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Avaliação Dissertativa 2

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Avaliação Dissertativa II 
Comente, a partir do fragmento abaixo, de que forma o governo de Getúlio Vargas forjou a legitimidade de seu governo a partir do prisma da sociedade de massas:
"para convencer as multidões é necessário, em primeiro lugar, perceber quais os sentimentos que as movem, fingir partilha-los também e, depois, tentar modifica-los ou conduzi-los suscitando certas imagens por meio de associações mentais rudimentares" (LE BON, 1895)
Para entendermos como Getúlio Vargas forjou a legitimidade de seu governo sobre uma sociedade de massas, partimos do olhar crítico do espanhol José de Ortega y Gasset, que afirma em seu livro “A Rebelião das Massas” que o indivíduo pertencente às massas é atomizado, alienado de sua condição de cidadão participante das decisões da sociedade na qual está inserido, e não consegue visualizar uma sociedade dissociada do comando de um líder, abrindo assim as portas para a instauração de um regime totalitário.
No exemplo varguista, ao conquistar o apoio das massas, conseguiu desestruturar o padrão de governabilidade vigente e criar o seu próprio modelo, conhecido como “populismo”. Para tanto, contou com uma ferramenta importantíssima e que alcançava de forma progressiva uma grande parcela da população, esta ferramenta era o radio. Vargas resolveu explorar o rádio e passou a utilizá-lo como um grande aliado político sendo um meio de divulgação de seu governo interna e externamente, forma de repressão e controle de informações feitas pelo Estado(através do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda) e criando mecanismos para difundir seus interesses para o Brasil durante o período que estava no poder. A partir desses princípios, instituiu que as emissoras de rádio brasileiras deveriam transmitir obrigatoriamente o programa “Hora do Brasil” com o objetivo de tornar públicas as realizações do governo e esclarecer a opinião pública sobre os problemas circunstanciais. 
Getúlio Vargas que possuía uma visão política peculiar e não foi em vão que apoiou movimentos sociais como o Integralismo (direita) que era inspirado no fascismo italiano e tinha como líder Plínio Salgado, nacionalista, totalitário e contrário às liberdades democráticas. Ele acreditava em um regime sustentado por um único partido sendo assim, apoiou Getúlio Vargas na expectativa de alcançar o poder, porém foi traído e marginalizado até o golpe do Estado Novo. 
As técnicas de propaganda utilizadas pelo Estado Novo foram inspiradas nas experiências nazifascistas. Os nazistas acreditavam no poder da utilização dos meios e métodos de comunicação de massa para difusão de suas ideologias. A propaganda do regime tinha por característica a utilização de insinuações indiretas, simplificação do discurso para atingir com eficiência até as camadas mais populares, apelo emocional, promessas de benefícios para o povo, etc. O objetivo principal era despertar paixões nos indivíduos que a assistissem, porque os sentimentos eram tidos como algo mais duradouro e permanente. Para isso, Hitler utilizou panfletos, cartazes, jornais, alto-falantes, entre outros, para popularizar sua imagem e as ideias do regime. 
Apesar da necessidade de apoio, o contato direto com as massas não foi estabelecido logo de início, devido ao caráter autoritário da mudança de regime. Esse quadro só se modificou após alguns anos. A proposta era aproximar-se das massas para ganhar seu apoio. Para isso, a imprensa foi transformada em órgão de consulta da opinião pública, principalmente em relação aos desejos da população. 
Por fim, devemos salientar que, ainda que tenham criados novos direitos para os trabalhadores, concedidos pelo próprio Estado, ao invés de conquistados através de lutas e revoluções, tornou-se necessária a divulgação dos mesmos, devido à desinformação dos trabalhadores em relação aos benefícios que lhes haviam sido conferidos. Foi através dessa política de “troca de favores” que, aos poucos, Vargas conseguiu o apoio que precisava e, apesar desse contato direto ter grande participação nessa conquista. Se faz necessário destacar que a propaganda continuou exercendo seu papel ao longo de todo o regime, por intermediar a comunicação entre o governo e a população, permitindo assim uma legitimação absoluta do poder de Getúlio Vargas, permitindo a propagação do mito de “pai dos pobres”, mesmo após a sua morte.

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