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Apostila Gestão Ambiental

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1 
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG 
Unidade Acadêmica de Engenharia Química - UAEQ 
Professor: André Luiz Fiquene de Brito,Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Responsável: Prof. André Luiz Fiquene de Brito1, Dr. 
Carga Horária: 60 horas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Campina Grande, PB 
 
 
 
1 Doutor em Engenharia Ambiental pela UFSC. Professor da UFCG/CCT/UAEQ. 
Disciplina: Gestão Ambiental 
Gestão Ambiental 
 
2 
SUMÁRIO 
SUMÁRIO ...............................................................................................................................2 
LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................4 
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................4 
PRE-TESTE ............................................................................................................................5 
CAPÍTULO 1 ..........................................................................................................................6 
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................6 
CAPÍTULO 2 ..........................................................................................................................7 
2. INDÚSTRIA, POLUIÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL .................................................7 
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................11 
3. GESTÃO AMBIENTAL ..................................................................................................11 
3.1. Conceitos iniciais............................................................................................................11 
3.2. Posicionamento da organização....................................................................................12 
3.3. Gestão Ambiental – ISO 14000 e 14001 .......................................................................14 
3.3.1. Normas da Série ISO 14000 .....................................................................................16 
3.3.2. Enfoque Organizacional: SGA (ABNT NBR ISO 14.001: 2004) ............................19 
3.4. Roteiro de Implantação do SGA e Elaboração do SGA.............................................21 
3.4.1. Roteiro de Implantação de um SGA (ISO 14.001) ...................................................21 
3.4.2. Elaboração do Plano de Gestão - SGA .....................................................................32 
CAPÍTULO 4 ........................................................................................................................33 
4. AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA – ISO 14.040 ......................................................33 
4.1. FASES DA ACV ............................................................................................................33 
4.1.1. Objetivo e Escopo .....................................................................................................34 
4.1.2. Análise do Inventário ................................................................................................37 
4.1.3. Avaliação de Impactos ..............................................................................................38 
II - Problemas ambientais ...................................................................................................40 
 
3 
4.1.4. Interpretação dos Resultados ....................................................................................41 
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................43 
5. ANÁLISE MULTICRITÉRIO: FERRAMENTA DE APOIO NA ACV....................43 
5.1. Conceitos Elementares ..................................................................................................43 
5.2. Princípios básicos de análise multicritério ..................................................................44 
5.3. Agregação dos critérios. ................................................................................................45 
5.4. Métodos Multicritério – Abordagem Multi Atributo .................................................45 
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................50 
6. ESTUDO DE CASO: INDÚSTRIA SUCRO ALCOOLEIRA .....................................50 
6.1. Avaliação do Perfil: 1ª Etapa ........................................................................................51 
6.2. Avaliação do Produto: 2ª Etapa ...................................................................................52 
6.3. Plano de Gestão Ambiental ...........................................................................................57 
6.3.1. Roteiro de implantação de um SGA (ISO 14.001) ...................................................57 
6.3.2. Elaboração do Plano de Gestão: SGA (ISO 14.001) ................................................60 
REFERENCIAS....................................................................................................................63 
ANEXO 1 ...............................................................................................................................64 
Análise das exigências de tratamento .................................................................................64 
Seleção do tratamento adequado .........................................................................................64 
Considerações básicas sobre alternativas de tratamento para despejos orgânicos. .......64 
Conceitos Importantes..........................................................................................................66 
RESPOSTA DO PRE-TESTE .............................................................................................68 
CURRICULUM VITAE RESUMIDO DO AUTOR .........................................................69 
 
 
 
 
4 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1. Etapas de gestão ambiental .....................................................................................12 
Figura 2. Comitês e subcomitês técnicos................................................................................15 
Figura 3. Estrutura da gestão ambiental .................................................................................15 
Figura 4. Exemplo de Implantação de um SGA .....................................................................22 
Figura 5 - Representação esquemática de balanço de massa..................................................23 
Figura 6 - Sistema conservativo em equilíbrio. ......................................................................24 
Figura 7 - Exemplo 1 ..............................................................................................................25 
Figura 8 - Exemplo 2 ..............................................................................................................27 
Figura 8. Fases da ACV ..........................................................................................................34 
Figura 9. Sistema relacionado ao produto e sua vizinhança ...................................................36 
Figura 10. Etapas operacionais ...............................................................................................37 
Figura 11 - Roteiro de implantação do sistema de gestão ......................................................57 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela1- Principais componentes para elaboração de um plano de gestão - SGA................32 
Tabela 2 - Potencial de aquecimento global em um horizonte de 100 anos ...........................40 
Tabela 3 - Potencial de acidificação equivalente (PAE) ........................................................40 
Tabela 4 - Potencial de redução da camada de ozônio ...........................................................41 
Tabela 5. Matriz de avaliação multicritério ............................................................................46 
Tabela 6 - Dados iniciais: Mudança de Sensibilidade ............................................................48 
Tabela 7. Dados modificados: Mudança de escala .................................................................48 
Tabela 8. Dados iniciais – Mudança de escala .......................................................................48 
Tabela 9. Primeiro conjunto de dados ....................................................................................49 
Tabela 10 . Segundo conjunto de dados .................................................................................49 
Tabela 11 - Inventário para a produção de 1 L de Álcool ......................................................53 
Tabela 12 - Plano de Ação ......................................................................................................60 
 
5 
 
PRE-TESTE 
 
Professor Responsável: Dr. André Luiz Fiquene de Brito 
 
 
1) Por que a redução de CO2 pode contribuir para redução da poluição? 
 
2) O que é ISO - International Standardization Organization? 
 
3) Qual o objetivo central da série de normas ISO 14000? 
 
4) Como a gestão ambiental pode ser aplicada no setor INDUSTRIAL? 
 
5) Cite vantagens da implantação do sistema de gestão ambiental no Setor 
INDUSTRIAL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
CAPÍTULO 1 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este texto tem como objetivo apresentar e discutir aspectos da gestão ambiental no contexto 
organizacional de empresas com ênfase no sistema de gestão ambiental, além de mostrar o 
procedimento para elaborar o perfil poluidor das mesmas. 
A Gestão ambiental pode ser definida como um sistema que inclui a estrutura 
organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, 
processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a 
política ambiental. 
Pode-se afirmar que a gestão ambiental é uma forma pela qual a organização se mobiliza, 
interna e externamente, para a conquista da qualidade ambiental desejada. Ela consiste em 
um conjunto de medidas que visam ter controle sobre o impacto ambiental de uma atividade. 
No caso específico do setor sucroalcooleiro, serão abordados os aspectos da geração de 
resíduos assim como a sua gestão. 
Este material está dividido em seis capítulos. No capítulo 1, está apresentada uma breve 
introdução sobre o tema; no capítulo 2 é apresentada uma visão geral sobre indústria, 
poluição e gestão ambiental. No capítulo 3 estão apresentados os conceitos de gestão 
ambiental; No capítulo 4 está apresentada a avaliação do ciclo de vida, como ferramenta de 
gestão ambiental. No capítulo 5 está apresentado a forma de transformar os impactos 
ambientais em impacto propriamente dito. No capítulo 6 será mostrado e discutido a forma 
de avaliar impactos de determinado setor industrial apresentando um estudo de caso. 
Neste contexto, este material pode contribuir para o mlehor entendimento da gestão 
ambiental em organzações, além de contribuir com a formação de engenheiros em nivel de 
graduação do CCT da UFCG. 
 
André Luiz Fiquene de Brito,Prof. 
andre@deq.ufcg.edu.br 
www.labger.pro.br 
 
 
7 
CAPÍTULO 2 
2. INDÚSTRIA, POLUIÇÃO E GESTÃO AMBIENTAL 
O desenvolvimento industrial ocorreu de forma extremamente acelerada a partir da 
revolução industrial, após meados do século XIX. A partir deste período, a poluição 
ambiental causada pelo homem aumentou consideravelmente e de modo descontrolado, de 
forma que as relações entre o homem e o seu meio ambiente se modificaram. Atualmente 
não é possível estimar a enorme quantidade de produtos e substâncias produzidas 
industrialmente, sendo que os dejetos e emissões das mesmas ao meio ambiente são 
igualmente diversos. 
 
A poluição industrial ocorre em todos os meios da biosfera, na água doce, nos oceanos, na 
atmosfera e no solo. Conseqüentemente as comunidades biológicas dos ecossistemas estão 
em contato com substâncias e materiais não naturais, a maioria dos quais causando algum 
tipo de dano ecológico. A poluição industrial afeta diretamente o homem, uma vez que 
estamos sujeitos a ingerir água e alimentos contaminados e respirar o ar poluído. Exemplos 
da seriedade deste problema são a intoxicação e morte de dezenas de pessoas em 
Minamata, no Japão, após consumirem peixes contaminados com mercúrio. Eventos como 
este, envolvendo contaminação de alimentos com poluentes industriais, têm sido comuns 
ao longo das últimas décadas. 
 
Agentes principais da poluição industrial são os gases tóxicos liberados na atmosfera, os 
compostos químicos orgânicos e inorgânicos lançados nos corpos hídricos e a poluição do 
solo com o uso de pesticidas. 
 
Entres os poluentes mais prejudiciais ao ecossistema estão os metais pesados. Estes 
elementos existem naturalmente no ambiente e são necessários em concentrações mínimas 
na manutenção da saúde dos seres vivos (são denominados oligoelementos, ou 
micronutrientes). Alguns metais essenciais aos organismos são o ferro, cobre, zinco, 
cobalto manganês, cromo, molibdênio, vanádio, selênio, níquel e estanho, os quais 
participam do metabolismo e formação de muitas proteínas, enzimas, vitaminas, pigmentos 
respiratórios (como o ferro da hemoglobina humana ou o vanádio do sangue das ascídias). 
No entanto, quando ocorre o aumento destas concentrações, normalmente acima de dez 
vezes, efeitos deletérios começam a surgir. 
 
A crescente quantidade de indústrias atualmente em operação, especialmente nos grandes 
pólos industriais do mundo, tem causado o acúmulo de grandes concentrações de metais 
nos corpos hídricos como rios, represas e nos mares costeiros. Isto ocorre, pois grande 
parte das indústrias não trata adequadamente seus efluentes antes de lançá- los no ambiente. 
 
Os metais, quando lançados na água, agregam-se a outros elementos, formando diversos 
tipos de moléculas, as quais apresentam diferentes efeitos nos organismos devido a 
variações no grau de absorção pelos mesmos. O zinco, por exemplo, pode formar ZnOH, 
ZnCO3; o mercúrio pode constituir HgCl2, Hg2SO3; o chumbo pode constituir PbOH, 
PbCO3, e assim por diante. 
 
Apesar da toxicidade de cada metal variar de acordo com a espécie, existe uma 
classificação da toxicidade relativa dos metais mais comuns no meio ambiente, em ordem 
decrescente de periculosidade: Hg, Ag, Cu, Zn, Ni, Pb, Cd, As, Cr, Sn, Fe, Mn, Al, Be, Li. 
 
8 
Um dos efeitos mais sérios da contaminação ambiental por metais pesados é a 
bioacumulação dos poluentes pelos organismos vivos. Animais e plantas podem concentrar 
os compostos em níveis milhares de vezes maiores que os presentes no ambiente. 
 
O acúmulo de metais e outros poluentes indus triais pelos organismos pode ter efeito 
bastante abrangente já que possibilita o transporte dos contaminantes via teia alimentar 
para diversos níveis tróficos da cadeia alimentar. Este efeito culmina com a ocorrência das 
maiores taxas de contaminação nos níveis mais altos da teia trófica (consumidores 
secundários e terciários). 
 
 
 
Metais Pesados 
O termo metais pesados é de definição ambígua, mas vem 
sendo intensamente utilizado na literatura científica como 
referênciaa um grupo de elementos amplamente associados 
à poluição, contaminação e toxicidade.Conceitualmente 
metais pesados são definidos como elementos que possuem 
densidade superior a 6 g/cm3 ou raio atômico maior que 20. 
Essa definição é abrangente e inclui, inclusive, alguns 
ametais ou semi-metais, como As e Se. Alguns metais 
pesados são micronutrientes essenciais aos seres vivos como 
Cu, Zn, Mn, Co, Mo e Se e outros não essenciais como Pb, 
Cd, Hg, As, Ti e U. Para esses últimos talvez o termo metais 
tóxicos cairia melhor. Existem metais traços essenciais para 
plantas como ferro (Fe), zinco (Zn), manganês (Mn), cobre 
(Cu), boro (B), molibdênio (Mo) e níquel (Ni). Já o cobalto 
(Co), crômio (Cr), selênio (Se) e estanho (Sn), não são 
requeridos pelas plantas, mas são essenciais para animais. Já 
outros como arsênio (As), cádmio (Cd), mercúrio (Hg) e 
chumbo (Pb), não são requeridos nem por plantas, nem por 
animais, porém foram estudados extensivamente por serem 
potencialmente perigosos para plantas, animais e 
microrganismos. 
 
 
 
 
 
9 
A atividade industrial está, inevitavelmente, associada a uma certa degradação do ambiente, 
uma vez que não existem processos de fabrico totalmente limpos. A periculosidade das 
emissões industriais varia com o tipo de indústria, matérias primas usadas, processos de 
fabrico, produtos fabricados ou substâncias produzidas, visto conterem componentes que 
afetam os ecossistemas. 
O desenvolvimento da indústria no Brasil ocorreu sem um correto planejamento e 
ordenamento, o que resultou na concentração industrial em áreas geográficas limitadas, 
provocando casos específicos e localizados de poluição. Deste modo, estas concentrações 
implicam uma maior vigilância ambiental, exigindo a existência de infra-estruturas 
adequadas de controlo que combatam os níveis cumulativos de poluição. 
Neste sentido, torna-se prioritário a implementação de medidas que visem reduzir ou 
eliminar estas fontes de poluição, o que tem vindo a ser concretizado através da publicação 
de um quadro legislativo apropriado associado a um conjunto de programas e incentivos 
econômicos que colocam á disposição das indústrias meios financeiros capazes de melhorar 
a qualidade do ambiente. 
Origens da Poluição 
De um modo geral as principais origens da poluição industrial são: 
· As tecnologias utilizadas, muitas vezes envelhecidas e fortemente poluentes, com 
elevados consumos energéticos e de água, sem tratamento adequado dos efluentes 
com rara valorização de resíduos; 
· A inexistência de sistemas de tratamento adequado dos efluentes; 
· A inexistência de rotas de eliminação adequados dos resíduos, em particular dos 
perigosos. 
· Localização das unidades na proximidade de áreas urbanas, causando incômodos e 
aumentando os riscos; 
· Localização das unidades em solos agrícolas, causando a sua contaminação e 
prejudicando as culturas; 
· Localização das unidades em zonas ecologicamente sensíveis, perturbando e 
prejudicando a fauna e a flora; 
· Realização das descargas de efluentes em águas subterrâneas ou superficiais, com 
risco de contaminação das águas de consumo; 
· Depósitos indevidos de resíduos, cuja lixiviação é fonte de poluição do solo e do 
meio hídrico. 
 
Medidas Profiláticas 
Geralmente salientam-se duas medidas para controle da poluição industrial: 
· Atuando no processo de licenciamento de novos estabelecimentos referidos na 
legislação, na sua ampliação ou modificação, tendo em especial atenção a avaliação 
 
10 
do impacte ambiental, privilegiando a utilização de tecnologias menos poluentes e 
medidas que permitam o tratamento dos efluentes líquidos, emissões gasosas e 
resíduos e o seu efetivo controle; forçando a capacidade fiscalizadora das entidades 
que superintendem a atividade industrial. 
Medidas: nível das organizações 
As organizações têm um papel determinante no controle da poluição industrial. Como 
medidas mais importantes destacam-se: 
· Definir as zonas mais adequadas para a instalação das atividades industriais 
"poluentes", integradas nos Planos Directores Municipais tendo em atenção a 
integração paisagística, os recursos hídricos, a possibilidade de enchentes, ou outras 
catástrofes naturais, as condições meteorológicas, a existência de áreas protegidas, a 
fauna e flora de importância relevante ou ainda de elementos arqueológicos e 
históricos de interesse; 
· Garantir que as condutas de descarga dos efluentes líquidos finais de cada 
estabelecimento industrial sejam claramente individualizadas e tenham condições de 
acesso que permita o controlo efetivo e regular da sua qualidade, antes da sua 
descarga na rede de esgotos urbanos, nos cursos de água ou no mar. 
· Garantir que a qualidade dos efluentes industriais, geralmente necessitando de um 
pré-tratamento, permita o seu lançamento no sistema de saneamento urbano a fim de 
serem tratados nas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETA) sem prejuízo 
do bom funcionamento destas; 
· Promover, no caso das indústrias já instaladas, contratos-programa com a 
participação do Estado, de outras autarquias ou entidades, para a resolução dos 
problemas existentes; 
· Criar redes de prevenção e alerta em zonas críticas e planos de emergência para 
casos de acidentes ou situações anormais; 
· Fiscalizar a ocupação dos estabelecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
CAPÍTULO 3 
 
3. GESTÃO AMBIENTAL 
 
A gestão ambiental na cadeia produtiva da cana de açúcar pode ser entendida, como etapas 
que visam avaliar ambientalmente a indústria em todo o ciclo produtivo e implantar o 
sistema de gestão ambiental. 
A seguir são apresentados alguns conceitos importantes sobre gestão ambiental. 
 
3.1. Conceitos iniciais 
Os conceitos estão baseados com Coimbra (1985); ABNT NBR ISO 14.001 (2004) e Soares 
(2006): 
§ Meio-Ambiente: “tudo que envolve” ou o meio no quais os seres vivos se 
desenvolvem. Coimbra (1985) define Meio Ambiente como: “o conjunto de elementos 
físico-químicos, ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e 
socialmente, num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades 
humanas, à preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, 
dentro de padrões de qualidade definidos”. 
§ Ecologia: ciência dos ecossistemas estuda as relações dos seres vivos entre si e com 
o meio; 
§ Avaliação ambiental: avaliação de sistemas baseada fundamentalmente na variável 
ambiental, ou seja, para sistemas que cumprem uma mesma função, a avaliação ambiental 
consistirá na definição de um conjunto de critérios que agregados convenientemente podem 
fornecer uma posição relativa do desempenho ambiental destes sistemas. 
§ Poluição: Introdução em um sistema de agentes químicos, físicos ou biológicos em 
quantidade suficiente para provocar anomalias do ecossistema considerado ou a deterioração 
física de bens materiais. 
§ Poluição crônica local: Está associada com pequenas doses localizadas de poluentes, 
porém de modo continuado. Ex. lançamento contínuo de efluentes em uma lagoa ou no solo, 
exposição contínua a pequenas doses de radioatividade, etc. 
 
12 
§ Poluição crônica global: Se refere àquelas emissões contínuas cuja repercussão se dá 
muito além do ponto emissor. Por exemplo, emissão de gases a efeito estufa, gases que 
degradam a camada de ozônio, etc. 
§ Poluição acidental (ou aguda): Emissão de uma grande dose de poluente em um 
curto intervalo de tempo. Ex, desastre com um petroleiro, 
§ Impacto ambiental: Modificação identificável e mensurável, benéfica ou adversa, das 
condições ambientais de referência. O impacto ambiental pode ser caracterizado por um 
efeito (direto) ou soma de efeitos (diretos eindiretos) com relação a um alvo específico. 
§ Gestão ambiental: sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de 
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para 
desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. 
A gestão ambiental é a forma pela qual a organização se mobiliza, interna e externamente, 
para a conquista da qualidade ambiental desejada. Ela consiste em um conjunto de medidas 
que visam ter controle sobre o impacto ambiental de uma atividade. A Figura 1 mostra que a 
gestão inclui a medição, reflexão, planejamento e execução das atividades numa organização 
(ABNT NBR ISO 14.001, 2004). 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Etapas de gestão ambiental 
FONTE: Soares, 2006. 
As estratégias para uma gestão eficiente do meio ambiente incluem as atividades a montante 
e a jusante do sistema considerado, entre as quais se destacam o consumo de matérias-
primas, a produção de resíduos (sólidos, líquidos e gasosos), a modificação do ambiente 
natural, as perturbações (ruído, temperatura...), emissões eletromagnéticas, radioativas, etc. 
3.2. Posicionamento da organização 
 
A questão ambiental, quando considerada do ponto de vista empresarial, levanta dúvidas 
com respeito ao aspecto econômico. A idéia que prevalece é de que qualquer providência 
que venha a ser tomada em relação à variável ambiental traz consigo o aumento de despesas 
e o conseqüente acréscimo dos custos do processo produtivo. 
 
13 
Algumas empresas, porém, têm demonstrado que é possível ganhar dinheiro e proteger o 
meio ambiente, mesmo não sendo uma organização que atua no chamado "mercado verde". 
É necessário que as empresas possuam uma certa dose de criatividade e condições internas 
que possam transformar as restrições e ameaças ambientais em oportunidades de negócios. 
Entre essas oportunidades pode-se citar a reciclagem de materiais ; o reaproveitamento dos 
resíduos internamente ou sua venda para outras empresas através de Bolsas de Resíduos ou 
negociações bilaterais; o desenvolvimento de novos processos produtivos com a utilização 
de tecnologias mais limpas ao ambiente, que se transformam em vantagens competitivas e 
até mesmo possibilitam a venda de patentes; o desenvolvimento de novos produtos para um 
mercado cada vez maior de consumidores conscientizados com a questão ecológica; o 
mercado de seguros contra riscos de acidentes e passivos ambientais; desenvolvimento de 
novas especializações profissionais como auditores ambientais, gerentes de meio ambiente, 
advogados ambientais, bem como o incremento de novas funções técnicas específicas. O 
Quadro 1 mostra o posicionamento de uma organização em relação à questão 
ambiental(NORTH, 1992). 
Quadro 1. Posicionamento da organização em relação a questão ambiental. 
 
FONTE: North (1992). 
 
14 
Para colaborar com este anseio, North (1992) apresenta uma avaliação do posicionamento da 
empresa em relação à questão ambiental. Este procedimento propõe a avaliação do perfil da 
organização segundo diversas variáveis indicando, para cada um dos quesitos colocados, se 
a empresa apresenta características "amigáveis" ou "agressivas" ao meio ambiente (quadro). 
Ou seja, quanto mais "amiga" do meio ambiente mais apta estaria a empresa, neste tocante, a 
enfrentar as exigências sociais e regulamentares. 
A utilização do quadro 1 pode ser feita da seguinte maneira : Cada um dos itens apresenta 
duas afirmativas extremas. Se a afirmativa da esquerda reflete plenamente a situação da 
empresa assinalar 1. Se a afirmativa da direita reflete plenamente a situação, assinalar 5. Se a 
situação da empresa está mais próxima da situação da esquerda ou da direita, assinalar 
respectivamente 2 ou 4. Finalmente, adotar 3 para uma situação intermediária. Por exemplo, 
se no quesito "Produtos" não ocorrer nenhum aproveitamento dos resíduos, a nota do item 
seria 1. Por outro lado, se todos os resíduos fossem aproveitados a nota seria 5. Se metade 
dos resíduos fossem valorizados a nota seria 3 e assim sucessivamente. 
Com relação aos resultados, se a maioria dos valores atribuídos estiver entre 1 e 2, a 
empresa está provavelmente diante de um importante desafio : identificar e integrar os 
requisitos qualidade ambiental aos requisitos de qualidade de sua empresa, eliminando assim 
a vulnerabilidade característica deste desempenho; 
Se a maioria dos valores atribuídos às questões foi 3, provavelmente a empresa vem 
realizando um esforço para sustentar seu atual desempenho ambiental. Se os valores 
atribuídos estiverem concentrados em 4, é muito provável que a empresa esteja no caminho 
certo. Ela deve continuar a reavaliar as oportunidades de melhoria; 
Finalmente, se a maioria dos valores atribuídos às questões foi 5, é muito provável que o 
desempenho ambiental da empresa seja excelente. 
Seja qual for o resultado obtido, eles permitirão identificar "Onde estamos ?". A partir daí 
identificar "Onde queremos chegar?". 
 
3.3. Gestão Ambiental – ISO 14000 e 14001 
 
O que é ISO? A ISO (International Standardization Organization) é uma organização não 
governamental que foi fundada em 1947 e sediada em Genebra na Suíça. É o fórum 
internacional de normalização, harmonizando as diversas agências nacionais, em que mais 
de 100 membros representantes vários países. O Brasil é representado pela ABNT 
(Associação Brasileira de Normas Técnicas). 
A estrutura da ISO está apresentada abaixo, com o Comitê Técnico (207) e com vários sub 
comitês (SC). 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Comitês e subcomitês técnicos 
 
A série ISO 14.000 está voltada para a organização e para o produto, como mostrada abaixo: 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Estrutura da gestão ambiental 
 
 
A Figura 3 mostra que a gestão ambiental apresenta as seguintes normas: 
§ Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001 e 14004); 
§ Auditoria Ambiental (ISO 14010, 14011, 14012); 
§ Rotulagem ambiental (ISO/DIS 14020, 14021, 1424); 
§ Avaliação do desempenho ambiental (ISO/DIS 14031); 
§ Análise do ciclo de vida (ISO 14040, ISO/DIS 14041 e 14050). 
SC 1
Sistemas
RU
Princípios
(França)
Diretrizes
(EUA)
SC 2
Auditoria
Holanda
Princípios
(Canadá)
Procedimento
(EUA)
Qualificação
(RU)
Pesquisas
(Holanda)
SC 3
Rotulagem
Austrália
Princípios
(Suécia)
Reclamações
(Canadá)
Diretrizes
(EUA)
SC 4
Desempenho
Ambiental
EUA
Genérico
(EUA)
Indústria
(Noruega)
SC 5
Ciclo de vida
França
Princípios
(França)
Inventário
(Alemanha)
Inv. Especif.
(Japão)
Aval. Impacto
(Suécia)
Melhoria
(França)
SC 6
Definições
Alemanha
ISO/CT 207
Canadá
Gestão 
Ambiental
Gestão 
Ambiental
Produto
Análise do ciclo de vida
Rotulagem ambiental
Produto
Análise do ciclo de vida
Rotulagem ambiental
Organização
Sistema de gestão ambiental
Índices Ambientais
Auditoria Ambiental
Organização
Sistema de gestão ambiental
Índices Ambientais
Auditoria Ambiental
 
16 
No Brasil a norma ISO 14001 foi adotada pela ABNT sob a designação de ABNT NBR 
ISO 14.001. 
Para implantar a ISO 14.001, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos: 
§ Ela é voluntária e orientadora; 
§ Não impõe limites; 
§ A certificação deve ser feita por entidade especializada reconhecida junto a um órgão 
de credenciamento; 
§ A certificação ambiental depende: 
o Implantação de um sistema de gestão ambiental; 
o Cumprimento da legislação ambiental local; 
o Cumprimento de um compromisso de melhoria contínua. 
3.3.1. Normas da Série ISO 14000 
 
Na sua concepção a série de normas ISO 14000 tem como objetivo central um Sistema de 
Gestão Ambiental que auxilie as empresas a cumprirem suasresponsabilidades com respeito 
ao meio ambiente. Como objetivos decorrentes, criam sistemas de certificação, tanto das 
empresas como de seus produtos, possibilitando identificar aquelas que atendem á legislação 
e cumprem os princípios do desenvolvimento sustentável. 
As normas as série ISO 14.000 não substituem, portanto, a legislação ambiental vigente no 
local onde está instalada a empresa. Na realidade a reforçam, ao exigirem o cumprimento 
integral dessa legislação local para que possa ser concedida a certificação da empresa. 
Tomando por base o Sistema de Gestão Ambiental que propõem, as normas também vão 
estabelecer, quando inteiramente implantadas, as diretrizes para auditorias ambientais, 
avaliação do desempenho ambiental, rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos 
produtos, exigindo assim a total transparência da empresa e de seus produtos com relação 
aos aspectos ambientais. As normas da série ISO 14.000 deverão, portanto, servir de modelo 
para a implantação desses programas no âmbito da empresa, possibilitando harmonizar os 
 
17 
procedimentos e diretrizes aceitos internaciona lmente, com a experiência e a tradição 
empresarial local. 
A abrangência da série de normas ISO 14.000 é bem maior que sua equivalente para gestão 
da qualidade, a ISO 9000, pois esta apenas certifica sistemas e linha de produção, porém não 
certifica os produtos propriamente ditos. Já a série de normas ISO 14.000 tem um âmbito de 
atuação que alcança toda a sociedade, pois ao certificar produtos estará atingindo e 
influenciando diretamente o consumidor final. 
A estruturação da série de normas ISO 14.000, tal como foi desenvolvida pelo comitê TC 
207, sua amplitude dos temas a serem cobertos pelas normas já permite antever o grande 
impulso que as questões ambientais receberão quando todo o sistema estiver implantado. 
Haverá, seguramente, maior conscientização e maturidade da sociedade com relação aos 
temas ambientais, provocando um efeito positivo no comportamento das empresas e gerando 
atitudes pós-ativas em favor da qualidade ambiental. 
Hoje, espera-se que a mesma importância dedicada á qualidade, disseminada pela série de 
normas ISO 9000 de Gestão da Qualidade, se repita com relação aos temas ambientais, com 
a adoção das normas ISO 14.000 de Gestão Ambiental. 
O grande mérito de um sistema de normalização abrangente, como é a série de normas ISO 
14.000, consiste em proteger o produtor responsável contra concorrentes predadores que, por 
não respeitarem as leis e os princípios da conservação ambiental, produzem mais barato, não 
internalizando alguns custos que acabam sendo arcados pela sociedade (VALLE, 1995). 
A grande vantagem incorporada no programa de normalização da série ISO 14000 é a 
uniformização das rotinas e procedimentos necessários para uma empresa certificar-se, 
cumprindo um mesmo roteiro-padrão de exigências que será válido internacionalmente. As 
dificuldades atualmente encontradas por empresas que são obrigadas a comprovar a correção 
ambiental de seus produtos e a cumprir exigências burocráticas em cada país para onde 
exportam ficam, assim, superadas ou, pelo menos, bastante reduzidas (VALLE, 1995). 
Segundo Valle (1995), a seqüência a ser seguida para obter a certificação nas normas ISO 
14.000 deverá obedecer, basicamente, às seguintes fases: 
 
18 
1ª fase ? Deverá ser implantada os compromissos e princípios gerenciais, os 
procedimentos a serem seguidos e deverá ter início o treinamento do pessoal, no que se 
pode chamar de fase preparatória; 
2ª fase ? Uma segunda fase, de diagnóstico ou pré-auditoria, permitirá identificar, com 
o auxílio de consultores, os pontos vulneráveis existentes; 
3ª fase ? A empresa se submeterá a uma auditoria ambiental que deverá comprovar sua 
conformidade com os padrões de qualidade exigidos pela legislação e pelos manuais de 
qualidade utilizados pela empresa. 
A série ISO 14.000 não é apenas uma norma técnica, mas sim um sistema de normas 
gerenciais e administrativas que contêm um leque de alternativas, entre os quais se inclui a 
possibilidade de certificação dos produtos da empresa. Para obter essa certificação de um 
produto existem, contudo, dois temas de grande importância a serem considerados – o Ciclo 
de Vida e a Reciclagem Ecológica (VALLE, 1995). 
A série de normas ISO 14.000 tem como objetivo central um Sistema de Gestão Ambiental 
que auxilie as empresas a cumprirem suas responsabilidades com respeito ao meio ambiente. 
Como objetivos decorrentes, criam sistemas de certificação, tanto das empresas como de 
seus produtos, possibilitando identificar aquelas empresas que atendem à legislação 
ambiental e cumprem os princípios do desenvolvimento sustentável (VALLE, 1995). 
Conforme afirma Vale (1995), as normas da série ISO 14.000 não substituem a legislação 
ambiental vigente no local onde está sendo instalada a empresa. Na realidade a reforçam, ao 
exigirem o cumprimento integral dessa legislação local para que possa ser concedida a 
certificação da empresa. As normas também vão estabelecer, quando inteiramente 
implantadas, as diretrizes para auditorias ambientais, avaliação do desempenho ambiental, 
rotulagem ambiental e análise do ciclo de vida dos produtos, exigindo assim a total 
transparência da empresa e de seus produtos com relação aos aspectos ambientais. 
As normas da série ISO 14.000 deverão, portanto, servir de modelo para a implantação 
desses programas no âmbito da empresa, possibilitando harmonizar os procedimentos e 
diretrizes aceitas internacionalmente, com a experiência e a tradição empresarial local. 
 
 
19 
3.3.2. Enfoque Organizacional: SGA (ABNT NBR ISO 14.001: 2004) 
 
Neste contexto, surge uma pergunta importante: O QUE É UM SISTEMA DE GESTÃO 
AMBIENTAL (SGA)? 
Para responder este questionamento nos reportemos à definição da ABNT NBR ISO 14.001 
de 2004: 
“É a parte do Sistema de Gestão Global que inclui estrutura organizacional, atividades de 
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para 
desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental ” 
(ABNT NBR ISO 14.001, 2004). 
As organizações, para manter e melhorar a qualidade de seus serviços e produtos necessita 
reavaliar continuamente os seus procedimentos e comportamentos. Isto se aplica as 
variáveis, incluindo a ambiental. Entretanto, a maior parte das organizações ainda se 
concentra na busca somente da redução de impactos ambientais (procedimento reativo). 
Neste caso, o gerenciamento ambiental é baseado na adequação à legislação, à redução de 
custos e à melhoria da imagem (SOARES, 2006). 
Por outro lado, para organizações mais modernas com comportamento pró-ativo, o meio 
ambiente é uma estratégia de negócio e fator de sucesso, assim como programas de 
qualidade, de segurança e de custos. A cultura da organização é voltada para o 
desenvolvimento sustentável. Em vez de programas institucionais visando externalidades, os 
recursos são direcionados à prevenção e à minimização de impactos. O meio ambiente passa 
a ser visto também como uma oportunidade (SOARES, 2006). 
A passagem do primeiro procedimento comportamental para o segundo requer 
evidentemente uma mudança cultural de todos os colaboradores da organização. E a 
consolidação de uma empresa pró-ativa passa, entre outros, pelo planejamento e implantação 
de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) apropriado às suas características (SOARES, 
2006). 
A elaboração de um SGA passa pelo diagnóstico e análise ambiental da organização. Para 
tal finalidade, as técnicas mais utilizadas são: 
i. Análise de Risco (AR); 
 
20 
ii. Estudo de Impacto Ambiental (EIA);iii. Auditoria Ambiental; 
iv. Avaliação do Desempenho Ambiental; 
v. Avaliação do Ciclo de Vida (ACV). 
 
De modo mais detalhado, o desenvolvimento e a implantação de um SGA em organizações 
produtivas passam por uma série de etapas contínuas, que podem ser assim resumidas 
(SOARES, 2006): 
i. Estabelecimento de princípios e compromissos ambientais; 
ii. Revisão inicial das condições ambientais; 
iii. Estabelecimento da política ambiental; 
iv. Organização e pessoal; 
v. Comunicação às partes interessadas; 
vi. Inventário de leis, normas e regulamentações; 
vii. Análise de conformidade; 
viii. Elaboração do sistema de gestão ambiental; 
ix. Manual, documentação e registros de gestão ambiental; 
x. Controle operacional; 
xi. Ações corretivas e preventivas; 
xii. Auditorias internas; 
xiii. Revisões gerenciais. 
 
É importante ressaltar que a elaboração de um SGA é baseada nos preceitos estabelecidos 
pelas normas ABNT NBR ISO 14.001 (ABNT, 2004). 
Com a ISO 14.001 a organização apresentará as seguintes características: 
i. Melhoramento da imagem de marca; 
ii. Efeitos pró-ativos em favor do meio ambiente; 
iii. Passo para alcançar a qualidade total; 
iv. Abertura de mercados (derrubada de barreiras); 
v. Redução de custos operacionais (programas de redução de perdas); 
vi. Sobrevivência futura. 
 
 
21 
O que a ISO 14.001 requer? 
-- CCoommpprroommiissssoo ccoomm aa mmee llhhoorr iiaa ccoonntt íínnuuaa;; 
- CCoommpprroommiissssoo ccoomm aa pprreessee rrvvaaççããoo ddaa ppoo lluuiiççããoo ;; 
- CCoommpprroommiissssoo ccoomm oo ccuummpprr iimmeennttoo ddaa lleeggiiss llaaççããoo ee oouuttrrooss rreeqquuiiss iittooss.. 
 
Observações importantes sobre a ISO 14.001: 
1. NNÃÃOO EEXXIIGGEE AA AADDOOÇÇÃÃOO DDAA MMEELLHHOORR TTEECCNNOOLLOOGGIIAA DDIISS PPOONNÍÍVVEELL!! 
2. NNÃÃOO SSIIGGNNIIFFIICCAA AATTEESS TTAADDOO DDEE ““EEXXCCEELLÊÊNNCCIIAA”” AAMMBBIIEENNTTAALL!! 
 
Ou seja, para a implantação da ISO 14.001, não é necessário à organização adotar ou 
desenvolver a melhor tecnologia existente, não é necessário modificar o layout de produção 
e comprar as máquinas mais modernas. Não é necessário a organização ser a número um na 
questão ambiental. 
 
 
3.4. Roteiro de Implantação do SGA e Elaboração do SGA 
 
O roteiro de implantação e elaboração de um SGA são aspectos importantes na gestão 
ambiental. 
3.4.1. Roteiro de Implantação de um SGA (ISO 14.001) 
 
A Figura 4 mostra um exemplo com o roteiro de implantação com etapas e 
responsabilidades para implantação de um SGA. 
 
22 
 
Figura 4. Exemplo de Implantação de um SGA 
 
Na Figura 4, o roteiro serve de exemplo para ser adaptado para diversas organizações, tais 
como indústria sucro alcooleira, curtume, laticínio, cerveja e outras. 
ETAPA 1: 
A organização tem como compromisso principal implantar um SGA visando reduzir os 
impactos ambientais causados por suas atividades, para manter e melhorar a qualidade de 
seus serviços. Nesta etapa é importante que a organização assuma o compromisso de 
implantar e acompanhar todo o processo. 
Nesta etapa é realizado também o diagnóstico e avaliação inicial da organização, ou seja, o 
perfil poluidor da empresa é avaliado em todas as suas fases de produção. 
Segundo Soares (2006), qualquer atividade de gestão passa primeiramente pelo 
conhecimento das variáveis que regem o sistema analisado. No caso do estudo de 
repercussões ambientais de uma atividade, o conhecimento do fluxo de matéria (ou balanço 
de massa) envolvido é o procedimento primordial para a tomada de decisões. 
Tradicionalmente, em se tratando de matéria, nada se cria, nada se elimina. Tudo se 
transforma (Apesar de que em reações nucleares massa pode ser convertida em energia). 
FEV/00 
JJUULL//0000 
NNOOVV//0000 
 
Compromisso 
 da Organização 
Responsabilidade 
ETAPA 4 
 Alta Admin COORDENAÇÃO GERÊNCIAS CONSULTORIA 
Documentação 
Treinamento 
Auditoria 
Interna 
Ajustes 
ETAPA 1 
ETAPA 2 
ETAPA 3 
ETAPA 5 
ETAPA 6 
Diagnóstico e 
Avaliação Inicial 
Formação 
 Básica 
Aspectos, 
 Impactos e 
Legislação 
Política, 
Objetivos e 
Metas 
Plano de Ação 
Avaliação Final 
CERTIFICAÇÃO FEV/01 
AABBRR//0000 
DDEEZZ//0000 
JJAANN//0011 
ETAPAS 
 
23 
As fronteiras do sistema devem estabelecer uma distinção entre os elementos que o 
compõem dos elementos pertencentes ao ambiente. O ambiente representa um sistema de 
ordem mais elevada no qual o aquele que está sendo examinado é uma parte e, as 
modificações nos elementos do primeiro podem acarretar mudanças diretas nos valores dos 
elementos contidos no sistema sob exame. 
Sendo identificadas as fronteiras do sistema, é estabelecido o fluxograma das operações e 
pode-se começar a avaliar o fluxo (e eventual acumulação) de materiais no interior destas 
(figura 5). Esta avaliação, em função do grau de conhecimento das variáveis envolvidas, 
poderá seguir um dos dois modelos citados anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
Figura 5 - Representação esquemática de balanço de massa 
Fonte: SOARES (2006). 
 
As substâncias que entram no sistema têm três destinos possíveis : sair inalteradas, acumular 
no sistema ou serem convertidas em outras substâncias. Assim sendo, pode-se representar 
matematicamente o balanço de massa pela equação (1). 
 
(Taxa de entrada) = (Taxa de saída) + (Taxa de decaimento) + (Taxa de acumulação) (1) 
 
Nesta equação, a conceito de taxa está associado ao fluxo de matéria em um dado período de 
tempo. O decaimento apresentado não implica na violação da lei de conservação das massas. 
Ele indica uma modificação (e não eliminação) da substância original. 
A equação (1) pode ser considerada para duas condições : sistemas conservativos e sistemas 
não conservativos. A simplificação mais comum resulta quando o sistema é considerado 
conservativo e em equilíbrio (O estado de estabilidade ou equilíbrio é atingido quando a 
importação e a exportação de matéria e energia forem equacionadas por meio do 
ajustamento das formas do próprio sistema, permanecendo constantes enquanto não se 
alterarem as condições externas) 
Neste caso nada muda com o tempo. A concentração de poluentes é constante. A taxa de 
acumulação é considerada nula e não há decaimento (radioativo, decomposição biológica ou 
reações químicas). Em outras palavras, a quantidade de matéria que entra no sistema é a 
mesma que sai. 
 
24 
No que se refere ao decaimento, pode-se citar como exemplo de substâncias consideradas 
com taxa de decaimento igual a zero, os sólidos totais dissolvidos ou CO2 no ar (substâncias 
que se mantêm estáveis ao longo do tempo). 
 
I - Um Sistema conservativo em equilíbrio: 
Um sistema conservativo em equilíbrio pode ser representado como na equação 2: 
Taxa de entrada = Taxa de saída (2) 
Na Figura 6 existe um fluxo de matéria, esgoto doméstico por exemplo, com vazão QS 
(volume/tempo), e com concentração em poluente de CS (massa/volume). A outra entrada 
pode ser um efluente industrial (indústria sucro alcooleira) com vazão QR e concentração de 
poluente CR. A saída do sistema é uma mistura com vazão QM e concentração CM. Se o 
sistema é considerado conservativo e em equilíbrio, o balanço de massa poderá ser escrito 
segundo a equação (3). 
CSQS + QRCR = CMQM (3) 
Onde QM pode ser considerado como igual a QS + QR. 
 
 
 
 
 
 
Figura 6 - Sistema conservativo em equilíbrio. 
Fonte: SOARES(2006) 
 
Uma tubulação industrial tem uma vazão de 10,0m3.s-1 e uma concentração de cloretos de 
20 mg.L-1. Esta tubulação recebe a contribuição de um outro duto, cuja vazão é de 5,0 m3.s-1 
e a concentração em cloretos é de 40 mg.L-1 (Figura 7). 
Considerando o cloreto como uma substância conservativa e admitindo uma mistura 
completa entre as duas vazões, qual a concentração de cloretos na saída do sistema ? 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 - Exemplo 1 
Fonte: SOARES (2006). 
 
 
 
 
 
II - Um Sistema não conservativo em equilíbrio: 
Muitos dos poluentes ambientais sofrem reações química, biológica ou nuclear em 
proporções tais a serem considerados como substâncias não conservativas, ou seja elas 
tendem a “desaparecer” com o tempo, ou ainda, a matéria de referência não se conserva. Se 
admitirmos uma situação de equilíbrio e poluentes não conservativos, então, 
 
Taxa de entrada = Taxa de saída + Taxa de decaimento (4) 
 
O decaimento de substâncias não conservativas é em geral modelado como reações de 
primeira ordem, isto é, assume-se que o fluxo de "perda" da substância é proporcional a 
quantidade da substância que está presente (SOARES , 2006). 
 
Na equação (5), K é o coeficiente de reação com dimensão 1/tempo, o sinal negativo 
significa uma diminuição da substância no tempo e C é a concentração de poluente. A 
equação diferencial pode ser resolvida da seguinte maneira: 
. (5) 
 
26 
 
 
 
Sendo C0 = Concentração inicial, a concentração da substância em questão decai 
exponencialmente. 
 
Considerando que a substância é distribuída uniformemente no volume V, o total de 
substância disponível no sistema é CV. A taxa total de decaimento da substância não 
conservativa é d(CV)/dt = V dC/dt, ou seja, 
 
Taxa de decaimento = KCV (7) 
 
Pode-se, portanto reescrever a equação do balanço de massa como sendo : 
 
Taxa de entrada = Taxa de saída + KCV (8) 
A figura 8 apresenta um lago com volume 10,0.106 m3 que recebe uma vazão (taxa) de 5,0 
m3/s com concentração de poluente de 10,0 mg/l. Há também uma descarga de 0,5 m3/s de 
um efluente industrial com a mesma poluição (concentração = 100,0 mg/l). O coeficiente de 
reação é de 0,2/dia. Considerando que a poluição é totalmente misturada e que não há 
evaporação ou outras perdas ou ganhos de líquido, calcular a concentração de equilíbrio (na 
saída do sistema). 
Solução 
Hipótese: assumindo uma mistura completa e instantânea da poluição originalmente 
presente no lago com o efluente industrial, a concentração C no interior do lago é a mesma 
da saída, CM. Assim, 
 Taxa de entrada = taxa de saída + taxa de decaimento 
 
27 
Taxa de entrada = QSCS + QRCR 
 = (5,0 m3/s x 10,0 mg/l + 0,5 m3 /s x 100,0 mg/l) x 103 l/m3 
 = 1,0.105 mg/s 
Taxa de saída = QMCM = (QS + QR)C 
 = (5,0 + 0,5)m3/s x C mg/l x 103 l/m3 
 = 5,5.103C mg/s 
 
Taxa de decaimento = KCV = (0,2/dia x C mg/l x 10,0 x 10 m3 x 103 l/m3) / (24 h/dia x 
3600 s/h) 
 
 = 23,1.103C mg/s 
 
 1,0.105 mg/s = 5,5.103C mg/s + 23,1.103C mg/s 
 
 C = 3,5 mg/l 
 
 
Figura 8 - Exemplo 2 
Observação: a noção de conservação depende da referência utilizada para o balanço de 
massa. Se esta referência for, por exemplo, uma molécula composta, existe a possibilidade 
do sistema ser não conservativo devido à decomposição da molécula. Se a referência for os 
elementos que compõem a molécula anterior, o sistema em geral será conservativo. 
ETAPA 2: 
Nesta etapa são realizadas e definidas as seguintes ações: 
Aspectos ambientais: São elementos das atividades, produtos ou serviços de uma 
organização que pode interagir com o meio ambiente (ABNT NBR ISO 14.000, 2004), tais 
como: 
 
28 
? Emissões atmosféricas (CO, SO2, CO2); 
? Lançamentos de contaminantes em corpos d'água (matérias sólidas inorgânicas, 
DBO, metais pesados etc); 
? Uso de matérias-primas e recursos naturais (jazidas, aditivos, água, etc); 
? Uso da energia; 
? Resíduos e subprodutos. 
 
Impactos ambientais: Mudanças no meio ambiente, prejudiciais ou benéficas, que resultem 
total ou parcialmente dos aspectos ambientais (ABNT NBR ISO 14.000, 2004). 
? Aquecimento global; 
? Acidificação; 
? Toxicidade; 
? Poluição do rio; 
? Esgotamento de matérias-primas; 
? Contribuição ao esgotamento de recursos naturais. 
Legislação Ambiental: É o conjunto de normas jurídicas que se destinam a disciplinar a 
atividade humana para torná- la compatível com a proteção do meio ambiente. 
A legislação ambiental varia de acordo com o local onde está instalada a empresa. As 
normas da série ISO 14.000 não a substituem, na realidade a reforçam, ao exigirem o 
cumprimento integral dessa legislação local para que possa ser concedida a certificação da 
empresa. 
É necessário conhecer a legislação ambiental vigente no local onde está instalada a 
organização, para em seguida, definir a política, os objetivos e as metas ambientais da 
empresa. 
No Brasil podem ser seguidas as recomendações do CONAMA (Conselho Nacional do 
Meio Ambiente). No estado brasileiro que adotar uma política ambiental, pode seguir a 
legislação específica como: São Paulo (CETESB), Rio de Janeiro (FEEMA), Santa Catarina 
(FATMA), Paraíba (SUDEMA), etc. 
Política ambiental da organização: A organização deve definir a sua política ambiental 
adotando por exemplo: 
? Adequar-se à legislação para reduzir multas e penalidades; 
? Racionalizar o uso de energia e água; 
? Reciclar resíduos e subprodutos; 
 
29 
? Reciclar água; 
? Fazer parcerias institucionais na tentativa de vincular a empresa a uma imagem 
“ecologicamente correta”. 
Objetivos ambientais da empresa: baseado no perfil poluidor a organização deve definir 
os seus objetivos, tais como: 
? Controlar as emissões gasosas; 
? Reduzir a poluição do rio; 
? Reduzir a geração de resíduos sólidos. 
Meta ambiental da empresa: As metas são a quantificação dos objetivos em termos de 
redução, tais como: 
· Reduzir em 20% a poluição atmosférica; 
· Reduzir em 35% a poluição líquida a ser lançada no rio; 
· Reduzir em 50% a geração de resíduos sólidos industriais. 
 
ETAPA 3: 
Documentação: Nesta etapa todas as atividades devem ser expressas formalmente em um 
único documento contendo os seguintes tópicos: 
· Os princ ípios e compromissos ambientais da organização; 
· A política ambiental e o programa de gestão ambiental da organização; 
· As normas da função gestão da qualidade ambiental; 
· A legislação nacional e internacional pertinente às atividades e processos típicos da 
organização assim como requisitos internos de funcionamento; 
· A estrutura orgânica da função; 
· As atribuições da função gestão ambiental e os responsáveis; 
· Os padrões de desempenho e de resultados da organização; 
· A descrição dos equipamentos e sistemas, existentes e previstos, que passarão a ser 
geridos pela função; 
· Os indicadores e variáveis ambientais de monitoração, indicando a periodicidade das 
aferições, o responsável pelas aferições, e os meios de divulgação dos resultados; 
· A descrição do relatório de desempenho ambiental; 
· A descrição dos processos de ações corretivas. 
 
30 
Treinamento: 
Todos da organização têm que estarenvolvidos desde o início do processo de implantação 
do plano de ação, visando a futura certificação (a empresa é certificada por uma auditoria). 
Auditoria Interna: 
As auditorias ambientais são processos de inspeções e levantamentos detalhados acerca do 
nível de conformidade atingindo pela organização e dos impactos ambientais dela 
resultantes, ocorrentes e previstos. Têm-se assim as auditorias de conformidade legal e as 
auditorias de impactos ambientais. 
Uma auditoria interna (através de equipes próprias) deve ser realizada com a finalidade de: 
· Determinar se as atividades do SGA estão em conformidade com o programa 
ambiental aprovado e se estão sendo implementados de maneira eficiente; 
· Determinar a eficiência do SGA no cumprimento da Política Ambiental da 
Organização; 
· Treinar todo o pessoal da empresa. 
 
ETAPA 4: 
 Avaliação Final: 
As atividades para implementação de SGA serão propostas e colocadas em ação, de modo a 
atender os requisitos propostos pela legislação ambiental vigente no local onde está instalada 
a empresa. O Plano de Ação do SGA proposto pode ser executado conforme a Política 
Ambiental da empresa, já que as metas e os objetivos serão implementados visando obter, no 
futuro, resultados ambientais positivos. 
Com a implantação do SGA a indústria se compromete em atender os requisitos pré-
estabelecidos pela Norma ISO 14001, já que a mesma pode provocar um grande impacto 
ambiental negativo. Geralmente as indústrias além de utilizar um grande volume de água, 
geram efluentes de alta carga poluidora constituídos por matéria orgânica, substâncias 
tóxicas e metal pesado. 
As principais razões para a implementação de um SGA não estão só relacionadas com a 
pressão legislativa, mas também são devidas a uma combinação de fatores, tais como: 
exigências de clientes, melhoramento e recuperação da imagem no sentido de 
responsabilidade com a comunidade, investimento ético e política de grupo. 
Um SGA pode ser implantado em qualquer empresa, independentemente da natureza da sua 
atividade ou do seu tamanho, permitindo que a mesma atinja o nível de desempenho 
ambiental por ela determinado e promova sua melhoria ao longo do tempo. Após a 
implementação do SGA, a empresa pode solicitar a sua certificação pela ISO 14001. 
 
 
 
 
31 
ETAPA 5: 
Nesta etapa são realizados os ajustes de implantação dos SGA em função das atividades 
anteriores. 
 
ETAPA 6: 
 
Certificação 
A certificação ambiental vem se revelando um importante instrumento de política ambiental 
doméstica. Auxilia o consumidor, na escolha de produtos menos nocivos ao meio ambiente, 
servindo de um instrumento de marketing para as empresas que diferenciavam seus produtos 
no mercado, atribuindo- lhes uma qualidade a mais. A eco compatibilidade dos produtos 
passa a ser, então, uma informação adicional ao preço na escolha da cesta de consumo 
ambiental das organizações. A certificação não é concedida pela ISO, que é uma entidade 
normalizadora internacional, mas sim por uma entidade de terceira parte devidamente 
credenciada. 
No Brasil, foi estabelecido pelo CONMETRO (Conselho Nacional de Metrologia, 
Normalização e Qualidade Industrial) o Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade, 
tendo sido o Inmetro designado por aquele Conselho como organismo credenciador oficial 
do Estado brasileiro. 
Uma certificação feita no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade tem 
que necessariamente ser realizada por organismo credenciado pelo Inmetro. Como a Norma 
ISO 14001 tem caráter voluntário, as certificações podem ser feitas fora do Sistema 
Brasileiro de Avaliação da Conformidade por organismos credenciados ou não pelo Inmetro. 
Independentemente da certificação ser feita dentro ou fora do Sistema Brasileiro de 
Avaliação da Conformidade, quando realizada por organismo credenciado pelo Inmetro, a 
mesma é conduzida com base nos mesmos requisitos e metodologia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
3.4.2. Elaboração do Plano de Gestão - SGA 
 
A elaboração de um plano de gestão ambiental pode ser realizada aplicando os componentes 
da Tabela 1. 
Tabela 1- Principais componentes para elaboração de um plano de gestão - SGA 
Aspectos 
Ambientais 
Impactos 
Ambientais 
Requisitos 
Legais 
Critérios 
Desempenho 
(internos) 
Objetivo Meta Prazo Custo Responsável 
Emissões 
Líquidas 
 
Emissões 
Gasosas 
 
Emissões 
Sólidas 
 
 
Na Tabela 1 as emissões líqui 
das, gasosas e sólidas apresentam respectivamente os aspectos ambientais, os impactos 
ambientais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
CAPÍTULO 4 
4. AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA – ISO 14.040 
 
Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é uma técnica para avaliação dos aspectos ambientais e 
dos impactos ambientais associados a um produto, compreendendo etapas que vão desde a 
retirada da natureza de matérias-primas elementares que entram no sistema produtivo 
(berço) a disposição do produto final (túmulo) (CHEHEBE 1998). 
A ACV trata-se de uma ferramenta relativamente nova no mundo e, atualmente, está sendo 
introduzida no Brasil, embora o país ainda não possua um banco de dados público 
disponível as consultas para estudos de ACV. 
A maneira como é definida a Análise do Ciclo de Vida (ACV) nos dias atuais demonstram 
cada vez mais a sua importância nas avaliações de impactos ambientais, sendo normalizadas 
pelas: 
i. ISO 14040 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Princípios e Estruturas. 
ii. ISO 14041 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Definição de objetivo, 
análise do inventário e escopo. 
iii. ISO 14042 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Análise de impostos 
associados ao ciclo de vida. 
iv. ISO 14043 Gestão Ambiental – Avaliação do Ciclo de Vida: Interpretação. 
 
A Avaliação do Ciclo de Vida tem se mostrado uma ferramenta importante nas questões de 
economia, qualidade e preservação do meio ambiente, pois concede informações 
importantes na elaboração de novos produtos bem como melhoramentos significativos nos 
processos atuais de funcionamento das empresas que a empregam como ferramenta 
gerencial (CHEHEBE 1998). 
4.1. FASES DA ACV 
 
Com base na ABNT NBR ISO 14040 (ABNT 2004) a metodologia com técnica de ACV 
inclui quatro fases principais, inter-relacionadas entre si, como estão mencionadas abaixo: 
1. Definição do objetivo e escopo da análise; 
 
34 
2. Inventário dos processos envolvidos, com enumeração das entradas e saídas do 
sistema; 
3. Avaliação dos impactos ambientais associados às entradas e saídas do sistema 
(cálculos); 
4. Interpretação dos resultados das fases de inventário e avaliação, levando-se em 
conta os objetivos do estudo. 
 
A ISO 14.040 estabelece que a Análise do Ciclo de Vida de Produtos deve incluir a 
definição do objetivo e do escopo do trabalho, uma análise do inventário, uma avaliação de 
impacto e a interpretação dos resultados, como mostrado na Figura 8. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 9. Fases da ACV 
Fonte: Chehebe(1998) 
4.1.1. Objetivo e Escopo 
 
Na ACV, o primeiro passo a ser seguido é a definição do objetivo do estudo, e segundo 
Ferrão (1998), deve considerar as seguintes questões: 
i. Quais razões levam à realização do estudo? 
ii. Qual objetivo do estudo? 
iii. Que produto ou função pretende-se estudar? 
iv. A quem se destina os resultados? 
FASES DA ACV 
· Entrada e Saída 
· Coleta de Dados 
· Aquisição de 
Matéria Prima e 
Energia, 
Manufatura e 
Transportes 
OBJETIVO 
 
INTERPRETAÇÃO 
ANÁLISE DO 
INVENTÁRIO 
AVALIAÇÃO 
DE IMPACTO 
 · Propósito 
· Escopo 
· Unidade Funcional 
· Definição dos 
Requisitos de 
Qualidade· Classificação: Saúde 
Ambiental, Saúde 
Humana, Exaustão dos 
Rec. Naturais 
· Caracterização 
· Valoração 
· Identificação 
Dos Principais 
Problemas 
· Avaliação 
· Análise de 
sensibilidade 
· Conclusões 
 
35 
O segundo passo em um estudo de ACV constitui o escopo da análise, o qual definirá o 
sistema, os limites do sistema, os requisitos de dados, as pressuposições e as limitações 
(quando conhecidos). 
De acordo com Reis (1996) o objetivo de um estudo deve ser definido, incluindo-se uma 
declaração clara e inequívoca do motivo pelo qual a ACV será conduzida, o(s) uso(s) 
pretendido(s) para os resultados, o público-alvo, as metas iniciais de qualidade dos dados e o 
tipo de processo de revisão critica a ser utilizado. 
Segundo Reis (1996) o escopo de um estudo definirá o sistema, os limites do sistema, os 
requisitos de dados, as pressuposições e as limitações (quando conhecidas). 
Na prática, de acordo com Chehebe (1998) é recomendado que inicialmente seja gasto 
relativamente pouco tempo formulando o escopo quando se inicia uma ACV A experiência 
adquirida na busca de informações fará com que sejam necessários a reformulação e o 
ajustamento do escopo do estudo. 
Na definição do objetivo e do escopo do estudo de ACV devem ser considerados: 
· O sistema a ser estudado. 
O sistema a ser estudado pode ser qualquer produto ou processo industrial desde que se 
defina qual tipo de informações se deseja conhecer. Ex: indústria têxtil de um modo geral ou 
apenas o processo de coloração do tecido. 
· A definição dos limites do sistema. 
Os limites do sistema serão determinados de acordo com a confiabilidade dos dados e a sua 
respectiva utilização. Ex: processo total ou parte dele, como acima descrito. 
· A definição das unidades de processo. 
Determinação de cada parte do processo de produção. Ex: transporte, moagem de material. 
· O estabelecimento da função e da unidade funcional do sistema. 
A unidade funcional é uma das etapas mais importantes, sendo que serve de comparação 
para cada parte do processo. Ex: kg de sabão por kg de roupa limpa, ou kg de sabão por 
litros de água. 
· Os procedimentos de alocação. 
Quando se estuda a reutilização de subprodutos no processo. Ex: água de moagem para 
resfriamento dos fornos ou para remoção de particulados na chaminé. 
 
 
36 
· Os requisitos dos dados. 
Verifica-se a validade dos dados bem como sua origem e ano de estudo. 
· As hipóteses e limitações. 
Os estudos de ACV são amplos, pode-se estender o estudo ao local ou até ao âmbito global 
o que se torna inviável. 
· Se for realizadas Avaliação de Impacto e a metodologia a ser adotada. 
A avaliação de impacto deve ser quantificada e qualificada. 
 
· Se for realizadas a fase de Interpretação e a metodologia a ser adotada. 
Avaliar qual impacto no meio ambiente merece priorização. 
· O tipo e o formato do relatório necessário ao estudo. 
O relatório deve ser de fácil interpretação e utilização conforme onde os resultados serão 
aplicados. Ex: laboratório de análises, para o governo. 
· A definição dos critérios para a revisão crítica, se necessária. 
Deve-se rever todo o estudo para poder avaliar sua validade e utilização. A Figura 9 mostra 
o sistema relacionado ao produto e sua vizinhança. Onde os fluxos elementares são as 
entradas ou passagens de matérias primas e outros materiais no processo, ou saídas de 
materiais para outras indústrias, no caso de subprodutos. 
TRANSPORTE
EXTRAÇÃO DE
 MAT-PRIMAS
PRODUÇÃO
 OUTROS
SISTEMAS
RECICLAGEM
 REUSO
USOENERGIA
TRATAMENTO
DE RESIDUOS
 OUTROS
SISTEMAS
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO ELEMENTAR
FLUXO DO 
PRODUTO
FLUXO DO 
PRODUTO
LIMITES DO SISTEMA
 
Figura 10. Sistema relacionado ao produto e sua vizinhança 
Fonte: CHEHEBE (1998) 
 
37 
4.1.2. Análise do Inventário 
Segundo Chehebe (1998) uma vez que o objetivo e o escopo do estudo foram estabelecidos, 
a próxima fase da ACV é o Inventário. A definição do objetivo e do escopo do estudo 
fornece um planejamento inicial sobre a forma como o estudo será conduzido, O Inventário 
do Ciclo de Vida de um produto refere-se à coleta de dados e aos procedimentos de cálculos. 
Em tese, o inventário é semelhante a um balanço contábil- fínanceiro, só que medido em 
termos energéticos ou de massa. O total do que entra no sistema em estudo deve ser igual ao 
que sai. 
De uma forma geral deve-se organizar a fase de análise do inventário de acordo com as 
seguintes atividades: preparação para a coleta de dados, coleta de dados, refinamento dos 
limites do sistema, determinação dos procedimentos de cálculo e procedimentos de 
alocação. 
Como essas atividades devem ser realizadas em acordo com o objetivo e o escopo do estudo 
e devem obedecer a uma série de parâmetros estabelecidos na norma ISO 14041 estabelece 
alguns princípios que devem ser seguidos durante a fase de inventário. A figura 10 mostra as 
etapas operacionais que devem ser feitas durante esta fase. 
Figura 11. Etapas operacionais 
Fonte: CHEHEBE (1998) 
 
 
 
 DEFINIÇÃO DOS 
OBJETIVOS E METAS
ALOCAÇÃO E
RECICLAGEM
Folhas de dados
PREPERAÇÃO PARA A 
COLETA DE DADOS
TABELA DE DADOS
VALIDAÇÃO DE DADOS
RELACIONANDO OS DADOS 
ÁS MEDIDAS DO PROCESSO
RELACIONANDO OS DADOS 
 A MEDIDA FUNCIONAL
AGREGAÇÃO DE DADOS
 REFINAMENTO DOS 
LIMITES DO SISTEMA
Dados coletados
Dados validados
Dados validados por 
unidade de processo
Dados validados por 
unidade funcional
Inventário calculado
Dados adicionais ou 
unidades de processo 
requeridas
Folhas de dados 
revisados
 
38 
4.1.3. Avaliação de Impactos 
O resultado da etapa anterior é uma tabela de inventário para o sistema estudado: uma longa 
lista de dados com intervenções ambientais que podem ser de difícil interpretação, 
especialmente quando se comparam produtos. 
O texto ISO CD 14042, aprovado em Kioto (Japão), em maio de 1997, propõe que o 
processo de avaliação de impacto seja composto, no mínimo, dos seguintes elementos: 
a) Seleção e definição das categorias — onde são identificados os grandes focos de 
preocupação ambiental, as categorias e os indicadores que o estudo utilizará. 
b) Classificação — onde os dados do inventário são classificados e grupados nas diversas 
categorias selecionadas (relacionadas a efeitos ou impactos ambientais conhecidos 
aquecimento global, acidificação, saúde humana, exaustão dos recursos naturais, etc). 
c) Caracterização — onde os dados do inventário atribuídos a uma determinada categoria 
são modelados de forma a que os resultados possam ser expressos na forma de um indicador 
numérico para cada categoria 
Os dados são classificados e agrupados nas diversas categorias selecionadas como o 
aquecimento global, acidificação, etc. Pode-se classificar em: 
ü Meios receptores; 
ü Problemas Ambientais. 
Atribuição de pesos — Alguns técnicos poderão desejar atribuir pesos aos resultados da 
avaliação de impacta. Como a ponderação é um processo baseado em valores e pode 
envolver critérios subjetivos, essa etapa e considerada por grande parte dos especialistas 
como não-científica, altamente subjetiva e sujeita a distorções de caráter político- ideológico. 
Segundo Soares (2006), o desempenho ambiental de um produto ou processo passa 
primeiramente pela definição de um conjunto de critérios que possam descrevê-lo, segundo 
a justificativa dos implicados no processo, como por exemplo, consumo de matérias-primas, 
contribuição à produção de chuvas ácidas, etc.. Seguindo os termos anteriormente citados, 
os fatores de impacto (fluxo de matéria) levantados durante o inventário devem ser 
classificados ou agrupados em categorias, que são os grandes focos depreocupação 
ambiental. 
Esta classificação pode considerar dois enfoques, utilizada independentemente ou de forma 
complementar: 
I ) Em função dos meios receptores nos quais os poluentes são rejeitados; 
II) Em função dos problemas ambientais : nesta caso cada fator de impacto vai ser analisado 
com relação às conseqüências que ele tem sobre o ambiente. 
 
39 
Para caracterizar os impactos ambientais segundo a abordagem dos meios receptores, será 
apresentada uma proposição que considera as emissões no ar e na água pela utilização de 
volumes críticos e uma proposição que considera os volumes de diferentes resíduos sólidos 
produzidos e destinados a aterro sanitário (SOARES, 2006). 
 
I - Meios Receptores 
 
Volume crítico do ar e da água 
 
Este procedimento suíço se apóia sobre os valores regulamentares de concentração de 
rejeitos no ar e na água: atribui-se a cada fator de impacto regulamentado (poeiras, cloro, 
chumbo, compostos orgânicos, etc.) a quantidade de água ou de ar que seria necessária para 
"diluir" e atingir o limite de concentração limite (volume crítico = emissão/valor limite) 
(SOARES, 2006). 
 
Por exemplo, se uma regulamentação autoriza um rejeito no ar de 8 mg/m3 de CO, o ciclo de 
vida de 1 kg de vidro produz 78 mg de CO. Isto produz um volume crítico de 9,75 m3 de ar 
(78/8) para o monóxido de carbono. O mesmo cálculo é repetido para os demais poluentes. 
O volume crítico para um determinado sistema é dado pela equação a seguir: 
 
Volume crítico = S (rejeitado mi/Norma mi) 
 
O volume crítico é um artifício matemático que permite simplesmente a comparação entre 
os impactos dos diferentes materiais na água e no ar, e mesmo assim, o usuário deve 
considerar os seguintes aspectos: 
 
• As normas não são necessariamente científicas; 
• As normas são variáveis de uma região a outra; 
• Aplicável para rejeitos regulamentados; 
• Não considera efeitos de sinergia e antagonismo. 
 
Produção de resíduos sólidos 
 
Pode-se considerar, por exemplo, o volume de resíduos de Classe I, Classe II A e II B, a 
necessidade de tratamentos específicos, etc. No caso de volume, pode-se recorrer à equação 
a seguir: 
 
 
 (5) 
 
 
Onde, 
mi: massa do resíduo i 
Fi: fator de compactação do resíduo 
?i: massa específica do resíduo i 
 
40 
II - Problemas ambientais 
 
i) Esgotamento de matérias-primas 
 
Consumo de matéria-prima 
 
m = Smi (6) 
 
Onde: 
mi: massa da matéria-prima i utilizada 
 
 
ii) Potencial de aquecimento global : (PAG ou GWP de Global Warming Potential) 
 
Faz a medida em relação ao efeito de 1 kg de CO2. 
 
Tabela 2 - Potencial de aquecimento global em um horizonte de 100 anos 
 
iii) Potencial de acidificação equivalente (PAE) 
 
É a unidade escolhida para a medida da contribuição de uma substância gasosa à 
acidificação. 
 
O PAE (potential acid equivalent) que é igual a massa molar da substância x/ número de 
moles de H+ liberáveis por mol de S(enxofre). A tabela 3 apresenta alguns valores de PAE. 
 
Tabela 3 - Potencial de acidificação equivalente (PAE) 
 
 
iv) Potencial de redução da camada de ozônio (PRCO ou ODP de Ozone Depletion 
Potential) 
 
É a medida em relação ao efeito de 1 kg de CFC-11. 
 
 
41 
Tabela 4 - Potencial de redução da camada de ozônio 
 
 
Estes índices significam que, por exemplo, no caso do aquecimento global deve-se converter 
a contribuição de todos os gases que causam o aquecimento do planeta tomando-se o CO2 
como substância de referência (SOARES, 2006). 
 
Em outras palavras, o efeito de aquecimento do metano é expresso em termos da quantidade 
equivalente de CO2 que causaria o mesmo efeito de aquecimento global. 
 
v) Potencial de eutrofização: 
 
É a medido em relação a 1 kg de fosfato 
 
- Neste enfoque, uma mesma substância pode contribuir em mais de uma classe de impacto, 
participando da pontuação final. 
 
- Os critérios aqui apresentados, como já mencionados, não constituem uma lista exaustiva. 
Outros podem fazer parte da avaliação como, por exemplo, ruído, odor, toxicologia, 
ecotoxicologia, etc.. 
 
 
4.1.4. Interpretação dos Resultados 
 
Hipóteses estabelecidas durante a Análise do Ciclo de Vida de um Produto afetam seu 
resultado final. Necessita-se, portanto, realizar, ao término do trabalho, antes do relatório 
final, uma avaliação dos resultados alcançados e dos critérios adotados durante sua 
realização. 
 
Os resultados da ACV devem ser relatados à audiência pretendida de forma justa, completa 
e precisa. O tipo e o formato do relatório devem ser definidos na fase de escopo do estuda. 
Dois conceitos básicos são importantes na apresentação dos resultados de um estudo de 
ACV. 
 
· TRANSPARÊNCIA — Os resultados, dados, métodos, hipóteses e limitações devem ser 
apresentados de forma transparente e com um grau de detalhamento suficiente para 
permitir ao leitor uma completa compreensão das complexidades e trocas inerentes a um 
estudo de ACV. 
 
· DESAGREGAÇÃO — A desagregação dos dados é necessária a fim de facilitar a 
interpretação dos resultados. 
 
 
42 
Deve-se apresentar a ACV como uma ferramenta de avaliação ambiental, para assegurar 
uma maior eficácia da solução proposta, identificar e responsabilizar os diferentes atores 
envolvidos. 
 
A ACV é uma ferramenta de avaliação do impacto ambiental que tem como meta 
(SOARES, 2005): 
 
· Melhorar a compreensão dos aspectos ambientais associados aos processos 
produtivos; 
· Avaliar a seleção de diferentes materiais e processos; 
· Permitir a seleção de indicadores ambientais e avaliação do perfil ambiental; 
· Auxiliar o processo de tomada de decisões; 
· Avaliar os impactos para a implantação de SGA - ISO 14001. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
CAPÍTULO 5 
5. ANÁLISE MULTICRITÉRIO: FERRAMENTA DE APOIO NA ACV 
A Análise de multicritério será uma ferramenta usada para auxiliar na tomada de decisão na 
avaliação do ciclo de vida. 
As Metodologias Multicritério de Apoio à Decisão (Multicriteria Decision Aid – MCDA) 
objetivam auxiliar analistas e decisores em situações nas quais há a necessidade de 
identificação de prioridades sob a ótica de múltiplos critérios, o que ocorre normalmente 
quando coexistem interesses em conflito (Gomes, 1999). 
5.1. Conceitos Elementares 
 
Em um problema multicritério vários agentes são atuantes. É preciso notar que sua definição 
é meramente didática, muitas vezes confundindo-se entre si. Os componentes básicos de um 
problema de decisão multicritério são: 
Decisores – São os indivíduos que fazem escolhas e assumem preferências, como uma 
entidade única, chamada de decisor, agente ou tomador de decisão. 
Analista – É a pessoa encarregada de interpretar e quantificar as opiniões dos decisores, 
estruturar o problema, elaborar o modelo matemático e apresentar os resultados para a 
decisão. Deve atuar em constante diálogo e interação com os decisores, em um processo de 
aprendizagem constante. Embora não seja recomendável, é comum que o analista seja um 
dos decisores. 
Modelo – É o conjunto de regras e operações matemáticas que permitem transformar as 
preferências e opiniões dos decisores em um resultado quantitativo 
Alternativas – Alternativas são ações globais, ou seja, ações que podem ser avaliadas 
isoladamente. Podem representar diferentes cursos de ação, diferentes hipóteses sobre a 
natureza de uma característica, diferentes conjuntos de características etc. 
Critérios – Os critérios são as ferramentas

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