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CPP I - web aula - 1 a 13

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WEB AULAS PROCESSO PENAL I 
 
WEB AULA 1 
CASO 1: Zé Pequeno, 19 anos de idade, morador de um pequeno vilarejo no interior do país, foi denunciado pela prática 
da conduta descrita no art. 217-A do CP por manter relações sexuais com sua namorada Josefa, menina com 13 anos de 
idade. A denúncia foi baseada nos relatos prestados pela mãe da vítima, que, revoltada quando descobriu a situação, 
noticiou o fato à delegacia de polícia local. Zé Pequeno foi processado e condenado sem que tivesse constituído 
advogado. Á luz do sistema acusatório diga quais são os direitos de Zé Pequeno durante o processo penal, mencionando 
ainda as características do nosso sistema processual. 
RESPOSTA SUGERIDA: CASO 1 – O sistema processual é o acusatório, onde o acusado não é mais objeto do processo e 
sim sujeito de direitos. No atual sistema, o atos são públicos e o processo é regido, dentre outros, pelos princípios do 
contraditório e ampla defesa, de maneira que o acusado jamais poderá ser processado sem advogado, pois tem direito 
à defesa técnica. O acusado tem o direito de ser interrogado para que possa exercer a sua autodefesa. 
 
2. (OAB/EXAME UNIFICADO 2010.1) Carlos, empresário reconhecidamente bem-sucedido, foi denunciado por crime 
contra a ordem tributária. No curso da ação penal, seu advogado constituído renunciou ao mandato procuratório. 
Devidamente intimado para constituir novo advogado, Carlos não o fez, tendo o juiz nomeado defensor dativo para 
patrocinar sua defesa. 
Nessa hipótese, de acordo com o que dispõe o CPP, Carlos: 
a) Será obrigado, por não ser pobre, a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo juiz. 
b) Será obrigado, por não ser pobre, a pagar os honorários do defensor dativo, arbitrados pelo próprio defensor. 
c) Será obrigado, por não ser pobre, a pagar os honorários do defensor dativo, os quais deverão ser postulados em 
ação própria no juízo cível da comarca onde tenha tramitado a ação penal. 
d) Estará desobrigado do pagamento dos honorários advocatícios, visto que é incabível o arbitramento de honorários 
ao defensor dativo, ainda que o réu não seja pobre. 
RESPOSTA: LETRA A - ART. 263, § ÚNICO. 
 
3. Com referência às características do sistema acusatório, assinale a opção correta. 
a) O sistema de provas adotado é o do livre convencimento. 
b) As funções de acusar, defender e julgar concentram-se nas mãos de uma única pessoa. 
c) O processo é regido pelo sigilo. 
d) Não há contraditório nem ampla defesa. 
RESPOSTA: LETRA A. 
 
 
WEB AULA 2 
 
CASO 1: Na tentativa de identificar a autoria de vários arrombamentos em residências agrupadas em região de 
veraneio, a polícia detém um suspeito, que perambulava pelas redondezas. Após alguns solavancos e tortura físico-
psicológica, o suspeito, de apelido Alfredinho, acabou por admitir a autoria de alguns dos crimes, inclusive de um roubo 
praticado mediante sevícia consubstanciada em beliscões e cusparadas na cara da pessoa moradora. Além de admitir a 
autoria, Alfredinho delatou um comparsa, alcunhado “Chumbinho”, que foi logo localizado e indiciado no inquérito 
policial instaurado. A vítima do roubo, na delegacia, reconheceu os meliantes, notadamente “Chumbinho” como aquele 
que mais a agrediu, apesar de ter ele mudado o corte de cabelo e raspado um ralo cavanhaque. Deflagrada a ação 
penal, o advogado dos imputados impetrou habeas corpus, com o propósito de trancar a persecução criminal, ao 
argumento de ilicitude da prova de autoria. Solucione a questão, fundamentadamente, com referência necessária aos 
princípios constitucionais pertinentes. 
RESPOSTA SUGERIDA: CASO 1: A questão é controvertida na doutrina pátria. Alguns bons processualistas defendem a 
aplicação do principio da proporcionalidade do bem jurídico em confronto: a segurança pública e a paz social de um 
lado e do outro lado o ius libertatis da pessoa do infrator. Para os adeptos dessa corrente, aproveita-se a prova derivada 
de um outra contaminada de ilicitude na origem. Uma segunda corrente defende a admissibilidade da prova 
subsequente, se independente daquela de origem ilícita. Seria a hipótese do caso concreto, em que a vítima do roubo 
fez reconhecimento pessoal dos meliantes na delegacia. Um terceiro posicionamento vem sendo adotado pelo Supremo 
Tribunal Federal, inadmitindo, de forma absoluta, a prova ilícita quer originária quer por derivação. 
2. Esse princípio refere-se aos fatos, já que implica ser ônus da acusação demonstrar a ocorrência do delito e 
demonstrar que o acusado é, efetivamente, autor do fato delituoso. Portanto, não é princípio absoluto. Também 
decorre desse princípio a excepcionalidade de qualquer modalidade de prisão processual. (...) Assim, a decretação da 
prisão sem a prova cabal da culpa somente será exigível quando estiverem presentes elementos que justifiquem a 
necessidade da prisão. Edilson Mougenot Bonfim. Curso de Processo Penal. O princípio específico de que trata o texto é 
o da(o): 
a) Livre convencimento motivado. 
b) Inocência. 
c) Contraditório e ampla defesa. 
d) Devido processo legal. 
RESPOSTA: B. 
 
3. Relativamente ao princípio de vedação de autoincriminação, analise as afirmativas a seguir: 
I – O direito ao silêncio aplica-se a qualquer pessoa (acusado, indiciado, testemunha, etc.), diante de qualquer 
indagação por autoridade pública de cuja resposta possa advir imputação da prática de crime ao declarante. 
II – O indiciado em inquérito policial ou acusado em processo criminal pode ser instado pela autoridade a fornecer 
padrões vocais para realização de perícia sob pena de responder por crime de desobediência. 
III – O acusado em processo criminal tem o direito de permanecer em silêncio, sendo certo que o silêncio não importará 
em confissão, mas poderá ser valorado pelo juiz de forma desfavorável ao réu. 
IV – O Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento de que não é lícito ao juiz aumentar a pena do condenado 
utilizado como justificativa o fato do réu ter mentido em juízo. 
Assinale: 
a) Se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. 
b) Se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. 
c) Se apenas as afirmativas I e IV estiverem corretas. 
d) Se apenas as afirmativas I, II e IV estiverem corretas. 
e) Se todas as afirmativas estiverem corretas. 
RESPOSTA: C. 
 
 
WEB AULA 3 
 
CASO 01: Um transeunte anônimo liga para a circunscricional local e diz ter ocorrido um crime de homicídio e que o 
autor do crime é Paraibinha, conhecido no local. A simples delatio deu ensejo à instauração de inquérito policial. 
Pergunta-se: é possível instaurar inquérito policial, seguindo denúncia anônima? Responda, orientando-se na doutrina 
e jurisprudência. 
RESPOSTA SUGERIDA: CASO 01: A simples delatio criminis não autoriza a instauração de inquérito policial, devendo a 
autoridade policial, primeiro, confirmar a informação para instaurar o procedimento investigatório. Temerária seria a 
persecução iniciada por delação, posto que ensejaria a prática de vingança contra desafetos. O art. 5º, inciso IV, da CRFB 
veda o anonimato. 
HC 105484 / MT - MATO GROSSO 
HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA 
Julgamento: 12/03/2013 Órgão Julgador: Segunda Turma 
Publicação PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-069 DIVULG 15-04-2013 PUBLIC 16-04-2013 
Parte(s) 
RELATORA: MIN. CÁRMEN LÚCIA 
PACTE.(S): E S 
IMPTE.(S): VALBER DA SILVA MELO 
COATOR(A/S)(ES): RELATORA DOS INQUÉRITOS N° 558 E 669 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 
EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. INQUÉRITO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DECORRENTE 
DA EVENTUAL INCOMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DESEMBARGADOR APOSENTADO. PRERROGATIVA 
DE FORO DOS CORRÉUS. CONEXÃO. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. HABEAS CORPUS. LIMITES. 
LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO PRESERVADA. REINTEGRAÇÃO DO PACIENTE AOS QUADROS DO PODER JUDICIÁRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. ORDEM DENEGADA. 1 . Não se comprovaa presença de constrangimento ilegal a ferir direito do 
Paciente nem ilegalidade ou abuso de poder a ensejar a concessão da presente ordem de habeas corpus. 2. É firme a 
jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de que “nada impede a deflagração da persecução penal pela 
chamada 'denúncia anônima', desde que esta seja seguida de diligências realizadas para averiguar os fatos nela 
noticiados”. Precedentes. 3. Pelo que se tem nos autos, no início das investigações não se apuravam irregularidades 
cometidas por autoridades judiciárias, mas sim por terceiros que, supostamente, estariam se aproveitando de sua 
posição próxima àquelas autoridades para receber vantagem em troca da manipulação de decisões judiciais. 4. A 
ocorrência de duas ou mais infrações, supostamente praticadas por várias pessoas em concurso, algumas inclusive com 
prerrogativa de foro, embora diverso o tempo e o lugar, resulta tanto na conexão subjetiva concursal quanto na reunião 
dos inquéritos separadamente instaurados na instância competente, atendendo às exigências dos arts. 76, inc. I, e 78, 
inc. III, do Código de Processo Penal 5. A apuração unificada, especialmente quando se cogita da existência de uma 
quadrilha envolvendo juízes e desembargadores, justifica a tramitação do inquérito policial sob a competência do 
Superior Tribunal de Justiça, na forma estabelecida nos arts. 84 e seguintes do Código de Processo Penal, no art. 105, 
inc. I, alínea “a”, da Constituição da República, e na Súmula 704 deste Supremo Tribunal. 6. O habeas corpus destina-se 
exclusivamente à proteção da liberdade de locomoção quando ameaçada ou violada por ilegalidade ou abuso de poder. 
Precedente. 7. O pedido de reintegração de Magistrado afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça envolve 
direito estranho à liberdade de ir e vir, não podendo ser abrigado em habeas corpus. Precedente. 8. Ordem denegada. 
 
2. Tendo em vista o enunciado da súmula vinculante n. 14 do Supremo Tribunal Federal, quanto ao sigilo do inquérito 
policial, é correto afirmar que a autoridade policial poderá negar ao advogado: 
A) A vista dos autos, sempre que entender pertinente. 
B) A vista dos autos, somente quando o suspeito tiver sido indiciado formalmente. 
C) Do indiciado que esteja atuando com procuração o acesso aos depoimentos prestados pelas vítimas, se entender 
pertinente. 
D) O acesso aos elementos de prova que ainda não tenham sido documentados no procedimento investigatório. 
RESPOSTA: D. 
 
3. Em um processo em que se apura a prática dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas, o Juiz Federal da 
4ª Vara Federal Criminal de Arroizinho determina a expedição de carta rogatória para os Estados Unidos da América, a 
fim de que seja interrogado o réu Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano realiza o interrogatório do réu e 
devolve o procedimento à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O advogado de defesa de Mário, ao se deparar 
com o teor do ato praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo, tendo em vista que não foram obedecidas as 
garantias processuais brasileiras para o réu. 
Exclusivamente sobre o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a alegação do advogado está correta? 
a) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras 
podem ser aplicadas fora do território nacional. 
b) Não, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras só se 
aplicam no território nacional. 
c) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da territorialidade, já que as normas processuais brasileiras podem ser 
aplicadas em qualquer território. 
d) Não, pois no processo penal vigora o princípio da extraterritorialidade, já que as normas processuais brasileiras 
podem ser aplicas fora no território nacional. 
RESPOSTA: B. 
 
 
WEB AULA 4 
 
CASO 1: Joaquim e Severino, por volta de 13h de determinado dia de semana, ingressam em um ônibus e assaltam os 
passageiros, para logo adiante descer em fuga. Podem ser presos em flagrante 1 hora depois, 10 horas depois, 30 horas 
depois? 
RESPOSTA SUGERIDA: A resposta é afirmativa, desde que haja imediata perseguição aos agentes logo após o crime. Não 
importa o tempo que demore a perseguição, se for contínua e ininterrupta, autorizará a prisão em flagrante em 
qualquer tempo. A perseguição deve ser entendida nos precisos termos do que preceitua o art. 290, § 1º, a e b do CPP. 
Ver RANGEL, PAULO. Direito Processual Penal. 21ª Ed. 2013. Atlas. Pág. 767-769. O STJ adota o critério da razoabilidade 
para saber o que deve se entender pela expressão “logo após”. Veja HC 1014; HC 7622; HC 27839. 
 
2. Com relação ao inquérito policial, assinale a opção correta. 
a) É indispensável a assistência de advogado ao indiciado, devendo ser observadas as garantias constitucionais do 
contraditório e da ampla defesa. 
b) A instauração de inquérito policial é dispensável caso a acusação possua elementos suficientes para a propositura da 
ação penal. 
c) Trata-se de procedimento escrito, inquisitivo, sigiloso, informativo e disponível. 
d) A interceptação telefônica poderá ser determinada pela autoridade policial, no curso da investigação, de forma 
motivada e observados os requisitos legais. 
RESPOSTA: B. 
 
3. Leia o registro que se segue: Mévio, motorista de táxi, dirigia seu auto por via estreita, que impedia ultrapassagem de 
autos. Túlio, septuagenário, seguia com seu veículo à frente do de Mévio, em baixíssima velocidade, causando enorme 
congestionamento na via. Quando Túlio parou em semáforo, Mévio desceu de seu táxi e passou a desferir chutes e 
socos contra a lataria do auto de Túlio, danificando-a. Policiais se acercaram do local e detiveram Mévio, que foi 
conduzido à Delegacia de Polícia. Lá, o Delegado entendeu que o crime era de dano, com pena de detenção de 01 a 06 
meses ou multa. Iniciou a lavratura do Termo Circunstanciado, previsto na Lei n.º 9.099/95. Ao finalizá-lo, entregou a 
Mévio para que assinasse o Termo de Comparecimento ao Juizado Especial Criminal, o que foi por ele recusado. Indique 
o procedimento a ser adotado. 
a) Registro apenas em Boletim de Ocorrência para futuras providências. 
b) Considerando que ocorrera prisão em flagrante, ante a não assinatura do Termo de Comparecimento ao JECRIM, 
deve o Delegado de Polícia lavrar auto de prisão em flagrante, fixando fiança. 
c) Deve o Delegado lavrar o auto de prisão em flagrante e permitir que Mévio se livre solto. 
d) O Termo Circunstanciado deve ser remetido ao Juízo, mesmo que Mévio não tenha assinado o Termo de 
Comparecimento, para que o Magistrado, ouvido o Ministério Público, tome as providências que julgar cabíveis, 
podendo até decretar eventual prisão temporária. 
RESPOSTA: B. 
 
 
WEB AULA 5 
 
CASO 1: João e José são indiciados em IP pela prática do crime de peculato. Concluído o IP e remetidos ao MP, este vem 
oferecer denúncia em face de João, silenciando quanto a José, que é recebida pelo juiz na forma em que foi proposta. 
Pergunta-se: Trata-se a hipótese de arquivamento implícito? Aplica-se a Súmula 524 do STF? 
RESPOSTA SUGERIDA: 
1ªC – Aplica-se o verbete 524 do STF, é hipótese de arquivamento implícito subjetivo. (Afrânio Silva Jardim, Paulo 
Rangel) logo, p/ aditar precisa de novas provas. No momento em que a denúncia foi oferecida em face apenas de João e 
o juiz não exerceu a fiscalização do princípio da obrigatoriedade da ação penal pública, nos termos do art. 28 do CPP, 
deu-se o arquivamento implícito do IP, logo para que haja o aditamento somente com o surgimento de novas provas. 
2ªC – Não existe arquivamento implícito no ordenamento jurídico brasileiro. Para que haja arquivamento é necessário 
requerimento expresso do MP fundamentando o seu pedido no art. 395 do CPP, e a manifestação do juiz acerca desse 
pedido, aplicando o art 28 do CPP. O art. 28 CPPdiz que “o juiz no caso de considerar improcedentes as razões 
invocadas, fará remessa dos autos ao Procurador Geral”, então p/ haver arquivamento é preciso que o MP invoque 
razões, o que não ocorreu no caso em questão. Sendo assim, aquele corréu não denunciado não haverá arquivamento 
implícito, não cabendo invocar o verbete 524 do STF. O MP poderá aditar a denúncia a qualquer momento. (Polastri, 
Mirabete). 
 
RHC 113273 / SP - SÃO PAULO 
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS 
Relator(a): Min. LUIZ FUX 
Julgamento: 25/06/2013 Órgão Julgador: Primeira Turma 
Publicação 
PROCESSO ELETRÔNICO 
DJe-158 DIVULG 13-08-2013 PUBLIC 14-08-2013 
Parte(s) 
RECTE.(S) : MARIO THIMOTEO 
RECTE.(S) : RODNEY ROLDAN 
RECTE.(S) : CÁSSIO ROBERTO SANTANA 
ADV.(A/S) : MARCOS RIBEIRO DE FREITAS 
RECDO.(A/S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL 
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA 
Ementa: PROCESSO PENAL E PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO E 
EXTORSÃO. NULIDADES. ADITAMENTO DA DENÚNCIA. INCLUSÃO DE RÉU ANTES DA SENTENÇA FINAL. POSSIBILIDADE. 
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL AUTORIZATIVA DO COGNOMINADO “ARQUIVAMENTO IMPLÍCITO”. OFENSA À AMPLA 
DEFESA E AO CONTRADITÓRIO PELO ACUSADO. NÃO OCORRÊNCIA. RÉU DEVIDAMENTE CITADO. OPORTUNIZADA A 
PRODUÇÃO DE PROVAS. RECONHECIMENTO PESSOAL DO PACIENTE. RECONHECIMENTO DE OBJETO. VIOLAÇÃO DOS 
ART. 226 E 227 DO CPP NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-
PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE EM SEDE DE HABEAS CORPUS. RECURSO ORDINÁRIO PARCIALMENTE CONHECIDO E, 
NESSA PARTE, DESPROVIDO. 1. O arquivamento implícito não foi concebido pelo ordenamento jurídico brasileiro, e 
modo que nada obsta que o Parquet proceda ao aditamento da exordial acusatória, no momento em que se verificar a 
presença de indícios suficientes de autoria de outro corréu. ( Precedentes: AI nº 803138 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar 
Mendes, Segunda Turma, Dje 15.10.2012; HC nº 104356/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, Dje 
02.12.2010; RHC nº 95141/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Primeira Turma, Dje 23.10.2009). 2. O aditamento da 
denúncia pode ser feito, a qualquer tempo, com vistas a sanar omissões, desde que ocorra (i) em momento anterior à 
prolação da sentença final e (ii) seja oportunizado ao réu o exercício do devido processo legal, da ampla defesa e do 
contraditório, ex vi do art. 5º, LIV e LV. 3. In casu, o aresto assentou: "(…) verifica-se que embora existissem informações 
suficientes para se atribuir a Rodney Roldan o crime de extorsão a denúncia foi omissa. Todavia, não houve 
requerimento de arquivamento a esse respeito. Tal irregularidade, não verificada judicialmente, resultou no 
recebimento da denúncia sem que os autos retornassem ao Ministério Público, para o necessário aditamento. 
Entretanto, depois, verificadas também na instrução criminal, indicações do recorrente em tal delito, foi providenciado 
o aditamento à denúncia." (fl. 90) 4. A análise da suposta nulidade do auto de reconhecimento de objeto e da 
inexistência de indícios de autoria reclama a incursão no arcabouço fático-probatório acostado aos autos, o que não se 
afigura possível na estreita via do habeas corpus. 5. Recurso desprovido. 
Jurisprudência: STJ – “O silêncio do MP em relação a acusados cujos nomes só aparecem depois em aditamento à 
denúncia, não implica arquivamento quanto a eles. Só se considera arquivado o processo com o despacho da 
autoridade judiciária. (RT 691/360). STF, HC 92663/GO 
TJ/RJ, 3ª Cam Crim. – Arquivamento implícito. Inexiste no Direito Brasileiro. 
“O arquivamento deve ser requerido ao juiz, para que haja controle da utilização dos princípios da obrigatoriedade, 
oportunidade e utilidade da propositura da ação penal; sem requerimento expresso e fundamentado pelo Promotor e 
decisão a respeito, não há arquivamento no Direito brasileiro.” 
 
2. Na cidade “A”, o Delegado de Polícia instaurou inquérito policial para averiguar a possível ocorrência do delito de 
estelionato praticado por Márcio, tudo conforme minuciosamente narrado na requisição do Ministério Público Estadual. 
Ao final da apuração, o Delegado de Polícia enviou o inquérito devidamente relatado ao Promotor de Justiça. No 
entendimento do parquet, a conduta praticada por Márcio, embora típica, estaria prescrita. Nessa situação, o Promotor 
deverá: 
a) Arquivar os autos. 
b) Oferecer denúncia. 
c) Determinar a baixa dos autos. 
d) Requerer o arquivamento. 
RESPOSTA: LETRA D. 
 
3. A autoridade policial, ao chegar no local de trabalho como de costume, lê o noticiário dos principais jornais em 
circulação naquela circunscrição. Dessa forma, tomou conhecimento, através de uma das reportagens, que o indivíduo 
conhecido como “José da Carroça”, mais tarde identificado como José de Oliveira, teria praticado um delito de 
latrocínio. Diante da notícia da ocorrência de tão grave crime, instaurou o regular inquérito policial, passando a 
investigar o fato. Após reunir inúmeras provas, concluiu que não houve crime. Nesse caso, deverá a autoridade policial: 
a) Determinar o arquivamento dos autos por falta de justa causa para a propositura da ação. 
b) Encaminhar os autos ao ministério público para que este determine o seu arquivamento. 
c) Relatar o inquérito policial, sugerindo ao ministério público seu arquivamento, o que será apreciado pelo juiz. 
d) Relatar o fato a chefe de polícia, solicitando autorização para arquivar os autos por ausência de justa causa para a 
ação penal. 
e) Relatar o inquérito policial, requerendo o seu arquivamento e encaminhando-o ao juízo competente. 
RESPOSTA: LETRA C. 
 
 
WEB AULA 6 
 
CASO 01: João, operário da construção civil, agride sua mulher, Maria, causando-lhe lesão grave. Instaurado inquérito 
policial, este é concluído após 30 dias, contendo a prova da materialidade e da autoria, e remetido ao Ministério 
Público. Maria, então, procura o Promotor de Justiça e pede a este que não denuncie João, pois o casal já se reconciliou, 
a lesão já desapareceu e, principalmente, a condenação de João (que é reincidente) faria com que este perdesse o 
emprego, o que deixaria a própria vítima e seus oito filhos menores em situação dificílima, sem ter como prover sua 
subsistência. Diante de tais razões, pode o MP deixar de oferecer denúncia? 
RESPOSTA SUGERIDA: A pretensão de Maria não pode ser acolhida, em razão do princípio da obrigatoriedade da ação 
penal pública, que, no caso, é incondicionada. 
 
2. Paulo Ricardo, funcionário público federal, foi ofendido, em razão do exercício de suas funções, por Ana Maria. Em 
face dessa situação hipotética, assinale a opção correta no que concerne à legitimidade para a propositura da respectiva 
ação penal. 
a) Será concorrente a legitimidade de Paulo Ricardo, mediante queixa, e do MP, condicionada à representação do 
ofendido. 
b) Somente o MP terá legitimidade para a propositura da ação penal, mas, para tanto, será necessária a representação 
do ofendido ou a requisição do chefe imediato de Paulo Ricardo. 
c) A ação penal será pública incondicionada, considerando-se que a ofensa foi praticada propter officium e que há 
manifesto interesse público na persecução criminal. 
d) A ação penal será privada, do tipo personalíssima. 
RESPOSTA: LETRA A – VERBETE DA SÚMULA DO STF 714. 
 
3. Maria, que tem 18 anos de idade, é universitária e reside com os pais, que a sustentam financeiramente, foi vítima de 
crime que é processado mediante ação penal pública condicionada à representação. Considerando essa situação 
hipotética, assinale a opção correta. 
a) Caso Maria venha a falecer, prescreverá o direito de representação se seus pais não requererem a nomeação de 
curador especial pelo juiz, no prazo legal. 
b) O representante legal de Maria também poderá mover a ação penal, visto que o direito de ação é concorrente em 
face da dependênciafinanceira e inicia-se a partir da data em que o crime tenha sido consumado. 
c) Caso Maria deixe de exercer o direito de representação, a condição de procedibilidade da ação penal poderá ser 
satisfeita por meio de requisição do ministro da justiça. 
d) Caso Maria exerça seu direito à representação e o membro do MP não promova a ação penal no prazo legal, Maria 
poderá mover ação penal privada subsidiária da pública. 
RESPOSTA: LETRA D. 
 
 
WEB AULA 7 
 
CASO 01: Paula, com 16 anos de idade é injuriada e difamada por Estevão. Diante do exposto, pergunta-se: 
a) De quem é a legitimidade ad causam e ad processum para a propositura da queixa? 
b) Caso Paula fosse casada, estaria dispensada a representação por parte do cônjuge ou do seu ascendente? Em caso 
positivo por quê? Em caso negativo quem seria seu representante legal? 
c) Se na data da ocorrência do fato Paula possuísse 18 anos a legitimidade para a propositura da ação seria concorrente 
ou exclusiva? 
RESPOSTA SUGERIDA: 
a) Paula tem capacidade de ser parte (legitimatio ad causam) uma vez que foi vítima do crime, entretanto não possui 
capacidade para estar em juízo praticando atos processuais válidos ( legitimatio ad processum). Assim sua incapacidade 
terá que ser suprida através da representação. 
b) Para alguns, Paula, sendo emancipada, não teria mais representante legal, podendo, assim, propor a queixa. 
Segundo a melhor doutrina, ainda que emancipada Paula é inimputável, já que a emancipação só gera efeitos civis, e 
caso fizesse falsas afirmações não estaria sujeita as sanções pela prática do injusto penal de Denunciação Caluniosa. 
Assim necessária a intervenção do representante legal e não possuindo Paula representante legal, seria viável a 
nomeação de curador especial ( artigo 33 do CPP). 
c) De acordo com o disposto no art. 5º do Código Civil a menoridade cessa a partir dos 18 completos. Assim não faz 
sentido que no processo penal permaneça a legitimação concorrente para os maiores de 18 e menores de 21 anos , 
pois os maiores de 18 anos são pessoas habilitadas para todos os atos da vida civil. Segundo a melhor doutrina o artigo 
34 do CPP, assim como outros dispositivos do Código de Processo Penal, perdeu o objeto e foram revogados. 
 
2. Acerca da ação civil ex delicto, assinale a opção correta. 
a) A execução da sentença penal condenatória no juízo cível é ato personalíssimo do ofendido e não se estende aos 
seus herdeiros. 
b) Ao proferir sentença penal condenatória, o juiz fixará valor mínimo para a reparação dos danos causados pela 
infração, considerando os prejuízos sofridos pelo ofendido, sem prejuízo da liquidação para apuração do dano 
efetivamente sofrido. 
c) Segundo o CPP, a sentença absolutória no juízo criminal impede a propositura da ação civil para reparação de 
eventuais danos resultantes do fato, uma vez que seria contraditório absolver o agente na esfera criminal e processá-lo 
no âmbito cível. 
d) O despacho de arquivamento do inquérito policial e a decisão que julga extinta a punibilidade são causas impeditivas 
da propositura da ação civil. 
RESPOSTA: LETRA B. 
 
3. Relativamente às regras sobre ação civil fixadas no Código de Processo Penal, assinale a alternativa correta: 
a) São fatos que impedem a propositura da ação civil: o despacho de arquivamento do inquérito ou das peças de 
informação, a decisão que julgar extinta a punibilidade e a sentença absolutória que decidir que o fato imputado não 
constitui crime. 
b) Sobrevindo a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil não poderá ser proposta em nenhuma hipótese. 
c) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, a execução só poderá ser efetuada pelo valor fixado na 
mesma, não se admitindo, neste caso, a liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. 
d) Transitada em julgado a sentença penal condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para o efeito 
da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. 
RESPOSTA: LETRA D. 
 
 
WEB AULA 8 
 
CASO 1: Determinado prefeito municipal, durante o mandato, desvia verbas públicas repassadas ao Município através 
de convênio com o Ministério da Educação, sujeitas a prestação de contas, visando ao treinamento e qualificação de 
professores. Referida fraude somente é descoberta após a cessação do mandato, instaurando-se inquérito policial na DP 
local. Concluído o Inquérito, no qual restaram recolhidos elementos de prova suficientes para a denúncia, o Promotor 
de Justiça oferece denúncia contra o ex-prefeito. Diante do exposto, diga qual o juízo competente para julgar o ex 
prefeito. 
RESPOSTA SUGERIDA: “Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a 
prestação de contas perante órgão federal”. Súmula 208, STJ. 
A teor do art. 109, inciso IV, da CRFB, a competência é da Justiça Federal, por tratar-se de recursos provenientes da 
União e que ficam sob o controle do Tribunal de Contas da União. A denúncia não deve ser recebida, devendo o 
procedimento ser enviado à Justiça Federal. A competência será da Justiça Federal de 1º Grau. 
 
2. Compete à justiça federal processar e julgar 
a) Furto de bem de sociedade de economia mista. 
b) Crime de deserção praticado por bombeiro militar. 
c) Crime contra a organização do trabalho. 
d) Crime de transporte de eleitores no dia da votação. 
RESPOSTA: LETRA C. 
 
3. Paulo reside na cidade “Y” e lá resolveu falsificar seu passaporte. Após a falsificação, pegou sua moto e viajou até a 
cidade “Z”, com o intuito de chegar ao Paraguai. Passou pela cidade “W” e pela cidade “K”, onde foi parado pela Polícia 
Militar. Paulo se identificou ao policial usando o documento falsificado e este, percebendo a fraude, encaminhou Paulo 
à delegacia. O Parquet denunciou Paulo pela prática do crime de uso de documento falso. 
Assinale a afirmativa que indica o órgão competente para julgamento. 
a) Justiça Estadual da cidade “Y”. 
b) Justiça Federal da cidade “K”. 
c) Justiça Federal da cidade “Y”. 
d) Justiça Estadual da cidade “K”. 
RESPOSTA: LETRA B- VERBETE DA SÚMULA DO STJ 200. 
 
 
 
 
 
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CASO 01: Aristodemo, juiz de direito, em comunhão de desígnios com seu secretário, no dia 20/05/2008, no município 
de Campinas/SP, pratica o delito descrito no art. 312 do CP, tendo restado consumado o delito. Diante do caso 
concreto, indaga-se: 
a) Qual o Juízo com competência para julgar o fato? 
b) Caso fosse crime doloso contra a vida, como ficaria a competência para o julgamento? 
RESPOSTA SUGERIDA: 
a) Considerando que Aristodemo em concurso com seu secretário cometeram o crime de peculato, e que Aristodemo 
tem foro por prerrogativa de função, art. 96, III da CRFB, o magistrado e seu secretário serão julgados pelo Tribunal de 
Justiça, pois a jurisdição mais graduada do Tribunal predomina sobre a jurisdição menos graduada do 1º grau, fazendo 
com que também o funcionário seja julgado pelo Colegiado, art. 78, III do CPP. 
Nesse sentido, aliás, reza a súmula 704 do STF: “ Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido 
processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um 
dos denunciados.” 
b) A questão suscita divergências. Existem duas orientações acerca do tema. A primeira tese está no sentido de que o 
Juiz será julgado pelo Tribunal de Justiça nos moldes do art.96, III da CRFB/88, submetendo-se, contudo, o coautor a Júri 
Popular, art.5,XXXVIII da CRFB/88. É que ambas as competências tem assento na Constituição, devendo os processos 
serem separados, não podendo a lei ordinária, alterar regra constitucional. 
Convém salientar, todavia, segundo posicionamento no sentido da ocorrência da continência (77, I do CPP) a ensejar 
unidade de processo e julgamento prevalecendo a competência do Tribunal de Justiça, por força do art.78,III do CPP.No entanto, pensamos ser a primeira tese aquela que está em consonância com o Texto Maior. 
 
2. Tendo como referência a competência ratione personae, assinale a alternativa correta. 
a) Caio, vereador de um determinado município, pratica um crime comum previsto na parte especial do Código Penal. 
Será, pois, julgado no Tribunal de Justiça do Estado onde exerce suas funções, uma vez que goza do foro por 
prerrogativa de função. 
b) Tício, juiz estadual, pratica um crime eleitoral. Por ter foro por prerrogativa de função, será julgado no Tribunal de 
Justiça do Estado onde exerce suas atividades. 
c) Mévio é governador do Distrito Federal e pratica um crime comum. Por uma questão de competência originária 
decorrente da prerrogativa de função, será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. 
d) Terêncio é prefeito e pratica um crime comum, devendo ser julgado pelo Tribunal de Justiça do respectivo Estado. 
Segundo entendimento do STF, a situação não se alteraria se o crime praticado por Terêncio fosse um crime eleitoral. 
RESPOSTA: LETRA C. 
 
3. Acerca da competência no âmbito do direito processual penal, assinale a opção correta. 
a) Caso um policial militar cometa, em uma mesma comarca, dois delitos conexos, um cujo processo e julgamento seja 
de competência da justiça estadual militar e o outro, da justiça comum estadual, haverá cisão processual. 
b) Os desembargadores dos tribunais de justiça dos estados e dos tribunais regionais federais possuem prerrogativa de 
foro especial, devendo ser processados e julgados criminalmente no STF. 
c) A competência para processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do 
juízo federal do local por onde as mercadorias sejam indevidamente introduzidas no Brasil. 
d) Caso um indivíduo tenha cometido, em uma mesma comarca, dois delitos conexos, um cujo processo e julgamento 
seja da competência da justiça federal e o outro, da justiça comum estadual, a competência para o julgamento unificado 
dos dois crimes será determinada pelo delito considerado mais grave. 
RESPOSTA: LETRA A. 
 
 
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CASO 1: Deoclécio, pistoleiro profissional, matou um desafeto de Pezão, a mando deste, abandonando o cadáver numa 
chácara de propriedade de Lindomar, que nada sabia. Temeroso de que lhe atribuíssem a autoria do homicídio, 
Lindomar sepultou clandestinamente o cadáver da vítima. Isso considerado, indaga-se: 
a) A hipótese é de conexão ou continência? 
b) Haverá reunião das ações penais em um só juízo? 
c) Qual será o juízo competente para julgar Cabeção, Pezão e Lindomar? 
RESPOSTA SUGERIDA: 
a) Continência em relação a Deoclécio e Pezão pelo crime de homicídio, art.77,I CPP. Conexão do homicídio com 
ocultação de cadáver praticado por Lindomar, art.211CP c/c art.76,II CPP(Conexão objetiva). 
b) Sim, art.78,I CPP. 
c) Ao teor do art.78,I CPP compete ao Júri julgar todos os delitos. 
 
2. Márcio foi denunciado pelo crime de bigamia. O advogado de defesa peticionou ao juízo criminal requerendo a 
suspensão da ação penal, por entender que o primeiro casamento de Márcio padecia de nulidade, fato que gerou ação 
civil anulatória, em trâmite perante o juízo cível da mesma comarca. Nessa situação hipotética, 
a) A ação penal deverá ser suspensa até que a nulidade do primeiro casamento de Márcio seja resolvida 
definitivamente no juízo cível. 
b) Deverá o juízo criminal, de ofício, extinguir a punibilidade de Márcio, uma vez que o delito de bigamia foi revogado. 
c) Considerando-se a independência das instâncias, o processo criminal deverá ter seguimento independentemente do 
desfecho da ação anulatória civil. 
d) Apesar de as instâncias cível e criminal serem independentes, o juízo criminal poderá, por cautela, determinar a 
suspensão da ação penal até que se resolva, no juízo cível, a controvérsia relativa à nulidade do primeiro casamento de 
Márcio. 
RESPOSTA: A. 
 
3. Em relação à delimitação da competência no processo penal, às prerrogativas de função e ao foro especial, assinale a 
opção correta. 
a) O militar que, no exercício da função, pratica crime doloso contra a vida de um civil deve ser processado perante a 
justiça militar. 
b) Membro do Ministério Público estadual que pratica crime doloso contra a vida deve ser processado perante o 
tribunal do júri e, não, no foro por prerrogativa de função ou especial, visto que a competência do tribunal do júri está 
expressa na Constituição Federal. 
c) No caso de conexão entre um crime comum e um crime eleitoral, este deve ser processado perante a justiça eleitoral 
e aquele, perante a justiça estadual, visto que, no concurso de jurisdições de diversas categorias, ocorre a separação dos 
processos. 
d) Não viola a garantia do juiz natural a atração por continência do processo do corréu ao foro especial do outro 
denunciado, razão pela qual um advogado e um juiz de direito que pratiquem crime contra o patrimônio devem ser 
processados perante o tribunal de justiça. 
RESPOSTA: D. 
 
 
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CASO 01: O Promotor de Justiça com atribuição requereu o arquivamento do inquérito policial, em razão da atipicidade, 
com fundamento no artigo 395,II do CPP. O juiz concordou com as razões invocadas e determinou o arquivamento do 
IP. Um mês depois, o próprio promotor de justiça tomou conhecimento de prova substancialmente nova, indicativa de 
que o fato realmente praticado era típico. Poderá ser instaurada ação penal? A decisão de arquivamento do IP faz coisa 
julgada material? 
RESPOSTA SUGERIDA: STF, Inp 1538/PR 
Pet 3927 / SP - SÃO PAULO 
PETIÇÃO 
Relator(a): Min. GILMAR MENDES 
EMENTA: Petição. 1. Investigação instaurada para apurar a suposta prática do crime de corrupção eleitoral ativa por 
Deputado Federal (Código Eleitoral, art. 299). 2. Arquivamento requerido pelo Ministério Público Federal (MPF) sob o 
argumento de que a conduta investigada é atípica. 3. Na hipótese de existência de pronunciamento do Chefe do MPF 
pelo arquivamento do inquérito, tem-se, em princípio, um juízo negativo acerca da necessidade de apuração da prática 
delitiva exercida pelo órgão que, de modo legítimo e exclusivo, detém a opinio delicti a partir da qual é possível, ou não, 
instrumentalizar a persecução criminal. Precedentes do STF. 4. Apenas nas hipóteses de atipicidade da conduta e 
extinção da punibilidade poderá o Tribunal analisar o mérito das alegações trazidas pelo Procurador-Geral da República. 
5. Ausência de elementar do fato típico imputado: promessa de doação a eleitores. 6. Arquivamento deferido. 
Decisão O Tribunal, por unanimidade, deliberou pelo arquivamento da ação, nos termos do voto do relator, Ministro 
Gilmar Mendes (Presidente). Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa e, neste julgamento, a 
Senhora Ministra Ellen Gracie. Plenário, 12.06.2008. 
Indexação 
- VIDE EMENTA E INDEXAÇÃO PARCIAL: JURISPRUDÊNCIA, STF, IMPOSSIBILIDADE, APRECIAÇÃO, MÉRITO, SOLICITAÇÃO, 
PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, ARQUIVAMENTO, INQUÉRITO POLICIAL. EXCEÇÃO, ARQUIVAMENTO, INQUÉRITO, 
FUNDAMENTO, EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE, PRESCRIÇÃO, PRETENSÃO PUNITIVA, CONDUTA ATÍPICA, POSSIBILIDADE, 
PRODUÇÃO, EFEITO, COISA JULGADA MATERIAL. 
Pet 3943 / MG - MINAS GERAIS 
PETIÇÃO 
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO 
EMENTA: INQUÉRITO POLICIAL. Arquivamento. Requerimento do Procurador-Geral da República. Pedido fundado na 
alegação de atipicidade dos fatos. Formação de coisa julgada material. Não atendimento compulsório. Necessidade de 
apreciação e decisão pelo órgão jurisdicional competente. Inquérito arquivado. Precedentes. O pedido de arquivamento 
de inquérito policial, quando não se baseie em falta de elementos suficientes para oferecimento de denúncia, mas na 
alegação de atipicidade do fato, ou de extinção da punibilidade, não é de atendimento compulsório, senão que deve ser 
objeto de decisão do órgão judicial competente, dada a possibilidade de formação decoisa julgada material. 
 
2. Em relação às exceções previstas na legislação processual penal, assinale a alternativa correta. 
a) A arguição de suspeição sempre precederá a qualquer outra. 
b) Se for arguida a suspeição do órgão do Ministério Público, o juiz, depois de ouvi-lo, decidirá, sem recurso, podendo 
antes admitir a produção de provas no prazo de 10 (dez) dias. 
c) Poderá se opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito. 
d) As exceções serão processadas em autos apartados e não suspenderão, em regra, o andamento da ação penal. 
RESPOSTA: LETRA D – ART 111 CPP. 
 
3. Acerca de exceções, assinale a opção correta. 
a) A exceção de incompetência do juízo, que não pode ser oposta verbalmente, deve ser apresentada, no prazo de 
defesa, pela parte interessada. 
b) A parte interessada pode opor suspeição às autoridades policiais nos atos do inquérito, devendo fazê-lo na primeira 
oportunidade em que tiver vista dos autos. 
c) Podem ser opostas exceções de suspeição, incompetência de juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa 
julgada e, caso a parte oponha mais de uma, deverá fazê-lo em uma só petição ou articulado. 
d) Tratando-se da exceção de incompetência do juízo, uma vez aceita a declinatória, o feito deve ser remetido ao juízo 
competente, onde deverá ser declarada a nulidade absoluta dos atos anteriores, não se admitindo a ratificação. 
RESPOSTA: C. 
 
 
WEB AULA 12 
 
CASO 1: João foi condenado por crime de latrocínio a uma pena de 25 anos de reclusão a ser cumprida no regime 
fechado. Ocorre que no curso da execução de tal pena privativa de liberdade sobrevêm doença mental ao condenado. 
Diante de tal situação, na qualidade de juiz da execução como decidiria? E se a doença mental ocorresse no curso do 
processo de conhecimento e posteriormente ao crime? E se a doença mental já existia no momento da prática da 
infração? 
RESPOSTA SUGERIDA: Em um primeiro momento, em tais casos, caberá ao juiz da execução suspender a execução da 
pena determinando a imediata internação do condenado em hospital psiquiátrico consoante dispõe o artigo 108 da LEP. 
Sendo constatado através da perícia psiquiátrica que a situação é irreversível poderá o juiz converter a pena privativa de 
liberdade em medida de segurança. Nesse sentido artigo 154 do CPP c/c 183 da LEP. Nas demais hipóteses ver artigos 
151 e 152 do CPP. Ver: TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 
511. 
 
2. Em relação ao incidente de falsidade, é correto afirmar que: 
a) Se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos 
do processo incidente, ao Ministério Público. 
b) Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo: andará 
autuar em apartado a impugnação e em seguida ouvirá a parte contrária, que, num prazo de 24 (vinte a quatro) horas, 
oferecerá resposta. 
c) A arguição de falsidade, feita por procurador, não exige poderes especiais. 
d) O juiz não poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. 
RESPOSTA: A. 
 
3. Acerca de incidente de insanidade mental do acusado, assinale a opção correta. 
a) Não se admite a instauração de exame de sanidade mental do acusado após o trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória, uma vez que a medida não terá mais eficácia. 
b) O exame de avaliação da saúde mental do acusado poderá ser ordenado na fase do inquérito, mediante 
representação da autoridade policial ao juiz competente. 
c) Caso seja comprovada a insanidade mental do acusado, ao tempo da infração penal, o processo deverá ser 
imediatamente extinto, decretando-se a extinção da punibilidade do réu. 
d) Para efeito do exame, o acusado acometido de insanidade mental, se estiver preso, deverá ser imediatamente 
libertado, para que a família o conduza para a análise clínica em estabelecimento que entenda adequado. 
RESPOSTA: B. 
 
 
WEB AULA 13 
 
CASO 1: Seguindo denúncia anônima sobre existência de “boca de fumo”, uma equipe de policiais combina dar um 
flagrante no local. Lá chegando, ficam de espreita, presenciando alguma movimentação de pessoas, entrando e saindo 
do imóvel, que também servia de residência. Já passava das 21h, quando telefonaram à autoridade policial e esta 
autorizou o ingresso para busca e apreensão. Assim foi feito e os policiais lograram apreender grande quantidade de 
pedra de crack, que estava escondida sob uma tábua do assoalho. Levado o morador à DP local, foi ele submetido ao 
procedimento legal de flagrante, sendo imediatamente comunicada a prisão ao juízo competente. O defensor público 
requereu o relaxamento do flagrante, por ilegalidade manifesta. Assiste razão a defesa? 
RESPOSTA SUGERIDA: No particular aspecto do crime de drogas, a modalidade de cometimento da infração: guardar, 
ter em depósito, trazer consigo ou transportar, caracteriza estado de flagrância permanente. Em que pese a aparência 
de ilegalidade da atividade persecutória, não houve violação do domicílio, em razão do estado de flagrante delito. 
Existe, contudo, entendimento contrário. 
 
2. Assinale a opção correta. 
a) Os conceitos de flagrante preparado e esperado se confundem. 
b) A prisão em flagrante delito somente poderá ser realizada dentro do período de 24h, contadas do momento em que 
se inicia a execução do crime. 
c) O estado de flagrante delito é uma das exceções constitucionais à inviolabilidade do domicílio, nos termos da 
Constituição Federal. 
d) No flagrante esperado a prisão é ilegal. 
RESPOSTA: C. 
 
3. Relativamente à prisão, assinale a opção correta de acordo com o CPP. 
a) Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a 
prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que providenciará a remoção do 
preso depois de haver lavrado, se for o caso, o auto de flagrante. 
b) Na hipótese de resistência à prisão em flagrante, por parte do réu, o executor e as pessoas que o auxiliarem não 
poderão usar dos meios necessários para defender-se ou para vencer a resistência. 
c) Na hipótese de o executor do mandado verificar, com segurança, que o réu tenha entrado em alguma casa, o 
morador será intimado a entregá-lo, à vista da ordem de prisão. Se não for atendido imediatamente, o executor 
convocará duas testemunhas e, ainda que seja noite, entrará à força na casa, arrombando as portas, caso seja 
necessário. 
d) Ainda que haja tentativa de fuga do preso, não será permitido o emprego de força. 
RESPOSTA: A. 
 
 
WEB AULA 14 
 
CASO 1: Após uma longa investigação da delegacia de polícia local, Adamastor foi preso às 21h em sua casa, em razão 
de um mandado de prisão temporária expedido pelo juiz competente, por crime de descaminho. A prisão fora 
decretada por 10 dias. O advogado de Adamastor impetrou Habeas Corpus requerendo a sua liberdade provisória com 
fundamento no art. 310 do CPP. Em no máximo 10 linhas, discorra sobre o exposto acima, analisando as hipóteses de 
cabimento, prazo da prisão temporária. 
RESPOSTA SUGERIDA: Inicialmente cumpre esclarecer que a CRFB/88 estabelece que ordem judicial só poderá ser 
cumprida durante o dia, art. 5º, XI. A prisão temporária tem um prazo de 05 dias, prorrogáveis por mais 05, e se for 
crime hediondo, o prazo será de 30 dias prorrogáveis por mais 30 (art. 2º da lei 7960/89 e art. 2º, p. 4º da lei 8072/90). 
A teor do que dispõe o art. 1º, III da lei 7960/89, não cabe prisão temporária em crime de descaminho. Prisão ilegal é 
cabível o relaxamento de prisão. Só se fala em liberdade provisória quando se está diante de uma prisão em flagrante 
legal, porém desnecessária (art. 310 do CPP). 
 
2. Como se sabe, a prisão processual (provisória ou cautelar) é a decretada antes do trânsito em julgado de sentença 
penal condenatória, nas hipóteses previstas em lei.A respeito de tal modalidade de prisão, é correto afirmar que: 
a) Em nosso ordenamento jurídico, a prisão processual contempla as seguintes modalidades: prisão em flagrante, 
preventiva, temporária, por pronúncia e em virtude de sentença condenatória recorrível. 
b) A prisão temporária tem como pressupostos a existência de indícios de autoria e prova da materialidade, e como 
fundamentos a necessidade de garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal, a necessidade de 
garantir a futura aplicação da lei penal e a garantia da ordem pública. 
c) A prisão temporária não poderá ser decretada de ofício pelo juiz. 
d) São requisitos da prisão preventiva a sua imprescindibilidade para as investigações do inquérito policial e o fato de o 
indiciado não ter residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade. 
RESPOSTA: C. 
 
3. Acerca das prisões cautelares, assinale a opção correta. 
a) Considere que Amanda, na intenção de obter vantagem econômica, tenha sequestrado Bruna, levando-a para o 
cativeiro. Nesse caso, a prisão em flagrante de Amanda só poderá ocorrer até vinte e quatro horas após a constrição da 
liberdade de Bruna, devendo a autoridade policial, caso descubra o paradeiro da vítima após tal prazo, solicitar ao juiz 
competente o mandado de prisão contra a sequestradora. 
b) São pressupostos da prisão preventiva: garantia da ordem pública ou da ordem econômica; conveniência da 
instrução criminal; garantia de aplicação da lei penal; prova da existência do crime; indício suficiente de autoria. 
c) Em regra, a prisão temporária deve ter duração máxima de cinco dias. Tratando-se, no entanto, de procedimento 
destinado à apuração da prática de delito hediondo, tal prazo poderá estender-se para trinta dias, prorrogável por igual 
período em caso de extrema e comprovada necessidade. 
d) A apresentação espontânea do acusado à autoridade policial, ao juiz criminal ou ao MP impede a prisão preventiva, 
devendo o acusado responder ao processo em liberdade. 
RESPOSTA: C. 
 
 
WEB AULA 15 
 
CASO 1: Adamastor, primário e de maus antecedentes, foi acusado do crime de homicídio qualificado. Respondeu solto 
à instrução criminal. Durante a primeira fase do procedimento do Júri, o juiz decide pronunciá-lo. Nesse momento 
determina o seu recolhimento à prisão em aplicação ao artigo 413, P.3º do CPP, fundamentando tratar-se de crime 
hediondo, portanto, inafiançável. Pronunciado, Adamastor permanece preso por mais de 2 anos, sem que tenha sido 
marcada a data do seu julgamento pelo Júri. Como advogado, quais argumentos você utilizaria para conseguir a 
liberdade de Adamastor? 
RESPOSTA SUGERIDA: 
INFORMATIVO Nº 559/STF 
TÍTULO Liberdade Provisória - Vedação Legal - Inconstitucionalidade - Prisão Cautelar – Fundamentação Inadequada 
(Transcrições) 
HC - 100362 
Liberdade Provisória - Vedação Legal - Inconstitucionalidade - Prisão Cautelar – Fundamentação Inadequada 
(Transcrições) HC 100362-MC/SP* RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: “HABEAS CORPUS”. VEDAÇÃO LEGAL 
ABSOLUTA, IMPOSTA EM CARÁTER APRIORÍSTICO, INIBITÓRIA DA CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA NOS CRIMES 
TIPIFICADOS NO ART. 33, “CAPUT” E § 1º, E NOS ARTS. 34 A 37, TODOS DA LEI DE DROGAS. POSSÍVEL 
INCONSTITUCIONALIDADE DA REGRA LEGAL VEDATÓRIA (ART. 44). OFENSA AOS POSTULADOS CONSTITUCIONAIS DA 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA, DO “DUE PROCESS OF LAW”, DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DA 
PROPORCIONALIDADE. O SIGNIFICADO DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE, VISTO SOB A PERSPECTIVA DA 
“PROIBIÇÃO DO EXCESSO”: FATOR DE CONTENÇÃO E CONFORMAÇÃO DA PRÓPRIA ATIVIDADE NORMATIVA DO 
ESTADO. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL: ADI 3.112/DF (ESTATUTO DO DESARMAMENTO, ART. 21). 
CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL. NÃO SE DECRETA PRISÃOCAUTELAR, 
SEM QUE HAJA REAL NECESSIDADE DE SUA EFETIVAÇÃO, SOB PENA DE OFENSA AO “STATUS LIBERTATIS” DAQUELE QUE 
A SOFRE. IRRELEVÂNCIA, PARA EFEITO DE CONTROLE DA LEGALIDADE DO DECRETO DE PRISÃO CAUTELAR, DE 
EVENTUAL REFORÇO DE ARGUMENTAÇÃO ACRESCIDO POR TRIBUNAIS DE JURISDIÇÃO SUPERIOR. PRECEDENTES. 
MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. DECISÃO: Trata-se de “habeas corpus”, com pedido de medida cautelar, impetrado 
contra decisão emanada de eminente Ministro de Tribunal Superior da União, que, em sede de outra ação de “habeas 
corpus” ainda em curso no Superior Tribunal de Justiça (HC 140.641/SP), denegou medida liminar que lhe havia sido 
requerida em favor do ora paciente. Presente tal contexto, impende verificar, desde logo, se a situação processual 
versada nestes autos justifica, ou não, o afastamento, sempre excepcional, da Súmula 691/STF. Como se sabe, o 
Supremo Tribunal Federal, ainda que em caráter extraordinário, tem admitido o afastamento, “hic et nunc”, da Súmula 
691/STF, em hipóteses nas quais a decisão questionada divirja da jurisprudência predominante nesta Corte ou, então, 
veicule situações configuradoras de abuso de poder ou de manifesta ilegalidade (HC 85.185/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO 
- HC 86.634-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 86.864-MC/SP, Rel. Min. CARLOS VELLOSO - HC 87.468/SP, Rel. Min. 
CEZAR PELUSO - HC 89.025-MC-AgR/SP, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - HC 90.112-MC/PR, Rel. Min. CEZAR PELUSO - HC 
94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 96.095/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 96.483/ES, Rel. Min. CELSO DE 
MELLO, v.g.). Parece-me que a situação exposta nesta impetração ajusta-se às hipóteses que autorizam a superação do 
obstáculo representado pela Súmula 691/STF. Passo, em consequência, a examinar a postulação cautelar ora deduzida 
nesta sede processual. Sendo esse o contexto, passo a apreciar o pedido de medida liminar. E, ao fazê-lo, observo que 
os elementos produzidos nesta sede processual revelam-se suficientes para justificar, na espécie, a meu juízo, o 
acolhimento da pretensão cautelar deduzida pelos ora impetrantes, eis que concorrem, no caso, os requisitos 
autorizadores da concessão da medida em causa. Mostra-se importante ter presente, no caso, quanto à Lei nº 
11.343/2006, que o seu art. 44 proíbe, de modo abstrato e “a priori”, a concessão da liberdade provisória nos “crimes 
previstos nos art. 33, ‘caput’ e § 1º, e 34 a 37 desta Lei”. Cabe assinalar que eminentes penalistas, examinando o art. 44 
da Lei nº 11.343/2006, sustentam a inconstitucionalidade da vedação legal à liberdade provisória prevista em 
mencionado dispositivo legal (ROGÉRIO SANCHES CUNHA, “Da Repressão à Produção Não Autorizada e ao Tráfico Ilícito 
de Drogas”, “in” LUIZ FLÁVIO GOMES (Coord.), “Lei de Drogas Comentada”, p. 232/233, item n. 5, 2ª ed., 2007, RT”; 
FLÁVIO OLIVEIRA LUCAS, “Crimes de Uso Indevido, Produção Não Autorizada e Tráfico Ilícito de Drogas – Comentários à 
Parte Penal da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006”, “in” MARCELLO GRANADO (Coord.), “A Nova Lei Antidrogas: 
Teoria, Crítica e Comentários à Lei nº 11.343/06”, p. 113/114, 2006, Editora Impetus”; FRANCIS RAFAEL BECK, “A Lei de 
Drogas e o Surgimento de Crimes ‘Supra-hediondos’: uma necessária análise acerca da aplicabilidade do artigo 44 da Lei 
nº 11.343/06", “in” ANDRÉ LUÍS CALLEGARI e MIGUEL TEDESCO WEDY (Org.), “Lei de Drogas: aspectos polêmicos à luz 
da dogmática penal e da política criminal”, p. 161/168, item n. 3, 2008, Livraria do Advogado Editora”, v.g.). Cumpre 
observar, ainda, por necessário, que regra legal, de conteúdo material virtualmente idêntico ao do preceito em exame, 
consubstanciada no art. 21 da Lei nº 10.826/2003, foi declarada inconstitucional por esta Suprema Corte. A regra legal 
ora mencionada, cuja inconstitucionalidade foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, inscrita no Estatuto do 
Desarmamento (Lei nº 10.826/2003), tinha a seguinte redação: “Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são 
insuscetíveis de liberdade provisória.” (grifei) Essa vedação apriorística de concessão de liberdade provisória, reiterada 
no art. 44 daLei 11.343/2006 (Lei de Drogas), tem sido repelida pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que a 
considera incompatível, independentemente da gravidade objetiva do delito, com a presunção de inocência e a garantia 
do “due process”, dentre outros princípios consagrados pela Constituição da República. Foi por tal razão, como 
precedentemente referido, que o Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 3.112/DF, Rel. Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, declarou a inconstitucionalidade do art. 21 da Lei nº 10.826/2003, (Estatuto do Desarmamento), em 
decisão que, no ponto, está assim ementada: “(...) V - Insusceptibilidade de liberdade provisória quanto aos delitos 
elencados nos arts. 16, 17 e 18. Inconstitucionalidade reconhecida, visto que o texto magno não autoriza a prisão ‘ex 
lege’, em face dos princípios da presunção de inocência e da obrigatoriedade de fundamentação dos mandados de 
prisão pela autoridade judiciária competente.” (grifei) Essa mesma situação registra-se em relação ao art. 7º da Lei do 
Crime Organizado (Lei nº 9.034/95), cujo teor normativo também reproduz a mesma proibição que o art. 44 da Lei de 
Drogas estabeleceu, “a priori”, em caráter abstrato, a impedir, desse modo, que o magistrado atue, com autonomia, no 
exame da pretensão de deferimento da liberdade provisória. Essa repulsa a preceitos legais, como esses que venho de 
referir, encontra apoio em autorizado magistério doutrinário (LUIZ FLÁVIO GOMES, em obra escrita com RaúlCervini, 
“Crime Organizado”, p. 171/178, item n. 4, 2ª ed., 1997, RT; GERALDO PRADO e WILLIAM DOUGLAS, “Comentários à Lei 
contra o Crime Organizado”, p. 87/91, 1995, Del Rey; ROBERTO DELMANTO JUNIOR, “As modalidades de prisão 
provisória e seu prazo de duração”, p. 142/150, item n. 2, “c”, 2ª ed., 2001, Renovar e ALBERTO SILVA FRANCO, “Crimes 
Hediondos”, p. 489/500, item n. 3.00, 5ª ed., 2005, RT, v.g.). Vê-se, portanto, que o Poder Público, especialmente em 
sede processual penal, não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal, ainda mais em tema de liberdade 
individual, acha-se essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade. Como se sabe, a exigência de 
razoabilidade traduz limitação material à ação normativa do Poder Legislativo. O exame da adequação de determinado 
ato estatal ao princípio da proporcionalidade, exatamente por viabilizar o controle de sua razoabilidade, com 
fundamento no art. 5º, LV, da Carta Política, inclui-se, por isso mesmo, no âmbito da própria fiscalização de 
constitucionalidade das prescrições normativas emanadas do Poder Público. Esse entendimento é prestigiado pela 
jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que, por mais de uma vez, já advertiu que o Legislativo não pode atuar de 
maneira imoderada, nem formular regras legais cujo conteúdo revele deliberação absolutamente divorciada dos 
padrões de razoabilidade. Coloca-se em evidência, neste ponto, o tema concernente ao princípio da proporcionalidade, 
que se qualifica - enquanto coeficiente de aferição da razoabilidade dos atos estatais (CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE 
MELLO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 56/57, itens ns. 18/19, 4ª ed., 1993, Malheiros; LÚCIA VALLE FIGUEIREDO, 
“Curso de Direito Administrativo”, p. 46, item n. 3.3, 2ª ed., 1995, Malheiros) - como postulado básico de contenção dos 
excessos do Poder Público. Essa é a razão pela qual a doutrina, após destacar a ampla incidência desse postulado sobre 
os múltiplos aspectos em que se desenvolve a atuação do Estado - inclusive sobre a atividade estatal de produção 
normativa - adverte que o princípio da proporcionalidade, essencial à racionalidade do Estado Democrático de Direito e 
imprescindível à tutela mesma das liberdades fundamentais, proíbe o excesso e veda o arbítrio do Poder, extraindo a 
sua justificação dogmática de diversas cláusulas constitucionais, notadamente daquela que veicula, em sua dimensão 
substantiva ou material, a garantia do “dueprocessoflaw” (RAQUEL DENIZE STUMM, “Princípio da Proporcionalidade no 
Direito Constitucional Brasileiro”, p. 159/170, 1995, Livraria do Advogado Editora; MANOEL GONÇALVES FERREIRA 
FILHO, “Direitos Humanos Fundamentais”, p. 111/112, item n. 14, 1995, Saraiva; PAULO BONAVIDES, “Curso de Direito 
Constitucional”, p. 352/355, item n. 11, 4ª ed., 1993, Malheiros). Como precedentemente enfatizado, o princípio da 
proporcionalidade visa a inibir e a neutralizar o abuso do Poder Público no exercício das funções que lhe são inerentes, 
notadamente no desempenho da atividade de caráter legislativo. Dentro dessa perspectiva, o postulado em questão, 
enquanto categoria fundamental de limitação dos excessos emanados do Estado, atua como verdadeiro parâmetro de 
aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais. Isso significa, dentro da perspectiva da extensão da 
teoria do desvio de poder ao plano das atividades legislativas do Estado, que este não dispõe de competência para 
legislar ilimitadamente, de forma imoderada e irresponsável, gerando, com o seu comportamento institucional, 
situações normativas de absoluta distorção e, até mesmo, de subversão dos fins que regem o desempenho da função 
estatal. A jurisprudência constitucional do Supremo Tribunal Federal, bem por isso, tem censurado a validade jurídica de 
atos estatais, que, desconsiderando as limitações que incidem sobre o poder normativo do Estado, veiculam prescrições 
que ofendem os padrões de razoabilidade e que se revelam destituídas de causa legítima, exteriorizando abusos 
inaceitáveis e institucionalizando agravos inúteis e nocivos aos direitos das pessoas (RTJ 160/140-141, Rel. Min. CELSO 
DE MELLO - RTJ 176/578-579, Rel. Min. CELSO DE MELLO - ADI 1.063/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Daí a 
advertência de que a interdição legal “in abstracto”, vedatória da concessão de liberdade provisória, como na hipótese 
prevista no art. 44 da Lei nº 11.343/2006, incide na mesma censura que o Plenário do Supremo Tribunal Federal 
estendeu ao art. 21 do Estatuto do Desarmamento, considerados os múltiplos postulados constitucionais violados por 
semelhante regra legal, eis que o legislador não pode substituir-se ao juiz na aferição da existência, ou não, de situação 
configuradora da necessidade de utilização, em cada situação concreta, do instrumento de tutela cautelar penal. O 
Supremo Tribunal Federal, de outro lado, tem advertido que a natureza da infração penal não se revela circunstância 
apta a justificar, só por si, a privação cautelar do “status libertatis” daquele que sofre a persecução criminal instaurada 
pelo Estado. Essa orientação vem sendo observada em sucessivos julgamentos proferidos no âmbito desta Corte, 
mesmo que se trate de réu processado por suposta prática de crimes hediondos ou de delitos a estes equiparados (HC 
80.064/SP, Rel. p/ o acórdão Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - HC 92.299/SP, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - HC 93.427/PB, 
Rel. Min. EROS GRAU – RHC 71.954/PA, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RHC 79.200/BA, Rel. Min. SEPÚLVEDA 
PERTENCE, v.g.): “A gravidade do crime imputado, um dos malsinados ‘crimes hediondos’ (Lei 8.072/90), não basta à 
justificação da prisão preventiva, que tem natureza cautelar, no interesse do desenvolvimento e do resultado do 
processo, e só se legitima quando a tanto se mostrar necessária: não serve a prisão preventiva, nem a Constituição 
permitiria que para isso fosse utilizada, a punir sem processo, em atenção à gravidade do crime imputado, do qual, 
entretanto, ‘ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória’ (CF, art. 5º, 
LVII).” (RTJ 137/287, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - grifei) “A ACUSAÇÃO PENAL POR CRIME HEDIONDO NÃO 
JUSTIFICA A PRIVAÇÃO ARBITRÁRIA DA LIBERDADE DO RÉU. - A prerrogativa jurídica da liberdade - que possui extração 
constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser ofendida por atos arbitrários do Poder Público, mesmo que se trate 
de pessoa acusada dasuposta prática de crime hediondo, eis que, até que sobrevenha sentença condenatória 
irrecorrível (CF, art. 5º, LVII), não se revela possível presumir a culpabilidade do réu, qualquer que seja a natureza da 
infração penal que lhe tenha sido imputada.” (RTJ 187/933, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Tenho por inadequada, desse 
modo, para efeito de se justificar a manutenção da prisão cautelar do ora paciente, a invocação do art. 44 da Lei nº 
11.343/2006 ou do art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.072/90, especialmente depois de editada a Lei nº 11.464/2007, que 
excluiu, da vedação legal de concessão de liberdade provisória, todos os crimes hediondos e os delitos a eles 
equiparados, como o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Também não se reveste de idoneidade jurídica, para 
efeito de justificação do ato excepcional de privação cautelar da liberdade individual, a alegação de que o paciente 
deveria ser mantido preso, “como garantia da ordem pública, evitando-se a reiteração de tais atos e que caia a Justiça 
em descrédito perante a comunidade local” (fls. 114 - grifei). Esse entendimento já incidiu, por mais de uma vez, na 
censura do Supremo Tribunal Federal, que, acertadamente, tem destacado a absoluta inidoneidade dessa particular 
fundamentação do ato que decreta a prisão preventiva do réu (RTJ 180/262-264, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 
72.368/DF, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE): “O clamor social e a credibilidade das instituições, por si sós, não 
autorizam a conclusão de que a garantia da ordem pública está ameaçada, a ponto de legitimar a manutenção da prisão 
cautelar do paciente enquanto aguarda novo julgamento pelo Tribunal do Júri.” (RTJ 193/1050, Rel. Min. EROS GRAU - 
grifei) Por sua vez, as alegações - fundadas em juízo meramente conjectural (sem qualquer referência a situações 
concretas) - de que o paciente deve ser mantido preso para evitar que “volte a cometer outros delitos” e que “por 
conveniência da instrução do processo-crime deve o indiciado permanecer no cárcere” (fls. 114) constituem, quando 
destituídas de base empírica, presunções arbitrárias que não podem legitimar a privação cautelar da liberdade 
individual, como assinalou, em recente julgamento, a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal: “‘HABEAS 
CORPUS’ - PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA COM FUNDAMENTO NA GRAVIDADE OBJETIVA DOS DELITOS E NA 
SUPOSIÇÃO DE QUE OS RÉUS PODERIAM CONSTRANGER AS TESTEMUNHAS OU PROCEDER DE FORMA SEMELHANTE 
CONTRA OUTRAS VÍTIMAS - CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL - 
UTILIZAÇÃO, PELO MAGISTRADO, NA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA,DE CRITÉRIOS INCOMPATÍVEIS COM A 
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - SITUAÇÃO DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO CONFIGURADA - 
PEDIDO DEFERIDO, COM EXTENSÃO DE SEUS EFEITOS AO CO-RÉU. A PRISÃO CAUTELAR CONSTITUI MEDIDA DE 
NATUREZA EXCEPCIONAL. - A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter excepcional, somente 
devendo ser decretada em situações de absoluta necessidade. A prisão preventiva, para legitimar-se em face de nosso 
sistema jurídico, impõe - além da satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312 do CPP (prova da existência 
material do crime e presença de indícios suficientes de autoria) - que se evidenciem, com fundamento em base empírica 
idônea, razões justificadoras da imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de privação da liberdade do 
indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade da prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos 
os requisitos mencionados no art. 312 do CPP. Necessidade da verificação concreta, em cada caso, da 
imprescindibilidade da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes. A PRISÃO PREVENTIVA - ENQUANTO MEDIDA 
DE NATUREZA CAUTELAR - NÃO PODE SER UTILIZADA COMO INSTRUMENTO DE PUNIÇÃO ANTECIPADA DO INDICIADO 
OU DO RÉU. - A prisão preventiva não pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder Público, como instrumento de 
punição antecipada daquele a quem se imputou a prática do delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em 
bases democráticas, prevalece o princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e inconciliável com 
condenações sem defesa prévia. A prisão preventiva - que não deve ser confundida com a prisão penal - não objetiva 
infligir punição àquele que sofre a sua decretação, mas destina-se, considerada a função cautelar que lhe é inerente, a 
atuar em benefício da atividade estatal desenvolvida no processo penal. A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO 
CONSTITUI FATOR DE LEGITIMAÇÃO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE. - A natureza da infração penal não 
constitui, só por si, fundamento justificador da decretação da prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal 
instaurada pelo Estado. Precedentes. A PRISÃO CAUTELAR NÃO PODE APOIAR-SE EM JUÍZOS MERAMENTE 
CONJECTURAIS. - A mera suposição, fundada em simples conjecturas, não pode autorizar a decretação da prisão 
cautelar de qualquer pessoa. - A decisão que ordena a privação cautelar da liberdade não se legitima quando 
desacompanhada de fatos concretos que lhe justifiquem a necessidade, não podendo apoiar-se, por isso mesmo, na 
avaliação puramente subjetiva do magistrado de que a pessoa investigada ou processada, se em liberdade, poderá 
delinqüir, ou interferir na instrução probatória, ou evadir-se do distrito da culpa, ou, então, prevalecer-se de sua 
particular condição social, funcional ou econômico-financeira. - Presunções arbitrárias, construídas a partir de juízos 
meramente conjecturais, porque formuladas à margem do sistema jurídico, não podem prevalecer sobre o princípio da 
liberdade, cuja precedência constitucional lhe confere posição eminente no domínio do processo penal. AUSÊNCIA DE 
DEMONSTRAÇÃO, NO CASO, DA NECESSIDADE CONCRETA DE DECRETAR-SE A PRISÃO PREVENTIVA DO PACIENTE. - Sem 
que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar da liberdade individual do indiciado 
ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a 
subsistência da prisão preventiva. O POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA IMPEDE QUE O 
ESTADO TRATE, COMO SE CULPADO FOSSE, AQUELE QUE AINDA NÃO SOFREU CONDENAÇÃO PENAL IRRECORRÍVEL. - A 
prerrogativa jurídica da liberdade - que possui extração constitucional (CF, art. 5º, LXI e LXV) - não pode ser ofendida por 
interpretações doutrinárias ou jurisprudenciais, que, fundadas em preocupante discurso de conteúdo autoritário, 
culminam por consagrar, paradoxalmente, em detrimento de direitos e garantias fundamentais proclamados pela 
Constituição da República, a ideologia da lei e da ordem. Mesmo que se trate de pessoa acusada da suposta prática de 
crime hediondo, e até que sobrevenha sentença penal condenatória irrecorrível, não se revela possível - por efeito de 
insuperável vedação constitucional (CF, art. 5º, LVII) - presumir-lhe a culpabilidade. Ninguém pode ser tratado como 
culpado, qualquer que seja a natureza do ilícito penal cuja prática lhe tenha sido atribuída, sem que exista, a esse 
respeito, decisão judicial condenatória transitada em julgado. O princípio constitucional da presunção de inocência, em 
nosso sistema jurídico, consagra, além de outras relevantes consequências, uma regra de tratamento que impede o 
Poder Público de agir e de se comportar, em relação ao suspeito, ao indiciado, ao denunciado ou ao réu, como se estes 
já houvessem sido condenados, definitivamente, por sentença do Poder Judiciário. Precedentes.” (HC 93.883/SP, Rel. 
Min. CELSO DE MELLO) A mera suposição desacompanhada de indicação de fatos concretos - de que o ora paciente, em 
liberdade, poderia delinquir ou frustrar, ilicitamente, a regular instrução processual - revela-se insuficiente para 
fundamentar o decreto ou a manutenção de prisão cautelar, se tal suposição, como ocorre na espécie dos autos, deixade ser corroborada por base empírica idônea (que necessariamente deve ser referida na decisão judicial), tal como tem 
advertido, a propósito desse específico aspecto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RTJ 170/612-613, Rel. 
Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - RTJ 175/715, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, v.g.). Nem se diga que a decisão de primeira 
instância teria sido reforçada, em sua fundamentação, pelos julgamentos emanados do E. Tribunal de Justiça do Estado 
de São Paulo (HC 990.09.065824-0), no qual se denegou a ordem de “habeas corpus” então postulada em favor da ora 
paciente. Cabe ter presente, neste ponto, na linha da orientação jurisprudencial que o Supremo Tribunal Federal firmou 
na matéria, que a legalidade da decisão que decreta a prisão cautelar ou que denega liberdade provisória deverá ser 
aferida em função dos fundamentos que lhe dão suporte, e não em face de eventual reforço advindo dos julgamentos 
emanados das instâncias judiciárias superiores (HC 90.313/PR, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.): “(...) Às instâncias 
subsequentes não é dado suprir o decreto de prisão cautelar, de modo que não pode ser considerada a assertiva de que 
a fuga do paciente constitui fundamento bastante para enclausurá-lo preventivamente (...).” (RTJ 194/947-948, Rel. p/ o 
acórdão Min. EROS GRAU - grifei) A motivação, portanto, há de ser própria, inerente e contemporânea à decisão que 
decreta o ato excepcional de privação cautelar da liberdade, pois - insista-se - a ausência ou a deficiência de 
fundamentação não podem ser supridas “a posteriori” (RTJ 59/31 - RTJ 172/191-192 - RT 543/472 - RT 639/381, v.g.): 
“Prisão preventiva: análise dos critérios de idoneidade de sua motivação à luz de jurisprudência do Supremo Tribunal. 1. 
A fundamentação idônea é requisito de validade do decreto de prisão preventiva: no julgamento do hábeas corpus que 
o impugna não cabe às sucessivas instâncias, para denegar a ordem, suprir a sua deficiência originária, mediante 
achegas de novos motivos por ele não aventados: precedentes.” (RTJ 179/1135-1136, Rel. Min. SEPÚLVEDA PERTENCE - 
grifei) Em suma: a análise dos fundamentos invocados pela parte ora impetrante leva-me a entender que as decisões 
judiciais de primeira instância não observaram os critérios que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou em 
tema de prisão cautelar. Sendo assim, tendo presentes as razões expostas, defiro o pedido de medida liminar, para, até 
final julgamento desta ação de “habeas corpus”, garantir, cautelarmente, ao ora paciente, a liberdade provisória que lhe 
foi negada nos autos do Processo nº 229.08.604143-2 (2ª Vara Criminal do Foro Distrital de Hortolândia da comarca de 
Sumaré/SP), expedindo-se, imediatamente, em favor desse mesmo paciente, se por al não estiver preso, o pertinente 
alvará de soltura. Comunique-se, com urgência, transmitindo-se cópia da presente decisão ao E. Superior Tribunal de 
Justiça (HC 140.641/SP), ao E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (HC 990.09.065824-0) e ao MM. Juízo de 
Direito da 2ª Vara Criminal do Foro Distrital de Hortolândia da comarca de Sumaré/SP (Processo nº 229.08.604143-2). 
Publique-se. Brasília, 01 de setembro de 2009. Ministro CELSO DE MELLO Relator * decisão pendente de publicação 
 
INFORMATIVO Nº 596/STF 
TÍTULO Prisão Cautelar: Fundamentação e Excesso de Prazo 
PROCESSO 
HC - 99972 
Ao considerar a superveniência de pronúncia, em que alterado o fundamento para a manutenção da custódia cautelar 
do paciente, a Turma, por maioria, julgou prejudicado habeas corpus, haja vista a substituição da natureza do título 
prisional. Entretanto, ante a excepcionalidade do caso, concedeu a ordem de ofício, para garantir liberdade provisória 
ao paciente. Na espécie, a impetração alegava excesso de prazo para encerramento da instrução criminal, uma vez que 
o paciente estaria preso preventivamente há mais de dois anos pela suposta prática, em concurso de agentes, do crime 
de homicídio duplamente qualificado. Assentou-se que a constrição cautelar seria ilegal, pois a única testemunha 
arrolada pela acusação já teria prestado depoimento em juízo e afastado totalmente a versão consignada no inquérito 
policial, a qual seria supostamente desfavorável à defesa. Enfatizou-se a demora de quase um ano para a oitiva de 
corréus e da aludida testemunha, todos eles presos. Destacou-se, ainda, que os acusados teriam se apresentado 
espontaneamente à autoridade policial e empreendido fuga somente após a decretação da prisão preventiva, a qual, 
por ser ilegal, legitimaria a evasão do distrito da culpa. Vencido, em parte, o Min. Marco Aurélio, que concedia a ordem 
ao fundamento de que, sem o trânsito em julgado da condenação, a causa de pedir — excesso de prazo — persistiria, 
não sendo modificada pelo advento da pronúncia. Ao salientar que o excesso de prazo seria fator objetivo, afirmava que 
o interregno de dois anos seria tempo em demasia, considerado o direito constitucional ao término do processo em 
prazo razoável. Vencido na integralidade o Min. Ricardo Lewandowski, que indeferia a ordem. Aduzia estar superada a 
questão relativa ao excesso de prazo, ter o paciente permanecido preso durante toda a instrução e ser iminente o seu 
julgamento pelo júri. HC 101981/SP, rel. Min. Dias Toffoli, 17.8.2010. (HC-101981) 
 
INFORMATIVO Nº 469/STF 
TÍTULO Excesso de Prazo e Prisão Preventiva - 3 
PROCESSO 
HC - 89238 
Por outro lado, considerou-se patente situação de constrangimento ilegal apta a ensejar o deferimento da ordem por 
inexistirem razões concretas e suficientes para a manutenção da prisão preventiva, seja pela garantia da ordem pública, 
seja pela aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal, as quais se revelam, no caso, intimamente 
vinculadas. Afastou-se o requisito da garantia da instrução criminal, uma vez que o paciente já fora pronunciado. 
Ressaltou-se, no ponto, não haver indicação de fatos concretos que levantassem suspeita ou considerável possibilidade 
de interferência da atuação do paciente para retardar, influenciar ou obstar a instrução criminal. No tocante à aplicação 
da lei penal, aduziu-se que a sua fundamentação na hediondez do crime, de modo a não ser permitida a liberdade 
provisória, estaria em divergência com o entendimento do STF no julgamento do HC 82959/SP (DJU de 1º.9.2006), em 
que declarada a inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º da Lei 8.078/90, que proibia a progressão de regime de 
cumprimento de pena nos crimes hediondos. De igual modo, rejeitou-se a motivação dada quanto à exigência da 
garantia da ordem pública, aduzindo-se que esta envolve, em linhas gerais, as seguintes circunstâncias principais: a) 
necessidade de resguardar a integridade física ou psíquica do paciente ou de terceiros; b) objetivo de impedir a 
reiteração das práticas criminosas, desde que lastreado em elementos concretos expostos fundamentadamente no 
decreto de custódia cautelar; e c) para assegurar a credibilidade das instituições públicas, em especial o Poder 
Judiciário, no sentido da adoção tempestiva de medidas adequadas, eficazes e fundamentadas quanto à visibilidade e 
transparência da implementação de políticas públicas de persecução criminal. Vencido o Min. Joaquim Barbosa que 
indeferia o writ ao fundamento de estar caracterizada a garantia da ordem pública consistente na gravidade imanente 
do delito, a qual decorreria da brutalidade e crueldade com que cometido. Precedentes citados: HC 85400/PE (DJU de 
11.3.2005); HC 85237/DF (DJU de 29.4.2005); HC 84931/CE (DJU de 16.12.2005); HC 81905/PE (DJU de 16.5.2003); HC 
84122/SP (DJU de 27.8.2004); HC 88537/BA (DJU de 16.6.2006); HC 84662/BA (DJU de 22.10.2004); HC 86175/SP (DJU 
de 10.11.2006). HC 89238/SP, rel. Min. Gilmar Mendes, 29.5.2007. (HC-89238). 
 
 
WEB AULA 16 
 
 
CASO 1: Os arts. 5º, II, 18, 26, 156, I, 241, retratam a atuação de ofício pelo juiz ainda na fase investigativa. Diga se esses

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