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estelionato e receptação

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1 
 
Art. 171 e 180 - ESTELIONATO E RECEPTAÇÃO 
 
 Estelionato 
 Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou 
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de quinhentos mil réis a dez contos de réis. 
 § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena 
conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
 § 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 Disposição de coisa alheia como própria 
 I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia como própria; 
 Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
 II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, gravada de 
ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, 
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
 Defraudação de penhor 
 III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia 
pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
 Fraude na entrega de coisa 
 IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar a alguém; 
 Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
 V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, 
ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou valor de 
seguro; 
 Fraude no pagamento por meio de cheque 
 VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o 
pagamento. 
 § 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de 
direito público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência. 
 Duplicata simulada 
 Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria 
vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação dada pela Lei nº 8.137, 
de 27.12.1990) 
2 
 
 Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 8.137, de 
27.12.1990) 
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle que falsificar ou adulterar a 
escrituração do Livro de Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de 1968) 
 Abuso de incapazes 
 Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou inexperiência de 
menor, ou da alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo qualquer deles à prática de ato 
suscetível de produzir efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
 Induzimento à especulação 
 Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou da simplicidade ou 
inferioridade mental de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especulação com 
títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo saber que a operação é ruinosa: 
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 Fraude no comércio 
 Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial, o adquirente ou consumidor: 
 I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria falsificada ou deteriorada; 
 II - entregando uma mercadoria por outra: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
 § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a qualidade ou o peso de metal ou substituir, 
no mesmo caso, pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor valor; vender pedra falsa por 
verdadeira; vender, como precioso, metal de ou outra qualidade: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º. 
 Outras fraudes 
 Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de meio de 
transporte sem dispor de recursos para efetuar o pagamento: 
 Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante representação, e o juiz pode, conforme as 
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. 
 Fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedade por ações 
3 
 
 Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por ações, fazendo, em prospecto ou em 
comunicação ao público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a constituição da sociedade, ou 
ocultando fraudulentamente fato a ela relativo: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato não constitui crime contra a 
economia popular. 
 § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui crime contra a economia 
popular: (Vide Lei nº 1.521, de 1951) 
 I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por ações, que, em prospecto, relatório, 
parecer, balanço ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afirmação falsa sobre as 
condições econômicas da sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em parte, fato a elas 
relativo; 
 II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por qualquer artifício, falsa cotação das 
ações ou de outros títulos da sociedade; 
 III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à sociedade ou usa, em proveito próprio ou 
de terceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da assembléia geral; 
 IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende, por conta da sociedade, ações por ela 
emitidas, salvo quando a lei o permite; 
 V - o diretor ou o gerente que, como garantia de crédito social, aceita em penhor ou em 
caução ações da própria sociedade; 
 VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em desacordo com este, ou mediante 
balanço falso, distribui lucros ou dividendos fictícios; 
 VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta pessoa, ou conluiado com acionista, 
consegue a aprovação de conta ou parecer; 
 VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; 
 IX - o representante da sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no País, que 
pratica os atos mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao Governo. 
 § 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa, o acionista que, a 
fim de obter vantagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deliberações de assembléia 
geral. 
 Emissão irregular de conhecimento de depósito ou "warrant" 
 Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, em desacordo com disposição legal: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 Fraude à execução 
 Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou 
simulando dívidas: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
4 
 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. 
CAPÍTULO VII 
DA RECEPTAÇÃO 
 Receptação 
 Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, 
coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou 
oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, 
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no 
exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto decrime:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de 
comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. 
 § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o 
preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio 
criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
 § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de 
que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as 
circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 
155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, 
empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista 
no caput deste artigo aplica-se em dobro. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) 
 
Cabe Transação penal no § 3° e suspensão condicional do processo no caput e no § 3° (artigos: 76 e 89 da 
Lei 9099/95). 
 Crime autônomo que se caracteriza ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime 
antecedente ou pressuposto do qual proveio a coisa (art. 180, § 4°). É desnecessário que exista 
procedimento policial ou judicial anterior, nem sentença a respeito. 
Todavia não é necessário que se identifique o delito antecedente (RT 780/688. Comprovada a origem 
criminosa da coisa (RT 606/396). 
5 
 
 O delito antecedente do qual proveio a coisa não precisa ser necessariamente patrimonial, 
bastando que atinja interesses patrimoniais de terceiros, como no peculato ou na falsidade. Sujeito ativo 
pode ser qualquer pessoa, exceto o co-autor ou o partícipe do delito anterior. O proprietário da coisa, em 
princípio, não pode ser sujeito ativo. Salvo se a coisa foi furtada do possuidor ou detentor legítimo (como 
no penhor), vindo o proprietário a adquiri-la ciente do fato. 
2.7.1 – Receptação dolosa própria (art. 180, primeira parte). Consiste na aquisição de coisa que o agente 
sabe ser produto de crime, ou na prática de conduta equiparada (receber, transportar, conduzir ou ocultar 
coisa que sabe ser produto de crime). Comete o crime quem recebe coisa que sabe ser furtada, em dação 
em pagamento (RT 621/366). Crime único mesmo que praticadas duas ou mais modalidades previstas 
(alguém compra, transporta e oculta objeto). 
 Consuma-se na receptação dolosa própria, com a aquisição da coisa ou com a prática de conduta 
equiparada no tipo. Cabe tentativa 
2.7.2- Receptação dolosa imprópria (art.180, segunda parte) Consiste em influir para que terceiro de boa 
fé adquira, receba ou oculte a coisa, destacando-se aqui especialmente a intermediação criminosa. 
Consuma-se com a ação de influenciar, ou intermediar. 
2.7.3 – Receptação qualificada (art.180, § 1°). É a praticada por comerciante ou industrial, mesmo 
irregular, clandestino ou até exercido em residência (art.180, § 2°). O dispositivo é destinado para alcançar 
o ramo de desmanche de veículos, com outras formas próprias como ter em depósito, desmontar, montar, 
vender e expor à venda etc. A pena passa a ser de 3 a 8 anos, ao invés de 1 a 4 anos. 
 Quanto ao dolo, o sujeito ativo, (comerciante ou industrial) deve saber que a coisa é produto de crime. 
(dolo direto e eventual). Damásio afirma que se o sujeito ativo sabe, incide no caput (1 a 4), quando apenas 
deve saber incide no § 1° (3 a 8 anos) e aconselha a pena única do caput para comerciantes e não 
comerciantes evitando a imposição inconstitucional de pena maior a um fato de menor gravidade. 
2.7.4 – Receptação culposa (art. 180, § 3°). Ocorre quando o agente adquire ou recebe coisa sem saber 
que se trata de produto de crime, havendo, porém, elementos que lhe permitiriam perceber esse fato, pela 
natureza da coisa, pela desproporção entre o valor e o preço ou pela condição de quem oferece. Na 
receptação culposa, se o agente é primário pode (deve) o juiz conforme as circunstâncias, deixar de aplicar 
a pena – perdão judicial (art. 180, § 5°). “Pratica receptação culposa quem adquire coisa de menor de 10 
anos de idade, desconhecido, pagando menos de 10% do valor da coisa” (RT 713/358). Valor real, superior 
ou próximo não há crime. Baixo, mas não vil ou irrisório, não há o delito de receptação. 
2.7.5 – Receptação privilegiada (art. 180, § 5°) Aplica-se o disposto no artigo 155, § 2° (primário e coisa de 
pequeno valor). 
2.7.6 – Receptação agravada (art. 180, § 6°). Refere-se à receptação dolosa própria quando se tratar de 
bens da União, Estado ou Município e outras entidades previstas no artigo 180, § 6°, com o aumento do 
dobro da pena prevista no caput –Reclusão, de 1 a 4 anos e multa. 
CAPÍTULO VIII 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
6 
 
 Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em 
prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) 
 I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou 
natural. 
 Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é 
cometido em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) 
 I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
 II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
 III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
 Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
 I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave 
ameaça ou violência à pessoa; 
 II - ao estranho que participa do crime. 
 III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) 
anos. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 
RECEPTAÇÃO X CRIME PRESSUPOSTO 
O fato de considerar, como autônomo, o crime de receptação, face ao nosso ordenamento, não 
exclui a necessidade da existência de um crime anterior. De acordo com a tipificação temos que: 
adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe 
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (art. 180, caput). 
Pode-se notar que não há qualquer contradição nesse entendimento pois, a autonomia 
da receptação refere-se a sua existência em tipo legal próprio, do qual resulta uma determinada 
punição, uma apenação para o sujeito ativo. 
Essa diferenciação por sua vez, implica na possibilidade de se identificar o autor como sujeito 
ativo de um crime, e não como mero co-autor ou partícipe do delito antecedente. Por outro lado, 
conforme visto anteriormente precisamos de um crime anterior para que o produto desse crime 
pressuposto seja receptado pelo agente. 
Nélson Hungria nos preleciona uma "relação de acessoriedade material" entre a receptação e a 
existência de crime anterior, posto que, "afora isso, a receptação é crime autônomo, isto é, alheia-
se ao crime a quo e existe por si mesma". Nesse sentido, tanto é autônomo o crime 
7 
 
de receptação, dolosa ou culposamente que, o Código Penal traz em seu Art. 180, § 4º, 
"a receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que 
proveio a coisa" . 
Vemos também que a idéia de autonomia persistemesmo com a extinção da punibilidade do 
crime antecedente, conforme Art. 108, CP, in versu: 
Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou 
circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da 
punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da 
conexão. 
Podemos inferir que, qualquer causa extintiva da punibilidade incidente sobre o delito antecedente 
não aproveita ao agente de receptação, com isso ele continuará a responder pelo delito praticado, 
em virtude dessa autonomia. 
NATUREZA DO CRIME PRESSUPOSTO 
Embora mais comum, o crime antecedente, não precisa necessariamente, ser contra o 
patrimônio. Tal delito, por exemplo, pode ser o de peculato. Contudo, deve ser um crime, em 
sentido estrito pois, não há que se falar em receptação de indiferente penal ou produto de mera 
contravenção. 
Não há impedimento que, figure no crime pressuposto, uma receptação. É plenamente possível 
a receptação de uma receptação. A mesma coisa pode ser objeto de receptações consecutivas, 
obedecendo a uma linha criminosa sucessiva. Exige-se, no entanto, que o objeto material 
da receptação não perca o seu caráter criminoso no curso desse processo de receptações. 
Todos os agentes devem conhecer da origem ilícita da coisa. Caso haja rompimento nessa cadeia 
seqüencial de receptações, com a aquisição da coisa por terceiro de boa-fé, mesmo que, o sujeito 
subseqüente a este último, conheça inteiramente da origem criminosa da coisa, não poderá ser 
considerado receptador, vez que, não houve crime antecedente ou pressuposto, constituindo-se 
meramente fato atípico. 
Segundo Hungria, em relação a receptação "o que se faz mister é que a coisa seja proveniente de 
crime, e este não é apenas o crime originário, senão também a intercorrente receptação. Ou seja, 
terceiro de boa-fé, adquire a coisa e retransmite a outrem, este não incorrerá em receptação, 
mesmo que tenha conhecimento da origem do produto. 
Em função da interrupção da continuidade da situação patrimonial delituosa criada pelo crime 
originário e mantida, pela intercorrente receptação de má-fé não haverá crime, vez que, não há 
mais o pressuposto após a aquisição, pelo terceiro de boa-fé. 
CONTINUIDADE DELITIVA 
Lembra-nos Pierangeli de que: a receptação de várias coisas, provenientes de um único ou de 
vários crimes, realizada num só contexto de ação, é crime naturalmente único. Todavia, se muitas 
8 
 
são as coisas, ainda que procedentes de um crime, e são receptadas mediante ações separadas 
no tempo, dá-se um delito continuado. 
Portanto, a receptação está ligada ao fato anterior que deve ser criminoso, mas, não ao número 
de delitos praticados anteriormente em sua obtenção, e sim às ações que o receptador 
desenvolve que podem levar à continuidade delitiva. Nesse sentido, veja que para determinação 
da consumação da receptação, bem como da quantidade de crimes praticados, não se leva em 
conta exclusivamente o número de crimes antecedentes dos quais derivam os produtos do crime 
(objeto material da receptação). Nesse caso, o importante é a fixação do momento em que se deu 
a receptação das aludidas coisas com relação ao delito pressuposto. 
Assim, temos que: a) se vários os delitos anteriores e, por conseguinte, vários os produtos do 
crime, sendo que a receptação se dá por condutas distintas e isoladas no tempo: vários são os 
crimes de receptação (concurso de crimes, que pode vir a configurar delito continuado 
de receptação, desde que preenchidos os requisitos legais do art. 71 do CP); 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes 
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras 
semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a 
pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer 
caso, de um sexto a dois terços. 
b) se vários os delitos anteriores e, por conseguinte, vários os produtos do crime ou, se um único 
delito anterior, mas vários os produtos do crime, dando-se a receptação, no entanto, por conduta 
única em determinado instante: resta configurado crime único de receptação; c) se há delito 
antecedente único, mas vários são os produtos do crime, e a receptação opera-se em momentos 
distintos: caracterizada pode restar a receptação continuada (desde que satisfeitos os demais 
requisitos legais do art. 71 do CP).

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