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Saude do Trabalhadors

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SAÚDE DO TRABALHADOR
6.1 TRABALHO x SAÚDE x DOENÇA
(Maria Batista de Deus)
6.1.1 – PROCESSO DE PRODUÇÃO E PROCESSO DE TRABALHO
		
O trabalho é uma necessidade natural eterna, ou seja, um processo entre o homem e a natureza que está determinado pela forma concreta em que se dá a produção, distribuição, intercâmbio e consumo dos meios de vida pelos diferentes grupos humanos.
		
Sem o trabalho do homem não há transformação da natureza em produtos úteis aos homens. Sem meios de produção, o homem não pode trabalhar. Segundo Gramsci, o trabalho é a própria forma do ser humano participar ativamente na vida da natureza, a fim de a transformar e sociabilizar.
		
	De acordo com OLIVEIRA apud SANTOS (1992), a história do trabalho começa quando o homem busca os meios de satisfazer suas necessidades - a produção da vida material. Essa busca se reproduz historicamente em toda a ação humana para que o indivíduo possa continuar sobrevivendo. Na medida em que a satisfação é atingida, ampliam-se as necessidades a outros homens e criam-se as Relações Sociais, que determinam condição histórica do trabalho. As Relações Sociais de Produção são aquelas que se estabelecem entre os homens, dado a propriedade privada dos meios de produção
		 
6.1.2 – O TRABALHO NA SOCIEDADE CAPITALISTA
	No século XVI e XVII os camponeses são submetidos a um processo de expropriação dos instrumentos de trabalho e da terra. Diante dessa situação, para sobreviver e reproduzir a espécie, os trabalhadores são obrigados a vender sua força de trabalho a burguesia, dona dos meios de produção. Nesse processo passa a depender do salário, para satisfazer suas necessidades vitais ( habitação, alimentacão, saúde, transporte, saneamento, educação etc..) e necessidades sociais ( lazer.. .)
	 
 	As transformações do processo de trabalho no capitalismo expressam a necessidade de ampliar constantemente a produtividade tendo em vista a acumulação do capital, ao mesmo tempo que procuram enfrentar a resistência dos trabalhadores para que a própria acumulação se efetive. 		
	
 	O advento do capitalismo transforma radicalmente a relação do homem com a natureza e dos homens entre si, possibilitando a apropriação privada dos meios de produção apenas por uma parte da sociedade , a exploração do trabalho de segmentos significativos da população, e consequentemente, a apropriação por parte dos proprietários dos meios de produção do trabalho excedente realizado pelos trabalhadores. ( CONH e MARSIGLIA, 1994).
	Dessa forma, a acumulação de capital demanda:
O controle do processo de trabalho para que o trabalhador produza através de formas cada vez mais avançadas de divisão do trabalho. Este controle é obtido separando-se as tarefas de concepção das de execução do trabalho, e portanto desqualificando o trabalhador ao expropriá-lo de seu “saber fazer”, transferindo seu conhecimento e iniciativa para a máquina.
O incremento da produtividade do trabalho, desenvolvendo para isto os instrumentos de trabalho.
Assim sendo, para analisar os diferentes processos de trabalho que se desenvolvem no interior da ordem capitalista faz-se necessário estudar, em cada etapa, a divisão e organização do trabalho, bem como as características da tecnologia empregada.
		
	Segundo MARX, apud FACCHINI 1994), o processo de trabalho capitalista possui um duplo caráter, abstrato por um lado e concreto por outro. O primeiro, como processo de valorização, ou seja, modo de acumulação; e o segundo como processo técnico, ou seja, como modo de produzir mercadorias. 
	Processo de Trabalho é entendido como resultado da combinação do objeto, dos meios de produção, da força de trabalho e do produto por ele gerado. O objeto é a matéria – prima com que se trabalha; os meios de trabalho são os instrumentos que o homem utiliza; a força de trabalho é a energia física e mental gasta durante o processo de trabalho e o produto é o valor criado pelo trabalhador. É o valor de uso.
	Marx apud COHN(1994), aponta três momentos bem característico do processo de trabalho na história do modo de produção capitalista:
1. Cooperação Simples - trabalhador executa tarefas variadas correspondente às do artesão. Mantém-se preservada a unidade de concepção e a execução do trabalho pois o controle capitalista se dá pela apropriação dos meios de produção e não pelo saber do trabalhador.
2. Manufatura - Os ofícios são decompostos em várias atividades e cada trabalhador realiza tarefas parcializadas. Aqui ocorre a separação entre a concepção e execução do trabalho. O trabalho parcializado combina os trabalhos individualizados para compor um trabalho coletivo. Há redução de “tempos mortos” e consequentemente maior produtividade. O controle se dá sob a forma de gerência ou supervisores.
3. Maquinaria – a máquina substitui as ferramentas artesanais e a fonte energética deixa de ser a força humana. O trabalhador desqualifica-se ainda mais. Dependendo da máquina o trabalhador mantém algum controle, em outras o trabalhador torna-se objeto da produção, obedecendo aos movimento da máquina. Nesse caso ocorre o incentivo à produtividade. Nesse momento se dá o trabalho alienante que passa a ser ditado pela máquina.
 	No caso da Automação, a participação do trabalhador no processo de produção restringe-se às funções de vigilância. No entanto, faz-se necessários outros trabalhadores com maior qualificação como os eletricistas, soldadores etc. que vão efetuar a manutenção da máquina.
6.1.3 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO PROCESSO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
	Destaca-se três dimensões relativas ao processo do trabalho que repercutem na organização do trabalho propriamente dita:
Divisão do trabalho intelectual e trabalho manual: de concepção e execução do trabalho;
Controle hierárquico – a disciplina é essencial para que o capital possa alocar os trabalhos, implementar velocidade e intensidade.
Fragmentação/ Desqualificação – tarefas simples e repetitivas, gerando monotonia.
6.1.4 – ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
	O processo de produção, absorvendo uma determinada tecnologia e exigindo uma divisão técnica do trabalho, vai crescentemente impondo a economia de tempo na execução das tarefas como elemento essencial para garantir a produtividade. Surgem e aperfeiçoam-se as técnicas de organização que transformam as relações sociais no interior da produção em objeto de técnicas específicas: coordenação, planejamento, finanças, marketing, material e métodos, gerência, administração, recursos humanos etc., para as quais o aporte das ciências humanas é significativo. 
	A organização científica do trabalho nos moldes de TAYLOR e FORD estabelece separação entre concepção e execução do trabalho, sendo este dividido em várias fases que se sucedem e são determinadas pelas operações da máquina, convertendo o trabalhador, de sujeito em objeto da produção. 
O trabalho em sí, não é nocivo a saúde física e mental, o que torna com esta característica é a forma como ele está organizado pelo próprio homem. Por esta razão os trabalhadores através de seus sindicatos vão se organizar e desenvolver contraposições a organização capitalista, lutando pela melhoria das condições de trabalho e vida, através da formação de :
Delegados de Fábricas na Inglaterra
Comissões de Fábrica na Itália
Representação Sindical na empresa
Sovietes na Rússia.
	Onde começa o conflito entre Capital e o Trabalho na organização capitalista ? Na própria relação social de produção, que se dá entre os proprietários dos meios de produção e expropriados de qualquer meio de produção e de sobrevivência, a não ser a força de trabalho livre. 
	 Pode-se citar três fontes básicas que geram esses conflitos:
a) Relações contraditórias entre o proprietários e expropriados.
c) Na produção de mais valia (apropriaçãoprivada de uma produção social)
d) Na forma de organização e controle do trabalho baseado na dominação e alienação.
	Na busca de minimizar esses conflitos, foram desenvolvidos teorias e métodos administrativos que viessem promover a motivação. A ênfase na motivação para o trabalho leva ao desenvolvimento de nova reorganização de trabalho, com vistas a assegurar a satisfação das necessidades sociais. Nesse aspecto, pode-se citar o enriquecimento de tarefas, cuja finalidade é:
Descentralização das decisões
Delegação da autoridade e participação do representante sindical, comissões etc.
 Para alguns estudiosos, o enriquecimento de tarefas é mais uma estratégia gerencial de manutenção sobre o processo de trabalho. Tendo surgido para contrabalançar a resistência operária e não para dar sentido integral a tarefa. É apenas um reagrupamento de trabalho desqualificados ou tarefas parceladas e ainda pode levar a competitividade entre pequenos grupos.
6.1.5 – PROCESSO DE TRABALHO, SAÚDE E DOENÇA
				
 Para entender as repercussões do processo de trabalho sobre a saúde do trabalhador, é preciso distinguir a diferença entre condições de trabalho e organização de trabalho.
Condições de Trabalho dizem respeito às condições físicas, químicas e biológicas do ambiente de trabalho .
Organização do trabalho diz respeito à divisão técnica e social do trabalho – à hierarquia interna dos trabalhadores, ao controle por parte da empresa do ritmo e pausas de trabalho e padrão de sociabilidade interna – e repercute sobre a saúde mental do trabalhador, causando sofrimento psíquico, doenças mentais e físicas.
	 A situação de saúde do trabalhador brasileiro é, hoje, marcada por péssimas condições de vida e de trabalho, expressas nas altas taxas de mortalidade e por doenças transmissíveis, intoxicações por agrotóxicos, acidentes de trabalho e doenças devido a exposição à agentes físicos, químicos, biológicos e pela organização de trabalho (ocupações repetitivas, alienantes e estressantes) . Deste modo, pode se considerar que os condicionantes básicos do processo saúde/enfermidade do trabalhador são as CONDIÇÕES DE VIDA, as RELAÇÕES DE TRABALHO e o PROCESSO DE TRABALHO.
	É importante lembrar que as condições gerais de vida são aquelas condições propiciadas pelo padrão e volume dos bens de consumo coletivo oferecido pelo Estado (transporte, saneamento, assistência médica, segurança social) consumo individualizado, que é obtido pelo salário (alimentação, vestuário, lazer e etc.). Enquanto, as relações de trabalho são aquelas que se estabelecem entre os homens pelas relações de propriedade dos meios de produção. A exemplo é a relação capitalista, onde o capitalista é o dono dos meios de produção.
	
Para compreender o processo saúde/doença ocupacional, deve-se esclarecer como se dá o PROCESSO DE TRABALHO e conhecer a situação que leva ao desgaste por exposição à agentes nocivos à saúde, durante o desempenho da atividade laboral.
O conceito de saúde caracteriza-se como um direito fundamental do ser humano, tendo como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens de consumo e serviços essenciais. Os níveis de saúde da população expressam a organização econômica e social do país.
O processo saúde/doença é determinado pelo modo como o homem se apropria da natureza em um dado momento, apropriação que se realiza por meio do processo de trabalho baseado em determinado desenvolvimento das força produtivas e relações sociais de produção. 
Na manufatura, o corpo produtivo é integrado por trabalhadores parciais e unilaterais, criando-se as doenças profissionais resultantes do esforço muscular, posições incômodas e movimentos repetidos.
Na grande indústria (maquinofatura) ocorrem modificações nas patologias como o aparecimento da silicose, benzenismo, intoxicações por metais pesados (chumbo, mercúrio) e substâncias tóxicas, acidentes, entre outros, que são caracterizados como doenças industriais. A passagem da manufatura para a grande indústria, provoca mudança na patologia, desaparecendo do quadro epidemiológico as deformações corporais e aparecendo como dominantes as desordens mentais com alterações funcionais de difícil definição.
A Organização Moderna do Trabalho atua na gênese da fadiga e do sofrimento mental através de vários aspectos: jornadas de trabalho prolongadas; trabalho em turno noturno; ritmos acelerados de produção; pressão hierárquica; inexistência de pausa; fragmentação das tarefas; etc.
As novas doenças surgem devido a separação entre atividade física e mental – doença psicossomáticas – que podem levar a doença coronarianas, úlceras, etc. O que se observa com o advento da máquina, é uma diminuição da livre atividade corpórea e espiritual e aparecimento de desordens mentais.
O estudo da fadiga, no primeiro momento, surge para explicar os efeitos nocivos da ampliação da jornada de trabalho, isto é, da produção baseada na mais-valia absoluta. Já nos anos 60, a fadiga se caracterizava por situações que exigiam concentração e atenção. Na década de 70, a fadiga é vista como condição psicossocial, apresentando-se generalizada e crônica. Esta concepção se relaciona a inutilidade e falta de sentido do trabalho, que está centrada na organização.
Apesar do trabalho parcelado se apresentar simples, porém implica em atividade mental pela atenção e concentração que exige a tarefa. Esse parcelamento associado a monotonia e repetitividade, conduza uma sobrecarga mental, que se expressa pelos seguintes sintomas:
problemas de humor;
sensação de esgotamento físico permanente;
diminuição da capacidade de atenção e interesse;
perda de memória;
dificuldades de leitura;
distúrbios do sono, de digestão, estresse, entre outros.
 
 Falar em organização do trabalho implica em falar na relação capital trabalho. De um lado o capital busca disciplinar e controlar os trabalhadores para garantir a reprodução das relações sociais de produção e do outro, os trabalhadores resistem a esse controle e se organizam através dos seus sindicatos, organizações trabalhistas, greves e de resistências no interior das próprias empresas.
6.1.6 – BREVE HISTÓRICO SOBRE A MEDICINA DO TRABALHO/SAÚDE OCUPACIONAL/SAÚDE DOTRABALHADOR
		O estudo sobre as doenças do trabalho começa com Bernardino Ramazzi por volta de 1700 enquanto a Medicina do Trabalho surge na Inglaterra na 1a. metade do século XX, com a Revolução Industrial. Esse serviço é dirigido sob a responsabilidade de um médico(centrado na figura do médico), com a finalidade de prevenir os danos à saúde resultantes dos riscos do trabalho. Essa intervenção se dá sob pena de tornar inviável a sobrevivência e reprodução do próprio processo de produção. No entanto, o maior objetivo é:
dar soluções aos problemas de saúde causados pelo ambiente de trabalho;
atender aos interesses do capital em manter a dependência do trabalhador e sua família ao Serviço Médico da Empresa;
controlar a força de trabalho 
Na Inglaterra, durante a revolução industrial (1750-1850), os trabalhadores
eram explorados de forma tão desumana e perversa, nas indústrias nascentes, que os ecos das revoltas operárias mobilizam a vida social londrina e alcançam o parlamento. A partir de então o poder legislativo elabora leis direcionadas a minimizar os danos ocupacionais que deterioravam a força de trabalho.(FACCHINI, 1994).
		
	As lutas dos trabalhadores por melhores condições de trabalho continuam e a preocupação por prover serviços médicos aos trabalhadores se faz refletir no âmbito Internacional através da criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1919 – órgão tripartite, ou seja com representações dos trabalhadores, do patronato e do Estado. Esse órgão discute e recomenda normas de proteção à saúdedos trabalhadores.
	Em 1953 com recomendações nº 97 normatiza a “Proteção da Saúde dos Trabalhadores” a qual fomenta a formação de médicos qualificados em Medicina do Trabalho. Em 1958 com a Recomendação nº 112 é designado o SMT(Serviço de Medicina do Trabalho) nos locais de trabalho.. Com essa responsabilidade confere-se ao médico um caráter de ONIPOTÊNCIA. Influencia do pensamento positivista.
 
 O Serviço de Medicina do Trabalho destinava-se a assegurar proteção aos trabalhadores, contribuir para sua adaptação física e mental ao trabalho, segundo suas aptidões, entre outras normas. Na verdade, a atuação do médico limitava-se à seleção de candidatos a emprego e à tentativa de adaptar os trabalhadores às suas condições de trabalho, através de atividades educativas. 
		
 A situação deixada com a guerra, o custo provocado por perdas de vidas, por acidentes e doenças do trabalho passou a ser percebido pelos empregadores e pelas companhias de seguro, devido ao alto índice de indenizações pagas por incapacidades e acidentes. Diante disso, a Medicina do Trabalho se vê impotente, crescem a insatisfação e o questionamento dos trabalhadores e dos empregadores diante da situação e então surge a SAÚDE OCUPACIONAL, cuja característica é a multi e interdisciplinaridade. O objetivo da Saúde Ocupacional é intervir sobre o ambiente de trabalho com o fim de controlar os riscos. Agora os problemas passam a ser enfocados sob o ângulo médico-epidemiológico. 
	No Brasil, a adoção e o desenvolvimento da Saúde Ocupacional deram-se tardiamente. Destaca-se cursos de pós-graduação pela Universidade de São Paulo (USP), criação da FUNDACENTRO ( Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho). Na Legislação destaca-se a regulamentação do Capitulo V da CLT e da Norma Regulamentadora –NR para controlar e avaliar quantitativamente os riscos ambientais e adoção dos “Limites de Tolerância” O modelo da Saúde Ocupacional mantém o referencial na medicina do trabalho firmado no mecanicismo.
	Por volta dos anos 60 os movimentos sociais surgidos nos países industrializado ( Alemanha, França, Itália, Inglaterra, Estados Unidos etc..) questiona sobre o sentido da vida, o valor da liberdade, o significado do trabalho, o uso do corpo e que levam a participação dos trabalhadores quanto às questões de saúde e segurança. As mudanças sociais acabaram por transformar em LEI certos princípios fundamentais defendidos pelo movimento dos trabalhadores como:
não delegação da vigilância da saúde ao saber médico
não monetarização do risco (não interessava o adicional de insalubridade )
validação do saber do trabalhador
melhoramento das condições do trabalho
direito a informação sobre sua saúde ( a questão da ética médica)
realização de estudos e pesquisas.
Com a evolução da tecnologia industrial, a Saúde Ocupacional não deu conta de intervir no processo de trabalho, pois a prática assistencial nas empresas tinha na verdade, o não interesse de oferecer um melhor atendimento ao trabalhador, mas:
propiciar seleção de pessoal para diminuir o absenteísmo, aumento da produção, diminuição dos gastos com obrigações sociais;
controlar o absenteísmo da força de trabalho já empregada, quando adoecer, faltar ou licenciar-se;
rápida reposição da força de trabalho;
desenvolver uma política de atendimento sem fila e sem gastos individuais (um médico para todos).
O desenvolvimento industrial trouxe consigo avanços e trouxe também riscos e agravos à saúde, através de novos equipamentos, novos processo e novos produtos químicos. 
 A Higiene e Segurança de Trabalho tende a delimitar o espaço de análise e intervenção dos fatores associados a produção de doenças e acidentes quando privilegia os fatores de riscos e os controla através de técnicas de isolamento individual (EPIs) e técnicas de isolamento coletivo (EPCs) e Normas De Conduta.
 EPI (Equipamento de Proteção Individual) isola o corpo do trabalhador em relação ao risco, mas não elimina o risco, isto porque:
possui eficiência discutível
não atua sobre o risco
justifica o interesse da classe patronal 
é simples e baixo custo quando comparado ao EPC e rápida implantação
elemento legitimador do Ato Inseguro
EPC ( Equipamento de Proteção Coletiva) não elimina o risco do ambiente, porém é mais eficiente que o EPI, mas são de elevado custo. 
NORMA DE CONDUTA – regra técnica do tipo faça ou não faça, “é proibido”, simples e de baixo custo, é um elemento legitimador do ato inseguro, pois funciona como mecanismo disciplinador controlando a força de trabalho.
Outro aspecto agravante na Saúde Ocupacional é que a produção de conhecimentos dos componentes da equipe multiprofissional não acompanhou o ritmo de transformação dos processos de trabalho e não concretizou o apêlo a interdisciplinaridade. Esse modelo apesar de enforcar a questão no coletivo de trabalhadores, continua a abordá-lo como objeto das ações de saúde e não como sujeito dessas ações.	
Na década de 70, ocorreram profundas mudanças, tais como: crescimento da TERCEIRIZAÇÃO e TRANSNACIONALIZAÇÃO DA ECONOMIA, trazendo riscos para saúde através de poluentes do ambiente ( chumbo, agrotóxicos, benzeno, sílica etc.), contribuindo para deterioração da qualidade de vida. Somando-se a isso, a introdução da AUTOMAÇÃO e a INFORMATIZAÇÃO. Todo esse desenvolvimento provoca modificações na Organização do Trabalho, levando a novos acidente e doenças profissionais. Nesse período predominava a visão positivista que sustentava a teoria da multicausalidade do processo saúde-doença ( homem é o hospedeiro). 
 Nesse processo social de discussões teóricas e de práticas alternativas, ganha a teoria da determinação social do processo saúde-doença. A participação dos trabalhadores coloca em xeque o valor da ética dos exames médicos pré-adimissionais e periódicos como práticas discriminatórias e não com o objetivo de cuidar da saúde do trabalhador.
Nessa trajetória surge a SAÚDE DO TRABALHADOR, cuja característica básica, se destaca pelo novo pensar sobre o processo saúde/doença e o papel exercido pelo trabalho na sua determinação, bem como questionamento sobre o adoecer e morrer do trabalhador, caracterizado pelas doenças profissionais clássicas (benzenismo, silicose, saturnismo entre outras e as novas doenças como a LER (lesões por esforço repetititivo).
No Brasil, surge a assessoria sindical feita por profissionais comprometidos com a luta dos trabalhadores, através do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho (DIESAT) e o Instituto Nacional de Saúde no Trabalho (INST), estudando os ambientes e condições de trabalho, valorizando o saber do trabalhador e produzindo conhecimentos que pudessem apontar a solução para os graves problemas de saúde dos operários.
 Mas, é a partir da década de 80, no contexto de transição democrática, aparecem, como as negociações coletivas e a reformulação da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). Esse processo social se expressa na VIII Conferência Nacional de Saúde e a 1a. Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador.
 Saúde do Trabalhador tenta superar o enfoque da determinação social do processo saúde/doença e volta o seu olhar para considerar o trabalho como organizador das vida social, como um espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo capital, mas igualmente de resistência. A partir de então aponta-se como características básicas de Saúde do Trabalhador:
novo pensar sobre o processo saúde/doença e papel exercido pelo trabalho na sua determinação.
questionamento sobre o adoecer e morrer de determinadas categorias sociais
denúncias das políticas públicas ao sistema de saúde, incapazes de dar respostas às necessidades de saúde da população e dos trabalhadores.
negociações e acordos coletivo de trabalho.
reformulações da CIPA
	
6.1.7- DE QUEADOECEM E MORREM OS TRABALHADORES BRASILEIROS ?
	Para se conhecer o perfil de morbi-mortalidade de uma população, empregam-se, tradicionalmente, os indicadores de saúde, que de maneira contraditória indicam dano, doença ou morte. Em relação a acidentes do trabalho e doenças ocupacionais e do trabalho, os dados não são fidedignos devido a subnotificação por parte dos órgãos competentes.
		Segundo informações contidas no Anuário Brasileiro de Proteção/97 é questionável os dados estatísticos fornecidos pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e Ministério do Trabalho(MTb) cada setor apresenta informacões contraditórias em relação aos acidentes e doenças ocupacionais. O Sindicato diz que as doenças do trabalho teve um salto de 5 a 6 mil casos por ano, para 20 mil casos, em 1995. E a cada 10 mil trabalhadores, 187 se acidentam, 2 morrem, 4 ficam incapacitados e 2 ficam inválidos parcial, mas permanentemente. O Secretário informa que em 1995 foram iniciados 3.730 benefícios da Previdência. 
		Em relação ao Rio Grande do Norte, em 1995, citado no Anuário acima, foram liquidados 1.118 acidentes com 24 óbitos e em 1996, 445 acidentes liquidados com 19 óbitos. Isso significa que aumentou os acidentes fatais, o que é muito ruim.
		Ao se estudarem as causas de morte na população brasileira, é interessante observar que, progressivamente, e acompanhando o processo de industrialização, há uma substituição gradativa, porém não completa, da contribuição das doenças infecto-contagiosas pelas doenças cardiovasculares, pelos tumores e pelas causas externas ou morte violetas, representadas pelos acidentes de trânsito, homicídios e acidentes de trabalho, como causa de morte (DIAS, 1994)
		
		 O desenvolvimento tecnológico trouxe além da sua capacidade de aumentar a produtividade, um novo modo de adoecer e morrer dos indivíduos. Novas máquinas e equipamentos, novas formas de organizar o trabalho ( ritmo excessivo, controles, jornadas longas, coerção da força de trabalho, pausas reduzidas, trabalhos em turnos e noturnos e condições de desconforto etc. , ou seja, novas formas de produzir.
		Dessa forma, aparece graves problemas para a saúde dos trabalhadores, tanto do ponto de vista interno da empresa, como do externo. No cotidiano desses trabalhadores, vários são os problemas como acidentes no local de trabalho, os acidentes de trânsito, o estresse, as doenças cardiovasculares e ainda as péssimas condições de vida ( moradia, transporte, educação, alimentação, saúde, saneamento etc.)
		É importante ressaltar, no entanto, que para a Legislação a causa de acidentes são os Atos Inseguros e as Condições Inseguras, embora, esse conceito esteja sendo deixado de lado pelos investigadores de acidentes. De forma conceitual, entende-se por ATO INSEGURO todos os procedimentos do homem que contrariem normas de prevenção de acidentes., como:
inadequação entre o homem e a função
nível de atenção, fadiga, preocupação, estado emocional
necessidades psicológicas insatisfeitas
falta de treinamento.
Enquanto a CONDIÇÃO INSEGURA são aquelas presente no ambiente de trabalho e que foram instaladas por pessoas e/ou mau comportamento de pessoas que permitiram o desenvolvimento de situações de risco, a saber: 
condições físicas ambientais inadequadas (iluminação, ventilação, umidade, piso escorregadio etc)
excesso de ruído
c) falta de ordem e limpeza
localização imprópria das máquinas
máquinas com defeito
	Quando se pretende estudar o impacto do trabalho ou dos processo de trabalho particulares sobre a saúde dos trabalhadores, os danos podem ser classificados em dois grandes grupos de ocorrências:
1 – Danos que se manifestam de forma aguda: os acidentes do trabalho e de trânsito e as intoxicações agudas de origem profissional;
2 – Danos que se manifestam de modo insidioso: as doenças profissionais típicas e as doenças do trabalho ou doenças relacionadas ao trabalho.
ACIDENTE DE TRABALHO – é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal, ou perturbação funcional que cause a morte, ou perda, ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho.
	De acordo com a legislação vigente, são também equiparados aos acidentes do trabalho, o acidente que, ligado ao trabalho, embora não tenha sido causa única, haja contribuído diretamente para a morte ou perda ou redução para a capacidade do trabalho é ACIDENTE DE TRAJETO ( diferentes situações, incluindo o percurso da residência para o trabalho ou deste para aquele), além das doenças profissionais ou do trabalho.
DOENÇA DO TRABALHO – é aquela resultante das condições especiais em que o trabalho é executado e que com ele se relaciona diretamente, excluída a doença degenerativa, a inerente a grupo etário e a que não acarreta incapacidade para o trabalho, DIAS ( 1993).
	Não serão consideradas doença do trabalho:
a) doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário
c) a que produza incapacidade laborativa
d) a doença endêmica adquirida por segurados habitantes da região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que resultou de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
	São considerados agente causadores de doenças profissionais ou do trabalho de acordo com a lista do MTPS como:
1. Arsênico e seus Compostos Arsenicais
2. Asbesto ou Amianto
3. Benzeno ou seus Homólogos Tóxicos
4. Berílio e seus Compostos Tóxicos
5. Bromo
6. Cádmio ou seus Compostos
7. Carbonetos Metálicos de Tungstênio Sintetizados
8. Chumbo ou seus Compostos Tóxicos
9. Cloro
10. Cromo ou seus Compostos Tóxicos
11. Flúor ou seus Compostos Tóxicos
12. Fósforo ou seus Compostos Tóxicos
13. Hidrocarbonetos Alifáticos ou Aromáticos e seus derivados halogenados tóxicos
cloreto de metila
cloreto de metileno
clorofórmio
tetracloreto de carbono
cloreto de etila
dicloroetano
tricloroetano
tetracloroetano
tricloroetileno
tetracloroetileno
cloreto de vinila
brometo de metila
brometo de etila
dibromoetano
clorobenzeno
diclorobenzeno
14. Iodo
15. Maganês e seus compostos tóxicos
16. Mercúrio e seus Compostos Tóxicos
17. Substâncias Asfixiantes
monóxido de carbono
cianeto de hidrogênio ou seus derivados
sulfeto de hidrogênio (ácido sulfurico)
18. Sílica Livre ( óxido de silício)
19. Sulfeto de Carbono ou Dissulfeto de Carbono
20. Alcatrão, Breu, Betume, Hulha Mineral, Parafina e Produtos ou Resíduos dessas substâncias causadoras de Epiteliomas Primitivos da Pele.
21. Ruído e Afecção Auditiva
22. Vibrações
23. Ar comprimido
24. Radiações Ionizantes
Microorganismos e Parasitas Infecciosos Vivos e seus Produtos Tóxicos
26. Algodão, linho, cânhamo, Sisal
27. Agentes físicos, químicos ou biológicos, que afetam a pele, não considerados em outras rubricas.
	Esta listagem é limitada, diante do universo dos risco do trabalho e tem sido bastante critica.
	As doenças do trabalho para fins de indenizações, pecúlios e outros benefícios requer comprovação do nexo causal ( relação causa-efeito), muito embora este tipo de doença acometa a população em geral. 
	Segundo SHILLING (1984), apud ABRASCO, 1992, sugere 3(três) categorias de doenças relacionadas ao trabalho:
1. Trabalho como causa necessária – intoxicações por chumbo, silicose, asbesto, bezeno etc.
2. Trabalho como fator causal contributivo mas não necessário – doenças coronareanas, varizes, doenças do aparelho locomotor.
3. Trabalho como provocador de um distúrbio latente ou agravador da doença já estabelecida – como a bronquite crônica, úlcera péptica, eczema, doença mental.
 
 Numa análise mais didática sobre os agravos que acometem os trabalhadores, se faz necessário trabalhar com duas noções básicas: RISCOS e CARGAS.
RISCOS - expressa um agente particular, uma situação perigosa ou a possibilidade dedesencadearem um evento indesejável. Está associado ao ambiente seja ele interno ou externo ao trabalho.
Risco Físico – está ligado a temperatura, ruído, radiação ionizante e não-ionizante, iluminação, ventilação, vibração e eletricidade.
Risco Químico – associa-se a poeiras, vapores, gases, anestésicos, narcóticos, inflamáveis e explosivos.
Risco Biomecânico ou ergonômico – se dá pelo transporte e levantamento de cargas, posturas e tensões corporais, postos de trabalho mal dimensionado.
Risco Mecânico – configura-se as quedas, lesões no manuseio de máquinas e ferramentas, choques de veículos etc.
Risco Biológico – relaciona-se aos contatos com animais peçonhentos, manuseio com microorganismos patogênicos e vetores de doenças infecto-contagiosas.
CARGAS – está mais relacionada ao trabalhador, pressupõe as relações estabelecidas entre trabalhador e o posto de trabalho, incluindo os componentes afetivos na vivência do trabalhador, vinculado a organização do trabalho.
Carga física – interação entre o corpo do trabalhador e o ambiente. Esforço físico, posturas, efeitos do ruído, do calor e da iluminação. 
Carga Mental Cognitiva – envolve percepção de informação, nível de concentração, uso da memória, tomada de decisão etc.
Carga Psíquica – está relacionada com ansiedade, medo, monotonia no trabalho, controles rígidos etc.
6.1.8 - ENFERMIDADES PROVOCADAS POR AGENTES PRESENTES NO AMBIENTE DE TRABALHO
AGENTES FÍSICOS:
RUÍDO - quando excessivo, acima de 85 dB, além da surdez pode causar diversos outros problemas relacionados com a digestão, sistema nervoso e o estado emocional e psicológico. Devido ao estresse provocado pelo ruído o trabalhador pode ter dor de cabeça, zumbido, tontura., bem como aumento da pressão arterial. O ruído muito intenso, leva a redução da concentração e da capacidade de coordenação motora, podendo ocorrer acidente. Acomete trabalhadores de metalúrgica, aeroportos, caminhoneiros, motoristas de ônibus, mineração, construção naval, pelo uso de motoserras, etc.
Exames de comprovação: anamnese clínico-ocupacional e audiometria.
CALOR – excesso de calor no ambiente de trabalho pode causar caimbras, palpitações, desidratação, náuseas, dores de cabeça, desmaios e fadiga, intermação e consequentemente hipertermia. Acomete trabalhadores de Indústria de vidros, metalúrgicas, siderúrgicas etc.
FRIO – a exposição ao frio pode causar hipotermia. Atinge trabalhadores de câmaras frigoríficas .
RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTE – relaciona-se as ondas elotromagnéticas emitidas por rádio, TV, microondas, raios infravermelhos, ultravioleta. Podem causar cefaléias, disturbios neurovegetativo, queimadura da pele, catarata, câncer de pele.
RADIAÇÃO IONIZANTE – acomete os operadores de Raio X, radioterapeutas, centrais nucleares, metalúrgica, industria química, petroquimica e papel.
PRESSÕES - refere-se à pressões atmosféricas elevadas. Provocam alterações do sistema nervoso, pulmonar, cardíaco, estenose na tropa de Eustáquio, necrose óssea, etc. Exemplo: trabalhadores da construção civil (escavação de túneis) e no mergulho. 
VIBRAÇÕES – acomete trabalhadores que usam instrumentos manuais vibrantes como: britadeiras, motoserras, causa necrose nas extremidades digitais, artrose de punho e ombro e necrose de ossos de punho.
AGENTES QUÍMICOS 
Para VASCONCELOS e GOMEZ (1998), 5 a 10% das malformações congênitas são provocadas pela ação de teratogénicos conhecidos, incluindo-se entre eles alguns metais pesados ( chumbo, mercúrio) e produtos químicos.
Segundo a FUNDACENTRO, (1998), um em cada 6 agricultores entrevistados já recorreu a auxílio médico por exposição a agrotóxicos. Em relação a silicose, pesquisas da Fundacentro revela que 214 trabalhadores cavadores de poços de Ibiapaba(Ce) estavam com os pulmões comprometidos. Na Indústria Naval do Rio de Janeiro, 400 casos de silicose , cuja causa é o jateamento abrasivo.
 
BENZOLISMO (ou Benzenismo) – intoxicação provocada pela inalação do benzeno ou por contato ou ainda pela via digestiva. O benzeno é uma substância usada na produção de solventes, tintas, distilaria de álcool, Quadro clínico: leucopenia, leucemia, anemia, depressão do sistema nervoso central. Sinais e sintomas: embriaguês benzênica, alucinações, cefaléia e tremores, vômitos e sonolência, convulsão e morte. Exames: sangue e fenol na urina.
SATURNISMO – intoxicação causada pelo chumbo, acomete trabalhadores de industria de baterias, de soldas, gráficas, inseticidas e industria de lapidação de diamantes. Quadro clínico: irritabilidade, perda de apetite, azia, cólicas, fraqueza generalizada, orla azulada nas gengivas, diminuição da libido e impotência sexual, perda da memória e convulsões. 
HIDRAGIRISMO – doença provocada pelo mercúrio, sendo este absorvido através da inalação ou da pele ou via digestiva. Quadro clínico: lesão no sistema nervoso, fígado e rins. Sinais e sintomas: tremores, depressão, irritabilidade, perda de peso, perda de memória, anemia, e lesões reais. Exames: anamnese clínico-ocupacional, dosagem de mercúrio na urina.
MINAMATA - doença provocada pela ingestão de peixe que vivem em águas contaminadas por mercúrio. Sinais e Sintomas: distúrbio da marcha, tremores, cegueira, surdez, retardo mental em criança. Acomete trabalhadores de fábrica de termômetro, garimpo, agricultgres, fabricação de amálgama, de cloro e inseticida..
DERMATOSE PROFISSIONAL – Encontrada em trabalhadores de galvanosplastia ( atividade industrial que usa processos químicos e eletrolíticos para revestir superficies metálicas). Os produtos são, níquel, ácido crômio, ferro, cobre e zinco. As névoas do ácido crômio perfura o septo nasal (nariz que assobia). Outros produtos que comprometem a pele são: sabões, cimento, detergentes, que em contato com a pele provocam edema, fissura com prurido, unheiro, monilíase da lavadeira etc. Prevenção: higiene, educação, proteção coletiva, mudança no processo.
Atividade de risco: indústrias gráficas, têxtil, tinturaria, indústria de baterias, de couro, de fotografias etc.
SILICOSE – doença ocupacional pulmonar – Peneumoconiose – doença crônica causada pela poeira de sílica nos pulmões. A sílica está contida em minerais como areia, granito e argila. Quadro clínico: tosse, dispnéia, tísica, caquexia. Acomete vidreiros e fabricantes de espelhos, trabalho em pedreiras, cerâmica, louças, Controle: medidas que evite a dispersão da poeira no ambiente, uso de EPI, jornada reduzida.
ASBESTOSE – (Pneumoconiose) fibrose pulmonar causada pela aspiração de fibras do asbesto ou pó de amianto. O asbesto é uma fibra mineral, usada na indústria de telhas, freios, vestimentas contra fogo, materiais plásticos. Quadro clínico: dispnéia, cansaço, tosse e pode chegar a câncer. É irreversível. Exames: radiografia do tórax e exame clinico.
BISSINOSE – doença provocada pela inalação da poeira de fibra vegetal usada na Indústria Têxtil. O agente causador é o algodão, linho, cânhamo, e sisal. Quadro clínico: bronquite crônica, enfisema pulmonar , alergia, rinites etc.
AGENTES MECÂNICOS 
LER - Lesões por Esforço Repetitivo, ocorre quando há esforço repetitivo dos aparelho músculo-tendinosos das mãos, punho e antebraço. Os quadro clínico são de tenossinove, tendinite, epicondilite, síndrome do túnel do carpo etc. Acidentes causados por quedas, choques de veículos, lesões no manuseio de máquinas e ferramentas.
AGENTES BIOMECÂNICOS e/ou ERGONÔMICOS
DOENÇAS OSTEOMUSCULARES - São aquelas que tem relação com a organização e postos de trabalho mal dimensionados, transporte e levantamento de cargas pesadas, posturas e tensões corporais decorrentes do trabalho e o trabalho muscular estático. Essa situação leva a fadiga, estresse e problemas da coluna vertebral.
Prevenção: Na maioria dos casos, deve-se afastar o trabalhador do contato com o agente de exposição, aumentar a pausa, reduzir jornada de trabalho, ventilaçãoe exaustão, dimensionamento dos postos de trabalho, enclausuramento de determinados processos de trabalho etc.
CARGAS DE TRABALHO
Jornadas prolongadas, ritmo de trabalho excessivo, supervisão constante dos chefes imediato, levam a estresse e acabam por se traduzir em distúrbios mentais e psíquicos.
O temor ao desemprego é um tipo de carga que pode gerar distúrbios como: hipertensão, úlcera e infarto;
Trabalhos em turnos e noturnos provam no trabalhador distúrbios do sono, digestivo e afetam a relação social do indivíduo, o que contribui para causar acidentes.
O nível de responsabilidade , de concentração exige grande esforço por parte do trabalhador que, dependendo do trabalho podem influir sobre a saúde mental e sobre a qualidade de vida.
6.1.9-DOENÇAS PROFISSIONAIS MAIS FREQUENTES NO BRASIL
perda auditiva
dermatoses de origem ocupacional (cimento, óleos, graxas)
intoxicações por metais pesados
efeito do benzeno
pneumoconiose (sílica e asbesto)
DOENÇAS INCAPACITANTES – principais causas de aposentadorias por invalidez: (Medina 1983)
hipertensão
transtornos mentais
doenças osteomusculares
doenças cardiovasculares entre outras
doenças respiratórias crônicas não específicas (bronquites, enfisemas e asma brônquica)
6.1.10 - PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE
1a. doenças cardio-vasculares
2a. tumores malignos
3a. causas externas – suicídio, homicídio, envenenamento, acidentes, etc.
6.1.11 – CIPA ( Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
	Com a finalidade de melhorar a situação de riscos provenientes dos ambiente de trabalho foi criado o PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Diante da nova redação dada a NR- 09, esse programa visa avaliar e controlar os riscos ambientais existentes ou que venha existir no ambiente de trabalho. E através do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional –PCMSO que são controlados os riscos a que estão expostos os trabalhadores, respeitando os princípios éticos, morais e técnicos, essas normas estão respaldada na Convenção 161 da OIT e no artigo 168 da CLT.
	
6.2 – O TRABALHADOR DO SETOR DE PRODUÇÃO DE ALIMENTOS
	O trabalhador de UANs também está submetido ao mesmo processo de trabalho que os demais trabalhadores de outros setores.
	SOUSA, aborda, que é bastante limitada a visão sobre os reais determinantes do processo saúde/doença do trabalhador de cozinha. Atribui-se este fato devido a dificuldade de se caracterizar a organização e funcionamento do Serviço de Nutrição, dentro do mesmo processo de valorização do capital como em qualquer outro processo produtivo em nossa sociedade.
		
	O processo de trabalho e as relações sociais existentes nos SAN (Serviço de Alimentação e Nutrição), são desconhecidas na medida em que no estudo processo saúde/doença, dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais, há uma tendência a se analisar a doença como fenômeno biológico, ou mesmo, considerar-se que as causas dos acidentes de trabalho sejam devido aos Atos Inseguros.
O PROFISSIONAL NUTRICIONISTA X SAÚDE COLETIVA
	A visão dos profissionais nutricionistas apresenta-se com algumas limitações em relação ao compromisso que estes deveriam ter enquanto trabalhadores da saúde.
	Se comprometimento do profissional é o de desenvolver um modelo administrativo dentro do processo de trabalho cuja finalidade é de garantir a saúde do trabalhador, há necessidade de aprofundar e incorporar conteúdo e discussões que sejam capazes de respaldar este compromisso.
	Para resgatar a forma de atuação, significa analisar criticamente o modelo administrativo que norteia a prática profissional, para possibilitar a reflexão sobre as relações de trabalho entre TRABALHADOR – NUTRICIONISTA – EMPRESA.
	Para desenvolver conteúdos que venham melhorar a forma de atuar do Nutricionista em Saúde Coletiva, será necessário perceber a saúde numa dimensão político social econômica e não apenas no seu objeto biológico.
	Na busca de instrumentos técnicos de ação, devem-se considerar:
Desgaste físico x processo de trabalho x reposição calórica
Condições físicas e ambientais geradas por um determinado processo de trabalham que provocam a nível do corpo menor incidência de acidentes de trabalho
Doenças relacionadas com o trabalho.
Para atender às necessidades de conforto no ambiente de trabalho é preciso analisar:
espaços de circulação e se as operações estão dentro de padrões ergonômicos
temperatura, ruído, ventilação, iluminação se estão de acordo com a legislação vigente;
como se apresentam as estatísticas de doenças, acidentes e absenteísmo
alimentação atende as necessidades da clientela
verificar em que condições higiênico sanitárias são preparadas as refeições
ACIDENTES E DOENÇAS MAIS COMUM S EM UANs.
queimaduras com óleo quente
entorces
quedas
cortes
dermatites de contato por detergente
peneumopatias ( trabalhadores de câmaras frigoríficas)
doenças reumáticas
lombalgias
O conhecimento da realidade das UANs de Natal-RN através dos locais de estágios curriculares, percebe-se que os aspectos mais críticos em uma cozinha industrial são:
falta de espaço físico
temperaturas elevadas
piso escorregadio
falta de qualificação do pessoal
horas extras
falta de manutenção preventiva dos equipamentos.
Falta de higiene e segurança
 Assim sendo, a responsabilidade fundamental do profissional de Nutrição é atender aos postulados da Ciência da Nutrição, para prevenir, recuperar e manter a saúde do homem através de procedimentos inerentes a profissão, como:
elaborar rotinas de trabalho adequadas às características físicas do trabalhador e sua qualificação;
oferecer um ambiente de trabalho humano e harmonioso, minimizando as situações de estresse e insatisfação;
fornecer refeições nutricionalmente balanceadas, segundo as características da clientela;
fornecer EPI conforme preconiza a legislação;
manter e controlar a saúde do pessoal do serviço.
efetuar pesquisa para identificar a presença de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos ou psicossomáticos, a fim de adotar medidas preventivas
ministrar treinamentos de higiene pessoal, ambiental e de alimentos;
conhecer a legislação de Segurança e Medicina do Trabalho
participar da CIPA;
conhecer o processo produtivo da empresa na qual trabalha;
	
6.3 - LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO - SMT
NORMAS REGULAMENTADORAS - NR
Foi instituída pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977 do Ministério de Trabalho- Mtb. Aprovada pela portaria 3.214 de 8 de junho de 1978.
NR – 01 DISPOSIÇÕES GERAIS
SECRETARIA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO – SSST é o órgão de âmbito nacional competente para coordenar, orientar, controlar e supervisionar as atividades relacionadas com a segurança e medicina no trabalho, inclusive o CANPAT (Campanha Nacional de Prevenção e Acidentes de Trabalho) e o PAT ) Programa de Alimentação do Trabalhador).
NR – 02 INSPEÇÃO PRÉVIA
DELEGACIA REGIONAL DO TRBALHO – DRT é o órgão do MTb responsável pela inspeção em todo estabelecimento novo.
NR – 03 EMBARGO OU INTERDIÇÃO
DRT a partir de um laudo técnico do serviço competente que demonstre risco ou perigo para o trabalhador poderá interditar o estabelecimento, setor, máquina ou equipamento, ou embargar obra.
NR- 04	SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO - SESMET
 SESMT é um serviço que deverá ser mantido tanto em empresas privadas e públicas, com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. O dimensionamento dos profissionais ligado a área vincula-se ao grau de risco. Ver p. 31 da legislação.
NR- 05 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES – CIPA
A CIPA tem o objetivo de informar as condições de risco nos ambientes de trabalho e solicitar medidas parareduzir e ou eliminar os mesmo.
NR- 06 – EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI
NR- 07 - PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL – PCMSO
PCMSO- Tem o objetivo promover e preservar a saúde do conjunto de trabalhadores. Como exames médicos admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de função e demissional. O tipo de exame a ser solicitado está vinculado ao risco que oferece o material usado no processo de produção, pelo trabalhador. ( p. 90 e 91 parâmetros de controle da exposição a riscos) 
NR – 08 EDIFICAÇÕES 
Estabelece requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas edificações. 
NR - 09 PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCO AMBIIENTAIS 
Estabelece obrigatoriedade de implementar Programa de Prevenção de Riscos Ambientais ( PPRA) , devendo estar articulado com o PCMSO.
NR – 10 INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE
NR - 11 TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAMENTO E MANUSEIO DE MATERIAIS
NR – 12 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS
NR – 13 CALDEIRAS
NR - 14 FORNOS
NR – 15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS
Nesta NR considera-se todos os Limites de Tolerância (LT) nas diferentes atividades laborais que possui a presença de agentes químicos, físicos, ergonômicos, biológicos etc. 
NR - 16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS
As atividades e operações perigosas constantes nos anexos 1 e 2 desta NR. (p.210)
NR – 17 ERGONOMIA
Estabelece parâmetros que permitam a adaptação do trabalhador às condições de trabalho, permitindo conforto, segurança e desempenho eficiente.
NR – 18 CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL
NR – 19 EXPLOSIVOS
NR – 20 LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS
NR – 21 TRABALHO A CÉU ABERTO
NR - 22 TRABALHOS SUBTERRÂNEOS
NR – 23 PROTEÇÃO CONTRA INÊNDIOS
NR – 24 CONDIÇOES SANITÁRIAAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO.
NR – 25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS
NR – 26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA
NR – 27 REGISTROO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE SEGURANÇA NO TRABALHO DO MTb.
NR- 28 FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ABRASCO – associação Brasileira em Saúde Coletiva. Quadro sanitário dos trabalhadores brasileiros. Rio de Janeiro, 1992 
BUSCHINELLI, José Tarcísio P. et all. Isto é trabalho de gente ?: vida, doença 
 e trabalho no Brasil. São Paulo: Ed. Vozes, 1993
DIAS E. C. Aspectos Atuais da Saúde do Trabalhador no Brasil. In: Insto é trabalho de gente ?. São Paulo: Ed. Vozes, 1993
FUNDACENTRO, qualidade de vida no ambiente de trabalho. Revista nº 7 ano II ( 1998)
OLIVEIRA, Carlos . História do Trabalho. São Paulo: Ed Ática, 1987
RIBEIRO, H. P. , LACAZ, F. A de C. De que adoecem e morrem os trabalhadores. DIESAT/IMESP, São Paulo: 1984
SANTOS, R. V. dos . Revista Saúde em Debate. O processo histórico social do trabaho e sua repercussão sobre a saúde. Londrina, São Paulo: nº3 p.51-67, 1992.
 
MENDES, René. Patologia do Trabalho. Rio de Janeiro: Ed Atheneu, 1995. 643p.
VASCONCELOS, E.S. e GOMEZ Carlos Minayo. O acidente químico ampliado
 e os efeitos sobre a saúde dos trabalhadores e da população. In: Revista 
 brasileira de saúde ocupacional v.23 nº 87/88, 1997.
6.4 - ERGONOMIA E A PRODUÇÃO DE ALIMENTAÇÃO COLETIVA
 6.4.1 – ERGONOMIA
Conceito: Conjunto de conhecimentos a respeito do desempenho do homem em atividade, a fim de aplicá-los à concepção de tarefas, dos instrumentos, das máquinas e dos sistemas de produção". 
Objetivo: Contribuir para a concepção ou a transformação das situações de trabalho, tanto com relação aos seus aspectos técnicos como aos sócio-organizacionais, a fim de que o trabalho possa ser realizado respeitando a saúde e a segurança dos homens e com o máximo de conforto e eficácia.
Classificação
Ergonomia de correção: procura melhorar as condições de trabalho existentes e, freqüentemente, é parcial e de eficácia limitada e, de uma forma geral, bastante onerosa do ponto de vista econômico.
Ergonomia de concepção: tende a introduzir os conhecimentos sobre o homem desde o projeto do posto, do instrumento, da máquina ou dos sistemas de produção.
6.4.2. ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO (AET)
( Intervenção no local de trabalho, que permite processos de transformação da atividade profissional e o desenvolvimento dos conhecimentos ergonômicos.
6.4.2.1 – Etapas da AET
a) Análise da demanda
( Identifica as questões que se colocam dentro da empresa, identificando as margens de manobra e formulando as hipóteses para conduzir ao diagnóstico.
b) Análise da tarefa
( Tarefa: aquilo que se apresenta ao trabalhador, ou seja, a máquina, o meio físico que rodeia o posto de trabalho, as instruções às quais se prevê que o operador obedeça, os objetivos a serem alcançados;
( Análise da tarefa: análise das condições dentro das quais o trabalhador desenvolve suas atividades de trabalho prescrito:
A) Condições organizacionais
Dados referentes ao homem;
Dados referentes à organização do trabalho.
B) Condições técnicas
Dados referentes aos equipamentos 
C) Condições físicas e ambientais
Condições ambientais sonoras, térmicas, luminosas e tóxicas, bem como da concepção antropométrica dos postos de trabalho.
c) Análise da atividade
( Atividade consiste na apresentação do comportamento do homem na situação real de trabalho;
A participação dos trabalhadores nesta etapa é essencial.
d) Diagnóstico
( Identificação de um problema que afeta o sistema considerado, baseada na análise de síndromes constatadas. 
( Orientado pelos elementos identificados na análise da demanda, no funcionamento da empresa, na síntese dos resultados das observações e medidas, e nas explicações fornecidas pelos empregados. 
e) Caderno de encargos e recomendações ergonômicas (CERE)
( Síntese da AET: estabelece as recomendações ergonômicas, normativas e especificações, tanto em termos ambientais como organizacionais.
6.4.3 - CONDIÇÕES DE TRABALHO EM UAN
6.4.3.1 Condições organizacionais
A) Ritmo de trabalho
Ritmo de trabalho intenso: perecibilidade, cuidados na sua manipulação, horários de distribuição das refeições.
B) Jornada de trabalho
UAN: horário de trabalho condicionado às necessidades do cliente. 
C) Acidentes de trabalho
Principais causadores de acidentes de trabalho em cozinhas industriais: 
- Ferramentas manuais e utensílios cortantes (27%)
- Peças e líquidos quentes (25%)
- Pisos escorregadios com presença de gordura (13%)
- Equipamentos como fogão, caldeira, prateleira (7%) 
D) Absenteísmo e rotatividade
( taxa de rotatividade x clima organizacional da empresa
( absenteísmo x transtornos no serviço
6.4.3.2 Condições ambientais
A) Espaço Físico
( Planejamento adequado: evita movimentos desnecessários por parte dos operadores, minimizando a sua fadiga e, concomitantemente, otimizando a produção.
 Para a determinação de espaços em uma UAN, são considerados dois sistemas principais:
a) tamanho dos equipamentos e acessórios necessários;
b) espaços de trabalho e circulação.
Circulação - 135 a 150 cm (circulação de carros)
Operação - 120 a 135 cm (trabalho em locais quentes)
Operação de limpeza entre equipamentos - 30 a 50 cm
Operação por trabalhador - 120 cm
Módulo/operação - 75 cm
B) Posturas e movimentos
( Intercalar tarefas que exigem longo tempo em pé com tarefas que possam ser executadas na posição sentada ou andando; 
Figura 2.2 - Espaço mínimo recomendado para pernas e pés na postura em pé.
Fonte: MATOS, 2000.
(Alturas recomendadas para a postura em pé, conforme o tipo de trabalho realizado;
Figura 2.3 - Altura de bancadas recomendadas para o trabalho em pé.
Fonte: MATOS, 2000
( Em trabalhos essencialmente manuais em pé, as alturas recomendadas variam de acordocom a altura do cotovelo do operador e a natureza do trabalho: 
	Tipo de trabalho
	Altura Recomendada
	Trabalho Leve (Desenho)
	5 a 10 cm abaixo da altura do cotovelo
	Trabalho Manual (necessita de espaço para recipientes e utensílios)
	10 a 15 cm abaixo da altura do cotovelo
	Trabalho pesado (Exigem força)
	15 a 40 cm abaixo da altura do cotovelo
( Para as atividades como mexer, picar e fritar, as mãos e os cotovelos devem permanecer abaixo do nível dos ombros:
Figura 2.4 Diferença entre as posturas indesejada e desejada para mãos, cotovelos e braços. Fonte: MATOS, 2000.
( Recomendação para o levantamento manual de peso (NR17) 
Máximo de 40 kg para mulheres e 60 kg para homens. 
( Operadores envolvidos na manipulação de cargas devem ser treinados sobre as técnicas corretas para o levantamento, respeitando os seguintes aspectos:
Analisar a carga e o local para onde esta será removida, considerando a possibilidade de usar uma equipe ou equipamento para o levantamento de peso;
Manter os pés em posição estável e colocar-se em frente da carga, quando o levantamento for feito sem ajuda;
Segurar a carga firmemente, usando sempre os dois braços;
Erguer a carga mantendo a coluna reta, na vertical, conservando-a próxima do corpo, evitando torcer o corpo:
Figura 2.5 - Recomendações para o levantamento de cargas. Fonte: MATOS, 20000.
C) Ruído
( Correlações diretas com hipertensão, gastrite, estresse, aumento do número de acidentes;
( UAN : produção de ruído constante devido máquinas, água, vapor, choque de utensílios e ressonância de superfícies metálicas, sistema de exaustão e, também, devido ao diálogo entre os operadores;
A NR15 determina os limites de tolerância para ruído:
D) Temperatura, Umidade e Ventilação
( UAN: presença de um grande número de equipamentos geradores de calor e umidade (fogões, fornos, fritadeiras, panelões a vapor, máquina de lavar);
( A temperatura compatível ao desenvolvimento do trabalho em UANs é de 22º a 26ºC, com umidade relativa de 50 a 60%;
( Conforto térmico pode ser assegurado por abertura de paredes que permitam a circulação natural do ar, com área equivalente a 1/10 da área do piso. 
( Caso isso não seja possível o ideal é recorrer a meios artificiais como exaustores. 
E) Iluminação
( Suficiente para garantir uma boa visibilidade. Para tanto, algumas condições são decisivas: 
A intensidade da iluminação no local de trabalho;
A distribuição dos brilhos no campo visual;
O tamanho dos objetos a serem reconhecidos;
formação de sombras;
O tempo disponível para percepção;
A idade da pessoa que está trabalhando.
( Preferir Iluminação natural
( Iluminação Artificial: não deve ser inferior a 540 lux nas áreas de inspeção, 220 lux nas áreas de trabalho e 110lux nas outras áreas (ABERC, 2003).
Agentes de Risco Segundo Setores da UAN e Ações Preventivas
	Setores
	Risco
	Classificação
	Ações Preventivas
	
Administração
	Físicos
Ergonômicos
	Iluminação deficiente; calor; localização
Postura
	Boa iluminação; área planejada;
ventilação satisfatória.
mobiliário adequado; respeitar horários de trabalho e descanso 
	
Câmaras frias
	
Físicos
	( temperaturas
	Uso de EPI (roupas térmicas, botas, luvas, meias longas e camisetas.
	Escolha de Cereais
	
Ergonômicos
	Monotonia, postura inadequada
	Bancada própria, iluminação adequada
	
Cocção
	
Físicos
Ergonômicos
Acidentes
	Calor, umidade ruído
Atenção, postura 
inadequada
Queimaduras, cortes, escorregões, tropeções
	Uso de EPI (botas, luvas, aventais, protetores auriculares)
Lay out adequado com espaço para exercer as funções e colocação racional do material, escala de pessoal com rodízio de atividades.
Uso de EPI, piso antiderrapante,treinamento.
	
Devolução de utensílios
	
Físicos
	
Ruído, umidade
	Uso de EPI (protetor auricular, botas, luvas e avental de PVC)
	
Distribuição
	
Ergonômicos
	
Trabalho físico pesado, ritmo excessivo, postura incorreta
	
Treinamento, lay out adequado
	
Estoque
	
Ergonômicos
	
Trabalho físico pesado, atenção, postura
	Lay out adequado, com espaço mínimo necessário para exercer as funções e colocação racional do material, descanso para os pés, treinamento.
	
Higienização de panelas
	
Ergonômicos
	Trabalho físico pesado, ritmo excessivo, postura inadequada
	Lay out adequado, com espaço mínimo necessário para exercer as funções e colocação racional do material, descanso para os pés, treinamento.
BIBLIOGRAFIA
ABERC. Manual ABERC de Práticas de Elaboração e serviço de Refeições para Coletividades. 8 ed. São Paulo: Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas, 2003.
MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. 16. Segurança e Medicina do Trabalho. 41 ed. São Paulo: Atlas, 1999.
MATOS, C.H. Condições de Trabalho e Estado Nutricional de Operadores do Setor de Alimentação Coletiva: Um Estudo de Caso. Dissertação de Mestrado, UFSC, Florianóplolis.
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