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Psicologia humanista: histórico, pressupostos e teorias principais Profº Flávio Lima Psicologia Humanista: histórico Surge nos Estados Unidos, na década de 60, ganhando força nos anos 60 e 70, como um movimento contrário às “forças” predominantes do Behaviorismo e da Psicanálise. Movimento conhecido como a Terceira Força. Têm raízes na filosofia fenomenológico-existencial. Os principais constituintes deste movimento na psicologia são: Carl Rogers (1902-1985) e Abraham Maslow (1908-1970). O que foi o Humanismo então? Conjunto de doutrinas fundamentadas primordialmente nos interesses, potencialidades e faculdades do ser humano, sublinhando sua capacidade para a criação e transformação da realidade natural e social, e seu livre-arbítrio diante de pretensos poderes transcendentes, ou de condicionamentos naturais e históricos (Houaiss, 2001). Três revoluções em Psicologia 1. BEHAVIORISMO: O comportamento era apenas o manifesto e mensurado. O comportamento como produto das determinações ambientais. Modelo mecanicista. C = E-R (Condicionamento) 2. PSICANÁLISE influência de leis físico-químicas na explicação fenômenos psicológicos; o aparelho psíquico dividido em três estruturas básicas (Id, Ego, Superego); inconsciente como objeto de estudo e força que move os fenômenos mentais. Ser humano determinado, ou pelo ambiente, ou pelo psicogenético. Críticas ao Comportamentalismo (Behaviorismo):abordagem estreita, artificial e estéril da natureza humana, que reduzia o homem à máquinas e animais propensos ao condicionamento. Críticas à Psicanálise: ênfase no inconsciente, nas questões biológicas e eventos passados, no estudo de pessoas neuróticas e psicóticas e na compartimentalização do indivíduo. Três revoluções em Psicologia Influências das filosofias existencialista e fenomenológica. O existencialismo tem o homem como ponto de partida nos processos de reflexão. O ser e a existência passam a ter centralidade. Experiência engrandecida como a existência que se coloca ao Ser-aí (Da-sein). A fenomenologia investiga a experiência consciente: o fenômeno; busca chegar ao fenômeno em sua essência, considerando a sua totalidade e visando, deste modo, a incorporação de uma atitude crítica perante a realidade. O sentido do Humanismo MUDANÇA DE PERSPECTIVA: “para compreender o homem tenho que lidar com questões de sentido”. O ser humano nos aparece não como resultante de uma série de coisas, mas como, fundamentalmente, o iniciante de uma série de coisas (...) O homem só aparece naquilo que ele tem de mais próprio, na questão do sentido, não na questão da causa explicativa. O homem atual e as questões de sentido (Amatuzzi, 1989) Psicologia Humanista: rompimento com as duas grandes tendências. Maior ênfase na consciência. Homem como ser uno e em evolução. Valorização da força de vontade, razão, liberdade de escolha, responsabilidade pessoal, e aspectos da experiência humana: amor, ódio, medo, esperança, felicidade, sentido da vida, etc. Homem dotado de possibilidades de se desenvolver, realizar e tende naturalmente para o equilíbrio e a auto-organização. O bem é a afirmação da vida, o desenvolvimento das capacidades do homem. A virtude consiste em assumir-se a responsabilidade por sua própria existência O mal constitui a mutilação das capacidades do homem; O vício reside na irresponsabilidade perante si mesmo. NA ÉTICA HUMANISTA... Pressupostos Básicos da Psicologia Humanista Centrada na pessoa e não no comportamento. Enfatiza a condição de liberdade contra a pretensão determinista. Visa a compreensão e o bem-estar da pessoa não o controle. Dá ênfase às qualidades humanas como: escolha, criatividade, avaliação e auto- realização; Preocupação e valorização da dignidade e valor do homem e interesse no desenvolvimento das potencialidades de cada pessoa. Propõe que o foco de atenção se volte ao ser humano em sua totalidade, considerando-o como uma entidade complexa; Como pessoa, o ser humano tem a propriedade de ter consciência de quem é ou do que é nas relações que se envolve. Pressupostos Básicos da Psicologia Humanista Objetivos da Psicologia Humanista Faz uso da intuição e da reflexão, procurando aprofundar o significado da existência humana; Tenta buscar um enfoque científico humano, qualitativo (não apenas quantitativo) para a Psicologia. Tenta ser fiel ao fenômeno do homem como ser humano. Isto significa que o princípio básico do ser do homem não pode ser reduzido a um organismo humano. Abraham Maslow (1908- 1970): Psicologia da auto- atualização Pioneiro da psicologia do potencial humano Homem: possui tendência inata para se auto-realizar Hierarquia de necessidades: fisiológicas, segurança, amor, estima dos outros, auto-realização. Auto-atualização: elemento central da teoria - exploração de talentos, capacidades e potencialidades. Escolher opção para crescimento. Compromisso com o crescimento e desenvolvimento máximo das capacidades internas e individuais de cada pessoa. Neuroses: privação de necessidades básicas Abraham Maslow (1908- 1970): Psicologia da auto- atualização Carl Rogers (1902-1987): A perspectiva centrada no cliente Carl Rogers foi um grande valorizador dos relacionamentos e construiu sua teoria a partir da experiência clínica. Questiona a autoridade do terapeuta e a suposta falta de consciência do cliente no processo terapêutico. No cliente esta a força da relação e é ele quem conduz a terapia (como conduz sua vida). Comportamento humano: racional, o homem pode evoluir e controlar sua vida. Homem: possui tendência inata para atualizar as capacidades e potencialidades do eu Ponto central da teoria: atualização do eu. Auto- atualização: nível mais alto de saúde psicológica. Formação da Personalidade: percepção, tomada de consciência e experiência. Personalidade é moldada pelo presente e pela percepção consciente. Fluxo contínuo, mutável e processo. Problemas: ocorre quando comportamentos e valores se distanciam do “self ideal” . Obstáculos para o crescimento e desenvolvimento pessoal. Carl Rogers (1902-1987): A perspectiva centrada no cliente Por que terapia não-diretiva? A não-diretividade promove a liberação das forças de crescimento do cliente. Quanto mais liberdade o cliente tiver na relação terapêutica, mais rapidez e intensidade terá no processo psicoterápico. O cliente é visto como guia do processo psicoterápico e não o terapeuta. A orientação do terapeuta inibe ou bloqueia a expressão do cliente. A Não-diretividade Carl Rogers acreditava que todos os seres humanos são motivados fundamentalmente por um processo voltado para o crescimento. Todas as experiências por que anseia o homem para sua auto-realização têm como centro o eu. Toda motivação de autorrealização é motivação para que o eu se realize. Embora essa ânsia pela autorrealização seja inata, pode ser incentivada ou reprimida por experiências da infância e por aprendizagem. Psicologia Rogeriana Tendência AtualizanteRogers, C. (1985). Tornar-se pessoa Roger define congruência como o grau de exatidão entre a experiência da comunicação e a tomada de consciência. Ela se relaciona às discrepâncias entre experienciar e tomar consciência. Um alto grau de congruência significa que há uma interação entre: 1. Comunicação (o que se está expressando); 2. A experiência (o que está ocorrendo em nosso campo); 3. A tomada de consciência (o que se está percebendo); 4. A partir dessa relação, nossas observações e as de um observador externo seriam consistentes. Psicologia Rogeriana Congruência (ROGERS , COELHO e JOSÉ, 1993) Ocorre quando há diferenças entre a tomada de consciência, a experiência e a comunicação desta. Por exemplo: Pessoas que parecem estar com raiva (punhos cerrados, tom de voz elevado) e que replicam que de forma alguma estão com raiva, ou as pessoas que dizem estar passando por um período maravilhoso mas que se mostram entediadas, isoladas ou facilmente doentes, estão revelando incongruência. Psicologia Rogeriana Incongruência Rogers, C. (1985). Tornar-se pessoa 1. Aceitação positiva incondicional: “É quando o terapeuta considera não somente o material positivo e negativo, o ativo e o passivo, trazido pelo cliente, mas também a configuração particular que esse material apresenta no momento da entrevista” (Rogers, 1997, p. 137). Em resumo, 3 princípios básicos da ACP na intervenção psicoterapêutica: 2. Empatia: “Significa penetrar no mundo perceptual do outro e sentir-se totalmente à vontade dentro dele. Requer sensibilidade constante para com as mudanças que se verificam nesta pessoa em relação aos significados que ela percebe, ao medo, à raiva, a ternura, à confusão ou ao que quer que ele/ela esteja vivenciando” (Rogers, 1977, p.73). Em resumo, 3 princípios básicos da ACP na intervenção psicoterapêutica: 3. Autenticidade ou congruência ou acordo interno: Rogers (1957) define como sendo: o acordo interno e integrado a experiência psíquica da pessoa, esta é indissociável de sua experiência organísmica; a congruência é a consciência que a pessoa tem em relação a sua própria vivência, de seu próprio vivido; a congruência é uma qualidade que só existe na relação intersubjetiva. Em resumo, 3 princípios básicos da ACP na intervenção psicoterapêutica: Importância dos grupos Capacidade terapêutica dos grupos (processo de encontro). No processo grupal: as pessoas ficam sujeitas as reações dos outros componentes exigindo que ela seja ela mesma e procure um encontro profundo e essencial consigo mesma. Papel do OUTRO: possibilitador de qualquer forma de conhecimento e transformação. 1. seja pela cumplicidade (Rogers) ou satisfação das necessidades (Maslow). 2. Apenas o sujeito pode perceber o processo e fazê- lo acontecer. Principal Contribuição: perspectiva centrada no cliente Indivíduo tem capacidade (latente) de compreender os fatores de sua vida que causam dor e reorganizar-se como forma a superar tais fatores. Peso maior sobre o impulso individual em direção ao crescimento, saúde e ajustamento Terapia: libertar a pessoa para crescimento com o mínimo de interferência do terapeuta Terapeuta: relacionamento de aceitação e compreensão, ser autêntico, verdadeiro, conhecimento dos próprios sentimentos e da vivência terapêutica. MASLOW ROGERS CRENÇA NO HOMEM E NO QUE NELE SE MANIFESTA Auto realização Tendência Atualizante O HUMANISMO É UM ATITUDE A FAVOR DO HOMEM Valores – Posicionamentos – Compromissos e não somente teses cognitivas. Influências e Críticas A idéias humanistas foram aceitas e influenciaram educação, indústria, dinâmica de grupo e trabalho social. Rogers foi criticado por atribuir papel secundário as patologias, ênfase na auto-atualização e falta de critérios científicos. Tanto Maslow quanto Rogers não se preocuparam com as críticas mas sim com a utilidade de suas contribuições para o conhecimento humano. "Por que uma criança aprende a andar? Ela tenta erguer-se, cai e machuca a cabeça. [...] Não existe grande recompensa enquanto ela não conseguir realmente realizar seu intento, e apesar de tudo, a criança está disposta a suportar a dor [...] Para mim, isso é uma indicação de que existe uma verdadeira força de atração para a possibilidade de crescimento continuar." (Rogers, In: Frick, W. Psicologia Humanista, p. 118)
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