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Aula 12 TGE 1

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Ciência Política e Teoria Geral do Estado: 
 
 Justiça: 
Definições: 
Problema etimológico: 
Isotes = igualdade 
Dikaiosune = retidão 
 
Sentido amplo: 
Neste sentido, a justiça universal defende uma aplicação mais abrangente e extensa, para 
o bem de todos. Ela existe porque todo ser humano possui um sentimento inato sobre 
expectativas de que determinados valores sejam efetivados no seio social, tais como 
igualdade, equidade, misericórdia, etc. 
Sentido estrito: 
Em sentido estrito, a essência da justiça consiste em dar ao outro, com igualdade, aquilo 
que lhe é devido. Esta justiça, particular, divide-se em outras duas: a) Justiça distribuitiva: 
se observa a distribuição pelo Estado de bens, honrarias, cargos, assim como 
responsabilidades, deveres e impostos. B) Justiça corretiva: visa o restabelecimento do 
equilíbrio que for rompido na sociedade. 
 
Bases Epistemológicas para o Debate Contemporâneo sobre Justiça: 
Justiça Aristotélica: 
Distributiva: nessa espécie de justiça, o justo é o proporcional, segundo uma proporção 
geométrica, na qual os indivíduos recebem de acordo com seu merecimento, ou 
necessidade. 
Retributiva/Corretiva/Sinalagmática: 
Comutativa: é a que deve presidir às trocas; sua regra é a igualdade matemática. Uma 
permuta é justa quando os dois termos trocados têm o mesmo valor. 
Restaurativa ou Judicial: o objetivo é restabelecer a igualdade existente antes da 
ocorrência do fato injusto. Nesse caso a igualdade aplicada é a proporção aritmética. A 
justiça é o meio termo entre o ganho e a perda. 
A Justiça como Vontade Divina – Agostinho: 
Todos os homens são iguais porque são filhos de Deus e esta seria a justiça divina. No 
entanto, será dispensado tratamento igualitário dentro de uma ordem pré-definida, de 
acordo com seu mérito, que consiste na observância da lei divina, a lex arterna, da lei 
natural, a lex naturalis e, depois, da lei dos homens, a lex humana. E segue dizendo que 
justiça é dar a cada um o que é seu, de acordo com a hierarquia da ordem natural criada 
por Deus: o corpo deve submeter-se à alma; a alma, a Deus; e as paixões, à razão. A 
igualdade absoluta, a justiça perfeita, só existiria na cidade de Deus, no reino inteligível: 
ante Deus, todo homem é servo. A cidade dos homens, o reino sensível, tem de se 
submeter à Cidade de Deus: sua finalidade é apenas a paz temporária, enquanto a cidade 
de Deus objetiva a Paz eterna. 
A Justiça como Ordem – Hobbes: 
Encontra-se na obra de Hobbes o entendimento segundo o qual a única fonte do Direito 
é a vontade do soberano. Os ordenamentos jurídicos inferiores ao Estado adquirem 
relevância jurídica somente por meio do reconhecimento conferido a eles pelo soberano, 
motivo pelo qual não podem ser considerados ordenamentos originários e nem 
autônomos. No Estado Soberano, a Justiça faz na condição de valor perpétuo consolidado 
pela realização plana da segurança e da vida. Nesta medida, após o estado de natureza, 
quando os homens renunciam à sua liberdade em prol do soberano, a fim de que este lhes 
garanta a segurança física e a propriedade privada, Hobbes afirma, com isso, que o valor 
justiça se concretiza pela consecução da ordem. 
A Justiça como Liberdade Regulada – Rousseau: 
Rousseau defendia que, após firmar o contrato social, os seres humanos substituem a 
liberdade natural pela liberdade moral ou civil. Para ele, tal procedimento cria normas 
que cuidam da igualdade. E aceite o cumprimento de regras que firmem direitos e deveres 
entre os cidadãos permite criar uma sociedade justa, onde cada um recebe aquilo que lhe 
é de direito e permite ao outro também receber em igual medida essa justiça. Ele vê no 
Estado civil e no Direito positivo o estágio superior em relação ao Estado natural, pois, 
no Estado civil, há meios de conciliar segurança, paz e liberdade, ao passo que, no Estado 
natural, não se torna possível a coincidência desses três valores num momento. 
Justiça e Imperativo Categórico – Kant: 
Trabalhando esta matéria, Kant responde sobre o conceito de justo ou injusto (Recht oder 
Unrecht) ao afirmar: “O que é correto segundo leis externas chama-se justo (justum), o 
que o não é, injusto (injustum).” Deste modo, o conceito do que é justo leva em 
consideração o que é conforme: o que é conforme a que? Às leis externas. Mas, de 
maneira universal, deve-se apelar ao Imperativo Categórico: 
“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se 
torne lei universal”. 
“Age como os princípios da tua ação devessem ser erigidos pela tua vontade em lei 
universal da natureza”. 
“Age de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, sempre 
como um fim e nunca como um meio”. 
Justiça Incompatível com o Capitalismo – Max: 
O homem não pode ser escravizado, ou ter sua essência (ontológica) expropriada. O que 
Marx demonstra, por meio de uma rigorosa análise, é que o capitalismo não oferece as 
condições concretas para que estes princípios (liberdade, igualdade e dignidade, por 
exemplo) se manifestem de fato, dado que sua realização econômica se funda na negação 
da liberdade plena, da dignidade humana e da igualdade de oportunidade. A crítica 
marxista ao capitalismo contém, na essência, um conteúdo ético: o capitalismo reduz as 
liberdades individuais ao plano formal, mas também porque este sistema não consegue 
oferecer as circunstâncias necessárias para os indivíduos alcançarem uma vida digna, 
tampouco para que vivam nas condições humanas indispensáveis, portanto não condiz 
com Justiça. 
 
O Debate Atual sobre Justiça: 
Justiça como Problema – Hans Kelsen: 
Ainda que o fato do conceito de justiça deva ser revelado em função da relação entre 
pessoas, só é possível determinar se a conduta de um indivíduo é justa ou não se houver 
uma norma positivada que prescreva a qualidade justa ou injusta dessa conduta. Para 
Kelsen é infrutífero qualquer esforço em afirmar um valor inequivocamente absoluto, 
universal e harmônico de justiça. Contudo, observa-se um mero entendimento subjetivo 
do que é justo, havendo circunstancialmente maior ou menor chance de harmonização 
com a realidade. As doutrinas absolutas sobre a Justiça, concorrem para a autocracia. 
Somente o relativismo axiológico pode impedir a formação de regimes políticos 
despóticos, os quais usualmente se fundam em valores absolutos. Ou seja, é preciso 
entender que a Justiça é aquilo que os homens consensualmente definem como tal. 
Justiça como Individualismo – Friedrich von Hayek: 
Hayek defende o individualismo inconsciente do ‘homo economicus’, ou seja, do mundo 
das necessidades, sendo contra o individualismo político. Argumenta que a sociedade é 
regida por normas gerais e abstratas, as quais são geradas espontaneamente pelas ações 
dos homens na sociedade (isto é, no mundo das necessidades). Assim, Hayek opõe-se a 
todas as tentativas de impor à sociedade um padrão de distribuição previamente 
concebido, seja ele da ordem da igualdade ou da desigualdade. Ele acredita que aqueles 
que defendem uma extensão da igualdade na realidade não a querem em si; o que querem 
é uma distribuição conforme as concepções humanas de mérito individual. Hayek afirma 
também que os desejos dos defensores da igualdade são tão irreconciliáveis com a 
liberdade quanto são as demandas mais estritamente igualitárias. Para Hayek, a 
intervenção do Estado na sociedade a fim de promover a igualdade é caracterizada como 
uma coerção. 
Justiça como Equidade – John Rawls: 
Seu objetivo é generalizar e elevar a uma ordem mais alta de abstração as teorias 
tradicionais do contrato social e Liberalismo representadas por Locke, Rousseau e Kant. 
Rawls pretende conjugarna sociedade duas características: a liberdade e a justiça social. 
Por quê ambas? Porque, se apenas houver liberdade, põe se em causa a justiça social (uns 
indivíduos possuirão sempre mais bens do que outros e os que possuem mais possuirão 
sempre mais – a riqueza gera mais riqueza). Se apenas houver justiça social, põe-se em 
causa a liberdade (limita-se a liberdade de os indivíduos possuírem mais bens do que a 
quantidade de bens que possuem). Método: 
Contrato Social via “Véu de Ignorância”: desconhecimento por parte de cada indivíduo 
da sua condição social e econômica no momento do estabelecimento do contrato social. 
Justiça como Bem-Estar – Ronald Dworkin: 
Defende a concepção de igualdade de recursos. Isso se deve a basicamente à adoção de 
duas ideias que desempenham um papel crucial na teoria da justiça desenvolvida por 
Dworkin: a ideia de escolha e a ideia de responsabilidade. O princípio da escolha significa 
que a distribuição das riquezas sociais deve refletir as escolhas das pessoas. De acordo 
com esse princípio, uma distribuição idêntica das riquezas não se traduziria em uma 
distribuição justa. Já a ideia de responsabilidade implica que não seriam justificadas as 
desigualdades materiais que não pudessem ser atribuídas às escolhas das pessoas, assim 
como não se justificariam aquelas que decorressem de circunstâncias que se encontram 
fora do controle das pessoas. 
Justiça como Titularidade Legítima – Robert Nozick: 
Defende um liberalismo radical que considera absolutos direitos individuais como 
liberdade e a propriedade. Opõe-se ao conceito de justiça social de Rawls defendendo um 
Estado mínimo que como um guarda-noturno proteja a segurança dos cidadãos e as 
liberdades políticas mas não interfira na vida econômica. Propõe uma distribuição da 
riqueza baseada no mérito dos indivíduos. Para Nozick uma sociedade justa é a que não 
impõe qualquer limite legal aos níveis de desigualdade econômica nela presentes. As 
desigualdades sociais e econômicas não devem ser ajustadas de modo a que reverta 
também a favor dos mais carenciados. Porquê? Por duas razões: 1) distribuir os benefícios 
sociais de acordo com uma regra ou fórmula geral – um padrão – exige sempre o uso 
ilegítimo da força e da coerção; 2) as livres escolhas dos indivíduos perturbam 
frequentemente os padrões de distribuição que as sociedades pretendem estabelecer. 
Justiça como Dialogia – Jürgen Habermas: 
Habermas elabora sua teoria do agir comunicativo, contida na obra “Direito e democracia: 
entre facticidade e validade”, intenta compreender a dualidade do Direito moderno, de 
um lado, o Direito é facticidade quando se realiza aos desígnios de um legislador político 
e é cumprido e executado socialmente sob a ameaça de sanções fundadas no monopólio 
estatal da força. De outro lado, o Direito é validade quando suas normas se fundam em 
argumentos reacionais ou aceitáveis por seus destinatários. No seio de uma tensão 
permanente entre facticidade e validade, a constituição de uma comunidade jurídica 
autônoma requer o abandono, em termos pós-metafísicos, de uma razão prática e a 
assunção de uma razão comunicativa. A proposta de Habermas pretende, pois, situar a 
legitimidade do Direito não no plano metafísico, mas no plano discursivo e 
procedimental. Assim, o indivíduo, através de sua consciência, chega à norma, pela razão 
comunicativa, baseada numa pluralidade de indivíduos que, orientando sua ação por 
procedimentos discursivos, chegam à norma. Assim, a fundamentação do Direito, sua 
medida de legitimidade, é definida pela razão do melhor argumento. Como emanação da 
vontade discursiva dos cidadãos livres e iguais, o Direito pode realizar a grande aspiração 
da humanidade: a efetivação da justiça.

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