes do texto lido para a aula 
• O sentido da colonização não se percebe nos pormenores da história, mas no 
conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que constituem num largo 
período de tempo. 
• Forma-se de uma linha mestra e ininterrupta de acontecimentos, que se 
sucedem em ordem rigorosa, e dirigida sempre numa determinada 
orientação. 
• A colonização portuguesa na América não é um fato isolado, a aventura sem 
precedente e sem seguimento de uma determinada nação empreendedora. 
• A colonização aparece como um acontecimento fata e necessário, derivado 
natural e espontaneamente do simples fato do descobrimento. 
• A colonização da América constitui um capítulo que particularmente nos 
interessa aqui, se origina de simples empresas comerciais levadas a efeito 
pelos navegadores daqueles países. Deriva do desenvolvimento do comércio 
continental europeu, que até o século XIV é quase unicamente terrestre, e 
limitado, por via marítima. 
• O papel de pioneiro nesta nova etapa caberá aos portugueses, os melhores 
situados, geograficamente, no extremo desta península que avança pelo mar. 
• Todos os grandes acontecimentos desta era, que se convencionou com razão 
de chamar dos ‘‘descobrimentos’’, articulam-se num conjunto que não é senão 
um capítulo da história do comércio europeu. Tudo que se passa são 
incidentes da imensa empresa comercial a que se dedicam os países da 
Europa a partir do século XV. 
• Os portugueses traficarão na costa africana com marfim, ouro, escravos, na 
Índia irão buscar especiarias. Para concorrer com eles, os espenhóis, 
seguidos de perto pelos ingleses, franceses e demais, procurarão outro 
caminho para o Oriente, a América, com que toparam nesta pesquisa, não foi 
para eles, a princípio, senão um obstáculo oposto à realização de seus planos 
e que devia ser contornado. 
• A idéia de povoar não ocorre inicialmente a nenhum. É o comércio que os 
interessa, e daí o relativo desprezo por este território primitivo e vazio que 
é a América. Inversamente, o prestígio do Oriente, onde não faltava objeto 
para atividades mercantis. A idéia de ocupar, não como se fizeram até então 
em terras estranhas, apenas como agente comerciais, funcionários e 
militares para defesa. 
• A colonização ainda era entendida como aquilo que dantes se praticava, fala-
se em colonização, mas o que o termo envolve não é mais que o 
estabelecimento de feitorias comerciais. 
• Para os fins mercantis que se tinham em vista, a ocupação não se podia 
fazer como nas simples feitorias, com um reduzido pessoal incubido apenas 
do negócio, sua administração e defesa armada. 
• As areas temperadas só foram povoadas por circuntâncias muito especiais. 
É a situação interna da Europa, em particular a Inglaterra,as suas lutas 
político-religiosas, que desviam para a América as atenções de populações 
que não se sentem à vontade e vão procurar ali abrigos e paz para suas 
convicções. 
• Área tropical e subtropical da América -> são trópicos brutos e 
indevassados que apresentam uma natureza hostil e amesquinhadora do 
homem. O colono viria como dirifente da produção de gêneros de grande 
valor comercial, como empresário de um negócio rendoso, mas só a 
contragosto como trabalhador. Outros trabalhariam para ele. 
• Em Portugal, a população era tão insuficiente que a maior parte do seu 
território se achava ainda, em meados do século XVI, inculto e abandonado. 
Faltavam braços por toda a parte, e empregava-se em escala crescente 
mão-de-obra escrava. 
• A colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, 
mais completa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que 
ela, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em 
proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização 
tropical, de que o Brasil é tanto no econômico como no social, da formação e 
evolução históricas dos trópicos americanos. 
• Se vamos à essencia da nossa formação, veremos que na realidade nos 
constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros, mais 
tarde, ouro e diamantes, depois algodão, e em seguida café para o comércio 
europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo exterior, voltado para fora 
do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele 
comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras. 
• O “sentido” é o de uma c olônia destinada a fornecer ao comércio europeu 
alguns genêros tropicais ou minerais de grande importância. 
• Os três grandes caracteres – grande propriedade, monocultura, trabalho 
escravo são formas que se combinam e complementam, derivam diretamente 
e com consequencia necessária daqueles fatores. 
• Escravidão -> necessidade. O problema e a solução foram idênticos em todas 
as colônias tropiacais e mesmo substropicais da América. 
• Mutatis mutandis -> a mineração que a partir do século XVIII formará a par 
da agricultura entre as grandes atividades da colônia, adotará uma 
organização que afora as distinções de natureza técnica, é idêntica à 
agricultura. A exploração de larga escala que predomina. 
• Terceito setor de exploração é o extrativo. 
• De um lado, na sua estrutura, um organismo meramente produtor, e 
constituído só para isto – um pequeno número de empresários e dirigentes 
que senhoreiam tudo, e a grande massa da população que lhe serve de mão-
de-obra. Doutro lado, no funcionamento, um fornecedor do comércio 
internacional dos gêneros que este reclama e de que ela dispõe. Finalmente, 
na sua evolução, e como consequência daquelas feições, à exploração 
extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço, dos 
recursos naturais do país. É isto a economia brasileira que vamos encontrar 
no momento em que abordamos sua história. 
 
Aula 2 – Celso Furtado – Formação do Brasil Contemporâneo (1959) 
• É a junção de vários trabalhos do Celso Furtado 
• Foi escrito fora do Brasil. 
• Publicado quando o paradigma pradiano estava solidamente estabelecido 
• Análise keynesiana e estruturalista do processo histórico da economia 
brasileira até 1950. 
Obs. Estruturalismo -> nome dado ao método de análise da Cepal (preocupada com o 
impacto da taxa de câmbio e das restrições externas). Constitui no aproveitamento 
econômico do território baseado em “vantangens comparativas”. 
Países desenvolvidos -> exportadores de matéria-prima. 
Divide a história econômica do Brasil em grandes ciclos (uma necessidade). Examina 
os mecanismos próprios de cada ciclo (poucos instrumentos de análise macro e 
microeconômicos). 
• Fluxo de renda 
• Fatores produtivos escassos (capital e escravo) x Fatores abundantes 
(terra e trabalho livre -> no café) 
• Oferta x Demanda 
• Multiplicadores 
Defesa do ponto de vista -> subdesenvolvimento resulta de um processo histórico 
de desenvolvimento do capitalismo no âmmbito planetário e não um estágio (tese de 
Rostow). 
A existência dos países desenvolvidos atrapalha os países subdesenvolvidos. É 
necessário examinar a história para alcançar o desenvolvimento. 
Desenvolvimento do subdesenvolvimento -> foi marcado por repetidos “soçobros” 
na decadência da exportação. Faz a pergunta de porque nesses momentos de 
“soçobros” não surgiu a industrialização? 
• É a obra mais conhecida. Faz um esboço do processo histórico de formação 
da economia brasileira. 
• Sem referências bibliográficas (já estavam nos estudos de base). 
• Tratamento abrangente, sem reconstituição dos eventos históricos. 
Repercurssões 
• Explica o Brasil para estrangeiros, acabou explicando para os próprios 
brasileiros 
• É uma obra otimista -> acredita que o Brasil pode chegar ao 
desenvolvimento. 
Influências teóricas -> não se filia a uma única corrente. Tira de cada autor / 
corrente, o que é, a seu ver, correto ou adapatável à realidade brasileira. 
Influências intelectuais 
• Casa Grande e Senzala (Gilberto Freyre) -> mostra os problemas culturais 
de hoje, eram racionais. Razão dos negros serem assim, é pela situação em 
que se encontram. 
• Karl Manheim -> agentes sociais voltada para fins objetivos. 
• Marx -> perspectiva historicista, visão do capitalismo e dos estado. 
Repúlbica Federativa -> é um conquista / instrumento ds cafeicultores. 
Forma de organização dos estados que acomodava interesses variados e 
conflitantes. Era a única forma viável. 
• Alberto Torres e Oliveira Vianna -> pensamento autoritário 
• Incorpora o papel do estado 
 
A economia deve ser uma ciência voltada para a solução de problemas sociais 
• 1949 -> diretor da Cepal (divisão de desenvolvimento econômico) 
 
Estruturalismo no Livro -> 
• Críticas ao comércio internacional livre, baseado nas vantagens 
comparativas. 
• Estruturas duais -> setor exportador e subsistência 
• Reiteração dos mesmos -> subdesenvolvimento/elites 
O autor mais citado é Simonsem, com quem polemiza/discorda com frequência. 
 
Temas principais 
• Economia brasileira -> exportadora 
• Escravista -> açúcar, ouro, algodão, café 
a) Assalariada -> café (pós 1850) 
b) Industrialização -> substituição de importações 
 
Pontos específicos 
• Relações entre o setor exportador e a economia de subsistência -> 
escravista e industrialização 
• Desequilíbrio regional e dualismo 
• Origens do atrasodo Brasil frente aos EUA na primeira metade do século 
XIX 
• Abolição da escravatura -> consequencia da escassez de oferta e escravas 
• Relação de economia assalariadas exportações e o desequilíbrio externo 
• Política cafeeira e industrialização 
Esquema interpretativo da fase escravista 
• Brasil -> produção baseada nos recursos naturais para a produção de 
gêneros de interesse do comércio europeu em expansão 
• Monopólio -> alta taxa de rentabilidade (duplicar a produção em 2 anos) 
• Base do trabalho escravo -> baixa produtividade. 
• Escravo é africano -> já existia a estrutura de apresamento e 
comercialização. 
• Trabalho barato para reduzir custos -> o escravo tem baixa produtividade -> 
precisa de monopólio 
• O escravo -> ausência de vontade própria, piores condições de trabalho 
(vontade do colonizador). 
Na produção -> o escravo se comporta como se fosse um capital fixo 
No consumo -> o escravo é um bem durável 
Gera fluxo de serviços, sem gerar renda (sem fluxo monetário). Não cria mercado 
interno. 
Obs. O escravo tem um custo de manutenção. Trabalha na roça para prover suas 
necessidades (mão-de-obra escrava líquida). Não gera um fluxo monetário. Só há 
fluxo monetário no comércio exterior. 
No ciclo de preços do produto 
• Redução da receita = (redução do preço)x(quantidade) 
• Custos = fixos(escravos, equipamentos) 
Portanto -> o lucro cai 
No curto-prazo -> há a manutenção do pleno emprego 
No longo-prazo -> há uma queda de reposição(perda de ativo). Não há reposição de 
escravos, etc. O engenho diminui. 
Ausência de fricções sociais em prol do densenvolvimento de setores voltados para 
o mercado interno. Nível menor de produção (o que aconteceu na Austrália, pós 
mineração) 
Aumento do setor de subsistência 
Economias escravistas -> circulação monetária somento no comércio exterior. 
Investimento/consumo -> importação. Não criam um fluxo monetário na colônia. 
Econômia de exportação com trabalho assalariado para Celso Furtado -> fluxo 
circular da renda. -> renda e produto circulam. 
 
Receita do setor exportado 
Renda dos assalariados Renda dos proprietários 
Consumo importação poupança 
 
Críticas à Formação Econômica do Brasil -> localizadas / ao modelo interpretativo 
Localizadas 
• Iglésias -> na perspectiva da “ciência normal” -> falta de pesquisa e crítica 
documental. Excesso de extrapolação e raciocínios hipotéticos. Não faz 
crítica ao conjunto da obra. 
Celso Furtado abusa do uso de verbos no condicional. 1. Hipótese -> 2. 
Parcialmente verificada -> 3. Virou verdade 
• Rentabilidade da empresa açucareira (possibilidade de dobrar a cada 2 
anos) 
Fréderic Mauro -> rentabilidade negativa 
Stuart Schwartz -> positivo e maior que nas Antilhas 
• Decadência da mineração 
R. Borges Martins -> escravos em MG no censo de 1872. Os resultados não 
batiam com o que Furtado falava. A decadência não era tanta; havia 
atividades voltadas para o mercado interno. 
• Carlos Manuel Peláez -> Industrialização e política cafeeira após 1830 
 
Furtado sempre reconheceu limitações de seu trabalho. As conclusões que havia 
chegado eram as possíveis com os dados de que dispunha quando escreveu. 
 
A economia colonial escravista brasileira: 
• Depende da demanda externa e da oferta de africanos; 
• Sem dinâmica externa e da oferta de africanos 
• Sem dinâmica própria -> dependente 
• Sem desenvolvimento endógeno 
 
Em comum com Caio Prado Júnior 
Trabalho escravo limita o crescimento do mercado interno. 
Ausência de dinâmica própria 
Críticas -> visão exportacionista do Brasil (Caio Prado Júnior; Celso Furtado; 
Fernando Novais). 
 
Pontos importantes dos textos lidos para a aula 
Coutinho – A Atualidade do Pensamento de Celso Furtado: Formação econômica do 
Brasil 
• O mais influente e renomado economista brasileiro de sua geração 
• Formação econômica do Brasil é um ensaio de interpretação da história 
econômica brasileira publicado em 1959, tornou-se um espécie de leitura 
essencial, um item obrigatório na estante de todo cientista social. 
• Cumpriu 2 papéis distintos: a) tornar-se um trabalho de referência em 
história econômica brasileira; b) despertou em muitos leitores o interesse 
pela teoria econômica. 
• Os comentários de Furtado a respeito da teoria econômica são inteiramente 
orientados por seu envolvimento de toda a vida com os problemas do 
desenvolvimento. 
• O principal problema metodológico nos estudos da economia é “a definição 
do nível de generalidade – ou de concreção – à qual se aplica qualquer 
relação com valor explanatório”. 
• Os modelos abstratos foram considerados especialmente deficientes, já 
que levaram em consideração dois aspectos decisivos, a irreversibilidade 
dos processos históricos e as diferenças estruturais entre as economias 
conforme seus distintos níveis de desenvolvimento. 
• Ou seja, a visão de teoria econômica de Furtado leva em consideração seu 
duplo caráter, histórico e abstrato. 
• O livro é considerado uma das mais importantes aplicações do método de 
análise estrutural da Cepal. Mais ainda, a obra pode ser entendida como o 
exemplo mais bem sucedido daquilo que o próprio Furtado entendia como 
trabalho de economista: a aplicação de abstrações racionais a uma 
determinada realidade econômica. 
• Sua inovação residiu na descrição dos mecanismos econômicos inerentes a 
cada ciclo, bem como na interpretação, particularmente original, da 
transição da agricultura para a indústria. 
• A linha de ensaios históricos inclui dois trabalhos anteriores à Formação 
econômica: a tese doutoral de 1948, A economia colonial brasileira, um 
estudo da plantation açucareira colonial, e A economia brasileira, uma obra 
que abrange a história brasileira do período colonial ao pós 1930. Formação 
Econômica do Brasil representa uma sequência destes dois trabalhos. 
• O ponto de referência de Formação econômica é o desenho básico dos 
fluxos de renda, adaptado a cada um dos grandes ciclos da economia 
brasileira. 
• A descoberta do Brasil, em 1500, representa um episódio da expansão 
mercantilista portuguesa. Após algumas tentativas frustradas de 
estabelecer uma exploração lucrativa da nova colônia, os portugueses 
finalmente introduziram um negócio promissor no território, a plantation 
canavieira. 
• Sua contribuição inicia-se com a incorporação ao enfoque cíclico de uma 
nova explicação econômica, baseada em poucas variáveis e instrumentos de 
análise, que incluem, além do fluxo de renda, o contraste entre recursos 
abundantes e escassos, e um arcabouço dos mecanismos de ajustamento 
entre oferta e demanda. 
• No caso do ciclo açucareiro, a mecânica do ciclo é vista da seguinte forma: 
a) Os proprietários de terra tomam empréstimos aos comerciantes de 
açúcar e importam parte do equipamento e a totalidade dos escravos. O 
ressarcimento destes empréstimos e a aquisição de escravos e 
equipamentos irá absorver parte das receitas de exportação de açúcar. 
b) Outra parte das receitas constitui o lucro líquido do negócio. Os 
proprietários aplicam o lucro no consumo de mercadorias européias ou na 
expansão dos negócios (aquisição de escravos e equipamentos). Assim, 
todos os lucros, bem como investimento, transformam-se em gastos no 
exterior. 
c) Como não existe trabalho assalariado na economia, os lucros 
representam a única moeda monetária. Circula pouco dinheiro no interior 
do território colonial. O modelo simplificado pressupõe que os escravos 
produzem seus próprios meios de subsistência, no tempo que sobra da 
atividade principal. Outras atividades importantes, como o transporte e 
a provisão de combustível, são também não-monetárias, vale dizer, 
baseadas no trabalho escravo. 
• O sistema de Furtado é dual: produção açucareira (setor dinâmico; alto nível 
de produtividade) versus setor de subsistência (letárgico, baixo nível de 
produtividade, ausência de excendete). 
• A expansão da economia depende do dinamismo da demanda por açúcar e da 
emergência de competidores coloniais. 
• Terra é o fator abundante -> ignora renda da terra! 
• Progresso técnico também é desconsiderado -> o sistema expande-se 
“horizontalmente”. Os limites da expansão são: a) elevação dos custos; b) a 
exaustão de terras em boa localização ou de combustível; c) a queda de 
preços do açúcar, em decorrência da oferta excessiva ou não regulada. 
• A crise de plantation da economia não leva à diversificação da economia, 
nem tampouco a uma substituição relevante de atividades. 
• O sistema açucareiro não desapareceu, mas entrou em um estágio letárgico, 
com consequências sociais profundas. 
• Ciclo do Ouro: 
a) Curta duração e permaneceu confinado numa região bem restrita. 
b) Os escravos eram autorizados a trabalhar apenas nas minas, e não nas 
atividades de subsistência paralela. Dependia de outros setores. 
c) Os lucros líquidos da atividade mineradora não foram muito elevados, 
devido ao peso dos tributos. 
• O ciclo minerador estimulou a diversificação de atividade e intensificou as 
transações monetárias. O efeito multiplicador expandiu a renda. 
• A curta duração do ciclo aurífero e a falta de capacitação técnica teriam 
inibido o desenvolvimento de um mercado interno, a despeito da presença de 
transações monetárias e de trabalho assalariado. 
• Ciclo do café -> ponto de inflexão na economia brasileira. Representou a 
primeira atividade econômica dependente de um uso massivo de trabalho 
livre no Brasil. 
• Após estabelecido, o trabalho assalariadoimpôs novas características ao 
fluxo de renda, que assume os seguintes traços: 
a) Exportações de café garantem disponibilidade de divisas internacionais. 
Parte destas divisas é destinada ao pagamento de bens de consumo dos 
fazendeiros, que sáo importados. 
b) Outra parte dos rendimentos é convertida em moeda nacional e gasto 
em salários ou em outros insumos para a lavoura cafeeira. 
c) Os salários e as outras despesas em dinheiro no mercado interno ativam 
o mecanismo multiplicador, dinamizando a economia interna. O ciclo do 
café estimulou a urbanização e a expansão das atividades econômicas 
urbanas em geral. 
• o trabalho e a terra são fatores abundantes, e o capital fator escasso. 
• Expansão cafeeira -> resultado de circunstâncias particulares que incluíam a 
influência da burguesia cafeeira sobre a política econômica da nascente 
república e o fato de o Brasil ter-se convertido em um produtor quase 
monopolista. 
• Na visão de Furtado, a política cafeeira pós 1930 desempenhou o papel da 
construção de pirâmides, do célebre exemplo de Keynes. 
• O início do processo de industrialização no Brasil foi uma consequência 
direta do processo de expansão do café, bem como pelas políticas de 
proteção adotadas. -> processo de substituição das importações. 
• O crescimento da produção industrial interna deve ser visto como uma 
resposta às mudanças de preços relativos, que por sua vez foram 
subprodutos dos movimentos drásticos da taxa de câmbio que sucederam o 
colapso de exportações. 
• De acordo com Furtado, ocorre uma elevação de produtividade em 3 
circunstâncias: a) absorção de recursos sub-utilizados; b) elevação de 
preços internacionais, um fenômeno típico das exportações primárias; c) um 
crescimento de produtividade “smitheano”, típico da manufatura e da 
indústria. 
• Furtado não reconhece a existência de progresso técnico na plantation 
açucareira e dá pouca importância para isso no caso do café. 
• A chave de aumento nas produções coloniais residia nos preços dos produtos 
de exportação. 
• O processo de substituição de importação desperta duas fontes de elevação 
de produtividade. De um lado, ocorre a transferência contínua de trabalho 
do “setor de subsistencia” para as ocupações industriais e urbanas. Do outro 
lado, a atividade industrial em si envolve um progresso técnico e um 
aumento de produtividade física contínuos. 
• Mutatis mutandis -> o progresso técnico não constitui um elemento inerente 
à economia colonial. 
• O curiose é que o setor de subsistência, além de manter as pessoas nele 
envolvidas, proporciona alimentos para os setores exportadores líderes e 
para as populações das cidades. Ou seja, o setor de subsistênci produz 
excedente!. Na verdade, subsistência aparece como sinônimo para baixa 
produtividade. 
• Principais instrumentos de análise econômica presentes na reconstituição 
racional da história econômica de Furtado são: i) os ajustamentos entre 
estruturas de demanda e oferta; ii) o fluxo de renda; iii) o mecanismo 
multiplicador. 
• No processo de substituição de importação, as mudanças nos preços 
relativos desempenham um papel no ajustamento da oferta e demanda. No 
entanto, o uso dos preços relativos é limitado – restringe-se aos termos de 
troca e ao contraste entre tradeables e non-tradeables. 
• As importações e o pagamento de fatores no exterior representam 
vazamentos no fluxo de renda. 
• A economia não monetária significa uma espécie de economia residual, ou 
pouco relevante para a definição das tendências econômicas dominantes. 
• A distinção entre os setores líderes e atrasados está definitivamente 
associada à capacidade de gerar crescimento econômico, e não à tecnologia 
dominante, ao tipo de força de trabalho utilizada, ou as outras 
características dos setores de atividade econômica. 
• Teoria econômica de Furtado é instrumental -> está voltada à compreensão 
do desenvolvimento econômico e, particularmente, do desenvolvimento 
econômico e, particularmente, do desenvolvimento econômico brasileiro, em 
sua ambiência histórica. 
• A análise de Furtado está influenciada pelos destinos imediatos do processo 
de industrialização. 
 
Tamás Szmrecsányi - Sobre a Formação Econômica do Brasil de Celo Furtado 
• Obra pioneira e referencial da nossa historiografia econômica. 
• Caráter extremamente sintético, não é de fácil assimilação para os que 
carecem de adequado preparo econômico e/ou histórico. 
• Três avisos da introdução: a) o trabalho não passa de “um esboço do 
processo histórico de formação da economia brasileira”; b) por isso, há uma 
omissão quase total de referências à bibliografia histórica brasileira; c) 
seus últimos capítulos baseiam-se, em parte, num trabalho anterior – o livro 
A Economia Brasileira, publicado em 1954. 
• Base bibliográfica muito precária para uma obra do alcance e da qualidade 
da Formação Econômica do Brasil. 
• Única obra que chega a mencionar é de Robert Simonsen. 
• CEPAL -> segunda pós-graduação 
• Tratamento dispensado por Furtado aos dados econômicos e às instituições 
de cunho histórico é de indole cepalina e Keynesiana. 
Celso Furtado e o pensamento econômico brasileiro – Francisco de Oliveira 
• É uma ligação entre a doutrina e ação que é específica na obra de Celso 
Furtado, e que o tornou o fundador da moderna economia política brasileira. 
• A economia política de Celso Furtado é sobretudo isso, uma proposta para 
ação. 
• Furtado teoriza sempre sobre o que lhe é contemporâneo, e sendo alguém 
que trabalhou no setor público implementando as teorias que 
construia/defendia, isso lhe conferiu uma enorme proeminência e uma 
enorme visibilidade no cenário teórico e político do Brasil. 
• Teorização sobre economias subdesenvolvidas -> cria uma alternativa às 
duas concepções, duas vertentes teóricas e doutrinárias que até então 
predominavam. a) vertente teórica neoclássica e marginalista que domina as 
ciências econômicas desde o final do século XIX. Essa teoria tornou-se o 
sistema social de produção dominante nos países centrais e dominante 
também na sua periferia. b) no banho stalinista, o marxismo tranformou-se 
numa espécie de teologia, e os países subdesenvolvidos ou atrasados são 
apenas uma etapa para chegar a ser desenvolvido. 
• Campo teórico de Celo Furtado é muito eclético. 
• A teoria do subdesenvolvimento vai nascer como um desafio dessas 
economias que haviam resistido de forma diferente à crise dos anos 1930. 
Em outras palavras, elas tinham procurado se industrializar, sair da crise do 
período não voltando ou permanecendo na velha divisão internacional do 
trabalho. 
• Sua teoria da CEPAL se converte numa arma ideológica poderosa a serviço 
da nova burguesia industrial emergente no Brasil e em outros países da 
América Latina. 
• Solução para o atraso regional -> INDUSTRIALIZAÇÃO 
• Enormes lacunas teóricas da teorização furtadiano-cepalina comparecem. 
Em primeiro lugar, o encobrimento dos antagonismos sociais: o 
desenvolvimento não é pensado como um processo de luta social, de luta de 
classes, como um processo conflitivo. Ao contrário, é pensando em termos 
exclusivos de interesses proeminentes em escala nacional. Essa falha 
teórica vai cobrar pesados juros, não tão pesados quanto os da dívida 
externa, mas batante pesados do ponto de vista teórico e social. 
• Questão contraditória das classes sociais em qualquer processo de 
expansão capitalista era colocada de maneira falsa ou pelo menos 
equivocada. Furtado inventou uma luta de classes entre trabalhadores -> 
denuncia insuficiência teórica da produção cepalino-furtadiana. 
• À base teórica cepalino-furtadiana, faltou sempre uma teoria de 
acumulação, que não pode ser confundida com a formação de capital, e o 
período pós-autoritário gestou formas de acumulação. 
Texto – Fernando Novais -> O Sentido Profundo da Colonização 
Fim último da colonização -> para Caio Prado Jr. é o comércio europeu. Já para 
Fernando Novais, o fim último é a acumulação primitiva.A colonização do novo mundo é uma peça do sistema, é um instrumento para a 
acumulação primitiva. 
Sentido profundo da colonização -> comercial e capitalista, isto é, elemento 
constitutivo no processo de formação do capitalismo moderno. 
Período entre o feudalismo e o capitalismo (séculos XV – XVIII) -> segundo Marx, 
a acumulação primitiva ou originária -> é o processo entre o trabalhador e as 
condições objetivas de trabalho. 
O que é diferente, é que mudou a propriedaqde. Essa separação, porém, não é 
simultânea em todos os países. Cada país foi de um jeito, um exemplo disso é a lei 
de cercamentos na Inglaterra. 
Para Fernando Novais, a expansão ultramarina e a colonização da América 
aconteceram nesse período. Ele relaciona a colonização com a acumulação primitiva 
de capital. 
Obs.: para Caio Prado Jr., o comércio é a finalidade para a colonização. 
Î Marx e a Acumulação primitiva de capital -> é o conceito chave para explicar 
a origem capitalista. Explica como surge, historicamente, a relação entre o 
capitalismo e os meios de produção. 
Os meios de produção foram acumulados nas mãos de outro segmento social. 
Passos para o Sentido Profundo -> acumulação primitiva de capital. Elaboração do 
conceito: o ponto de partida é o de “aproximações sucessivas” -> conceito 
geográfico. 
Conceito dialético -> superação -> transfere a teoria da geografia para a teoria da 
história -> reforça esses elementos. 
Colonização é: conceito geográfico -> modalidade das migrações humanas. Expansão 
das áreas habitadas pelo homem (humanização da paisagem). -> se houver equilíbrio, 
não há migração. Equilíbrio esse entre: i) recursos naturais; ii) técnicas produtivas; 
iii) população. 
Sem o equilíbrio, a população passa a migrar. Ocorre uma humanização da paisagem. 
-> ênfase entre o homem e a natureza. Para Fernando Novais, isso é insuficiente. A 
ênfase é somente entre homens. Ele é excessivamente generalizador. -> destaca o 
que existe de comum em todos os fenômenos de colonização. 
A colonização foi condicionada pelo momento entre o renascimento europeu e a 
revolução industrial / revolução francesa. -> vigência dos princípios mercantilistas. 
Organiza as colônias sob a forma de um sistema. 
Sistema colonial -> um conjunto de relações Metrôpole x Colônia entre o 
renascimento e a revolução indistrial / revolução francesa. 
a) Nem toda colonização se processou nos quadros do sistema colonial -> 
exemplo: povoamento na Nova Inglaterra; 
b) A reação é variável entre as metrôpoles -> exemplo: observa as legislações 
entre colônia e metrôpole. 
 
2ª aproximação: a colônia nunca foi um objeto em si de preocupação. Tem o 
objetivo de dinamizar a vida metropolitana. Conceito: i) legislação ultramarina e, ii) 
comércio 
A colônia serve aos princípios do mercantilismo: 
a) Prover mercado aos produtos da metrópole; 
b) Dar ocupação aos trabalhadores; 
c) Fornecer artigos para a metrôpole 
A causa do pensamento mercantilista é ver a colônia com tais funções: 
a) Identifica como metalismo (balança comercial favorável) -> as colônias são 
importantes pois viabilizam a aplicação dos preceitos mercantilistas 
b) Política protecionista -> i) fomento à produção nacional; ii) restrição à saída 
de matéria-prima; iii) política pró-natalista -> aumento da força de trabalho 
e redução do salário. 
As colônias passam a ter um importante significado na medida em que viabilizam a 
aplicação dos preceitos mercantilistas. -> auto-suficiência da metrópole. 
Insuficiência da 2ª aproxiamação: estabelece as relações funcionais e não o seu 
papel no processo histórico -> Sentido Profundo é o sentido histórico. 
Processo histórico para chegr ao “Sentido Profundo da colonização”: 
- ponto de partida -> noção do Antigo Regime, período de transição entre o 
feudalismo e o capitalismo -> acumulação primitiva -> presença simultânea de 
elementos do antigo modo de produção e a formação de elementos do modo de 
produção que o sucedeu. 
- Formação do Antigo Regime: 
a) comércio -> insurreições camponesas -> i) locais próximos à rota (dissolução dos 
laços feudais – Ocidente); ii) locais onde o impacto se faz nas camadas altas -> 
enrijecimento da servidão. 
-> insurreições urbanas -> diferenciação social -> i) o comércio começa a acabar 
com as instituições da cidade, como as corporações de ofício. Parte da produção 
começa a se ruralizar, para fugir das agremiações. ii) o próprio comércio entra em 
crise. Crise Social -> que é agravada pela depreçao monetária. Isso gera: 
1) incentivo à formação de Estados Nacionais; 
2) acirramento da disputa comercial 
Obs.: antigas rotas = dominação pela conexão italiana-flamenga. 
A possibilidade do comércio esbarra nas rotas -> dificuldade na abertura de novas 
rotas: i) grande volume de capital; ii) alto risco; iii) longa maturação -> quem faz a 
expansão ultramarina precisa de uma acumulação à nível nacional. Estado Nacional = 
Estado Absolutista. 
- Estado Absolutista: 
i) unifica e disciplina as ordens; 
ii) políticas mercantilistas 
O êxito reforça o processo de unificação. 
3ª aproximação: sistema colonial -> um instrumento da acumulação primitiva. O 
sistema colonial mercantilista foi a sua principal alavanca na gestação do 
capitalismo moderno. 
Antigo Regime: colônia é um meio para garantir a expansão do comércio, que dado 
os obstáculos internos, precisa de um ponto de apoio externo. 
- Presença pioneira de Portugal -. Precocemente centralizado, cujo processo de 
formação dos estados nacionais e a expansão ultramarina foi assincrônico. 
Dificuldades (concorrência comercial): as colônias vão ficando cada vez mais 
importantes. 
O processo de integração do Novo Mundo (Brasil) à economia européia: 
i) Peculiaridade está na organização da produção pela metrópole, que 
ultrapassa, assim, o âmbito da circulação. 
Objetivo inicial -> comércio – sistema de exploração semelhante à África 
e à Ásia. 
Concorrência de outras metrôpoles (Uti possidetis = o que possui agora) 
-> necessidade de fazer uma ocupação. 
ii) A Espanha acha metal precioso -> se lá existe, aqui também deve existir. 
Portugal acha interessante, então, preservar a posse do território, 
acreditam que a descoberta do metal é questão de tempo. 
iii) Decisão de poupar -> precisam tornar a colônia um território rentável. 
Para isso, desenvolvimento de atividades econômicas – capitanias 
hereitárias. Forma pela qual o Estado Português, sem recursos, 
encontrou para colonizar via capital privado. -> passagem da esfera da 
circulação para a esfera da produção. Mantém a essência comercial. 
iv) Elementos fundamentais do sistema colonial -> promover a 
acumulação primitiva de capital da metrópole via: a) exclusivo 
metropolitano; b) tráfico transoceânico de africanos e; c) 
escravismo. 
Partes importantes do texto -> Fernando Novais – página 57 - 107 
- é do estudo do próprio sistema de colonização que temos de partir, pois a crise, 
que então se manifesta, expressa mecanismos profundos, que só se apreendem 
nessa análise global e generalizadora. 
- o Sistema colonial, efetivamente, constitui-se no componente básico da 
colonização à época mercantilista, o elo que permite estabelecer as mediações 
essenciais entre os diversos níveis da realidade histórica. 
- nem toda colonização se processa, efetivamente, dentro dos quadros do sistema 
colonial. 
- as relações coloniais podem ser aprendidas em 2 níveis: 1) através da legislação 
ultramariana; 2) no movimento concreto de circulação de umas para outras, isto é, 
no comércio que faziam entre si, e nas vinculações político-administrativas que 
envolviam. 
- mercantilismo -> doutrina político-econômica que se desenvolvia e prodominava na 
Europa entre os Descobrimentos e a Revolução Industrial -> o ponto de partida é o 
metalismo -> conceituação primária da natureza dos bens econômicos, e a suposição 
de que os lucros se geram no processo de circulação das mercadorias. 
- o mercantilismo não é uma política econômicaque visasse o bem-estar social. 
- as colônias garantiriam a auto-suficiência metropolitana, meta fundamental da 
política mercantilista. Assim, a política colonial das potências visava enquadrar a 
expansão colonizadora nos trilhos da política mercantilista. 
- a formação das monarquias absolutistas foi, de fato, uma resposta à crise; ou 
melhor, foi o encaminhamento político das tensões de toda ordem. Efetivamente, o 
estado centralizado, de um lado, promove a estabilização da ordem social interna 
(num novo equilíbrio das forças sociais, agora subordinadas ao rei), de outro lado 
estimulava a expansão ultramarina encaminhando a superação da crise nos vários 
setores. 
- só o estado centralizado pode funcionar como centro organizador da superação 
da crise ou das crises, catalizando recursos em escala nacional e internacional, 
avalizando os resultados. Nem é por outro motivo que um pequeno estado do 
ocidente europeu, precocemente centralizado – Portugal – pôde iniciar a arrancada 
pelas novas rotas, abrindo caminho para a superação da crise da economia e da 
sociedade européia. -> no conjunto e no essencial, esse processo político emergia 
das tensões do feudalismo. 
- o Antigo Regime Político representou a fórmula de a burguesia mercantil 
assegurar-se das condições para garantir sua própria ascensão e criar o quadro 
institucional do desenvolvimento do capitalismo comercial. Tratava-se, em última 
instância, de subordinar todos ao rei e orientar a política da realeza no sentido do 
preocesso burguês, até que, a partir da Revolução Francesa e pelo século XIX 
afora, a burguesia pudesse tornar-se “conquistadora”. 
- a colonização europeia aparece, assim, em primeiro lugar, como um 
desdobramento da expansão puramente comercial. 
- o povoamento decorreu, inicialmente, da necessidade de garantir posse em face a 
disputa pela partilha do novo continente. -> a exploração ultrapassava, dessa forma, 
o âmbito da circulação de mercadorias, para promover a implantação de economias 
complementares extra-européias, isto é, atingia propriamente a órbita da 
produção. 
- acumulação de capital comercial, divisão do trabalho, mercantilização dos bens 
econômicos, especialização da produção são processos correlatos, que envolvem um 
desenvolvimento do nível econômico geral. Acumulação de capital comercial e 
formação da bruguesia mercantil são pois os dois lados do mesmo processo. 
Teoricamente, a transformação se auto-estimula sem limites. 
- a colonização do Novo Mundo na Época Moderna apresenta como peça de um 
sistema, instrumento da acumulação primitiva da época do capitalismo mercantil -> 
conotação do sentido profundo da colonização. 
- é no regime do comércio entre metrópoles e colônia que se situa o elemento 
essencial desse mecanismo. Regime de exclusivo metropolitano constituia-se pois 
no mecanismo por excelência do sistema, através do qual se processava o 
ajustamento da expansão colonizadora aos processos da economia e da sociedade 
européias em transição para o capitalismo. O comércio foi, de fato, o nervo da 
colonização do Antigo Regime. 
- política seguida astutamente pela Coroa Portuguesa -> liberdade de comércio para 
estimular a vinda de recursos e capitais para a instalação da produção colonial; 
enquadramento no sistema exclusivista quando a economia periférica entrava em 
funcionamento. 
- o exclusivo metropolitano do comércio colonial consiste em suma na reserva do 
mercado das colônias para a metrópole, isto é, para a burguesia comercial 
metropolitana. Este é o mecanismo fundamental, gerador de lucros excedentes, 
lucros coloniais; através dele, a economia central metropolitana incorporava o 
sobreproduto das economias coloniais ancilares. 
- promovia, assim, de um lado, uma transferência de renda real da colônia para a 
metrópole, bem como a concetração desses capitais na camada empresária ligada 
ao comércio ultramarino. 
- o sistema colonial em funcionamento, configurava uma peça da acumulação 
primitiva de capitais nos quadros do desenvolvimento do capitalismo mercantil 
europeu. O sistema colonial ajustava, pois, a colonização ao seu sentido na história 
da economia e da sociedades modernas. 
- o mercado externo das colônias, no sistema colonial, é o mercado metropolitano; a 
vinculação se dá através do regime do exclusivo que promove uma exploração da 
colônia pela metrópole. 
- o próprio modo de produçào define-se nos mecanismos do sistema colonial. E aqui 
tocamos no ponto nevrálgico, a colonização, segundo a análise que estamos 
tentando, organiza-se no sentido de promover a primitiva acumulação capitalista 
nos quadros da economia europeia, ou noutros termos, estimular o processo 
burguês nos quadros da sociedade ocidental. É esse sentido profundo que articula 
todas as peças do sistema: assim em primeiro lugar, o regime do comércio se 
desenvolve nos quadros do exclusivo metropolitano: daí a produção colonial 
orientar-se para aqueles produtos indispensáveis ou complementares às economias 
centrais: enfim, a produção se organiza de molde a permitir o funcionamento global 
do sistema. Em outras palavras, não bastava produzir os produtos com procura 
crescente nos mercados europeus, era indispensável produzí-los de modo a que a 
sua comercialização promove estímulos à acumulação burguesa nas economias 
europeias. Não se tratava apenas de produzir para o comércio, mas para um forma 
especial de comércio -> o comércio colonial. 
- assim, desenvolveu-se a colonização do Novo Mundo centrada na produção de 
mercadorias-chaves destinadas ao mercado europeu, produção assente sobre 
formas várias de compulsão do trabalho – no limite, o escravismo; e a exploração 
colonial significava, em sua última instância, exploração do trabalho escravo. Assim, 
também os colonos metamorfosearam-se em senhores de escravos, assumindo a 
personagem que lhes destinara o grande teatro do mundo; nem é para admirar que 
desenvolvessem aquela volúpia pela dominação humana prêsa, às malhas do sistema. 
- a crise do sistrema é do seu próprio funcionamento que ela tem que provir, e não 
de fatores exógenos. Noutros termos, ao se desenvolver, o sistema colonial do 
Antigo Regime promove ao mesmo tempo os fatores de sua superação. 
- a dinâmica do conjunto da economia colonial é definida pelo setor exportador; em 
certas ciscunstâncias e áreas determinadas, o setor de subsistência pode adquirir 
certo vulto, como no caso da pecuária, e então se organiza em grandes 
propriedades, ou noutros casos, incorpora o regime escravista. 
 
Gorender – O Escravismo Colonial – Páginas 54 – 79 
Boxer - 
 
Segundo Gorender, a sociedade portuguesa ainda é medieval. Faz um crítica a essa 
sociedade, não ao seu modo de produção. 
Gorender já diz que há feudalismo na metrópole e na colônia, o modo de produção 
colonial. O seu objetivo é ressaltar os elementos presentes da sociedade 
portuguesa do século XVI e que diferenciaram sua atuação na colonização do 
Brasil. 
Partes do texto: 
a) Questão do termo feudalismo 
b) O feudalismo em Portugal 
c) A expansão ultramarina -> significância econômica-social 
d) Escravismo em Portugal 
e) Críticas 
 
- termo feudalismo: abordagem jurídico-política = relação de suserania/vassalagem 
-> acordo de prestação de auxílio militar -> utiliza a expressão “burguesia feudal”. 
 
Obs.: i) super-estrutura -> administração / sociedade / cultura / religião 
ii) infra-estrutura -> relação de produção / forças de produção 
 
se baseia em Dobb -> modo de produção <-> relação de produção -> servidão -> é 
uma obrigação imposta ao produtor pela coação, para que ele satisfaça certas 
exigências econômicas do senhor, sob forma de serviços ou de taxas em produto ou 
em dinheiro -> a forma padrão desta obsdervação é a corvéia -> imposto pelo qual o 
servo tem de entregar parte de sua produção para o senhor feudal. Às vezes, ele 
não tem como pagar, é obrigado a trabalhar alguns dias da semana na terra do 
senhor feudal. 
Definição do Gorender-> aceita a definição de Dobb, com 2 reparos: 
a) A servidão apresentou graus diferentes e não se restringia à servidão da 
gleba; 
b) A servidão não foi uma relação exclusiva do feudalismo e não se relaciona 
obrigatoriamente pelo feudo. 
Propriedade da terra -> desdobra-se em duas formas de direito: i) eminente -> do 
senhor feudal; ii) usufrutuário -> do camponês. 
A propriedade não é plena (alodial) para nenhum deles! A terra não é deles, nem o 
senhor feudal manda totalmente na terra, nem o camponês. 
Renda da terra -> pagamento pelo uso da terra. O senhor feudal absorve 
integralmente o sobreproduto gerado pelo camponês (excedente do produto). 
 
Formas básicas de organização da produção feudal: 
1) Pequena economia agrícola 
2) Pequeno ofício artesanal 
Posse comunal das pastagens e bosques -> constituem um complemento necessário à 
pequena produção portuguesa -> principalmente para animais. 
 
Em se tratando de trocas mercantis, o feudalismo é diferente de economia natural. 
O feudalismo tem, de alguma forma, uma mercantilização em grau limitado. 
- Feudalismo em Portugal: 
Alexandre Herculano e Gma Barros -> não houve uma época feudal 
X 
Gorender -> houve feudalismo enquanto modo de produção, porque houve servidão. 
-> Não existe a relação de suserania e vassalagem porque a formação do Estado 
Português foi diferente, peculiar (de acordo com Boxer) 
Forma do Estado a partir do século XII -> reconquista e luta contra os mouros -> 
isso impediu o aparecimento dos feudos. 
Um feudalismo peculiar, distinto das demais partes da Europa: 
a) Propriedades senhoriais sem soberania político-jurídica -> Portugal, desde 
muito cedo, valeu-se do direito romano (em tudo -> organização dos 
ministérios / conselhos municipais), o que tira o poder dos senhores feudais. 
b) Formas variadas de servidão 
c) Relação de força entre as classes 
d) Luta de classes -> muito intensa em todos os períodos 
Portanto: uma forma diferente de Feudalismo (Boxer) 
O interessante em Portugal é, saber o que o Rei faz após reconquistar as terras -> 
3 opções: i) doar as terras; ii) criar feudos (relação de suserania e vassalagem) ou, 
iii) centralizar. 
O Rei passa a ser o maior proprietário de terras, com o maior poder. O Rei de 
Portugal torna-se o senhor iminente de todas as coisas. 
A nobreza fundiária portuguesa não tem tanta força, como ocorre em outras 
localidades europeias. 
A partir de 732 -> início do processo de retomada da península ibérica. Incialmente 
um problema apenas ibérico, posteriormente, problema de toda a Europa Ocidental 
(todos os povos cristãos enviam tropas). 
Já no século XIII, Portugal já é um Estado unificado, enquanto que, ainda no século 
XV, a Espanha ainda não está unificada. 
Boxer -> a forma portuguesa de feudalismo foi determinada por: 
a) Guerras contra mouros e espanhóis 
b) Grau de desenvolvimento das forças produtivas 
Isso gerou -> fortalecimento do poder monárquico / unificação nacional / extinção 
da servidão da gleba 
Obs.: vemos relações mais fortes de servidão no Norte de Portugal do que no Sul. ‘ 
A produção portuguesa do século XIII -> é proveniente de pequenas explorações 
pertencentes a foreios enfiteutas ou emprazadores. 
a) Foreiro -> indivíduo sujeito ao pagamento de foro (quantia paga anualmente) 
-> é objeto de herança. Não pode retirar a pessoa da terra. 
b) Enfiteuta -> possuidor do direito pleno de gozo de um bem imóvel, mediante 
o pagamento de um foro, em dinheiro ou em frutos. O direito é real, 
alienável e transmissível aos herdeiros. 
c) Empazar = enfiteuta 
As terras indominicatas ocupam posição secundária (são muito pequenas) 
Terra indominicata = mansus indominicatus = reserva senhorial 
Prevalência da renda-produto -> variável entre 17% e 50% da produção -> 
associadas a outras formas de renda da terra. 
- renda-dinheiro (desafavorecida pela desvalorização da moeda) 
- renda-trabalho = 1 dia por semana 
 
Impostos e taxas no século XIII: 
a) Imposto sobre a produção pagos à classe senhorial (coroa, nobreza e clero); 
b) Tributos eclesiais (dizimo) 
c) Tributos sobre a alienação de enfiteutas: 50% a 12,5%; 
d) Tributos sobre instalações fixas de beneficiamento exclusivas da camada 
senhorial (direitos banais); 
e) Tributos sobre transportes e circulação de mercadorias 
Esse conjunto de impostos é o que, segundo Gorender, cacteriza a estrutura 
feudal. 
Armando de Castro -> uma porcentagem da renda feudal sobre a produção agrícola, 
na média, correspodiam a 27% do PNB no século XIV. 
Efeitos da precoce centralização monárquica dobre o feudalismo: 
a) Nobreza mais fraca comparativamente à Coroa e ao Clero -> nobreza tem ¼ 
da renda, é bastante numerosa e formada por senhores de pequenos 
domínios e fragmentados. Coroa e o Clero possuem rendas iguais -> o dobro 
da nobreza. Há uma transferência de renda da Coroa para a Nobreza. 
b) Artesanato tem um fraco desenvolvimento. Ausência de formas industriais 
pré-capitalistas de produção. 
c) Precoce aparecimento de uma burguesia rural (categoria social formada 
pelos cavaleiros-vilãos): servos enriquecidos -> encargos feudais eram mais 
leves e viviam da exploração de jornaleiros -> geram uma acumulação. 
Expansão ultramarina -> significado econômico social 
Pioneirismo -> fortalecimento da estrutura feudal existente em Portugal -> atraso 
no desenvolvimento do capitalismo. 
Ou seja, o pioneirismo teve um efeito contrário, não desenvolveu a industrialização. 
Obs.: crítica a tese de localização privilegiada de Caio Prado Jr. 
Revolução de Avis (1383 – 1385) -> questão sucessória que gerou a troca da cas 
reinante de Portugal -> influência da burguesia mercantil e rural junto à Coroa. 
D. João II (1481 – 1495) -> 1º rei absoluta da Europa -> coroa, nobreza e clero 
estão interessados na expansão, essa é inviável no continente. Feita na expansão 
ultramarina (é a única alternativa). 
Obs.: a nobreza e a burguesia já são a mesma pessoa! 
Atraso no desenvolvimento do capitalismo: 
A exploração colonial: 
a) Enriqueceu a burguesia 
b) Controle permaneceu com a Coroa -> aumento das rendas régias / aumento 
do parasitismo de nobres 
c) Enrijecimento das instituições feudais 
d) Inquisição -> instrumento da nobreza para: i) conter o fortalecimento 
econômico e político da burguesia; ii) defender a posição da classe. 
D. João III (1521 – 1557) -> inquisição (1536) -> perseguição da burguesia, 
conhecida como cristãos novos e criptos judeus. Portugal a via revolucionária do 
comércio. 
Portugal fez a política mercantilista do tipo inferior -> exemplo disso foi a 
exploração colonial -> com intermediação internacional, sem desenvolvimento de 
uma indústria de beneficiamento do produto colonials na metrópole. -> reduzida 
influência dos defensores portugueses da proteção à indústria nascente, como 
fizeram os franceses e ingleses. 
Exemplo -> i) Conde de Ericeira (1632 – 1690) -> tentativa de industrialização de 
Portugal -> resistência de interesses agrários saíram-se vitorisos com a assinatura 
do tratado de Methuen. 
ii) Marquês de Pombal (1699 – 1782) -> tentativa de uma política de 
idnustrialização de Portugal. O momento de fazer isso já tinha passado. Tem 
poucos efeitos, é uma política tardia em relação à outros países, que já estavam 
fazendo a Revolução Industrial. Essas medidas acabam quando D. Maria sobe ao 
trono, acaba com todas as medidas tomadas por Pombal. 
- Resultado sócio-econômico da expansão de Portugal -> Uma sociedade arcaica -> segundo 
comentário de A. J. Saraiva: “Poderia talvez, sem grande erro, comparar-se a Coroa 
portuguesa a uma organização monopolista cujos benefícios são distribuídos entre 
funcionários e acionistas, sob a forma de ordenados e dividendos, sendo que esses 
funcionários e acionistas não exercem uma atividade industrial ou comercial (...) Desta 
forma, se o Estado português do século XVI oferece esteriormente uma aparência 
moderna, na medida que é uma grande empresa econômica, por outro lado, eleassegura, no 
interior do país, a persistência de uma sociedade arcaica, na medida em que garante o 
domínio de uma classe tradicionalmente dominante, cujo espíriro está nas antípodas do 
burguês -> classe dominante que é o contrário do burguês. 
 
Partes importantes do texto -> Gorender – páginas 54 a 79 
A partir do século XV, na Europa, ocorre um processo de significação histórico-
mundial. Este processo desdobra-se nos seguintes aspectos: i) expansão comercial 
ultramarina entrelaça todos os continentes e cria, pela primeira vez, o mercado 
mundial, com uma divisão intercontinental da produção; ii) inicia-se e desenvolve-se 
o colonialismo da época moderna, com subordinação econômica e política, de áreas 
dos demais continentes à Europa Ocidental; iii) criação do mercado mundial e a 
exploração colonialista impulsionam a acumulação originária de capital e aceleram a 
formação do modo de produção capitalista num grupo de países do Ocidente 
europeu; iv) pela primeira vez, a história da humanidade torna-se universal. 
- no que se refere ao desenvolvimento econômico e social, os países não se 
distinguiam -> assemelhavam-se do ponto de vista das relações de produção 
dominantes e das forças produtivas, assemelhavam-se e integravam o mesmo 
conjunto civilizatório. 
- estrutura feudal -> mais tenas nos países ibéricos, o que foi acentuado pela 
própria participação pioneira na expansão ultramarina. 
- esclarecimento conceitual -> o termo feudalismo, diferentemente dos termos 
mercantilismo e capitalismo que se fundamentaram no aspecto econômico, deriva 
do feudo, indicando, pois em sentido estrito, uma forma de organização jurídico-
política ou, na terminologia marxista, um elemento da superestrutura -> 
consequência disso foi uma confusão semântica. 
- Dobb caracterizou o feudalismo como um modo de produção. Em consequência, 
caracterizou o feudalismo como um modo de produção cuja essência é a 
servidão. -> impõe-nos 2 adendos: i) o conceito de servidão deve admitir gradações 
e não se referir exclusivamente à servidão da gleba; ii) decorrente da observação 
de Engels, acerca de não constituir a servidão uma forma especificamente feudal. 
Quando se trata de feudalismo, tem-se em vista uma das modalidades de servidão. 
- feudalismo, sem conexão obrigatória com a existência de feudos, pode ser 
carcterizada pelas seguintes determinações essenciais: 
i) propriedade da terra -> apresenta-se desdobrada em direito eminente, do 
senhor feudal e direito usufrutuário, do camponês. A propriedade da terra não é 
plena para nenhum dos dois, no sentido alodial do direito romano ou do direito 
capitalista. Para o senhor, a propriedade da terra significa o privilégio titular de 
receber rendas sob diversas denominações. Para o camponês, a propriedade da 
terra não ultrapassa o direito de usá-la e de transmití-la por herança, com o 
acompanhamento obrigatório de encargos; 
ii) a renda da terra, em seu caráter típico, abosrve a totalidade do sobreproduto 
do usuário da terra, do produtor direto; 
iii) a pequena economia agrícola familiar e o pequeno ofício artesanal independentes 
constituem as formas básicas de organização da produção; 
iv) a posse comunal de pastagens e bosques representa complemento-necessário à 
pequena produção camponesa; 
v) a imposição dos encargos senhoriais é efetiva mediante coação extra-econômica 
(militar, jurídica, etc), variando da servidão da gleba à liberdade de deslocamento 
e de mudança contratual de senhrio. 
- a idéia de que o feudalismo se identifica com a economia natural absolutamente 
fechada é uma idéia falsa. O regime feudal comportou relações mercantis mais 
intensas do que o escravismo antigo. Porém, ainda assim, é um grau limitado de 
relações mercantis. -> o comércio não basta para desintegrar o modo de produção 
feudal. 
- no Estado português, se abstraírmos a propriedade senhorial da terra e 
encararmos o feudalismo como um modo de produção, de acordo com o 
esclarecimento conceitual, verificamos que há feudalismo, 
- Portugal identificou-se com a Europa feudal no que se refere ao surgimento da 
servidão da gleba e sua transição a modalidades de servidão menos coercitivas, 
bem como no que diz respeito à disposição das forças de classe e à luta de classes. 
O correto seria falar em “forma portuguesa de feudalismo”. 
- outra particularidade portuguesa consistiu no débil desenvolvimento do 
artesanato e na inesistência de formas precoces dan indústria capitalista. Em 
compensação, antecipa-se em Portugal a formação de uma camada de burgusia 
rural, os cavaleiros-vilãos. 
- desenvolveu-se também a burguesia mercantil, concentrada, sobretudo, nas 
cidades portuárias. Sem deixar de ser uma classe integrada no sistema feudal, 
vinculada por múltiplos canais à Coroa e à nobreza. 
- feudalismo -> regressão ou involução -> deriva da mitificação do mercado como 
motor do desenvolvimento econômico e da progressão qualitativa da vida social. 
- Weber -> o feudalismo europeu representou considerável ascenção do nível de 
vida, da produção e das próprias trocas mercantis com relação a Antiguidade 
Clássica. 
- Simplificação econômico-social da expansão ultramarina -> 2 questões a 
considerar: 
1) por que Portugal pode ser, e foi, o pioneiro da expansão ultramarina? -> surge 
logo a idéia de localização geográfica. Que esta localização tenah sido uma 
condição altamente vantajosa, não há dúvida. Cumpre explicar, todavia, por que 
sendo o fator geográfico inalterável, o empreendimento das navegações e dos 
outros descobrimentos se efetivou em momento dado e não outro qualquer. 
Explicação que somente se alcança na análise dos outros fatores-sociais. 
Ao iniciar o século XV, Portugal contava com algumas vantagens sumanamente 
preciosas em comparação com a generalidade dos países europeus. Enquanto estes 
continuavam emprenhados em executivas guerras internas e externas e alguns, 
como a Espanha, ainda estavam longe de completar sua unificação nacional, Portugal 
já dispunha de fronteirs definitivamente estabelecidas, estava isento de graves 
questões nacionais internas e contava com um poder estatal em de processo 
vigorosa centralização. 
Com objetivos econômicos diversos, nobreza e burguesia mercantil coincidiam no 
mesmo interesse expansionista. A experiência histórica já havia demonstrado a 
inviabilidade da expansão em direção ao continente europeu. A expansão oceânica 
em direção à África e à Ásia esteve dentro da lógica das coisas. 
2) por que, apesar desse pioneirismo, a sociedade portuguesa se atrasou 
enormemente no desenvolvimento capitalista com relação a outros países da Europa 
Ocidental? O fato do comércio exterior português constituir-se da exportação de 
produtos primários e da importação de produtos industrializados não se 
caracteriza uma condição de independência, se se considera o condicionalismo 
europeu da época. O grosso do consumo de artigos manufaturados ainda se 
satisfazia, por toda a parte, mediante a produção artesanal doméstica e não 
existia nenhuma potência industrial capaz de subjulgar países agrários unicamente 
por meio das trocas do comércio exterior. 
 
- organizada na rede de feitorias -> o monopólio dos produtos asiáticos e do tráfico 
de escravos africanos enriqueceu a burguesia mercantil, mas o controle de todo o 
empreendimento permanceu em mãos da Coroa. 
Afluiu ao tesouro régio enorme receita, a qual se redistribuía pela nobreza e 
reforçava seu parasitismo. Ao mesmo tempo, reforçavam-se as posições 
econômicas e sociais da burguesia mercantil. A esta contradição reagiu a classe 
dominante com o enrijecimento da ordem institucional feudal e para tanto se valeu 
do isntrumento político da inquisição. 
A inquisição se caracterizou pela repressão da burguesia mercantil, confundida 
com os chamados cristãos-novos ou cripto-judeus. Dessa maneira, bloqueou-se na 
sociedade portuguesa uma das vias possíveis do desenvolvimento capitalista, 
embora não revolucionária e conservadora, comoassinalou Marx, e que consistiria 
na introdução dos capitais acumulados pela burguesia mercantil no processo interno 
da produção. Mais ainda, está claro, ficou afastada a outra via, autenticamente 
revolucionária, da formação endógena da burguesia industrial a partir dos mestres 
artesãos. 
Nos países ibéricos, a exploração colonialista não favoreceu, mas obstacularizou o 
desenvolvimento do modo de produção capitalista. -> durante séculos, o Estado 
português praticou um mercantilismo do tipo inferior e não evoluía no sentido de 
protecionismo da indústria. O tratodo de Methuen marcou o triunfo dos interesses 
agrários opostos à industrialização. 
- Primórdios da conexão de Portugal com a escravidão moderna: 
O trabalho escravo não foi desconhecido na sociedade portuguesa medieval; 
Os portugueses tornaram-se os pioneiros de novo tipo de tráfico na História 
Moderna, momentaneamente com uma tríplice destinação. Em primeiro lugar, a 
Coroa e os traficantes concessionários obtiveram uma fonte de grandes lucros na 
venda dos negros à Espanha, Itália e aos donos das plantagens produtoras de 
açúcar na ilhas mediterrâneas. Em segundo lugar, os portugueses desenvolveram 
suas próprias plantagens na Ilhas da Madeira e de São Tomé eno arquipélago de 
Açores. -> experiência da organização plantacionista, do fabrico do açúcar e da 
exploração do trabalho escravo. 
 
Revivência do trabalho escravo decorreu de 2 causas: i) estrutural -> demonstra, 
como comprova, a rigidez que ainda conservava a ordem feudal dominante. 
Precisamente, porque persistiam os vínculos do campesinato à terra dominical, 
ficava impedido a formação de um mercado capitalista de mão-de-obra. 
ii) trabalho escravo surgiu como recurso substitutivo dos escassos jornaleiros, 
também recrutados à força. Compensação parcial de perda populacional. 
 
Aula 30/03/2011 – Fernando Novais capítulos 1 a 4 
 
1. o êxito da empresa açucareira no Brasil é um sucesso comparado ao que aconteceu na 
produção na Ilha da Madeira. 
Na Ilha da Madeira, observamos um crescimento na produção, porém, também temos uma 
forte queda no preço, indicando que a o mercado não absorvia toda a produção de açucara. 
Assim, a Coroa portuguesa limitou a produção e determinou que 2/3 da mesma deveria ser 
distribuída pelos holandeses. 
O sucesso brasileiro vem do Brasil ter conseguido aumentar a sua produção e continuar a 
exportar açúcar a preços constantes e/ou crescentes -> entendido o sucesso, começa-se a 
discutir os fatores do êxito da produção açucareira, que são divididos em 2 grandes blocos: 
i) quantidades crescentes e ii) preços constantes/crescentes. 
2. Tesouro Americano e Decadência econômica na Espanha: 
Mercado pela precoce descoberta de metais na colônia (principalmente no México e no 
Peru). Assim, a política colonial espanhola era marcada: 
i) Extrair metais com uso de mão-de-obra indígena, esses indígenas já sabiam extrair 
metal, já tinham técnicas para isso. 
Também incentivou a Espanha a utilizar mão-de-obra indígena, a Espanha não ter uma zona 
africana de abastecimento de mão-de-obra escrava e a população indígena ser muito 
numerosa. 
ii) Tornar as colônias o mais auto-suficiente possível (artesanato local) -> permite que, 
nas áreas onde não é encontrado metal precioso, ocorra um desenvolvimento co artesanato, 
Para a Espanha, o comércio colonial não tem tanto problema quanto teria para Portugal. O 
excedente é extraído da colônia através dos pesados impostos e do monopólio do mercúrio 
(utilizado para extrair a prata) -> mecanismo básico de extração de excedente na 
Espanha 
iii) Defesa unicamente das áreas de extração (-> gerou a perda das Antilhas) -> isso 
gera um crescimento do poder econômico do Estado Espanhol (o que cresce são as rendas 
públicas). Gerando um aumento dos gastos públicos e aumento dos gastos privados 
subsidiados pelo governo. Gerando uma maior demanda e um aumento nos preços internos 
(“revolução dos preços” -> na Espanha, os preços crescem muito mais rapidamente do que 
nos outros países europeus.) 
Obs.: o auge da entrada de metais na Espanha é o período entre 1590 e 1610, período o qual 
Portugal está sob domínio Ibérico. 
Com o forte aumento de preços na Espanha, há uma alteração relativa de preços na 
Espanha, passando a ser mais barato importar do que produzir internamente. Portanto, a 
importação aumenta muito, enquanto a exportação quase não cresce. Isso gera um déficit 
na balança comercial espanhola. Enquanto o Estado recebe bastante prata. 
Vale lembrar que boa parte do tesouro espanhol vaza para outros países sob a forma de 
pagamento comercial. 
Obs.: a nobreza e o clero espanhol sempre tiveram muito mais prestígio junto à Coroa do 
que a nobreza e o clero portugueses. 
Com o afluxo do ouro, a nobreza e a Coroa se fortalecem ainda mais, em detrimento da 
classe burguesa. Isso é importante quando o volume de metais recebidos na Espanha 
diminui. 
Para Celso Furtado, caso os setores manufatureiros fossem mais fortes (importantes), as 
áreas que não produzissem metais, não poderiam produzir visando o consumo local, tendo 
que produzir algum produto voltado para exportação. Dessa forma, o produto que muito 
provavelmente seria produzido é a cana-de-açúcar, sendo concorrente do açúcar brasileiro. 
Obs.: outro fator para a Espanha não produzir açúcar é que os espanhóis já tinham 
dizimado a população local, assim, não tinham braços para a mão-de-obra (problema com 
mão-de-obra). 
Após a decadência da mineração, ocorre um eesfalecimento das áreas mineratórias. A 
decadência gerou uma força centrífuga (para fora) das pessoas. 
O importante, tanto para o caso espanhol, quanto para o caso português, é a questão do 
artesanato. Ao permitir o desenvolvimento do artesanato (ex. tecido) nas colônias 
espanholas -> mostra que a Espanha já possuía manufaturas dentro do país, que poderiam 
fornecer produtos para o consumo tanto local quanto das áreas mineradoras. 
Já no caso brasileiro, não tinha como haver um desenvolvimento de manufaturas uma vez 
que a mão-de-obra aqui não não era desenvolvida. 
 
Os espanhóis já teriam desenvolvido o açúcar (técnicas, logísticas, etc)? 
i) Já havia produção de açúcar em terras espanholas (Andaluzia, Canárias, Haiti) 
A produção do Haiti teve início em 1506 (muito antes do Martin Afonso ir para o Brasil); já 
em 1520 havia aproximadamente 20 engenhos, em 1550, aproximadamente 40 engenhos. 
Porém, na 2ª metade do século XVI, observamos um abandono da produção, ocorre um 
êxodo para as regiões mineradoras. (1º argumento para não ter produção açucareira). 
Como já havia produção açucareira em Andaluzia e, a colônia não pode concorrer com a 
metrópole, a produção na América Espanhola não é estimulada. 
ii) Localização: as colônias espanholas eram melhor localizadas do que as colônias 
portuguesas, tendo assim um menor custo de transporte, numa eventual produção 
açucareira. 
iii) Maior população -> maior mercado: o mercado interno espanhol era muito maior do 
que o mercado interno português. (na Espanha cerca de 7 milhões de habitantes, já em 
Portugal, cerca de 1,4 milhões de habitantes). 
iv) Disponibilidade maior de recursos financeiros entre os espanhóis do que os 
portugueses -> esses recursos poderiam ser utilizados numa eventual produção açucareira. 
Além de ter uma população maior, o poder aquisitivo dessa população também era maior do 
que o da população portuguesa. 
 
Como esses recursos não foram utilizados para a colonização agrícola e, uma boa parte 
desses recursos foram gastos (déficit comercial). Disponibilidade de recursos financeiros 
(época do ouro na Espanha de Felipe II – 1556 – 1598) -> construções gigantes e a 
formação da invencível armada que, posteriormente, foi destruída pela Inglaterra. 
Essa destruição foi bastante grave para a Espanha, uma vez que era uma talassocracia, 
dependendo bastante de uma armada importante. 
Como a Espanha, que tinha todas as características para iniciar a produção açucareira,não 
iniciou. Portugal ficou com o monopólio. 
 
União Ibérica (1580 – 1640) -> por um problema de sucessão, a Coroa Portuguesa passa 
para a Espanha. Há uma alteração no quadro político-econômico, dentro do qual se 
engedram as circunstâncias favoráveis ao êxito da atividade açucareira. 
i) Participação dos holandeses -> além do problema estratégico, havia também um 
problema religioso. 
Primeira medida dos espanhóis -> tentativa de tirar os holandeses do negócio. A 
participação dos holandeses no negócio do açúcar brasileiro era decisiva para: 
a) atrair investimentos em diversos engenhos; b) transportar o produto para a 
Europa; c) distribuição do açúcar na Europa -> essas eram atividades altamente 
lucrativas. 
 
ii) Invasão holandesa das zonas produtoras -> a) Bahia (1624 – 1625), a esquadra 
era insuficiente. Conquistou, porém não conseguiu manter território. B) PE 
(1630 – 1654), teve sucesso. Esse longo período permitiu aos holandeses 
adquirirem as técnicas de produção do açúcar. Levando assim, para o Caribe. 
Dessa forma, quebram o monopólio português (que é a 2ª condição para 
existência da produção açucareira portuguesa). 
As empreitadas de invasão são feitas por uma empresa privada. Os holandeses 
só invadem mais tarde pois havia uma séries de acordos de não-agressão. Isso 
também vale para outras colônias portuguesas nas Índias e na África. 
 
iii) Ocupação do Caribe -> é uma das áreas menos protegidas do território 
espanhol. O açúcar é introduzido nas pequenas Antilhas. Somente no século 
XVIII chega nas grandes Antilhas. 
Pequenas Antilhas -> pequenos militares para posse + pequenos produtores que 
não tinham dado certo na produção de gêneros tropicais -> holandeses chegam 
oferecendo técnica, financiamento, transporte e distribuição. As regiões só 
oferecem as terras e o trabalho (o que elas já tinham) -> são economicamente 
viabilizadas. 
Obs.: nessas ilhas, devido ao pequeno porte, há problemas com matéria-prima 
(madeira etc), a produção é menor. 
 
iv) Mercado açucareiro em fins do século XVII -> concorrência do Brasil x Holanda 
x Inglaterra x França 
2ª metade do século XVII -> Português x Inglês 
 
v) Aparecimento de um concorrente (3º quarto do século XVII): 
a) queda de 505 no volume exportado 
b) queda de 50% no preço internacional, e esse manteve-se baixo até o século 
XVIII. 
Redução da rentabilidade da atividade açucareira, cuja renda real ficou 
reduzida a ¼ e depreciação da moeda portuguesa na mesma porcentagem em 
relação ao ouro. 
Esse período é, em Portugal, um período de crise econômica -> o principal 
produto exportador não está bem. 
 
vi) Criação do complexo econômico açucareiro -> Antilhas -> colônias de povoamento 
são beneficiadas pois elas são as fornecedoras de produtos para as Antilhas. 
Robert Simonsen e os efeitos da desvalorização cambial -> desvalorização 
cambial como um meio de beneficiar os produtos coloniais: a influência 
recíproca entre o comércio e o câmbio português é manifestada para fazer face 
ao declínio dos preços no final do século XVII, proporcionou ao governo 
português uma compensação para os lavradores com a quebra da moeda. 
Esse benefício acabou quando se iniciou a extração de ouro no século XVIII -> 
início de um período de dificuldades para a produção açucareira colonial -> a 
mineração, torna o próprio ouro o principal objeto do comércio no século XVIII. 
Faz com que neste período a linha cambial de conservasse horizontal, não 
podendo mais o açúcar gozar da defesa pelo câmbio. 
A situação do açúcar vai se tornar ainda mais complicada pois, além do problema 
de receita, passa a ter um problema de custo -> há dois focos de demanda de 
escravo: açúcar e mineração. 
 
Furtado -> sobre a (não) transferência de renda: 
i) Se Portugal fosse o principal abastecedor da colônia, o efeito de “b” seria uma 
transferência de renda real; 
 
ii) Contudo, como: 
a) As manufaturas importadas pelo Brasil são procedentes de outros países europeus; 
b) os produtos de origem portuguesa (sal, azeite, vinho, etc) são os mesmos que 
Portugal exporta para outros países. 
As importações coloniais tinham seus preços fixados em ouro, logo, a depreciação não 
promoveu uma transferência de renda em favor da colônia. 
 
Partes importantes do texto – Celso Furtado – Capítulos 1 a 4 
Capítulo 1 – Da expansão comercial à empresa agrícola 
- ocupação das terras amercianas -> episódio da expansão comercial da Europa 
- a legenda de riquezas inapreciáveis ppor descobrir corre a Europa e suscita um enorme 
interesse pelas novas terras -> contropõe Portugal e Espanha, “donos” das terras, às demais 
nações europeias. 
- início da ocupação econômica no território brasileiro é em boa medida uma consequência 
da pressão política exercida sobre Portugal e Espanha pelas demais nações europeias -> só 
tinha direito à terra se essa fosse ocupada. 
- miragem do ouro, que se tinha sobre o interior do Brasil, pesou na decisão tomada de 
realizar um esforço relativamente grande para conservar as terras americanas. 
- a Espanha, cujos recursos eram incoparavelmente superiores, teve que ceder à pressão 
dos invasores em grande parte das terras que lhe cabiam. -> para torna mais efetiva a 
defesa de seu quinhão, foi necessário reduzir o perímetro da terra. 
- coube a Portugal a tarefa de encontrar uma forma de utilização econômica das terras 
americanas que não fosse a fácil extração de metais preciosas. Somente assim seria 
possível cobrir os gastos de defesa das terras. -> dessas medidas resultou o início da 
exploração agrícola. A América passa a constituir parte importante da economia 
reprodutiva europeia. 
 
Capítulo 2 – Fatores de êxito da empresa agrícola 
- conjunto de fatores particularmente favoráveis tornou possível o êxito dessa primeira 
grande empresa colonial agrícola. Os portugueses já haviam iniciado há algumas dezenas de 
anos a produção, em escala relativamente grande, nas ilhas do Atlântico, de um das 
especiarias mais apreciadas no mercado europeu: o açúcar 
- a produção de açúcar fomentou o desenvolvimento em Portugal da indústria de 
equipamentos para engenhos açucareiros 
- a significação maior da experiência das ilhas do atlântico foi possivelmente no campo 
comercial -> inicialmente, o açúcar entrou nos canais tradicionais controlados pelos 
comerciantes das cidades italianas. -> crise de super-produção dessa época indica 
claramente que nas áreas comerciais estabelecidas tradicionalmente pelas cidades 
mediterrâneas o açúcar não podia ser absorvido senão em escala relativamente limitada. -> 
assim, desde cedo, a produção portuguesa passa a ser encaminhada em proporção 
considerável para Flandres. 
- os flamengos recolhiam o produto em Lisboa, refinavam-no e faziam a distribuição por 
toda a Europa, particularmente o Báltico, a França e a Inglaterra. 
- a contribuição dos flamengos para a grande expansão do século XVI, constitui um fator 
fundamental do êxito da colonização do Brasil. -> especializados no comércio intra-europeu. 
- partes substanciais dos capitais requeridos pela empresa açucareira viera dos países 
baixos. -> capitais flamengos participaram do financiamento das instituições produtivas no 
Brasil, bem como no da importação da mão-de-obra escrava. 
- problema da mão-de-obra -> nessa época, os portugueses já eram senhores de um 
completo conhecimento do mercado africano de escravos. -> com recursos suficientes, 
seria possível ampliar esse negócio e organizar a trasnferência para a nova colônia agrícola 
de mão-de-obra barata, sem a qual ela seria economicamente inviável. 
- conjunto de circunstâncias favoráveis sem o qual a empresa não teria conhecido o enorme 
êxito que alcançou. 
- quando se modifica a relação de forças na Europa com o predomínio das nações excluídas 
da América pelo Tratado de Tordesilhas, Portugal já havia avançado enormemente na 
ocupação efetiva da parte que lhe coubera. 
 
Capítulo 3 – Razões do Monopólio 
- a política espanhola estava

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