Buscar

Vigilância em Saúde

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula_1
Introdução a Disciplina Vigilância à Saúde (CIS 588)
13:30 – 16:50
Processo Saúde-Doença e conceitos saúde-doença
Conceituar saúde é uma das práticas mais elementares na saúde existentes e está presente a todo momento, quer você note ou não, influenciando nas práticas e ações do seu dia a dia como indivíduo e no seu processo de trabalho como profissional de saúde. Conceituar saúde é um processo singular, o qual reflete valores individuais e coletivos. Ao longo da história, vários conceitos de saúde se destacaram. Esses conceitos eram e até hoje são formados em resposta aos cenários sócio-político-econômico-científicos vigentes, e aos modelos de produção e reprodução humanos, em que saúde e doença se processam de uma determinada forma. Esses processos e conceitos que serão discutidos mais a frente. 
Antiguidade – Paleolítico (descoberta e domínio do fogo + desenvolvimento de uma linguagem rudimentar = desenvolvimento de coletividades): a preocupação com a conservação da saúde sempre acompanhou o homem seja na procura de abrigos contra o frio e calor excessivos, na necessidade de repousar, de comer e beber, por exemplo. E vestígios de doença também. São encontrados indícios de varíola e tuberculose em esqueletos e pinturas do Egito Antigo e nos índios pré-colombianos. Doenças que não era explicadas como resultados das atividades (quedas e cortes das caçadas, por exemplo) eram explicados pela ação sobrenatural de deuses e/ou demônios. 
	Dominava-se o pensamento mágico-religioso. O papel de cura era entregue aos xamãs, pajés, curandeiros, bezendeiros que eram encarregados de realizar a cura, erradicando o mal através de cânticos, danças, infusões, massagens, práticas de jejum, dentre outros recursos. 
Civilização grega (berço do pensamento racional): vem com Hipócrates e outros filósofos “naturais” da época, as primeiras abordagens racionais para saúde e doença oriundas principalmente da observação e do empirismo. Para esta sociedade, a relação com o ambiente é uma traço característico da compreensão do fenômeno saúde-doença: uma relação de equilíbrio entre homem e o seu meio (clima, trabalho, posição social) culminaria na homeostase, na saúde deste. Suas práticas iam além da ritualística, envolvendo o uso de plantas medicinais e métodos naturais. 
Idade Média (queda do Império Romano + ascensão do regime feudal + fortalecimento da Igreja Católica = declínio da cultura urbana e decadência das poucas práticas de saúde pública existentes): época marcada por inúmeras pestilências e epidemias. Revisita-se o pensamento mágico-religioso da Antiguidade. O cristianismo afirmava a existência de uma conexão entre doença e pecado, como castigos de Deus. Como consequência dessa visão, as práticas de cura deixaram de ser realizadas por médicos e passaram a ser atribuição de religiosos, que, para isso, faziam uso de exercícios, chás, repouso, rezas, penitências, invocações de santos, exorcismos e etc. 
Século XVII - Era bacteriológica (invenção do microscópio e observação dos microrganismos por Van Leeuwenhoek): com a identificação de diversos microrganismos patogênicos com os estudos de Koch, Pasteur e outros cientistas, inúmeros avanços na microbiologia, imunologia e farmacologia puderam ser constatados: vacinas foram criadas, substâncias bactericidas foram descobertas e diversos mecanismos de transmissão de doenças foram esclarecidos. 
	Com isso, o pensamento médico voltou-se para apenas o orgânico, o biológico. Subjetividade deu lugar para o objetividade, análises qualitativas deram espaço para as quantitativas. Assim surgiu o modelo unicausal de compreensão da doença que baseava a existência de uma causa para as patologias. Reduziu-se o pensamento científico a ação apenas de um agente específico e a prática médica voltou-se para o curativismo e o biologicismo. 
Pós II Guerra: nos países industrializados, como resultado dos avanços da era bacteriológica, diminui-se o número de casos de doenças infecto contagiosas. Como resposta a isso, e ao crescente envelhecimento populacional (devido a melhora na qualidade de vida), ganham importância as doenças crônico-degenerativas, não atendidas pelo modelo unicausal. 
	Nesse contexto, surge o modelo multicausal, ecológico, história natural das doenças. Proposto por Leavell e Clark (1976), esse modelo considera a interação entre três elementos da chamada tríade ecológica: o ambiente, o agente e o hospedeiro. A doença seria resultante de um desequilíbrio na regulação desse sistema. Diversas ações pensadas nesse modelo obtiveram sucesso, principalmente levando-se em consideração que esta forma de pensar permite atuar também antes de ocorrer o contágio da doença. 
Década de 60 (boom da Medicina Social): em razão a insuficiência do modelo anterior em explicar o surgimento e a permanência de certas doenças, surge o modelo de determinação social da saúde/doença, que reconhece a existência e a hierarquização dos aspectos sociais envolvidos no processo saúde-doença. São considerados aspectos históricos, econômicos, sociais, culturais, biológicos, ambientais e psicológicos de um determinado indivíduo e da coletividade que ele se insere. 
BATISTELLA, C. Saúde, Doença e Cuidado: complexidade teórica e necessidade histórica. Fiocruz, n. 2003, p. 25–49, 2008.
Conceitos e formas de se pensar e fazer saúde e doença surgem na história a medida que o modelo atual não mais responde as necessidades da sociedade atual. Assim novos conceitos e formas de se pensar na saúde surgem para complementar a forma que já é passada. 
Paralelo a essa forma de se pensar saúde e doença, também é milenar a preocupação com ações respostas a situação de saúde da época e com práticas para EVITAR riscos e perigos. Quando falamos de EVITAR, estamos falando de vigilância à saúde. 
Definição e breve histórico da Vigilância à Saúde
Definição de dicionário, etimologia do termo.
Michaelis (http://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=vigil%C3%A2ncia)
vigilância
vi·gi·lân·ci·a
sf
1 Ato ou efeito de vigilar.
2 Estado de quem vigia, de quem age com atenção e precaução para evitar riscos e perigos; cuidado.
3 Comportamento vigilante; precaução, prudência.
4 Atenção desvelada na realização ou cumprimento de algo; cuidado, diligência.
Priberam ("vigilância", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/vigil%C3%A2ncia [consultado em 13-09-2016].)
"vigilância", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/vigil%C3%A2ncia [consultado em 13-09-2016].
“vigilância”: em Latim, era VIGILANTIA, de VIGILARE, “tomar conta, estar acordado”.
Breve histórico:
Nível: mundo
430 a 427 a.C.: praga de Atenas
Antigo Testamento: adoção de medidas para isolamento dos portadores de doenças, “impuros”, principalmente leprosos.
Idade Média: medidas de separação dos acometidos pela peste e outras epidemias, bem como adoção de medidas de monitoramento das doenças e aplicação de normas em cemitérios e mercados, áreas de alto risco.
1348: primeiras medidas de quarentena, em Veneza, na tentativa de impedir que a epidemia da peste da Ásia Central (Morte Negra) chegasse a Europa. Também foi instituída a notificação obrigatória dessa doença e medidas de isolamento para pessoas, embarcações, mercadorias. 
Nível: Brasil
Século XVII: adoção de medidas para conter uma epidemia de febre amarela, no porto de Recife.
1808: com a transferência da Coroa Portuguesa, estrutura-se política sanitária e primeiras medidas de quarentena. 
1889: primeira Regulamentação dos Serviços de Saúde dos Portos, de maneira semelhante aos europeus, para evitar chegada de epidemias e troca segura de mercadorias.
Século XX: o Estado brasileiro organizou as ações de vigilância, prevenção e controle das doenças transmissíveis como programas verticalizados, com a formulação, a coordenação e a execução das ações realizadas diretamente pelo Governo Federal. Esses programas, em 1941, organizaram-se como Serviços Nacionais encarregadosde controlar as doenças mais prevalentes na época, como a malária, a febre amarela, a peste, a tuberculose e a lepra. Sua estrutura se dava sob a forma de campanhas, adaptando-se a uma época em que a população era majoritariamente rural, e com serviços de saúde escassos e concentrados, quase exclusivamente, nas áreas urbanas.
1903: Oswaldo Cruz assume a Direção Geral de Saúde Pública, dando início a reorganização dos serviços de higiene, que confere ao Governo Federal a responsabilidade de coordenar as ações de prevenção e controle de doenças transmissíveis.
1968: foi criado o Centro de Investigações Epidemiológicas (CIE) na Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP) que aplica os conceitos e as práticas da moderna vigilância, nascida nos Estados Unidos, na década de 50, no programa de erradicação da varíola
1975: V Conferência Nacional de Saúde lança as bases para a criação do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE) – Lei 6259 (1975), regulamentada pelo Decreto Presidencial n. 78.231 de 1976.
SNVE, coerente com o momento em que foi criado, era baseado no Ministério da Saúde e nas Secretarias Estaduais de Saúde, excluindo os municípios que, naquela época, não exerciam o papel de gestores de sistema de saúde. Em resposta ao perfil epidemiológico do momento em que foi criado, o SNVE atuava exclusivamente sobre as doenças transmissíveis.
1990: No Brasil, algumas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a partir de meados dos anos 1990, passaram a utilizar a denominação vigilância à saúde ou vigilância da saúde, para designar as novas unidades de suas estruturas organizacionais que promoveram a unificação administrativa entre a área de vigilância epidemiológica e as atividades a ela relacionadas, com a área de vigilância sanitária e de saúde do trabalhador (PAIM, 2003).
A alteração na denominação correspondeu a uma importante mudança institucional, de reunir todas as ações de vigilância, prevenção e controle de doenças numa mesma estrutura, e consolidar o processo de ampliação do objeto da vigilância. O objetivo é buscar responder melhor aos desafios colocados pelo perfil epidemiológico complexo que se apresenta na atualidade.
Evolução dos enfoques da Saúde Pública similar a “arte da guerra”, que partia da ideia inicial de “eliminação do inimigo”, oriunda da guerra de movimento, traduzida no campo da Saúde Pública com a noção de “erradicação”, passando pela ideia de “controle”, provinda da “guerra de posição”, até a noção de “vigilância”, que corresponderia ao período da “guerra fria”.
As estratégias apresentaram uma mutação em suas finalidades, dos objetivos iniciais de “erradicação” de determinadas doenças, como veio a acontecer com a varíola e a poliomielite, para a constatação das dificuldades de erradicação de algumas doenças, base das propostas de “controle”, originadas do combate à malária e à tuberculose, em meados do século XX, até o desenvolvimento da Epidemiologia.
O desenvolvimento da Epidemiologia, nas primeiras décadas deste século, registra tentativas de expansão do seu objeto para além das doenças infecto-contagiosas, desenvolvendo-se esforços de sistematização teórica do conceito de “risco” e de “fatores de risco”, importantes para a compreensão do perfil epidemiológico das sociedades pós-guerra e industriais. A incorporação desses conceitos vem provocando a modernização das estratégias de ação da Saúde Pública, tanto pela ampliação e diversificação do seu objeto quanto pela incorporação de novas técnicas e instrumentos de geração de informações e organização das intervenções. Ampliação dos objetos dos programas de controle: ultrapassagem dos limites dos programas para doenças infecciosas e parasitárias com direção a grupos populacionais expostos a riscos diferenciados de adoecer e morrer, a exemplo dos programas de saúde materno-infantil, saúde do trabalhador, saúde do idoso, etc. 
Evolução do conceito de vigilância em saúde
Na definição pioneira de Langmuir (1963), a vigilância correspondia, essencialmente, à detecção, análise e disseminação de informação sobre doenças relevantes, que deveriam ser objeto de monitoramento contínuo. 
A vigilância pode ser definida como sendo a observação contínua da distribuição e tendências da incidência de doenças mediante a coleta sistemática, consolidação e avaliação de informes de morbidade e mortalidade, assim como de outros dados relevantes e a regular disseminação dessas informações a todos que necessitam conhecê-la (Langmuir, 1963).
Mudança do processo saúde-doença e dos conceitos de saúde e doença fazia-se perceber a emergência de uma concepção flexível, heterogênea, baseada na própria heterogeneidade epidemiológica e sanitária do país. 
Mais recentemente, pode ser percebida a utilização de denominações que buscam sintetizar de maneira mais apropriada, essa necessidade de ampliação do objeto da vigilância. O CDC e a OMS passam a utilizar o conceito de vigilância em saúde pública, da qual a vigilância de doenças transmissíveis seria apenas um de seus componentes. Para o CDC, vigilância em saúde pública é a coleta continua e sistemática, análise, interpretação e disseminação de dados relativos a eventos da saúde para uso na ação da saúde pública com o objetivo de reduzir a morbidade e a mortalidade e melhorar a saúde (CDC, 2004).
Outra questão importante foi o foco apresentado pelas ações de vigilância sobre as doenças transmissíveis. Apesar de nenhuma definição, técnica ou legal, restringir o objeto de ação da vigilância, na prática, só muito recentemente desenvolveram-se metodologias e técnicas adequadas a serem utilizadas para novos objetos, como a vigilância das doenças e agravos não transmissíveis (Dant). É importante ressaltar que nesse caso, o objetivo da vigilância, diferentemente da vigilância de doenças transmissíveis, não é conhecer cada caso individual para adotar medidas que evitem a propagação da doença, e sim monitorar o comportamento de sua prevalência e de seus fatores de risco para propiciar a adoção de medidas de promoção à saúde (SILVA JÚNIOR et al., 2003).
Os elementos essenciais da atividade de vigilância, que servem para caracterizá-la e diferenciá-la de outras práticas de saúde pública, são: (1) o caráter de atividade contínua, permanente e sistemática, o que a diferencia de estudos e levantamentos realizados de forma ocasional; (2) o foco dirigido para determinados resultados específicos, procurando estabelecer os objetivos e as metas a serem alcançadas; (3) a utilização de dados diretamente relacionados com práticas de saúde pública, particularmente os referentes à morbidade e à mortalidade, ainda que outras informações possam subsidiar a análise da situação de determinada doenças e seus fatores de risco; e (4) o sentido utilitário, pragmático da atividade que, em última análise, visa estabelecer o controle de doenças e não apenas ampliar o conhecimento sobre a mesma (TACHKER & STROUP, 1997; FOEGE et al., 1976; SILVA JÚNIOR, 2004).
CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE. Vigilância em Saúde / Conselho Nacional de Secretários de Saúde. – Brasília : CONASS, 2007.278 p. (Coleção Progestores – Para entender a gestão do SUS, 6, I). 
TEIXEIRA, C. F.; PAIM, J. S.; VILASBÔAS, A. L. SUS, modelos assistenciais e vigilância da saúde. Informe Epidemiológico do Sus, v. 7, p. 7–28, 1998.
Papel do Biomédico na(s) Vigilância(s)
Resolução nº 778 de 29 de abril de 2002.
Nem as nossas entidades representativas (como Conselhos e Sindicatos) se mobilizam por este campo tão amplo, promissor e acolhedor para nós (Bezerra, 2009).
Parte técnica; educação em saúde; serviços
Equipes inter e multidisciplinares

Outros materiais