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INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 1 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO PROFESSOR (A): COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 2 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...............................................................................................3 1. INTRODUÇÃO................................................................................................4 2. A CIÊNCIA......................................................................................................7 3. METODOLOGIA CIENTÍFICA......................................................................11 4. O MÉTODO E A PESQUISA........................................................................26 5. O USO DAS TIC NA PESQUISA CIENTÍFICA.............................................49 6. O PLÁGIO E COMO EVITÁ-LO....................................................................76 7. DICAS PARA A ELABORAÇÃO DO TRABALHO.......................................85 8. REFERÊNCIAS CONSULTADAS E UTILIZADAS........................................86 INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 3 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 APRESENTAÇÃO Caro aluno(a), Visando oferecer suporte para a elaboração do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), exigido pela Instituição, para a conclusão do seu curso de Pós-graduação Lato sensu, elaboramos esta obra, contemplando a disciplina Metodologia Científica, haja vista, ser este um tema de grande preocupação, por parte dos nossos alunos, na finalização do seu curso. Trata-se de uma disciplina constante da grade curricular de todos os cursos de Especialização do Instituto INE , tendo como objetivo a orientação da pesquisa e elaboração do seu TCC (Artigo Científico). Dentro da temática abordada alguns conceitos de trabalhos científicos, aqui apresentados, têm como objetivo atender às necessidades do entendimento e da produção cientifica sobre o trabalho que você deve elaborar. Desejamos que você produza o seu trabalho de pesquisa que resultará no seu Artigo Científico (TCC) de acordo com as orientações contidas neste documento. Após a feitura do seu TCC, o mesmo deve ser encaminhado ao Instituto INE, digitalizado em arquivo do Word, anexado por email, no seguinte endereço eletrônico: secretaria@ineead.com.br. O Instituto INE espera ainda, tornar a sua vida mais tranquila com relação à pesquisa científica. Dessa forma, você poderá dedicar-se com tempo e atitude assertiva àquilo que lhe é mais importante: sua formação pessoal e intelectual de forma crítica e prazerosa. COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA INE INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 4 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1. INTRODUÇÃO A disciplina Metodologia Científica introduzida em sua grade curricular de estudos, faz-se necessária, no intuito de atender às exigências legais do MEC, para elaboração de um Trabalho de Conclusão de Curso de cunho Científico para a conclusão de cursos de Pós-graduação Lato sensu. Em sendo, o objetivo dessa disciplina é, portanto, oportunizar a você, aluno do Instituto IBE/FACEL, o desenvolvimento de uma atitude científica desejosa e inerente ao processo de construção do conhecimento e do fazer científico e a instrumentalização teórico-metodológica da pesquisa, visando a sua introdução na prática dos cursos de Especialização, através da pesquisa científica. Com este intuito, não pretendemos esgotar o tema acerca da Metodologia Científica e sim, oferecermos subsídios para que você consiga elaborar seu trabalho, da melhor forma possível. Para tanto, selecionamos algumas questões que consideramos relevantes para esse fim e organizamos uma sequência de informações úteis para a confecção do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Objetivando concretizar essa proposta, nos valemos de um precioso elenco de autores da área com vasto material bibliográfico relativo ao tema. As normas e técnicas contidas nessa obra, baseiam-se nas mais recentes normas e padrões da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)1 e em bibliografias de especialistas na área de Metodologia Científica2. Inicialmente, trataremos do conceito de Ciência na contemporaneidade e a sua flexibilidade em relação a alguns aspectos antes considerados indesejáveis, em função do excesso pragmático e do isolamento disciplinar e, nesse sentido, faremos uma pequena incursão pelo universo científico, posto que, fazer ciência, é buscar soluções para problemas da sociedade, colocando- se a serviço da humanidade. 1 Associação Brasileira de Normas Técnicas, cujas normas também estão nas referências. 2 Vide referências. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 5 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Nesse sentido, Demo (2001) afirma que a pesquisa deve ser a razão da existência da academia e que, nessa perspectiva, formamos estudantes cidadãos e não somente técnicos que “encontram na competência reconstrutiva de conhecimento seu perfil decisivo” tendo dois desafios, que são: “fazer o conhecimento progredir, mas, mormente, de o humanizar”. (p. 02). E é nessa linha traçada por Demo (2001) que confeccionamos este material, partindo da busca pela construção do conceito de Ciência, bem como, das atitudes científicas para fazê-la, sob o olhar de Lakatos e Marconi (2009) quando afirmam que “a ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade” (p. 23), corroboradas pela afirmação de Sagan (1996, p. 12) quando esse diz que: “a Ciência está longe de ser um instrumento perfeito de conhecimento. É apenas o melhor que temos" (Grifo da autora). Em seguida, faremos uma análise acerca do conceito de Metodologia Científica e sua aplicabilidade acadêmica, bem como, o que vem a ser o Conhecimento e seus variados tipos, ressaltando o Conhecimento Científico, posto ser este o conhecimento que deverá ser utilizado, para a produção e pesquisa acadêmica, que você irá empreender neste curso. Na sequência relataremos os métodos científicos existentes e que devem ser utilizados para se fazer ciência; a pesquisa e seus conceitos; os tipos de pesquisas e como utilizá-las, dando ênfase à pesquisa bibliográfica por entendermos ser esta a mais aplicável em uma pós-graduação desse tipo devido à escassez de tempo e de condições didáticas e metodológicas para se realizar outros tipos de pesquisas. Dessa forma, o que se pretende é identificar a coerência do questionamento crítico e criativo. Trata-se de conjugar crítica e autocrítica dentro do princípio metodológico, isto é, o questionamento sistematizado apresenta a discussão como critério principal da cientificidade, pois, segundo Habermas, uma “verdade é uma pretensão de validade” (apud DEMO, 1996, p. 22) e, sendo assim, “a história das ciências revela não um a priori, mas o que foi produzido em determinado momento histórico com toda a relatividade do processo de conhecimento” (MINAYO, 1994, p. 12). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 6 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Falaremos ainda, sobre os métodos de pesquisa e os variados trabalhos científicos, dando ênfase ao Artigo Científico,por ser este a exigência da instituição para o seu TCC. Ao final elencamos várias orientações metodológicas no que tange a utilização da informática e da Internet na pesquisa cientifica, bem como, abordaremos a questão plágio e como evitá-lo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 7 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 2. A CIÊNCIA Falar da Ciência não é fácil. A questão mais difícil de ser respondida é a que se relaciona com a sua definição. Porém, tentaremos defini-la, sob a tutela de diversos autores e cientistas. Partindo de Freire-Maia (1998), o mesmo afirma que raramente os filósofos da ciência se propõem a definir ciência, relacionando três motivos para essa recusa, a saber: o primeiro reside no fato de toda definição ser incompleta (sempre há algo que foi excluído ou algo que poderia ter sido incluído); o segundo, na própria complexidade do tema; e o terceiro, justamente na falta de acordo entre as definições (FREIRE-MAIA, 1998, p. 24). Diante desse impasse, o autor sugere colocar "de lado" as fundamentações epistemológicas procedendo a uma "tosca" definição de ciência que privilegiaria um "conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade", através de uma "metodologia especial", a saber: a metodologia científica (p. 24). Dentre os analistas do tema, Merton (1979) relata a quase unanimidade acerca da ideia de que a ciência "é um vocábulo enganosamente amplo, que designa grande diversidade de coisas diversas, embora relacionadas entre si" (p. 38). Não obstante, Roqueplo (1979) afirma que, "falar do significado da ciência levanta imediatamente numerosas questões, umas relativas à palavra ciência e outras relativas à palavra significado" (p. 140). Já há outros autores, como Morais (1988), que definem a ciência como sendo "mais do que uma instituição, é uma atividade. Podemos mesmo dizer que a 'ciência' é um conceito abstrato." E continua dizendo que o que se conhece "concretamente" são os cientistas e o resultado de seus trabalhos. "O INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 8 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 cientista contemporâneo sabe bem que nada há de definitivo e indiscutível que tenha sido assentado por homens" (p. 24). A ciência é extremamente abrangente e complexa não se reduzindo, somente, a experimentos. O experimento científico é fundamental para o desenvolvimento das ciências da natureza, especialmente através de seus desdobramentos disciplinares nas últimas décadas do século XX. Porém, as chamadas ciências humanas e sociais não partilham desse mesmo cientificismo, pois, anterior à práxis científica estão a idéia, o pensamento, a filosofia da ciência e o "conhecimento do conhecimento", que trazem à tona as discussões em torno dos paradigmas, da moral, da epistemologia, da ética, da política, enfim, características relacionadas e inter-relacionadas ao desenvolvimento do conhecimento e da pesquisa. Dentro da temática relativa à pesquisa científica, Whitehead (1946) lembra que a filosofia é a mais "eficaz pesquisa intelectual", afirmando que ela é a responsável pela construção de "catedrais antes que os trabalhadores tenham removido uma pedra, e as destrói antes que os elementos tenham esboroado as suas arcadas", posto que, existe sempre um pensamento que precede a prática. Esse processo não é necessariamente imediato, pois, conforme o mesmo autor, a "filosofia trabalha devagar. Os pensamentos dormem longo tempo; quase imediatamente depois a humanidade sente que se incorporou a si mesma em instituições" (WHITEHEAD, 1946, p. 7-8). Não obstante, Chauí (1996), tenta, pelo determinismo, descrever por completo os "fenômenos naturais e humanos, oferecendo a definição dos seres e as leis necessárias de suas relações" e afirma que “a ciência opera com o provável, isto é, com o possível submetido a cálculos" (p. 22). Nessa mesma linha, Chrétien (1994) destaca a necessidade que a sociedade tem, de acreditar e criar mitos para entender e relacionar-se no cotidiano, isto porque, para "fundamentar sua identidade e justificar suas prescrições, valores e relações entre seus membros" (p. 13). Nesse sentido, o mito pode ser entendido e aceito, como necessidade, para a construção no imaginário popular daquilo que não se pode ter e, em sendo, Chrétien (1994) ressalta que: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 9 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 o mito geralmente põe em cena deuses e heróis, demiurgos das origens, que lançam as bases da nova ordem. Ele retraça sua epopéia lendária que fixa, no imaginário coletivo, os signos e modelos que postulam os procedimentos comuns de significado e comunicação. (CHRÉTIEN, 1994, p. 13). Ora, se assim, de acordo com o autor, o mito pode determinar os "ritos, as regras do jogo social e os paradigmas sobre os quais se modulam os comportamentos" (CHRÉTIEN, 1994, p.13), a partir da crise da razão, do século XX, Chauí (1996) afirma que "os humanos reencontraram um meio para repor aquilo que a teoria havia substituído ao nascer: os mitos, os fundamentalismos religiosos. Mitologias e religiões ocupam hoje o lugar vazio deixado pela razão" (p.22). Nesse ínterim, se a ciência resolve modificar esse sistema tentando, de certa forma, assumir seu lugar no imaginário coletivo, pois os "deuses e taumaturgos não mais fazem sucesso na era das ciências e técnicas", provavelmente, ocorrerão brechas e a "sociedade não pode funcionar se nela ficam vagos os lugares do poder simbólico" (CHRÉTIEN, 1994, p. 13), pensamento corroborado por Morin (1999a), quando este demonstra seu pensamento acerca do mito no século XX. Ele relata que, este, tomou a forma da Razão, a ideologia camuflou-se de ciência, a Salvação tomou forma política garantindo-se certificada pelas Leis da História." Além do mais, é nesse século que o "[...] messianismo e niilismo se combatem, entrechocam-se e produzem-se um ao outro, a crise de um operando a ressurreição do outro. (MORIN, 1999a, p. 15-16). No século XXI, vemos uma tentativa de restauração a partir do próprio pensamento, ao que se chamou de revoluções científicas que, para Morin (2002), foram as responsáveis pela preparação da "reforma do pensamento". E destaca duas: a primeira está relacionada à física quântica, que, trouxe o "esboroamento de toda idéia de que haveria uma unidade simples na base do universo", pôs em dúvida o sentido dogmático em torno do determinismo, INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 10 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 introduzindo o conceito de incerteza no meio científico. A segunda revolução está relacionada ao princípio não reducionista para o pensamento científico que de acordo com o mesmo autor, “há uma ressurreição das entidades globais, como o cosmo, a natureza, o homem". (MORIN, 2002, p. 89-90). E é nessa perspectiva da ciência revolucionária que, Lakatos e Marconi (2009), a definem por “um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (p. 77). Junior (1988) a conceitua como “um conjunto de proposições (teorias) coerentes, sem contradições internas, com encadeamento racional, despida de valorações esubjetividade” (p. 23). Para Dencker (1998) a ciência “caracteriza-se como uma forma especial de conhecimento da realidade empírica” e mais a frente afirmam ser “um conhecimento racional. Metódico, sistemático, capaz de ser submetido à verificação e que passa por um processo de reflexão” (p. 65). Diante do exposto, caracterizaremos a ciência de acordo com sua finalidade: distinguir características, leis e princípios comuns que controlam os eventos; sua função: aperfeiçoar e ampliar a relação do homem com a realidade através do conhecimento e; seu objeto formal: olhar das diversas ciências sobre um mesmo objeto material: aquilo que se pretende conhecer. E para construir esse conhecimento, vamos à a Metodologia Científica. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 11 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3. METODOLOGIA CIENTÍFICA Para se fazer Ciência e construir o conhecimento, é preciso Método. Para se aplicar o Método, desenvolveu-se a Metodologia Científica que: é o estudo sistemático e lógico dos métodos empregados nas ciências e sua relação com as teorias científicas. Em geral, o método científico compreende um conjunto de dados iniciais e um sistema de operações ordenadas adequado para a formulação de conclusões, de acordo com certos objetivos predeterminados. Ou seja, é um conjunto de regras básicas que a Ciência (em todas as suas formas) desenvolve, à fim de coletar evidências, passíveis de observação e empíricas, de forma racional e lógica, objetivando a obtençaõ, organização, sistematização, correção e produção do conhecimento. Essa produção do conhecimento é marcada pela busca de evidências que comprovem hipóteses formuladas, como enfrentamento da complexidade do mundo real, visando detectar-lhe as estruturas invisíveis através dos métodos. A Ciência somente progride com os métodos, posto que, por eles, ela encontra os próprios erros, que não são descobertos ao acaso, mas por meio da busca sistemática de melhores explicações para os fenômenos naturais e sociais. Não obstante, embora os procedimentos variem de uma área da ciência para outra, é possível determinar certos elementos que diferenciam o método científico de outros métodos. Como? De inicio, os pesquisadores propõem hipóteses para explicar certos fenômenos e então, desenvolvem pesquisas e experimentos que confirmam ou refutam essas hipóteses. Se confirmadas, as hipóteses podem gerar teorias. Nesse interim, o cientista precisa ser imparcial na interpretação dos resultados, pois, o processo precisa ser objetivo. Além disso, o procedimento precisa ser documentado, tanto no que diz respeito aos dados como aos procedimentos, para que outros cientistas possam analisar e reproduzir o procedimento. Esta documentação deve obedecer a uma série de padrões para ser aceito pela comunidade científica. Esses padrões constam nas Normas Brasileiras (NBR) da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 12 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 3.1-Objetivos da Metodologia Científica A Ciência tem como principio tornar o homem mais próximo dos fenômenos naturais e humanos através da compreensão e do domínio dos mecanismos que regem tais fenômenos. Essa aproximação não exige formulações prévias de nenhum tipo, pois os estímulos externos chegam ao homem por meio dos sentidos e o acúmulo de experiências sensoriais e intelectuais já permite um certo grau de conhecimento empírico em cada homem. Não obstante, a assimilação desordenada de percepções pode gerar lapsos de interpretação e captação errada ou insuficiente das informações recebidas. Por conta disso, a Ciência estabelece regras que auxiliam na classificação, registro e interpretação dos dados percebidos, o que permite e garante temporalmente, a economia de tempo e um sistema de transmissão do saber entre as gerações, de forma racional. Nesse sentido, o emprego da Metodologia Científica objetiva, pois, solucionar as questões relativas à classificação de dados, orientando as pesquisas futuras e facilitando o treinamento de Especialistas. Não há como negar que, toda metodologia se impregna de uma filosofia própria incutida nas conclusões a que conduz. Porém, a Histórica demonstra que a rigidez nos postulados metodológicos, limita, mais do que favorece, o desenvolvimento de novas idéias e descobertas. Por essa razão, as últimas tendências metodológicas observam como princípios fundamentais a flexibilidade e o espírito aberto à evolução do pensamento humano. Mas, para entender esse caminho histórico, devemos fazer uma pequena viagem às origens do Método científico. Para tanto, vamos à Grécia clássica, com o nascimento da dialética, que se apresentava como método de pesquisa e busca da verdade por meio da formulação adequada de perguntas e respostas. Nessa perspectiva dialética, a primeira pergunta está relacionada à definição do tema ou do diálogo. Obtida essa resposta, faz-se a segunda INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 13 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 pergunta com base no conteúdo da primeira resposta e assim por diante, até chegar à (esperada) verdade. Podemos dizer, então que, a dialética foi uma precursora da lógica. Nesse caminho da Antiguidade Clássica até a Contemporaneidade, podemos perceber que os métodos gregos não sofreram grandes modificações no Ocidente até o século XVII, quando o saber científico acumulado exigiu uma revisão da metodologia. Estamos falando do Renascimento e de suas idéias humanísticas, que compreendiam o homem como ser criador e investigador do cosmo. Daí, a necessidade de um novo método. Eis que surge o método hipotético-dedutivo utilizado pela primeira vez, por Galileu que estabeleceu um novo método para a ciência natural, combinando o uso da linguagem matemática na construção das teorias com o recurso aos experimentos que permitem comprovar empiricamente as hipóteses científicas. Contemporaneamente a Galileu, Francis Bacon defendeu o método indutivo na ciência experimental, afirmando que as leis gerais que regem os fenômenos particulares podem ser estabelecidas a partir da observação e repetição das regularidades dos fenômenos particulares, ou seja, é possível estudar um grupo através do estudo de alguns indivíduos desse grupo enão o todo. Esse é o princípio das pesquisas como as do IBOPE. Essa estrutura metodológica da ciência moderna, baseada na comprovação dos fenômenos, por meio de leis de inspiração matemática, imutáveis no tempo, sofreu um forte baque com as doutrinas evolucionistas do século XIX e das teorias relativista e quântica, no início do século passado. Posto que, de acordo com essas interpretações, toda a ciência está condicionada pela realidade que a envolve e o tempo/espaço constituem entidades inter-relacionadas, porém, variáveis em função do meio. Mas, se a Ciência refere-se a qualquer conhecimento, seria certo dizer que tudo é Ciência? Etimologicamente, ciência vem do verbo “saber”. Já no sentido estrito, ela se opõe a opinião, a superstição. Simplesmente quer dizer que ela explica algo através da observação. Em sendo, a distinção entre matérias científicas e não-científicas foi tratada no século XX, entre outros, pelo filósofo Karl Popper, que estabeleceu a noção de falsificabilidade como critério dedutivo de validação das teorias INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 14 WWW.INEEAD.COM.BR– (31) 3272-9521 científicas. Segundo esse princípio, o pesquisador busca descobrir uma exceção ao postulado que deseja demonstrar. A ausência de evidência que contrarie o postulado converte-se em prova de sua validade. De acordo com Popper, disciplinas como a astrologia, a metafísica, o materialismo histórico e a psicanálise não são ciências do ponto de vista empírico, já que não podem ser submetidas ao princípio da falsificabilidade na construção do conhecimento. Mais adiante aprofundaremos nos conceitos de conhecimento, mas vamos entender rapidamente a diferença entre conhecimento popular e conhecimento científico. O conhecimento popular também denominado de senso comum se diferencia do conhecimento científico não pela veracidade ou natureza do objeto conhecido, mas pela forma, pelo modo, pelo método e pelos instrumentos para chegar ao conhecimento. Marconi e Lakatos (2004) nos oferecem um exemplo bem prático: saber que uma determinada planta precisa de uma quantidade “X” de água e que se não a receber de forma natural, deve ser irrigada, pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que esse conhecimento ocorra é necessário ir além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie da outra. Esse exemplo nos leva a crer que: 1 – A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade; 2 – Um objeto ou fenômeno como uma planta ou uma comunidade ou ainda as relações entre chefes e subordinados pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum. O que diferencia é a forma de observação e análise, bem como, os métodos utilizados. De modo geral, o método dedutivo parte-se do geral para chegar ao particular. O método indutivo, ao contrário, constrói modelos e leis a partir de casos particulares, pelo uso de mecanismos lógicos de generalização. O método analítico decompõe o objeto para formular problemas mais simples, ou seja, parte do complexo e mais geral para chegar ao simples e particular. O método sintético já é oposto a esse: reúne aspectos particulares indo do simples ao complexo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 15 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Outros métodos são: a definição rigorosa do objeto de estudo; os sistemas de classificação, com divisões e subdivisões; os instrumentos de medida e os sistemas de unidades; a variabilidade das condições que interferem sobre os fenômenos estudados na construção do conhecimento científico. Porém, como já dissemos, existem variados tipos de conhecimento. 3.2-Os Tipos de Conhecimento Existem ainda outros dois tipos de conhecimento, além do científico e do popular ou empírico, que são o conhecimento filosófico e religioso. Todos eles explicados em detalhes na maioria dos livros que tem como objetivo discorrer sobre a Metodologia Científica (Marconi e Lakatos; Cervo, Bervian e Silva; Mattar e outros) utilizados como referência para esta apostila. Antes de explicarmos cada um deles, o quadro abaixo sistematiza as suas características. Conhecimento Popular Conhecimento Científico Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico) Valorativo Reflexivo Assistemático Verificável Falível Inexato Real (factual) Contingente Sistemático Verificável Falível Aproximadamente exato Valorativo Racional Sistemático Não verificável Infalível Exato Valorativo Inspiracional Sistemático Não verificável Infalível Exato Fonte: Trujillo (1974) O conhecimento popular3 ou empírico é aquele adquirido pela própria pessoa na sua relação com o meio ambiente ou com o meio social, obtido por meio de interação contínua na forma de ensaios e tentativas que resultam em erros e em acertos. Do ponto de vista da utilização de métodos e técnicas científicas, esse tipo de conhecimento - mesmo quando consolidado como convicção, como cultura ou como tradição - é ametódico e assistemático. 3 Cervo, Bervian e Silva (2007) ressaltam que ele é erroneamente chamado de vulgar ou senso comum. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 16 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Para empiristas como Locke, Hume, Condillac e outros, esse conhecimento é advindo da experiência e suficiente para se conhecer a verdade dos fatos. Ele pode ser popular, filosófico ou religioso (SOUZA; FIALHO; OTANI, 2007). A pessoa comum, que não precisa operacionalizar métodos e técnicas científicas para a construção de seu conhecimento, tem, entretanto, conhecimento do mundo material exterior em que se acha inserida e de um certo número de pessoas, seus semelhantes, com as quais convive. Vê essas pessoas no momento presente, lembra-se delas, prevê o que poderão fazer e ser no futuro. Tem consciência de si mesma, de suas ideias, tendências e sentimentos. Cada qual se serve da experiência do outro ora ensinando, ora aprendendo, em um intenso processo de interação humana e social. Pela vivência coletiva, os conhecimentos são transmitidos de uma pessoa a outra e de uma geração a outra. Pelo conhecimento empírico, a pessoa percebe entes, objetos, fatos e fenômenos e sua ordem aparente, tem explicações concernentes à razão de ser das coisas e das pessoas. Esse conhecimento é constituído de interações, de experiências vivenciadas pela pessoa em seu cotidiano e de investigações pessoais feitas ao sabor das circunstâncias da vida; é sorvido dos outros e das tradições da coletividade ou, ainda, tirado de uma religião positiva (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). Mattar (2008) ressalta que o conhecimento popular não tem a característica da confiabilidade que marca o conhecimento científico, já que não segue uma metodologia científica, além de não ter seus resultados divulgados nem sobmetidos a julgamento. O conhecimento filosófico distingue-se do conhecimento científico pelo objeto de investigação e pelo método. O objeto das ciências são os dados próximos, imediatos, perceptíveis pelos sentidos ou por instrumentos, pois, sendo de ordem material e física, são suscetíveis de experimentação. O objeto da filosofia é constituído de realidades mediatas, imperceptíveis aos sentidos e que, por serem de ordem suprassensíveis, ultrapassam a experiência. A ordem natural do procedimento é, sem dúvida, partir dos dados materiais e sensíveis (ciência) para se elevar aos dados de ordem metafísica, não sensíveis, razão INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 17 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 última da existência dos entes em geral (filosofia). Parte-se do concreto material para o concreto supramaterial, do particular ao universal (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). Na acepção clássica, a filosofia era considerada a ciência das coisas por suas causas supremas. Um dos maiores patrimônios da Filosofia, sem dúvida, é sua própria história: iniciando-se com os pré-socráticos, na Grécia Antiga, a Filosofia nasce como um tipo de saber que procura diferenciar-se dos mitos, da retórica, dos sofistas, das tragédias e dos poetas, e, a partir de então, se estabelece por século como um espaço de liberdade de pensamento, desafiando a lei de que o conhecimento pode tornar-se ultrapassado ou superado com o tempo, com novas experiências ou com o surgimento de novos instrumentos de observação. Ao contrário, Platão e Aristóteles, por exemplo, continuamfazendo parte dos nomes mais importantes da Filosofia, dialogando em nível de igualdade com os filósofos contemporâneos, não obstante os milhares de anos que nos separam dos gregos, e permanecendo nossos mestres, fontes de inspiração e aprendizado (MATTAR, 2008). Modernamente, prefere-se falar em filosofar. O filosofar é um interrogar, é um contínuo questionar a si mesmo e à realidade. A filosofia não é algo feito, acabado. É uma busca constante de sentido, de justificação, de possibilidades, de interpretação a respeito de tudo aquilo que envolve o ser humano e sobre o próprio ser em sua existência concreta. Filosofar é interrogar. A interrogação parte da curiosidade, que é inata. Ela é constantemente renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma coisa de um objeto e ao mesmo tempo nos sugere o oculto, o mistério. Este impulsiona o ser humano a buscar o desvelamento do mistério. Vê-se, assim, que a interrogação somente nasce do mistério, que é o oculto enquanto sugerido. Jaspers (apud HUISMAN; VERGEZ,1967, p. 8), em sua Introdução à filosofia, coloca a essência da filosofia na procura do saber e não em sua posse. A filosofia trai a si mesma e se degenera quando é posta em fórmulas. A tarefa fundamental da filosofia consiste na reflexão. A experiência fornece uma multiplicidade de impressões e opiniões; adquirem-se conhecimentos científicos e técnicos nas mais variadas áreas; têm-se as mais diversas INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 18 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 aspirações e preocupações. A filosofia procura refletir sobre esse saber, interroga-se sobre ele, problematiza-o. Filosofar é interrogar principalmente sobre fatos e problemas que cercam o ser humano concreto em seu contexto histórico. Esse contexto muda no decorrer do tempo, o que explica o deslocamento dos temas de reflexão filosófica. É claro que alguns temas perpassam a história, como a própria humanidade. Qual o sentido da existência do ser humano e da vida? Existe ou não existe o absoluto? Há liberdade? Entretanto, o campo de reflexão ampliou- se muito em nossos dias. Hoje, os filósofos, além das interrogações metafísicas tradicionais, formulam novas questões: a humanidade será dominada pela técnica? A máquina substituirá o ser humano? Também poderão o homem e a mulher ser produzidos em série em tubos de ensaio? As conquistas espaciais comprovam o poder ilimitado da espécie humana? O progresso técnico é um benefício para a humanidade? Quando chegará a vez do combate à fome e à miséria? O que é valor, hoje? (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). A Filosofia é a ciência-mãe da qual foram, pouco a pouco, separando-se formas de pensar e métodos que mais tarde se especializaram e se tornaram independentes, e que hoje consideramos ciências. Mas, mesmo hoje, essas diferenças que separariam o conhecimento filosófico dos outros campos de conhecimento não são sempre claras. Para Souza, Fialho e Otani (2007) o conhecimento filosófico se caracteriza pelo esforço da razão em questionar os problemas humanos. Reflete a crença de um grupo de pessoas que são os filósofos. A postura destes é especulativa diante dos fenômenos gerando conceitos subjetivos. Eles dão sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência. Enfim, a filosofia procura compreender a realidade em seu contexto mais universal. Não há soluções definitivas para um grande número de questões. Entretanto, a filosofia habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para ver melhor o sentido da vida concreta (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007). INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 19 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 O conhecimento religioso ou teológico apoia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural e que, por esse motivo, são consideradas infalíveis e indiscutíveis. O que funda o conhecimento religioso é a fé. Não é preciso ver para crer e devemos crer mesmo que as evidências apontem para o contrário do que a religião nos ensina. As “verdades” religiosas estão registradas em livros sagrado ou são reveladas pelos deuses (ou outros seres espirituais) por meio de alguns iluminados, santos ou profetas. Essas verdades são em geral tidas como definitivas e não permitem revisão mediante a reflexão ou a experiência. Nesse sentido, podemos classificar sob esse título os conhecimentos ditos místicos ou espirituais (MATTAR, 2008). Duas são as atitudes que se podem tomar diante do mistério. A primeira é tentar penetrar nele com o esforço pessoal da inteligência. Mediante a reflexão e o auxílio de instrumentos, procura-se obter um procedimento que seja científico ou filosófico. A segunda atitude consiste em aceitar explicações de alguém que já tenha desvendado o mistério e implica sempre uma atitude de fé diante de um conhecimento revelado. Esse conhecimento revelado ocorre quando há algo oculto ou um mistério, alguém que o manifesta e alguém que pretende conhecê-lo. Entende- se por mistério tudo o que é oculto, o que provoca a curiosidade e leva à busca. O mistério é o oculto enquanto sugerido. Pode estar ligado a dados da natureza, da vida futura, da existência do absoluto, para mencionar apenas alguns exemplos. Aquele que manifesta o oculto é o revelador, que pode ser o próprio homem ou Deus. Aquele que recebe a manifestação tem fé humana se o revelador for um homem ou uma mulher e tem fé teológica se Deus for o revelador. A fé teológica sempre está ligada a uma pessoa que testemunha Deus diante de outras pessoas. Para que isso aconteça, é necessário que tal pessoa que conhece a Deus e que vive o mistério divino o revele a outra. Afirmar, por exemplo, que tal pessoa é o Cristo equivale a explicitar um conhecimento teológico. O conhecimento revelado - relativo a Deus - e aceito pela fé teológica constitui o conhecimento teológico. Este, por sua vez, é o conjunto de verdades INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 20 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 ao qual as pessoas chegaram não com o auxílio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Vale-se de modo especial do argumento de autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos livros sagrados e aceitos racionalmente pelas pessoas, depois de terem passado pela crítica histórica mais exigente. O conteúdo da revelação, feita a crítica dos fatos ali narrados e comprovados pelos sinais que a acompanham, reveste-se de autenticidade e de verdade. Essas verdades passam a ser consideradas como fidedignas e por isso são aceitas. Isso é feito com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade, venha de onde vier, contanto que seja legitimamente adquirida (CERVO, BERVIAN E SILVA, 2007). O conhecimento científico ultrapassa os limites do conhecimento empírico na medida em que procura evidenciar, além do próprio fenômeno, as causas e a lógica de sua ocorrência. O conhecimento científico, assim como o filosófico, é racional, mas tem a pretensão de ser sistemático e de revelar aspectos da realidade. As noções de experiência e verificação são essenciais nas ciências; o conhecimento científico deve ser justificado e é sempre passível de revisão, desde que se possa provar sua inexatidão. Entretanto, não devemos esquecer que a Matemática, por exemplo, é considerada por muitos uma ciência, apesar de grande parte de seus conhecimentos não se referir diretamente à realidade e não poderem ser por ela provados ou refutados.O ciclo do conhecimento científico (especialmente o das ciências empíricas) inclui a observação, a produção de teorias para explicar essa observação, o teste dessas teorias e seu aperfeiçoamento. Há nas ciências, um movimento circular, que parte da observação da realidade para a abstração teórica. Agora que já falamos dos tipos de conhecimento podemos falar da ciência não em sua acepção lato sensu4 (simplesmente significando conhecimento), mas em seu sentido stricto sensu5 que busca demonstrar as causas que constituem e determinam o conhecimento. 4 Expressão latina que significa Sentido Amplo. No caso dos cursos de Pós-graduação, os cursos de especialização lato sensu tendem a focar na aplicabilidade prática de um conceito. 5 Expressão também de origem latina que significa Sentido Restrito. Em nível de Pós-graduação leva o aluno ao título de Mestre ou Doutor. Nos cursos reconhecidos pelo MEC e classificados pela CAPES, o Mestrado e na sequência Doutorado tem duração média de 3 anos cada, com foco na academia e ênfase nas atividades de pesquisa e extensão. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 21 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 OBS – Sugerimos uma leitura atenta das notas de rodapé 2 e 3, pois elas oferecem informações importantes, sobre a rotina de produção de pesquisa fora da academia – os professores universitários e pesquisadores se reportam sempre a essa expressão “academia” quando falam do seu ambiente de trabalho e, por conseguinte, ambiente de produção científica. As ciências possuem: a) Um objetivo ou finalidade – preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos. b) Uma função – aperfeiçoamento, por meio do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com seu mundo. c) Objetos que podem ser material (aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar) ou formal (o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material. Devido à complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam, aliadas à necessidade do homem de estudá-los para entendê-los e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. A classificação pode ser pela complexidade, conteúdo, objeto ou tema. Marconi e Lakatos (2004) oferecem várias classificações, mas ressaltam ser mais pertinente a classificação de Bunge (1974) o qual divide as ciências em formais e factuais: São cursos que exigem sobremaneira do candidato. Àqueles que pretendem seguir carreira acadêmica em Universidades renomadas, tem-se exigido Doutorado e dedicação exclusiva. A seleção é rigorosa, criteriosa, passando por análise de currículo, entrevista e projetos de pesquisa que venham a contribuir com o desenvolvimento do país. A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – é uma agência de fomento à pesquisa brasileira. Ela avalia trienalmente os cursos de Pós-graduação do Brasil. É a única entidade que pode determinar na prática o fechamento ou descredenciamento de cursos com notas baixas ou deficientes, o que acontece através do Qualis. O Qualis é o sistema de avaliação de periódicos mantido pela CAPES, classifica os veículos de divulgação da produção intelectual dos programas quanto à circulação local, nacional ou internacional e qualidade (conceitos A, B, C) por área de avaliação. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 22 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Lógica FORMAIS Matemática CIÊNCIAS Naturais Física Química Biologia e outras FACTUAIS Sociais Antropologia cultural Direito Economia Política Psicologia social Sociologia Interessa-nos discorrer sobre as 17 características do conhecimento científico no âmbito das ciências factuais, a saber: INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 23 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 1. Racional porque é constituído por conceitos, juízos e raciocínios e não por sensações, imagens, modelos de conduta, etc. Ele permite que as ideias que o compõem possam combinar-se segundo um conjunto de regras lógicas, com a finalidade de produzir novas ideias e essas ideias se organizam em novos sistemas. 2. Objetivo à medida que procura concordar com seu objeto - isto é, buscar alcançar a verdade factual por intermédio dos meios de observação, investigação e experimentação existentes; e à medida que verifica a adequação das ideias (hipóteses) aos fatos - recorrendo, para tal, à observação e à experimentação, atividades que são controláveis e, até certo ponto, reproduzíveis. 3. Factual porque parte dos fatos, pode interferir neles, mas sempre volta para eles. Capta ou recolhe os fatos, da mesma forma que se produzem ou se apresentam na natureza ou na sociedade, segundo quadros conceituais ou esquemas de referência. Por fim, utiliza como matéria-prima da ciência, os "dados empíricos" - isto é, enunciados factuais confirmados, obtidos com a ajuda de teorias, quadros conceituais e que realimentam a teoria. 4. Transcendente aos fatos, ou seja, descarta fatos, produz novos fatos e os explica - ao contrário do conhecimento vulgar ou popular, que apenas registra a aparência dos fatos e se atém a ela, limitando-se, frequentemente, a um fato isolado sem esforçar-se em correlacioná-lo com outros ou explicá- lo, a investigação científica não se limita aos fatos observados: tem como função explicá-las, descobrir suas relações com outros fatos e expressar essas relações; em outras palavras, trata de conhecer a realidade além de suas aparências. Seleciona os fatos considerados relevantes, controla-os e, sempre que possível, os reproduz - pode, inclusive, criar coisas novas: compostos químicos, novas variedades de Vírus ou bactérias, de vegetais e, inclusive, de animais. O conhecimento científico não se contenta em descrever as experiências, mas sintetiza-as e compara-as com o que já se conhece sobre outros fatos - descobre, assim, suas correlações com outros níveis e estruturas da realidade, tratando de explicá-las por meio de hipóteses. A comprovação da veracidade das hipóteses as transforma em enunciados de leis gerais e sistemas de hipóteses (teoria). Por último leva o INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 24 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 conhecimento além dos fatos observados, inferindo o que pode haver por trás deles. 5. Analítico porque ao abordar um fato, processo, situação ou fenômeno, decompõe o todo em suas partes componentes - (não necessariamente a menor parte que a divisão permite), com o propósito de descobrir os elementos constitutivos da totalidade, assim como as interligações que explicam sua integração em função do contexto global. O procedimento científico de “análise” conduz à “síntese”- se a investigação inicia-se decompondo seus objetos com a finalidade de descobrir o “mecanismo” interno responsável pelos fenômenos observados, segue-se o exame da interdependência das partes e, numa etapa final, a “síntese”, isto é, a reconstrução do todo em termos de suas partes inter-relacionadas. Assim, se o processode análise leva à decomposição do todo em seus elementos ou componentes, o de síntese procede à recomposição “das consequências aos princípios, do produto ao produtor, dos efeitos às causas ou, ainda, por simples correlacionamento” (TRUJILLO, 1974, p.15). O processo de análise e a subsequente síntese são “a única maneira conhecida de descobrir, como se constituem, transformam e desaparecem determinados fenômenos, em seu todo” (Bunge, 1974, p. 20). Por este motivo, a ciência rechaça a síntese obtida sem a prévia realização da análise. 6. Claro e preciso – o conhecimento científico ao contrário do popular, precisa que o cientista se esforce ao máximo para ser exato e claro. O problema deve ser formulado com clareza, partir de noções simples, que ao longo do estudo, complicam, modificam e, se necessário, repelem-se. 7. Comunicável – sua linguagem deve poder informar a todos os seres humanos que tenham sido instruídos para entendê-la; deve ser formulada de tal forma que todos investigadores possam verificar seus dados e hipóteses e deve ser considerado propriedade de toda humanidade. 8. Verificável – deve ser aceito como válido quando passa pela prova da experiência ou da demonstração. Só após sua comprovação torna-se válido. 9. Dependente de investigação metódica – uma vez que é planejado, ou seja, o cientista não age por acaso, ele planeja seu trabalho, sabe o que procura e como deve proceder para encontrar o que almeja. É evidente que INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 25 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 esse planejamento não exclui, totalmente, o imprevisto ou o acaso; entretanto, prevendo sua possibilidade, o cientista trata de aproveitar a interferência do acaso, quando este ocorre ou é deliberadamente provocado, com a finalidade de submetê-lo a controle; baseia-se em conhecimento anterior, particularmente em hipóteses já confirmadas, em leis e princípios já estabelecidos - dessa forma, o conhecimento científico não resulta das investigações isoladas de um cientista, mas do trabalho de inúmeros investigadores; obedece a um método preestabelecido, que determina, no processo de investigação, a aplicação de normas e técnicas, em etapas claramente definidas - essas normas e técnicas podem ser continuamente aperfeiçoadas. 10. Acumulativo - seu desenvolvimento é uma consequência de um contínuo selecionar de conhecimentos significativos e operacionais. Novos conhecimentos podem substituir os antigos, quando estes se revelam disfuncionais ou ultrapassados. O aparecimento de novos conhecimentos em seu processo de adição aos já existentes, pode ter como resultado a criação ou apreensão de novas situações, condições ou realidades. 11. Falível - não é definitivo, absoluto ou final - a própria racionalidade da ciência permite que, além da acumulação gradual de resultados, o progresso científico também se efetue por “revoluções”. 12. Geral - em decorrência de situar os fatos singulares em modelos gerais, os enunciados particulares em esquemas amplos, procurar, na variedade e unicidade, a uniformidade e a generalidade e a descoberta de leis ou princípios gerais permite a elaboração de modelos ou sistemas mais amplos. 13. Explicativo - em virtude de ter corno finalidade explicar os fatos em termos de leis e as leis em termos de princípios, além de inquirir como são as coisas, intenta responder ao porquê. 14. Preditivo – baseia-se na investigação dos fatos, assim como no acúmulo das experiências, levando a ciência a atuar no plano do previsível. Fundamentando-se em leis já estabelecidas e em informações fidedignas sobre o estado ou o relacionamento das coisas, seres ou fenômenos, pode, pela indução probabilística, prever ocorrências. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 26 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 15. Aberto – o conhecimento científico não conhece barreiras que, a priori, limitem o conhecimento - a ciência não dispõe de axiomas evidentes: até os princípios mais gerais e seguros constituem postulados que podem ser mudados ou corrigidos; a Ciência não é um sistema dogmático e cerrado, mas controvertido e aberto - isto é, constitui um sistema aberto porque é falível e, em consequência, capaz de progredir: quando surge uma nova situação, na qual as leis existentes revelam-se inadequadas, a Ciência propõe-se a realizar novas investigações, cujos resultados induzirão à correção ou, até a total substituição das leis incompatíveis; dependendo dos instrumentos de investigação disponíveis e dos conhecimentos acumulados. Até certo ponto está ligado às circunstâncias de sua época. 16. Útil – O conhecimento científico é útil em decorrência de sua objetividade e experimentação que lhe conferem um conhecimento adequado das coisas e em decorrência de manter uma conexão com a tecnologia (MARCONI e LAKATOS, 2004). 17. Sistemático - é constituído por um sistema de ideias, logicamente correlacionadas - o inter-relacionamento das ideias, que compõem o corpo de uma teoria, pode qualificar-se de orgânico. Contém um sistema de referência, que são modelos fundamentais de definições construídas sobre a base de conceitos e que se inter-relacionam de modo ordenado e completo, seguindo uma diretriz lógica; teorias e hipóteses; fontes de informações; quadros que explicam as propriedades relacionais. Ou seja: é metódica. Portanto, para estudá-la é necessário: MÉTODO. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 27 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 4. O MÉTODO E A PESQUISA Vivemos tempos, nunca dantes vistos. A realidade transformou-se enormemente, provocando alterações nos mais variados campos da vida humana. Padrões políticos, econômicos, sociais e culturais da sociedade, cunhados ao longo da história da humanidade e vistos como verdades absolutas são agora postos na berlinda da dúvida, o que leva a crer que a humanidade renunciou às certezas garantidas por séculos de tradição, passando a adotar a insegurança das mudanças constantes, com enfoque diferenciado na construção do conhecimento. Esse é o perfil humano da pós- modernidade. Inserida neste contexto, a ciência e seus conceitos comumente aceitos passaram a examinar as posições das metodologias convencionais, principalmente o papel social da mesma, vista por muitos como uma forma de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 28 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 intensificar a exploração do capital ou mais um instrumento de manutenção do status quo. Em sendo, a nossa pretensão é tentar dialogar sobre as dificuldades enfrentadas pelos pesquisadores sociais que procuram a metodologia adequada para dar conta ou para confirmar suas suspeitas a respeito de um determinado problema. Nessa luta incansável pelo método seguro para a investigação científica, observam-se as tensões e contradições do modelo racional adotado pela ciência moderna a partir do século XVI. Daí, a questão: como produzir conhecimento através da utilização de um pensamento objetivo e crítico sem o recurso das construções mecânicas, bem amarradas e terrivelmente lógicas, em um tempo de grandes contradições paradigmáticas e de perda da confiança epistemológica nas ciências? Conforme Pooli (1998), “a pesquisa social não é uma „sala confortável‟, e é possível trabalharsem estar em paz com seu objeto de trabalho, e essa deve ser a férrea necessidade das investigações sobre a organização os homens e das mulheres”. (p. 99). Porém e, apesar destas questões que nos rodeiam, a feitura da ciência e do conhecimento se faz necessária, tendo em vista os objetivos das Especializações: demonstrar o conhecimento adquirido, mas, também, aquele produzido pelo pretendente ao título. Para tanto, utiliza-se do método. Nesse sentido, o que vem a ser o Método? 4.1.Método Buscamos a resposta em diversos autores: Souza, Fialho e Otani (2007) o definem como técnicas e instrumentos que determinam o modo sistematizado da forma de proceder num processo de pesquisa. Já para Trujillo (1974) método é a forma de proceder ao longo de um caminho. Em sendo, pode-se concluir que na ciência, os métodos constituem os instrumentos básicos de ordenação do processo de pesquisa, ou seja, traçam de modo ordenado a forma de proceder do cientista, ao longo de um percurso, para alcançar um objetivo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 29 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 É bem verdade que ao longo da história da humanidade, esses métodos vêm sofrendo transformações. Na Antiguidade Clássica, período contemporâneo dos grandes filósofos Pitágoras, Sócrates e Platão, bastava a palavra do mestre para que fosse aceito um teorema como verdadeiro. Porém e a partir da Idade Moderna, com o advento do Renascimento, presenciamos o pioneirismo de Galileu Galilei, passando por Francis Bacon, Rene Descartes, Isaac Newton, além de outros tantos pensadores, na transformação do método científico e a busca pela confirmação dos dados e hipóteses. Assim, chegamos às técnicas atuais para validação de nossos pressupostos a respeito dos acontecimentos que nos cercam. Embora cada um dos pioneiros acima tenha traçado os seus passos, achamos por bem exemplificar com Galileu, posto ser este, o precursor da ciência moderna e das técnicas de pesquisa a partir de métodos, ou seja, do uso da Metodologia Científica, no fazer da ciência e na construção do conhecimento. Os seus principais passos foram: 1. Observação dos Fenômenos 2. Análise das Partes, Estabelecendo Relações Quantitativas 3. Indução de Hipóteses 4. Verificação das Hipóteses – Experimento 5. Generalização dos Resultados 6. Confirmação das Hipóteses 7. Estabelecimento de Leis Gerais Método científico é, portanto, o conjunto de processos ou operações mentais que se deve empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa. Conforme Gil (1995), Marconi e Lakatos (2008) , os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo, indutivo, hipotético- dedutivo, dialético e fenomenológico. Podem-se classificar os métodos de acordo com diferentes critérios. Historicamente, no entanto, percebem-se duas grandes vertentes, que são respectivamente o método dedutivo e o método indutivo. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 30 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Outros métodos existentes são o hipotético-dedutivo, o dialético, o fenomenológico e alguns métodos específicos das Ciências Sociais (histórico, comparativo, monográfico, estatístico, tipológico, funcionalista e estruturalista). 4.1.1-Método Dedutivo: O Método Dedutivo, proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega a uma conclusão. Usa o silogismo da construção lógica para, a partir de duas premissas, retirar uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão (GIL, 1995; LAKATOS,MARCONI, 1993). O clássico exemplo de raciocínio dedutivo é: Todo homem é mortal. (premissa maior) Pedro é homem. (premissa menor) Logo, Pedro é mortal. (conclusão) O método dedutivo é típico das ciências exatas: “É um processo sistemático de investigação, o qual envolve uma série de passos sequenciais, a saber: identificação de um problema, formulação de uma hipótese, estudos pilotos, obtenção de dados, teste de hipóteses, generalização e replicação” (HENDRICK, VERCRUYSSEN,1989 apud SOUZA; FIALHO; OTANI, 2007, p. 25). Observar e explicar o que se observa são os objetivos principais de qualquer ciência. Observar consiste, antes de tudo, na verificação empírica de um fenômeno, na busca por uma definição operacional que permita uma observação controlada, seguida por uma generalização estatística. Existem, pelo menos, quatro abordagens principais utilizadas na pesquisa científica: correlações, histórico de casos, estudos de campo e experimental. Correlações são empregadas para estabelecer relações que permitam predições ou grupamentos de elementos homogêneos. Histórico de casos, unido à correlação, é útil para estabelecer a causalidade das relações. Estudos INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 31 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 de campo consistem em se observarem eventos ocorrendo em um meio ambiente natural e diferem da abordagem experimental onde, para se ter controle sobre as variáveis, trabalha-se em um meio ambiente artificial. Experimentos exploratórios, confirmatórios e estudos-piloto são conduzidos para formular hipóteses, confirmá-Ias/ refutá-Ias ou reforçá-Ias, respectivamente. Demonstrações diferem-se de experimentos por não exigirem a manipulação de variáveis. Estudos quase-experimentais combinam trabalho de campo e de laboratório. 4.1.2-Método Indutivo: O Método Indutivo foi proposto pelos empiristas: Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Consideram que o conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta princípios preestabelecidos. No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações (GIL, 1995; MARCONI; LAKATOS, 2004). Um clássico exemplo de raciocínio indutivo: Antônio é mortal. João é mortal. Carlos é mortal. Ora, Antônio, João ... e Carlos são homens. Logo, (todos) os homens são mortais. O ponto de partida do método indutivo não são os princípios, mas a observação dos fatos e dos fenômenos, da realidade objetiva. Por outro lado, o seu ponto de chegada é a elaboração de modelos que regem o comportamento dos fatos e dos fenômenos observados. Na verdade, a indução não é um raciocínio único, mas um conjunto de procedimentos, uns empíricos, outros lógicos, outros, ainda, intuitivos. Aqui temos a indução formal e a indução científica. A indução formal ou completa, estabelecida por Aristóteles, não leva a novos conhecimentos, mas substitui por um termo geral uma série de termos singulares. Assim, ela não induz à compreensão de um determinado fenômeno a partir somente de alguns casos, mas de todos os casos observados. De fato, a lei que rege o ponto de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 32 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 chegada para a elaboração de um modelo, expressa realmente a totalidade do comportamento dos fatos e fenômenos observados. A indução científica ou incompleta, estabelecida por Galileu e aperfeiçoada por Francis Bacon, fundamenta-se na causa ou na lei que rege os fenômenos ou fatos observados em um número significativo de casos (um ou mais),mas não em todos os casos. Nesse sentido, a lei não exprime a totalidade, mas expressa uma parte dos fenômenos. Assim, a partir da observação de um ou mais fatos particulares, pode-se induzir para todos os fatos semelhantes. Por meio de um raciocínio dedutivo, parte-se de premissas que julgamos verdadeiras, sobre as quais aplicamos regras fornecidas por alguma lógica, para concluir ou negar determinada proposição. No raciocínio indutivo busca-se alguma generalização ou abstração capaz de descrever um conjunto de dados. Pelo raciocínio analógico são estabelecidas relações de correspondência entre elementos de dois sistemas distintos. Os problemas que enfrentamos em nosso dia-a-dia são resolvidos pela combinação desses diferentes tipos de raciocínio. Raciocinar envolve, tipicamente, considerar evidências relativas a uma hipótese ou conclusão. Simplificando, pode-se dizer que o ato de raciocinar consiste em gerar ou calcular um argumento. A lógica formal distingue dois tipos de argumentos: • Argumentos dedutivos: é necessário, dado que as premissas sejam verdadeiras, que a conclusão seja verdadeira; • Argumentos indutivos: dado que as premissas sejam verdadeiras, é provável que a conclusão também o seja. Em realidade, o pesquisador vê-se diante de uma infinidade de métodos e de variantes aos mesmos. 4.1.3-Método Hipotético-dedutivo: Proposto por Popper, este método consiste na adoção da seguinte linha de raciocínio: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 33 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 consequências que deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as consequências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipotético- dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-Ia (GIL, 1995, p.30). 4.1.4-Método dialético: Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc. Muito aplicado em pesquisa qualitativa (SOUZA, FIALHO, OTANI, 2007). 4.1.5- Outros métodos: O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje, pois as instituições alcançaram sua forma atual por meio de alterações de suas partes componentes, ao longo do tempo, influenciadas pelo contexto cultural particular de cada época. O método comparativo empregado por Tylor, considera o estudo das semelhanças e diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos. Contribui na compreensão do comportamento humano. Ele realiza comparações com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências. É usado tanto para comparar grupos no presente como no passado, ou entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento. Esse método permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos e gerais. Constitui numa verdadeira experimentação direta. Empregado em estudos de largo alcance (desenvolvimento da sociedade capitalista), e de setores concretos (comparação de tipos específicos de eleições), assim como estudos qualitativos (diferentes formas de governo) e quantitativos (taxa de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 34 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 escolarização de países em desenvolvimento e subdesenvolvimento) (MARCONI E LAKATOS, 2004). O método monográfico foi criado por Le Play que o empregou para estudar famílias operárias na Europa. Parte do princípio de que qualquer caso que se estude em profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou até de todos os casos semelhantes. Esse método consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. O método estatístico foi planejado por Quetelet. Os processos estatísticos permitem obter de conjuntos complexos, representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relação entre si. Assim, o método estatístico significa redução de fenômenos sociológicos, políticos, econômicos etc. a termos quantitativos e a manipulação estatística, que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado. O papel do método estatístico é, antes de tudo, fornecer urna descrição quantitativa da sociedade, considerada como um todo organizado. Por exemplo, definem-se e delimitam-se as classes sociais, especificando as características dos membros dessas classes e, após, mede-se sua importância ou variação, ou qualquer outro atributo quantificável que contribua para seu melhor entendimento. No entanto, a estatística pode ser considerada mais do que apenas um meio de descrição racional; é, também, um método de experimentação e prova, pois é método de análise. O método tipológico habitualmente empregado por Max Weber, apresenta semelhanças com o método comparativo. Ao comparar fenômenos sociais complexos, o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir da análise de aspectos essenciais do fenômeno. A característica principal do tipo ideal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise e compreensão de casos concretos, realmente existentes. Weber, através da classificação e comparação de diversos tipos de cidades, determinou as características essenciais da cidade; da mesma maneira, pesquisou as diferentes formas de capitalismo para estabelecer a caracterização ideal do INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 35 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 capitalismo moderno; e, partindo do exame dos tipos de organização, apresentou o tipo ideal de organização burocrática. O método funcionalista utilizado por Malinowski, é a rigor, mais um método de interpretação do que de investigação. Levando-se em consideração que a sociedade é formada por partes componentes, diferenciadas, inter- relacionadas e interdependentes, satisfazendo cada uma das funções essenciais da vida social, e que as partes são mais bem entendidas compreendendo-se as funções que desempenham no todo, o método funcionalista estuda a sociedade do ponto de vista da função de suas unidades, Isto e, como um sistema organizado de atividades (MARCONI E LAKATOS, 2004). Desenvolvido por Lévi-Strauss, o método estruturalista parte da investigação de um fenômeno concreto, eleva-se, a seguir, ao nível abstrato, por intermédio da constituição de um modelo que representa o objeto de estudo, retornando, por fim, ao concreto, dessa vez como uma realidade estruturada e relacionada com a experiência do sujeito social. Ele considera que uma linguagem abstrata deve ser indispensável para assegurar a possibilidade de comparar experiências, à primeira vista, irredutíveis que, se assim permanecessem, nada poderiam ensinar, em outras palavras, não poderiam ser estudadas (MARCONI E LAKATOS, 2004).Como vimos, a Metodologia Científica trata de método e ciência. A atividade preponderante da metodologia é a pesquisa. O conhecimento humano caracteriza-se pela relação estabelecida entre o sujeito e o objeto, podendo-se dizer que essa é uma relação de apropriação. Desse modo, a metodologia resulta de um conjunto de procedimentos a serem utilizados pelo indivíduo na obtenção do conhecimento. É a aplicação do método, por meio de processos e técnicas, que garante a legitimidade do saber obtido. A busca da necessidade humana de conhecer leva o homem a pesquisar. Uma pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem como meta principal gerar novos conhecimentos e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento preexistente. Basicamente, é um processo de INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 36 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. Lembre-se: Curiosidade intelectual + entusiasmo + independência + capacidade de trabalho e ambição acadêmica ou profissional + paciência e muita determinação são requisitos básicos para se tornar um pesquisador, em tempo integral ou somente para realização de um único projeto. De todo modo, todos os trabalhos científicos podem adotar uma estrutura comum. Apesar de os trabalhos tratarem de temas diferentes e, com distintos propósitos, poderem variar materialmente, é possível a coincidência sequencial comum. Segundo Salvador (1982) a composição de um trabalho científico pode ser expressa da seguinte forma: antecipar o que se vai transmitir; transmitir o que se havia proposto e; declarar o que se transmitiu. Essa sequência compreende a introdução, o desenvolvimento do trabalho e a conclusão. Então, o que vem a ser pesquisa? 4.2-Pesquisa A pesquisa pode ser então definida como um procedimento racional e sistemático que tem como objetivo procurar respostas aos problemas propostos. Portanto, a pesquisa científica desenvolve-se mediante utilização dos conhecimentos disponíveis, métodos, técnicas e outros procedimentos científicos, que vão desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. Santos (2000) classifica as pesquisas em dois níveis: acadêmico e de ponta. O primeiro tipo é de caráter pedagógico, que visa despertar o espírito de busca intelectual autônoma. Realizada no âmbito da academia (universidade, faculdade ou outra instituição de ensino superior) conduzida por professores universitários, alunos de graduação e pós-graduação. O resultado mais importante não é o conhecimento de respostas salvadoras para a humanidade, mas sim a aquisição do espírito e método para a indagação intencional. As INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 37 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 pesquisas de ponta são desenvolvidas por pesquisadores experientes e consiste na pesquisa direcionada a lidar com a problematização, a solução e as necessidades que ainda permanecem, seja porque simplesmente não foram respondidas ou adequadamente trabalhadas. A pesquisa de ponta é tentativa de negação / superação científica e existencial. Existem várias outras classificações para os tipos de pesquisa não havendo um único esquema classificatório. Vamos apresentar a classificação das pesquisas quanto aos objetivos específicos, ao lineamento e à natureza e na sequência, as principais técnicas de coleta e análise dos dados. Para tanto, buscamos respaldo em vários autores e no quadro abaixo agrupamos os pensamentos de Gil (1995); Araújo e Oliveira (1997); Malhotra (2001); Yin (2001); Marconi e Lakatos (2004); Vergara (2005); Cervo, Bervian e Silva (2007); Souza, Fialho e Otani (2007); Moreira e Caleffe (2008)6. Classificação quanto ao: Tipo de pesquisa Técnica de: Objetivo Delineamento Natureza Coleta de dados Análise de dados Exploratória Descritiva Explicativa Documental Bibliográfica Levantamento Experimental Ex-post facto Qualitativa Quantitativa Quali- quantitativa Entrevista Questionário Observação Documentação indireta Qualitativa quantitativa 6 Observe a ordem de colocação dos autores… por data e alfabética. INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 38 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 Estudo de campo Estudo de corte Estudo de caso Pesquisa ação Pesquisa participante Bibliográfica 4.2.1-Classificação das pesquisas quanto ao objetivo específico Quanto aos objetivos específicos, as pesquisas científicas podem ser classificadas em três modalidades: exploratória, descritiva e explicativa. Cada uma trata o problema de maneira peculiar. A pesquisa exploratória tem “como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema” (GIL, 1995, p. 45). A descritiva adota “como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno” (GIL, 1995, p. 46). Já a pesquisa explicativa tem “como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos” (GIL, 1995, p. 46). A pesquisa exploratória foca na maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a facilitar a construção de hipóteses. Esse tipo de pesquisa tem como principal objetivo o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições, novas idéias. A pesquisa exploratória é extremamente flexível, de modo que quaisquer aspectos relativos ao fato estudado têm importância. Grande parte das pesquisas do tipo envolve levantamento bibliográfico, documental e entrevista ou questionário envolvendo pessoas que tiveram alguma experiência com o problema. Geralmente são de natureza qualitativa. A pesquisa descritiva objetiva a descrição de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Esse tipo de estudo tem como característica mais significativa a utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Segundo Malhotra (2001, p. 108), a pesquisa descritiva “tem como INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO 39 WWW.INEEAD.COM.BR – (31) 3272-9521 principal objetivo a descrição de algo”, um evento, um fenômeno ou um fato. Os termos descritiva, descrição e descrever referem-se ao fato de esse tipo de pesquisa apoiar-se na estatística descritiva para realizar as descrições da população (mediante amostra probabilística) ou do fenômeno, ou relacionar variáveis. Assim, a pesquisa descritiva pura tem natureza quantitativa, mas pode ser quantitativa e qualitativa ao mesmo tempo, se representar descrição de amostra não-probabilística. A pesquisa explicativa procura aprofundar o conhecimento da realidade, explicando a razão e o porquê das coisas. Tem como objetivo principal a identificação dos motivos que determinaram a ocorrência de um fenômeno ou contribuíram para tanto. Esse tipo de pesquisa é, na maioria das vezes, uma continuação da pesquisa exploratória ou da pesquisa descritiva. 4.2.2-Classificação das pesquisas quanto ao delineamento O delineamento da pesquisa corresponde ao seu planejamento numa dimensão mais ampla; ou seja, nesse momento o investigador estabelece os meios técnicos da investigação. O elemento mais importante para a adequada identificação de um delineamento
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