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Filme Preciosa Vulnerabilidade

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Preciosa: Uma história de vulnerabilidade e superação
	O filme Preciosa- Uma história de esperança (2010), é ambientado no ano de 1987, na cidade de Nova York e conta a história de Claireece Preciosa Jones, uma adolescente de 16 anos, que sofre todo o tipo de violência familiar, inclusive incesto. Quando se vê grávida pela segunda vez, violentada por seu próprio pai, Preciosa tem que mudar de escola, onde também encontra a chance de mudar sua vida.
	Preciosa que já é mãe de uma menina, apelidada de Mongo por ter síndrome de Down e que se encontra sob os cuidados de sua avó, vê novamente sua vida mudar, numa segunda gestação indesejada, fruto de uma violência familiar.
A mãe de Preciosa, não a protegeu da violência, ao contrário, praticou violência física e emocional contra ela. Percebo ambivalência da mãe, que se omite e acoberta a violência sexual do marido contra Preciosa, mas também culpabiliza a própria filha pelos atos do marido. Segundo o Mapa da Violência a Criança e ao Adolescente (2012), há uma certa “naturalização” da violência, quando se culpa a própria vítima pelo acontecimento, não obstante, a violência é cometida por quem tem a obrigação de proteger, muitas vezes na particularidade do lar, onde há pouco acesso de terceiros, assim como no caso de Preciosa. A vítima é considerada culpada por ter “provocado” o desejo do outro, sofrendo assim, pela violência e pela culpa que não é sua.
As vítimas de violência sexual quando criança não possuem meios para se defender, muitas vezes não encontra espaço e/ou credibilidade para falar, no entanto, o estado não possui dispositivos eficazes para essa escuta, e a criança ou adolescente continua em risco, para a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República-SEDH, a cada oito minutos uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual no Brasil, e cerca de 80% dos casos contabilizados (sessenta mil) e registrados em 2005, há a prevalência de meninas de dois a dez anos, e apenas 2% dos abusos foram denunciados, sendo que grande parte se deu por infração do pai ou padrasto. Para Hirsh (apud, GODOI E NEVES, 2011), “quando o incesto é revelado, em algumas situações, a mãe reage com ciúmes, como rival, e passa a colocar, na filha, a responsabilidade pelo ocorrido. A mãe teria dificuldade de reconhecer o incesto, pois seria o reconhecimento de seu fracasso como mãe e esposa” (HIRSH, apud GODOI E NESVES, 2011). [1: Disponível em: <http:/ /noticias.uol.com.br/ ultnot/efe/2006/05/18/ ult1766u16271.jhtm>. Acesso em: 28 de Nov. de 2017.]
Ela não tem quem a defenda no seio familiar, quando Preciosa sai deste ambiente, que percebe que o mundo pode ser diferente, na escola anterior, a diretora também cobra de Preciosa, mas não se percebe nenhum tipo de vínculo afetivo em que Preciosa pode confiar para contar o que se passa em sua vida. Não há um olhar direcionado para Preciosa, pensando em seu bem estar, mas a educação ajudou Preciosa a encontrar novos caminhos. Já na nova escola, Preciosa encontra um olhar mais direcionado para ela, com calma e paciência, a nova educadora percebe em Preciosa um potencial, e Preciosa encontra nela um apoio, um socorro. Em certa fala, Preciosa reflete que as pessoas da escola a amam mais que a própria família, mais uma vez a educação e a escola tiveram papéis de proteção para Preciosa.
No filme percebe-se a questão do preconceito e rejeição, por Preciosa ser negra e obesa, é discriminada. Preciosa encontra refúgio em sua própria imaginação, como um mecanismo de defesa que impede que sofra os impactos dos ataques violentos da mãe e do ambiente em que vive, em vários momentos, ela se imagina bem arrumada e fazendo sucesso, dando a impressão que busca aceitação para o próprio corpo, ela não se imagina diferente do que realmente é, embora se julgue muitas vezes como “preta, gorda e feia”(SIC). 
Como estudado em aula, a resiliência não poderia ficar em segundo plano na vida de Preciosa, que conceitualmente pode ser descrita como 
“um processo interativo entre a pessoa e seu meio, considerado como uma variação individual em resposta ao risco, sendo que os mesmos fatores causadores de estresse podem ser experenciados de formas diferentes por pessoas diferentes, não sendo a resiliência um atributo fixo do indivíduo” (RUTTER, 1987, apud, PESCE, 2004).
Contudo, a escola possibilitou Preciosa de o mundo por outra perspectiva, a educação tem este poder, a primeira escola não soube lidar com sua gravidez, já a segunda escola, a acolheu enquanto ser humano, não apenas como aluna. Ao final, Preciosa leva consigo seus dois filhos e um diagnóstico de soropositisividade, e todos os estigmas que esta condição traz consigo, conforme Ayres (et al. 2006, apud GODOI E NESVES, 2011), “as ações de redução da vulnerabilidade não podem ser efetivas e operacionais se ficarem restritas à esfera da saúde. A ação intersetorial é fundamental, e deve envolver, no mínimo, saúde e educação” (Ayres et al. 2006, apud GODOI E NESVES, 2011). Em vários momentos do filme, Preciosa se apresenta em ambientes e situações de vulnerabilidade e violência, sem sombra de dúvidas, Preciosa foi muito resiIiente, pois a possibilitou a superação, não sendo possível apagar tudo que aconteceu, mas seguir sua vida dentro de uma ressignificação do seus traumas e problemas (PESCE, 2004).
Referências
WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2012: crianças e adolescentes do Brasil. 2012.
CALIMAN, Geraldo. Pedagogia social de rua: entre acolhida e formação. In: SOUZA NETO, J. Clemente de ; NASCIMENTO, M. Letícia (Org.). Infância: violência, instituições e políticas públicas. São Paulo: Expressão e Arte, 2006, pp. 167-178 [ISBN 85-88423-49-9]
GODOI, Marcos Roberto; NEVES, Luciene. Corpo, violência sexual, vulnerabilidade e educação libertadora no filme" Preciosa: uma história de esperança". Interface-Comunicação, Saúde, Educação, v. 16, n. 41, 2012.
PESCE, Renata P. et al. Risco e proteção: em busca de um equilíbrio promotor de resiliência. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 20, n. 2, p. 135-143, 2004.

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