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homofobia no brasil

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FACULDADE DE PARÁ DE MINAS 
Curso de Direito 
 
Carlos Alberto Aparecido de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A HOMOFOBIA NO BRASIL: 
violência e discriminação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Pará de minas 
 2015 
 
 
 Carlos Alberto Aparecido de Andrade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A HOMOFOBIA NO BRASIL: 
violência e discriminação 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado à 
Faculdade de Pará de Minas – FAPAM, como 
requisito parcial para conclusão do curso 
Direito. 
 
Orientador: Prof. Márcio Eduardo Pedrosa 
Morais 
 
 
 
 
 
Pará de Minas 
2015 
 
 
 
Carlos Alberto Aparecido de Andrade 
 
 
A HOMOFOBIA NO BRASIL: 
violência e discriminação 
 
 
Monografia apresentada à Coordenação de 
Direito da Faculdade de Pará de Minas como 
requisito parcial para conclusão do Curso de 
Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovada em ____/____/____ 
 
 
 
 
 
__________________________________________________________ 
Orientador: Prof. Márcio Eduardo Pedrosa Morais 
 
 
 
Examinador: Francisco José Vilas Boas Neto 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O presente estudo tem por escopo analisar o contexto da Homofobia no Brasil. Essa prática 
tem impulsionado condutas discriminatórias e violentas, ferindo os direitos fundamentais 
previstos na Constituição Federal vigente (BRASIL, 1988) e aos Direito Humanos. De modo, 
que todo e qualquer indivíduo possui o direito de liberdade de escolha, seja relativo a sua 
orientação sexual, crenças entre outros, devendo receber tratamento igualitário em todo local 
que esteja e por todos os demais. Assim sendo, essa concepção discriminatória exige a 
aplicação de uma punição severa por parte do Estado Democrático de Direito àqueles 
infratores. Para atingir esse fim existe um Projeto de Lei em tramitação sob o nº 122/06. Nota-
se que já se passaram oito anos de sua propositura e até a presente data não chegou-se a 
nenhuma conclusão, acarretando mais danos morais e materiais àquele indivíduo que escolheu 
por ser homossexual. Assim, diante do ordenamento jurídico como um todo, essa prática é 
reprovável e necessita urgentemente de alguma resposta do Estado para inibi-la. Com o fim de 
garantir os preceitos constitucionais vigentes proporcionando uma sociedade mais livre, 
igualitária e sem discriminação. Para tanto, foi realizado ampla pesquisa bibliográfica, no 
sentido de expor sobre as garantias fundamentais, sua violação e a necessidade de tipificação 
para garantir uma punição para esses infratores e assim garantir a segurança jurídica e a 
pacificação social. 
 
Palavras-chave: Garantias fundamentais; Violação; Homofobia; Tipificação; PL 122/06. 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................05 
 
2 A HOMOFOBIA NO BRASIL FRENTE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL .................06 
2.1 Direito à liberdade ...........................................................................................................07 
2.2 Direito à igualdade ...........................................................................................................10 
2.3 Direito a não discriminação ............................................................................................14 
 
3 CONTRAPOSIÇÃO ENTRE HOMOFOBIA E DIREITOS FUNDAMENTAIS ........17 
3.1 Homofobia: prática de violência .....................................................................................17 
 
4 DA PROTEÇÃO E EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS POR VIA 
DA TIPIFICAÇÃO DE CONDUTAS CRIMINOSAS .......................................................22 
4.1 Motivos para tipificar a homofobia ................................................................................23 
4.2 Projeto de lei 122/06 .........................................................................................................28 
 
5 CONCLUSÃO .....................................................................................................................35 
 
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................36
5 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Trata-se a homofobia de toda e qualquer expressão ou prática contrária a orientação sexual 
aceita pela sociedade, ou melhor, discriminado conforme a realidade atual, seria aversão ou 
repugnância aqueles que escolhem por adotar as relações homoafetivas. 
 
O fato de terem escolhido por serem homossexuais não dá direito as demais pessoas que não 
aceitam ou não concordam com essa tendência, vez que conforme previsto 
constitucionalmente, todos sem exceção tem direito a liberdade de expressão, opinião e 
orientação sexual. 
 
Deste modo, a homofobia no Brasil está completamente as avessas ao ordenamento jurídico 
como um todo, pois conforme será bem apresentado no presente estudo, todos possuem 
direito a liberdade, igualdade e a não discriminação. Assim, as práticas violentas e 
discriminatórias ocorridas corriqueiramente ferem os direitos fundamentais e assim não 
podem permanecer na realidade da sociedade, exigindo pois legislações específicas capazes 
de impedir tal prática. 
 
Para garantir e assegurar aos homossexuais sua livre opção sexual, o Estado deve intervir e 
promover não só políticas públicas, mas leis específicas capazes de punir e inibir tais práticas. 
Nesse sentido, já tramita o Projeto de Lei nº 122/06, no qual atende em partes o direito dos 
homossexuais. Até porque essa realidade ainda depende e muito de reconhecimento e aos 
poucos que vão conseguindo a proteção legal e o acolhimento da população. 
 
Nesse espeque, o presente estudo, buscará apresentar o tema dividido em três capítulos, ou 
seja, no primeiro mostrando os direitos garantidos pela Carga Magna vigente a todos sem 
exceção, como a liberdade, igualdade e a não discriminação, já que são mais específicos 
daqueles, vítima de homofobia. No segundo mostrará o contrassenso entre os direitos 
fundamentais e a homofobia e no terceiro e ultimo defenderá os motivos para tipificar as 
condutas criminosas que envolvem a homofobia. 
 
 
 
6 
 
 
2 A HOMOFOBIA NO BRASIL FRENTE À CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
 
 
O termo homofobia conforme Junqueira (2007) expõe originou-se durante os anos 70 nos 
Estados Unidos gravado por George Weinberg, psicólogo que dizia que essa palavra era a 
junção de dois radicais homo como semelhante e fobia tido como medo. Nesse sentido, 
entende-se que essa palavra traduz um sentimento de repulsa, aversão, repugnância às pessoas 
que escolhem por manter relações homossexuais ou qualquer outra forma de orientação 
sexual diferente daquela aceita pela sociedade. Assim, o homossexual seria visto como um 
estranho, um ser anormal ou inferior aos heterossexuais. 
 
A homofobia está intimamente ligada a necessidade que os indivíduos têm de conservar 
preceitos religiosos, políticos, culturais, morais, entre outros de seus antepassados, como meio 
de reafirmar posicionamentos conservadores e tradicionais do gênero. 
 
Os homossexuais sofrem esse sentimento de aversão muitas vezes a partir de manifestações 
de toda espécie, como piadas, insultos, agressões físicas ou até mesmo sofrem com a vida esse 
ódio de indivíduos conservadores. Essas pessoas que são vítimas dessa discriminação por 
motivo de orientação sexual ficam à mercê de condutas desabonadoras, pejorativas 
denominadas homofóbicasutilizadas por aqueles que acreditam que devem impor a sua 
sexualidade como meio superior e correto às das demais pessoas. 
 
Como se pretende tratar mais à frente a Constituição Federal Brasileira (BRASIL, 1988) 
assim como todo ordenamento jurídico atual prevê de forma expressa direitos e garantias 
fundamentais que permitem a escolha pela opção sexual, não estando ora nenhuma contra 
nenhum direito básico. A Carta Magna inovou ao apontar os direitos fundamentais antes 
mesmo de mencionar sobre a organização do Estado no texto constitucional, priorizando a 
proteção desses direitos. 
 
Assim, vislumbra-se a previsão expressa no art. 5º da CF/88 (BRASIL, 1988) à 
inviolabilidade à liberdade, à igualdade, de forma que traduz que todo indivíduo tem liberdade 
de escolha referente a qualquer manifestação de crença, pensamento, consciência, o que dirá 
da liberdade de escolher sua orientação sexual, bem como todos são iguais perante a lei, sem 
7 
 
 
distinção de qualquer natureza o que engloba a todos os brasileiros e estrangeiros residentese 
domiciliados no Brasil ou exterior respeitando os limites extraterritoriais de soberania. 
 
Muito embora o direito a não discriminação por motivo de orientação sexual não esteja 
expressamente previsto, o texto constitucional enumera exaustivamente direitos fundamentais 
que a partir de uma simples interpretação do texto constitucional é possível abrir tal 
prerrogativa, em razão dos direitos fundamentais correspondentes ao regime político adotado, 
ou seja, uma democracia, em que regem a liberdade, igualdade, dignidade e o tratamento não 
desumano ou degradante. 
 
 
2.1 Direito à liberdade 
 
 
O direito à liberdade foi bastante revolucionado em todos os continentes do mundo, cada um 
em respeito à sua história, foi submetido a batalhas, lutas, guerras para alcançar sua 
consagração. Em respeito a todos esses acontecimentos não se pode dissociar o alcance dos 
direitos fundamentais, especialmente a liberdade, na condição de direito positivado 
vinculativo dos preceitos religiosos, como afirma Jorge de Miranda ao citar Jellinek (2002, p. 
346). 
 
Jellinekchegou mesmo a escrever que a ideia de consagrar legislativamente os 
direitos naturais do indivíduo não era uma ideia de origem política, mas antes uma 
ideia de origem religiosa. O que se julgava ser obra da Revolução, não teria sido, na 
realidade, senão um produto da Reforma e das lutas por ela engendradas. A 
liberdade religiosa pode ser considerada um termômetro de medição da efetividade 
dos direitos fundamentais. Em muitos países, ela é ainda desconsiderada ou até 
mesmo negada. Como consequência disso, verifica-se nesses países uma 
inefetividade ou inexistência de direitos fundamentais básicos. 
 
No entanto, atualmente e por muitos anos a liberdade é confundida com a religião, como 
exemplo, tem-se os países islâmicos, que não permite a liberdade fora dos dogmas religiosos e 
políticos, o mesmo ocorre com relação ao direito à igualdade entre homens e mulheres. 
 
Em vários Estados o nível de liberdade permitido reflete o regime político adotado. Onde 
existe plena liberdade religiosa, portanto, tem-se regimes políticos liberais, pluralistas e 
democráticos. De forma que, sem a liberdade religiosa ampla, não se tem liberdade cultural, 
8 
 
 
nem tampouco liberdade política estando todas as manifestações comprometidas ou 
ameaçadas a censuras. 
 
Assim sendo, a liberdade religiosa como uma das vertentes do princípio da liberdade, em 
busca da felicidade seria capaz de traduzir o princípio da dignidade da pessoa humana. De 
acordo com Rui Barbosa, tem-se que ―De todas as liberdades sociais, nenhuma é tão 
congenial ao homem, e tão nobre, e tão frutificativa, e tão civilizadora, e tão pacífica, e tão 
filha do Evangelho, como a liberdade religiosa‖.(Disponível em: 
<http://www.casaruibarbosa.gov.br/scripts/scripts/rui/mostrafrasesrui.idc?CodFrase=16>. 
Acesso em 26 de outubro de 2014). 
 
O direito fundamental da liberdade, refere-se a limitação do Estado em intervir no foro íntimo 
de cada indivíduo no que se traduz a liberdade de pensamento e consciência, de livre escolha 
de expressão, manifestação e culto, sem determinar qual seja aquela que o indivíduo deve 
adotar ou professar, de modo que ele tenha livre escolha para decidir o que seguir ou adotar. 
Diante disso todas as autoridades públicas se encontram impedidas de proibir o livre exercício 
de qualquer religião ou mesmo de impor limites ou regras para que os indivíduos sigam 
quanto a isso. (COOLEY, 2002) 
 
Frente a essa imposição de limites ao Estado no que tange a escolhe de crença, a liberdade 
religiosa implica em uma ação positiva do Estado de maneira que ele seja capaz de garantir e 
proporcionar a criação de normas que sejam capazes de impossibilitar permissões legais para 
atitudes discriminatórias. Encontra-se no direito comparado adotado pelos Estados Unidos da 
América as garantias constitucionais asseguradas pelo Estado: 
 
I – Estabelecem um sistema, não meramente de tolerância, mas de igualdade 
religiosa. Todas as religiões são respeitadas, igualmente, pela lei, não devendo 
favorecer-se uma em detrimento das outras, nem qualquer distinção entre elas, já nas 
leis, já na situação delas em face da lei, já na administração desta. 
II – isentam todas as pessoas de contribuições compulsórias para manutenção de 
qualquer culto religioso, e da assistência compulsória ao mesmo. 
III – Proíbem que sejam impostas restrições ao livre exercício da religião, segundo 
os ditames da consciência, e às livres manifestações das ideias religiosas. 
(COOLEY, 2002, p. 131)
 
 
A liberdade deve ser plena, contudo, não pode ser invocada para opor ao cumprimento de lei, 
melhor dizendo, não pode ser chamada como meio de justificar a prática de um ilícito. O 
direito à liberdade como qualquer outro direito fundamental não é absoluto, cabendo analisar 
9 
 
 
onde se inicia o direito do outro para que não haja violação nem de um nem de outro. Como 
preconiza o Supremo Tribunal Federal, a moral, os bons costumes, a moral e principalmente 
os direitos fundamentais devem ser observados sempre. 
 
Liberdade de expressão. Garantia constitucional que não se tem como absoluta. 
Limites morais e jurídicos. O direito à livre expressão não pode abrigar, em sua 
abrangência, manifestações de conteúdo imoral que implicam ilicitude penal. As 
liberdades públicas não são incondicionais, por isso devem ser exercidas de maneira 
harmônica, observados os limites definidos na própria Constituição Federal (CF, 
artigo 5º, § 2º, primeira parte). O preceito fundamental de liberdade de expressão 
não consagra o ‗direito à incitação ao racismo‘, dado que um direito individual não 
pode constituir-se em salvaguarda de condutas ilícitas, como sucede com os delitos 
contra a honra. Prevalência dos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
igualdade jurídica. (HC 82.424, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 
17-9-03, DJ de 19-3-04) 
 
Do período em que o Brasil, era colônia de Portugal, a religião Católica foi adotada por 
bastante tempo como sendo a religião oficial do país. Somente com a Constituição da 
República de 1891 (BRASIL, 1891) que passou a ser permitido a liberdade de crença e de 
culto. 
 
O Brasil, até a presente data, é considerado um país laico, em que não determina nenhuma 
religião como sendo a oficial do país, é leigo ou não confessional, sendo que a Igreja e o país 
são independentes entre si e a liberdade e igualdade de todas religiões prevalece e busca-se 
uma convivência harmônica entre as diversas manifestações de crenças. Isso tudo portanto, 
não significaque o país seja ateu, como o próprio preâmbulo da Constituição Cidadã, 
Democrática apresenta: 
 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício 
dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade 
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, 
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA 
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
 
Como mencionado, a Constituição Federal vigente (BRASIL, 1988) discrimina em seu art. 5º, 
VI de forma expressa proteção ao direito individual de crença religiosa, garantindo a 
inviolabilidade da consciência e de crença, protegendo o livre exercício de cultos religiosos e 
nas formas da lei, proteção aos locais de cultos e das liturgias. 
 
10 
 
 
Esse reconhecimento da liberdade religiosa demonstra que a adoção de alguma crença ou 
religião é um bem em si mesmo e por isso é um bem que deve ser fomentado e preservado, 
como valor social para uma coletividade, devendo ser não só conservado e protegido como 
também promovido e estimulado. 
 
O artigo 5º, inciso VI da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) representa uma 
cláusula pétrea de eficácia plena e imediata. É considerado pela doutrina um direito 
fundamental, que apesar da relevante importância, não possui previsão de reserva legal, o que 
não prevê possibilidade de intervenção legislativa para restringir ou disciplinar tal direito. 
Assim é o entendimento do Supremo Tribunal Federal: 
 
Limitações à liberdade de manifestação do pensamento, pelas suas variadas formas. 
Restrição que há de estar explícita ou implicitamente prevista na própria 
Constituição. (ADI 869, Rel. p/ o ac. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 4-8-99, 
DJ de 4-6-04) 
 
Existe quem entende que o conflito entre a garantia de liberdade religiosa com os demais 
direitos fundamentais ou demais valores jurídicos protegidos pela Carta Magna justifica 
excepcionalmente o estabelecimento de restrições a essa liberdade. 
 
 
2.2 Direito à igualdade 
 
 
Outro princípio de grande importância no Estado Democrático de Direito que deve ser 
enfatizado nesse trabalho é a igualdade. Doutrinariamente, existe uma diferenciação adotada 
entre igualdade jurídica e outra formal. Frente a concepção jusracionalista, a igualdade 
jurídico-material corresponde a necessidade de transformação de uma realidade social 
econômica aparentemente injusta. 
 
Ao passo que a igualdade formal é aquela em que a lei atribui direitos de forma ampla e 
abstrata, conferindo tratamento sem distinções ou privilégios a todos. Contudo, prega a 
igualdade material que ao tratamento igualitário advindo do Estado e da sociedade deve 
atender a realidade das pessoas, considerando suas necessidades e diferenças no caso 
concreto. De acordo com Jorge Miranda (2002, p. 135), essas duas vertentes se contrapõem, 
ao passo que uma exclui a existência da outra: 
11 
 
 
 
a) A igualdade social como igualdade efectiva, real, material, concreta, situada 
(como quer que se designe) pode ou deve considerar-se imposta pela própria noção 
de igualdade jurídica, pela necessidade de lhe buscar um conteúdo pleno; 
b) Mesmo quando a igualdade social se traduz na concessão de certos direitos ou até 
de certas vantagens especificamente a determinadas pessoas – as que se encontram 
em situações de inferioridade, de carência, de menor proteção – a diferenciação ou a 
discriminação (positiva) tem em vista alcançar a igualdade e tais direitos ou 
vantagens configuram-se como instrumentais no rumo para esses fins. 
 
Outra análise bastante discutida a respeito do princípio da igualdade seria a diferença entre 
igualdade na lei e igualdade perante a lei. 
 
O princípio da isonomia, que se reveste de auto-aplicabilidade, não é — enquanto 
postulado fundamental de nossa ordem político-jurídica — suscetível de 
regulamentação ou de complementação normativa. Esse princípio — cuja 
observância vincula, incondicionalmente, todas as manifestações do Poder Público 
— deve ser considerado, em sua precípua função de obstar discriminações e de 
extinguir privilégios (RDA 55/114), sob duplo aspecto: (a) o da igualdade na lei e 
(b) o da igualdade perante a lei. A igualdade na lei — que opera numa fase de 
generalidade puramente abstrata — constitui exigência destinada ao legislador que, 
no processo de sua formação, nela não poderá incluir fatores de discriminação, 
responsáveis pela ruptura da ordem isonômica. A igualdade perante a lei, contudo, 
pressupondo lei já elaborada, traduz imposição destinada aos demais poderes 
estatais, que, na aplicação da norma legal, não poderão subordiná-la a critérios que 
ensejem tratamento seletivo ou discriminatório. A eventual inobservância desse 
postulado pelo legislador imporá ao ato estatal por ele elaborado e produzido a eiva 
de inconstitucionalidade. (MI 58, Rel. p/ o ac. Min. Celso de Mello, julgamento em 
14-12-90, DJ de 19-4-91) 
 
Tem-se, portanto, que a igualdade na lei seria para o legislador, e a igualdade perante a lei, 
seria para aquele que executa a lei, aplicando igualmente a todos sem distinção de qualquer 
natureza. O legislador ficaria limitado a editar normas que não façam discriminações entre as 
pessoas que estão em situações idênticas. Conforme Celso Antônio Bandeira de Mello (2008, 
p. 146), não seria somente uma maneira de nivelar o tratamento igualitário no momento da 
edição das normas, mas o simples fato de editar uma lei significa o dever de dispensar 
tratamento equânime às pessoas. Nessa linha de raciocínio, expõe que:
 
 
A lei não deve ser fonte de privilégios ou perseguições, mas instrumento regulador 
da vida social que necessita tratar equitativamente todos os cidadãos. Este é o 
conteúdo político-ideológico absorvido pelo princípio da isonomia e juridicidade 
pelos textos constitucionais em geral, ou de todo modo assimilado pelos sistemas 
normativos vigentes. 
 
Em suma, é possível sistematizar o princípio da igualdade, na afirmação de Aristóteles em 
que a igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais. As 
garantias são estabelecidas a todos de maneiras iguais, o que significa que a todos existe a 
12 
 
 
obrigação de respeitar as normas de forma idêntica, pois todos se encontram nas mesmas 
situações. Portanto, para que se estabeleça distinção entre os direitos é preciso seguir critérios 
plenamente justificáveis, ou seja, que tenham uma pertinência temática (MELLO, 2008). No 
mesmo sentido tem-se o entendimento jurisprudencial: 
 
A lei pode, sem violação do princípio da igualdade, distinguir situações, a fim de 
conferir a um tratamento diverso do que atribui a outra. Para que possa fazê-lo, 
contudo, sem que tal violação se manifeste, é necessário que a discriminação guarde 
compatibilidade com o conteúdo do princípio. (ADI 2.716, Rel. Min. Eros Grau, 
julgamento em 29-11-07, DJE de 7-3-08) 
 
Em contexto semelhante, se faz imperioso destacaro sentido da igualdade. Jorge Miranda 
(2002, p. 148) aponta, com respaldo na doutrina e na jurisprudência três sentidos, os quais se 
vislumbra a seguir: 
 
a) Que igualdade não é identidade e igualdade jurídica não é igualdade natural ou 
naturalística; 
b) Que igualdade significa intenção de racionalidade e, em último termo, intenção de 
justiça; 
c) Que a igualdade não é uma "ilha", encontra-se conexa com outros princípios, tem 
de ser entendida- também ela - no plano global dos valores, critérios e opções da 
constituição material. 
 
O ponto negativo da igualdade em si seria o fato de proibir discriminação e privilégio de 
qualquer espécie, de modo que o constituinte esteja impedido de realizar tarefas dissociadas 
da análise do princípio da igualdade. Além do que, o Estado fica obrigado a amparar as 
pessoas contra discriminações, até mesmo nas situações penais, se necessário. 
 
Por outro lado, em sentido positivo a igualdade conforme elucida Jorge Miranda (2002, p. 
150) retrata uma situação mais efetiva e exigente, rica em justiça, pois estabelece condições 
para o tratamento igualitário dispensado aos indivíduos: 
 
a) Tratamento igual de situações iguais (ou tratamento semelhante de situações 
semelhantes); 
b) Tratamento desigual de situações desiguais, mas substancial e objetivamente 
desiguais - "impostas pela diversidade das circunstancias ou pela natureza das 
coisas" - e não criadas ou mantidas pelo legislador; 
c) Tratamento em moldes de proporcionalidade das situações relativamente iguais 
ou desiguais e que, consoante os casos, se converte para o legislador ora em mera 
faculdade, ora em obrigação; 
d) Tratamento das situações não apenas como existem, mas também como devem 
existir, de harmonia com padrões da constituição material (acrescentando-se, assim, 
um componente activa ao princípio e fazendo igualdade perante a lei uma verdadeira 
igualdade através da lei). 
 
13 
 
 
O princípio da igualdade ou isonomia abrange a todas as pessoas sejam estas em situação 
individualizada ou coletiva, de forma que alcança todas as formas de relações jurídicas, 
privadas ou públicas. Princípio consagrado no texto constitucional vigente em pontos 
diversos, é um importante representante do princípio da dignidade da pessoa humana. 
 
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
[...] 
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais. (BRASIL, 1988) 
 
Trata-se a igualdade de um direito indisponível, da qual ninguém pode dispor, uma vez que 
constitui condição indissociável do ser humano. O referido princípio previsto expressamente 
na Constituição Brasileira (BRASIL, 1988) vincula toda atividade estatal, seja ela, executiva, 
legislativa ou judiciária. De modo que o Estado tem a obrigação de proteger e promover a 
igualdade através de todos os instrumentos a seu dispor, seja a lei, as decisões judiciais, 
políticas ou ações públicas. 
 
Frise-se que o art. 5º da CF/88 (BRASIL, 1988) faz menção a igualdade entre os gêneros, seja 
feminino ou masculino, deixando implícito que não se pode haver qualquer ato 
discriminatório em razão de sua origem, raça, sexo, cor, idade, condição social, orientação 
sexual ou religiosa. Veda ainda, qualquer forma de discriminação ou privilégio capaz de 
privar o indivíduo de qualquer direito ou que o isente de qualquer dever comum em virtude do 
princípio da igualdade, sob pena de sanção pela lei brasileira. 
 
Desse modo, a Carga Magna atribui competência ao Poder Legislativo para editar lei capaz de 
punir toda forma de discriminação, em respeito ao princípio da igualdade, bem como o da não 
discriminação, o qual se faz menção a seguir, conjuntamente com atenção aos princípios e 
normas do ordenamento jurídico como um todo, principalmente os princípios constitucionais 
implícitos da proporcionalidade e da razoabilidade. 
 
 
14 
 
 
2.3 Direito a não discriminação 
 
 
O Estado Democrático de direitos adotado pelo Brasil, ocorre em razão da diversidade 
reconhecida internacionalmente, vez que todos os brasileiros são resultado de uma mistura de 
diversas raças, culturas, ideologias e religiões e diante disso, a Constituição Federal Brasileira 
foi promulgada para assegurar e proteger todas essas diferenças, com intuito de tornar 
inaceitável toda e qualquer forma ou ato discriminatório que atente contra o princípio da 
igualdade. 
 
Assim como o princípio da igualdade previsto no art. 5º da CF/88 (BRASIL, 1988), com o 
fim de assegurar proteção contraaos atos atentatórios a isonomia, o texto constitucional tem o 
objetivo de promover o bem de todos, sem preconceitos, de origem, raça, sexo, cor, idade e 
qualquer outra forma de discriminação previsto no art. 3º, IV da CF/88 (BRASIL, 1988). 
 
Desse modo, contextualizando o referido princípio ao tema abordado, tem-se que o 
homossexualismo é um comportamento que existe em diversas sociedades e culturas, em que 
constitui uma opção de orientação sexual escolhida pelo homem ou pela mulher. Traduzindo a 
atração sexual entre duas pessoas do mesmo sexo. 
 
A homossexualidade vai de encontro com a história da humanidade. A origem se desconhece. 
Desde os povos selvagens, como nas antigas civilizações, ficou conhecida pelos romanos, 
gregos, assírios e egípcios, estes acreditavam que através do esperma do homem se transmitia 
nobreza e heroísmo, porém permeada de preconceitos sociais e assim se manifesta até os dias 
de hoje. Nas palavras de Maria Berenice Dias (2010, p. 192) a homossexualidade: 
 
Não é crime nem pecado; não é uma doença nem um vício. Também não é um mal 
contagioso, nada justificando a dificuldade que as pessoas tem de conviver com a 
homossexuais. É simplesmente outra forma de viver. 
 
De acordo com registros históricos sabe-se da existência da homossexualidade desde os 
primórdios dos tempos gregos, tomando espaço e maior feição, adquirindo características 
militares e religiosas, além do que os gregos atribuíam como características a intelectualidade, 
à ética comportamental e a estética corporal, estando intimamente ligado a essa prática 
grandes nomes das artes, da música, da ciência, e da literatura na Idade Média. 
 
15 
 
 
Na Grécia antiga, no período das olimpíadas gregas, os esportistas concorriam nus, exibindo 
beleza física, sendo proibida a presença das mulheres na arena, pois as mesmas não tinham 
aptidão para contemplar o belo. (DIAS, 2010) 
 
Em Roma, a homossexualidade era tratada de forma natural, sem distinção da relação de 
casais, ocorre que com o início do período Justiniano, alterou de maneira drástica a visão do 
povo romano quanto à homossexualidade, passando a rejeitá-la, o que influenciou de grande 
maneira o modo como passou a ser tratada na Idade Média e Moderna. (DIAS, 2010) 
 
Contudo, mesmo diante das limitações, pode-se afirmar que foi a Igreja Católica que 
condenou a prática do homossexualismo. Os dogmas religiosos pregavam que a 
homossexualidade fugia dos padrões éticos, considerando-se imoral e perversa essa prática, 
momento que a homossexualidade passou a ser enfrentada como uma anormalidade 
psicológica, um vício baixo e abominável condenado pelo livro sagrado. Sobre o tema, Maria 
Berenice Dias (2010, p. 30) elucida: 
 
Na Idade Média, houve a sacralização da união heterossexual. O matrimônio – sem 
nada perder do seu viés patrimonial – foi transformado em sacramento. Somente as 
uniões sexuais devidamente sacramentadas seriam válidas, firmes, indissolúveis. O 
ato sexual foi reduzido à fonte de pecado. Deveria ser evitado sempre, exceto no 
matrimônioabençoado pela Igreja, única hipótese em que poderia ser praticado – 
assim mesmo em condições de máximo recato – e estritamente para cumprir o 
ditame ―crescei-vos e multiplicai-vos‖. A virgindade é cultuada como um estado 
mais abençoado do que o próprio casamento, e o sexo ligado ao prazer é associado à 
noção de pecado, mesmo dentro do matrimônio. 
 
A conquista pelos direitos e reconhecimento dos pares homoafetivos vem se alastrando por 
todo o mundo há tempos, a tendência mundial está voltada para o respeito aos direitos 
humanos, em que cada vez mais, países vão editando leis que autoriza a união homoafetiva, 
conferindo os mesmos direitos dos heteroafetivos. 
 
Assim, se vê que sempre os homossexuais foram excluídos e até mesmo perseguidos, tendo 
sido tratado como doentes ou anormais, motivo pelo qual vários indivíduos foram se 
associando ao longo dos anos afim de conquistar direitos em defesa dessas pessoas. Pode-se 
referir o movimento LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis vez que este vem se 
destacando constantemente no cenário político-social mundial, fazendo com que os 
homossexuais conquistem cada vez mais direitos e espaços. Exemplificativamente, pode-se 
16 
 
 
mencionar que no Brasil, é desenvolvido o programa político de combate à discriminação dos 
homossexuais: ―Brasil sem homofobia‖. 
 
O movimento tem o objetivo de reconhecer e reparar a cidadania da população de lésbicas, 
gays, bissexuais, travestis e transexuais, sendo que estes são tratados como uma parcela 
significativa da sociedade que possui menos direitos em razão do preconceito e da 
discriminação por orientação sexual, raça, gênero, idade, deficiência física, credo religioso ou 
opinião política. 
 
 
Como resultado dessa constante luta a Constituição já veda toda e qualquer forma de 
discriminação de uma pessoa que optou por ser homossexual, vez que essa prática consiste em 
violação dos direitos fundamentais da pessoa humana. Principalmente aqueles atos 
atentatórios contra os direitos à liberdade e igualdade dos homossexuais. 
 
17 
 
 
3 CONTRAPOSIÇÃO ENTRE HOMOFOBIA E DIREITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
3.1 Homofobia: prática de violência 
 
 
A palavra homofobia em si é utilizada para fazer referência ao sentimento de repulsa, aversão, 
medo, intolerância, ódio às relações homoafetivas. Todo esse sentimento que é capaz de gerar 
atos discriminatórios com alto nível de hostilidade, chegando a ponto de condutas agressivas, 
carregadas de constrangimentos, prejuízos e profunda dor emocional na vida dos indivíduos 
homossexuais de qualquer espécie. (OLIVEIRA, 2009). 
 
Considerando a dor, o sofrimento e o tratamento desigual que os homossexuais recebem em 
razão de sua orientação sexual, o movimento homossexual se prontificou a lutar em busca de 
seus direitos, bem como na luta pelo apoio do governo e dos diversos segmentos da 
sociedade. 
 
Assim, não somente o movimento desses grupos de indivíduos, mas a sociedade simpatizante 
a essa realidade tem estendido constantemente a bandeira em favor destes, com o fim de pôr 
fim às diversas manifestações de maus tratos, desprezo e de ataques de cunho psicológico, 
moral e físico ao longo dos anos sofridos. 
 
As práticas homofóbicas não tem lugar nem espaço definido, ocorrem em todas as áreas do 
convívio social, seja nas escolas, atingindo diretamente as crianças com trejeitos 
homossexuais por exclusão ou isolamento, ou ainda adultos e jovens nas universidades ou até 
mesmo nos locais de trabalho. Há também, em clubes ou locais abertos ao público a 
exposição das pessoas aos vários constrangimentos e tratamentos desunamos entre outros 
diferentes locais. É nítido que a opção sexual diferente da heterossexual é motivo suficiente 
para dar causa a violação aos direitos dos indivíduos, ferindo sua dignidade humana. 
 
Tudo isso em decorrência da mentalidade retrógrada ou conservadora das pessoas que 
insistem em manter o preconceito e discriminação como valores fortemente arraigados, não 
sendo capazes de admitir que uma parcela da sociedade seja adepta a outros segmentos, sejam 
eles referentes a religião, política, filosofia, independente da faixa etária, raça ou condição 
18 
 
 
social. Existem casos que esses fatores exercem certa influência nos comportamentos hostis e 
discriminatórios, usados como justificativas das condutas ou pensamentos anti-homossexuais, 
capazes de intensificar ou atenuar os conflitos sociais. 
 
Note-se que o preconceito está disseminado em toda sociedade brasileira, seja esta moral ou 
imoral, ultrapassando os limites da esfera religiosa ou o conservadorismo dos indivíduos de 
idade elevada na sociedade. Os agressores não possuem perfil especifico, são encontrados em 
diversos ambientes e costumes, e as condutas discriminatórias variam de acordo com as 
características individuais de cada um. 
 
A maior preocupação com a homofobia na atualidade se faz com os atos de violência entre si 
proferidos em desfavor do indivíduo de orientação homossexual, independente se 
relacionados a cultos religiosos, culturais ou para defender visões conservadoras. Vê-se, dessa 
maneira, que não cabe identificar o motivo da discriminação, mas sim tende-se a combatê-la 
seja qual for o motivo ou a origem. 
 
Frise-se que a homofobia pode se resumir a qualquer ato de violência que por via de 
consequência origine discriminação aos homossexuais. Nesse espeque, vale ressaltar, os 
aspectos relativos ao termo violência. 
 
Sabe-se que violência origina-se do latim violentiae significa ―força que se usa contra o 
direito e a lei‖. Sendo que a pessoa que pratica o ato violento, ou seja, o violentus, versa 
naquele que age com força desproporcional a reação esperada.Pode-se afirmar que a violência 
vai de encontro com à integridade moral, psicológica física ou sexual, sendo que diante de 
qualquer sentimento que impeça a experimentação de algo, de forma infundada representa um 
tipo de violência (OLIVEIRA, 2009). 
 
A violência, como se percebe, tomou contornos mais amplos, abrangendo toda conduta que 
afete a dignidade do indivíduo restringindo sua liberdade e impossibilitando que este 
manifeste sua vontade, tendo por consequência dano a sua integridade física, moral, 
psicológica ou sexual. Por fim, considera-se violência o ato de violar as garantias 
fundamentais do indivíduo enquanto ser de direito livre e membro da sociedade. 
 
19 
 
 
Os questionamentos que abrangem a homofobia atualmente não se restringem somente a 
violência física, mas também ou, principalmente, a violência psicológica, vez que as 
reivindicações feitas pelos historicamente desfavorecidos possivelmente oriundos, sobretudo, 
desta última podem gerar proporções incalculáveis. 
 
As condutas criminosas praticadas contra os homossexuais não podem ser interpretadas 
somente como aquelas com violência física caracterizadas pelo uso de facas, pedras, ou ações 
exageradas como asfixiamento ou enforcamento, por exemplo, mas todas aquelas condutas 
em que a violência é exteriorizada pelo gesto e comportamento de cunho moral e/ou 
psicológico que afete a seara da integridade e liberdade de ser do indivíduo, melhor dizendo, 
são considerados crimes de ódio. E nesse caso há quem peque pelo excesso e até mesmo pela 
falta, ou seja quando tendo a responsabilidade de fazer algo, não o faz. Assim entende-se que 
até mesmo a omissão é um ato violento, pois pode causar dano a integridade física ou psíquica 
do ofendido. 
 
O dano emocional é a chave para se identificar a violência psicológica, ou seja, a que nível o 
indivíduo foi atingido na sua integridade psicológica, contudo, deve-se ter como parâmetro asensibilidade normal de um homem médio, nem aquele extremamente sensível nem o 
demasiadamente rude. 
 
Atualmente, as autoridades públicas não estão permanecendo demasiadamente inertes para as 
ações homofóbicas vez que já vem tomando algumas medidas políticas de combate e 
prevenção. Na Educação, por exemplo, as autoridades competentes buscar capacitar os 
professores na tentativa de que eles eduquem os alunos a respeitar a orientação sexual de cada 
um. No setor da Saúde, já se empenham em ampliar ações de combate às doenças 
sexualmente transmissíveis – DST, bem como buscam preparar o Sistema Único de Saúde – 
SUS para receber os homossexuais. Já no Ministério da Justiça, a capacitação está mais 
voltada para os policias em como lidar com os travestis que trabalham nas ruas, para coibir os 
atos violentos e discriminatórios do dia-a-dia. 
 
Apesar de bem tímida, verifica-se hoje a intenção de remodelar a concepção social acerca das 
relações homoafetivas. Com o fim de gerar uma consciência não homofófica em toda 
sociedade permitindo a liberdade de expressão e a liberdade de direitos entre homossexuais, 
contudo, independe somente da atuação do Poder Público essa responsabilidade, vez que esse 
20 
 
 
sentimento de aversão advém de cada indivíduo e a sua inexistência somente findará quando 
cada um se conscientizar da dignidade enquanto ser humano que cada ser possui para viver. 
 
São por essas e outras razões que existem vários discursos sobre a tipificação da homofobia. 
Aqueles que se manifestam de forma favorável tendem a acreditar que a punição é 
indubitavelmente capaz de proteger bens jurídicos evidentes, conforme é o entendimento 
majoritário da função do Direito Penal. E é nesse interim, que se acredita que a lei seja capaz 
de promover a esses bens, nada mais que garantias capazes de assegurar a todos a proteção 
legal. 
 
A intolerância viola o direito à existência simultânea das diversas identidades e 
expressões da sexualidade, que é um bem comum indivisível. Uma vez acionada, a 
intolerância ofende o pluralismo, que é requisito para a vida democrática. Daí a 
compreensão de que os chamados crimes de ódio, manifestação que merecem 
intensa reprovação jurídica, atentam contra a convivência democrática. Daí também 
a propriedade da utilização de ações coletivas para a proteção e promoção do direito 
ao reconhecimento das identidades forjadas e estigmatizadas num contexto 
heterossexista (RIOS, p.136). 
 
O mais importante diante da realidade que se apresenta, é garantir as prerrogativas de cada 
cidadão, pois não se pode coadunar as práticas ofensivas e violentas contrárias a liberdade, 
integridade, libre expressão, trabalho e a afetividade. Nesse molde, seria oportuno também 
fazer valer os direitos humanos já previstos. E não corroborar com a promoção de morte 
social, alcançada com a discriminação, por exemplo. Daí a obrigação de coibi-la, diante de 
sua inefável relevância em um sistema jurídico referenciado nos Direitos Humanos e nas 
liberdades públicas. 
 
Entende-se que o Estado, diante da garantir constitucional, possui o compromisso de 
promover educação e de condições básicas que eliminam a decorrência de delitos diretamente 
em suas raízes e assim, é de suma importância das ciências criminológicas passar a penalizar 
tais práticas violentas e discriminatórias com o fim de garantir à redução a impunidade. 
 
Não se pode permitir que tais práticas sejam permanentes, em face dos direitos de liberdade 
de opinião e de crença. Até mesmo pelo fato dos preceitos com relação a proibição da 
discriminação homofóbica. Assim, deve ser aprovar uma lei capaz de punir e vedar opiniões 
de pessoas que não concordam com a homossexualidade ou que, se embasando em acepções 
21 
 
 
religiosas, poderiam ser denunciadas e submetidas a uma punição por difundirem aquilo que 
crêem. 
 
[...] em oposição às tendências modernas do Direito Penal, que descriminaliza 
condutas, o abominável projeto quer impor, criminalizando e dispondo o aparato 
policial a serviço de um grupo restrito, valores que chocam com o que pensa a 
esmagadora maioria da sociedade brasileira que é, eminentemente, cristã e 
heterossexual. Portanto, o Congresso Nacional está para aprovar uma lei que impede 
– e mais que isso, criminaliza! – qualquer manifestação – seja ela intelectual, 
filosófica, ideológica, ética, artística, cientifica e religiosa – contrária ao 
homossexualismo e às suas práticas (JUNIOR, 2013, p.2). 
 
Em ato contínuo, tem-se o posicionamento doutrinário a seguir: 
 
Não temos dúvida da necessidade de recorrer aos mecanismos penais para coibir a 
discriminação no território nacional e para garantir a universalidade do direito à 
igualdade e à diversidade, pois a homofobia é um ato juridicamente condenável, 
merecedor da represália social e estatal [...] Desse modo, em consonância com a 
Constituição Federal, o texto que ora propomos almeja proteger a vida, não apenas 
em seu sentido biológico, mas nas relações sociais indispensáveis ao seu 
desenvolvimento. É certo que as condutas criminalizadas não tratarão da esfera da 
consciência, mas da esfera da convivência, definindo apenas comportamentos que 
impliquem lesão a direito alheio. (PAIM, 2013, p. 15). 
 
Legalizar medidas repressivas a discriminação em nada afronta a premissa da intervenção 
mínima do Direito Penal, pois é inteiramente constitucional, diante de um Estado que faz da 
tolerância uma das suas marcas definidoras, abolir o preconceito por vias da persecução. 
Afinal, não há preconceito ou discriminação que seja menor ou menos prejudicial à 
integridade e à dignidade humana, porque essas práticas são igualmente lesivas e 
desumanizantes. 
 
Isto posto, nota-se que quaisquer predisposições voltadas à desconstruir e erradicar a 
discriminação em razão da sexualidade será inevitavelmente objeto de intensa disputa 
ideológica e política. De fato, há um evidente conflito entre valores e garantias constitucionais 
que deve ser observado, mas sem que as conclusões tomadas restem em demérito para uns ou 
para outros. Entretanto, mesmo que sendo visíveis as possibilidades de se fazer efetivar uma 
solução adequada para essa divergência, é mais visível ainda que isso não aconteça porque 
está em jogo interesses dos que concebem a democracia como o governo da maioria. 
 
22 
 
 
4 DA PROTEÇÃO E EFETIVAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS POR VIA 
DA TIPIFICAÇÃO DE CONDUTAS CRIMINOSAS 
 
 
Com o fim de coibir a prática de condutas criminosas determinados ritos, não só formais 
devem ser seguidos com o escopo de limitar a atuação do poder punitivo do Estado, teoria 
esta preconizada pelo sistema Democrático em face dos demais sistemas autoritários e 
violentos. 
 
Assim uma sequência de atos que vão desde valores que compõem a tutela penal, do 
enquadramento da conduta delituosa típica na previsão legal de crime, da cominação de pena 
como consequência, do processamento, do julgamento, da aplicação desta pena e da forma 
como se executa em face de quem cometeu o delito, uma série de princípios e direitos devem 
ser observados em nome da segurança jurídica e da animosidade. 
 
Os mecanismos utilizados pelo poder público para controlar e inibir as ações violentas ou que 
infrinjam a lei, destaca-se, atualmente as vertentes dos Direitos Humanos defendem entre 
outros direitos mais essenciais a liberdade, a segurança, o bem-estar, a igualdade, a justiça e a 
dignidade da pessoa humana, esculpidos no texto constitucional o indivíduo da atuação do 
Estado frente a sua atuação excessiva: 
 
A Constituição exerce duplo papel. Se de um lado orienta o legislador, elegendo 
valores consideradosindispensáveis à manutenção da sociedade, por outro, segundo 
a concepção garantista do Direito Penal, impede que esse mesmo legislador, com 
uma suposta finalidade protetiva de bens, proíba ou imponha determinados 
comportamentos, violando direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana 
(GRECO, 2012, p.4). 
 
Considerando a semelhança entre os conceitos do Direito Humano e aqueles considerados 
como direitos prioritários do Estado brasileiro, vislumbra uma tênue atividade de positivação 
do Direito Penal. Ao passo que os valores agregados às condições essenciais são a fonte para 
conferir a elas a seletividade e a qualidade de um bem que logra mérito pela proteção jurídica. 
 
Infringe-se que dessas análises seja possível definir o que vai ou não ser considerado como 
crime punido nos moldes da atividade penal tradicionalista. Apesar dessa perspectiva essa 
função é eminentemente complexa. É necessário, primeiramente, ter-se em mente que a tutela 
23 
 
 
de um bem não pode se exceder a outro e por isso cria-se um impasse doutrinariamente e pelo 
Poder Legislativo sobre a proteção dos bens jurídicos e o limite do poder punitivo. Embora o 
exercício crítico e valorativo em torno do que deve compor a pretensão punitiva e de como 
deve ser efetivada também é uma tarefa para instâncias científicas e discursivas que são 
anteriores e mais amplas que a atividade penal, a relação do Direito Penal com os Direitos 
Humanos tem conduzido argumentos tendenciosamente centrados na discussão de observar à 
figura de quem incorre na prática criminosa. 
 
Observa-se que, tendo como referencial os Direitos Humanos, neste momento, com 
intuito de revalorizar atenção à vítima, esta tem encontrado no sistema penal uma 
figura muito abstrata em relação a sua existência na sociedade. A atribuição do 
enfoque das garantias individuais no Direito Penal material e processual está voltada 
ao tratamento a ser dado ao réu e não à vítima [...] No que se refere à proteção das 
vítimas (de crimes ou de violência do Estado) ainda há uma grande deficiência na 
efetivação dos direitos estabelecidos na legislação (ARANDA, 2013, p. 23). 
 
Diversos questionamentos, argumentos, na intenção de produzir um posicionamento conciso e 
válido os diversos juristas, acadêmicos fazem corriqueiramente, contudo, todo o trabalho se 
mostra válido na tentativa de produzir embaraços que mobilizem as autoridades competentes 
a decisões vinculantes, bem como no exercício da prerrogativa punitiva. 
 
Nessa dinâmica, fica evidente que o Direito Penal é ramo de eminente promoção dos Direitos 
Humanos, capaz de promovê-los, além do caráter de proteção ao bem jurídico de maneira 
eficaz e suficiente, uma vez que as matérias jurídicas penais se propõem a contribuir para a 
efetivação do direito punitivo de forma integral. De fato, punir também é, por colateralidade, 
proteger e promover interesses relevantes, que representam bens jurídicos tanto sociais quanto 
individuais. 
 
 
4.1 Motivos para tipificar a homofobia 
 
 
Destacada a inquestionável contribuição que a sistematização das normas penais com o 
escopo coercitivo tem para o fim de tutelar e efetivar bens jurídicos, aos quais os Direitos 
Humanos representam, vale introduzir na discussão acerca da necessidade de tipificar 
medidas punitivas específicas para problemáticas isoladas, como a discriminação. 
24 
 
 
É a partir dessas indagações que, tanto os lados que defendem a atuação específica do Direito 
Penal, quanto os que criticam a inflação legislativa político-incriminadora, elaboram suas 
argumentações e fazem configurar eminente entrave. 
 
Exemplo mais recente de como o exercício legal da previsão especial de condutas ofensivas 
foi legitimado mesmo quando já existiam tipificações amplas da lesividade do comportamento 
transgressor, é a aprovação da Lei nº 11.340 de 2006, ou Lei Maria da Penha, que não criou 
um novo tipo penal com terminologia e abstrações autônomas, mas tipificou, especificamente, 
condutas cometidas contra a mulher ao prevê, dentro de um arquétipo penal que já preceituava 
punições para o delito em seu caráter geral, agravantes para a violência intentada em razão da 
vulnerabilidade e do proveito destapara reprimir e inibir a liberdade das mulheres. Maria 
Berenice Dias (2006, p. 01), no ano em que esta lei foi publicada, observou: 
 
Acaba de entrar em vigor a Lei 11.340 – chamada Lei Maria da Penha – que cria 
mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Foi recebida da mesma forma que são tratadas as vítimas que protege: com desdém 
e desconfiança. Como tudo o que é inovador, está sendo alvo de ácidas críticas. São 
apontados erros, imprecisões e até inconstitucionalidades. Nada mais do que 
injustificável resistência à sua entrada em vigor. 
 
Isto é, do momento de sua publicação, e mesmo na fase de proposição até os anos que segue 
sua vigência, a referida lei foi e é alvo de alegações reacionárias,cujos posicionamentos 
apontam supostas ineficácia e contrariedade à ordem pátria, sustentados em argumentos tais 
como a violação do princípio constitucional da igualdade sexual, da intervenção mínima do 
poder público na vida privada e da fragmentariedade penal: 
 
Somente quem tem enorme resistência de enxergar a realidade da vida pode alegar 
que afronta o princípio da igualdade tratar desigualmente os desiguais. Cada vez 
mais se reconhece a indispensabilidade da criação de leis que atendam a segmentos 
alvos da vulnerabilidade social. A construção de microssistemas é a moderna forma 
de assegurar direitos a quem merece proteção diferenciada. Não é outra a razão de 
existir, por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto do Idoso e da 
Igualdade Racial. E nunca ninguém disse que estas leis seriam inconstitucionais 
(DIAS, 2006, p.1) 
 
No caso da mulher, o que tornou urgente a necessidade por instrumentalizar e fazer incidir 
uma norma específica que erradicasse concreto e simbolicamente a violência doméstica foi a 
ineficácia dos dispositivos genéricos processuais e materiais para com o combate da 
discriminação, que não conseguiam prever e alcançar os casos concretos, cuja incidência 
fechava-se no âmbito da moradia e para lá não se podia intervir, assim como, de lá não viria 
quaisquer tentativas de denúncia, pois, ameaçados, familiares e a própria mulher eram 
25 
 
 
repreendidos.Somando-se ainda ao óbice cultural de uma concepção moral, machista, 
antiquada e latente, de que a mulher é objeto do homem e que sobre ela podia-se violentar nas 
mais variadas maneiras, restando-lhe o silêncio. 
 
Vislumbra-se, portanto, que a necessidade pela criação de norma punitiva que ataque a 
celeuma da violência com especificidade para com uma das suas formas mais torpes é reflexo 
da urgência por se fazer impor respeito e intangibilidade aos direitos de quem estava 
desprotegido, uma vez que, previsões penais genéricas, medidas de cunho administrativo e 
recursos de conscientização ou educação não demonstravam-se suficientes para combater a 
ameaça e violação direta aos Direitos Humanos, cometidas por quem achava ter a permissão 
de praticar a violência e do qual não se podia esperar a consciência do dever de respeito com 
base em escrúpulos que nem sequer os tinha. 
 
Similar ao problema da violência doméstica, a homofobia é espécie do gênero da 
discriminação moderna cuja demasia da infringência aos Direitos Humanos por motivos de 
preconceito é uma das adversidades atuais que mais clamam por um posicionamento mordaz 
na erradicação e desconstrução do ódio, da aversão e hostilidade para com gays, bissexuais, 
lésbicas, transgêneros e transexuais.Perpetrada no âmago familiar, nos centros escolares, nas igrejas, no ambiente de trabalho e 
nas mais variadas localidades da vida urbana, a negatividade imposta contra sexualidades 
adversas da heteronormatividade é um problema que está atrelado a contexto cultural 
alastrado durante a decorrência de imemoriáveis períodos históricos, dos quais a sociedade de 
hoje herdou a concepção e a consciência coletiva de que é indesejável, errado, prejudicial, 
vergonhoso, repugnante e inadequado ser homossexual: 
 
O rol de violações aos direitos humanos que atinge as pessoas devido à orientação 
sexual ou identidade de gênero ainda constitui um padrão sistemático e global. A 
comunidade LGBT além de não ter seus direitos civis reconhecidos na maioria dos 
países, continua sendo vítima de discriminação, violência, abuso, perseguição e 
agressão constantes. Atualmente, relações homossexuais entre adultos continuam 
sendo criminalizadas em 80 países (11 deles na América central e no Caribe). Em 
sete países, a pena para esse ―crime‖ é a execução (RODRIGUES, 2011, p.28). 
 
Nesse contexto, as reações sociais, que se definiram como necessárias para fazer rechaçar essa 
―ameaça gay‖, são as que variam desde condenações à fogueira na Idade Média, passando por 
execuções massivas em câmaras de gás no holocausto nazista, chegando a enforcamento em 
26 
 
 
praças públicas, apedrejamento, prisões e ao ostracismo nos persistentes modelos de Estado 
ditatorial. Visualizando-se aí a legalização de uma conduta violadora e discriminatória, em 
regimes políticos cuja punição é desvirtuada dos princípios idôneos e o poder extrapola os 
limites do abuso e da violência. 
 
No modelo democrático, a exemplo do Brasil, não são anuídos quaisquer tratamentos 
desumanos impostos a uma pessoa por motivos de ter uma orientação sexual diferenciada, 
pelo menos não em lei. Entretanto, da mesma maneira que não permite legalmente,a norma 
também não proíbe. E as regulamentações esparsas, as disposições genéricas e as 
interpretações extensivas de arranjos principiológicos não se demonstram suficientes e nem 
incisivas para se fazer coibir e desarraigar a discriminação. Sendo assim, comportamentos 
advindos de diferentes setores sociais, imbuídos do ―achismo‖ moral de que se a 
homossexualidade é errada, então a ela deve-se repudiar, cuja razão incutida é a de retaliar o 
que considera por desvirtuado, seja através do ataque direto, pela mitigação de outros direitos 
ou pela exclusão: 
 
A rejeição de toda conduta homossexual e sua inscrição no campo jurídico está 
fundada na negativa de conceder ao indivíduo sua autonomia para o exercício de sua 
sexualidade. Sexo é apenas uma função biológica a serviço do bem comum do 
casamento e seus significados de amizade e procriação. Dessa maneira, não é 
possível falar-se em liberdade sexual, e são admitidos tratamentos desiguais que 
coíbam a conduta sexual divergente de indivíduos (LEIVAS, 2011, p.74). 
 
Mais uma vez observa-se nessas circunstâncias a semelhança com a problemática da violência 
cometida contra a mulher, em que, assimilando-se ao contexto anterior da aprovação de lei 
específica, a violação de Direitos Humanos parte de justificativas fundadas em perspectivas 
cultuadas pelo tempo e pela extensão de acepções morais que acreditam ser permissivo 
destratar alguém. 
 
Mas por que a legislação ainda é omissa, tendo em vista a urgência que se configura por 
proteger minorias em face de condutas violentas que não condizem com o atual momento da 
promoção isonômica de direitos e valores éticos? Insurge-se desse questionamento a mais 
problemática das situações, em que, o Estado safa-se pelo viés da negligência, pois, não sofre 
represália por legitimar condutas opressivas, mas também não desprestigia os interesses de 
uma maioria mediante a imposição expressa de proibições às condutas discriminatórias: 
 
A omissão covarde do legislador infraconstitucional de assegurar direito aos 
homossexuais e reconhecer seus relacionamentos, ao invés de sinalizar neutralidade, 
27 
 
 
encobre grande preconceito. O receio de ser rotulado de homossexual, o medo de 
desagradar seu eleitorado e comprometer sua reeleição inibe a aprovação de 
qualquer norma que assegure direitos à parcela minoritária da população alvo da 
discriminação (DIAS, 2011, p.168). 
 
As consequências desse descaso por conta de um indiscreto preconceito alcançam a esfera da 
instrumentalização processual, de maneira que somando-se a elas, reproduzindo também o 
descompromisso e desinteresse por se fazer reafirmar direitos evidentes, as autoridades tratam 
o problema da homofobia com indiferença no trabalho de investigação, indiciamento, 
persecução e processamento dessa conduta lesiva, ainda mais quando não têm um aporte legal 
em que se apoiar para considerar típico e verossímil o prejuízo causado em razão dessa 
discriminação. Restando apenas o enquadramento nas previsões genéricas já existentes, que se 
demonstram insuficientes. E essa ausência de interposição legal que obrigue o poder público a 
perseguir tal ofensa específica dá margem para que o preconceito, que parte dos próprios 
servidores, invalide até mesmo o compromisso por perseguir as transgressões já previstas 
(DIAS, 2011). 
 
Nota-se a cada fechamento dos aspectos que estão em torno desse problema, que progressivo 
é o reconhecimento da relevância da implementação de medidas legais e políticas que 
interponham posicionamento mais contundente na erradicação da discriminação. E no caso da 
homofobia, diante do descaso legal, da insuficiência dos recursos existentes e do crescimento 
vertiginoso da violência por motivos torpes contra um grupo, indubitável é a necessidade de 
combater este problema com mais rigidez e especificidade, com escopo de proteção e 
efetivação de bens jurídicos evidentemente relevantes: 
 
Neste quadro, as violações físicas diretas à vida e à integridade física de grupos 
contra os quais se dirige a discriminação homofóbica são realidades inadmissíveis, 
cuja superação é vital para promoção dos direitos humanos. Diante de episódios, 
cuja frequência horroriza, não se deve exigir menos que a atuação dos órgãos 
estatais de persecução penal, extraindo-se do direito penal e do direito civil toda a 
responsabilidade cabível (RIOS, 2007, p.136). 
 
Assim sendo, a invocação da pretensão punitiva pode não ser, por si só, a solução integral, 
mas com certeza representa a corroboração simbólica e coercitiva mais incisiva de que é 
inaceitável a violação de Direitos Humanos por motivos tão antilógicos. Nesse ponto, 
defende-se que tipificar a violência homofóbica é o mecanismo central no combate a essa 
espécie de discriminação, pois, a partir dela é que se tem base e suporte jurídico mais eficaz 
para implementar outras medidas e para simbolizar o quanto ela é indesejável em um Estado 
28 
 
 
cuja intenção é ser democrático (pelo menos em tese). É a sua incriminação que interporá à 
sociedade a obrigação mais mordaz de observar tolerância às diferenças: 
 
Ou seja, com a punição penal, reafirma-se que determinada conduta afronta valores 
fundamentais de uma sociedade, exteriorizando a desaprovação social da atitude. 
Serve, pois, como marca de que, em nosso sistema democrático, não são admitidas 
certas atitudes as quais afrontam direito, humilhando e inferiorizando populações 
que dentro do nosso contexto social, já são vítimas recorrente de toda sorte de 
discriminação (SOUZA, 2012, p. 37). 
 
 
Diante dessas disposições cabe ressaltar que, de fato, a maneira de apontar realidade em 
espectros estatísticos, tomando por base a denunciação e a noticiação, não é a forma mais 
eficiente de sefazer vislumbrar a problemática em sua concretude. Entretanto, ante a 
inoperância dos órgãos competentes em registrar e fichar as ofensas que são cometidas em 
razão desse tipo de discriminação, inclusive porque lhes faltam aporte legal que tipifique e 
encrave a homofobia como delito, as informações relatadas são suficientes para compreender 
que um posicionamento legal é necessário tanto para erradicar as condutas em si quanto para 
impulsionar o avanço de outras medidas e instrumentos que tenham esse mesmo fim. 
 
 
4.2 Projeto de lei 122/06 
 
 
Na esfera cível, as ações visam a uma condenação por danos morais, ou até mesmo materiais, 
em razão de ato discriminatório praticado em face de um homossexual, titular de direitos. 
Essa condenação consiste em uma indenização, normalmente em dinheiro. 
 
No âmbito das relações de trabalho, também há responsabilização do agressor em razão de 
discriminações que resultem, por exemplo, em demissões, situações degradantes ou vexatórias 
(Lei nº 9.029/95). 
 
Já na seara criminal, a discriminação pode ser punida como crime. Todavia, faz-se necessário, 
sob luz do princípio da legalidade e anterioridade penal, que haja uma lei que tipifique cada 
conduta que se deseja criminalizar. 
 
O Projeto de Lei nº 122/2006 (PL 122/06) visa criminalizar a discriminação ou preconceito de 
gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero, alterando a Lei nº 7.716, de 5 de 
29 
 
 
janeiro de 1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor, dando 
nova redação ao § 3º do art. 140 do Decreto–Lei nº 2.849, de 7 de dezembro de 1940 – 
Código Penal, e ao art. 5º da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto–Lei 
nº5.452, de 1º de maio de 1943, além de outras providências. Interessante destacar a 
justificação manifestada quando da apresentação do projeto original: 
 
A sociedade brasileira tem avançado bastante. O direito e a legislação não podem 
ficar estagnados. E como legisladores, temos o dever de encontrar mecanismos que 
assegurem os direitos humanos, a dignidade e a cidadania das pessoas, independente 
da raça, cor, religião, opinião política, sexo ou da orientação sexual. 
 
A orientação sexual é direito personalíssimo, atributo inerente e inegável a pessoa humana. E 
como direito fundamental, surge o prolongamento dos direitos da personalidade, como 
direitos imprescindíveis para a construção de uma sociedade que se quer livre, justa e 
igualitária. Não trata-se aqui de defender o que é certo ou errado. Trata-se de respeitar as 
diferenças e assegurar a todos o direito de cidadania. Temos como responsabilidade a 
elaboração leis que levem em conta a diversidade população brasileira. Nossa principal 
função como parlamentares é assegurar direitos, independente de nossas escolhas ou valores 
pessoais. Temos que discutir e assegurar direitos humanos sem hierarquizá-los. Homens, 
mulheres, portadores de deficiência, homossexuais, negros/negras, crianças e adolescente são 
sujeitos sociais, portanto sujeitos de direitos. 
 
O que estamos propondo é fim da discriminação de pessoas que pagam impostos como todos 
nós. É a da garantia de que não serão molestados em seus direitos de cidadania. E para que 
prevaleça o art. 5º da nossa Constituição: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade." A 
presente proposição caminha no sentido de colocar o Brasil num patamar contemporâneo de 
respeito aos direitos humanos e da cidadania. E é por esta razão que esperamos contar com o 
apoio das nobres e dos nobres colegas para a aprovação deste projeto de lei. 
 
Destaca-se nessa justificativa, além da fundamentação teórica do projeto de Lei no princípio 
da igualdade, o argumento de que o legislador precisa estar atualizado com as necessidades e 
anseios da sociedade, de modo que legitime a sua atuação. 
 
30 
 
 
Nesse sentido, além de levar em consideração os anseios de uns em aprovar tal projeto, 
também deve levar em conta as críticas de outros que surge no seio da mesma sociedade. 
 
Esse projeto de lei tem sido alvo de manifestações contrárias a sua aprovação, sob a alegação 
de que a garantia constitucional à liberdade de expressão, em especial o direito à liberdade 
religiosa, e a igualdade material seriam violadas. 
 
Religiosos temerosos em ter sua liberdade de expressão cerceada vêm fazendo protestos e 
manifestações contrárias a tal projeto, alegando que, em face de uma redação abstrata e 
inespecífica, estar-se-ia conferindo poderes irrestritos aos homossexuais. Além disso, alegam 
que diversas religiões, como o cristianismo, judaísmo e islamismo, teriam sua liberdade de 
manifestação, contrária ao homossexualismo, totalmente vetada pelo Projeto de Lei nº 122/06. 
 
Em contraofensiva, dada a abertura da discussão de forma midiática, o movimento pró-
homossexualidade oportuniza uma posição afirmativa cada vez mais forte na sociedade em 
prol da igualdade de direitos. 
 
Sabe-se que os projetos de lei que ferem ou que não protegem os direitos fundamentais na sua 
unidade são projetos inconstitucionais, haja vista que também, e principalmente, o legislador é 
destinatário das normas constitucionais de direitos fundamentais. 
 
Dessarte, se essas alegações forem verdadeiras, o PL 122/06 não deveria ser aprovado em 
razão do vício da inconstitucionalidade material, pois nenhuma lei pode desobedecer aos 
preceitos supremos da Constituição Brasileira, sob a pretensa defesa de um segmento. 
Nesse contexto social de divergências, surge a necessidade de se discutir o assunto a fim de 
que novas ideias e possíveis soluções possam vir à tona. 
 
O Projeto de Lei nº 122, iniciado na Câmara dos Deputados em 2006 e atualmente tramitando 
no Senado Federal, pretende incriminar a descriminação aos homossexuais. Quanto a ele, 
aplica-se o mesmo raciocínio. 
 
Os valores constitucionalmente protegidos como a vida, a liberdade, a igualdade são bens que 
devem ser juridicamente tutelados na esfera penal, pois são considerados relevantes para a 
sociedade. 
31 
 
 
 
Segundo os princípios da subsidiariedade, da intervenção mínima e da ofensividade do direito 
penal, a criminalização do ato de discriminação contra homossexuais seria justificada, já que 
se trata da proteção do bem jurídico fundamental: igualdade. 
 
Aliás, a punição de todas as formas de discriminações na esfera penal é legítima, pois se 
coaduna perfeitamente com os preceitos constitucionais de proteção à igualdade e repressão a 
todas as formas de discriminações. 
 
O próprio princípio da igualdade, como já visto, abrange o resguardo efetivo das pessoas por 
meio do Estado, através de leis penais quando necessário. 
 
É o que acontece com os atos definidos na Lei nº 7.716 de 1989 (com as modificações 
introduzidas pelas Leis nºs 8.081 de 1990, 8.882 de 1994 e 9.459 de 1997) e com suas 
modificações pretendidas pelo Projeto de Lei nº 122 de 2006, além das pretensões em dá nova 
redação ao § 3º do art. 140 do Decreto–Lei nº 2.849, de 7 de dezembro de 1940 – Código 
Penal, e ao art. 5º da Consolidação das Leis do Trabalho, entre outras providências. 
 
Pretende o PL reprimir de forma mais veemente as arbitrariedades cometidas historicamente 
por diversos segmentos da sociedade contra os homossexuais. 
 
Note-se que a referida Lei nº 7.716, mesmo alterada, continua a prever a punição de crimes 
resultantes de outros tipos de discriminação ou preconceito, que não apenas aquela contra 
homossexuais, como por exemplo, asdiscriminações em razão de raça, cor, etnia, religião ou 
procedência regional. 
 
Destaca-se, nesse momento, a proteção da mesma Lei contra discriminações em razão da 
religião, o que demonstra que o legislador não está alheio aos direitos e liberdades conferidas 
também a esse significativo seguimento da sociedade. 
 
O que se pode depreender do Projeto de Lei quanto ao confronto entre a liberdade religiosa, 
de um lado, e a não discriminação a homossexuais, de outro, é que não há preterição dos 
direitos relativos à religião, e nem poderia haver face à natureza constitucional deste direito 
fundamental. 
32 
 
 
 
Da mesma forma que não se admite qualquer discriminação por motivo religioso, também não 
se quer admitir qualquer discriminação por motivo de orientação sexual. Busca-se, portanto, 
exatamente promover a igualdade entre todos os segmentos da sociedade, respeitando todas as 
diferenças. 
 
Com a quantidade crescente de aportes bibliográficos publicados, intentados a discutir o 
reconhecimento de direitos sexuais, e com o surgimento de organizações que se preocuparam 
em mapear e demonstrar, ainda que limitadas, a realidade da prática da discriminação, cuja 
incidência é velada pela negligência das autoridades, tem-se a impressão de que estas 
questões só ganharam visibilidade agora. Em parte, esse entendimento não é equivocado. 
 
Entretanto, observa-se que essa notoriedade só insurge-se com tanta veemência porque é tido 
como urgente, tanto em nível nacional quanto global, que para o Estado seja obrigatório 
efetivar esses direitos humanos de maneira mais eficaz, inclusive pela implementação de 
medidas que assegurem a regalia de exercê-los e a proteção contra transgressões reacionárias 
também crescentes. Cinge-se nesse ponto a crítica que aponta o quanto a necessidade por 
regulamentar direitos só é enxergada quando a turbação deles já é concretamente evidente. E 
no Brasil não é diferente. 
 
É importante ressaltar que inserido num contexto de relativa ascensão econômica e de 
presença enfática no cenário das relações globalizadas, o Estado brasileiro é engrenado a 
apresentar eminente faceta de influenciável e de influenciado. Nessa dinâmica, os valores 
sociais constantemente mudam, buscam se adequar ou produzem novas concepções que são 
construídas por influências internas e externas. 
 
De abordagens anteriormente frisadas se auferiu a compreensão de que o valor estimado no 
almejo e interesse por Direitos Humanos, está inserido na avidez por exercer as liberdades 
individuais, os direitos de personalidade, a livre expressão, os direitos civis e a dignidade 
individual. Em âmbito nacional também são progressivos estes anseios, de modo que as novas 
gerações têm edificado concepções e ideologias que partem destes mesmos preceitos 
compartilhados hodiernamente em grande parte do mundo. 
 
33 
 
 
Desta feita, destaca-se a sexualidade como um dos fatores principais que tem apresentado 
modelações sobre valores. Recaindo no expoente de como vivê-la e com quem vivê-la. Assim 
também, tem sido apontada como principal vetor do discurso de respeito à liberdade pela qual 
pessoas estão dispostas a reivindicá-la e vivenciá-la em estilos, gostos, vertentes e 
comportamentos sem limitar sua vontade e nem ceder a pressões sociais, mesmo com a 
discriminação fortemente arraigada ao ambiente em que vivem. 
 
Diante disto, é que emerge o complexo desafio para o Estado de como fazer para lidar com o 
embate configurado entre novas concepções e o paradigma conservador e reacionário, que, na 
maioria das vezes, dá margem para a discriminação. 
 
No Brasil que intencionava estruturar o modelo mais democrático de sua história política no 
período próximo do constitucionalismo de 1988, o mais razoável seria ter ratificado 
disposições que objetivassem sanar integralmente todas essas celeumas que impedem 
promover a isonomia e a inclusão almejadas, de maneira que buscasse projetar a construção 
de uma sociedade adequada para o momento atual. No caso de qualquer aspecto relacionado 
ao direito de se definir sexualmente, pelo menos não foi por ausência de pretensões políticas 
que se olvidou legislar: 
 
Desde a Assembleia Nacional Constituinte de 1987-1988 que se pretende colocar 
proteção às minorias em razão de orientação sexual no texto constitucional. Os 
constituintes da subcomissão dos negros, populações indígenas, pessoas deficientes 
e minorias chegaram a receber, em sessões de meados de 1987, João A. de Souza 
Mascarenhas, então diretor de comunicação social da ONG Triângulo Rosa, que 
discursou sobre a importância de constar a expressão ―orientação sexual‖ na 
proteção contra a discriminação (BAHIA apudFolha de São Paulo, 2012, p.7). 
 
Entretanto, todas as intenções por incluir no bojo da Lei Maior as disposições que faziam 
menção ao combate da discriminação motivada por razões de sexualidade fracassaram. Nesse 
sentido, muitas outras tentativas de emendas ou propostas de leis infraconstitucionais foram 
apresentadas. Bahia (2012) destaca o PL 4.242, do Deputado Edson Duarte; o PL 3.770/2004, 
do Deputado Eduardo Valverde; e os PL. 5/2003 e 5.003/2001, da Deputada Lara Bernardi. 
Sempre trazendo à baila o mesmo entrave de discussões pautadas em demasiados 
fundamentos jurídicos e morais, a análise de propostas desta natureza são alastradas por anos 
na alternância entre as casas do Congresso. Na maioria das vezes o destino é o 
arquivamento,motivado pela pressão dos que conseguem compor contingente influente na 
ambiência do legislativo a ponto das aprovações e pautas lhes ser favorável. 
34 
 
 
 
O mais recente e famigerado entre estas proposições é o Projeto de Lei da Câmara nº 122 de 
2006, que é uma variação do PL 5.003/2001 e ganhou essa nomenclatura após ser aprovado 
na Câmara dos Deputados em 2006 e aditado por diversas vezes desde o início de sua 
tramitação no Senado, permanecendo aí protelado por arquivamentos, projetos substitutos, 
pareceres, debates, análises nas comissões e controvérsias políticas. 
 
No ano de 2011 o PLC 122 foi desarquivado pela senadora Marta Suplicy (PT-SP), 
assumindo também sua relatoria. Desde então, referida proposta aguarda aprovação na 
comissão de Direitos Humanos, na de Constituição, Justiça e Cidadania e no Plenário. 
 
Em suma, o PLC 122, apelidado de ―lei da homofobia‖, objetiva alterar a Lei 7.716/1989 que 
criminaliza as ofensas resultantes de discriminação e preconceito, tipificando as 
discriminações cometidas em razão de orientação sexual, de idade, de deficiência, de sexo, de 
gênero e identidade de gênero ao enquadrá-las no rol das espécies previstas como possíveis de 
punição. No tocante a esse projeto cabe destacá-lo em suas seguintes disposições: 
 
Art. 3º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar com a seguinte 
redação: 
Art.1º Serão punidos, na forma desta lei, os crimes resultantes de discriminação ou 
preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição da pessoa idosa ou com 
deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero. 
Art. 20 Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, 
religião, origem, condição da pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, 
orientação sexual ou identidade de gênero. 
Pena: reclusão de um a três anos e multa 
Art. 8º-B Proibir a livre expressão e manifestação de afetividade do cidadão 
homossexual, bissexual ou transgênero, sendo estas expressões e manifestações 
permitidas aos demais cidadãos ou cidadãs: 
Pena: reclusão de dois a cinco anos 
Art. 20-B. A interpretação dos dispositivos desta Lei de todos os instrumentos 
normativos de proteção dos

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