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Princípios dos títulos de crédito Prof. Adalberto Amorim Pinheiro Princípios ➢Literalidade ➢Cartularidade ➢Autonomia Princípio da literalidade ● “O que não se encontra expressamente consigna- do no título de crédito não produz consequências na disciplina das relações jurídico-cambiais.” (COELHO, 2014) ● Ou seja, "vale o que está escrito". Todas as pessoas que figurarem no título, serão coobrigados, respeitando-se os valores, datas e locais de pagamento do Título de Crédito. 94 Princípio da literalidade Segundo João Eunápio Borges, a literalidade, por força da literalidade positiva, tudo o que se escreve em um título a ele se incorpora, podendo ser oposto e discutido em eventual demanda judicial. Se a causa debendi, por exemplo, é descrita expressamente na cártula, ocorre o chamado desvirtuamento do título, e a matéria passa a ser oponível em ação cambial. Assim, o título, a obrigação cambial, perde a sua autonomia em relação ao negócio que lhe deu gênese. Cheque (Fonte: http://www.hugomeira.com.br/nocoes-e-tipos-de-cheque/) Princípio da cartularidade “Para que o credor de um título de crédito exerça os direitos por ele representados é indispensável que se encontre na posse do documento (também conhecido por cártula). Sem o preenchimento dessa condição, mesmo que a pessoa seja efetivamente a credora, não poderá exercer o seu direito de crédito valendo-se dos benefícios do regime jurídico-cambial.” (COELHO, 2014) NOTA PROMISSÓRIA Princípio da cartularidade ● Aplicação prática ○ impossibilidade de promoção da execução judicial do crédito sem a cártula ■ ou seja, é necessário ajuizar ação acompanhada do original do título de crédito Princípio da cartularidade ● Exceções ao princípio ○ execução judicial sem apresentação do original do título ■ duplicatas (art. 15, §2º, Lei das duplicatas) ○ títulos de crédito não cartularizados ■ ou seja, normalmente são virtuais 94 Enfim, o princípio da cartularidade informa que não há título de crédito sem papel que o mencione – papel este que deve ser exibido no original. Princípio da cartularidade 94 Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente. § 3o O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. Princípio da cartularidade 94 O § 3º do art. 889 do CC mitigou o princípio da cartularidade? No título ali mencionado ainda é exigida a assinatura – ou seja, há necessidade de impressão em papel? - Certificação digital, método de segurança exclusivamente eletrônico que confere AUTENTICIDADE e INTEGRIDADE ao documento. Princípio da cartularidade 94 Princípio da cartularidade Fonte:www.hugomeira.com.br/nota-promissoria-duplicata-letra-de-cambio/nte: 94 - AÇÃO DE EXECUÇÃO. TÍTULO EXECUTIVO. As duplicatas virtuais, como exceção ao princípio da cartularidade, podem ser executadas mediante a apresentação, apenas, do instrumento de protesto por indicação e do comprovante de entrega e recebimento das mercadorias. Precedentes. DERAM PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70044528321, Décima Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Otávio Augusto de Freitas Barcellos, Julgado em 26/10/2011). Princípio da cartularidade 94 AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL – DUPLICATAS VIRTUAIS – REQUISITOS LEGAIS – RECURSOS PROVIDO – Inegavelmente as duplicatas são documentos indispensáveis à propositura da ação, considerando que a pretensão do autor é o recebimento dos valores descritos nas cártulas. No caso ora em apreço, tais documentos estão representados por duplicatas virtuais, as quais preenchem os requisitos da lei de regência. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 1.0024.12.091533-5/001, Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Relator: Saldanha da Fonseca, Julgado em 26/09/2012. Princípio da cartularidade Princípio da autonomia “[...]pelo princípio da autonomia, entende-se que as obrigações representadas por um mesmo título de crédito são independentes entre si. Se uma dessas obrigações for nula ou anulável, eivada de vício jurídico, tal fato não comprometerá a validade e eficácia das demais obrigações constantes do mesmo título de crédito.” (COELHO, 2014) Subprincípios “O princípio da autonomia se desdobra em dois subprincípios — o da abstração e o da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé. Trata-se de subprincípios porque, embora formulados diferentemente, nada acrescentam à disciplina decorrente do princípio da autonomia.” (COELHO, 2014) Subprincípios ● Abstração “O subprincípio da abstração é uma formulação derivada do princípio da autonomia, que dá relevância à ligação entre o título de crédito e a relação, ato ou fato jurídicos que deram origem à obrigação por ele representada [...]” (COELHO, 2014) Subprincípios ● Abstração “Segundo o subprincípio da abstração, entende- se que quando o título circula, ele se desvincula da relação que lhe deu origem. A abstração significa, portanto, a completa desvinculação do título em relação à causa que originou sua emissão.” (RAMOS, 2014) Subprincípios ● Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé “[...]é, apenas, o aspecto processual do princípio da autonomia, ao circunscrever as matérias que poderão ser arguidas como defesa pelo devedor de um título de crédito executado.” (COELHO, 2014) Art. 17, LUG Subprincípios ● Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé “Sendo assim, o portador do título não pode ser atingido por defesas relativas a negócio do qual ele não participou. O título chega a ele completamente livre dos vícios que eventualmente adquiriu em relações pretéritas.” (RAMOS, 2014) Subprincípios ● Inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé Art. 916, CC. As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, tiver agido de má-fé. (Imagem: RAMOS, 2014) Aspectos Legais ● Art. 887, CC. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei. ● Art. 890, CC. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações. Aspectos Legais ● art. 17, LUG. as pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor Caso Concreto Antônio emitiu uma nota promissória em favor de Bernardo, que circulou através de diversos endossos até chegar ao atual portador, que decidiu executar um dos endossantes, face à inadimplência do devedor original. Uma vez executado, o endossante apresentou exceção de pré-executividade, para demonstrar sua total incapacidade processual, já que que ele teve o título transferido de um incapaz, o que prejudicaria a cadeia de endossos. 1. A defesa deve ser acolhidapelo Juiz da causa? 2. Determine o princípio cambiário aplicável ao caso em tela. Questão Objetiva Assinale a assertiva correta sobre títulos de crédito. A) Pelo princípio da abstração, os direitos decorrentes do título são independentes do negócio que deu lugar ao seu nascimento, a partir do momento em que ele é posto em circulação; B) Pelo princípio da abstração, os direitos decorrentes do título de crédito não se vinculam ao negócio que deu lugar ao seu nascimento, independentemente de sua circulação; C) Pelo princípio da autonomia, o cumprimento da obrigação assumida por alguém no título não está vinculado a outra obrigação, a menos que o título tenha circulado. D) Pelo princípio da autonomia, vale nos títulos somente o que neles está escrito. Referências COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de direito comercial: direito de empresa. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MARTINS, Fran. Curso de direito comercial / Atual. Carlos Henrique Abrão – 37. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2014. NEGRÃO, Ricardo. Direito empresarial: estudo unificado. 5. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2014. RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 4. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo : MÉTODO, 2014. REQUIÃO, Rubens. Curso de direito comercial, 2º volume. 29. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012
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