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RELAÇÃO DE SAÚDE E TRABALHO COM PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOB OLHAR DA CLINICA DA ATIVIDADE E PSICODINÂMICA

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RELAÇÃO DE SAÚDE E TRABALHO COM PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL SOB OLHAR DA CLINICA DA ATIVIDADE E PSICODINÂMICA
Alice Gonçalves 
Arsênio José Rufino Neto
Bruna Silva Botelho
O presente artigo busca articular uma entrevista realizada com duas professoras de alfabetização com conceitos da teoria da clínica da atividade e da psicodinâmica, de forma a acentuar a criação de novas maneiras de realizar o que foi prescrito como uma saída para o adoecimento causado pela incapacidade de realização do trabalho.
Utilizaremos como base o conceito de saúde no trabalho como uma potência que permite ao trabalhador criar novas perspectivas e caminhos para produção e agenciamento dessas demandas. Seguindo essa mesma linha a doença provém da dificuldade de criar novas maneiras de realização daquilo que foi dado como tarefa, causando então sofrimento no trabalhador que foi impedido de encontrar meios criativos de realização.
Também na clínica da atividade nos deparamos com o conceito de prescrito, real e o real da atividade. Sendo o prescrito como o que foi dado anteriormente à realização do trabalho, o trabalho real como o que foi efetivamente realizado a partir do que foi prescrito e o real da atividade como aquilo que foi desejado, mas não realizado. 
Fica claro durante o desenvolvimento do artigo a forma como o prescrito se diferencia do real e causa desconforto no trabalhador. O sofrimento começa no momento em que o trabalhador percebe uma limitação no desenvolvimento de sua atividade. Há um confronto entre o prescrito, o real e o real da atividade, pois o trabalhador é perpassado e fruto desse construto e da relação com o mundo e sua interação com o mesmo. O prescrito não leva em consideração a diferenciação do sujeito e seus meios de coexistir no momento que desenvolve tal atividade.
É possível relacionar os conceitos da clínica da atividade com a psicodinâmica, levando em consideração a forma como o ambiente de trabalho influencia na saúde do trabalhador. Segundo a psicodinâmica, o trabalhador procura sempre regular sua atividade de acordo com os objetivos da tarefa proposta. Dessa forma surge a relação prazer-sofrimento, que regula as vivências do trabalhador.
[...] E o prazer-sofrimento é uma vivência subjetiva do próprio trabalhador, compartilhada coletivamente e influenciada pela atividade de trabalho. Nessa perspectiva analítica, todo o trabalho veicula implicitamente um custo humano que se expressa sob a forma de carga de trabalho, e as vivências de prazer-sofrimento têm como um dos resultantes o confronto do sujeito com essa carga que, por conseguinte, impacta no seu bem-estar psíquico. (FERREIRA; MENDES, 2001, p.94).
Assim veremos a maneira como o trabalho exerce influência sobre os aspectos da vida cotidiana dos trabalhadores e leva ao processo de saúde e adoecimento e transformação do sofrimento em prazer.
Fica perceptível que o sofrimento no trabalho é algo incomodo a ser relatado pelo profissional, pois este entende esse sofrimento como um problema decorrente de sua incapacidade de realização do seu trabalho e não da organização prescritora. Dessa forma o profissional busca meios alternativos para realizar o que foi prescrito de uma forma que lhe cause menos angústia e de acordo com os meios que se encontram acessíveis e ele. Uma dificuldade encontrada nesse processo de criação é a falta de recursos disponíveis para a realização do trabalho, assim sendo, uma forma de minimizar essa dificuldade é pela busca de meios através de recursos pessoais, ou seja, procurar meios pessoais para enfrentar uma adversidade no trabalho é uma forma de transformação de sofrimento em prazer, pois é uma maneira além do que foi estabelecido, sendo que sem recursos haveria maior dificuldade na realização das atividades.
A possibilidade de criação de novas maneiras de exercer a atividade prescrita é um diferencial que minimiza o sofrimento, pois o profissional tem autonomia para criar e reinventar as maneiras que para ele não trazem resultados satisfatórios 
“[...] eu procuro sempre ta buscando coisas, inovações, principalmente na parte da educação infantil, precisa de muitas inovações, muitas coisinhas e tal, então eu estou sempre buscando informações e coisas novas pra aplicar” (Professor B) 
É a inteligência prática do profissional frente ao seu desafio no ambiente de trabalho, buscando a mobilização do “eu” para agir de outra forma. Porém o foco é sempre na dificuldade de realizar o trabalho, seria o “não dar conta” do que tem que ser feito, gerando uma sobrecarga no trabalhador, pois este não desenvolve sua atividade profissional apenas no ambiente de trabalho, mas ocupa-se com estas também nos ambientes em que não há vinculo empregatício.
Nota-se que há uma satisfação pessoal em realizar a atividade, por ser o processo de alfabetização o espaço inicial de formação da criança. É necessário que haja uma aceitação da atividade por parte das crianças para que ocorra a aprendizagem, quando isso não acontece é perceptível o incomodo que isso causa, pois toda a atividade planejada tem um objetivo que às vezes pode não ser alcançado, sendo assim a responsabilidade do educador é grande e este sente o peso dessa responsabilidade que se transforma em ansiedade por medo de não conseguir fazer com a criança atinja aquele objetivo.
Ao abordar o assunto sobre a clínica da atividade e psicodinâmica, usando conceitos para explicar e descrever situações em que o ambiente de trabalho influência na saúde do trabalhador, causando-lhe sofrimento em consequências das limitações ao realizar uma tarefa proposta antecipadamente podemos concluir que existe possibilidades de mudanças do sofrimento em prazer, buscando meio alternativos para almejar meios de realização da tarefa em que lhe causem menos angustia e sofrimento, e assim transformar o sofrimento em realização pessoal. 
O aprofundamento do tema nos permitiu compreender melhor como o ambiente o ambiente de trabalho interfere na forma em que o trabalhador descreve as suas atividades desenvolvendo assim a sua subjetividade a partir das experiências, como ele realiza o seu trabalho prescrito e como as relações com o gênero social mostra como o coletivo está presente na relação dos professores, de uma forma que é possível compartilhar os conteúdos e as situações vividas anteriormente, mostrando-se estar sempre desenvolvendo os próprios conhecimento na escola, que atualmente é um ambiente para compartilhar saberes e vivências. 
Podemos perceber que como psicólogos da clínica da atividade, devemos pensar em novas formas de atividades para que o trabalhador possa realizar maneiras de agir frente as regras, saindo da inercia de aceitar e realizar efetivamente apenas o que é proposto, para assim, realizar aquilo que inicialmente foi impedido de ser realizado. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 
SARMENTO, R.D; RONCHI, J.F; ELIZABETH, M.B. relação “saúde e trabalho” e clínica da atividade. In: Trabalho docente e poder de agir: clínica da atividade, derives e análises. Vitória: EDUFES, 2014. p. 81-98. 
CRESPO, M. R. Álvaro. VAZ, A. Marco. SPODE, B. S. Charlotte. LENZI, C. E. Jaqueline. MENEZES, K. A. R. RODRIGUES, B. V. Patrícia. O trabalho entre prazer, sofrimento e adoecimento: a realidade dos portadores de lesões por esforços repetitivos. Psicologia & Sociedade, Rio Grande do Sul, jan./jun. 2003, p. 117-136.
FERREIRA, M. C. MENDES, M. A. “só de pensar em vir trabalha, já fico de mau humor”: atividade de atendimento ao público e prazer-sofrimento no trabalho. Estudos de psicologia, Brasília, 2001, p. 93-104.