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PACOTE PREPARATÓRIO PARA TÉCNICO JUDICIÁRIO DO STF 
PROF. FABIANO PEREIRA – NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 
1 
Prof. Fabiano Pereira www.pontodosconcursos.com.br 
Olá! 
 
Sei que você deve estar muito apreensivo (a), preocupado (a) com a 
gigantesca quantidade de matéria que ainda tem que ser estudada. Todavia, 
se o seu objetivo é realmente conseguir a aprovação, o conselho que lhe dou é 
o seguinte: fique tranqüilo (a)! 
Digo isso porque o nervosismo e a ansiedade somente irão dificultar o 
seu estudo, criando obstáculos desnecessários à assimilação do conteúdo. 
Desse modo, procure programar o seu estudo e cumprir o cronograma que foi 
previamente estabelecido. Concentre-se no tópico que está sendo estudado 
atualmente, sem se preocupar com o conteúdo restante, pois, caso contrário, 
você não assimila nem um nem outro. 
Lembre-se de que é IMPRESCINDÍVEL resolver TODAS as questões 
apresentadas nas aulas, preferencialmente duas vezes (a segunda vez, na 
semana que anteceder a data da prova), pois essa é a melhor tática para 
gabaritar as questões de qualquer banca examinadora. 
No mais, estou à sua disposição no fórum de dúvidas. 
Boa prova!!! 
 
Fabiano Pereira. 
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br 
 
FAN PAGE: www.facebook.com.br/fabianopereiraprofessor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser 
humano." 
(Frederico I) 
 
 
PACOTE PREPARATÓRIO PARA TÉCNICO JUDICIÁRIO DO STF 
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RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
1. Considerações iniciais ............................................................. 03 
2. Evolução histórica .................................................................... 04 
3. A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, CF/1988 07 
4. Causas excludentes da responsabilidade do Estado ................. 11 
5. A responsabilidade civil do Estado em virtude da omissão dos seus 
agentes ........................................................................................ 15 
6. Situações especiais abrangidas pela responsabilidade objetiva 17 
 6.1. Responsabilidade por dano nuclear ............................... 17 
 6.2. Danos de obra pública ................................................... 17 
 6.3 Atos legislativos ............................................................. 18 
 6.4. Atos judiciais ................................................................. 19 
 6.5. Coisas ou pessoas sob a responsabilidade do Estado .... 20 
7. Responsabilidade civil e prazo qüinqüenal ............................... 20 
8. Ação regressiva em face do agente público .............................. 21 
9. Responsabilidade administrativa, civil e penal dos agentes públicos 
causadores do dano ao particular ................................................. 23 
10. Super Revisão de Véspera de Prova ........................................ 27 
11. Questões comentadas ............................................................. 29 
12. Relação das questões que foram comentadas ......................... 47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RESPONSABILIDADE CIVIL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Conforme consagra o caput, artigo 1º, da CF/1988, a República 
Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e, portanto, 
todos nós (inclusive o próprio Estado) somos regidos por leis que foram criadas 
para atender às necessidades do povo. 
Tais leis são necessárias para que as relações jurídicas entre os 
indivíduos possam ocorrer de forma harmônica, já que todos saberão, com 
antecedência, quais são os direitos e deveres inerentes a cada um para que 
possamos viver em sociedade. 
Nesse contexto, o Código Civil brasileiro declara expressamente, em seu 
artigo 186, que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou 
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente 
moral, comete ato ilícito”. Já o artigo 927, também do Código Civil, prevê que 
“aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica 
obrigado a repará-lo”. 
 Analisando-se os citados artigos, conclui-se que as vítimas de atos ilícitos 
podem exigir a reparação dos danos morais e/ou materiais que porventura 
sofrerem em virtude de omissões ou ações praticadas por outros particulares. 
 Caso não seja possível efetuar a reparação do dano de forma “amigável”, 
a vítima poderá, então, recorrer ao Poder Judiciário, exigindo providências do 
Estado, ou seja, o cumprimento da lei. 
 A obrigação de reparar os danos/prejuízos causados a terceiros não é 
exclusiva dos particulares, pois incide também em relação ao Estado. 
Entretanto, tal obrigação não é proveniente de contratos celebrados 
pelo Estado com terceiros, denominada responsabilidade contratual, pois, 
nesses casos, os possíveis prejuízos se resolvem com base nos próprios termos 
contratuais. Também não se refere à obrigação de indenizar em virtude do 
legítimo exercício de poderes em face do direito de terceiros, como ocorre 
frequentemente no caso da desapropriação e, algumas vezes, no caso de 
servidões. 
 Conforme afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, tal 
obrigação deriva da responsabilidade EXTRACONTRATUAL do Estado face a 
comportamentos unilaterais, comissivos ou omissivos, legais ou ilegais, 
materiais ou jurídicos, que a ele são atribuídos. 
 É por isso que, em alguns livros, você irá encontrar o presente tópico 
com o nome de “Responsabilidade Extracontratual do Estado”, 
“Responsabilidade patrimonial do Estado” ou, ainda, “Responsabilidade civil da 
Administração Pública”, o que em nada irá interferir no conteúdo que será 
apresentado. 
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 Antes de passarmos para o próximo item, é necessário chamar a sua 
atenção para o fato de que a responsabilidade civil do Estado, pelos danos 
que seus agentes causem a terceiros, não se confunde com a responsabilidade 
civil, penal ou administrativa dos agentes públicos responsáveis pelo dano. 
Além da responsabilização do Estado, que irá ocorrer exclusivamente 
na esfera civil, o agente público também poderá ser responsabilizado, mas 
em três esferas distintas: civil, penal e administrativa, se for o caso. 
As responsabilidades civil, penal e administrativa, em regra, são 
independentes entre si, podendo, ainda, cumular-se, conforme veremos mais a 
frente. 
Em alguns casos, além de o Estado ser obrigado a reparar 
financeiramente (civilmente) o particular pelos danos causados pelos seus 
agentes, estes aindapodem responder simultaneamente na esfera penal (caso 
a conduta ou omissão seja tipificada como crime ou contravenção), 
administrativa (caso o ato omissivo ou comissivo seja praticado no 
desempenho do cargo ou função e previsto como infração funcional) e civil, 
sendo obrigados a devolver aos cofres públicos os valores que foram utilizados 
pelo Estado para indenizar os danos causados aos particulares. 
 
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 Conforme veremos a seguir, vigora no Brasil a responsabilidade 
objetiva do Estado pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, sob a 
modalidade do risco administrativo. 
Entretanto, nem sempre foi assim, pois em outras épocas não era 
possível responsabilizar civilmente o Estado, vejamos: 
 
2.1. Irresponsabilidade do Estado 
 Historicamente, por muitos anos, vigorou a máxima de que “O Rei nunca 
erra” (The King can do no wrong) ou “O Rei não pode fazer mal” (Le roi ne 
peut mal faire). 
Durante esse período, notadamente nos regimes absolutistas, o Estado 
NÃO PODIA SER RESPONSABILIZADO pelos danos que causasse aos 
particulares no exercício das funções estatais. 
 Entretanto, mesmo durante esse período, os indivíduos não ficavam 
totalmente desamparados de proteção em virtude dos danos sofridos, pois 
existia a possibilidade de responsabilização individual dos agentes públicos 
que, atuando com dolo ou culpa, acarretassem danos a terceiros. A 
responsabilidade, nesse caso, recaía sobre o próprio agente e não sobre o 
Estado. 
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 Conforme nos informa o professor Diógenes Gasparini, o princípio da 
responsabilidade do agente público, em lugar da responsabilidade do Estado, 
estava previsto na Constituição de 1824, no item 29, artigo 179. 
No item 29 do artigo 179, o próprio Imperador fazia a ressalva de que 
não estava submetido a qualquer responsabilidade. 
 Apesar da necessidade de você ter conhecimento dessa teoria para 
responder às questões de concursos, destaca-se que ela está inteiramente 
superada, mesmo nos Estados Unidos e na Inglaterra, que foram os últimos 
países a abandoná-las, em 1946 e 1947, respectivamente. 
 No concurso público para o cargo de Técnico Judiciário do 
TRE/MG, realizado em 2013, o CESPE considerou incorreta a seguinte 
assertiva: “O ordenamento jurídico brasileiro adota a teoria da 
irresponsabilidade do Estado”. 
 
2.2. Responsabilidade subjetiva do Estado ou Teoria da “culpa civil” 
 Segundo essa teoria, o Estado seria equiparado ao particular para fins 
de indenização. Em regra, como os particulares somente podem ser 
responsabilizados pelos seus atos quando atuam com dolo (desejo de causar o 
dano) ou culpa (negligência, imprudência ou imperícia), tais requisitos 
também deveriam ser demonstrados a fim de que se pudesse responsabilizar o 
Estado. 
 Tanto o Estado quanto o particular eram tratados de forma igualitária e, 
sendo assim, ambos respondiam nos termos do direito privado, sendo 
imprescindível a demonstração do dolo ou culpa para que ocorresse a 
responsabilização. 
 Essa teoria passou a vigorar no Brasil com o advento do Código Civil, de 
1916 e, somente em 1946, com a promulgação da Constituição, deixou de 
existir. 
 
2.3. Teoria da Culpa Administrativa ou da faute du service 
 Essa teoria relaciona-se à possibilidade de responsabilização do Estado 
em virtude do serviço público prestado de forma insatisfatória, defeituosa 
ou ineficiente. 
Não é necessário que ocorra uma falta individual do agente público, mas 
uma deficiência no funcionamento normal do serviço, atribuível a um ou 
vários agentes da Administração, que não lhes seja imputável a título pessoal. 
 Nesse caso, a vítima tem o dever de comprovar a falta do serviço (ou a 
sua prestação insuficiente ou insatisfatória) para obter a indenização, além de 
ser obrigada a provar ainda uma “culpa especial” do Estado, ou seja, provar 
que o Estado é responsável por aquela “falta” do serviço público. 
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 O professor Diógenes Gasparini cita alguns exemplos em que ocorrerá a 
culpa do serviço e, portanto, a obrigação de o Estado indenizar o dano 
causado: 
1º ) Caso devesse existir um serviço de prevenção e combate a incêndio 
em prédios altos, mas não houvesse (o serviço não funcionava, não 
existia); 
2º) O serviço de prevenção e combate a incêndio existisse, mas ao ser 
demandado ocorresse uma falha, a exemplo da falta d´água ou do 
emperramento de certos equipamentos (o serviço funcionava mal); 
3º) O serviço de prevenção e combate a incêndio existisse, mas 
chegasse ao local do evento depois que o fogo já consumira tudo (o 
serviço funcionou atrasado). 
 Sendo assim, gostaria que ficasse bem claro que a teoria francesa da 
faute du service se enquadra como hipótese de responsabilidade 
subjetiva, já que compete à vítima provar a “falta do serviço” e a 
responsabilidade do Estado pela sua prestação, posicionamento também 
defendido pelo professor Celso Antônio Bandeira de Mello. 
Esse também é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça que, ao 
julgar o Recurso Especial 703741, declarou que “[...] A responsabilidade civil 
por omissão, quando a causa de pedir a ação de reparação de danos assenta-
se no faute du service publique, é subjetiva, uma vez que a ilicitude no 
comportamento omissivo é aferido sob a hipótese de o Estado deixar de agir 
na forma da lei e como ela determina”. 
Para responder às questões do CESPE: Na hipótese de falha do serviço 
público prestado pelo Estado, é desnecessária a comprovação do nexo de 
causalidade entre a ação omissiva atribuída ao poder público e o dano causado 
a terceiro (Advogado/CEF 2010/CESPE). Assertiva considerada 
incorreta pela banca examinadora. 
 
2.4. Teoria do risco administrativo 
 Essa é a teoria adotada pela Constituição Federal de 1988 e, portanto, 
iremos estudá-la com mais detalhes nos próximos itens. De qualquer forma, 
você já deve ter em mente que nesta modalidade de responsabilização não se 
exige a culpa ou dolo do agente público, nem a demonstração da “falta do 
serviço”. 
Para que o indivíduo seja indenizado, basta que comprove a existência 
do fato danoso e injusto ocasionado por ação do Estado. 
O professor Hely Lopes Meirelles esclarece que tal teoria baseia-se no 
risco que a atividade pública gera para os administrados, bem como na 
possibilidade de acarretar danos a certos membros da comunidade, impondo-
lhes um ônus que não é suportado pelos demais. 
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Sendo assim, para compensar essa desigualdade individual, criada pelo 
próprio Estado, todos os outros componentes da coletividade devem concorrer 
para a reparação do dano. 
 
2.5. Teoria do risco integral 
 Com base em tal teoria, o Estado é responsável por qualquer dano 
causado ao indivíduo na gestão de seusserviços, independentemente da culpa 
da própria vítima, caso fortuito ou força maior. 
Para que o Estado seja obrigado a indenizar, basta que esteja envolvido 
no dano causado. Exemplo: se um indivíduo se jogar na frente de um 
caminhão de lixo que está realizando o serviço de limpeza urbana, 
objetivando um suicídio, ainda sim o Estado estaria obrigado a indenizar a 
família da vítima, pois o caminhão que “passou por cima” do suicida pertence 
ao Estado. 
 É fácil perceber que a teoria do risco integral escapa ao bom senso, pois 
não prevê qualquer hipótese de exclusão ou redução da 
responsabilidade do Estado em relação ao evento danoso, ao contrário 
do que ocorre, por exemplo, na teoria do risco administrativo, como veremos 
adiante. 
Para responder às questões do CESPE: Pela teoria do risco integral, a 
ambulância de um hospital público que venha a atropelar um ciclista não será 
civilmente responsável pelo fato se houver culpa exclusiva do ciclista 
(Analista – Direito/SERPRO 2008/CESPE). Assertiva considerada 
incorreta pela banca examinadora. 
 No concurso público para o cargo de Analista Judiciário do TRT da 
10ª Região, realizado em 2013, o CESPE considerou correta a seguinte 
assertiva: “A teoria do risco integral obriga o Estado a reparar todo e 
qualquer dano, independentemente de a vítima ter concorrido para o 
seu aperfeiçoamento”. 
 
3. A RESPONSABILIDADE OBJETIVA PREVISTA NO ARTIGO 37, § 6º DA 
CF/88 
 O nosso ordenamento jurídico pátrio, durante muito tempo, oscilou 
entre as doutrinas subjetiva e objetiva da responsabilidade civil do Estado. 
Entretanto, a Constituição Federal de 1988 decidiu pela responsabilidade 
civil objetiva do Estado, sob a modalidade do risco administrativo. 
 Sendo assim, para que o Estado seja obrigado a indenizar o dano 
causado por seus agentes, é suficiente que o particular prejudicado comprove 
o dano existente e o nexo causal entre a ação do agente e o evento danoso. 
Não é necessário que o particular comprove que o agente público agiu com 
dolo ou culpa, pois isso é irrelevante para efeitos de indenização estatal. 
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O professor Alexandre de Moraes afirma ser necessária a presença dos 
seguintes requisitos para que o Estado seja obrigado a indenizar: ocorrência do 
dano; ação administrativa; existência de nexo causal entre o dano e a ação 
administrativa e ausência de causa excludente da responsabilidade estatal. 
 A possibilidade de responsabilizar o Estado pelos danos que seus agentes 
causarem a terceiros possui amparo no próprio texto constitucional, mais 
precisamente no artigo 37, § 6º, da CF/1988, que assim declara: 
§ 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus 
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de 
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
 Para que possamos responder mais facilmente às questões elaboradas 
pelas bancas examinadoras, principalmente do CESPE, é necessário que 
façamos um detalhamento das informações que podem ser extraídas do § 6º, 
do artigo 37, da CF/88. Avante! 
 
3.1. A abrangência da expressão “as pessoas jurídicas de direito 
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos” 
 Na expressão destacada acima, devemos incluir como pessoas jurídicas 
de direito público a União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal, as 
autarquias e as fundações públicas regidas pelo Direito Público. 
 Como pessoas jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviços 
públicos, incluímos as empresas públicas e sociedades de economia mista, 
desde que prestadoras de serviços públicos, e também as empresas 
privadas, mesmo não integrantes da Administração Pública, desde que 
prestem serviços públicos, a exemplo das concessionárias, permissionárias 
e autorizatárias de serviços públicos. 
Até o mês de agosto de 2009, prevalecia no Supremo Tribunal Federal 
o entendimento de que as pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos 
não poderiam ser responsabilizadas objetivamente pelos danos causados 
pelos seus agentes aos terceiros que não fossem usuários do serviço público 
prestado. 
 No julgamento do Recurso Extraordinário 262.651/SP, em 16/11/2004, 
de relatoria do Ministro Carlos Veloso, o STF decidiu que “a responsabilidade 
objetiva das prestadoras de serviço público não se estende a terceiros não-
usuários, já que somente o usuário é detentor do direito subjetivo de receber 
um serviço público ideal, não cabendo ao mesmo, por essa razão, o ônus de 
provar a culpa do prestador do serviço na causação do dano.” 
 Desse modo, se um ônibus pertencente a uma concessionária de serviço 
público de transporte coletivo urbano colidisse com um automóvel particular, a 
responsabilidade civil daquela seria de natureza subjetiva, isto é, o particular 
somente seria indenizado pelos prejuízos sofridos se provasse o dolo ou a 
culpa do motorista da empresa, já que não estava usufruindo dos serviços 
prestados pela mesma. 
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 Todavia, no julgamento do Recurso Extraordinário 591.874, em 
26/08/2009, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, o Supremo Tribunal 
Federal decidiu que “a Constituição Federal não faz qualquer distinção sobre a 
qualificação do sujeito passivo do dano, ou seja, não exige que a pessoa 
atingida pela lesão ostente a condição de usuário do serviço”. 
 Desse modo, passou a vigorar no Supremo Tribunal Federal o 
entendimento de que as pessoas jurídicas prestadoras de serviços públicos 
respondem objetivamente pelos danos que seus agentes causarem a 
terceiros, inclusive aqueles que não estejam usufruindo dos serviços 
prestados, a exemplo do particular que tem o seu carro atingido por um 
ônibus pertencente a concessionária prestadora de serviços públicos. 
 No concurso público para o cargo de Auditor de Controle Externo 
do TCE/ES, realizado em 2012, o CESPE considerou correta a seguinte 
assertiva: “Conforme entendimento do STF, com base na teoria do 
risco administrativo, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de 
direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente 
a terceiros usuários e não usuários do serviço”. 
 Além disso, não se esqueça de que as empresas públicas e sociedades de 
economia mista, exploradoras de atividades econômicas, não são 
alcançadas pelo § 6º, do artigo 37, da CF/1988. 
As empresas públicas e sociedades de economia mista, exploradoras de 
atividades econômicas (podemos citar como exemplo a Petrobrás, a Caixa 
Econômica Federal, o Banco do Brasil etc.), respondem pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros de acordo com as regras do Direito Privado, 
assim como acontece com os seus concorrentes no mercado. 
 Em virtude de responderem pelos danos causados pelos seus agentes em 
conformidade com as regras de direito privado, desde já, é necessário que 
você saiba que a responsabilidade de tais pessoas jurídicas será SUBJETIVA, 
ao contrário daquela preconizada no do § 6º, do artigo 37, da CF/1988, que é 
OBJETIVA, em regra. 
 
Para responder às questões do CESPE: A responsabilidadecivil objetiva da 
concessionária de serviço público alcança também não usuários do serviço por 
ela prestado (Procurador Federal/AGU 2010/CESPE). Assertiva 
considerada correta pela banca examinadora. 
 
3.2. A abrangência da expressão “pelos danos que seus agentes, 
nessa qualidade, causarem a terceiros” 
 A denominada “teoria do órgão”, elaborada pelo professor alemão Otto 
Friedrich von Gierke, declara que os atos praticados pelos agentes públicos são 
imputados ao Estado, já que este não possui condições de se expressar por 
conta própria e, portanto, se manifesta através de seus agentes. 
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 Sendo assim, quando um agente público, no exercício de suas funções 
administrativas, pratica um ato lesivo a outrem, é como se o próprio Estado o 
tivesse praticado e, por isso, deve então ser obrigado a indenizar. 
 Para que o ato praticado pelo agente público possa ser imputado ao 
Estado, é necessário que exista uma relação entre o ato e o serviço, ou seja, é 
essencial que o ato ou ação lesiva tenham sido praticados para o serviço ou 
durante a prestação do serviço público. Se a condição de agente público tiver 
contribuído de algum modo para a prática do ato danoso, ainda que 
simplesmente lhe proporcionando a oportunidade para o comportamento ilícito, 
responde o Estado pela obrigação de indenizar. 
 Ao referir-se a “agentes”, o constituinte não restringiu o alcance do 
texto constitucional somente aos servidores estatutários, incluindo também 
os celetistas (empregados das empresas públicas, sociedades de economia 
mista e das concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços 
públicos), os contratados temporariamente em razão de necessidade 
temporária de excepcional interesse público, bem como todos aqueles que 
exercem funções públicas, ainda que transitoriamente e sem remuneração, 
incluindo-se os agentes delegados (oficiais de cartório, por exemplo). 
 Fato importante, e que deve ser lembrando no momento da prova, é que 
os agentes públicos devem ter atuado na “condição de agente” ao causar o 
dano, pois, caso contrário, não será possível responsabilizar o Estado. 
 Exemplo: suponhamos que um servidor do Ministério da Fazenda tenha 
acabado de sair do trabalho, chegado em casa estressado e, ao encontrar a 
empregada doméstica, tenha lhe desferido vários “tabefes” na cara alegando 
que precisava descarregar em alguém o desgastante dia de trabalho. 
Pergunta para não zerar a prova: nesse caso, a União poderá ser 
responsabilizada pelos danos que o seu agente causou ao particular? 
 É lógico que não, pois o servidor do Ministério da Fazenda, naquele 
momento, não estava no exercício da função de agente público. Era apenas 
uma pessoa como outra qualquer. 
 Pergunta: e se o servidor, no dia seguinte, mas ainda estressado, 
tivesse se deslocado em um veículo da União para fazer um trabalho externo 
e, a 180 km por hora, colidisse com um veículo particular. Neste caso, como o 
servidor dirigia a 180km/h, a União poderá ser responsabilizada? 
É claro, pois o servidor estava no exercício de suas funções, 
independentemente da velocidade de condução do veículo. 
 Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino chamam a atenção 
para o fato de que é irrelevante se o agente atuou dentro, fora ou além de 
sua competência legal, pois se o ato foi praticado por alguém que se 
encontrava na condição de agente público já é suficiente para a caracterização 
da responsabilidade objetiva. 
 
 
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4. CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO 
 
 A responsabilidade civil do Estado, conforme apresentada no item 
anterior, apesar de objetiva, poderá ser abrandada ou afastada 
integralmente em algumas situações, vejamos: 
 
4.1. Culpa exclusiva da vítima 
 Ocorre a culpa exclusiva da vítima quando o dano existente é 
consequência de omissão ou ação do próprio particular que sofreu o dano, ou 
seja, sem a ação ou omissão da vítima do dano, não existiria o dano. Ora, 
se o particular deu causa ao dano que sofreu, deverá suportar sozinho o 
prejuízo. 
Exemplo: Imaginemos um indivíduo que, após terminar um longo 
relacionamento amoroso, desgostoso da vida, decide se jogar na frente de um 
trator de propriedade do município, que estava recapeando algumas ruas na 
cidade. Como consequência de tal ato, quebra as duas pernas e tem 10 dentes 
arrancados da boca. 
Pergunta: Quem deverá ser responsabilizado civilmente pelo tratamento 
médico e as demais despesas provenientes do ato insano praticado pelo 
particular? O próprio particular, é claro! Ademais, este ainda pode ser obrigado 
a ressarcir ao Município os possíveis danos causados ao trator. 
Lembre-se de que no citado exemplo será afastada a obrigatoriedade de 
o Município indenizar o particular porque foi rompido o NEXO CAUSAL, ou 
seja, o Município não deu CAUSA ao dano, pois foi o particular que se JOGOU 
embaixo do trator. 
O ônus de provar que a culpa é exclusiva do particular ou que este 
contribuiu com o evento danoso recai sobre o Estado (aqui a expressão inclui 
todas as entidades políticas). Caso este não consiga provar, deverá indenizar o 
dano sofrido pelo particular, mesmo não tendo sido o responsável direto pelo 
prejuízo 
 Em outras circunstâncias, em vez de ser afastada a responsabilidade 
civil do Estado, poderá ocorrer apenas um “abrandamento” em virtude da 
culpa concorrente do particular. 
A culpa concorrente ocorre quando o particular também contribui para o 
evento danoso, e, portanto, é responsabilizado proporcionalmente ao seu grau 
de participação no prejuízo causado. 
Exemplo: Suponhamos que, em uma via municipal, cuja velocidade 
máxima seja de 60km/h, um particular esteja conduzindo o seu veículo a 
130km/h. De repente, o particular depara-se com um bueiro destampado no 
meio da via e, na tentativa de desviar-se do buraco, perde a direção do veículo 
e colide-se contra um muro, destruindo completamente o veículo. 
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Pergunta: Neste caso, se o particular ingressar com uma ação judicial 
exigindo o pagamento integral do prejuízo referente ao veículo, o Município 
teria que pagar a integralidade, somente parte ou não poderia ser 
responsabilizado pelo dano? 
 É claro que nós não conhecemos todos os detalhes do caso, mas, de 
qualquer forma, já sabemos que o Município foi omisso ao permitir que o 
bueiro ficasse sem tampa de proteção, devendo, portanto, ser responsabilizado 
por isso. Por outro lado, o particular estava conduzindo o veículo em 
velocidade superior ao dobro da permitida para aquela via urbana. 
Provavelmente, se o particular estivesse em velocidade compatível para o 
local, o acidente sequer teria ocorrido. 
Sendo assim, o mais sensato é dividir o prejuízo proporcionalmente à 
participação de cada um no evento danoso,já que, nesse caso, existiu a 
denominada culpa concorrente. 
 No concurso público para o cargo de Técnico Judiciário do 
TRE/MS, realizado em 2013, o CESPE considerou correta a seguinte 
assertiva: “À semelhança do que ocorre no direto civil, o direito 
administrativo admite a culpa concorrente da vítima, considerando-a 
causa atenuante da responsabilidade civil do Estado”. 
 
4.2. Caso fortuito e força maior 
 Não existe consenso doutrinário ou mesmo jurisprudencial sobre as 
definições de caso fortuito e força maior. E para dificultar ainda mais a vida do 
concurseiro, a divergência também se estende à possibilidade de tais 
acontecimentos serem capazes ou não de excluir a responsabilidade civil do 
Estado. 
 Há algum tempo o Superior Tribunal de Justiça disponibilizou em seu site 
(www.stj.gov.br) um breve texto através do qual deixou claro que a existência 
de caso fortuito ou força maior devem ser analisadas em cada caso e, 
somente após tal análise, seria possível decidir sobre a possibilidade de tais 
eventos afastarem ou não a responsabilidade do Estado. 
 Analisemos um exemplo citado no referido texto apresentado no site do 
STJ: um motorista está dirigindo em condições normais de segurança. De 
repente, um raio atinge o automóvel no meio da rodovia e ele bate em outro 
carro. O raio é um fato natural. Se provar que a batida aconteceu devido ao 
raio, que é um acontecimento imprevisível e inevitável, o condutor não pode 
ser punido judicialmente, ou seja: não vai ser obrigado a pagar indenização ao 
outro envolvido no acidente. 
Ao demonstrar que a causa da batida não está relacionada com o 
veículo, como problemas de manutenção, por exemplo, fica caracterizada a 
existência de caso fortuito ou força maior. 
 
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No exemplo anterior, destaca-se que o STJ reuniu o caso fortuito e a 
força maior dentro de um único conceito, como se fossem expressões 
sinônimas, posicionamento também defendido pelo professor José dos Santos 
Carvalho Filho, ao afirmar que “são fatos imprevisíveis aqueles eventos que 
constituem o que a doutrina tem denominado de força maior e de caso 
fortuito. Não distinguiremos estas categorias, visto que há grande divergência 
doutrinária na caracterização de cada um dos eventos. Alguns autores 
entendem que a força maior é o acontecimento originário da vontade do 
homem, como é o caso da greve, por exemplo, sendo o caso fortuito o evento 
produzido pela natureza, como os terremotos, as tempestades, os raios e os 
trovões”. 
Repita-se: De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de 
Justiça, bem como do Professor José dos Santos Carvalho Filho, caso fortuito 
e força maior representam a mesma coisa, ou seja, um acontecimento 
imprevisível e inevitável. 
 A doutrina tradicional entende que a FORÇA MAIOR caracteriza-se por 
um evento da natureza, imprevisível, irresistível e inevitável, tais como 
enchentes, terremotos, furacões, entre outros. 
Por outro lado, o CASO FORTUITO estaria relacionado a condutas 
culposas ou dolosas de terceiros, da mesma forma, imprevisíveis, 
irresistíveis, inevitáveis e independentes da vontade das partes. Podemos citar 
como exemplo os criminosos arrastões, guerras, greves ou invasões a locais 
públicos. 
 Independente da corrente conceitual que se adote, existe consenso em 
um único ponto: o caso fortuito e o evento de força maior são acontecimentos 
externos à atuação administrativa, o que faz com que a sua ocorrência, 
numa situação em que houve alguma atuação administrativa causando dano 
para o particular, exclua o nexo causal entre a atuação e o dano. 
 Voltemos ao exemplo do automóvel que foi atingido por um raio. 
Suponhamos que o veículo integrasse o patrimônio da União e que, no 
momento que um agente se dirigia para uma fiscalização em uma empresa 
privada, tenha sido atingido por um raio, fato que fez com que o motorista 
perdesse o controle e atingisse outro veículo. 
Ora, neste caso, a União não poderia ser responsabilizada civilmente, 
pois foi o evento natural (raio) que deu origem ao acidente, quebrando-se 
assim o nexo causal entre a atuação do Estado e o dano causado ao veículo do 
particular. 
Se alguém tem que ser responsabilizado pelo dano, esse seria São Pedro 
(sem comentários ...), pois foi o responsável pelo envio do raio que caiu no 
veículo do Estado e que, consequentemente, causou o acidente. Se o veículo 
não tivesse sido atingido pelo raio, o acidente não teria acontecido. 
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Para responder às questões de prova: Nesse caso, você não precisa se 
preocupar em definir o evento como de força maior ou caso fortuito. Volto a 
repetir: basta que você entenda que o prejuízo ao veículo do particular ocorreu 
em virtude do raio e não de um “querer” do Estado, pois este não teve como 
evitá-lo. 
 
 Como se não bastassem todas as divergências apresentadas até o 
momento, é necessário ainda que você tenha conhecimento das definições dos 
professores Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Zanella Di Pietro, 
citadas no livro dos professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino. 
 Os professores acima entendem que podem ser incluídos como eventos 
de FORÇA MAIOR os eventos da natureza e também os atos de terceiros, 
desde que imprevisíveis, irresistíveis e inevitáveis e que não tenham relação 
com a atuação do Estado. Sendo assim, poderiam ser citados como exemplos 
de força maior uma enchente, um terremoto, um arrastão, uma guerra, etc. 
Como o Estado não deu causa aos citados exemplos, não há nexo causal 
que ligue o Estado aos danos sofridos pelos particulares. Portanto, caso o 
particular tenha sofrido um dano proveniente de força maior, não há 
possibilidade de atribuir ao Estado tal responsabilidade. 
Sobre o CASO FORTUITO, os professores entendem que se trata de um 
evento interno à própria atuação administrativa, mas que, pela sua 
imprevisibilidade e inevitabilidade, gerou um resultado também totalmente 
imprevisto e imprevisível. 
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo esclarecem que o caso fortuito seria 
sempre um evento interno, ou seja, decorrente de uma atuação da 
Administração. O resultado dessa atuação é que seria inteiramente anômalo, 
tecnicamente inexplicável e imprevisível. Assim, na hipótese de caso fortuito, 
todas as normas técnicas, todos os cuidados relativos à segurança, todas as 
providências exigidas para a obtenção de um determinado resultado foram 
adotadas, mas, não obstante isso, inexplicavelmente, o resultado ocorre de 
forma diversa da prevista e previsível. 
Nessa hipótese, o caso fortuito não teria o condão de afastar a 
reponsabilidade civil do Estado, pois o dano teria ocorrido diretamente de 
sua atuação, apesar de inexistir qualquer culpa no dano existente. 
Tenho certeza de que você deve estar se perguntando: e para 
responder às questões de prova, qual posicionamento devo adotar? 
 Essa é uma pergunta difícil de responder. Para ser sincero, não tenho 
visto questões de Direito Administrativo exigindo a diferença entre esses dois 
institutos. De qualquer forma, já está pacificado o entendimento de que o 
evento de força maior exclui a responsabilidade civildo Estado. 
 
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 Em relação ao caso fortuito, no concurso público para o cargo de 
Técnico Administrativo da ANAC, realizado em 2012, o CESPE considerou 
incorreta a seguinte assertiva: “O caso fortuito, como causa excludente da 
responsabilidade civil do Estado, consiste em acontecimento imprevisível, 
inevitável e completamente alheio à vontade das partes, razão por que não 
pode o dano daí decorrente ser imputado à administração”. 
 
5. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM VIRTUDE DA OMISSÃO 
DE SEUS AGENTES 
 
Tenha muita atenção ao responder às questões de concursos públicos, 
pois as bancas tendem a elaborar questões afirmando que a responsabilidade 
do Estado sempre será objetiva, o que está incorreto. 
Na prática, os particulares podem sofrer danos em virtude de condutas 
comissivas (ações) praticadas pelos agentes públicos, bem como em virtude de 
omissões (deixar de fazer) estatais. Ocorrendo quaisquer dessas hipóteses, o 
Estado estará obrigado a indenizar. 
Nos danos oriundos de uma ação praticada por agente público, incluindo 
os agentes delegados, a responsabilidade será OBJETIVA, mas, nos danos 
provenientes de uma omissão estatal, a responsabilidade passa a ser 
SUBJETIVA, ou seja, será necessário que o particular comprove o dolo e/ou a 
culpa do Estado na omissão a fim de que seja indenizado. 
Esse é o posicionamento defendido pelo professor Celso Antônio Bandeira 
de Mello, ao afirmar que a expressão "causarem" do artigo 37, parágrafo 6.º, 
da CF/88, somente abrange os atos comissivos, e não os omissivos, afirmando 
que estes últimos somente "condicionam" o evento danoso. 
O professor ainda destaca que “quando o dano foi possível em 
decorrência de uma omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou 
tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade 
subjetiva. Com efeito, se o Estado não agiu, não pode, logicamente, ser o 
autor do dano. E se não foi o autor, só cabe responsabilizá-lo caso esteja 
obrigado a impedir o dano. Isto é, só faz sentido responsabilizá-lo se 
descumpriu dever legal que lhe impunha obstar o evento lesivo. 
Deveras, caso o Poder Público não estivesse obrigado a impedir o 
acontecimento danoso, faltaria razão para impor-lhe o encargo de suportar 
patrimonialmente as conseqüências da lesão. Logo, a responsabilidade estatal 
por ato omissivo é sempre responsabilidade por comportamento ilícito. E sendo 
responsabilidade por ilícito, é necessariamente responsabilidade subjetiva, pois 
não há conduta ilícita do estado que não seja proveniente de negligência, 
imprudência ou imperícia (culpa) ou, então, deliberado propósito de violar a 
norma que o constituía em dada obrigação (dolo). Culpa e dolo são justamente 
modalidades de responsabilidade subjetiva. 
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Diante desse contexto, é possível citar vários exemplos em que a 
responsabilidade do Estado será subjetiva em virtude de omissões constatadas 
e provadas: 
 Exemplo: Imaginemos o caso de uma árvore centenária, com vinte 
metros de altura e dez metros de diâmetro, localizada em uma praça no centro 
da cidade. Suponhamos agora que, há vários meses, os moradores próximos à 
praça estão reivindicando o corte da árvore em virtude de estar infestada de 
cupins e ameaçando cair. Para tanto, foram protocoladas diversas petições 
administrativas individuais e coletivas, mas o Município nunca tomou qualquer 
providência. Ressalta-se ainda que o risco de queda da árvore também tenha 
sido noticiado em jornais escritos e televisivos de toda a região, mas, apesar 
disso, o Município continuou inerte. 
Imaginemos agora que, num certo dia, um turista resolve parar o seu 
veículo debaixo dessa árvore e, para a sua surpresa, a árvore “desaba” em 
cima de seu carro. 
 Ora, nesse exemplo, está claro que a árvore somente caiu em cima do 
carro do turista porque o Município foi omisso. Apesar de todas as 
manifestações dos moradores exigindo providências, o Município nada fez. 
 Sendo assim, para que o turista seja ressarcido dos prejuízos causados 
ao seu veículo, deverá provar a omissão do Estado, ou seja, deverá comprovar 
o dolo e/ou a culpa (negligência, imprudência ou imperícia) do Município no 
evento danoso. 
 Pergunta: Mas como deverá proceder o turista para provar tal fato? 
Ora, nesse caso ele terá que bater de porta em porta, em toda a vizinhança, 
para saber se alguém possui cópia das petições administrativas que foram 
protocoladas perante o Município, cópia dos jornais noticiando o risco de 
queda, entre outros, além de poder ainda colher o nome de alguns moradores 
para servirem de testemunhas (prova) no desenvolvimento do processo. 
 Outro exemplo bastante comum em prova é o caso de danos 
provenientes de enchentes, conseqüência de chuvas acima da média. 
Pergunta: Nesse caso, o Estado poderá ser responsabilizado civilmente 
pelos danos que a enchente causar aos particulares? Depende. 
 Se ficar comprovado que o Estado foi omisso, ou seja, que não efetuou 
a limpeza dos bueiros de escoamento da água, permitindo o acúmulo de lixo e, 
consequentemente, o seu entupimento, poderá, sim, ser responsabilizado, 
desde que o particular lesado comprove o dolo e/ou a culpa do Estado. Nessa 
hipótese, a responsabilidade do Estado será SUBJETIVA. 
 Entretanto, se os danos provenientes da enchente ocorreram em virtude 
do real excesso de chuvas, já que recentemente o Estado havia efetuado a 
limpeza de todo o sistema de escoamento de água, mantendo-o em perfeitas 
condições de funcionamento, teremos então a hipótese de FORÇA MAIOR (já 
que se trata de um evento EXTERNO, estranho a qualquer atuação do Estado) 
e, portanto, será excluída a responsabilidade estatal. 
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6. SITUAÇÕES ESPECIAS ABRANGIDAS PELA RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA 
 
6.1. Responsabilidade por dano nuclear 
 O artigo 21, XXI, da Constituição de 1988, declara expressamente que 
compete à União explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer 
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o 
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios nucleares e seus derivados. 
Todavia, na alínea “d” do mesmo dispositivo, consta que a 
responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa, 
ou seja, trata-se de responsabilidade objetiva. 
Informação importante e que deve ser assimilada para responder às 
questões de prova, refere-se ao fato de que, apesar de a Constituição Federal 
de 1988 não estabelecer expressamente, a responsabilidade civil daqueles que 
causarem danos nucleares a outrem será regida pela teoria do risco 
integral. 
Isso significa que permanecerá a obrigação de indenizar até mesmo nos 
casos de inexistência de nexo causal entre a ação/omissãodo Estado ou 
particular e o dano causado. 
Trata-se de uma hipótese excepcional e extremada de responsabilização 
civil, pois não prevê excludentes de responsabilidade, nem mesmo nos casos 
de culpa exclusiva de terceiros, da vítima, caso fortuito ou de força maior. 
Outra informação importante é o fato de que até mesmo o 
PARTICULAR, mesmo não sendo prestador de serviços públicos, 
responderá objetivamente pelos danos nucleares que causar a terceiros. 
Apesar de ser um tema novo e instigante, penso que essas são as únicas 
informações que você precisa saber para acertar as questões de concursos 
relativas a este item. 
Para responder às questões do CESPE: A teoria do risco integral somente é 
prevista pelo ordenamento constitucional brasileiro na hipótese de dano 
nuclear, caso em que o poder público será obrigado a ressarcir os danos 
causados, ainda que o culpado seja o próprio particular (Advogado/CEF 
2010/CESPE). Assertiva considerada correta pela banca examinadora. 
 
6.2. Danos de obra pública 
 
A responsabilidade do Estado por danos decorrentes de obras públicas 
pode ser do tipo OBJETIVA ou SUBJETIVA. 
 
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 Quando o dano ao particular ocorrer em função do só fato da obra, a 
responsabilidade do Estado será do tipo OBJETIVA, na modalidade do risco 
administrativo, independentemente se a obra está ou estava sendo realizada 
pelo próprio Estado ou por particulares contratados. 
 Ocorre dano pelo só fato da obra quando o prejuízo é proveniente da 
própria natureza da obra, seja pela sua duração, execução ou extensão. Como 
o Estado foi o responsável pela decisão governamental que originou a 
realização da obra, ele deve ser o responsável por eventuais danos advindos 
de sua execução. 
 Conforme esclarece o professor Hely Lopes Meirelles, se na abertura de 
um túnel ou de uma galeria de águas pluviais, o só fato da obra causa danos 
aos particulares (erro de cálculo, por exemplo), por estes danos, responde 
objetivamente a Administração que ordenou os serviços; se, porém, o dano é 
produzido pela imperícia, imprudência ou negligência do construtor na 
execução do processo, a responsabilidade originária é da Administração, como 
dona da obra, mas pode ela haver do executor culpado tudo quanto pagou à 
vítima. 
 Esse é um ponto importante e que merece uma maior atenção: se o 
dano puder ser atribuído ao EXECUTOR da obra, em virtude da má-
execução do contrato administrativo, a responsabilidade será SUBJETIVA, 
ou seja, deverá ser comprovada a negligência, imprudência ou imperícia do 
EXECUTOR para que ocorra a sua responsabilização civil. 
Contudo, se o Estado, por algum motivo, decidir indenizar o particular 
pelo dano sofrido, poderá propor ação regressiva em face do executor para 
reaver os recursos financeiros utilizados no pagamento. Veja o exemplo de 
uma questão que confirma o que acabou de ser exposto: 
Para responder às questões do CESPE: Se uma empresa contratada pela União 
para executar uma obra causar danos a terceiro, em razão da execução do serviço, 
será civilmente responsável pela reparação dos danos, a qual deverá ser apurada de 
forma subjetiva (Analista – Direito/SERPRO 2008/CESPE). Assertiva 
considerada correta pela banca examinadora. 
 
 
6.3. Atos Legislativos 
 Como estudamos anteriormente, o Estado responde pelos 
comportamentos lícitos e ilícitos praticados pelos agentes do Poder Executivo 
que causarem danos a terceiros. Todavia, em regra, os atos legislativos 
editados pelos representantes do povo não geram responsabilidade para o 
Estado. 
 Os autores que defendem esse posicionamento afirmam que a aceitação 
da possibilidade de responsabilizar o Estado por atos legislativos implicaria em 
retirar a soberania desse Poder. Entretanto, entendo que a soberania do 
Legislativo não deixa de existir, da mesma forma que o Executivo também é 
Poder e não se cogita de falta de soberania quando o Estado responde pelos 
atos praticados pelos seus agentes. 
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Isso porque o Estado é UNO e as funções estatais são apenas 
instrumentos utilizados pelo povo a fim de que o poder possa ser exercido de 
forma igualitária e mais ágil. 
Dessa forma, o Estado pode sim ser responsabilizado, em algumas 
situações especiais, pelos atos danosos oriundos do Legislativo, da mesma 
forma que já o é pelos atos do outros dois Poderes. 
Para responder às questões do CESPE: Segundo o entendimento da 
doutrina dominante para “fins de concursos públicos”, atualmente o Estado 
somente pode ser responsabilizado pela edição de leis inconstitucionais ou 
leis de efeitos concretos. 
Apesar de o Poder Legislativo exercer parcela da soberania do Estado ao 
legislar, é necessário que tais atos legislativos sejam editados em 
conformidade com as normas constitucionais, pois, caso contrário, ocorrendo o 
desrespeito ao texto constitucional, surge a obrigação de indenizar. 
É válido ressaltar que, para que o particular possa pleitear indenização 
em virtude de lei inconstitucional, é necessário que exista pronunciamento 
expresso do Supremo Tribunal Federal. 
Da mesma forma, as leis de efeitos concretos (aquelas que não 
possuem caráter normativo, generalidade, impessoalidade ou abstração – 
citam-se como exemplos aquelas famosas leis municipais que modificam 
nomes de ruas), se causarem danos aos particulares, geram para o Estado o 
dever de indenizar. 
 
6.4. Atos judiciais 
 Assim como ocorre em relação aos atos legislativos, a regra é a de que 
não será possível responsabilizar o Estado pelos atos jurisdicionais 
praticados pelos juízes, desde que no exercício de suas funções típicas (a de 
julgar). 
Entretanto, o próprio inciso LXXV, do artigo 5º, da CF/88, apresenta 
duas exceções, ao estabelecer que o “Estado indenizará o condenado por 
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na 
sentença”. 
O erro judiciário e o excesso de prisão acarretarão indenização por danos 
materiais (danos emergentes e lucros cessantes), devendo recompor a 
situação anterior do prejudicado, e também por danos morais, uma vez que 
são óbvios os seus efeitos psicológicos, em face do ferimento frontal do direito 
à liberdade e à honra, conforme ressalta o professor Alexandre de Moraes. 
 É válido ressaltar que a exceção prevista no texto constitucional alcança 
somente a esfera penal, excluindo a esfera cível. Contudo, a fim de ser 
indenizado pelos danos sofridos na esfera penal, o particular deverá pleitear o 
seu direito na esfera cível, através de ação judicial própria. 
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Para responder às questões do CESPE: Os atos judiciais não geram 
responsabilidade civil do Estado (Analista de Comércio Exterior/MDIC 
2009/CESPE). Assertiva considerada incorreta pela banca 
examinadora. 
 
6.5. Coisas oupessoas sob a responsabilidade do Estado 
 Eis aqui outro ponto polêmico e que já tem despertando a atenção das 
bancas examinadoras no momento da elaboração de questões. 
Sabemos que, em diversos momentos, o Estado assume a 
responsabilidade pela “guarda” de pessoas, animais ou coisas, como se 
verifica, por exemplo, em relação aos indivíduos que cumprem pena em 
presídios, àqueles que estão internados em manicômios, aos alunos de uma 
escola pública, às mercadorias que foram retidas por algum órgão ou entidade 
pública e que se encontram em depósitos públicos etc. 
Sendo assim, o Estado possui responsabilidade OBJETIVA pelos danos 
que as pessoas, coisas ou animais sofrerem enquanto estiverem sob a sua 
“guarda”, exceto se tal dano ocorrer em virtude de caso fortuito ou 
força maior, já que esses são eventos imprevisíveis e irresistíveis, que fogem 
ao controle do Estado. 
 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello exemplifica tal 
responsabilidade afirmando que, se um detento fere outro, o Estado 
responde objetivamente, pois cada um dos presidiários está exposto a uma 
situação de risco inerente ao ambiente em que convivem e, portanto, o Estado 
deve zelar pela integridade física e moral de cada um deles. 
Mas, se um raio vier a matar um detento, a responsabilidade desloca-se 
para o campo da culpa administrativa, deixando de ser objetiva, por inexistir 
conexão lógica entre o evento raio e a situação de risco vivida pelo 
desafortunado. A responsabilidade advirá se eventualmente ficar comprovado 
que as instalações capazes de impedir o evento (pára-raios) não existiam, 
foram mal projetadas ou estavam mal conservadas. 
 
7. RESPONSABILIDADE CIVIL E PRAZO QUINQUENAL 
 
 Apesar de o Estado poder ser responsabilizado pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros, a ação judicial que pode ser proposta com tal 
finalidade prescreve em cinco anos, contados da ocorrência do ato ou fato. 
 Tal previsão está expressa no artigo 1º do Decreto 20.910/32: “As 
dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja 
qual for a sua natureza, prescrevem em (cinco) anos, contados da data do 
ato ou fato do qual se originarem”. 
 
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 No concurso público para o cargo de Juiz do Tribunal Regional 
Federal da 1ª Região, realizado em 2011, o CESPE considerou incorreta 
a seguinte assertiva: “Segundo o STJ, as ações por responsabilidade 
civil do Estado não se submetem ao prazo prescricional de cinco anos”. 
Apesar de o particular possuir apenas o prazo de 05 (cinco) anos para 
pleitear indenização em virtude de danos causados pelo Estado, este não 
possui prazo para cobrar o ressarcimento de prejuízos ou danos causados ao 
seu patrimônio em virtude de comportamento culposo ou doloso de seus 
agentes, servidores ou não, conforme estabelece o § 5º do artigo 37 da 
CF/88: 
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados 
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, 
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
 
O Superior Tribunal de Justiça, em dezembro de 2008, reafirmou que as 
ações de ressarcimento ao erário por danos decorrentes de atos de 
improbidade administrativa são imprescritíveis. A conclusão da Segunda 
Turma foi tomada durante o julgamento do recurso especial nº 1069779, 
seguindo, por unanimidade, o entendimento do ministro Herman Benjamin, 
que foi o relator (o primeiro juiz do Tribunal a emitir a sua opinião sobre o 
processo) da questão. 
Para o relator, o artigo 23 da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 
8.429/1992) - que prevê o prazo prescricional de cinco anos para a aplicação 
das sanções previstas nessa lei - disciplina apenas a primeira parte do 
parágrafo 5º, do artigo 37, da Constituição Federal, já que, em sua parte final, 
a norma constitucional teve o cuidado de deixar ressalvadas as respectivas 
ações de ressarcimento, o que é o mesmo que declarar a sua 
imprescritibilidade. 
Dessa forma, concluiu-se que prescreve em cinco anos a punição do ato 
ilícito, mas a pretensão de ressarcimento pelo prejuízo financeiro (pecuniário) 
causado ao erário é imprescritível. 
O entendimento é de que o prazo de cinco anos é apenas para aplicação 
de pena (suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, proibição 
de contratar com o Poder Público etc.), não para o ressarcimento dos danos 
financeiros aos cofres públicos. 
 
8. AÇÃO REGRESSIVA EM FACE DO AGENTE PÚBLICO RESPONSÁVEL 
PELO DANO 
 Conforme já foi exposto, o Estado pode ser responsabilizado civilmente 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Sendo 
assim, caso o particular tenha sofrido algum prejuízo em razão de uma ação 
ou omissão de agente público estatal, deverá exigir o respectivo ressarcimento 
diretamente do Estado, e não do agente público. 
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 Como o Estado responderá objetivamente pelos danos causados pelos 
seus agentes, a própria CF/1988 assegura, na parte final do § 6º, do artigo 37, 
o direito de o Estado tentar reaver o valor indenizatório que foi pago ao 
particular, podendo propor contra o agente público a denominada ação 
regressiva. 
 Apesar de tal possibilidade estar prevista diretamente no texto 
constitucional, é necessário que o Estado comprove em juízo que o agente 
público agiu com DOLO ou CULPA ao causar o dano ao particular, pois, caso 
contrário, o agente não será obrigado a devolver aos cofres públicos o valor 
pago ao particular pelo Estado, já que responde SUBJETIVAMENTE. 
 Para que o Estado possa propor a referida ação regressiva, 
primeiramente, é necessário que comprove já ter indenizado o particular, 
pois essa é uma condição obrigatória. Trata-se de um requisito lógico, pois, se 
o Estado ainda não pagou ao particular qualquer tipo de indenização, como 
poderá exigir do agente público o ressarcimento de um prejuízo que nem 
experimentou ou sequer sabe o valor? 
 Muito cuidado ao responder às questões de concursos, pois a simples 
existência do trânsito em julgado de sentença condenando o Estado a pagar ao 
particular a indenização, por si só, não é suficiente para fundamentar a 
propositura da ação regressiva. Além do trânsito em julgado, é necessário 
ainda que já tenha ocorrido o efetivo pagamento ao particular. 
 Vamos citar um exemplo simples, capaz de explicar melhor o que acaba 
de ser exposto: 
 Exemplo: Suponhamos que uma ambulância do Estado, conduzida por 
um agente público, que trafegava normalmente por uma avenida, tenha se 
envolvido em um acidente com um veículo particular, no qual ambos tiveram 
danos materiais. Como a discussão entre os motoristas começou a ficar 
acalouradada, ambos decidiram contactar a Perícia de Trânsito a fim de que 
fosse emitido um laudo pericial, declarando as razões que motivaram tal 
acidente e pudesse ser definida a culpa pelo mesmo. 
 Na data combinada para a entrega do laudo pericial oficial, foi divulgado 
o resultado, todavia, ao analisá-lo, verificou-se a impossibilidade de 
definição da culpa pelo acidente“em razão das circunstâncias do evento”. 
 De posse do referido laudo pericial, o particular ingressou com uma ação 
judicial pleiteando do Estado o ressarcimento dos danos causados ao seu 
automóvel. 
Pergunta 1: Neste caso, com base no laudo pericial apresentado pelo 
Perito, o particular teria direito a receber indenização pelos danos sofridos? 
 Sim, pois a responsabilidade do Estado pelos danos que seus agentes 
causarem a terceiros, em regra, é OBJETIVA, ou seja, dispensa a comprovação 
de DOLO ou CULPA. Sendo assim, como o laudo pericial não afirmou que a 
culpa era exclusiva do particular, ou melhor, sequer definiu de quem seria a 
culpa, presume-se que seja do Estado. 
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 Pergunta 2: Suponhamos que o Estado tenha sido condenado a pagar 
ao particular R$ 10.000,00 (dez mil reais) em virtude do dano causado pelo 
motorista da ambulância. Nesse caso, o Estado conseguirá êxito em uma 
possível ação de ressarcimento proposta em face do agente público? 
 Não, pois, conforme expresso no laudo pericial, não é possível 
determinar qual dos motoristas foi o responsável pelo acidente, muito menos 
se o agente agiu com dolo ou culpa, e, sendo assim, o Estado é que assumirá 
integralmente o prejuízo. 
 Pergunta 3: Suponhamos que, ao ser citado para responder à ação de 
indenização proposta pelo particular, o Estado tenha decidido denunciar à lide 
(incluir no processo) o motorista da ambulância, alegando que ele foi o 
responsável pelo acidente e, portanto, deveria participar do processo e ser 
responsabilizado pelo pagamento do prejuízo causado ao particular. Nesse 
caso, o Estado estaria agindo de forma correta, em conformidade com o 
entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência? 
Não. Segundo entendimento da doutrina e jurisprudência majoritárias 
(adotada pelas bancas examinadoras), não pode haver denunciação à lide do 
agente público, já que o pedido do particular em face do Estado está amparado 
na RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Já a responsabilidade do agente em 
face do Estado, está amparada na RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. 
O próprio Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei 8.112/90) 
declara que, ocorrendo danos causados a terceiros, o servidor deverá 
responder perante a Fazenda Pública mediante AÇÃO REGRESSIVA (artigo 
122, § 2º) e, portanto, não há que se falar em denunciação à lide. 
Para responder às questões do CESPE: Segundo a jurisprudência 
majoritária do STJ, nas ações de indenização fundadas na responsabilidade 
civil objetiva do Estado, é obrigatória a denunciação à lide do agente 
supostamente responsável pelo ato lesivo, até mesmo para que o poder 
público possa exercer o direito de regresso (Advogado/CEF 2010/CESPE). 
Assertiva considerada incorreta pela banca examinadora. 
Outro ponto que merece destaque é o fato de que a ação regressiva, nos 
termos do artigo 5º, XLV, da CF/88, transmite-se aos herdeiros, até o limite 
da herança recebida, ou seja, mesmo após a morte do agente público, o seu 
patrimônio responde pela dano. 
 
9. RESPONSABILIDADES ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL DOS 
AGENTES PÚBLICOS 
 
 Quando o agente público, no exercício de suas funções, praticar alguma 
irregularidade, algum ato violador do ordenamento jurídico vigente, poderá ser 
obrigado a responder a um processo administrativo, um processo cível e outro 
na esfera penal, simultaneamente, já que essas esferas são independentes 
entre si. 
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Em regra, não há vinculação entre as sanções administrativas, civis e 
penais e, portanto, elas poderão cumular-se. Da mesma forma, os processos 
em cada esfera poderão tramitar isoladamente, não sendo necessário, por 
exemplo, aguardar o julgamento da esfera judicial cível a fim de que seja 
proferida a decisão administrativa. 
 É possível que exista a responsabilidade civil sem que haja 
responsabilidade penal ou administrativa. Pode ainda haver a responsabilidade 
administrativa, sem que ocorra conjuntamente a responsabilidade penal ou 
civil. 
Em razão da independência das instâncias, a Administração pode aplicar 
a penalidade administrativa de demissão ao servidor, por exemplo, mesmo 
antes de ter sido julgada a ação penal. Entretanto, caso o servidor seja 
absolvido posteriormente por sentença penal que negue que ele seja o autor 
do possível crime (negativa de autoria) ou, ainda, que declare a inexistência do 
fato criminoso, deverá ser reintegrado ao cargo anteriormente ocupado, com 
direito à recepção de todas as vantagens financeiras a que teria direito se 
estivesse trabalhando. 
 
9.1. Responsabilidade Civil 
 Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, a responsabilidade 
civil é a imputação, ao servidor, da obrigação de reparar o dano que tenha 
causado à Administração ou a terceiros, em decorrência de conduta dolosa ou 
culposa, de caráter comissivo ou omissivo, tratando-se de responsabilidade 
SUBJETIVA. 
 A obrigação de o servidor reparar pecuniariamente o dano causado pode 
lhe ser exigida de uma só vez ou de forma parcelada, sendo possível o 
desconto de cada parcela nos vencimentos mensais do servidor, desde que 
com a sua expressa concordância e nos termos previstos em lei. 
 O Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei 8.112/90) estabelece 
que, nos casos de parcelamento, o valor de cada parcela não poderá ser 
inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou 
pensão do agente público. 
 
9.2. Responsabilidade penal 
 A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas 
ao servidor, nessa qualidade. Existe a possibilidade, conforme informado 
acima, de o servidor ser condenado apenas na esfera penal. 
Entretanto, se o ilícito penal acarretar prejuízos à Administração, poderá 
também ser condenado na esfera cível pela prática do mesmo ato, que 
repercutiu em outra esfera. 
 
 
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9.3. Responsabilidade administrativa 
 A responsabilização administrativa poderá ocorrer em consequência de 
condutas comissivas ou omissivas que configurem violação às normas 
previstas no estatuto dos próprios servidores, a exemplo da Lei 8.112/90. 
Antes de ser condenado na esfera administrativa, deverá ser assegurado 
ao servidor o direito ao contraditório e a ampla defesa, garantias previstas 
expressamente no texto constitucional, em processo administrativo próprio. 
 É válido destacar ainda que o servidor condenado na esfera 
administrativa tem o direito de rediscutir a penalidade aplicada no âmbito do 
poder judiciário, que está restrito à análise da legalidade, pois não pode ter 
ingerência nos critérios de conveniência, oportunidade ou justiça dos atos 
punitivos da Administração. 
 
9.4. Efeitos da decisão penal nas esferas civil e administrativa 
Certamente, este é um dos tópicosmais cobrados em concursos 
públicos, independentemente da banca responsável pela elaboração das 
questões. Sendo assim, é necessário que você tenha bastante atenção aos 
detalhes que serão narrados a seguir, para não correr o risco de errar uma 
questão em prova. 
1º) A decisão penal condenatória só causa reflexo na esfera civil da 
Administração se o fato ilícito penal se caracterizar também como fato ilícito 
civil. Exemplo: Se um servidor for condenado pela prática do crime de dano 
(artigo 163 do CP) contra bem público, tal decisão provocará reflexo na esfera 
civil, pois a Administração teve um prejuízo real ao seu patrimônio e, portanto, 
o servidor estará obrigado a reparar o dano. 
 - É válido ressaltar que, em regra, a esfera penal não vincula a esfera 
administrativa. 
2º) Em se tratando de decisão penal condenatória por crime funcional 
(aquele que tem relação com os deveres administrativos), sempre haverá 
reflexo na esfera administrativa, já que tal conduta deverá ser considerada 
também um ilícito administrativo. Exemplo: Se o servidor é condenado pelo 
crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), terá implicitamente cometido um 
ilícito administrativo, como aquele previsto no artigo 117,XII, da Lei 8.112/90 
(receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em 
razão de suas atribuições) e, portanto, deverá ser condenado nas duas 
esferas. 
 - Nesse caso, a esfera penal irá vincular obrigatoriamente a esfera 
administrativa. 
3º) Se a decisão na esfera penal afirmar a INEXISTÊNCIA DO FATO 
atribuído ao servidor ou a NEGATIVA DE AUTORIA (declarar que o servidor 
não foi o autor do crime), deverá ser reproduzida necessariamente na esfera 
administrativa, ou seja, caso o servidor seja absolvido na esfera penal nas 
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duas situações citadas, deverá também ser absolvido na esfera administrativa, 
OBRIGATORIAMENTE. 
 - Caso o servidor já tenha sido demitido administrativamente no 
momento do trânsito em julgado da decisão penal, deverá ser reintegrado ao 
cargo anteriormente ocupado, após a anulação da demissão. 
4º) Se a decisão na esfera penal absolver o servidor por 
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS quanto à autoria, por exemplo, não ocorrerá 
a vinculação da esfera administrativa e, se as provas existentes forem capazes 
de configurar um ilícito administrativo, poderá então ser condenado na 
esfera administrativa. É o que a doutrina denomina de conduta residual. 
 - EXEMPLO: Se um servidor for absolvido da suposta prática de crime 
de peculato (artigo art. 312 do CP), por insuficiência de provas quanto à sua 
participação no fato criminoso, nada impede, porém, que seja punido na esfera 
administrativa por ter atuado de forma desidiosa, ilícito administrativo 
previsto no artigo 117, XV, da Lei 8.112/90, que constitui conduta residual 
independente do crime de peculato. 
5º) Se o servidor é condenado a crime que não tenha relação com a 
função pública, nenhuma influência haverá na esfera administrativa quando a 
pena não impuser a perda da liberdade. Se a privação da liberdade ocorrer, 
surgem duas hipóteses distintas: 
 - Se a privação da liberdade for por tempo inferior a 04 (quatro) 
anos, o servidor ficará afastado de seu cargo ou função, assegurado o direito 
de a família receber o auxílio-reclusão; 
 - Se a privação da liberdade é superior a 04 (quatro) anos, ocorrerá a 
perda do cargo, função pública ou mandato eletivo. Com relação a este último, 
é válido ressaltar que devem ser observadas as regras do artigo 55, VI, 
combinadas com a regra do § 2º do mesmo artigo, todos eles da Constituição 
Federal de 1988. 
A decisão final sobre a perda do mandato eletivo fica sob a 
responsabilidade da Câmara dos Deputados ou Senado Federal, dependendo 
do caso. 
 
No mais, esses são os principais tópicos que você deve saber 
sobre a responsabilidade civil do Estado. Depois de assimilado o 
conteúdo ministrado, penso que dificilmente você errará uma questão 
de concurso público sobre o assunto. 
 
Simbora para o fórum de dúvidas! 
 
Bons estudos! 
 
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SUPER R.V.P. 
1. A CF/88 adotou a teoria do risco administrativo e não a do risco integral; 
2. A teoria do risco administrativo admite excludentes de responsabilidade 
em relação ao Estado, tais como a culpa exclusiva da vítima, o caso fortuito e 
força maior; 
3. A teoria do risco integral não admite excludentes de responsabilidade; 
4. A responsabilidade civil do Estado pelos danos que seus agentes causarem a 
terceiro é de natureza OBJETIVA; 
5. As pessoas jurídicas de direito privado, desde que prestadoras de serviços 
públicos (como as concessionárias, por exemplo), respondem objetivamente 
pelos danos que seus agentes causarem aos usuários ou não-usuários do 
serviço prestado; 
6. As pessoas jurídicas de direito privado, quando prestadoras de serviços 
públicos (como as concessionárias, por exemplo), respondem objetivamente 
pelos danos que seus agentes causarem aos não-usuários do serviço 
prestado; 
7. Segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, tanto o caso 
fortuito quanto o evento de força maior excluem a responsabilidade civil do 
Estado, desde que excluam o nexo causal. Lembre-se de que o CESPE já 
considerou incorreta assertiva que simplesmente afirmou o que caso fortuito 
exclui a responsabilidade estatal; 
8. A responsabilidade civil do Estado, em virtude de omissões que causaram 
danos aos particulares, é de natureza subjetiva, sendo necessária a 
comprovação do dolo e/ou culpa a fim de que o Estado seja obrigado a 
indenizar; 
9. A responsabilidade do Estado, ou mesmo do particular, em virtude de 
danos nucleares, será sempre objetiva, na modalidade do risco integral; 
10. Quando o Estado causar danos ao particular em função da obra pública em 
si (só fato da obra), a responsabilidade civil será de natureza objetiva; 
11. O Estado responde civilmente pelos danos causados aos particulares 
provenientes de leis inconstitucionais e leis de efeitos concretos; 
12. A CF/88, em seu artigo 5º, LXXV, assegura que Estado poderá ser 
responsabilizado civilmente por atos jurisdicionais em duas hipóteses: erro do 
judiciário e quando o indivíduo ficar preso além do tempo fixado na 
sentença. 
13. A responsabilidade do Estado, em relação aos bens, coisas e pessoas sob a 
sua guarda, é de natureza objetiva; 
14. A prazo para o particular propor ação de indenização em face do Estado 
prescreve em cinco anos, contados da data do ato ou fato do qual se 
originarem. Todavia, é IMPRESCRITÍVEL o prazo da Administração Pública para 
cobrar o ressarcimento de prejuízos ou danos causados ao seu patrimônio em 
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virtude de comportamento culposo ou doloso de seus agentes, servidores ou 
não, conforme estabelece o § 5º

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