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RESUMÃO - sonegação previdenciária a fraude processual

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RESUMÃO
1. Crimes contra a Administração 
1.1 Sonegação de contribuição previdenciária (Artigo 337-A do CP) 
Análise do caput
Ontologicamente1, pode ser classificado como crime contra a ordem tributária, em que pese, topograficamente, imiscuir-se nos delitos contra a administração.
Sonegação de contribuição previdenciária 
CP, Art. 337-A.Suprimir [eliminação total do tributo a ser pago] ou reduzir [diminuição do valor] contribuição social previdenciária e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: 
Lei 8.137/1990, Art. 1°Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
 Crime Próprio 
Como essas condutas praticam-se, normalmente, no âmbito de uma empresa ou na circunscrição de uma relação de trabalho, o sujeito ativo será sempre um empresário, o proprietário de uma empresa ou um empregador.
 Natureza 
Classificam-se os crimes contra a ordem tributária como sendo de natureza material. A mesma classificação vale para o ilícito do artigo 337-A do Código Penal. Dessa sorte, aplica-se ao caso a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal.
Enunciado nº 24 – Súmula Vinculante do STF 
Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1o, incisos I a IV, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo. 
Penal. Rejeição da denúncia. Recurso em Sentido Estrito. Ilegitimidade ativa do Ministério Público Federal em 1ª Instância. Réu com prerrogativa de foro. Legitimidade do Procurador-Geral da República. Falsificação de documento Público (GFIP). Sonegação de contribuição previdenciária. Falso utilizado como crime-meio para a sonegação. Princípio da consunção. Ausência de constituição definitiva do crédito. Súmula Vinculante n. 24 do STF. Recurso não provido.
 Objeto material 
O objeto material do crime em comento é a contribuição social previdenciária (destinada ao custeio da previdência social). Na Lei 8.137/1990, positivam-se os crimes contra a ordem tributária geral, de modo que se a sonegação for da contribuição social previdenciária, prevalecerá a regra especial inserta no artigo 337-A do Código Penal.
 Dolo 
Tais crimes exigem o dolo genérico. Embora o elemento fraude integre o tipo penal, segundo o entendimento do STJ e do STF, é prescindível o especial fim de agir (fraudar a Previdência Social ou obter vantagem em detrimento de outrem).
 Continuidade delitiva 
Ordinariamente, esses delitos perpetram-se em continuidade delitiva, em virtude da reiterada obrigatoriedade do recolhimento do tributo.
 Princípio da insignificância 
Diverge a doutrina sobre o tema, eis que o próprio Código já teria estabelecido, no §2º, inciso II, e §3º, a possibilidade de o juiz deixar de aplicar a pena, quando o valor da contribuição sonegada for considerado pequeno.
CP, Art. 337-A. [...] 
§ 2ºÉ facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a de multa se o agente for primário e de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
II – o valor das contribuições devidas, inclusive acessórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela previdência social, administrativamente, como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais. 
§ 3º Se o empregador não é pessoa jurídica e sua folha de pagamento mensal não ultrapassa R$ 1.510,00 (um mil, quinhentos e dez reais), o juiz poderá reduzir a pena de um terço até a metade ou aplicar apenas a de multa.
Cuida-se do critério adotado pelos tribunais. Segundo a doutrina majoritária, aqui, há hipótese de perdão judicial. Não haveria que se falar em incidência do princípio da insignificância, porquanto patente restaria a tipicidade material. A jurisprudência, por sua vez, vaticina inexistir empecilho para aplicação do aludido princípio, mediante a utilização dos mesmos critérios utilizados nos crimes contra a ordem tributária. Isto é, verificado que o valor sonegado (suprimido ou reduzido) não atinge o patamar mínimo para o ajuizamento das ações de execuções fiscais, não se tipificará o crime e estar-se-á perante incidência do princípio da insignificância.
Observação1. Atualmente, por conta da Portaria nº 75/2012 do Ministério da Fazenda, a jurisprudência tem entendido que o valor a que se refere o preceptivo em comento seria de R$ 20.000,00. 
Observação2. Segundo os TRF’s das 2ª e 4ª Regiões, para fins de identificação do valor sobre o qual incidirá o princípio da insignificância, considera-se o valor da obrigação principal, com a devida correção monetária. Não ingressam nesse cálculo os juros de mora e as multas tributárias.
1.1.2.1 Inciso I 
CP, Art. 337-A. [...] -I – omitir de folha de pagamento da empresa ou de documento de informações previsto pela legislação previdenciária segurados empregado, empresário, trabalhador avulso ou trabalhador autônomo ou a este equiparado que lhe prestem serviços;
Essa omissão pode realizar-se tanto na folha de pagamento, quanto nos documentos a serem enviados à Previdência Social.
1.1.2.2 Inciso II 
CP, Art. 337-A. [...] -II – deixar de lançar mensalmente nos títulos próprios da contabilidade da empresa as quantias descontadas dos segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo tomador de serviços;
In casu, omitem-se as informações ao setor de contabilidade, a qual pressupõe os lançamentos regulares dos tributos. Note-se que ambos os incisos mencionam o vocábulo “empresa”. Desse modo, o crime em comento, nas duas hipóteses, é presumidamente praticado no âmbito de uma empresa.
1.1.2.3 Inciso III 
CP, Art. 337-A. [...]- III – omitir, total ou parcialmente, receitas ou lucros auferidos, remunerações pagas ou creditadas e demais fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias:
Aqui, não se omite a existência do empregado. Antes, em que pese se declarar sua existência, informa-se valor a menor da remuneração realmente paga a ele. Tendo em conta a ausência de menção ao vocábulo “empresa”, tal conduta pode ser perpetrada pelo empregador doméstico.
1.1.3 Hipótese de extinção da punibilidade 
§ 1º É extinta a punibilidade se o agente, espontaneamente, declara e confessa as contribuições, importâncias ou valores e presta as informações devidas à previdência social, na forma definida em lei ou regulamento, antes do início da ação fiscal [qualquer atividade de controle por parte do Fisco. Cuida-se de espécie de denúncia espontânea, tal qual a prevista no artigo 138 do CTN].
1.1.4 Observação final 
Nos crimes contra a ordem tributária, o pagamento é elemento fundamental para aferição da extinção da punibilidade. A partir da interpretação de diversas leis promulgadas ao longo do tempo, coetaneamente, o Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que o pagamento, mesmo após a o trânsito em julgado da sentença condenatória, é apto a extinguir a punibilidade o agente.
Crimes praticados por particular contra a Administração Pública estrangeira
1.3 Reingresso de estrangeiro expulso (artigo 338 do CP) 
Reingresso de estrangeiro expulso 
CP, Art. 338 -Reingressar no território nacional o estrangeiro que dele foi expulso: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, sem prejuízo de nova expulsão após o cumprimento da pena.
Pressupõe-se, para sua ocorrência, a existência de ato pretérito regular de expulsão, devidamente cumprido. Diante disso, tem-se que o reingresso é o retorno ao país mediante a violação de um ato de expulsão antes efetivado. 
Registre-se que a permanência irregular no país por qualquer motivo, inclusive a conspurcação do ato expulsório, não enseja o delito sob estudo (exemplo: estrangeiro que, ao saber ter sido expulso, foge para o interior do país e não é encontrado para a execução do ato). Sua consumação ocorre com a transposição das fronteiras, por quaisquer meios de locomoção. Dada sua natureza, a tentativa é admissível.
 Crime permanente ou instantâneo de efeitos permanentes 
Pequeno embate doutrinário gravita em torno sobre se o delito em apreço é permanente ou instantâneode efeitos permanentes. Na senda da doutrina majoritária, e na opinião da professora Valéria, é instantâneo de efeitos permanentes, haja vista ser o reingresso ato único.
 Dolo 
O dolo é genérico. Sem embargo, à configuração do ilícito, imperioso o animus de ingressar e permanecer no país do qual foi expulso, de maneira que, tendo o estrangeiro expulso voltado ao território nacional para buscar algo que lhe pertença e, em seguida ir embora, não se tipificará criminosa sua conduta.
 Teses defensivas e a jurisprudência do STJ 
Quando o estrangeiro é acusado desse tipo de crime, ordinariamente, suscitam-se teses defensivas que visam a atacar a regularidade do ato expulsório. Argumenta-se a invalidade do ato pelo fato de o indivíduo possuir filhos brasileiros e, oportunamente, não ter conseguido provar isso. 
O Superior Tribunal de Justiça rechaça tais arguições. Assevera que basta que o ato seja formalmente regular para a configuração do crime de reingresso. O crime subsiste.
QUESTÃO RELACIONADA À CONVENIÊNCIA DO ATO EXPULSÓRIO, QUE, NA HIPÓTESE, SE ENCONTRA PERFEITO E ACABADO. IMPOSSIBILIDADE DE DISCUSSÃO DO MÉRITO DESSE ATO COMO CONDIÇÃO À TIPIFICAÇÃO DO DELITO DE REINGRESSO DE ESTRANGEIRO EXPULSO. HABEAS CORPUS DENEGADO. (HC 218279/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/11/2011, DJe 16/11/2011).
Denunciação caluniosa (artigo 339 do CP) 
Denunciação caluniosa 
CP, Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente:
 Sujeito ativo & conduta 
Esse crime pode ser perpetrado por qualquer pessoa (crime comum). Isto é, tem plena ciência da inocência de tal indivíduo.
Como há uma falsa acusação criminosa a alguém, diz-se que a “calúnia” está inserida na “denunciação caluniosa”. Nada obstante, enquanto na primeira permanece apenas a acusação, nesta última, instaura-se um dos procedimentos investigatórios acima descritos.
 Consumação 
O momento consumativo é com a instauração da investigação policial (edição da portaria no IP ou início do inquérito civil), ou do processo judicial (oferecimento da denúncia ou queixa-crime), ou da investigação administrativa (portaria) ou da distribuição da ação de improbidade administrativa.
Observação1. As medidas preliminares adotadas pela autoridade antes da instauração do inquérito policial (ordens de missão na PF; VPI, na polícia civil) não são suficientes à configuração do crime em tela. 
Observação2. A imputação falsa de ato ímprobo que não seja criminoso (se criminosa, ocorrerá a denunciação caluniosa) e dê causa ao ajuizamento de ação civil pública em desfavor de alguém faz com que o agente pratique o delito descrito no artigo 19 da Lei 8.429/92;
LIA, Art. 19.Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente. 
Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
 Hipóteses que afastam a incidência do crime 
Saliente-se ser a imputação falsa objetiva (quanto ao crime) e subjetivamente (quanto à pessoa). Disso resulta ser o dolo direto o elemento subjetivo do tipo (posição do STF). Logo, se o indivíduo tinha dúvidas sobre a inocência daquele a quem foi imputada tal ou qual conduta, não haverá crime. 
A atuação profissional do Ministério Público ou da autoridade policial, dentro do seu prudente arbítrio e de sua esfera de atuação, exclui o crime em comento (e também a responsabilidade por infrações administrativas). Ressalva-se, naturalmente, a atuação com má-fé (dolo ou fraude).
 Causas de aumento e diminuição 
CP, Art. 339. [...] 
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. [indivíduo que encaminha, anonimamente ou com nome de outrem, notícia-crime falsa e, mais, sua identidade é descoberta];
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
1.5 Comunicação falsa de crime ou de contravenção (artigo 340 do CP) 
Comunicação falsa de crime ou de contravenção 
CP, Art. 340 -Provocar a ação de autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter verificado: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Difere-se da denunciação caluniosa, porquanto nesta se imputa um fato falsamente a alguém, ao passo que na comunicação falsa, a ninguém é imputada a prática do crime/contravenção, o qual o comunicante sabe não ter ocorrido.
1.6 Auto-acusação falsa (artigo 341 do CP) 
Auto-acusação falsa 
CP, Art. 341- Acusar-se, perante a autoridade, de crime inexistente ou praticado por outrem.
1.7 Falso testemunho ou falsa perícia (artigo 342 do CP) 
Falso testemunho ou falsa perícia 
CP, Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência);
§ 1º As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001);
§ 2º O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)
 Sujeito ativo 
Revela-se como crime de mão própria, na medida em que o agente deve ser detentor de uma qualidade, a saber, perito, intérprete, testemunha, etc. É delito personalíssimo, haja vista que somente a própria pessoa (intérprete, testemunha, etc.) pode praticar o delito.
Não se admite-se a coautoria no sentido estrito. Entretanto, admite-se a participação moral (induzimento ou instigação). Ante isso, a jurisprudência das cortes maiores é firme no sentido de que é possível a participação nos crimes de falso testemunho.
2. Mostra-se firme nesta Corte Superior, assim como no Supremo Tribunal Federal, o entendimento quanto à possibilidade de participação do advogado que ilicitamente instrui a testemunha no crime de falso testemunho; 
3. Writ conhecido; ordem denegada. 
(HC 45733/SP, Rel. Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, SEXTA TURMA, julgado em 16/02/2006, DJ 13/03/2006, p. 380);
 Diferença para o crime do artigo 343 do CP 
Neste delito incorrerá aquele que oferecer, dar ou prometer (praticar atos de corrupção) qualquer vantagem aos personagens havidos no caput do artigo 342 do CP. Força nessa semelhança, é preciso estar atento para não confundir os tipos penais.
 Consumação 
Com o encerramento do depoimento (testemunha), da atividade de interpretação (intérprete), da tradução (tradutor), da subscrição do laudo pericial (perito) ou da informação contábil (contador). Tem viés claramente formal. Não exige a produção de nenhuma resultado para sua consumação. Tal é o entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência.
FALSO TESTEMUNHO. CONSUMAÇÃO NO MOMENTO EM QUE FEITA A AFIRMAÇÃO FALSA. DESNECESSIDADE DE SENTENÇA CONDENATÓRIA DO PROCESSO EM QUE FEITO O FALSO TESTEMUNHO. EIVA NÃO CONFIGURADA. 
1. É pacífico o entendimento desta Corte Superior no sentido de que o crime de falso testemunho é de natureza formal, consumando-se no momento da afirmação falsa a respeito de fato juridicamente relevante, aperfeiçoando-se quando encerrado o depoimento, podendo, inclusive, a testemunha ser autuada em flagrante delito. 
2. Não há exigir sentença condenatória do processo para a configuração do crime do art. 342 do CP, não havendo, por isso mesmo, impedimento ao oferecimento da denúncia antes mesmo da prolatação do édito repressor nos autos em que feita a afirmaçãofalsa, restando apenas condicionada a sua conclusão diante da possibilidade de retratação, nos termos do art. 342, § 2º, do CP. [...] (HC 208576/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 04/10/2011, DJe 13/10/2011);
 Informante 
Prevalece no âmbito doutrinário divergência sobre se o informante (pessoa a quem não se toma o compromisso legal de dizer a verdade) incorre no crime de falso testemunho. Malgrado isso, a jurisprudência entende que esse crime não abrange o informante, porquanto se a ele não se exige o compromisso de dizer a verdade, eis que, potencialmente, existe a possibilidade de o seu depoimento ser influenciado por suas relações pessoais, de parentesco ou profissionais com o acusado, seria contrassenso responsabiliza-lo penalmente pelo aludido ilícito.
ATIPICIDADE DA CONDUTA. CONCESSÃO DA ORDEM. 
1. No caso dos autos, a paciente foi acusada de praticar o crime de falso testemunho porque teria narrado "fatos que não correspondem à verdade, prejudicando a correta distribuição da justiça" em ação indenizatória movida por seu irmão em face das Lojas Americanas S.A. 
2. Não se desconhece a existência de discussão doutrinária e jurisprudencial acerca da imprescindibilidade ou não de a testemunha estar compromissada para a caracterização do crime previsto no artigo 342 do Código Penal, tendo esta Corte Superior de Justiça se orientado no sentido de que o compromisso de dizer a verdade não é pressuposto do delito. Precedentes do STJ e do STF. 
3. Contudo, na hipótese em análise, a circunstância de a paciente haver prestado depoimento após ter aceitado o compromisso de dizer a verdade mostra-se irrelevantepara o deslinde da controvérsia, uma vez que ela sequer poderia ser considerada testemunha nos termos da legislação civil pátria, aplicável à espécie pelo fato de a afirmação em tese falsa haver sido fornecida em processo de natureza cível. 
4. Com efeito, de acordo com o artigo 228, inciso V, do Código Civil, e com o artigo 405, inciso I, do Código de Processo Civil, não podem ser admitidos como testemunhas os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.
6. No caso em exame, a paciente foi inquirida na qualidade de irmã do requerente da ação indenizatória, motivo pelo qual o fato de haver se comprometido a dizer a verdade do que sabia e Ihe foi perguntado não possui qualquer relevo, já que pelo inciso II e pelo § 4º do artigo 405 do Código de Processo Civil estava impedida de testemunhar no caso, só podendo ser ouvida como informante, sem prestar o compromisso previsto no artigo 415 do mencionado diploma legal. 
7. O crime disposto no artigo 342 do Código Penal é de mão própria, só podendo ser cometido por quem possui a qualidade legal de testemunha, a qual não pode ser estendida a simples declarantes ou informantes, cujos depoimentos, que são excepcionais, apenas colhidos quando indispensáveis, devem ser apreciados pelo Juízo conforme o valor que possam merecer. 
8. Desse modo, sendo incontroverso que a paciente foi ouvida como informante, justamente pelo fato de ser irmã do autor da ação de indenização na qual o falso testemunho teria sido prestado, não pode ser ela sujeito ativo do citado ilícito. 
9. Ordem concedida para cassar o acórdão impugnado, restabelecendo-se a sentença por meio da qual a paciente foi absolvida sumariamente do crime de falso testemunho. 
(HC 192659/ES, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 06/12/2011, DJe 19/12/2011)
 Anulação do processo 
Subsiste o crime do artigo 342 do Código Penal, ainda que o processo venha a ser anulado por algum motivo (doutrina majoritária).
 Testemunha relacionada ao fato 
Imagine-se que determinada testemunha, a qual vá prestar depoimento, tenha participado do fato sub judice e ninguém saiba. No curso da oitiva, se lhe faz uma indagação cuja resposta pode vir a incrimina-lo. Entende-se que o direito de não autoincriminação tem incidência nessa situação. Por conseguinte, terá ele direito de prestar um falso depoimento45 e restará afastado o crime de falso testemunho. O Superior Tribunal de Justiça tem precedentes nesse sentido.
 Local de Consumação 
É o local físico da prestação do depoimento. Ou seja, onde está a testemunha. Pouco importa que se trate de oitiva feita noutra comarca (carta precatória). 
Observação. No que toca aos depoimentos por videoconferência, inobstante prevaleça a regra mencionada, entende a professora que mais adequado revela-se o processamento do delito de falso testemunho no juízo onde tramita o processo no qual o referido crime terminou por ocorrer.
 Retratação ou declaração da verdade 
CP, Art. 342. [...] 
§ 2ºO fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
Observação. Avive-se a prolação da sentença no processo principal não ser pressuposto à caracterização do crime do artigo 342 do CP. É dizer, pode a denúncia por esse último delito ser oferecida enquanto o feito no qual se prestou o falso depoimento (ou falsa perícia, etc.) estiver em curso. Há vários precedentes do STJ nesse sentido.
 Alteração da pena 
Recentemente, a Lei 12.850/2013 elevou a pena mínima desse crime para 02 (dois) anos. Logo, não mais cabível é a proposta de suspensão condicional do processo.
1.8 Fraude Processual (artigo 347 do CP) 
Fraude processual 
CP, Art. 347 -Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz ou o perito: 
Pena - detenção, de três meses a dois anos, e multa. 
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo penal, ainda que não iniciado [aqui, crime praticado no bojo do inquérito policial], as penas aplicam-se em dobro.
Por elemento subjetivo, tem-se o dolo com o especial fim de agir, a saber, criar situação nova que aparenta ser real, mas, no fundo, é bastante diferente da realidade. Avive-se que não inovação precisa possuir relevância jurídica.
1.9 Favorecimento Real e Favorecimento Pessoal 
A característica comum entre os dois tipos: são crimes parasitários, ou seja, dependem da ocorrência de um crime anterior. Sendo que o sujeito ativo do crime não pode ser coautor ou autor do crime anterior. 
Favorecimento pessoal 
Art. 348 -Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Se ao crime não é cominada pena de reclusão: 
Pena - detenção, de quinze dias a três meses, e multa. 
§ 2º - Se quem presta o auxílio é ascendente, descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica isento de pena. 
Favorecimento real 
Art. 349 -Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Este auxílio no favorecimento pessoal se destina ao sujeito que esteja sendo perseguido ou que já tenha sido condenado por crime anterior. O que importa é que ele tenha consciência de que está prestando auxílio a uma pessoa que pretende se subtrair a ação legítima da autoridade pública (logo após a realização do crime ou após a condenação), v.g. expedido o mandado de prisão, ajuda a pessoa a se furtar ao cumprimento do mandado.
 Caráter subsidiário 
Estes crimes possuem um caráter de subsidiariedade em relação a outros crimes, um pequeno ato de favorecimento real pode representar um crime de lavagem quando há dolo de ocultação e o sujeito ativo auxilia a pessoa a ocultar ou dissimular o proveito do crime. Então, o crime de favorecimento pode ser confundido com o crime de lavagem de capitais. 
A relação do crime de favorecimento real com a receptação também é de difícil visualização. A diferenciação, mais uma vez, se dá a partir do elemento subjetivo. No favorecimento real é dolo de auxiliar o agente a proteger ou tornar seguro o proveitodo crime a na receptação o dolo é a obtenção de vantagem para si mesmo. O receptador possui um interesse pessoal no produto ou no proveito do crime, diferentemente do agente no favorecimento real.
 Consumação 
Os crimes de favorecimento não exigem a realização de resultados, bastam as práticas das condutas previstas nos arts. 348 e 349, CP (prestação de auxílio de qualquer natureza) para que se consumam. O fato do auxílio não ser suficientemente proveitoso ou não ser exitoso, é irrelevante. 
Exemplo: pessoa escondeu um criminoso em casa, mesmo assim a polícia o achou e prendeu, está consumado o crime de favorecimento pessoal.
Patrocínio infiel (pulei). 
2. Crimes contra a fé pública 
2.1 Noções gerais 
2.1.1 Conceito de fé pública
Fé pública é a credibilidade ou a segurança da sociedade em geral em relação aos atos que emanam do Estado. “Aura de legalidade e de confiança apriorística na legitimidade de todos os atos que provém do Estado” (Nelson Hungria).
E a fé pública é um bem jurídico penalmente tutelado, juridicamente relevante, aliás é tão relevante que é considerada um bem jurídico internacional, que possui proteção na esfera de cooperação entre as nações.
2.1.2 Conceito de falsidade 
A falsidade pressupõe requisitos, o primeiro deles é o que se chama de imitatio veri. Falsidade pressupõe uma representação da realidade diversa do que ocorre nos mundo dos fatos, é a ideia de simular uma situação como se real fosse, imitar eficazmente a realidade. 
Esta imitação pode ser mal feita ou então convincente. A ideia de falsidade pressupõe também a capacidade de enganar. Em resumo, toda falsidade pressupõe a capacidade para enganar através da eficaz imitação da realidade/verdade.
Esta capacidade para enganar além de tudo precisa de um terceiro requisito: este engano precisa causar algum dano. Por vezes, a capacidade de engar existe, mas se não for capaz de gerar qualquer dano para terceiros não configurará um crime.
 1º Requisito 
Para ocorrer a falsidade, é preciso imitar a situação supostamente real (imitatio veri). 
Exemplo1: Uma pessoa de 40 anos resolve dizer que é filha da princesa Diana e para tanto falsifica uma certidão de nascimento. Isto não preenche o requisito da imitatio veri, até por uma questão de idade. Além disto, Lady Di era uma pessoa famosa, é sabido que só tinha dois filhos. Embora a esteja tentando representar uma situação real, esta situação sequer chega a ser séria.
 2º Requisito 
Ao falsificar um documento é preciso observar se ele tem a capacidade de enganar. 
Exemplo1: documento feito a mão. Ora, não existe certidão de nascimento a mão, existe a imitatio veri, mas o documento não tem a capacidade de enganar.
 3º Requisito 
Além de tudo isto é preciso se questionar se a falsidade tem capacidade para gerar dano. 
Exemplo: pessoa diz que é filha da tia, falsifica certidão de nascimento, isto tudo porque a tia possui bom patrimônio, o objetivo é ajuizar uma ação de reconhecimento de filiação e pedir metade do patrimônio que seria destinado aos primos.
2.1.3 Crimes de falso e insignificância 
Analisando friamente o bem jurídico tutelado chegar-se-ia a conclusão de que nenhum crime de falso atingiria os requisitos para a aplicação do princípio da insignificância, porque é um bem jurídico de alta relevância e que, portanto não teria a possibilidade de preenchimento dos vetores elencados pelo STF para a verificação do princípio da insignificância em mais de uma das modalidades, em especial a lesividade. 
Porém, a incidência do princípio da insignificância varia de acordo com o tipo penal a ser analisado.
2.2 Moeda Falsa e assemelhados 
Aqui tanto doutrina quanto jurisprudência não admitem a incidência do princípio da insignificância. Isto porque, o bem jurídico tutelado é a fé pública na sua dimensão da credibilidade da circulação monetária, o bem jurídico protegido é a confiança que as pessoas têm na moeda circulante no país. Esta circulação é protegida tanto no aspecto nacional quanto no internacional.
Falsificar uma moeda de um real ou utilizar uma moeda de um real falsa, será apenado com pena mínima de 3 anos, umas das penas mínimas mais altas previstas no CP.
Art. 289 -Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: 
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Na maior parte dos crimes de falso há a punição da fabricação em si. Nos crimes de falso a falsificação é punida centralmente e, em alguns casos, há antecipação de resposta penal em que pune-se condutas que estariam nos atos preparatórios (guardar/possuir petrechos de falsificação de moeda) e também o momento pós falsificação (uso/por em circulação) que também é punido.
Esta modalidade de punição tem a ver com a relevância do bem jurídico, ora, não é comum que o legislado antecipe respostas penais ou que puna toda uma cadeia de atos envolvendo uma mesma conduta.
2.2.1 Da falsificação e da alteração
O tipo prevê falsificação ou alteração. Ou seja, a falsificação pode se dar com a criação do falso “do nada”, atitude de originalidade, de criação de moeda totalmente nova, ou alteração total ou parcial de moeda existe.
 Potencialidade de dano 
O falso precisa ter potencialidade de dano, potencialidade de causar prejuízo. A doutrina afirma de forma unanime que a alteração só configura o falso quando, por exemplo, pega-se uma moeda de 10 reais e a altera para 20 reais ou 50 reais. Agora, alterar para 5 reais (valor menor que o original), não haveria crime, isto por causa da ideia de potencialidade de dano. Ora, qual o dano existente em transformar uma moeda de 10 reais em 5 reais? Nenhum. Por outro lado, algumas pessoas defendem que há dano mesmo nos casos de diminuição do valor da nota, porque de qualquer forma gera-se uma instabilidade na circulação de moeda.
 Consumação 
A consumação se dá com a conclusão da falsificação ou alteração. É uma conduta plurisubsistente, é um crime que admite tentativa (embora de difícil configuração). 
Exemplo: a pessoa está em plena atividade de criação de nova moeda, ou de impressão e a polícia entra na sala flagrando e impedindo que termine o processo, é hipótese de tentativa. 
Apesar do crime admitir tentativa, o crime é formal, não exige produção de resultado, por ser plurisubsistente admite tentativa.
 Objeto 
Este crime tem como objeto moeda de curso legal no país ou qualquer moeda estrangeira, pouco importante ser moeda metálica ou papel moeda. 
Observação1. O crime de moeda falsa não abrange nenhuma modalidade de objetos ou de títulos que tem o mesmo valor de moeda, não abrange cheque, nem cartões, nem cheques de viagem e nem as moedas retiradas de circulação.
 Falsificação grosseira 
STJ Súmula nº 73 -A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
 Elemento subjetivo 
Todos os crimes de falso são dolosos, todos pressupõe a atuação direcionada para os fins previstos no tipo penal. E no art. 289 não há previsão de nenhum especial fim de agir. Existe divergência doutrinária de que se nos crimes de moeda falsa haveria um especial fim de agir, a intenção de em algum momento colocar a moeda em circulação, ora não faz sentido a prática de falsificação com animus jocandi. Por outro lado, é possível que alguém queira falsificar moeda para jogar banco imobiliário, ou então pessoa que é desenhista e resolve demonstrar suas habilidades excepcionais através de uma expressão artística, nestas hipóteses seria necessária a existência desde plusde animus subjetivo de introduzi-la em circulação e obter o valor que expressa. 
Muito embora o entendimento doutrinário seja variável, a doutrina majoritária e a jurisprudência dos tribunais dizem que o dolo é direto e não há nenhum especial fim de agir, nenhum elemento subjetivo a mais nem a intenção de inserir a moeda em circulação em momento futuro, basta que se tenha consciência de criar um perigo de dano, por exemplo,possuir moeda falsa para banco imobiliário, ora, o mero fato de guardar esta moeda já é crime.
O crime é comum, qualquer pessoa pode pratica, crime formal, natureza comissiva e se consuma com a finalização das falsificações ou alterações.
 A polícia federal está fazendo uma operação e encontra a pessoa no ato de falsificação, ou seja, flagrante delito, imagine que a pessoa imprimiu 5 mil notas de R$100,00. Este é um crime único ou é praticado em continuidade delitiva? 
Resposta: o crime de moeda falsa tem esta característica de quanto mais moedas imprime, maior é a lesão causada ao bem jurídico tutelado. Várias moedas impressas no mesmo contexto de fato representarão sempre um crime único, o diferencial será a quantidade de moedas e o valor da moeda pode ser considerada como circunstância judicial no momento de aplicação da pena.
2.2.2 Dos crimes subsequentes à contrafação
CP. Art. 289. § 1º -Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
Em especial o verbo “introduz” a moeda em circulação, são punidos com as mesmas penas do caput. O crime do § 1º é totalmente autônomo do crime do caput, não precisa ser praticado pelo mesmo agente, é possível que alguém adquira, receba, empreste ou introduza sem que tenha participado da falsificação. Qualquer pessoa pode ser autor do crime do § 1º, inclusive o autor do falso. Ocorre que se o autor do falso é quem introduz a moeda em circulação, não responderá por dois crimes, pois as condutas então intimamente interligadas, será um post factumimpunível. Aquele que falsifica e usa, segundo a doutrina, responde apenas pela falsificação, típico caso de progressão criminosa.
Observação. A modalidade “guarda” tem a natureza de crime permanente, as demais modalidades são crimes instantâneos, ou seja, enquanto a pessoa está guardando, estará praticando o crime de moeda falsa. 
Este é um tipo misto alternativo, portanto se a pessoa pratica várias das condutas ali previstas responderá por um único crime. Justamente por isto a tentativa é de difícil ocorrência, pois muitas vezes aquele que introduz a moeda falsa já estava guardando, ou seja, o crime já se mostra consumado.
2.2.3 Modalidade privilegiada 
O § 2º prevê que aquele que recebe de boa-fé como verdadeira uma moeda falsa/alterada e restituiu a moeda à circulação (modalidade privilegiada). Esta pessoa é punida com pena muito menor, detenção de seis meses a dois anos e multa. 
CP. Art. 289. § 2º -Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Observação. Se o agente recebeu a moeda de má-fé incide obrigatoriamente no § 1º, pois adquiriu ou guardou a moeda já sabendo ser falsa. Já no § 2º há um momento em que estava de boa-fé e passa a agir de má-fé movido pelo sentimento de que foi vítima de agente anterior, quer sair da posição de vítima e recuperar o prejuízo sofrido. Este sujeito do § 2º jamais poderá ser quem fez a falsificação, pois a forma privilegiada exige que o agente receba a moeda de boa-fé.
2.2.4 Modalidade qualificada
CP. Art. 289. § 3º -É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
Incidem nas condutas do § 3º os funcionários do BACEN (que são responsáveis por autorizar a emissão de moeda) e funcionário da Casa da Moeda (órgão responsável pela emissão de moeda). Então apenas funcionários destas duas instituições podem praticar este crime.
Título da moeda é o seu valor nominal, é o número cunhado na moeda metálica, v.g. moeda com título de um real. Cada moeda além da forma, possui um peso específico, se a fabricação se dá com menor peso e depois há desvio de material que serve de suporte físico. 
Exemplo: a moeda precisa ter “x” gramas, produzem moeda com peso menor e desviam o material (concurso de crimes).
E o inciso II trata do desvio e da circulação antecipada de moeda. O BACEN e o Conselho Monetário Nacional possuem políticas muito rígidas de autorização de emissão de moeda, voltadas para o controle da política econômica e do câmbio e balanças comerciais.
Sendo assim as emissões são controladas na quantidade e no momento. Havendo violação destas autorizações com emissão superior, o funcionário incide na prática do § 3º. 
No § 4º há as hipóteses de crimes de desvio e circulação, quando a circulação ainda não estava autorizada. É possível que a emissão tenha se dado corretamente, mas a colocação em circulação se dê de forma antecipada: 
CP. Art. 289. § 4º -Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.
 O § 4º diz que “nas mesmas penas incorrem quem”, são as mesmas penas do § 3º ou do caput? 
A doutrina responde esta questão, como o crime do § 4º é um crime comum (e não nos crimes próprios do § 3º) as penas que se refere o § 4º está no caput que também prevê crime comum, são as penas bases no caput e não as penas aumentadas do § 3º.
2.3 Crimes assimilados ao de moeda falsa (ver, pág. 31)
CP. Art. 290 -Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
2.3.1 Dos crimes antecedentes da falsificação (petrechos) 
2.3.1.1. Petrechos para falsificação de moeda 
CP. Art. 291 -Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Crime de ação múltipla, o tipo prevê várias condutas: fabricar, adquirir, fornecer, condutas instantâneas, porém plurisubsistentes, portanto admitem tentativa e mais a posse a guarda que são de natureza permanentes e não podem ser fracionadas.
Hoje em dia, para imprimir moeda falsa precisa de tinta, boa impressora, boa matriz e papel. Ou seja, qualquer um de nós em casa tem acesso a aparelhos aptos a fabricar moedas e isto não nos torna falsários. Ou seja, somente na situação concreta é que se afere que determinado objeto é destinado especialmente a fabricação de moeda. 
Esta destinação não precisa ser exclusiva, o tipo fala “qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda”. Que este objeto tenha sido destinado subjetivamente por alguém e objetivamente naquele caso concreto para a fabricação de moeda.
E ainda, os petrechos não precisam ser exclusivos para falsificação, qualquer objeto lícito destinado ao emprego de falsificação incide no crime do art. 291. 
Este crime é sempre absolvido pelo crime do art. 289, CP, ou seja, a pessoa que possui os petrechos para a falsificação e falsifica a moeda pratica um único crime, o mais grave, que é o crime de falso (art. 289, CP).
 Como se prova a ocorrência do crime de falso do ponto de vista objetivo? 
Do ponto de vista objetivo, diante de moeda, é necessária a perícia. Já para o crime de petrechos basta a apreensão dos petrechos mesmo que não se encontre moedas.

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