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JURISDIÇÃO II

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Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional 
 
 
gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 
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O CONTROLE ABSTRATO 
OBS: QUERIDO ALUNO, 
ESTE TEXTO É APENAS UM RESUMO DAS DISCUSSÕES EM SALA DE AULA, 
COMO FACILITADOR DO ESTUDO. 
NÃO DISPENSA, PORTANTO, O ESTUDO ATENTO DA COLETÂNEA E DO LIVRO. 
 
 
 PRONUNCIAMENTO EM ABSTRATO ACERCA DA VALIDADE DA 
NORMA 
 O controle concentrado vai analisar a lei ou ato normativo, de forma genérica, em 
face do que a Constituição dispõe, formal e materialmente. 
 
 QUESTÃO PRINCIPAL 
 Diferente do controle difuso, em que a análise de constitucionalidade é incidental, 
no controle abstrato esta será a questão principal a ser abordada no processo, será o pedido do 
processo. 
 
 OBJETIVO DO CONTROLE CONCENTRADO 
 O controle concentrado tem por objetivo a defesa da supremacia da Constituição. 
Isto se dá pela suspensão da execução, na ordem jurídica brasileira, dos atos legislativos e dos 
atos normativos, de efeito abstrato, declarados inconstitucionais. 
 
 
Ação Direta de Inconstitucionalidade 
 
 
 Competência 
 Originária e privativa do STF, art. 102, I, a) / CRFB. 
 
 Legitimação – art. 103, I ao IX da CRFB. 
 A Constituição de 1988 rompe a tradição brasileira, de concentrar a legitimação na 
pessoa do PGR, e amplia significativamente o rol de legitimados, que hoje são mais ou menos 
250. Alguns destes legitimados, porém, devem demonstrar a pertinência temática. 
 Pertinência temática – os citados nos incisos IV, V e IX, do artigo 103 da 
Constituição de 1988 deverão demonstrar que o dispositivo questionado guarda relação de 
interesse com as pessoas, o grupo, que estes legitimados representam. 
 A pertinência temática foi criada pelo STF com o objetivo de limitar o número de 
ações (que passou de 1050 nos 20 anos que antecederam 1988 para 1000 nos primeiros 4 anos 
posteriores). 
 É necessário ressaltar, ainda, que, segundo o entendimento do STF, a lei determina 
uma capacidade postulatória especial para os legitimados dos incisos I a VII do art. 103 da 
CRFB. No entanto, entidades de classe e confederações sindicais deverão comparecer no Juízo 
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representadas por advogado com procuração específica para atuar em sede de ação direta. 
 Caberá litisconsórcio, mas mantendo a necessidade de pertinência temática, quando 
exigida. 
 
OBS: 
 Ressalte-se que não é possível intervenção de terceiros em ações abstratas. 
 
 
 Objeto 
 A) Lei ou ato normativo federal ou estadual contrários à Constituição federal 
 Os atos federais encontram-se no art. 59 da CRFB. 
 Há, ainda, o decreto autônomo, art. 84, IV / CRFB, onde o Presidente da República 
exercita competência privativa, tratando-se, portanto, de ato primário, ligado diretamente à 
Constituição, passível de controle concentrado. 
 Além destes, os atos estaduais que se ligam diretamente à Constituição Federal 
podem ser objeto de ADI. É o caso da Constituição estadual, suas emendas, leis estaduais, 
decretos autônomos do Governador, etc. 
 
OBS: 
 Ato primário é aquele que retira seu fundamento de validade diretamente da 
Constituição Federal. 
 
 
 B) Atos do Distrito Federal 
 O Distrito federal acumula a competência legislativa estadual e municipal. Assim, 
quando o ato normativo for exercício de competência estadual, poderá ser objeto de ADI. Caso, 
no entanto, seja exercício de competência municipal, não poderá ser objeto de ADI. 
 
 C) Atos anteriores à Constituição 
 O fenômeno da inconstitucionalidade só se verifica em face da Constituição vigente 
na época da elaboração da lei. O ordenamento jurídico anterior a CRFB terá análise de 
recepção pela Lei Maior. 
 A recepção da lei não é um processo expresso, a Constituição o faz de maneira 
tácita. O judiciário, interpretando a nova Constituição e a harmonia do ordenamento jurídico, 
deverá, após análise caso a caso, declarar a recepção ou não através do controle, tanto concreto 
como abstrato. 
 
 D) Tratados e convenções internacionais 
 O Poder Constituinte Originário, que elabora a Constituição, é inicial, ilimitado e 
incondicionado, sujeitando, por isso, os poderes constituídos (executivo, legislativo e 
judiciário). Ao aderir a Tratado internacional inconstitucional, o Presidente estará praticando 
uma inconstitucionalidade. Da mesma forma, o Congresso Nacional, ao internalizá-lo. 
 Em regra, os tratados serão Decretos Legislativos, mesmo processo legislativo da 
lei ordinária . Porem, de acordo com o § 3º do artigo 5º da Constituição Federal, se o Tratado 
internacional versar sobre direitos humanos e tiver votação diferenciada terá status de 
Emenda Constitucional. ( para o STF os Tratados terão posição supra legal ou seja, acima do 
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ordenamento infraconstitucionais, mas abaixo da Constituição federal). Se, no entanto, 
contrariar a Constituição, caberá arguir a inconstitucionalidade através de ADI. 
 
 E) Os decretos 
 No ordenamento jurídico brasileiro, há dois tipos de decreto, o decreto autônomo e 
o decreto regulamentar. 
 Decreto autônomo é aquele que viabiliza o exercício das competências privativas 
do executivo. Como atos normativos primários, ligados diretamente à Constituição, o STF 
entende pela possibilidade de arguição através de ADI. 
 Já os decretos regulamentares, que se ligam à lei e não à Constituição Federal, são 
atos secundários, por isso, não podem ser objeto de ADI. Assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AGU – art. 103, §3º / CRFB. 
 Deve atuar como defensor da lei questionada, atua como curador da presunção de 
constitucionalidade, chamado de defensor legais. 
 Poderá, excepcionalmente, deixar de se pronunciar quando o STF já tiver se 
manifestado por sua inconstitucionalidade em plenário, com efeitos inter partes. 
 Poderá, ainda, não se pronunciar quando o autor da ADI for o Presidente, porque a 
AGU tem como função primordial a defesa do executivo. Neste caso, haveria um conflito de 
interesses entre sua função primordial é a defesa do texto questionado. 
Nos dois casos, porém, será discricionária sua participação, podendo se manifestar caso 
entenda pertinente ou que não há conflito. 
 
 PGR – art. 103, §1º / CRFB. 
 O MP é órgão autônomo, por isso, o PGR poderá se manifestar livremente, mas terá 
participação obrigatória. O MP vai atuar como custus legis, defendendo os interesses da 
sociedade na manutenção do ordenamento jurídico coeso. Sua manifestação não vincula o STF. 
 
 Processo e Julgamento 
 Hoje, encontra-se regulado pela Lei 9.868/99. 
 
 
CRFB CRFB 
LEI 
Decreto 
regulamentar 
Decreto autônomo 
art 84, VI / CF 
ATO SECUNDÁRIO 
não cabe controle direto 
ATO PRIMÁRIO 
cabe controle direto 
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 - Procedimento 
 Embora a lei não aponte prazo prescricional, apresenta os requisitos da petição 
inicial (art. 3º). São eles: 
 Indicaçãodo dispositivo sobre o qual versa a ação, assim como os fundamentos 
jurídicos de cada um dos pedidos (art. 3º I). Entende o STF não ser admissível uma alegação 
genérica ou por amostragem. Da mesma forma, o Tribunal não se vincula a fundamentação 
apresentada. 
 O pedido com suas especificações (art. 3º, II). Como todas as ações submetidas à 
apreciação do Poder Judiciário, o pedido deve ser especificado. 
 Duas cópias da lei ou ato normativo impugnado, bem como os documentos 
necessários à comprovação (art. 3º § único). 
 
 - Participação do Advogado Geral da União 
 O relator, após pedir informações aos órgãos ou autoridades autoras da lei ou ato 
impugnado, ouvirá o Advogado-Geral da União. Terá a AGU prazo expresso de 15 dias para 
sua manifestação (art. 8º). 
 A Lei, no entanto, autoriza o relator, no caso de pedido de cautelar e da relevância da 
matéria ou de especial interesse para a ordem pública e a segurança jurídica, submeter o 
processo diretamente ao Tribunal, que poderá julgar a ação em definitivo. Neste caso, após as 
informações o prazo será de 5 dias. 
 
 - Participação do Procurador-Geral da República 
 O relator deverá ouvir, ainda, após as informações, o PGR. O mesmo art; 8º assinala 
prazo de 15 dias para sua manifestação. Caberá, da mesma forma, havendo cautelar e pela 
relevância da matéria ou de especial interesse para a ordem pública e a segurança jurídica, a 
remessa diretamente ao Tribunal. Neste caso, o prazo de pronunciamento será de 5 dias, 
sucessivamente a Advocacia da União. 
 
 Intervenção de terceiro 
 O objeto da ADI é a lei em abstrato, logo, não há possibilidade de modalidades de 
intervenção que se relacionem com o fato material. Ademais, a lei, expressamente veta (art. 7º). 
 
 Amicus Curiae 
 É fator de legitimação social. É uma forma da sociedade organizada apresentar novos 
argumentos ao julgador. A participação é feita através de órgãos ou entidades civis. 
 
 Medida Cautelar – art. 102, I p) / CRFB c/c art. 10 ss / 9.868/99 
 É admitida expressamente pelo legislador.. no entanto, é necessário comprovar os 
requisitos de fumus boni iuris (plausibilidade do direito) e periculum in mora (perigo de dano 
irreparável ou de difícil reparação). 
 É possível a concessão de liminar em cautelar, quando a norma já vigorar a tempo 
razoável, por falta de periculum in mora. 
 Terá efeito, em regra, ex-nunc, mas, o STF poderá conceder efeito ex-tunc, quando 
entender indispensável. 
 
 
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 Possibilidade de desistência 
 Não é possível desistência de qualquer ação abstrata. Uma vez recebida pelo 
Tribunal, este deverá se manifestar sobre a harmonia do ordenamento, uma vez que se trata de 
relevante questão de ordem pública. 
 
 Efeitos do julgamento em ADI. 
 A sessão de julgamento somente poderá analisar matéria de constitucionalidade 
com a presença de, pelo menos, 8 Ministros (art. 22). A decisão deverá contar com o voto de, 
pelo menos 6 Ministros da Suprema Corte, e será comunicada à autoridade ou órgão 
responsável pelo ato (art. 23). 
 A decisão proferida em controle concentrado é irrecorrível, não cabendo, também, 
ação rescisória (art. 26). 
 A declaração de inconstitucionalidade da lei equivale a uma declaração de nulidade 
desta lei, por isso, terá efeitos ex-tunc. 
 Poderá o Tribunal alterar os efeitos da declaração de inconstitucionalidade, 
modulando par ex-nunca ou determinar efeitos a partir de data futura (efeito pro futuro), pelo 
voto de 2/3 de seus membros. 
 Saliente-se que a modularão de efeitos deve observar os requisitos indicados no art 
27 da Lei 9.868/99, quais sejam, relevante interesse público e urgência na medida. 
Terá sempre efeito erga omnes. 
 
 
 
 
Ação Direta de inconstitucionalidade 
por omissão 
 
I) OBJETIVO 
 A Constituição de 1988 apresenta normas que necessitam de regulamentação 
infraconstitucional. É o caso das normas de eficácia contida e limitada. Há vários destes 
dispositivos na Constituição Federal. Esta omissão do legislador é tão grave, tão problemática 
quanto a inconstitucionalidade por ação. Pode-se até considerá-la mais grave, visto que 
permanece silenciosa dentro do texto, só tomando conhecimento dela aqueles que trabalham 
com o texto constitucional. 
 Tal falha vai, paulatinamente, minando a constitucionalidade da própria 
constituição, porque uma vez que a Carta não é regulamentada, não pode ter seus efeitos 
plenamente desenvolvidos, perde sua legitimação frente à sociedade. É, em razão disso que o 
constituinte previu este tipo de ação. 
1. Inconstitucionalidade por omissão total 
 Ocorre quando a lei que deveria regulamentar a norma constitucional não existe. 
Neste caso, o direito estabelecido pelo legislador constituinte não pode ser exercido de modo 
algum. É o caso do direito de greve do servidor público (art. 37, VII / CF), e dos juros limitados 
a 12 % ao ano, norma do art. 192, §3º que foi revogado sem chegar a ser regulamentado. 
 
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2. Inconstitucionalidade por omissão parcial 
 Há omissão propriamente dita quando a lei existe, mas regulamenta a matéria de 
forma deficiente. É o caso, por exemplo, do salário mínimo (art. 7º, IV / CF), onde a lei fixa o 
valor, mas este é muitíssimo inferior ao necessário para cumprir o dispositivo constitucional. 
 Há, ainda, a omissão parcial relativa na qual a lei regulamentadora existe e 
outorga determinado benefício a uma categoria, mas deixa de outorgar a outra que, em tese, 
também teria direito ao mesmo benefício. 
 
II) COMPETÊNCIA 
 STF, art. 103, §2º c/c art. 102, I, a), ambos da CRFB. 
 
III) LEGITIMIDADE 
 A mesma da ADI genérica, ou seja, o rol dos legitimados do art. 103 da CRFB, 
mantendo a necessidade de comprovação de pertinência temática. 
 
IV) EFICÁCIA E EFEITOS DA DECISÃO 
 De acordo com o órgão que deixou de praticar o ato previsto constitucionalmente 
haverá uma posição do STF. 
 Caso a omissão tenha sido praticada por um dos poderes, o STF irá assinalar ao 
poder competente que este se encontra em mora (art. 12-H caput / Lei 9.868/99), no entanto, 
não poderá fixar prazo para que seja suprida a omissão, com fundamento no art. 2º / CRFB. 
 Se, no entanto, a omissão for de órgão administrativo, prevê o art. 103, §2º / CRFB 
que o STF apontará o prazo de 30 dias para que seja suprida a omissão, sob pena de 
responsabilidade (art. 12-H, §1º / Lei 9.868/99). 
 Nas decisões mais recentes da Suprema Corte, porém, embora não tenha sido 
fixado prazo para a elaboração da lei, o STF entendeu por assinalar um parâmetro temporal: 
“Não se trata de impor um prazo para a atuação legislativa do Congresso Nacional, mas apenas 
da fixação de um parâmetro temporal razoável”. 
 
V) ADI POR OMISSÃO E MANDADO DE INJUNÇÃO 
 A ADI, por ação ou por omissão, é uma ação típica do controle concentrado de 
constitucionalidade. Visa combater uma inconstitucionalidade, suprir uma lacuna ou atacar uma 
agressão ao texto maior. 
 Por outro lado, o Mandado de Injunção é uma ação que integra o controle difuso de 
constitucionalidade. Assim, também se caracteriza por combater a inefetividade das normas 
constitucionais. Como ação pertencente ao controle difuso, o mandado de injunção não terá a 
legitimidade ativa estabelecida no rol do art. 103 da CF,mas poderá ajuizar ação qualquer 
pessoa que tenha limitado o exercício de direitos, liberdades, prerrogativas inerentes à 
nacionalidade, à soberania e à cidadania, por falta de norma regulamentadora. 
 
VI) REPRESENTAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO 
 Muito embora o art. 125, § 2º da CF fale somente em Representação de 
Inconstitucionalidade, o que equivaleria a ADI, parte da doutrina entende ser possível a 
representação em caso de omissão da lei estadual ou municipal em face da Constituição 
Estadual. Neste sentido Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Controle de 
Constitucionalidade) e Pedro Lenza (Direito Constitucional esquematizado). 
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Ação Declaratória de constitucionalidade 
 
 
I) OBJETIVO 
 Criada pela EC 03/93 é um instrumento apto a encerrar uma controvérsia instalada 
no seio da comunidade jurídica sobre a constitucionalidade de uma norma. Embora as normas 
nasçam com a presunção de constitucionalidade, isto pode ser questionado pela via direta ou 
pelo controle difuso. Havendo este questionamento toda a segurança do ordenamento jurídico 
fica abalada. 
 
II) PRESSUPOSTO 
 A lei nasce com a presunção de constitucionalidade, no entanto, tal presunção é 
relativa. Assim, não seria admissível a ação declaratória sem a comprovação de controvérsia 
quanto a constitucionalidade da lei. Para Gilmar Mendes, a controvérsia jurisprudencial quanto 
a constitucionalidade da lei seria pressuposto para a ação declaratória. 
 
III) OBJETO 
 Diversamente do que ocorre na ADI, somente lei ou ato normativo federal poderá 
ser objeto de ADC. 
 
IV) COMPETÊNCIA 
 Originariamente o STF, conforme art. 102, I, a) da CRFB. 
 
V) LEGITIMIDADE 
 Embora antes da EC 45 houvesse um rol especial para ADC no § 4º do art. 103 da 
CF, após a referida emenda a ADC foi incluída no caput do art. 103, passando a apresentar o 
mesmo rol de legitimados. 
 Ressalte-se que, segundo o STF, os legitimados que não têm capacidade 
postulatória devem outorgar à advogado procuração com poderes específicos para postular em 
sede de ação direta. 
 
VI) AMICUS CURIAE 
 A participação de amicus curiae é idêntica à ADI, quando funciona para carrear ao 
juízo outros argumentos. 
VII) O PAPEL DO PGR 
 Manifesta-se obrigatoriamente, no prazo de 15 dias, conforme art. 19 / Lei 
9.868/99. 
 
VIII) MEDIDA CAUTELAR 
 Positivada no art. 21 da Lei 9.868 / 99, nasceu de construção jurisprudencial, que 
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visava a suspensão dos processos em curso que tivessem como fundamento a lei ou ato 
normativo questionado. 
 No entanto, o mesmo artigo, em seu §único, impõe o julgamento pela Suprema 
Corte no prazo máximo de 180 dias, uma vez que os processos suspensos não poderiam ser 
mantidos sem julgamento eternamente. Ressalte-se que Gilmar Mendes entende que este prazo 
poderá ser prorrogado pelo STF. 
 
 Efeitos e Eficácia da cautelar 
 A cautelar visa evitar o estado de insegurança jurídica originado no questionamento 
da norma. Assim, a eficácia erga omnes e o efeito vinculante se impõe para a obtenção do 
resultado pretendido. 
 O STF já tem reconhecido, na medida cautelar, os efeitos ex-tunc e erga omnes para 
a manutenção da segurança do ordenamento jurídico. 
 
IX) DECISÃO FINAL 
 As ações diretas, de constitucionalidade e de inconstitucionalidade, são ações em 
sentido oposto. Assim, em linhas gerais, os mesmos efeitos anotados na ADI serão utilizados 
na ADC, porém, em sentido diverso. 
 Ambas as ações visam questionar a norma em face da constituição. Na ADC, sendo 
procedente, haverá a declaração de que a norma está de acordo com a constituição, sendo 
improcedente, porém, ela será inconstitucional. Exatamente o oposto do que se verifica na ADI. 
 
 Efeitos e Eficácia da decisão 
 A decisão terá eficácia erga omnes e ex-tunc, quando procedente. 
 Quando improcedente, porém, como no caso da ADI, o Tribunal poderá modular 
seus efeitos. Isto é o que a jurisprudência chama de efeitos pro futuro quando serão tidos como 
válidos os atos praticados com base na norma até determinada data, a partir do quê, será tida 
como inconstitucional com seus efeitos suspensos. 
 
X) PROCEDIMENTO 
 A Lei 9.868/99 aponta procedimento para o julgamento da ADC no Supremo 
Tribunal Federal. Não há prazo prescricional para o ajuizamento da ação. 
 O art. 14 da Lei especial aponta os requisitos especiais da petição inicial: 
- indicação do dispositivo sobre o qual versa a ação, com os fundamentos legais. Poderá ser 
mais de um dispositivo questionado, neste caso, cada um terá seu fundamento legal; 
- formulação do pedido com suas especificações; 
- indicação da existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição 
objeto da ação. 
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Ação Direta de inconstitucionalidade 
Interventiva 
 
 OBJETIVO 
 A regra Constituicional, no Brasil, é da não intervenção de um ente da federação 
em outro. Há casos, porém, em que esta regra poderá ser afastada. Os casos excepcionais estão 
previstos nos art. 34 e art. 35 da CRFB. Aqui, estudando o controle concentrado de 
constitucionalidade, somente nos interessará analisar a hipótese apresentada no art. 34, VII da 
CRFB. 
 A Ação Direta interventiva baseia-se no descumprimento dos princípios 
constitucionais sensíveis por esados ou municípios, por isso, a grave sanção política do 
afastamento da autonomia do ente federativo, através da intervenção. Este afastamento será 
temporário. 
 Assim, tem por objetivo fazer cessar o ato questionado, não somente declará-lo 
inconstitucional. 
 Ressalte-se, no entanto, que a União realizará intervenção em estados e nos 
municípios dos territórios. Nos demais municípios a intervenção será realizada pelo resectivo 
estado. Não caberá, portanto, mesmo que de forma excepcional, a intervenção da União em um 
municipio de um dos estados da federação. 
 
 HIPÓTESES DE CABIMENTO 
 Somente nas hipóteses apresentadas no art. 34, VII da CRFB poderá haver ADI 
interventiva. Esta é uma medida extrema, excepcionalíssima, no ordenamento jurídico. Por esta 
razão a Constituição apresenta como possibilidades, somente o descumprimento, a violação, 
aos princípios constitucionais de: 
 a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
 b) direitos da pessoa humana; 
 c) autonomia municipal; 
 d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
 e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e 
nas ações e serviços públicos de saúde. 
 
 COMPETÊNCIA 
 STF, art. 36, III da CRFB. 
 
 LEGITIMIDADE 
 A legitimidade ativa será somente do Procurador-geral da Rep[ublica, segundo o 
art. 36, III da CRFB. 
 
 DECISÃO 
 A procedência do pedido somente se limitará a suspensão do ato impugnado. 
Porém, q2uando isso não for suficiente para a manutenção da integridade dos princípios 
constitucionais, ou seja, caso a lesão aos princípios sensíveiscontinue, será decretada a 
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intervenção federal. 
 Neste caso, o SRF enviará uma requisição ao Presidente da República que, através 
de um decreto autônomo, deverá determinar a intervenção, conforme art. 84, X da CRFB. O 
STF entende que o Presidente não poderá descumprir esta decisão. 
 O decreto de intervenção está previsto no art. 36, §3º da CRFB, e não haverá 
apreciação do Congresso. A intervenção irá durar até cessarem os motivos que a determinaram 
(art 36, §6º da CRFB). 
 É necessário ressaltar que, enquanto durar a intervenção não poderá ocorrer 
nenhuma emenda ao texto da constituição, federal ou estadual. Este é um período de exceção, 
por isso, o texto constitucional se auto-preserva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arguição de Descumprimento de Preceito 
Fundamental 
 
 CONCEITO 
 Esta é uma ação que veio completar o controle concentrado realizado no direito 
brasileiro. Por isso, alguns dispositivos que não podem ser objeto de outra ação em controle 
concentrado poderão ser apreciados em sede de ADPF. 
 Trata-se, porém, de ação excepcional, especial, que somente será cabível quando 
não houver outro meio, quando não houver outra via de controle possível. 
 
 FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL 
 A constituição Federal estabelece, no art. 102, § 1º, que a ADPF será apreciada na 
forma da lei. 
 
 DEFINIÇÃO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 
 Não há uma definição legal sobre o que seja o preceito fundamental que 
fundamente a propositura da ação. No entanto, a doutrina entende que a expressão não seja 
sinônima de “princípio fundamental”. Para a doutrina a expressão abrange os dispositivos 
constitucionais de natureza principiológica, como as normas do art. 1º, I a V e art. 60, §4º, I a 
IV, ambos da CRFB. 
 Assim, englobaria a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os 
valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o pluralismo político, a forma federativa de 
Estado, do voto direto e periódico, do voto secreto e universal, da separação dos poderes, os 
direitos e garantias individuais. 
 Em uníssono a doutrina entende, no entanto, que somente o STF, guardião e 
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intérprete da Constituição, poderia, no caso apresentado, identificar o preceito fundamental. 
 
 OBJETIVO 
 Até o advento da Lei 9.882/99, o direito municipal e pré-constitucional somente 
poderia ser submetido a analise do STF pela via do controle difuso, pela análise incidental, por 
meio de recurso extraordinário. 
 Assim, a ADPF nasce com o objetivo de evitar ou reparar lesão a preceito 
fundamental, suprindo a lacuna legislativa e permitindo que a matéria seja apresentada 
diretamente ao STF. 
 
 OBJETO 
 A lesão ao preceito constitucional poderá estar em lei ou ato normativo federal, 
estadual ou municipal, incluídos os anteriores à constituição. 
 Assim, poderá ser ajuizada ADPF em duas hipóteses: 
- ato do poder público que gere lesão ao preceito fundamental, com objetivo de evitar ou 
reparar a lesão; 
- existência de relevante controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual 
ou municipal, inclusive os anteriores à Constituição. 
 
 PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE 
 Trata-se da Lei 9.882/99, que expressamente aponta sua natureza supletiva, ou seja, 
não caberá propositura de ADPF quando “houver qualquer outro meio eficaz de sanar a 
lesividade” (art. 4º, §1º / Lei 9.882/99). 
 Isto significa que o STF não apreciará a ADPF quando houver outro meio 
processual capaz de sanar a lesividade. Ou seja, é pressuposto da ADPF o esgotamento de todas 
as vias judiciais que poderiam sanar a lesividade apontada. Neste sentido o STF já se 
pronunciou algumas vezes, como na ADPF/QO 3- CE, de 18/05/2000, rel. Min. Sydney 
Sanches (INFO 189); ADPF/QO 1- RJ, de 03/02/2000, rel. Min. Néri da Silveira. 
 
 COMPETÊNCIA 
 A competência é exclusiva do STF, conforme art, 102, §1º da CRFB. A ação de 
controle concentrado, no entanto, não alterou os fundamentos do controle incidental. Assim, 
todo o judiciário continua a apreciar as questões que lhe são postas, como faziam antes da 
criação desta ação direta. 
 Neste caso, porém, do controle difuso, somente o STF se manifestará sobre a 
questão em si, pela uniformização da interpretação constitucional. Os demais órgãos do poder 
judiciário a ele remeterão a questão. 
 
 LEGITIMIDADE 
 De acordo com o art. 2º, I da Lei 9.882/99, o rol de legitimados é igual ao rol de 
propositura da ADI, ou seja, o art. 103, I a IX da CRFB. 
 
 ESPÉCIES DE ADPF 
 A ADPF configura mais uma ação de controle concentrado no direito brasileiro. No 
entanto, diversamente das demais apresenta caráter supletivo, ou subsidiário, ou seja, somente 
poderá ser utilizada se não houver outro meio eficaz. Poderá questionar ou impugnar lei ou ato 
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normativo federal, estadual ou municipal de forma abstrato, como também de forma concreta, 
realizar o questionamento ou impugnação. Assim, teremos: 
 
 Autônoma 
 Ação tipicamente de controle concentrado, visa impugnação ou questionamento de lei 
ou ato normativo federal, estadual ou municipal. O controle é colocado como questão principal, 
abstratamente. 
 
 Arguição incidental 
 A impugnação ou questionamento é realizada a partir de uma situação concreta, ou seja, 
terá caráter incidental no processo. 
 Neste caso, o procedimento é semelhante ao que ocorre em todo o controle difuso, uma 
vez que estamos diante de um processo subjetivo. 
 Nas palavras de Gilmar Mendes: “Aqui a instauração do controle de legitimidade da 
norma na ADPF repercutirá diretamente sobre os casos submetidos à jurisdição ordinária, uma 
vez que a questão prejudicial a ser dirimida nestes processos será elevada à apreciação do 
Supremo Tribunal” (Mendes, Gilmar F; Coelho, Inocêncio M; Branco, Paulo GG. Curso de 
Direito Constitucional. Saraiva. 2ª Ed. 2008. Pág. 1.147). 
 
 A competência e o sistema difuso 
 É necessário salientar, no entanto, que no curso da análise incidental, haverá um 
procedimento semelhante ao que ocorre na análise do controle difuso. 
 A competência para a apreciação da impugnação ou questionamento é exclusiva do 
STF. Assim, ao verificar a presença do questionamento, o órgão do judiciário remeterá a 
questão, em apartado, para apreciação pelo STF. Trata-se, na verdade, de um procedimento 
semelhante ao do art. 97 / CRFB (controle de constitucionalidade incidental). 
 Aqui, verifica-se o que Gilmar Mendes chama de “cisão funcional no plano 
vertical”, ou seja, a matéria é remetida de órgãos do judiciário, de instâncias menores, para o 
órgão superior. 
 
 CONCESSÃO DE LIMINAR 
 A Lei 9.882/99 expressamente admite a concessão de liminar em sede de ADPF. 
Deverá, no entanto, observar o quorum de maioria absoluta para sua concessão (art. 5º / Lei 
9.882/99). 
 Há uma exceção, porém, apontada no § 1º do referido artigo, quando o relator 
poderá conceder a liminar sem ouvir o Tribunal, pela natureza de extrema urgência ou perigo 
de lesão grave. Poderá ser concedida durante o recesso do Tribunal.A concessão deverá ser realizada, ou referendada, pelo Tribunal por 2/3 de seus 
membros, ou seja 8 ministros. 
 
 Efeito e eficácia da decisão 
 A liminar em sede de ADPF poderá suspender o curso dos processos e os efeitos 
das decisões já proferidas. Não caberá a suspensão dos efeitos se a decisão das instâncias 
inferiores já transitou em julgado. 
 
 
Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional 
 
 
gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 
13 
 DECISÃO FINAL 
 Tal como nas demais ações do controle concentrado, as decisões finais proferidas 
pela Suprema Corte são irrecorríveis e não caberá, da mesma forma, ação rescisória. 
 Embora o texto não faça referência em relação a decisão final, não caberia um 
quorum menos significativo do que o apontado para a liminar, desta forma, caberá o mesmo 
quorum de 2/3 dos membros, atualmente 8 ministros. 
 
 Efeitos e eficácia da decisão 
 A Lei aponta expressamente os efeitos erga omnes e vinculante para as decisões 
finais, art. 11 da Lei 9.882/99. 
 No entanto, apresenta, no mesmo dispositivo, a possibilidade do Tribunal apontar 
os efeitos a partir de sua decisão (ex nunc) ou “outro momento que venha a ser fixado”, ou seja, 
adota expressamente a possibilidade de modulação dos efeitos pro futuro. Nestes casos, porém, 
pela necessária manutenção da segurança jurídica ou de excepcional interesse social (art 11 
caput da Lei 9.882/99). 
 
 PROCESSO (Lei 9.882/99) 
 A lei expressamente aponta os requisitos especiais da petição inicial, art. 3º da Lei 
9.882/99. Destes, é necessário destacar a necessidade de apresentação de prova da violação do 
preceito fundamental e, se for o caso, da comprovação da existência de controvérsia judicial 
relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera violado. 
 Poderá a petição inicial ser indeferida liminarmente cabendo, desta decisão, agravo 
no prazo de 5 dias. 
 É necessário ressaltar que não caberá ADPF quando houver qualquer outro meio 
eficaz para sanar a lesão. 
 Havendo pedido de liminar, o relator poderá ouvir o AGU e a autoridade 
responsável pelo ato, no entanto, tal não é obrigatório. 
 O PGR somente terá participação obrigatória após as informações das demais 
autoridades, porém, poderá ser ouvido no caso de liminar, com prazo conjunto ao AGU, art. 7º 
da Lei 9.882/99. 
 
 
 
Representação de Inconstitucionalidade 
 
 
 
 
 B) Atos normativos estaduais e municipais contrários à Constituição estadual – art. 
125, § 2º / CRFB. 
 O parâmetro de análise, agora, é a Constituição estadual, por isso, a ação cabíve4l 
se chamará Representação de inconstitucionalidade e julgada no TJ do respectivo estado. 
 O rol de legitimados será adaptado do rol apresentado no art. 103 da Constituição 
federal. Então, teremos a seguinte adaptação: 
Universidade Estácio de Sá Jurisdição Constitucional 
 
 
gloriagodoy26@hotmail.com Professora: Glória Godoy 
14 
ADI REPRESENTAÇÃO de inconstitucionalidade 
Presidente, governador Governador, prefeito 
Mesas do senado e da câmara Mesa da assembléia 
Mesa da assembléia Mesa da câmara de vereadores 
PGR PGJ 
Conselho federal da OAB Seccional da OAB 
Partido político com representação federal Partido político com representação estadual 
Confederação sindical, entidade de classe de 
âmbito federal 
Sindicato ou entidade de classe de âmbito 
estadual 
 
 
 
Apesar do DF não possuir Constituição Estadual, mas sim lei orgânica, a lei 9.868/99 prevê a 
“representação de inconstitucionalidade” em face de lei orgânica.

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