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RESENHA HISTORIA DA AMERICAI

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Estratégias castelhanas para a Conquista do Novo Mundo
Leonardo Miranda Soares
UNIRIO – Campus Miguel Pereira
A obra intitulada de “Nobreza indígena da Nova Espanha. Aliança e conquistas” de Ronald Raminelli discorre sobre as modalidades utilizadas pelos castelhanos para conquistar o Novo Mundo. Nas escolas do Brasil se ensina e se discute com mais abundância a história da conquista e colonização brasileira, comparado ao mesmo processo sofrido pelos ameríndios. Em meio a essa realidade, o trabalho de Raminelli vem nos elucidar um pouco mais sobre as conquistas dos nossos companheiros de Américas. O autor constrói seu texto se utilizando como tema central os métodos aplicados pela Coroa espanhola para o total domínio dos povos ameríndios visando sempre obter mais mão de obra e riquezas. Para isso, os espanhóis iniciam seu plano através da violência tendo por base seu forte poderio bélico frente a fraqueza armamentista dos indígenas, todavia não obtiveram sucesso nessa primeira investida, então são obrigados a aderir a estratégias mais políticas a fim de assumir o controle do Novo Mundo de forma pacífica e ordeira. Dentre essas estratégias Raminelli destaca que a Majestade espanhola usa de mazela como: dar falsa governabilidade às lideranças indígenas, separação dos índios e espanhóis em “Republicas” distintas, substituição da liderança outrora concedida pelos que lhe pareciam mais subordinados visando a tomada de todo o prestígio e posses antes conferidas a essas lideranças, e por fim, também se utilizaram do apelo religioso aproveitando do pensamento Franciscano de expandir o catolicismo diante da ameaça do islão e do judaísmo, fazendo com que os habitantes se tornassem alienados e controlados pelo clero e consequente domínio da monarquia Hispânica. Para tal explanação e apoio a ideia central, o autor faz uso de citações e argumentos de obras de autores como: Francisco López de Gómara, Bernal Diaz del Castillo, John Leddy Phelan, Maria Elena Martinez, Charles Gibson, Margarita Menegus Bornemann, William B. Taylor, Hidelberto Martinez, J. C. Caravaglia e J. Marchena, David T. Garrett, Jean Michael Salleman, John H. Elliot e por fim Jean-Fréderique Schaub.
O autor inicia o texto com uma breve reflexão sobre a investida hispânica ao Novo Mundo, reflexão essa que chega a conclusão que a estratégia usada pelos conquistadores fora aplicada tardiamente, e, se fosse usada antes, teria resultados melhores e muito antes do que os outrora alcançados. No parágrafo seguinte Raminelli expõe a insuficiência armamentista dos espanhóis frente a resistência indígena local, tampouco as pestilências naturais que prejudicaram os ameríndios em sua defesa patrimonial. Por isso foram tomadas decisões mais civilizadas, como alianças e acordos, sempre devidamente acompanhados de intérpretes, antes de ir à luta armada. O autor toma essas afirmações com base nas crônicas de Lopéz de Gómara.
Raminelli escreve que Cortés usa de diversas estratégias para se aproximar do chefe de Tlascallan a fim de descobrir seus pontos frágeis e conflituosos, o que realmente consegue com a ajuda de interpretes após ultrapassar alguns empecilhos.
O autor destaca com base na obra de María Elena Martínez, outra forma de conquista utilizada pela Coroa Hispânica, o apelo religioso, se valendo da intenção da Igreja católica de se expandir e até mesmo uniformizar a humanidade em apenas um entendimento, o Cristianismo católico. Os franciscanos da Nova Espanha viram claramente a oportunidade de pregar o Evangelho a um povo que teria baixíssima resistência quanto aos seus dogmas, o que agradou muito aos espanhóis, pois tal missão feita com sucesso lhes garantiu lealdade a igreja e consequente subordinação ao rei da Espanha, facilitando assim o domínio pacifico dos aderentes. A explanação dessa modalidade de conquista, ao meu ver, poderia ter sido mais aprofundada, no sentido da forma que os espanhóis perceberam a ajuda que a Igreja poderia oferecer no processo de conquista, Serge Gruzinsk expõe com mais clareza a percepção dos espanhóis se valendo da obra missionária católica: “a condenação da idolatria garantia a combinação dos interesses cristãos aos da colonização: associava os imperativos da salvação à busca pelo metal precioso.”.
Com o avanço da fé católica os indígenas começaram a pagar tributos em demonstração de lealdade a Coroa e a Igreja, com o envolvimento dos ameríndios aumentado, logo se viram influenciados pelos espanhóis e tentados a ter o que deles eram se conformando a cultura espanhola o que lhes fez perseguir itens que os castelhanos tinham a oferecer, como vestimentas, espadas, viagens à Madrid, para tal apontamento o autor destaca como fonte Charles Gibson.
Ronald Raminelli destaca Margarita Menegus ao falar que Gerónimo de Santiago foi um dos grandes responsáveis pelo avanço da Coroa frente a resistência ameríndia, com a sua ajuda a expansão do controle da Coroa e de clero foi sobremodo facilitada, uma vez que como uma forte liderança indígena Santiago se mostrou leal ao rei da Espanha.
Com base em testamento e inventários encontrados com documentos e registros de caciques que recorriam aos escravos negros para tocar seus empreendimentos, aduz Raminelli que a fim de firmar ainda mais o domínio e também combater críticas feitas aos costumes espanhóis proferidas por determinadas lideranças indígenas, a Coroa cria, através do vice-rei don António de Mendoza, a Ordem dos Cavaleiros Tecles. O que foi, na verdade, uma decisão estratégica para fidelizar as lideranças indígenas a cultura espanhola e lhe conferir uma falsa sensação de poderio, quando na verdade estavam sendo manipulados paulatinamente pela Coroa, com a finalidade de enfraquecer a resistência dos caciques contrários ao domínio espanhol. Com o passar do tempo e a convivência aumentada entre os caciques e os conquistadores, influenciados pelos prestígios e regalias oferecidos pela Coroa os caciques se tornaram aristocratas se conformando assim ao Regime europeu e rejeitando sua própria naturalidade o que facilitou a disseminação do idioma espanhol por entre os ameríndios, defende Raminelli baseado em Menegus.
O autor aborda também o modelo proprietário, os cacigazgo, utilizado pelos caciques, que lhes conferiam mais poder sobre as terras e se mostravam hereditários, mas esse poderio era acompanhado de perto pela Majestade espanhola, com base nas obras de Menegus, Gibson e Taylor.
Outra estratégia aplicada pela Coroa para a conquista do Novo Mundo, segundo Ramilelli, se baseando em Charles Gibson, foi a separação dos índios e espanhóis em repúblicas, que causou enfraquecimento e certa abstinência das lideranças indígenas pelos artigos de cultura espanhola como cavalos e armas de fogo, fora as regalias como isenção de impostos. Além disso, a Coroa hispânica causa tumulto ao nomear juízes não participantes da nobreza indígena e lhes confere poder para julgar causas e resolver conflitos entre moradores o que consequentemente foi abrandando o poder das lideranças acima mencionadas. Ao citar Menegus, o autor discorre como se deu mais um pouco o enfraquecimento e substituição da governabilidade dos chefes indígenas. Afirma que indicando novos lideres e juízes os espanhóis foram de pouco a pouco acabando com a tradição indígena no poderio e também com o sistema de sucessão por linhagem através de mandatos políticos. Em meio às negociações de armamentos para novas batalhas, os caciques e principais vislumbraram um oportunidade de desviar recursos espanhóis o que forçou a Coroa a tomar posição restringindo tributos e apoiando os encomenderos, segundo Raminelli com fulcro em Martínez. 
O autor prossegue sua obra expondo olhares de vários outros referenciais escritores sobre tema, sempre destacando a empreitada espanhola durante o processo de conquista do Novo Mundo. Ao citar Garret, ele explica sobre as lideranças incas, suas tradições e privilégios no poderio sendo combatidos pela Majestade hispânica e seus conquistadores. Afirma também Raminelli que ao colocar diferentestipos de governantes e autoridades sobre os ameríndios, com o passar do tempo, os chefes tradicionais indígenas foram perdendo seus privilégios e poderio frente a seu povo, o que foi um grande avanço para conquista do novo continente.
Em conclusão a sua obra Raminelli descreve de forma resumida expondo que os espanhóis ao chegar em continente americano decidiram tomar posse das terras de forma violenta. Entretanto, não foram muito longe com tal método. Obstinados no pelo poder do Novo Mundo os castelhanos decidem então se infiltrar nas lideranças ameríndias e ir pouco a pouco os envenenando e colocando uns contra os outros, aproveitando-se do fato de eles já não serem muito “amigos”. Seduziram as lideranças indígenas com falso poder e prestigio e também deu apoio a Igreja católica para a pregação de seus dogmas, sabendo que a alienação dos ameríndios ajudaria e muito em seu objetivo de conquistar. Com a instabilidade dos governantes indígenas os espanhóis foram paulatinamente inserindo novas lideranças, que não os nativos, o que enfraqueceu mais ainda a resistência, poderio e privilégios dos chefes ameríndios. Todos esses fatores cooperaram para total conquista do Novo Mundo.
A obra de Ronald Raminelli é de todo mui proveitosa para o estudante da historia das Américas, pois foi muito bem escrita, fundamentada e comentada, o que ajuda muito na compreensão e entendimento. A linguagem utilizada pelo autor facilita a leitura e o aprendizado, além de envolver o leitor, nos trazendo pontos diferentes sobre os detalhes da conquista hispânica. 
Em suma, sua contribuição, sem duvida, é sobremodo relevante para historiografia da conquista do Novo Mundo e consequente pesquisa sobre o tema, o que pode ser alvo de muitos outros trabalhos sobre a peça.
Referencias:
GRUZINSKI, Serge. (1992). “A guerra das imagens e a ocidentalização da América”, in VAINFAS, Ronaldo (org.), América em tempo de conquista, RJ: Jorge Zahar, pp. 198-207.

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