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ensaio 2 - ied

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Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
Departamento de Filosofia e Teoria Geral do Direito
Introdução ao Estudo do Direito I – DFD0114
Seminários
Turma 187.21
Tema 2 (01.04.2014) – Panorama do pensamento jurídico: Problemática e Sistemática
Leitura Obrigatória: SAMPAIO FERRAZ JR., Tércio. Função Social da Dogmática Jurídica. Cap. 1 itens 1, 2 e 3.
VIEHWEG, Theodor. Tópica e Jurisprudência: Introdução e §3º e §4º.
Camila Pinheiro Batista. Nº USP: 8995680.
ENSAIO
	Theodor Viehweg e Tércio Sampaio Ferraz Jr. trazem, nas obras mencionadas, abordagens semelhantes dos pensamentos problemático e sistemático. Eles mostram como esses pensamentos se desenvolvem e em quais períodos históricos ganham força. VIEHWEG é claro em seu texto ao chamar o pensamento problemático de tópica e citar a influência da retórica que existe nesse pensamento – que enxerga a práxis (negação da teoria) jurídica; por outro lado, o pensamento sistemático é visto por FERRAZ JR. como aquele que conduz a positivação e a formalização do antigo Direito Natural.
	É interessante principiar o raciocínio pela abordagem que ambos os autores fazem sobre a época da Roma Antiga. VIEHWEG diz, com razão, que o ius civile não comporta o pensamento sistemático, já que não se encontram conjuntos de deduções de grande abrangência – com exceção dos autores Quintus Mucius e Gaius. Ainda sobre isso, FERRAZ JR. diz que o Direito Pretoriano vigente na época não se apresentava na forma de proposições jurídicas materiais; a jurisprudência era exercida por jurados leigos durante o período clássico. O mesmo autor demonstra o desenvolvimento de uma teoria jurídica romana com os responsa, que compilavam informações sobre questões jurídicas levadas aos juristas por uma das partes.
	Os textos romanos, que continham segundo VIEHWEG nexos problemáticos, opunham os modos de pensar casuístico e sistemático, sendo um mais prático e outro mais teórico. No período mencionado, a casuística que pensa a partir do problema (aporética) era o pensamento predominante, composta por conceitos e proposições já aceitos. Essa casuística que era utilizada nos responsa dos juristas romanos conduz a um pensamento prudencial. Ela visa, segundo FERRAZ JR., “abstrair o caso e ampliá-lo de tal maneira que se possa obter a partir dele uma regra geral”, inspirando-se na dialética aristotélica. Tal pensamento prudencial surge como mediação entre a legislação que era relativamente “econômica” e a necessidade de construção de regras intermediárias para solucionar conflitos.
	Depreende-se que o desenvolvimento da prudência implica na aplicação do Direito de fato, com as suas normas e julgamentos; VIEHWEG chega a mencionar que “a jurisprudência romana clássica limitou as velhas regras estabelecidas” enquanto que FERRAZ JR. a aborda como “confirmação e fundamento do certo e do justo”. A questão das velhas regras é também abordada de certo modo por FERRAZ JR., quando demonstra que a teoria jurídica romana baseia-se nos exemplos e feitos dos antepassados; ou seja, o bom jurista romano deveria possuir também uma forte ligação com os feitos de seus antepassados.
	FERRAZ JR. faz no seu texto uma menção sobre a dogmaticidade na Idade Média. Sobre isso, ele diz que a ciência do Direito assume um caráter novo, com dogmaticidade, sem abandonar o pensamento prudencial dos romanos. De certo modo, esse período histórico relaciona-se com o que é citado por VIEHWEG de que o problema seria o guia do panorama jurídico; é aí que o jurista busca princípios e regras capazes de refazer a harmonia social. Devido a esse quadro medieval do Direito, é possível uma tecnicização da teoria jurídica, paralela ao aumento da importância do jurista na formação de um Estado racional.
	Com o passar do tempo, durante os séculos XVII e XVIII sobretudo, predomina a influência dos sistemas racionais no Direito. Esses sistemas provêm de verdades aceitas, pressupondo uma perfeição formal da dedução segundo FERRAZ JR.. Nesse ponto, o pensamento problemático assume a função apenas de configurar uma discutibilidade das proposições de maneira clara; isso possibilita a ascensão do pensamento sistemático como técnica de ensino.
	A partir disso, a teoria jurídica europeia recebe, segundo FERRAZ JR., “um caráter lógico-demonstrativo de um sistema fechado”. Ela deixa de ser apenas um método de interpretação de textos, como ocorre nos catálogos de topoi influentes na Idade Média, repleto de diferentes pontos de vista. Decorre desse avanço a redução das proposições a relações lógicas, que é pressuposto da formação de leis naturais.
	Conciliando as argumentações dos dois autores, vemos que ambos mantêm uma ligação entre o pensamento problemático e a jurisprudência, devido a forte influência do período romano. Esse pensamento deriva de uma busca por premissas que podem ser ou não legitimadas e demonstradas. O pensamento sistemático, como mostra os autores, tem seu período de ascensão na Era Moderna pós-Idade Média. Ele surge de um racionalismo presente na nova ordem social, que separa a esfera religiosa da humana.

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