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Apostila de Penal Completa - 1º e 2º Semestre

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 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS – FACULDADE DE DIREITO
 APOSTILA DE DIREITO PENAL II - PROFESSOR DANIEL BROD
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TEORIA DA PENA
14.03.11
	 INFRAÇÕES PENAIS
CLASSIFICAÇÃO:
Nem todos os países classificam infração penal do mesmo modo. No Brasil se faz uma classificação dicotômica. 
Classificação brasileira:
 
		 Crimes ou Delitos (mais comuns)
Infração Penal
 (gênero) 
			 Contravenções Penais
 
O DL 3914/41 é a Lei de Introdução ao CP.
Crime: é a infração penal que a lei comina penas de reclusão ou detenção, isolada, alternativa ou cumulativamente com a pena de multa. Art. 1°, DL 3914/41.
	Penas para o crime:
RECLUSÃO
DETENÇÃO
RECLUSÃO + MULTA
DETENÇÃO + MULTA
	
Contravenção Penal: é aquela infração na qual a lei comina prisão simples e/ou multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
	
	Penas para a contravenção penal:
PRISÃO SIMPLES
MULTA
PRISÃO SIMPLES + MULTA
As penas estabelecidas pelo CP podem ser: privativas de liberdade, restritivas de direitos privativas de direito e multa - Art. 32, CP.
O CP é de 1940, nessa época não eram previstas as mesmas penas consagradas no Brasil hoje. Todavia, em 1984 a Parte Geral do CP foi reformada pela Lei 7209/84 e incluíram-se no código as penas restritivas de direito.
Princípio da Legalidade – Todos os ilícitos têm de estar na lei de forma mais clara possível. A Parte Especial do CP e algumas leis extravagantes preveem os ilícitos penais.
As contravenções Penais estão previstas no DL 3688/41. Assim como no CP, na Lei das Contravenções Penais os crimes são encontrados na Parte Especial. 
Na Parte Especial do CP, o Título I trata dos Crimes Contra a Pessoa, na lei das Contravenções é o Capítulo I trata das contravenções referentes à Pessoa, percebe-se que há similitude na estrutura dos mesmos. 
Por fim, os crimes apresentam maior potencial ofensivo que as contravenções penais. Exemplo: enquanto o CP trata do aborto, a LCP trata do anúncio da prática do aborto.
	Como se sabe quando uma infração penal se trata de um crime ou uma contravenção? 
	Se porventura a pena for reclusão ou detenção, estar-se-á diante de um crime. Se aparecer prisão simples, será contravenção. Se aparecer isoladamente a pena de multa é contravenção, visto que ao crime não se pode aplicar unicamente a pena de multa.
INFRAÇÕES PENAIS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO:
Existem infrações penais classificadas como de menor potencial ofensivo, as quais são de competência dos Juizados Especiais Criminais – JECRIMS (art. 98, inciso I, CF e art. 60 e ss da Lei 9.099/95).
 
O artigo 61 da Lei 9.099/95 define que são infrações penais de menor potencial ofensivo as contravenções penais e os crimes em que a lei comine pena máxima não superior a dois anos.
Obs: Quanto ao dolo e culpa: art. 18, II, parágrafo único. Todos os crimes previstos na parte especial são punidos na forma dolosa, quando se quer punir também na forma culposa, a lei faz menção expressa. Ex.: Embora na prática possa existir aborto na forma culposa, a lei não prevê esse crime na forma culposa, logo, havendo aborto na forma culposa, não haverá pena na forma culposa.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – LEI 8069/90:
Criança e adolescente comete Ato Infracional, não comete crime ou contravenção. Ex.: Criança ou adolescente que comete homicídio, não comete um crime de homicídio, mas um ato infracional de homicídio.
Criança: até 12 anos incompletos. 
Adolescente: Pessoa entre 12 e 18 anos de idade.
LEI DE DROGAS -11.343/2006
O artigo 28 da lei de drogas comina penas que, conforme a classificação dicotômica adotada pelo Direito Penal Brasileiro, não são previstas para os demais crimes. Como a pena de advertência, prestação de serviços á comunidade e medida educativa. Essa, portanto, é uma classificação sui generis de infração penal.
Embora, alguns tenham suscitado a possibilidade da descriminalização da conduta prevista no artigo 28, não foi isso que ocorreu, pois apenas a situação foge do conceito formal da LICP.
17.03.11
	CONCEITO DE INFRAÇÃO PENAL:
a) Formal: Esse conceito reporta-se apenas à ideia da contrariedade à norma e as consequências jurídicas que daí decorre.
Breve Histórico:
O Primeiro Código Brasileiro foi criado em 1830, chamado de Código Criminal. Em 1888 houve a abolição da escravatura, em 1889 houve a proclamação da república e em 1890 foi criado um Segundo Código, o Código Penal de 1890. 
Este código teve muitos problemas por ter sido criado um ano antes da CF de 1891. Portanto, necessitou-se fazer algumas adaptações, de modo que em 1932 surgiu a Consolidação das Leis Penais e em 1940 surgiu o Código Penal atual, o qual não traz a definição de crimes e contravenções no texto em si, mas na Lei de Introdução ao Código Penal.
 Na LICP, Art. 1°, está expresso o que é crime e o que é contravenção penal. 
Em 1984, a Parte Geral do CP foi alterada.
O conceito de infração penal, por ter sido criado em 1941, é muito lacunoso para o Direito atual. Para suprir as lacunas, a Ciência do Direito produziu o conceito material de infração penal e também os conceitos analíticos.
Conceito de Carmigrini: Infração Penal é o fato humano contrário à lei.
Em regra geral a doutrina não estabelece diferença entre lei penal e norma penal. Entretanto, há quem entenda que há diferença. Karl Binding fez essa diferenciação. 
Diferença entre lei penal e norma penal segundo Karl Binding:
O delinquente quando comete crime não viola a lei penal, mas realiza a lei penal. Para o autor o que é violado é uma norma penal que está implícita na lei. Quando o legislador descreve uma norma penal, na verdade ele descreve uma conduta a qual deseja que ninguém realize. Ex.: Ao cometer a infração prevista no caput Art. 121 do CP - “Matar alguém:”- o delinquente não infringiu a lei penal, na verdade, realizou-a. O que o delinquente violou foi a uma norma penal proibitiva implícita na lei: Não matar. Ex.: Alguém que realiza a conduta descrita no Art. 135 do CP, viola uma norma imperativa implícita na lei: Não deixar de prestar socorro. 
Lei penal: É a conduta descrita na lei. Ex.: “Matar alguém:”, está escrito no artigo 121 do CP.
Norma penal: Mandamento implícito na lei. Ex.: Não matar, está implícito no artigo 121 do CP.
Portanto, ao contrário do que Carmigrini conceituou, crime não é um fato humano contrário à lei, na realidade é um fato humano conforme a lei, mas que contraria a norma.
Questiona-se: Por que certos comportamentos são ilícitos penais e outros são extrapenais? O conceito formal não exterioriza isso.
b) Material: Criado para suprir as lacunas do conceito formal. Para Magalhães de Noronha e Assis Toledo, infração penal é uma conduta que lesa ou expõe a perigo de lesão um bem jurídico protegido pela lei penal. 
Estão implícitos nesse conceito dois princípios básicos de direito penal: Princípio da Fragmentariedade e da Intervenção Mínima.
Princípio da Fragmentariedade - Somente alguns bens jurídicos são merecedores da tutela penal. O Direito Penal é ramo do Direito que protege os bens mais importantes, por isso dispõe das penas mais severas. 
Exemplos de bens tutelados pelo Direito Penal:
Vida - É o bem mais importante, sem esse não podemos usufruir dos outros bens. É protegida desde a vida intrauterina. Punindo, por exemplo, o homicídio no artigo 121 do CP, punindo o aborto no artigo 124 até o art. 128 do CP.
Integridade Física – Punindo, por exemplo, a lesão corporal no artigo 129 do CP.
Honra – Punindo, por exemplo, a prática da calúnia no artigo 138 do CP.
Liberdade – Punindo, por exemplo, o sequestro no artigo 148 do CP.
Patrimônio – Quando se pune, por exemplo, o furto no artigo 155 do CP.
Liberdade sexual – O Direito Penal resguarda isso quando pune, por exemplo, o estupro no artigo 213 do CP.
Família– Pune, por exemplo, a bigamia no artigo 235 do CP.
O Direito Penal protege determinados bens, mas isso não quer dizer que a tutela é exclusiva do Direito Penal. A família, por exemplo, é protegida também pelo Direito Civil. O Direito Penal é apenas um fragmento diante de condutas mais graves.
O fato de o Direito Penal proteger determinados bens, não quer dizer que qualquer comportamento que violar esses bens será punido pelo Direito Penal. É necessário que as ações tenham certa intensidade ou intencionalidade. Ex.: Esbulho possessório – Não é qualquer invasão que configura crime, é necessário que haja certa intensidade: mediante violência, mediante grave ameaça ou por mais de duas pessoas. Ex.: Aborto - Só é crime no Brasil na forma dolosa, portanto é necessário que haja intenção de dolo para que ele seja punido.
Para certo penalista alemão, nas últimas décadas o DP tem deixado de ser a ultima ratio e tem passado a ser a prima ratio, ou seja, primeiro recurso que o legislador pensa em utilizar na tutela dos bens jurídicos, ou, por vezes, a sola ratio, que quer dizer o único recurso que tem sido empregado para proteger qualquer perturbação social. 
Princípio da Intervenção Mínima – É o princípio da ultima ratio, o Direito Penal deve ser o último instrumento que o legislador deve usar na tutela dos bens jurídicos. Só quando os demais ramos do Direito não puderem oferecer uma tutela eficaz, racional, adequada, o DP deve ser convocado. Tem que haver uma proporcionalidade entre o ilícito e a pena.
Exemplo 1: Na época da criação do CP não havia a mesma preocupação com o meio ambiente que há atualmente. O aumento da importância desse assunto tornou necessária a criação de uma lei para tratar dele – Lei 9605/98. Conforme norteia essa lei, no artigo 29, a perseguição de um animal culmina em detenção de um ano e multa. Tal pena é desproporcional. Será que isso realmente é relevante para o DP?
Exemplo 2: Artigo 49, Lei 9605/98. Destruir, danificar, lesar ou maltratar planta pode culminar em pena de até um ano de detenção. O crime é punido também na forma culposa, já o aborto não é.
21.03. 11
	ANALÍTICOS OU ESTRATIFICADOS:
Em nenhum momento a legislação penal traz um conceito de infração penal. Sendo assim, a doutrina buscou construir um conceito de infração penal a partir da análise e interpretação da legislação. Embora não haja consenso doutrinário acerca de qual é o mais adequado. No Brasil, os três conceitos mais recorrentes são:
	 CORRENTE QUE SUSTENTA QUE A INFRAÇÃO PENAL CONSTITUI:
	 CONDUTA+TÍPICA+ILÍCITA+CULPÁVEL+PUNÍVEL
Adeptos: Basileu Garcia, Cabo de Rojon e Vives Antón, Bataglini, Mezler.
OBS: 
A Punibilidade é a possibilidade da incidência da sanção penal. Se houver CONDUTA+TÍPICA+ILÍCITA+CULPÁVEL, normalmente o indivíduo será punido, mas nem sempre ocorre isso.
 Em algumas situações uma conduta típica, ilícita e culpável não será punível. Como se vê do artigo 107 do Código Penal que prevê causas de extinção da punibilidade. Entre elas: 
- Morte do agente (I);
- Anistia, Graça ou indulto (II);
- Abolitio Criminis (III);
- Prescrição, Decadância, Perempção (IV);
- Renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada (V);
- Pela retratação do agente (VII);
- Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei (IX).
IMPORTANTE: 
No caso do perdão aceito pelo ofendido (V), é a vítima que concede o perdão. Já no caso do perdão judicial (IX) é o juiz que concede o mesmo. Nos dois casos, a extinção da punibilidade ocorre quando o agente aceita a proposta de perdão judicial, pois é um ato bilateral. 
 Exemplo 1: Art. 21, § 5º: HOMICÍDIO CULPOSO
 O agente descuidadamente está manuseando uma arma de fogo, mas não percebe que ela está carregada. Sem querer, a mesma cai no chão é dispara, ocorre que no mesmo instante vem entrando o filho do menor, que é fatalmente atingido. 
Nesse caso, o juiz poderia conceder o perdão judicial, pois a consequência da conduta do agente já o puniu. 
Nas mesmas circunstâncias, se poderia propor ao agente o perdão se a vítima fosse alguém de alto estima, como esposa, companheira, mãe, pai, amigo de infância, se fosse uma namorada de muito tempo, etc. Tudo dependerá de como irá atingir o agente a situação. 
Discussão Doutrinária: Perdão Judicial
Qual é a natureza jurídica da sentença que concede o perdão judicial? O que muda para o agente se ele já foi perdoado?
 Independentemente da natureza jurídica do perdão judicial, o réu não será punido porque foi perdoado. É importante se saber qual a natureza jurídica da sanção para a esfera cível (ver art. 948, CC). 
Natureza Condenatória: Tem o dever de indenizar o dano causado. Artigo 91, CP e 944, CC. 
Natureza Absolutória: Terá de discutir na esfera cível se tem direito à indenização. Nesse caso, fica mais difícil a sentença cível favorável, pois o direito penal não irá ajudar .
Natureza Declaratória: Não tem efeitos condenatórios, nem absolutórios. 
A sentença que concede o perdão judicial não terá efeitos de reincidência (artigo 120, CP). Esse artigo não diz qual é a natureza do perdão a que se refere. A tese predominante é a da Súmula 18 do STJ, a qual diz que o artigo 120 do CP refere-se a perdão judicial de natureza declaratória. 
 	 Os efeitos da condenação são somente as penas, mas também existem efeitos de caráter civil, como o dever de indenizar o dano causado 9art. 91 e 92, do CP). Desse modo, pode-se dizer que se o agente tiver uma sentença absolutória ou declaratória, os efeitos não penais não incidiram e, por isso, ficará mais difícil provar o dever de indenizar.
 
Exemplo 2: Artigo 181 – Furtar a cônjuge ou pais, guardadas as exceções do artigo 183 é uma conduta típica, ilícita, culpável, mas não é punível.
Apenas não será isento se a subtração for do cônjuge homem contra mulher, já que incidirá a Lei Maria da Penha, bem como se o ascendente foi maior ou igual a 60 anos. 
Não se aplicará, também, se o crime for de roubo ou extorsão, ou, quando é praticado com emprego de violência ou grave ameaça. 
 CONDUTA+TÍPICA+ILÍCITA
Ilicitude = antijuridicidade. 
Adeptos: Damásio de Jesus, Mirabete, Fernando Capez.
Esse conceito, se comparado, com o anterior deixa de fora a culpabilidade e a punibilidade. Na visão dos autores que compactuam com esse conceito, a culpabilidade é externa ao fato jurídico, é um mero pressuposto para a aplicação da pena. Já se tem a infração penal com a conduta típica e ilícita, o que não significa que o sujeito já vai ser punido. Para ser punido ele precisa preencher o pressuposto culpabilidade que é externo ao fato jurídico. Os autores não incluem a punibilidade porque acham que ela é uma consequência jurídica da infração penal. É um efeito jurídico, logo, por ser um efeito, não pode estar dentro da infração.
 CONDUTA+TÍPICA+ILÍCITA+CULPÁVEL
Adeptos: Bittencourt, Fragozo, Toledo, Juarez Tavares.
Esse conceito inclui a culpabilidade, mas exclui a punibilidade pelos mesmos motivos da segunda corrente – a punibilidade é uma consequência jurídica da infração penal. Bittencourt alega que a culpabilidade ser um mero pressuposto para a aplicação da pena não é totalmente aceitável, na verdade todos os elementos são pressupostos da aplicação da pena. Se não houver uma conduta típica, não é possível, sequer um constrangimento ao processo penal.
24.03.11
Muda alguma coisa para o réu o fato de um juiz adotar um ou outro conceito?
Nos casos nos quais há isenção da pena, dependendo da teoria que for aplicada, poderá haver mudança acerca da existência ou não de infração penal. Para a primeira corrente não há crime, pois a conduta não oi punida. 
Já para os seguidores da segunda corrente haveria crime, pois, a culpabilidade será um fato externo ao fato punível, ou seja, mero pressuposto para aplicação da punição. 
Esses autores também deixam de fora a punibilidade, já queafirmam que esta é a conseqüência jurídica da infração penal. 
Por sua vez, os autores da terceira corrente preceituam que a culpabilidade faz parte do fato punível, mas a punibilidade não, considerando a última como consequência da infração penal. 
Portanto, diferentemente, das demais correntes, esta ultima, afirma que os quatro primeiros elementos são pressupostos para aplicação da pena, vez que se um deles não existir não haverá fato punível. 
 Exemplo: Crime de calúnia, artigo 138 – Imputar a alguém, falsamente, um fato definido como crime. 
Pode “X” caluniar um inimputável? Pode um doente mental cometer crime? 
Se o crime for entendido, conforme a segunda corrente, como uma conduta típica e ilícita, um doente mental poderia cometer um crime. 
Se entendermos como uma conduta típica ilícita e culpável, como um doente mental é um inimputável, ele não é culpável, logo não pode cometer crime, se ele não pode cometer crime não se pode imputar um crime ao doente mental, ou seja, não se pode o caluniar. Desse modo, para os seguidores da segunda corrente “X” terá cometido calúnia, para a terceira corrente não. 
Para resolver esta situação, pois visivelmente injusta. Alguns doutrinadores para preservarem o formalismo, desqualificam essa conduta para difamação, sendo assim, quem praticou a “calúnia” seria punido por imputar um fato ofensivo a reputação do ininputável. Todavia, a pena da calúnia é superior a da difamação. 
Do ponto de vista prático não muda muito o conceito escolhido, embora possam existir situações como esta. 
Em nenhum momento a legislação penal define analiticamente a infração, esse é um conceito proporcionado pela doutrina e a dogmática penal.
Qual conceito está melhor adequado a legislação penal atual? 
Segundo o art. 27 do Código Penal, são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, mas ficam sujeitos a uma legislação especial: ECA, Lei 8069/90. O artigo 2° desta lei define o que é criança e o que é adolescente. Artigo 103/ECA: “Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal”. Por que se faz essa mudança de nomenclatura, por que não dizer que o menor comete crime ou contravenção penal? Talvez pela circunstância de que como o crime ou contravenção penal representa uma conduta TÍPICA, ILÍCITA e CULPÁVEL, sendo que esses indivíduos não são culpáveis, são inimputáveis, eles não têm como cometer crime, nem contravenção. Logo, praticam ato infracional. Na verdade, ato infracional são todos os crimes e todas as contravenções praticadas por menores de 18 anos. Talvez o legislador, ao criar esse artigo, possa ter tido a ideia de que realmente não há como o menor cometer crime porque não é culpável, talvez não tenha feito essa conexão.
Analisando-se outro trecho da legislação, o artigo 180/CP:
Se “A” subtrai um relógio pertencente a “D” e se “B”adquirir a coisa oriunda do furto, “B” comete crime de receptação? Sim, porque adquiriu uma coisa oriunda de furto.
Já se “A”, inimputável, subtrai um relógio pertencente a “D” e se “B” adquirir a coisa oriunda de furto, “B” comete crime de receptação? Se entendermos o crime como uma conduta TÍPICA E ILÍCITA, SIM. Se entendermos o crime como uma CONDUTA, TÍPICA, ILÍCITA E CULPÁVEL, o “A” não cometeu crime e, logo, o “B” não adquiriu coisa que é produto de crime. Para resolver esta questão o legislador criou o parágrafo 4° “A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento da pena o autor”.
Não se pode dizer que o Código Penal brasileiro segue uma ou outra linha. Os dispositivos correspondentes à culpabilidade não dizem “não há crime”, em regra geral a técnica legislativa é “é isento de pena”. Dá a entender que o crime – CONDUTA, TÍPICA e ILÍCITA – já existe, apenas há isenção de pena. Diferentemente ocorre no artigo 23, o qual expressamente dispõe: “Não há crime”. 
De onde se extraem os elementos que compõem o conceito analítico de infração penal? 
Crime é uma CONDUTA, TÍPICA, ILÍCITA e CULPÁVEL porque o conceito assim define. Não há um fundamento, uma explicação para isso. Em nenhum momento a legislação penal traz esse conceito.
A expressão “Direito Penal” pode ser entendida com duplo sentido. O Direito Penal pode enfrentar a legislação penal, o conjunto normativo na legislação penal, o ordenamento jurídico penal, seja o CP, sejam as leis extravagantes. O Direito Penal pode dizer respeito à ciência ou dogmática jurídico-penal. Direito penal como ciência é um conjunto de conceitos e princípios elaborados a partir da interpretação da lei. 
Se o Direito Penal é uma ciência, como toda a ciência tem que ter um objeto de estudo e um método. A questão do objeto e do método tem vários posicionamentos. Em certo momento, o Direito Penal se confundiu com a criminologia, até que em certo momento surgiu na Itália a Escola Técnico-Jurídica que definiu como objeto da ciência do Direito Penal a legislação penal e como método o jurídico. 
O método técnico-jurídico passou por três fases:
1° Interpretação: O primeiro passo que o cientista deve dar é interpretar a lei para captar o sentido daquilo que está investigando. Para isso pode recorrer a todos os métodos que a hermenêutica jurídica fornece. 
2° Sistema: Na dogmática, elaboração de conceitos, princípios, sistematizando-os.
3° Crítica: Criticar o existente ou o que vai ser inovado. Através dessa crítica muitas reformas já foram suscitadas.
CONDUTA: Método técnico-jurídico - Da onde se pode concluir que o crime é uma conduta? Interpretando, por exemplo, o artigo 70 do CP: “Quando agente mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, se aplica a mais grave das penas cabíveis...”, conclui-se que o crime é uma conduta.
Existe a conduta comissiva e a omissiva – próprios ou puros, impróprios ou por ação. Todas as causas que excluem a conduta não estão codificadas, são causas extralegais. O fato de não estarem na lei é suficiente para que alguns juristas mais positivistas neguem essas causas.
TIPICIDADE: De onde concluímos que o crime tem que ser uma conduta típica? Art. 1/CP – Não há crime sem lei anterior que o defina. Necessariamente uma conduta para ser criminosa ou contraventora, tem que ser típica. Artigo 14, inciso I, CP – “Diz-se crime consumado: quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal”. 
ILICITUDE: De onde concluímos que tem de haver ilicitude? Ex.: Art. 23, excludentes do crime, para ter crime tem que ter ilicitude.
CULPABILIDADE: Interpretando quais artigos do CP chegamos à conclusão de que a culpabilidade faz ou não parte do conceito de infração? Art. 26, caput, CP – Diz que há isenção de pena, não diz que não é crime.
Obs: Etapas do Iter criminis: Cogitação – atos preparatórios – atos executórios – consumação.
CONCURSO DE PESSOAS
SUJEITO ATIVO:
Em nenhum momento a legislação define que é o autor. Segundo a doutrina, o sujeito ativo é a pessoa física ou a pessoa jurídica em crimes ambientais. 
Os animais podem ser instrumentos para cometer um crime, mas nunca autores.
Teorias do Sujeito Ativo
CRITÉRIO RESTRITIVO OU FORMAL-OBJETIVO:
O autor é aquele que realiza a conduta descrita no tipo penal, ou seja, quem realiza o verbo nuclear. Ex.: o autor do furto é aquele que subtrai.
CRITÉRIO EXTENSIVO OU MATERIAL-OBJETIVO:
O autor é não só aquele que realiza a conduta descrita no tipo penal, mas também toda pessoa que colabora na empreitada delitiva.
TEORIA DO DOMÍNIO FINAL DO FATO OU CRITÉRIO FINAL-OBJETIVO: 
Para essa teoria, autor é não só aquele que realiza a conduta descrita no tipo penal, mas também toda pessoa que tem um poder deliberação sobre a oportunidade ou a conveniência de realizar o empreendimento delitivo.
Ex: mandante. 
As teorias “b” e “c” permitem utilizar o concurso de pessoas para melhor exemplificar a coautoria e a participação.
28.03.11
	
Classificação dos crimes quanto ao sujeito:
MONOSSUBJETIVOS: 
São aqueles que podem ser praticadospor uma ou mais pessoas. São a maioria dos crimes. Ex.: matar e furtar.
 PLURISSUBJETIVOS/COLETIVOS/CONCURSO NECESSÁRIO: 
Para existir, necessitam de mais de uma pessoa no polo ativo. São aqueles que só podem ser praticados por uma pluralidade de agentes.
Ex: quadrilha ou bando, associação ao tráfico. 
	
ESPÉCIES DE CONCURSO DE PESSOAS:
COAUTORIA: 
Critério Restritivo: para essa teoria, a coautoria seria quando uma ou mais pessoas realizam a conduta descrita no tipo penal, devendo existir um vínculo subjetivo entre os agentes. Esse vínculo não precisa ser um pacto, mas a simples aderência, aquiescência já pode ser considerada. 
Exemplo 1: A queria matar C. B sabendo disso diz à A que quer ajudar na empreitada delitiva, mesmo que A não queira a “ajuda”, se ambos executarem a ação, serão considerados coautores. 
Exemplo 2: A e B entram em um restaurante com intenção de praticar um roubo. Pra tanto, A utilizando uma arma, ameaça matar a todos que não quiserem passar suas carteiras à B, que recolhe as mesmas. A e B são coautores, pois colaboraram um com o outro na empreitada delitiva, ou seja, um realizou uma parte do tipo penal. 
Exemplo 3: Se A mediante grave ameaça obrigasse C a praticar conjunção carnal ou ato libidinoso diverso com B. Nesse caso, A e B seriam coatores do crime de estupro. 
Observe-se que em todos os casos, ambos responderam pelo mesmo delito. Todavia, isso não significa que terão penas iguais, já que existem atenuantes e agravantes (art. 61, 62 e 65, do CP).
PARTICIPAÇÃO: 
O partícipe é aquele que não realiza a conduta descrita no tipo, mas que de alguma forma colabora, concorre para o crime através de uma das seguintes formas:
Induzimento ou determinação: sugestão de algo impensado, ou seja, fazer brotar na mente do autor uma ideia criminosa antes inexistente.
Ex: A e B são amigo, sendo que B relata a A que está passando por problemas no casamento. Então, A diz a B para matar a esposa. Sendo assim, B realiza o ato. Nesse caso, A seria o autor e B seria o partícipe. 
Instigação:
Reforçar, estimular uma ideia pré-existente. 
Ex: Se, no caso anterior, B dissesse que queria matar sua esposa e A dissesse que ele deveria fazer isso mesmo, pois essa era a melhor coisa a fazer.
Auxílio secundário:
 É qualquer colaboração física que não se traduza em atos executórios, ou seja, fica apenas em atos preparatórios. Já que, se praticar atos executórios, será coautor. 
Ex.: “A” quer matar “B”. “C” diz para “A”: pega meu carro para ires mais rápido e minha arma. 
A tipicidade se encontra na lei. Todavia, a maioria dos tipos penais não expressa a ideia de participação. Então, para se encontrar fundamento legal para incriminar o partícipe é necessário associar o crime tipificado ao artigo 29 do CP.
A partir então da conjugação (combinação) do art. 29 e art. 121, será possível punir o partícipe. (Adequação Típica Mediata ou Indireita).
Obs: 
Exemplo: B (partícipe) contrata D, matador de aluguel, (autor do fato) para executar sua mulher C (vítima).
Se adotarmos a teoria restritiva, o marido seria partícipe, o que não quer dizer que sua pena será menor que a de D, pois existem agravantes. Ademais, o grau de reprovabilidade da conduta de B é maior que da conduta de D. Se adotássemos o critério do domínio final do fato, B seria o mandante, portanto, seria autor também. Mas também teria sua pena agravada. 
Observa-se que o fato de ser partícipe ou coautor não muda em nada, pois eles serão punidos pelo mesmo crime, o que não significa penas iguais. 
No Brasil, adotou-se a Teoria Monística (art. 29, CP), na qual o partícipe será punido pelo mesmo crime do autor (Regra Geral), ou seja, o acessório segue o principal. Todavia, há uma quebra a essa teoria com o art. 29, § 2º, já que diz na sua primeira parte que será aplicada a pena do crime menos grave, se um dos concorrentes quis praticar esse crime menos grave. Então, nesse casso excepcional, seria adotada a teoria dualística. Ademais, só será aumentada a pena, se era previsível a condutada mais grave (art. 29, § 2º, parte final). 
Teoria Dualista: Nem sempre o partícipe responde pelo mesmo crime do autor. Quando houver dolos diferentes cada um responderá pelo seu dolo. Cada um responde por um crime.
Teoria Monista: É a teoria adotada no Brasil. O partícipe será punido pelo mesmo crime do autor, como regra geral. O acessório segue o principal, logo, o partícipe só é condenado se o autor comete o crime. Poderão existir atenuantes ou agravantes, conforme dispõem os parágrafos 1° e 2° do artigo 29, quebrando a teoria monista ao dizer que será aplicada a pena do crime menos grave se um dos concorrentes quis praticar um crime menos grave. Só será aumentada a pena se era previsível o resultado mais grave.
	CASOS DE IMPUNIBILIDADE:
Artigo 31, CP: “O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.”.
	Exemplo 1: Se A (amigo de B) instiga B a matar C (esposa de B), mas B desiste de praticar a ação de matar. Questiona-se: “A” será partícipe?
	Não. Já que sequer houve tentava por parte de B.
	Os atos preparatórios são impunes, pois o direito penal só poderá punir, se o agente ao menos iniciou os atos executórios, caso contrário, não poderá punir.
 
	Exceções do artigo 31 CP – Artigo 33, CP; Artigo 228 e 286 da Lei 11.343/06;
	Percebe-se que em muitos casos é difícil precisar quando terminaram os atos preparatórios e começaram os executórios.
	Exemplo 2: Um Grupo associado para praticar roubos à agência bancários, escava um túnel próximo a uma agencia alvo, ocorre que no momento em que estão indo em direção ao banco, através do túnel, são surpreendidos pela Polícia. Questiona-se: Eles serão punidos pela prática de roubo, iniciaram os atos executórios, ou ainda estavam nos atos preparatórios?
	Não há consenso acerca disso. Por exemplo, não há como saber se o art. 29, § 2º, está restringido apenas à participação ou também abrange a coautoria, quando fala em participar? 
	Depende do entendimento, o texto legal é dúbio. 
31.03.11
INCOMUNICABILIDADE:
Artigo 30 do CP: “Não se comunicam as circunstancias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.”. 
A regra geral é a incomunicabilidade. Mas quando existem circunstâncias ou condições especiais, elementares que identificam o crime, por serem pessoais/subjetivas do individuo que praticam o crime, poderá estar presente a comunicabilidade. 
	Exemplo 1: Se B mata sua esposa C, tendo a participação de A, a pena de B será agravada, pois ele é cônjuge de C. Mas e pena de A também receberá esse agravante?
	Não. Já que é uma circunstância que não se comunica com A, pois não é elementar do crime ser cônjuge. 
	 Exemplo 2: Crime de infanticídio (art. 123).
 A B 
 pai mãe 
 (instiga a mãe (no estado puerperal)
a matar o filho)
		 					
 C
					 nasce o filho do casal
										
Os dois responderão por infanticídio porque os elementos que configuram o crime de infanticídio são elementares nessa situação. Há comunicabilidade. Portanto, A será participe ou coautor, depende da teoria do sujeito ativo.
	
	 Exemplo 3: Se A sob o estado puerparal induzisse B a matar C. Por qual crime eles serão responsabilizados? 
	Nesse caso, o autor é B pelo crime de homicídio. Sendo que A seria partícipe de homicídio. O que seria incoerente. Já que sendo ela autora teria uma pena menor do que sendo partícipe. 
	Percebe-se que ás vezes para manterá pureza conceitual se fará injustiças,o que não é adequado. 
	Para resolver-se isso, poderia se usar o argumento de que a mulher é semi-imputável, sendo assim teria a pena reduzida de 1/3 a 2/3 (art. 26, parágrafo único, do CP). Alguns doutrinadores adotam esse argumento para manter a pureza conceitual. 
	 Exemplo 4: Crime de peculato:
	A	 instiga a apropriar-se do erário municipal	 B
(não é funcionário público e 			 (funcionário público)
sabe que B é)
	Ser funcionário público é uma condição elementar para que o crime de peculato ocorra. Portanto, ainda que “A” não seja funcionário público, responderá como partícipe do crime já que essa é uma condição elementar. Se “B” não fosse funcionário público, responderiam por apropriação indébita.
	É uma condição pessoal e subjetiva do agente ser funcionário, portanto o crime em questão só poderá ser praticado por este, se tirar esta condição não há o crime.
	AUTORIA COLATERAL:
	Ocorre quando duas ou mais pessoas têm a intensão de praticar o mesmo crime, porém uma não sabe da intensão da outra. Duas ou mais pessoas produzem o mesmo resultado, realizando as suas ações em busca desse resultado simultaneamente. 
	Autoria colateral: “A” e “B”, sem saberem um da intensão do outro disparam tiros contra “C”, com intensão de matar este. “C” morre. A perícia identifica que o tiro que matou “C” foi o da arma de “A”. Desse modo, “A” responde por homicídio e “B” por tentativa de homicídio. Trata-se de AUTORIA COLATERAL. 
	Coautoria: “A” e “B” querem matar “C” e estão vinculados nesse empreendimento. Os dois disparam tiros contra “C” e o matam. Diferentemente do primeiro exemplo, ainda que só um tenha disparado o tiro letal em “C”, os dois responderão pelo crime de homicídio, porque estavam combinados. São COAUTORES. 
AUTORIA COLATERAL ≠ COAUTORIA
	Autoria incerta: Se “A” e “B”, sem vínculo na empreitada, dispararem tiros contra “C” e a perícia não conseguir descobrir que efetuou o disparo que levou “C” à morte, ter-se-á uma autoria colateral incerta, ou seja, até se saberá quem são os personagens que causarão o resultado A ou B, mas não haverá certeza de quem foi. Sendo assim, os dois irão responder por tentativa de homicídio, embora, a vítima esteja morta. 
	Isso porque, na dúvida se decide a favor do réu (princípio do in dubio pro réu).
	Se um deles respondesse por homicídio, verificar-se-ia uma injustiça quando a um deles. Se houvesse vínculo subjetivo entre eles, haveria coautoria, não importando qual deles teria efetuado o disparo. 
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES COM RELAÇÃO AO SUJEITO ATIVO:
	CRIMES COMUNS:
	É aquele que qualquer pessoa pode praticar a lei não exige condição específica. 
	Ex.: Furto simples, homicídio simples. 
	
	CRIMES PRÓPRIOS OU ESPECIAL:
	
	São aqueles nos quais o sujeito ativo tem uma característica específica. Os crimes exigem uma condição de fato ou jurídica para a realização. 
	Ex.: Aborto – gravidez; infanticídio – mãe no estado puerperal; peculato – funcionário público.
	
	Obs: 
	Crime omissivo impróprio
	A pessoa tem de estar na posição de garantidor.
	
	CRIMES DE MÃO PRÓPRIA OU ATUAÇÃO PESSOAL:
	São aqueles crimes nos quais não é possível uma pessoa delegar a outra a realização de um crime. 
	Ex.: falso testemunho.
04.04.11
	PESSOA JURÍDICA COMO SUJEITO ATIVO:
	Isso é possível em crimes ambientais. O meio ambiente tem que ser preservado, inclusive pelo Direito Penal. Artigo 225, § 3°, da CF e art. 3º da Lei 9.065/98.
“Art. 3º, da Lei 9.605/98: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade”.
“Art. 225, § 3º, da CF: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. 
	Logo após, a Constituinte de 1998 surgiram dúvidas acerca da seguinte questão: se os legisladores quiseram ou não criar a responsabilização da pessoa jurídica. Duas correntes hermenêuticas antagônicas tentaram explicar
	1ª Corrente: dizia que as sanções penais referiam-se apenas as pessoas físicas e as sanções administrativas referiam-se as pessoas jurídicas;
	2ª Corrente: afirmava que estava claro no texto constitucional que as sanções penais e administrativas eram tanto para as pessoas físicas, como para as pessoas jurídicas.
	
	A definição dessa controvérsia só foi resolvida com a publicação da Lei 9.605/98, ou seja, dez anos após a CF/88, tendo prevalecido a segunda corrente. 
	Ex: Uma pessoa jurídica exerce uma atividade lesiva ao meio ambiente, caso essa atividade esteja tipificada na lei, ela será processada penalmente. As pessoas físicas envolvidas no episódio também poderão responder pelo ilícito penal, mas em um processo apartado. 
	Na responsabilidade penal em crimes contra o meio ambiente pode haver concurso de pessoas.
	Se o MP não encontrar as pessoas físicas responsáveis pelo crime, não poderá denunciar todas as pessoas da empresa, visto que no Direito Penal não se admite responsabilidade objetiva. A pessoa física tem que ter vínculo subjetivo - dolo ou culpa. 
	
	Penas para as Pessoas Jurídicas:
Multa (art. 21);
Restritivas de direitos, artigo 22, Lei 9065/98;
Suspensão total ou parcial de atividades;
Interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
Proibição de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações;
Prestação de serviços à comunidade (art. 23, Lei 9065/98):
Custeio de programas e de projetos ambientais;
Execução de obras de recuperação de áreas degradadas
Manutenção de espaços públicos;
Contribuição a entidades ambientais ou culturais públicas;
	Artigo 24, Lei 9065/98:
“A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a prática de crime definido nesta lei, terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do fundo penitenciário nacional”. 
	Alguns afirmam que esse artigo é inconstitucional porque prevê uma espécie de “pena de morte” à pessoa jurídica. 
	
	 OBJEÇÕES À LEI 9065/98 – LEI DOS CRIMES AMBIENTAIS 
Todos os tipos penais desta lei são direcionados a pessoa física, já que têm como pena a prisão simples. Essa situação violaria o Princípio da Legalidade artigo, 5°, XXXIV - e o Princípio da Pessoalidade – artigo 5°, XLV.
Fica difícil para o MP fazer a denúncia já que o “ilícito”, não tem tipicidade.
A denúncia terá de ser feita recorrendo à analogia. Todavia, a analogia in malam partem não é admitida para o Direito Penal, somente, a analogia in bonan partem, em alguns casos, para diminuir o poder punitivo do Estado.
Princípio da Personalidade ou Pessoalidade da Pena: Nenhuma pena passará da pessoa do apenado. Haveria reflexos para as pessoas que trabalham, vivem da empresa, até mesmo os sócios. (argumento fraco)
Princípio do no bis in idem: Não é possível que uma pessoa seja condenada mais de uma vez pelo mesmo crime. 
		A CF não manifesta nada acerca desse princípio, mas pelo princípio da dignidade humana pode-se incluir princípio dentro dele, pois esse é mais amplo. 
	 Ex.: Uma pessoa seria punida como sócio e também como pessoa física.
A teoria clássica do crime não comporta, não se adapta à proposta de responsabilidade da pessoa jurídica. Já que não se pode falar em atividade típica, ilícita, culpável por parte da Pessoa Jurídica. Ela não se encaixa nesse molde. Problema de tipicidade
Os crimes ambientais para a Pessoa Jurídica ferem o Princípio da Responsabilidade Subjetiva do Direito Penal. Isso porque não há ampla defesa, contraditório, etc. A consequência dapena se dá pela simples ocorrência da causa.
IMPORTANTE:	
Na ordem econômica e tributária se pune a Pessoa Jurídica? 
Artigo 173, parágrafo 5°, artigo 25 da lei 9492/96 e artigo 11 da lei 8137/90.
Embora alguns entendam que o parágrafo 5° abriu um precedente, ou melhor, uma ampliação dos crimes à Pessoa Jurídica, deve-se levar em conta que nas leis especiais que tratam dessa matéria, os crimes são direcionados às pessoas físicas. Já que não foi editada lei complementar regulando a matéria quanto às pessoas jurídicas na ordem tributária e econômica.
	
	
SUJEITO PASSIVO OU POLO PASSIVO:
CLASSIFICAÇÃO:
FORMAL OU INDIRETO:
É o Estado, porque é o criador da norma que foi desrespeitada. Por ser o criador da norma, sente-se ofendido.
DIRETO OU MATERIAL: 
Titular do bem jurídico que foi lesado ou exposto a perigo de lesão. Ex.: A vítima do homicídio.
Obs.: O Estado pode ser sujeito passivo direto e indireto. 
Ex.: Crimes contra a Administração Pública.
A fauna e a flora não podem ser sujeitos passivos, quem é sujeito passivo é a sociedade.
Nos crimes contra os mortos, artigo 32 e seguintes, o sujeito passivo é a coletividade. Esses crimes nos quais o sujeito passivo é a coletividade são chamados de crimes vagos.
07.04.11
TEORIA DE PETROCELLI:
O crime além de ilícito penal, também é um ilícito civil. O sujeito ativo responde pelo ilícito penal e pelo ilícito civil, ao passo que o sujeito passivo somente faz parte do ilícito penal.
	
	CONSEQUÊNCIAS DO ILÍCITO PENAL 
Ver arts. 91 e 92, CP e arts. 948 a 951 do CC. 
	
Quando uma pessoa é condenada criminalmente, não é só a pena que ela recebe, a pena é o efeito penal principal para a condenação. Além da pena, outras consequências decorrem de sua conduta delituosa.
Regra geral quando há um ilícito penal, há também um ilícito civil.
O sujeito ativo na esfera criminal receberá pena, já na esfera civil terá o dever de indenizar. 
				ILÍCITO PENAL »»»»»ILÍCITO CIVIL
O Código Penal não prevê os danos que o sujeito ativo tem de indenizar. Para se solucionar essa questão, recorre-se ao CC. 
Ex.: Artigo 948 descreve o que o sujeito ativo que comete homicídio tem de indenizar.
O juiz penal tem o dever de juntamente com a condenação penal estabelecer um valor mínimo de indenização para o dano gerado pelo ilícito penal. Normalmente a vítima não fica satisfeita com o valor mínimo, de modo que também entra com ação no civil para receber uma indenização maior. Quando ocorre da vitima entrar com ação na esfera civil e criminal, geralmente, o juiz cível suspende o processo indenizatório e aguarda a sentença penal para evitar colisões de decisões.
Uma pessoa pode ser sujeito ativo e sujeito passivo em face de sua própria conduta? 
Não. É o caso do suicídio, lesões corporais em si mesmo. É expresso no texto legal, por exemplo, que a lesão é punida contra outrem, assim como o homicídio e outros tipos penais. Prostituição não é crime, mas o favorecimento a ela é – artigo 228/CP.
Princípio da Ofensividade/Lesividade ou Alteridade: Uma conduta para ser classificada como infração penal, tem que lesar ou expor a perigo de lesão um bem jurídico que seja pertencente a alguém que não seja o autor da conduta delitiva. Desse modo não é punido quem comete crime contra si mesmo. 
Há quem entenda que o usuário de drogas é autor e vítima de seu comportamento, de modo que, por isso, não comete crime. O contra argumento dessa tese é que o sujeito passivo é a coletividade, a saúde pública, pois a conduta do usuário gera danos à sociedade.
Exceção: 
Ex: Um famoso pianista que está com sua carreira em declínio e sofrendo de depressão, resolve amputar a sua mão, que tem uma seguro milionário, a fim de obter o prêmio do seguro. Essa conduta será considerada criminosa?	
Ver art. 171, V (estelionato). Essa conduta será criminosa, pois o pianista utilizou-se de um artifício para enganar a segurado e obter vantagem dessa conduta. 
OBJETO DA INFRAÇÃO PENAL
Existem duas espécies de objeto: jurídico e material
	
OBJETO JURÍDICO: 
É o bem jurídico tutelado pela lei penal. O Código Penal, de modo geral, é dividido conforme o bem jurídico que a lei penal protege – Crimes Contra a Vida; Crimes Contra a Família; Crimes Contra a Pessoa.
Classificação das infrações penais conforme o objeto jurídico:
Crimes monofensivos:
Lesam apenas um objeto jurídico. Ex.: homicídio, lesa a vida; furto, lesa o patrimônio.
Crimes pluriofensivos: 
Lesam mais de um bem jurídico. Logo, se lesam mais de um bem jurídico, o legislador tem mais de uma opção classificatória.
Ex.: 
1. Roubo (patrimônio + integridade física ou privação da liberdade) 
2. Extorsão mediante sequestro - lesa a liberdade e o patrimônio. O legislador escolheu colocar o crime na parte dos crimes contra o patrimônio, porque o interesse principal era o objeto do crime. 
3. Latrocínio lesa a pessoa e o patrimônio, o legislador escolheu a parte do patrimônio, visto que este é o objeto do crime.
O legislador poderia colocar o crime na parte dos Crimes contra a vida ou na parte dos crimes contra o patrimônio. O legislador escolheu colocar o crime na parte dos crimes contra o patrimônio, visto que esse é o objeto principal do crime. 
OBS: Crimes do Júri Popular: art. 5º, XXXVIII, alínea “d”, da CF e art. 74 do CPP. (Crimes dolosos contra vida).
Por que o crime de latrocínio não vai à Júri Popular? 
Porque não está tecnicamente inserido nos crimes contra a vida, leva-se em conta a finalidade do agente, que nesse caso seria a patrimonial (Ver Súmula603, do STF). 
ATENÇÃO PARA A LEI ESPECIAL!
Lei de Segurança Nacional - Lei 7170/83, Artigo 29: Matar: Presidente da República, do Senado. Não está previsto nos crimes dolosos contra a vida, logo, não vai a júri.
Por que o crime do art. 129, § 3º do C`P, não vai à Júri Popular?
Visto que trata-se de um crime preterdoloso, sendo que o resultado morte não é causado por dolo, mas culpa. Já a lesão é dolosa. 
Ex.: Artigo 127 – o sujeito ativo tem o dolo de realizar o aborto, mas não tem dolo de matar a mãe. Logo, quanto ao abordo, trata-se de um crime doloso, já quanto à morte da mãe, trata-se de um homicídio culposo. 
Qual é o único crime contra a vida que não vai para o tribunal do júri? O homicídio culposo, seja no CP, seja no Código de Trânsito.
	
11.04.11
CRIMES COMPLEXOS 
Os crimes complexos têm certa proximidade com os crimes pluriofensivos classificam-se em: 
a) Sentido estrito: é aquele que resulta da soma de dois ou mais tipos penais incriminadores. 
Ex: 
1. Roubo (art. 157) = art. 129 ou art. 147 + art. 155.
2. Extorsão mediante sequestro (art. 159) = art. 148 + 158
3. Latrocínio (art. 157, § 3º, in fine) = art. 121 + 155
b) Sentido Amplo: é aquele que resulta da soma de um tipo penal incriminador e de mais de um fato que isoladamente não é crime. 
Ex: Estupro (art. 213) = constrangimento ilegal (art. 146) + conjunção carnal ou ato libidinoso.
				 Tipo penal 			 Fato Social 
Percebe-se que isoladamente o fato social é irrelevante penalmente. Alguns doutrinadores negam a existência dos crimes complexos em sentido amplo. 
Então, porque existir essa classificação? 
Art. 101, CP: Quando a lei considera como elemento ou circunstancias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. 
	Ex: Art. 157, § 3º = art. 121 + art. 155 (ambos são de ação penal pública)
 Ação penal pública ação penal pública 
 incondicionada incondicionada
Problema quanto aos crimes complexos em sentido amplo: 
Art. 213 = 	 art. 146	+ 	ato libidinoso ou conjunção carnal 
 ação penal pública?																				
	Súmula n.º 608, STF (diz que a ação no crime de estupro é pública incondicionada).
	Conforme a Lei 12.015/09 que alterou o art. 225 do CP, dispondo que no estupro a ação é pública condicionada à representação. Antes dessa lei a ação era privada. 
	Ocorre que o legislador ao manter a opção de manifestação de vontade não resolveu muito o problema, diante da Súmula do STF que diz que ação penal no estupro é incondicionada. Tanto que a mesma não foi cancelada ainda. Portanto, o aplicador do direito terá dois caminhos a escolher, em que pese à súmula seja anterior à lei de 12.015/09.
Obs: Problema 
Lei 12.015/09 X Súmula 608, STF
 Art. 225 Não foi cancelada
14.04.11
OBJETO MATERIAL: Trata-se da coisa ou da pessoa sobre a qual recai a conduta delituosa. Os crimes materiais tendem a ter objeto material. Por vezes o objeto material se confunde com o sujeito passivo. Ex.: No caso do homicídio, o sujeito passivo direto é a pessoa que teve sua vida tirada, o que é também o objeto material, porque o ato de matar recaiu sobre essa pessoa. Nem sempre assim ocorre, no caso do furto, o objeto material é a coisa subtraída, já o sujeito passivo é a pessoa da qual a coisa foi subtraída.
OBS: Crime impossível: Artigo 17/CP: “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.” Nesse artigo há duas modalidades de crime impossível: ineficácia absoluta do meio e absoluta impropriedade do objeto. O artigo está se referindo ao objeto jurídico ou ao objeto material? Ao objeto material. Ex. 1: “A” pretende matar “B”, para isso “A” vai até o quarto onde “B” e dispara-lhe um tiro na cabeça. No entanto, ao fazer isso, “B” não sabia que “A” já havia morrido minutos antes de ser baleado por causa de um infarto. Em vista disso, “A” não será punido por absoluta ineficácia do objeto.
ELEMENTOS DA INFRAÇÃO PENAL
CONDUTA
	Sistema FINALISTA (WENZEL): Esse é o modelo utilizado na atividade forense.
Atualmente, adquire muita força o Sistema Funcionalista. Há duas vertentes: uma mais radical e outra mais moderada.
Para Kelsen “todo agir humano é um agir finalístico”, ou seja, tendente a algum fim. Kelsen sofreu críticas veementes a sua concepção, visto que há crimes dolosos e culposos. Há crimes em que o sujeito quis diretamente determinado fim (dolo direito) ou assumiu o risco de provocá-lo (dolo eventual) e, ainda, crimes culposos, em que o agente sequer quis o resultado.
Então, como encontrar o elemento vontade dentro desse último caso, segundo Kelsen? 
A fim de solucionar a questão, Kelsen disse que nos crimes culposos também existe a vontade, apenas não está presente no resultado, pois o que caracteriza o crime culposo é justamente a involuntariedade do resultado. Para ele, a vontade estaria na causa do resultado involuntário, ou seja, no agir descuidado. 
Alguém que comete um homicídio culposo não o faz com a intensão de matar, todavia, age porque quer de forma negligente, imperita, imprudente. 
	
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA CONDUTA:
Crimes comissivos ou ação em sentido estrito: são aqueles praticados através de um movimento corporal, um fazer. 
Todos os crimes comissivos são punidos na forma dolosa, mas nem todos são punidos na forma culposa. Isso porque o artigo 18 do CP, dispõe acerca dos crimes dolosos e culposos, trazendo como regra o crime doloso e como exceção, o crime culposo.
Outrossim como regra geral, os crimes comissivos são punidos na forma consumada e tentada, entretanto, há situações em que não há punição para a forma tentada.
 Ex: Injúria. “A” com a intensão de injuriar “B” abre a boca e começa a falar contra “B”, entretanto perde a voz antes de proferir injúrias. “A” não será punido, visto que não há punição para tentativa de injúria. 
Crimes comissivos podem ser materiais, por vezes formais e, ás vezes, de mera conduta. 
Crimes materiais: 
São aqueles que exigem a superveniência de um resultado naturalístico para que se tenha consumação, ou seja, não se consumam com o simples comportamento, tem de haver um comportamento e do comportamento um resultado. 
Exemplo 01:
Homicídio é um crime material, visto que alguém, que era vivo, morreu. Tem de haver o resultado morte para que o crime seja consumado.
Exemplo 02: O furto é um crime material, porque a coisa que estava com o proprietário deixa de estar, ou seja, se exige o resultado para que se tenha a consumação.
Crimes formais: 
São aqueles em que o tipo penal até prevê o resultado, mas não é necessário que o resultado ocorra pra que haja a consumação. 
Exemplos: 
Artigo 159, crime de extorsão mediante sequestro – “A” sequestra ‘B” com o objetivo de extorquir “B”. Ao negociar com a família de B, a polícia intercepta a ligação e descobre o cativeiro no qual “B” está sendo mantido e o salva. “A” não conseguiu extorquir a família, de modo que não houve, de fato, extorsão mediante sequestro. Como esse crime é formal, o tipo penal até prevê o resultado, mas não é necessário que haja a consumação do resultado para que ele exista. Se o sujeito conseguir a extorsão, haverá o exaurimento do crime.
Artigo 316, CP, Crime de concussão – O funcionário público exige no exercício de sua função vantagem indevida. Um policial vê alguém roubando um carro, todavia ao invés de lhe prender, exige-lhe o pagamento de uma certa quantia para não o prender. Precisa o ladrão entregar o dinheiro ao policial para que o crime de concussão tenha ocorrido? Não. Trata-se de um crime formal, não terá havido o exaurimento, mas terá havido a consumação.
Artigo 158 do CP, extorsão – Constranger uma pessoa, mediante violência ou grave ameaça, a fazer alguma coisa. “A” diz para “B” que tem uma carta comprometedora de sua reputação e que pode publicá-la em um jornal local, mas que pode deixar de fazer isso se “B” lhe pagar certa quantia. “C” ao passar pela calçada encontra a carta que “A” deixou cair, de modo que “A” não pode mais publicar a carta em jornal local. Houve crime de extorsão? Parte da jurisprudência e da doutrina diz que o crime de extorsão é formal, de modo que para essa corrente, houve sim extorsão, o crime não foi exaurido, mas foi consumado. Já outra parte diz que é material: súmula 96 do STJ “O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vontade indevida”. Conforme a súmula trata-se de um crime formal.
Nem todo o crime ofensivo, depois de consumado, é exaurido. Como regra geral, esse exaurimento é perceptível nos crimes formais. O tipo prevê o resultado, mas não é necessário que o resultado ocorra para que se tenha a consumação. Caso o resultado previsto ocorra, haverá exaurimento. Por exemplo, no crime de homicídio no artigo 121, que é material, é muito comum que aquele que mata, oculte o cadáver. A ocultação de cadáver não é exaurimento, é outro crime. A consumação é a morte.
ITER CRIMINIS: São as etapas que se sucedem cronologicamente numa empreitada delituosa, obviamente, visualizadas na forma dolosa. São elas: COGITAÇÃO, ATOS PREPARATÓRIOS, ATOS EXECUTÓRIOS E CONSUMAÇÃO. O exaurimento ocorre após a consumação. O crime de extorsão mediante sequestro tem relação com a privação de liberdade, se houver extorsão, ele será exaurido, ainda que não haja, ele estará consumado. Todo crime exaurido é consumado, mas nem todo crime consumado é exaurido. O iter criminis encerra a consumação.
Por que interessa o exaurimento se o crime está consumado? Artigo 59/CP, quando o juiz calcula a pena, ele analisa as circunstâncias e consequências do crime. Sendo assim, certamente, o exaurimento contribuirá para que a pena seja maior. O exaurimento repercute no cálculo da pena.
 Crime de mera conduta: 
São aqueles que se consumam com o simples comportamento do agente, sendo que o tipo penal não prevê o resultado. 
A diferença entre o crime de mera conduta e o formal, é que no formal há previsão de resultado, mas não ele precisa ocorrer,mas nos crimes de mera conduta não há sequer previsão de resultado. 
Exemplos
 Violação de domicílio - Consuma-se com a simples entrada no domicilio. Não precisa haver violência, furto, ofensa, tem de apenas haver a mera conduta de violar. 
 A lei 6815 (Estatuto do Estrangeiro) prevê a extradição, a expulsão e a deportação. A expulsão pode se dar através de decreto do Presidente da República. No CP artigo 338, existe o crime de reingresso de estrangeiro expulso. Trata-se de um crime de mera conduta, basta regressar ao Brasil depois de expulso. 
18.04.11
Crimes omissivos:
O crime é deflagrado em razão de uma conduta que deve ser realizada, mas não é. Divide-se em crimes omissivos próprios ou omissivos impróprios.
Omissivos próprios ou puros: 
A omissão é elemento do tipo penal, o verbo utilizado no tipo penal incriminador não traduz um movimento corporal, mas um não fazer. 
Nem todos os crimes omissivos próprios ou puros podem ser praticados por qualquer pessoa. O crime previsto no artigo 269, por exemplo, não pode ser praticado por qualquer pessoa, tem de ser médico. 
Exemplos: 
Artigo 135 do CP, omissão de socorro – o verbo é deixar. 
Artigo 269 do CP – omissão de notificação de doença – o verbo é deixar. O médico deixa de notificar. 
 Artigo 244 do CP, abandono material. O verbo novamente é o verbo deixar. 
 Artigo 246 do CP, abandono intelectual. O verbo é deixar. Os pais deixam de encaminhar os filhos, em idade escolar, para a escola. 
	
Características do crime omissivo próprio ou puro:
O verbo não traduz um comportamento ativo, mas sim um comportamento omissivo. Em regra geral, o verbo é o verbo deixar.
São crimes de mera conduta. Ou seja, são crimes que se consumam com a simples omissão, o tipo penal se quer prevê qualquer resultado. 
Se alguém encontra uma pessoa gravemente ferida, tem de prestar socorro ao ferido. Se não prestar socorro, independentemente de haver resultado, houve crime, o crime consuma-se com a simples omissão.
Os crimes não admitem tentativa. Porque não há como se fracionar o comportamento porque se o sujeito realiza o comportamento que tem o dever, não realiza crime, se não realiza o comportamento, realiza o crime. Ex.: Não existe tentativa de deixar de prestar socorro, se presta ou não socorro.
Em regra geral os crimes omissivos próprios ou puros ocorrem na forma dolosa. Todavia, não há nada que impeça que eles ocorram na forma culposa.
Omissivos impróprios/ comissivos por omissão:
	Características do crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão:
A omissão é uma forma de se alcançar o resultado previsto em um tipo penal omissivo. 
Ex: Uma mulher quer matar seu filho, mas não tem coragem de realizar uma ação positiva – dar um tiro, envenenar – mas ela tem coragem de deixar de alimentar a criança. A mãe opta por esta alternativa. Em tal situação é difícil se descobrir quando começou os atos executórios. Quando chegou o horário dela alimentar a criança e ela não o alimentou pela primeira vez, começaram os atos executórios. Que crime essa mulher comete? Homicídio. Ela cometeu um crime comissivo, não pela ação, mas pela omissão. Ela realizou o verbo “matar” através de uma omissão. Seria responsabilizada por homicídio consumado, na modalidade comissiva por omissão/omissiva imprópria.
Esses crimes são materiais, porque não basta apenas a omissão, só a omissão não consuma o crime. Da omissão tem que resultar um evento, tem que haver um resultado naturalístico.
 No exemplo acima citado, o resultado naturalístico será a morte.
Esses crimes admitem a tentativa quando dolosos. Ex.: Hipótese da mãe que quer matar o filho não o alimentando. Um parente visita a mãe e a criança e percebe que a criança está muito abatida e a leva ao hospital. A criança é tratada e sobrevive. Que crime a mãe comete? Tentativa de homicídio. 
Esses crimes podem se manifestar na forma culposa. Crime culposo é excepcional – parágrafo único do artigo 18. Ex.: um casal te um filho pequeno que costuma simular que está se afogando quando está na piscina para chamar a atenção dos pais. Certo dia, essa criança pede socorro aos pais, que por estarem acostumados com as brincadeiras da criança, não lhe socorrem. Todavia, desta vez, a criança estava se afogando e morreu. O que aconteceu em tal situação? Houve uma negligencia dos pais, que poderiam ser processados por homicídio culposo na forma omissiva.
Não é qualquer pessoa que pode ser punida na forma omissiva impropria. Necessariamente tem de estar na posição de garantidor. 
 Posição de garantidor: Artigo 13, parágrafo 2°. 
Exemplos: 
Na hipótese da mãe que deixa de alimentar o filho para fazê-lo morrer, um pedreiro é contratado para fazer serviços no pátio da casa dessa mulher. O pedreiro nota que a casa da mulher está sempre fechada e a criança sempre chorando, certo dia a criança para de chorar porque morreu. Um vizinho percebe o cheiro da criança morta e chama a polícia. Nesse caso que crimes ocorreram? A mãe da criança responde por homicídio na forma comissiva por omissão, homicídio doloso. O pedreiro responderia por omissão de socorro, visto que não está na posição de garantidor. Poderia responder por dolo eventual, visto que ainda que não quisesse que a criança morresse, assumiu o risco advindo da não prestação de socorro.
Uma mãe antes de ir para o trabalho passa na creche para deixar seu filho. Ao chegar na creche depara-se com o estabelecimento fechado. A mãe não tem com quem deixar a criança e deixa com a vizinha. A vizinha deixa a criança brincar na calçada e fica assistindo televisão. A criança é atropelada e morre. A vizinha pode ser denunciada por homicídio culposo, na forma comissiva por omissão, visto que ela estava na posição de garantidor. 
Para uma pessoa ser punida por omissão de socorro, ela não precisa estar na posição de garantidor, porque esse crime é omissivo próprio. 	
A identificação da posição de garantidor só serve para qualificar o crime. 
Questão da prova da OAB: Um policial ia caminhando pela rua e passou na frente de um terreno baldio e percebeu que tinha uma mulher sendo violentada, todavia o policial não fez nada. Qual e a responsabilidade penal desse policial? A questão deu como certas duas alternativas: 
Responde por estupro na forma omissiva impropria, porque ele teria a obrigação de, por lei, atuar para impedir aquilo ou responde crime de prevaricação porque deixou de praticar ato de ofício.
 O artigo 319 do CP prevê que o crime de prevaricação consiste em o funcionário deixar de praticar ato de ofício para satisfazer interesse pessoal. Qual é o interesse do pessoal em deixar de praticar tal ato de ofício? 
Mas a questão correta era aquela que afirma que a conduta do policial era omissiva imprópria, pois o mesmo estava na posição de garantidor. 
Ex: Um pai deixa o filho na aula de natação. O professor se distrai conversando com uma mulher. De repente a criança começa a se afogar e morre. Que crime comete o professor e a mulher com quem ele está conversando? O professor responde por homicídio culposo na forma comissiva por omissão visto que está na posição de garantidor. A mulher responde por omissão de socorro.
	19.04.11
CAUSAS EXCLUDENTES DA CONDUTA 
	
	Causas extralegais que excluem a conduta:
Atos reflexos;
Estado de inconsciência;
Sonambulismo; Excluem a conduta.
Caso fortuito ou força maior;
Coação Física Irresistível 
 (vis absoluta).
Coação moral irresistível Exclui a culpabilidade.
(vis compulsiva).
	 a) Coação Física Irresistível (vis absoluta): Exclui a conduta por ausência do elemento vontade. 
	 O Artigo 22 não especifica se está se referindo a coação moral ou a coação física. Entende-se que se refere à coação moral no que tange a obediência hierárquica e coação moral irresistível.
Ex: “A” trabalha como agente ferroviário em determinado trecho narodovia em que a missão dele é fazer a separação dos trilhos para evitar a colisão de trens. Certo indivíduo entra em sua cabine dá-lhe um golpe na cabeça e após amarra-o na mesa. “A” percebe que se aproxima a hora de separar os trilhos, todavia ele está impedido fisicamente de separá-los. Em vista disso, dois trens colidem e morrem várias pessoas. “A” não pode ser condenado por homicídio, visto que estava sob uma coação física irresistível. 
 b) Coação moral irresistível (vis compulsiva): Exclui a culpabilidade, por ser uma hipótese de inexigibilidade de comportamento adequado ao direito.
Ex: Na mesma situação anterior, se alguém aponta uma arma para a cabeça do agente ferroviário e lhe diz para não separar os trilhos. O agente tem duas alternativas: mexer o instrumento e evitar a colisão de trens, mas colocar em risco a sua vida ou contemplar a colisão de trens e salvar sua vida. Escolhendo esta alternativa, houve vontade por parte do agente, porém, uma vontade que está viciada no seu processo de motivação. O agente não estava livre na sua motivação, estava sob coação moral irresistível. 
Para haver coação, seja física, seja moral, ambas precisam ser irresistíveis. Caso não sejam, o instrumento e o coator serão coautores, ambos responderão. Artigo 65 do CP, alínea “c” prevê que sempre atenua a pena cometer crime sob coação a que podia resistir. Já o artigo 62, inciso II prevê agravante para quem coage ou induz outrem à execução material de crime. Numa situação de coação resistível, o coator receberá agravante de pena e o coagido receberá atenuante.
Essas causas não estão codificadas, são extralegais, portanto, alguns operadores do direito, por serem expressamente positivistas, não aplicam essas causas. Todavia parte da doutrina entende que podem existir causas excludentes da conduta que não estejam na lei. Tais causas ocorrem devido à ausência do elemento: vontade. Com exceção da coação moral, na qual exclui-se a culpabilidade. 
OBS: Autoria Mediata: Ocorre quando uma pessoa utiliza outra como instrumento de cometimento do crime. Se a pessoa é manipulada como instrumento, ela é isenta de responsabilidade penal.
TIPICIDADE:
	 TIPO PENAL INCRIMINADOR: 
	 É a descrição em abstrato na lei da conduta ilícita. Em virtude do Princípio da Legalidade – não há crime sem lei anterior que o defina – necessariamente as condutas ilícitas tem de estar expressas na lei. Isso se faz através dos tipos penais, ou seja, da descrição em abstrato na lei e da conduta ilícita. 
	Todas as regras gerais dos Códigos são aplicadas às leis especiais, portanto, o princípio da legalidade é aplicado à LCP, sendo assim, às contravenções penais o Princípio da Legalidade também é aplicado. Desse modo há: tipos penais incriminadores e tipos penais contraventores.
	Tipos penais incriminadores são normas penais definindo crimes.
	Tipos penais contraventores são normas penais definindo contravenções.
	Os tipos penais incriminadores estão na parte especial do CP e nas leis extravagantes.
	ELEMENTOS DO TIPO PENAL INCRIMINADOR:
Objetivos:
	São elementos perceptíveis pelos sentidos. 
	Ex.: artigo 121 do CP: elementos que compõem esse tipo são: matar alguém. Os elementos são objetivos.
Subjetivos:
São elementos subjetivos do tipo penal, que diferenciam o crime conforme for o animus do agente. 
Ex.: “Extorquir alguém com a intensão de obter qualquer vantagem...”. Quando o tipo penal descreve “com a intensão” está se referindo a um elemento subjetivo do tipo.
É o elemento subjetivo que diferencia o crime de extorsão mediante sequestro, previsto no artigo 159 do CP, do crime de sequestro, previsto no artigo 148 do CP. Em ambos, se priva a liberdade de alguém, todavia se diferem quanto ao elemento subjetivo. No artigo 159 do CP, se priva alguém da liberdade com a intensão de obter vantagem – trata-se de um crime contra o patrimônio – já no artigo 148 se priva a liberdade de alguém por qualquer outra intensão que não seja obter vantagem.
Ex.: Artigo 155 do CP – “Subtrair para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Para se caracterizar crime, é necessário que se subtraia a coisa com animus de assenhoramento. 
Normativos:
É algo que pressupõe um juízo de valor, ou seja, uma valoração por parte do operador do direito. Não é algo perceptível de imediato, é preciso se fazer uma valoração, analisar o contexto.
Ex: Artigo 233, praticar ato obsceno – Uma mulher nua dentro de uma faculdade pratica ato obsceno, já, desfilando no carnaval não pratica. O mesmo comportamento em contextos diferentes pode ou não ser ato obsceno. 
	 Quando tipo penal possui apenas elementos objetivos, diz a doutrina: são tipos penais normais. É o caso, por exemplo, do homicídio – tipo penal: matar alguém. 
Quando o tipo penal possuir elementos subjetivos ou normativos: são tipos penais anormais.
25.04.11
TIPOS/NORMAS PENAIS NÃO-INCRIMINADORAS:
Dentro do grupo dos tipos penais não-incriminadores, há uma subdivisão: tipos penais permissivos e explicativos. Estão presentes nas partes geral e especial do CP, bem como nas leis extravagantes.
NORMAS PENAIS EXPLICATIVAS:
São normas que esclarecem o conteúdo de outras ou que são princípios fundamentais do Direito Penal. 
Exemplos:
Artigo 4 do CP - explica qual é o tempo do crime. 
Artigo 6 do CP – define o lugar do crime.
Artigo 327 do CP – explica o que é funcionário publico. 
NORMAS PENAIS PERMISSIVAS:
São normas que explicam a existência do crime ou isentam os agentes de penas
Exemplos:
Artigo 23 do CP – exclui a existência do crime.
Artigo 26 do CP – isenta os agentes de pena.
Artigo 128 do CP – isenta a pratica do aborto de pena. 
O QUE É A TIPICIDADE?
Tipicidade nada mais é do que a adequação do tipo penal a um fato da vida real. Essa adequação, como regra geral, é uma adequação típica imediata ou direta. 
ADEQUAÇÃO TÍPICA IMEDIATA OU DIRETA:
Ex.: “A” dispara tiros contra “B” com a intensão de matá-lo e o mata. Há um caso claro de adequação típica, imediata ou direta, também chamada de adequação típica de subordinação direita ou imediata. 
ADEQUAÇÃO PENAL MEDIATA OU INDIRETA:
Às vezes a tipicidade só se solidifica com o auxílio de uma outra norma que esteja na parte geral, trata-se de adequação penal mediata ou indireta. Ou seja, o tipo penal incriminador só vai incidir com o auxílio de uma outra norma, chamada de norma de extensão. 
Exemplos:
“A” atira contra “B” para matá-lo, mas “B” é salvo e sobrevive. Para que o MP denuncie esse crime, terá de recorrer ao artigo 14 do CP, o qual explica que se pune a tentativa com a pena do crime consumado diminuída de 1 a 2/3.
“C” induz “A” a matar “B”. Em relação ao “A” há uma adequação típica da norma: Matar alguém. Mas o “C” não é autor, é partícipe. Para encontrar a tipicidade do partícipe, o operador do direito não poderá aplicar só o artigo 121, terá de recorrer ao artigo 29 que trata do concurso de pessoas.
A mãe que deixava a criança sem comer. Busca-se outro, artigo porque ela está na posição de garante, para se encontrar tipicidade na forma comissiva por omissão. 
Para uma peça que trate de uma adequação penal mediata ou indireta ficar bem elaborada, é necessário que o operador do direito cuide os detalhes.
CRIME DOLOSO E CULPOSO:
Uma coisa é se comprovar a tipicidade em um crime doloso, outra é comprová-la num crime culposo. É preciso fazer uma análise mais detalhada para encontrar a tipicidade num e noutro.
 CONDUTA DOLOSA:
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO DOLOSO:
CONDUTA
RESULTADO - Salvo nos crimes de mera conduta e crimes formais – artigo 18/CP;
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE OU NEXO DE CAUSALIDADE - salvo nos crimes de mera conduta e nos crimes formais - artigo 13, caput, do CP;
TIPICIDADE: 
COMO SE ANALISAR UMA CONDUTA DOLOSA:
CONDUTA:
A conduta é comissiva ou omissiva (própria/pura ou imprópria/comissiva por omissão)? 
Existe causa de ausênciade conduta (ato reflexo, caso fortuito ou força maior, ato inconsciente, coação física irresistível)? Se não houver, avançar na análise.
Artigo 18, inciso I, CP – define quando há dolo.
Se houve dolo, qual foi o dolo?
Foi direto/determinado? Teve a vontade livre e consciente de realizar os elementos que compõem o tipo penal? 
Nesse dolo foi adotada a teoria da vontade.
Foi indireto/indeterminado?
Alternativo - É quando sujeito realiza a conduta querendo realizar um ou outro resultado. Ex.: “A” desfere golpes em alguém com intensão de matar ou ferir.
Eventual – Quando o sujeito assume o risco da ocorrência do resultado. Ele não quer que ocorra o resultado, mas o prevê e assume o risco.
No dolo indireto/indeterminado foi adotada a teoria do consentimento. 
	
RESULTADO:
Salvo nos crimes de mera conduta e nos crimes formais – artigo 18 do CP.
Duas teorias procuram explicar o que é o resultado:
Teoria normativa – Resultado é a lesão ou exposição a perigo de lesão de um bem jurídico. Se essa teoria for escolhida todos os crimes terão resultado, porque sempre haverá lesão ou exposição a perigo de lesão de um determinado bem jurídico.
Teoria naturalística – Resultado é uma modificação do mundo exterior. Nessa teoria nem todos os crimes teriam resultado, somente os materiais. Para se admitir a classificação de crimes naturais, formais ou de mera conduta, tem de se seguir a Teoria naturalística. 
Os crimes de mera conduta ou formais não exigem resultado, consumam-se por um simples comportamento. Não é preciso analisar resultado, só nos crimes materiais.
	
 Relação de causalidade ou nexo de causalidade:
Salvo nos crimes de mera conduta e nos crimes formais - artigo 13, caput, do CP;
O resultado, a modificação do mundo exterior decorreu do agente acusado?
Artigo 13 do CP, adota a Teoria da conditio sine qua non também conhecida como Teoria da Equivalência dos Antecedentes. “O resultado de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.” 
Causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria acontecido. Ou seja, por essa teoria todo o comportamento que de alguma forma tenha contribuído para a eclosão do resultado é causa deste. Essa teoria foi criticada porque proporciona um regresso infinito, de modo que procurando as causas, chegar-se-ia a Deus que criou os delinquentes, aos pais que tiveram os filhos criminosos. Se toda conduta que contribuiu para determinado resultado fosse causa deste, regressar-se-ia ao infinito.
Todo comportamento que deu causa a uma modificação, é causa desta, mas nem todo comportamento precisa ser punido, visto que no Direito Penal não existe responsabilidade objetiva, tem de haver responsabilidade objetiva e subjetiva. 
Como saber se uma conduta colaborou para o resultado? 
Através do PROCEDIMENTO HIPOTÉTICO DE ELIMINAÇÃO DE TYRÉN – Deve se suprimir ou, em se tratando de uma omissão, acrescentar a conduta do agente julgado e se analisar o resultado. Se o resultado permanecer nas mesmas condições em que ocorreu, não é causa, se não permanecer, é causa.
SUPERVENIÊNCIA CAUSAL – A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação, quando por si só produziu o resultado, artigo 13 do CP. O Procedimento Hipotético de Eliminação de Tyrén deve ser analisado com cuidado.
A análise do nexo de causalidade só é relevante em crimes materiais, visto que como os crimes de mera conduta e os formais se consuma pelo simples comportamento, é desnecessária tal análise.
28.04.11 
TIPICIDADE:
É o enquadramento dos elementos anteriores em uma norma, em um tipo penal que defina que isto seja crime. É a justaposição, enlace da norma ao episódio da vida real. 
	
	Crimes Materiais:
	Crimes de Mera Conduta ou Formais:
	Houve conduta? Dolosa ou culposa:
	Houve conduta? Dolosa ou culposa:
	Houve resultado?
	-----------
	Houve nexo de causalidade?
	-----------
	Isto é típico?
	Isto é típico?
Ex: Crime de mera conduta - Violar o domicílio de alguém sem o consentimento deste. Houve conduta dolosa? Sim, violou-se um domicílio. Isto é típico? Sim, artigo 150 do CP, violação de domicílio. . É um crime de mera conduta porque se consuma com a simples entrada de alguém no domicílio de outrem, sem o consentimento deste. Não é necessário que haja uma intensão ou um resultado.
Ex: Crime formal – Extorsão mediante sequestro. Há conduta dolosa, não é necessário analisar resultado e nexo de causalidade, há tipicidade.
Ex: Crime material – Homicídio. Houve conduta dolosa? Houve o resultado morte? Houve nexo de causalidade? É típico?
CONDUTA CULPOSA:
O crime culposo é um crime material. Só a ação descuidada não configura o crime, tem de haver um resultado. Nem todos os crimes são puníveis na forma culposa, para ser punível, é necessário que haja menção expressa na lei – artigo 18 do CP. São poucos os crimes culposos: 	
Homicídio – CP e Código de Trânsito;
Lesão corporal - CP 129 e Código de Trânsito;
Incêndio – 250, § 2°, CP;
OBS: Se uma mulher, sob influência do estado puerperal, mediante uma ação descuidada, deixa seu filho cair no chão e ele morre, ela comete crime? Crime de infanticídio ela não pode cometer, visto que este crime não existe na forma culposa. Todavia, alguns entendem que ela pode cometer crime de homicídio culposo. 
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO CULPOSO:
CONDUTA REALIZADA;
INFRAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO - manifestada pela imprudência, negligência, imperícia ou interesse (modalidade de culpa), artigo 18, inciso II, CP;
RESULTADO INVOLUNTÁRIO;	
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE - artigo 13, caput, CP;
PREVISIBILIDADE OBJETIVA;
TIPICIDADE - artigo 18, parágrafo único;
COMO SE ANALISAR UMA CONDUTA CULPOSA:
CONDUTA:
1) Houve uma conduta relevante para o Direito Penal? Há alguma causa de ausência de conduta?
2) Qual foi a forma de conduta – omissiva ou comissiva?
INFRAÇÃO DO DEVER OBJETIVO DE CUIDADO:
Para verificar se houve ou não infração do dever de cuidado, deve se recorrer à figura do homem médio.
Homem médio – Não é um superdotado, é alguém que esteja na média geral de entendimento. De modo geral, as pessoas vivem usando as regras básicas de convivência. Retira-se a figura do réu e coloca-se a o homem médio em seu lugar na mesma situação que o levou a ser julgado. O homem médio teria o mesmo comportamento do juiz? Quem é o homem médio do juiz? Será que o juiz não utiliza a si mesmo no lugar do réu? 
Formas de inobservância do dever de cuidado:
Negligência – é o desleixo, a falta de precaução, é um comportamento negativo. Ex.: Não fazer uma manutenção mecânica adequada do carro.
Imprudência – É uma conduta precipitada, arriscada. Ex.: dirigir um veículo em alta velocidade.
Imperícia – Trata-se de alguém que tem habilitação para exercer certa habilidade, mas sua técnica é insuficiente. Ex.: “A” é formado em medicina, mas na faculdade não costumava frequentar as aulas, colava nas provas, assim conseguiu se formar. Ao fazer uma cirurgia se engana e opera o órgão errado. “A” tem formação, mas não tem o conhecimento suficiente.
 
Código de Trânsito, artigo 308 – “Participar na direção de veículo automotor, em via pública, de corrida, disputa ou competição automobilística não autorizada pela autoridade competente, desde que resulte dano potencial a incolumidade pública e privada.”. 
É um crime doloso, essa conduta criminosa, também chamada vulgarmente de “racha”, pode resultar na morte de pessoas. Quando isso acontecer se trata de um homicídio culposo ou de um dolo eventual? É um tema divergente na doutrina, tanto na questão do “racha” quanto em relação a quem dirige embriagado. 
	
RESULTADO INVOLUNTÁRIO:
O resultado decorre de uma ação descuidada, o autor da conduta não deseja o resultado e nem assume o risco de seu acontecimento. Não basta só a ação descuidada, tem de haver um resultado. 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE:
Se os crimes

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