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Síndromes mentais orgânicas

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Síndromes mentais orgânicas
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Delirium 
É uma síndrome mental aguda, de base orgânica (conhecida ou suspeita). Tem início abrupto e curta duração. 
Causa prejuízo global das funções cognitivas, de atenção, psicomotricidade e alteração do ciclo sono-vigília.
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Delirium tremens 
É a forma grave de abstinência alcoólica. Os primeiros sintomas ocorrem entre 48 a 72 horas após parar de beber, o pico é em torno do quarto dia, podendo durar de uma à duas semanas. 
Os sintomas se caracterizam por:
Tremor 
Hipertensão
Taquicardia
Sudorese
Febre 
Delirium e psicose
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Principais características do delirium
Pode ser causado tanto por distúrbios próprios do cérebro como por distúrbios com origem fora do cérebro.
Instalação geralmente aguda ou subaguda (horas e dias).
Existem evidências de disfunção difusa do tecido cerebral, normalmente envolvendo os hemisférios cerebrais, o sistema reticular ativador ascendente e o sistema nervoso autônomo.
A disfunção do tecido cerebral é potencialmente reversível se a causa for tratada com sucesso.
As manifestações clínicas variam muito de um paciente para outro e de um episódio para outro.
O traçado do eletroencefalograma está lentificado, com exceção do delirium tremens (forma grave de abstinência alcoólica), em que se apresenta acelerado.
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Quadro clínico do delirium
Rebaixamento do nível da consciência e alteração da atenção. É a condição básica que pode ser acompanhada secundariamente de outras alterações psíquicas. É verificado o rebaixamento do nível da consciência pela sonolência ou por sinais evidentes (como desorientação temporal), mudança no estado de alerta e atenção, perplexidade, dificuldades de concentração e de apercepção de si e do outro.
Orientação. É muito frequente a desorientação alopsíquica. A desorientação temporal é a primeira a ocorrer, seguida, às vezes, por desorientação espacial. 
Pensamento ilógico e desorganização do discurso. O paciente apresenta-se confuso, seu pensamento é ilógico, e seu discurso é pouco compreensível, com ideias que se articulam apenas frouxamente.
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Sensopercepção. Depende da alteração do nível da consciência. Frequentemente ocorrem ilusões visuais ou alucinações visuais/táteis.
Humor. Em geral, a ansiedade é intensa, podendo ocorrer estados de perplexidade, irritação, terror e pavor. Na sub forma hipoativa do delirium, pode ocorrer apatia em vez de ansiedade.
Psicomotricidade. Ocorrer mais frequentemente a agitação psicomotora, mas podem ocorrer também retração, hipersonolência e lentificação motora.
Alteração do ciclo sono-vigília. A insônia no período noturno é frequente. Pode haver inversão do ciclo sono-vigília. Tipicamente o paciente apresenta um estado de hipervigilância nos períodos vespertino e noturno e dorme durante a manhã.
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Evolução dos quadros orgânico-cerebrais agudos
Nas fases prodrômicas, o paciente sente-se ansioso, tem dificuldade para se concentrar, está inquieto, com medo e um tanto perplexo. Pode apresentar hipersensibilidade a luz e sons, dificuldade para adormecer e sonhos ameaçadores ou pesadelos.
Com a evolução do quadro (geralmente no final da tarde e início da noite), começam a surgir ilusões visuais e táteis, a ansiedade e a agitação psicomotora se intensificam. Podem ocorrer fenômenos autonômicos como sudorese profunda, tremores grosseiros e febre.
O delirium manifesta-se com mais intensidade à noite e de madrugada. 
Depois de terminado, o quadro permanece para o doente apenas como reminiscência vaga do que ocorreu.
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É importante lembrar que, no delirium, com frequência ocorre uma variação temporal marcante, que pode causar dificuldades diagnósticas consideráveis. 
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Subtipos de delirium
 Hiperativo é a forma mais saliente e exuberante de delirium. Verifica-se aqui considerável inquietação ou mesmo agitação psicomotora, ansiedade, agressividade, ilusões ou alucinações visuais e discurso confuso. O delirium hiperativo, tem prognóstico melhor.
 Hipoativo manifesta-se por hipersonolência e pouca expressão motora e afetiva. Essa subforma de delirium implica maior dificuldade diagnóstica e pode ser confundida com depressão grave. O delirium hipoativo tem prognóstico pior, implicando com mais frequência a morte do paciente.
 Misto parece ser a forma mais comum do delirium, alterando-se períodos de hiperatividade e hipoatividade.
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Etiologia e manejo dos quadros de delirium
Hipoglicemia. Pode ocorrer lesão irreversível ao SNC. Deve-se sempre colher rapidamente a glicemia e repor a glicose por via intravenosa.
Hipoxia ou anoxia. Podem causar danos irreversíveis no SNC. Ocorrem por duas causas:
 Hipoperfusão. Embora o sangue esteja bem oxigenado, o cérebro é inadequadamente perfundido.
 Hipoxia. Quando a perfusão cerebral é normal, mais o sangue não é adequadamente oxigenado. 
Hipertemia. Pode causar dano cerebral grave. Deve ser tratada imediatamente por métodos farmacológicos e físicos. 
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Deficiência de tiamina. Causa a síndrome de Wernicke que, caso não tratada prontamente, pode produzir perdas de memória irreversíveis. Essa síndrome caracteriza-se por delirium, ataxia, distúrbios dos movimentos oculares, nistagmo e fraqueza muscular. 
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Diagnóstico diferencial do delirium
Esquizofrenia. Seu surgimento tende a ser mais insidioso que o do delirium; existência de personalidade pré-mórbida, há pouca flutuação do quadro clínico; não há distúrbio do sono-vigília nem alteração do nível da consciência; a orientação esta comumente preservada; as alucinações em geral são auditivas; o delírio persecutório costuma ser personalizado; não há embotamento afetivo; não há alterações autonômicas na esquizofrenia.
Histeria. Ao contrário do que ocorre na histeria, no delirium, os antecedentes psicológicos do paciente não indicam problemas nas relações interpessoais. A histeria geralmente envolve desorientação autipsíquica, e, havendo alucinações ou ilusões, estas têm caráter teatral.
Afasias. A afasia de compreensão pode ser confundida com a confusão mental associada a delirium. O paciente afásico geralmente utiliza construções gramaticais estranhas, incomuns, além de neologismos.
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Demências. O curso e a instalação das demências são geralmente lentos, insidiosos. Alterações do nível da consciência são mais raras nas demências. Flutuação do quadro e alterações do ciclo sono-vigília e alucinações são raras na demência.
Mania. Em idosos, pode se confundir com delirium. Não há alteração do nível da consciência mania, e o quadro se caracteriza por euforia, irritabilidade e agitação psicomotora.
Depressão. O delirium do subtipo hipoativo, com marcante apatia e redução da psicomotricidade, pode ser confundido com quadros depressivos graves. 
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Referências 
 Livro – Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2ª edição. Paulo Dalgalarrondo

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