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1 GESTÃO DA MANUTENÇÃO INTRODUÇÃO A manutenção tem mudado nos últimos tempos. As mudanças estão relacionadas com a crescente mecanização, com o aumento da complexidade dos equipamentos, com novas técnicas de manutenção sendo testadas e aplicadas e com a alteração do enfoque dado ao papel da manutenção nas organizações. A manutenção vive também mudanças de expectativas incluindo novo enfoque com relação à segurança e qualidade dos produtos num esforço mundial buscando a redução de custos assim como cresce a pressão no sentido de atingir e conservar altas taxas de disponibilidades das instalações. As mudanças estão colocando à prova atitudes e habilidades, até o limite, em todos os ramos de atividade. As pessoas envolvidas com a manutenção estão tendo que adotar formas novas de pensar, tanto os gerentes como os técnicos responsáveis pela execução na medida em que as hierarquias se achatam, levando esses técnicos a tomarem decisões que antes eram atributos somente das chefias. Também as limitações dos sistemas de manutenção tornam-se cada vez mais visíveis, mesmo quando estão se valendo da informática. Em razão dessas mudanças os gerentes, em todos os lugares procuram uma nova visão conceitual para a manutenção. Precisam, no entanto, precaver-se contra os falsos caminhos e impasses, sempre presentes nas grandes transformações. Devem procurar uma estrutura estratégica que venha a sintetizar as suas iniciativas num padrão coerente, de forma a poderem avaliá-las sensatamente e aplicar aquelas estruturas que apresentem melhores resultados para suas companhias. Uma estrutura adequada de manutenção deve incluir uma forma de manter o equipamento, de organizar e gerenciar os recursos humanos e de administrar sobressalentes e materiais. A aplicação de princípios adequados na gestão da manutenção conduz a resultados rápidos e permanentes sobre a taxa de disponibilidade e segurança dos equipamentos, assim como racionaliza a utilização de recursos com sensíveis reflexos nos custos de manutenção. • O trabalho de manutenção corretiva diminui (não é incomum encontrarmos reduções entre 50% a 70%.). • A necessidade de trabalho de maior especialização cai substancialmente tornando-se mais fácil executar serviços de forma satisfatória com equipes reduzidas. • Revisões preventivas tendem a ser eliminadas. • Consumo de sobressalentes é reduzido, normalmente chegando a mais de 50% de redução. • O relacionamento entre os setores de Manutenção e Produção melhora, além do reconhecimento mútuo entre eles. 2 HISTÓRICO Para enfocarmos a trajetória da manutenção no tempo, podemos caracteriza-la em três fases distintas: PRIMEIRA FASE Cobre o período até a segunda guerra mundial. Nessa fase os equipamentos eram de concepção simples e, na maioria dos casos, superdimensionados. Isto os tornava confiáveis e fáceis de consertar. A indústria não concentrava tanto capital quanto hoje, quase não dependendo da operação contínua das máquinas. A manutenção podia ser executada por pessoal com menor qualificação, sendo comum os próprios operadores encarregarem-se dessa função. Durante a segunda guerra mundial essa situação mudou de forma dramática. Os tempos de guerra geraram pressões de aumento de demanda de toda natureza, contrapondo-se à disponibilidade de mão-de-obra industrial que caiu abruptamente. Isto gerou um aumento da mecanização. Após a segunda guerra as máquinas eram mais numerosas e complexas. A indústria começava a depender delas. Com o aumento dessa dependência, as paralisações passaram a ser olhadas com maior atenção, nascendo o pensamento de que as falhas das máquinas poderiam ser prevenidas. Também o custo da manutenção começou a crescer em relação aos demais custos operacionais, passando a merecer atenção mais destacada. Como resultado, as principais características desta fase eram: • Aumento do conceito de manutenção preventiva, fundamentado na presunção de que se poderiam prevenir as falhas através de revisões nas máquinas em intervalos fixos. • Evolução dos procedimentos administrativos com o intuito de organizar e controlar os recursos de manutenção. • Aplicação de técnicas de medição do trabalho (princípio de Taylor) para as atividades de manutenção. SEGUNDA FASE Esta fase alcançou seu ponto máximo com o uso de sistemas de computador dedicados à administração da manutenção, fazendo uso de elaboradas técnicas de medição do trabalho. Começa, então, a emergir o sentimento de que, a forma como muitos dos trabalhos estavam sendo executados ou administrados, não agregavam o valor esperado, e, em alguns casos, mostrava-se até contraproducente. TERCEIRA FASE 3 No passado recente, o processo de mudança na indústria recebeu até um maior impulso As mudanças podem ser classificadas sob os tópicos de novas expectativas, novas pesquisas e novas técnicas. Novas Expectativas O crescimento continuado da mecanização torna os tempos de paradas cada vez mais caros. As paralisações, além de afetarem a produção e os custos totais, afetam também os serviços ao consumidor. Com os sistemas just-in-time tomando-se cada vez mais comuns, crescem os efeitos dessas ocorrências na posição de competitividade das empresas. Em muitas empresas há um relacionamento cada vez mais estreito entre a condição da máquina e a qualidade do produto, especialmente onde os controles do processo têm sido automatizados. Paralelamente, a competição está alterando os padrões de qualidade para níveis sem precedentes. Isto está levando a função manutenção a ser repensada constantemente. O custo da manutenção está também crescendo, tanto em termos absolutos como em relação ás despesas totais. Em algumas atividades, ele chega a ser o segundo maior custo, só perdendo para a matéria prima. Nos últimos trinta anos, ele se deslocou de quase do anonimato para uma posição destacada como alvo de redução. Novas Pesquisas. Inteiramente à parte de maiores expectativas, as novas pesquisas estão desafiando muitas de nossas mais básicas esperanças acerca de manutenção. Em particular, agora está claro que há uma pequena ou nenhuma conexão entre o tempo de operação de um equipamento complexo e como provavelmente ele falha. Esta constatação está tendo também um profundo efeito nas políticas de manutenção. SISTEMAS DE PRODUÇÃO 4 Para efeito didático neste trabalho, e seguindo a nomeclatura mais usual nas empresas em geral, sub-dividiremos os Sistemas de Produção em quatro sub-categorias: ▪ Componente ou Conjunto ▪ Equipamento ▪ Sistema Operacional ▪ Processo de Produção (ou Seção Operacional) COMPONENTE OU CONJUNTO Engenho essencial ao funcionamento de uma atividade mecânica, elétrica ou de outra natureza física, que, conjugado a outros criam o potencial capaz de realizar um trabalho. Exemplos: ▪ Um motor elétrico ▪ Uma caixa de transmissão ▪ Uma bomba de água ▪ Um compressor de refrigeração EQUIPAMENTO Conjunto de componentes que, agrupados de forma harmônica, materializam uma função isolada dentro do processo produtivo. Exemplos: ▪ Um secador ▪ Uma ponte rolante ▪ Um grupo gerador ▪ Uma Caldeira SISTEMA OPERACIONAL Conjunto de equipamentos interdependentes necessários a realizar uma etapa do processo produtivo de uma instalação. Exemplos: ▪ Canal de descarga ▪ Linha de empacotamento ▪ Sistema de transporte de produtoPROCESSOS DE PRODUÇÃO Conjunto de Sistemas Operacionais, com a finalidade de gerar produtos acabados. 5 Exemplos: ▪ Canal de produção de biscoitos. ▪ Linha de montagem de um veículo. ▪ Canal de produção de disjuntores X. ▪ Fábrica de ração. TAXAS DE FALHA DOS COMPONENTES Os componentes, conforme a sua natureza, comportam-se de maneira diferenciada com respeito à forma como podem se deteriorar ao longo do tempo, distinguindo-se através da taxa de falha que o caracteriza. Podemos definir as seguintes taxas de falha: ▪ Taxa de falha constante. ▪ Taxa de falha crescente ▪ Taxa de falha decrescente: ▪ Taxa de falha mista. (Curva de Banheira) TAXA DE FALHA CONSTANTE. Um componente que tenha taxa de falha constante tem a probabilidade de falhar a qualquer momento. Exemplo: Uma lâmpada incandescente com taxa de falha constante tem a mesma probabilidade de falhar em minutos ou em cinco anos depois de instalada. TAXA DE FALHA CRESCENTE: Esta taxa caracteriza um componente que quanto mais tempo opera, apresenta maior probabilidade de falha. Tempo Taxa de Falha Curva de Taxa de Falha Constante 6 Exemplo: As pilhas de lanterna apresentam taxa de falha crescente, mesmo que não estejam em serviço. TAXA DE FALHA DECRESCENTE: Esta taxa caracteriza um componente que quanto mais opera apresenta menor probabilidade de falha. Exemplo: As estruturas de concreto apresentam menor probabilidade de falha (maior resistência) com a passagem do tempo. TAXA DE FALHA MISTA. Esta taxa caracteriza os componentes que tem taxa de falha decrescente quando novos, taxa de Tempo Taxa de Falha Curva de Taxa de Falha Crescente Tempo Taxa de Falha Curva de Taxa de Falha Decrescente 7 falha constante durante sua vida média e taxa de falha crescente quando aproximam-se do fim da vida útil. A curva de taxa de falha mista é conhecida como “Curva de Banheira” e é aquela que caracteriza a maioria dos equipamentos. CURVA DE DEGENERAÇÃO A ação de controle preditivo de manutenção visa determinar o ponto em que a curva de banheira passa da taxa de falha constante para a taxa de falha crescente. Algumas correntes a respeito, apresentam o conceito de controle preditivo baseado na “Curva de Degeneração” do equipamento. Segundo essas correntes, o comportamento do equipamento é passível de ter suas grandezas mensuráveis por processos de medição específicos, estabelecidos em seus projetos de instalação ou fabricação, chamados de “especificação de origem”. As solicitações da produção e o ambiente a que esses equipamentos ficam expostos, fazem com que os valores originais decresçam conforme uma configuração gráfica chamada de curva de degeneração, determinado experimentalmente ou matematicamente, até atingir um valor limite, quando encerra sua vida útil, sendo necessária a sua recuperação ou substituição. Especificações de Origem Fim da Vida Útil Mortalidade Infantil Envelhecimento (Deterioração) Vida Útil Adaptação Operação Normal Fadiga Novo Tempo de Vida Velho Taxa de Falha Tempo Curva de Taxa de Falha Mixta (Curva de Banheira) 8 CUSTOS DE MANUTENÇÃO DISTRIBUIÇÃO DE WEIBULL Essa curva nos sugere parâmetros para determinar os percentuais ideais de esforço com manutenção corretiva e preventiva. (esta última, nas suas diferentes formas.) Entre os custos diretos relacionados á manutenção corretiva, devemos considerar também (e principalmente) os custos gerados pelo efeito de lucro cessante, que quase sempre acompanham as interrupções causadas por falhas nos equipamentos. LUCRO CESSANTE Lucro Cessante significa a não realização de lucro pela redução do volume de vendas Manutenção Corretiva Manutenção Preventiva Custo de Manutenção Total Volume Ótimo de Preventiva % Manutenção Preventiva Custo DISTRIBUIÇÃO DE WEIBULL 9 em relação ao potencial de produção instalado. Quando um equipamento quebra deixa de produzir, conseqüentemente deixando de auferir os lucros relativos ao volume não produzido. Em muitas empresas esse montante de lucro cessante é calculado e debitado como custo, na conta da manutenção. No mínimo essas paradas são reportadas em relatórios gerenciais, especificando-se volumes ou horas de perda de produção. Há empresas que desconsideram esse custo, ou parte dele, quando os volumes de produção programados pelo PCP são recuperados até o fechamento do mês. Porém, perda é perda. Para se manter um controle mais realista, em cima de dados confiáveis, é recomendável que esses custos sejam fielmente reportados. Levando em conta os altos custos das paradas indesejadas quando considerado o “lucro cessante” (e creio que nunca podemos deixar de considera-lo), não há dúvidas que investir em prevenção é um alto negócio. A FUNÇÃO MANUTENÇÃO 10 NOVAS TÉCNICAS Novas técnicas de manutenção têm aparecido num crescimento explosivo. No momento são centenas e a cada dia aparecem mais. O real desafio do pessoal de manutenção para encarar esta realidade não é tanto atualizar-se com todos estes desenvolvimentos, mas saber definir o que é de valor e o que não é. Se fizermos as coisas certas, é poderemos melhorar o desempenho da manutenção e, ao mesmo tempo, reduzir seus custos em um terço ou mais. Se as escolhas forem erradas, poderemos criar outros problemas, enquanto os existentes terão tendência a piorar Muito freqüentemente, as necessidades de manutenção dos equipamentos são consideradas como atendidas. Isto resulta na implantação de sistemas acerca de suposições incompletas ou incorretas sobre as necessidades reais desses equipamentos. Esse é o motivo porque, tão freqüentemente, há um sentimento de frustração e falta de satisfação entre as pessoas envolvidas com a manutenção, sem mencionar os efeitos na eficiência e custo. OS OBJETIVOS DA MANUTENÇÃO A volta às raízes da manutenção o próprio equipamento conduz à seguinte definição dos objetivos da função manutenção: ▪ determinar as necessidades de manutenção de cada item da unidade e equipamento no seu contexto de operação. ▪ assegurar que estas necessidades sejam atingidas da forma menos dispendiosa possível. O primeiro destes objetivos é atingido com o uso da técnica ‘Manutenção X Confiabilidade' é, talvez, a mais importante contribuição a gerência de manutenção, porque permite determinar as necessidades de manutenção do equipamento no seu contexto operacional com confiança e precisão. Esta técnica propicia também reduções significativas nas cargas de trabalho de manutenção de rotina. Só depois que as necessidades de manutenção de cada item foi determinada, que nos colocamos na posição de decidir que recursos são precisos para atender àquelas necessidades ao menor custo possível. Os recursos são mão-de-obra, sobressalentese materiais, além de sistemas e procedimentos. MANUTENÇÃO X CONFIABILIDADE Confiabilidade: É a capacidade definida por uma probabilidade de funcionar de forma correta, cumprindo a missão requerida, por um período de tempo pré-estabelecido, em condições operacionais e específicas. Mantenabilidade: Probabilidade de recolocar em serviço o componente, equipamento ou sistema, em um determinado tempo. A Manutenção focalizada na confiabilidade atua em três níveis ▪ força a avaliação estruturada das conseqüências da falha, de forma a integrar decisões 11 acerca de segurança, economia operacional e custos de manutenção; ▪ incorpora novos achados nos modos de falha de equipamentos complexos, dentro de uma abordagem para a seleção das atividades de manutenção preventiva e para ações que podem ser definidas, se tarefas preventivas apropriadas não forem encontradas; ▪ combina ambas as atividades num único processo de decisão. CONSEQÜÊNCIAS DE FALHAS O contexto operacional de qualquer item de equipamento é definido pela função do equipamento e do ambiente onde opera. Isto varia de uma organização e para outra e de um equipamento para outro. O contexto operacional é importante porque define as conseqüências da falha. Estas conseqüências, por seu turno, nos dizem se necessitamos prevenir a falha. Se a resposta for sim, também nos dizem com que esforço deve-se aplicar à prevenção. Força uma avaliação das conseqüências da falha em ordem decrescente de importância. Para começar, não perguntamos como a falha ocorre ou quais são suas características, mas se tem importância ou não, em termos de: ▪ conseqüência de falha oculta, que não impacta diretamente sobre a performance do equipamento, mas que aumenta o risco da ocorrência de falhas mais sérias, mais adiante. ▪ conseqüências de segurança, que envolvem perigo de vida, ou danos ao patrimônio. ▪ conseqüências operacionais, que afetam a produção, assim como custo direto de reparação. ▪ conseqüências não operacionais, cuja única conseqüência é o custo da reparação. Se uma falha gera conseqüências relevantes, em termos de qualquer das conseqüências, acima, é importante realizar esforços no sentido de preveni-la. Por outro lado, se as conseqüências têm pequena significação, então não vale a pena realizar qualquer manutenção preventiva a não ser os serviços básicos e lubrificação de rotina. Durante a avaliação das conseqüências das falhas todas as funções e modos de falhas de cada item devem ser considerados. Através dessa análise é que se estabelecerão as políticas de manutenção de cada item. Muitos desentendimentos e expectativas não realistas são evitados quando essas políticas são bem entendidas e aceitas por todos os usuários dos serviços de manutenção. Por este motivo, a avaliação das conseqüências da falha deve feita com a participação dos operadores da produção. Sua compreensão das conseqüências da falha será, tão, ou mais, valiosa quanto a do pessoal de manutenção, porque eles estão mais expostos ao risco se a falha de segurança considerada ocorrer. Todavia, como eles são as pessoas que operam os equipamentos, sua contribuição será mais importante no sentido de avaliar as conseqüências operacionais. Resumindo, o primeiro passo para uma análise de conseqüência de falhas é descobrir se a perda de uma determinada função tem conseqüências significativas. Se não tem, a 12 decisão usual é não aplicar a manutenção preventiva. Em caso positivo, próximo passo é considerar que os serviços preventivos (se mais de um), devem ser assegurados. A NATUREZA DA FALHA Há correntes que acreditam que a melhor forma de otimizar a disponibilidade da instalação é realizar manutenção preventiva na forma de rotina. A Segunda Fase sensatamente sugeria que esta ação preventiva consistisse na revisão e substituição de componentes, a intervalos fixos. Probabilidade Intervalo entre intervenções de falha X Sugerida Tempo de Operação A Figura acima ilustra a visão do intervalo fixo da falha. Assume que muitos itens operam confiavelmente por um período "X" e, então, se deterioram. A teoria da Segunda Fase, Figura 1, sugeria que extensivos registros históricos das falhas dos equipamentos permitiam determinar sua vida e, assim, poderiam ser preparados planos para tomar a ação preventiva logo antes da falha ocorrer. Esta filosofia permanece ainda válida para certos tipos de equipamentos simples e para alguns itens complexos com modos de falha dominantes. Mas os equipamentos em geral são muito mais complexos do que há 15 anos. Isto conduziu ao inicio de mudanças nos modelos de falhas de equipamentos. Talvez a mais ampla pesquisa a respeito de falhas em equipamentos seja os estudos de idade/confiabilidade realizados pela United Airlines, cobrindo um período de 30 anos. Estes estudos revelaram não um, mas seis modelos de falhas, mostrados nas figuras que se seguem. Os gráficos mostram probabilidade da condição de falha no tempo de operação para uma grande variedade de itens elétricos e mecânicos. ▪ O modelo A é a bem conhecida curva da banheira. Inicia com uma grande incidência de falhas (conhecida como mortalidade infantil ou amaciamento), seguida de B A C D E F 13 uma taxa de falhas constante ou levemente crescente e, no final, por uma zona de deterioração acelerada. ▪ O modelo B mostra uma constante ou levemente crescente probabilidade de falhas, seguido de rápida degeneração. ▪ O modelo C mostra probabilidade de falhas pouco crescente, mas não ocorre desgaste acelerado identificável. ▪ O modelo D apresenta baixa taxa de falhas quando o item é novo ou recém saído da oficina, com rápido crescimento para um patamar. ▪ O modelo E mostra probabilidade de falhas constante em qualquer idade. ▪ O modelo F começa com alta mortalidade, caindo rapidamente para um nível mais baixo, constate ou ligeiramente crescente. Os estudos mostraram que 4% dos itens seguem o modelo A, 2% o B, 5% o C, 7% o D, 14% o E, e nada menos que 68%, o padrão F. Em geral o padrão de falhas depende da complexidade do item. Quanto mais complexo o item, mais tende a se comportar conforme os padrões E e F (a freqüência com que estes padrões ocorrem na aviação civil não é, necessariamente, a mesma na indústria. Mas não resta dúvida que, como os equipamentos têm se tornado mais complexos, mais e mais deles devem ter um comportamento, conforme E e F). Estas descobertas contradizem a crença de que, quanto mais velhos, mais propensos os equipamentos ficam ao desgaste crescente, ou seja, que há sempre uma relação entre confiabilidade e tempo de operação. Foi essa crença que motivou a idéia de que quanto mais o equipamento for revisado, mais estará protegido contra falhas. Os estudos demonstram que isto raramente é verdade. A menos que haja um modo de falha dominante, limites de idade pouco ou nada contribuem para melhorar a confiabilidade de equipamentos complexos. As revisões programadas podem, isto sim, aumentar a taxa global de falhas, pela introdução da taxa de mortalidade infantil, em sistemas que operavam de forma estável. Um conhecimento intuitivo destes fatos tem levado algumas organizações a abandonar totalmente a idéia de manutenção preventiva.Como vimos, esta é realmente a coisa certa a ser feita no caso de falhas que tenham pequenas conseqüências. Quando porém, a conseqüência da falha é relevante, alguma coisa precisa ser feita de maneira a prevenir falhas ou, pelo menos, para minimizar essas conseqüências. A continuada necessidade de prevenir certas categorias de falhas e a crescente indisponibilidade dos equipamentos para revisões programadas, mobilizam as pessoas responsáveis pela manutenção a buscarem novos métodos de prevenção. FALHAS POTENCIAIS E FUNCIONAIS. A maioria dos equipamentos dão algum sinal de que está prestes a ocorrer uma falha. Isto é conhecido como falha potencial, sendo definida como uma condição física identificável que sinaliza a iminência de uma falha funcional. ▪ Falha Potencial: Anormalidade no equipamento que não interfere nas suas características funcionais, mas gera sinais possíveis de serem detectados e que 14 servem de parâmetro para decisões de intervenção programada. ▪ Falha Funcional: Condição em que a falha provoca interferência no equipamento, alterando suas funções no processo produtivo. As novas técnicas preventivas são projetadas para estabelecer quando uma falha potencial ocorre, de modo que alguma coisa pode ser feita antes que se torne uma falha funcional. O intervalo entre a manifestação de uma falha potencial a sua evolução para uma falha funcional, é conhecido como intervalo P - F. Isto está ilustrado na figura abaixo. O ponto P indica quando o desempenho está deteriorado a ponto da falha potencial ser reconhecida. Pode ser um estalido, indicando fadiga de metal, vibração, indicando problema em rolamento, um ponto quente, denunciando deterioração de refratário de forno, desgaste demasiado de um pneu ou qualquer de uma grande quantidade de outras condições. F mostra onde a falha potencial passa a ser uma falha funcional, quer dizer, degenerou para o colapso. Os intervalos P - F, para diferentes falhas, varia de alguns nanosegundos até décadas. Intervalos de maior tempo significam maior tempo para prevenir falhas funcionais. Desse modo, muita energia está sendo dirigida para encontrar condições de falhas potenciais que proporcionem os maiores intervalos possíveis para P - F. Esta questão nos leva novamente ao problema dos trabalhos preventivos. AÇÕES PREVENTIVAS Podemos classificar os tipos de abordagens de manutenção conforme os seguintes: ▪ serviço preditivos (sob condição) ▪ serviços de recuperação (reformas) ▪ serviços de substituição (descarte) ▪ serviços de pesquisa de falha ▪ manutenção de avaria (corretiva). ▪ reprojeto As primeiras quatro são atividades preventivas. As duas últimas são ações tomadas sob certas circunstâncias, quando a prevenção não é apropriada. A seguir definiremos cada uma das tarefas preventivas, para então, considermos o processo de seleção de tarefas. Falha Potencial Falha Funcional Intervalo P-F Desempenho Ou Condição Tempo 15 Serviços Preditivos (sob condição) Técnicas usadas para detectar falhas potenciais são conhecidas como atividades preditivas, ou sob condição. Este termo é usado porque os equipamentos são deixados em serviço na condição de continuarem a satisfazer aos padrões de desempenho especificados. Manutenção sob condição cobre uma larga gama de técnicas, incluindo: ▪ Técnicas de monitoração da condição. Há, hoje, centenas destas técnicas, com algumas proporcionando avisos de falhas com antecedência de meses. As mais conhecidas são as analises de vibração e de óleo (que cobrem uma enorme série e outras estão aparecendo a toda hora). ▪ técnicas para diagnose de falhas potenciais com base em mudanças na qualidade do produto. ▪ monitoração do desempenho de máquinas. ▪ técnicas de manutenção baseadas nos sentidos humanos (visão, audição etc.) Manutenção Preditiva Usadas apropriadamente, técnicas de Manutenção Preditiva podem ser um meio muito bom para prevenir falhas funcionais. De fato elas têm sido tão efetivas em certas aplicações, que existe a tendência de vê-las como solução para a maioria dos problemas de manutenção. Os métodos tradicionais para a organização dos procedimentos de manutenção de uma planta de produção são a Manutenção Corretiva e a Preventiva. O primeiro consiste e basicamente em deixar que as máquinas funcionem até a ocorrência de falhas, ou muito próximo disso, para então se programar a correção dos problemas A Manutenção Preventiva, baseada na vida útil dos componentes, foi o primeiro método a ser largamente utilizado com base científica. Consiste basicamente na programação de intervenção nas máquinas com base na estimativa de um período médio de ocorrência de falhas. Para a determinação desse período avaliações estatísticas para máquinas semelhantes são necessárias Esses dados raramente resultam de análises realizadas pelo pessoal da própria planta, sendo normalmente fornecidos pelos fabricantes dos equipamentos, o que naturalmente acarretam prazos conservadores. É comum que os procedimentos tornem-se rotinas, com a substituição de todas as peças criticas sempre que o número de horas trabalhadas atinge o valor estabelecido em um formulário. Desse modo, é possível uma programação consistente das atividades, criando uma ilusão de eficiência. Resultados aparentemente muito bons, ou seja, as máquinas nunca quebrarem, na verdade significa que estão ocorrendo grandes desperdícios, com os custos de manutenção muito altos. A Manutenção preditiva pretende corrigir tais problemas, evitando paradas e substituições desnecessárias de peças apenas porque um número “mágico” de horas de trabalho foi atingido. Para tanto, o monitoramento do estado das máquinas é o meio ideal para se decidir pela necessidade de uma intervenção. A rigor, técnicas preditivas diversas vêm sendo empregadas há muito tempo, baseadas no uso do bom senso e da experiência para avaliação do estado da máquina, tendo como sensores os cinco sentidos. 16 “Ouvir”o estado de rolamentos através de uma chave de fenda. “Sentir”temperaturas anormais em mancais ou outros componentes, através do tato. Detectar anormalidades em componentes elétricos através do odor Determinar desajustes em processos industriais através do paladar (degustadores). Observar estados de corrosão, aspecto, etc pela visão. O que caracteriza um sistema preditivo é a sistematização dos procedimentos e métodos de análise baseados em técnicas científicas de eficácia comprovada Deve-se ressaltar, no entanto, que o principal motivo para a adoção da Manutenção Preditiva é econômico, verificando-se sempre resultados significativos a curto prazo quando implantada de forma adequada. Em geral os seguintes benefícios podem ser esperados, com a implantação de um programa de Manutenção Preditiva: ▪ eliminação de quebras inesperadas ▪ eliminação de desperdícios de peças ▪ diminuição dos estoques associados ▪ aumento da eficiência nos reparos ▪ diminuição da gravidade dos problemas ▪ aumento na confiabilidade da planta ▪ maiores intervalos entre paradas ▪ maior disponibilidade do maquinário. Como conseqüência de todos esses fatores os seguintes resultados globais são obtidos. ▪ redução dos custos globais ▪ aumento da produtividade ▪ melhoria da qualidade. A implantação de um plano de Manutenção Preditiva exige decisão, estudo, experiência e as ferramentas adequadas. A avaliação do estado (de “saúde”) pode ser feita através de diversas técnicas. As mais utilizadas são: ▪ Monitoramento de vibrações (Acompanhamentodo nível de vibração em pontos específicos de equipamentos sujeitos a desgastes, estado de rolamentos, balanceamentos dinâmicos, etc.) ▪ Análise espectral das vibrações mecânicas. (Detecção de anormalidades em equipamentos através do acompanhamento do espectro de vibrações característico dos mesmos) ▪ Termografia (Detecção de pontos quentes em instalações elétricas perdas / geração de calor em equipamentos mecânicos) ▪ Análise cromatográfica e físico química de óleos isolantes (detecção de problemas em grandes equipamentos elétricos, mais comumente os transformadores) ▪ Ferrografia (efeitos do atrito por análise do óleo lubrificante) ▪ Ultrasom (trincas, espessura, efeito corona, etc.) ▪ Análise de trincas por líquido penetrante Um bom programa de MP atender quatro objetivos básicos ▪ garantir que uma dada máquina possa continuar operando. ▪ detectar precocemente, a ocorrência de uma falha. 17 ▪ avaliar a gravidade do problema detectado; ▪ realizar o seu diagnóstico; O primeiro dos objetivos acima é na realidade o principal uma vez que estatisticamente é o que deverá ocorrer no trabalho diário. Poder afirmar com segurança que uma dada máquina pode continuar operando, apesar de já ter passado o prazo normal de intervenção, é um excelente resultado da MP, e principalmente quando essa máquina é crítica para o processo de produção. Essa decisão, que muitas vezes pode ser bastante difícil de ser tomada sem a MP, passa a ser simples e baseada em dados objetivos. Por outro lado caso exista algum problema com a máquina a detecção precoce da falha dentro de um prazo adequado para que uma intervenção seja programada de forma adequada é, portanto o segundo objetivo da atividades da MP. Em paralelo, como terceiro objetivo, a avaliação da gravidade do problema deve ser realizada, para permitir a programação de sua correção com segurança. Serviços de recuperação (reformas) Recuperação exige remanufatura de um único componente ou desmontar e examinar um conjunto numa data limite especificada, ou antes, dela, independentemente de sua condição na ocasião. Serviços de substituição (descarte) Substituição compreende o descarte de um item no limite especificado, ou antes, independentemente de sua condição na ocasião. Atividades de Pesquisa da Falha A quarta categoria de atividade preventiva se aplica somente para tarefas ocultas. Funções ocultas são aquelas que podem falhar de tal maneira que ninguém está atento para isto, a menos que se estabeleçam pontos específicos de verificação de tempos em tempos. Elas incluem equipamentos de combate a incêndios, luzes de alerta, equipamentos de reserva, válvulas de segurança, equipamentos de emergência médica e qualquer forma de dispositivo de proteção não totalmente isentos de falhas. A perda destas funções normalmente não tem impacto direto, mas, podem vir a ocasionar subseqüentes falhas muito mais sérias. Às funções ocultas deve ser atribuído a mais alta prioridade que qualquer tipo de falha. Se não é possível encontrar tarefas preventivas aplicáveis e efetivas ao caso de falhas ocultas, é preciso executar serviços de descoberta de falhas periódicas, em outras palavras, é preciso verificar a, intervalos regulares, se a função oculta está operacional. As atividades de descoberta de falhas não são preventivas, porque exigem que se procure por falhas antes que aconteçam. Todavia, são classificadas como preventivas porque objetivam prevenir falhas subseqüentes, que podem ocorrer se as falhas ocultas assim permanecerem. APLICABILIDADE E EFETIVIDADE Para ser aplicável, uma tarefa preventiva precisa ser tecnicamente factível. O pessoal responsável pela execução precisa estar convenientemente treinado e é necessário ter 18 disponível os recursos e informações para sua execução plena. (ferramental, instrumentos de medição, parâmetros confiáveis, etc). Se uma tarefa é ou não efetiva, depende de quão bem ela trata das conseqüências da falha que se destina a prevenir. Por exemplo, uma tarefa objetivando prevenir uma falha que tem conseqüências de segurança deve reduzir o risco de falha realmente a um nível muito baixo (se não elimina-lo totalmente). Se não consegue isto, não é efetiva. Se a falha ocasiona conseqüências operacionais o custo da execução da tarefa, para um dado período de tempo, não deve ser maior que o custo da não realização no mesmo período. SELEÇÃO DAS ATIVIDADES PREVENTIVAS Atividades preditivas, ou sob condição, podem, quase sempre, ser feitas sem deslocar o equipamento e, freqüentemente, enquanto está operando. Já, a recuperação e substituição só podem ser feitos com os equipamentos parados, até mesmo, com seu deslocamento para a oficina. Se a tarefa preditiva, ou sob-condição, não é possível de ser executada, ou se a sua aplicação indicar a necessidade de intervenção no equipamento, é recomendável que se faça a recuperação antes da substituição, porque a primeira não pressupõe jogar coisas fora. Estas duas atividades aplicam-se mais quando o item tem uma vida determinada. Note-se que lubrificação e conservação são consideradas à parte do processo formal de seleção de tarefas. CONSEQÜÊNCIAS X SELEÇÃO DE TAREFAS A manutenção preventiva é compulsória para falhas ocultas. Se uma tarefa preventiva não for oportuna, então a pesquisa periódica da falha deve ser feita (funções ocultas ficam freqüentemente evidentes por meio de instrumentos ou outras características de projeto). A manutenção preventiva é compulsória quando há conseqüência de segurança. Se não for encontrada atividade de manutenção preventiva que reduza o nível de falha para um nível aceitável, o item precisa ser reprojetado (conseqüências de segurança podem ser reduzidas para conseqüências econômicas). Conseqüências de falhas operacionais e não operacionais são sempre econômicas e, assim, ações para prevenir tais falhas são justificadas no campo econômico. Se tais tarefas não puderem ser justificadas economicamente, a decisão é, normalmente, de não fazer manutenção preventiva. Deve ser levado em consideração a modificação do equipamento onde não se conseguir atividades preventivas aplicáveis e efetivas (exceto no caso de conseqüências de segurança, quando a modificação de projeto é atividade compulsória). ▪ Note-se que o reprojeto é considerado o último ato, do ponto de vista de 19 manutenção, uma vez que, quase sempre, é mais caro que a manutenção aplicada ao equipamento existente. (Este detalhe deve merecer atenção, pois não é raro se buscar resolver problemas em equipamentos através de modificações na concepção original, na maioria das vezes motivado por falta de compreensão adequada das suas funções). Esta abordagem de cima para baixo permite que: ▪ As atividades preventivas sejam somente especificadas para equipamentos que realmente delas carecem. ▪ Esta característica leva a maciças reduções nas cargas de trabalho de rotina mencionadas antes. ▪ A carga de trabalho reduzida também significa que os trabalhos remanescentes terão maior possibilidade de serem realizados de maneira apropriada. ▪ Este fato, combinado com a eliminação de trabalhos contraproducentes conduz a uma manutenção mais efetiva. RECURSOS DE MANUTENÇÃO Vimos até aqui como determinar as necessidades de manutenção de cada item da unidade e equipamento no seu contexto operacional. Agora consideraremos o segundo objetivo: Atender a estas necessidades tão econômica e efetivamente quanto possível.20 Atender às necessidades é uma questão de utilizar os recursos humanos e materiais corretamente e implantar o sistema administrativo correto Apenas isto reduz significativamente os custos de manutenção. Mas não nos livra da necessidade de assegurar que os recursos necessários sejam usados tão eficientemente quanto possíveis. MÃO DE OBRA DE MANUTENÇÃO Em todo o mundo, a indústria está enfrentando três questões que afetam a mão-de-obra de manutenção, que são: ▪ Os custos crescentes ▪ A diferença entre as habilitações requeridas e disponíveis ▪ O crescente número de “observadores de máquinas” com tempo “em suas mãos”, como resultado da mecanização. Estes problemas estão causando uma reavaliação fundamental da questão global da organização e responsabilidades da manutenção. Quem estaria fazendo o trabalho de manutenção em nossa organização? Em termos gerais, há três possibilidades: ▪ Prestadores de serviços externos ▪ Operadores multi-habilitados ▪ Um departamento de manutenção interno. Há uma tendência fora da tradicional confiança em um departamento interno de manutenção. Há até escolas de pensamento que advogam operadores multi-especializados ou prestadores de serviços externos como a única resposta. Mas, como veremos, a resposta correta usualmente envolve um compromisso. Antes de observar a questão em detalhe, vejamos as alternativas. Prestadores de serviços Externos Os prestadores de serviços externos proporcionam a facilidade de ajustar os níveis de mão-de-obra rápida e facilmente. São particularmente úteis como auxilio para cobrir: ▪ cargas de trabalho acima da média em decorrência de projetos, como paradas, grandes revisões e investimentos. ▪ equipamentos muitos dispersos, tais como frotas de veículos, onde é freqüentemente mais barato e mais conveniente usar concessionárias ou agentes; ▪ situações onde o uso de prestadores de serviços externos (especialmente pequenos prestadores de serviços) é mais barato que o custo de recursos permanentes. Isto freqüentemente se aplica em serviços localizados, tais como alvenaria, carpintaria, encanamentos e pintura; ▪ problemas crônicos em equipamentos complexos, onde o fabricante ou seu agente podem ser os únicos aptos para solucioná-los; ▪ Equipamentos especializados que geram pequenas cargas de trabalho, não 21 compensando empregar especialistas em tempo integral. Exemplos são condicionadores de ar e computadores. Por outro lado, com a possível exceção dos autônomos, os prestadores de serviços externos são sempre mais caros, por hora, que empregados totalmente ocupados. Os prestadores de serviços externos também não são sempre acessíveis, disponíveis e confiáveis, como pode parecer. Podem também falhar no fornecimento do conjunto certo de habilidades para o trabalho. Finalmente, não há garantia de que os prestadores de serviços externos sejam mais produtivos que os empregados próprios. Operadores Multi-Especializados O incremento da automação significa que mais e mais trabalhadores da produção estão se tornando observadores de máquinas. Suas habilidades técnicas estão evoluindo em conformidade com isto. Eles também têm menos trabalhos operacionais a fazer, de modo que dispõem freqüentemente, de considerável parcela de tempo sem ocupação. Estes fatores têm levado algumas companhias a designar a manutenção e operação de certos tipos de equipamentos a operadores multi-especializados. Operadores multi-especializados podem ser oficiais de manutenção que adquiriram qualificações de operadores ou operadores que adquiriram habilidades de manutenção. Operadores multi-especializados estão no coração do conceito da “Manutenção Preventiva Total” (TPM) e eles se tornarão crescentemente prevalecentes. Podem ter um efeito espetacular na produtividade. O potencial para a multi-especialização ser bem sucedida depende, primariamente do conjunto de trabalhos nas imediações do equipamento. Isto inclui diversas tarefas de operação, manutenção e outras, variando de máquina para máquina. O potencial para multi-especialização, os recursos e o tempo necessário para implementá-lo, depende: ▪ da natureza das tarefas; ▪ do padrão de habilidades requerido; ▪ da quantidades de recursos e assistências requeridos; ▪ de procedimentos para orientar as tarefas; ▪ dos constrangimentos físicos ao redor dos serviços; ▪ das conseqüências dos trabalhos mal executados. Do ponto de vista da manutenção, esta lista pode ser resumida como os requisitos de manutenção de cada item de equipamento em seu contexto de operação. A despeito de seus atrativos, há situações onde a multi-especialização pode somente ser introduzida numa escala limitada. Por exemplo, algumas indústrias são tão altamente automatizadas, que o pessoal de manutenção supera o de operação por larga margem, como no caso de distribuição de água, gás e eletricidade. Em outros casos, o conjunto dos trabalhos dos operadores da produção, somente lhes dá tempo para algumas inspeções de alta freqüência e rotinas de conservação. O Departamento Interno de Manutenção 22 A despeito da popularidade das alternativas, uma grande proporção dos trabalhos de manutenção é ainda feita pelos departamentos internos de manutenção, em muitas indústrias é possível que isto persista por algum tempo. Poder-se-ia até argumentar que esta ênfase na manutenção num ambiente automatizado atualmente aumenta a importância de um departamento de manutenção interno. A falta de clareza na distinção entre operação e manutenção é uma característica da automação e leva-nos de volta á questão: Quem Faria o Trabalho de Manutenção na Nossa Organização? Pelo exposto acima vemos que não há uma só resposta para esta questão. Este é um caso para encontrar um balanço entre empregados de manutenção próprios, operadores multi-especializados e prestadores de serviços externos, que atenda á organização. O balanço deverá sempre estar no ponto que possibilite à gerência atingir os requisitos de manutenção dos equipamentos tão econômica quanto efetivamente possível. A PRODUTIVIDADE DO TRABALHO DE MANUTENÇÃO Vimos como o departamento interno de manutenção terá um importante papel a cumprir no futuro previsível. Assim como a produtividade dos trabalhadores continuará a ter um grande efeito nos custos totais de manutenção Mesmo dentro do departamento, entretanto, a questão das habilitações continuará a ser uma questão dominante. Historicamente, um operário “habilitado” de manutenção significa urna pessoa que obteve proficiência em uma das especialidades tradicionais. As profissões eram claramente definidas e eles satisfaziam as necessidades de muitas organizações. Trabalhador de Manutenção Semi-especializado Nas economias menos desenvolvidas, especialidades de muitas espécies são muito raras. Poucas pessoas têm algum conhecimento de tecnologia durante a infância, assim como os métodos de treinamento tradicionais (que assumem um surpreendente alto nível de conhecimento tecnológico) são raramente aplicáveis. Estes países tendem a enfatizar o desenvolvimento de trabalhadores semi-especializados. Os trabalhadores semi-especializados aprendem uma tarefa por vez. Os treinados imediatamente usam esta habilidade no trabalho e, só são capazes de não mais que isto, aquela tarefa deve ser tudo o que ele faz pelo resto da sua carreira. Na prática, muitas pessoas desenvolvem um conjunto de habilidades, uma de cada vez, até o ponto em que ele se torna um oficial totalmente qualificado. Oficiais Multi-Especializados Com o avanço da tecnologia,esta emergindo a idéia de que a combinação de habilidades acrescentadas aos oficiais tradicionais não é suficiente para enfrentar alguns dos equipamentos mais complexos ora em uso. Isto conduziu ao aparecimento de oficiais multi-especializados. Outra vez, grandes ganhos de produtividade são obtidos pela 23 combinação cuidadosa de habilidades com as necessidades dos equipamentos. Gerência e Produtividade Outras questões afetam a produtividade do trabalho à parte das capacitações. Antes de olhar para elas, é importante reconhecer que produtividades cronicamente pobres são raramente causadas pelos próprios operários. São normalmente decorrentes do ambiente em que trabalham e a maioria dos problemas pode ser resolvida somente pela gerência. Os problemas podem ser divididos nas seguintes categorias: ▪ as especificações e a manutenibilidade (facilidade) da unidade~ ▪ métodos de trabalho, tais como disponibilidade de ferramentas especiais e a localização de almoxarifados e oficinas; ▪ supervisão direta; ▪ práticas de emprego, como seleção e treinamento; ▪ controles gerenciais. Estas questões precisam ser atacadas antes de qualquer programa de melhoria de produtividade, porque pressionar os homens antes dos problemas ambientais serem resolvidos, só faz as coisas piorarem. O Papel do Supervisor À parte a questão das habilidades, um fator afeta a produtividade do trabalho de manutenção mais que quaisquer outros. É o conhecimento, habilidades e atitudes dos supervisores de primeira linha, responsáveis pela manutenção. Supervisão inadequada conduz a planejamento pobre do trabalho diuturno, padrões de trabalho pobres, sobressalentes e materiais mal organizados para os trabalhos, ferramentas especiais quebradas ou perdidas e muitos outros problemas. Uma grande quantidade de energia deve ser direcionada, para assegurar que os supervisores supervisionem os trabalhos de manutenção efetiva e eficientemente. Suas necessidades mais importantes são; ▪ as ferramentas de gerência. que incluem; o um sistema simples de solicitação e ordem de trabalho: o um sistema simples de estimar tempos; o critérios simples de planejamento para alocação de trabalho: o controle de orçamento e custos inteligível; o habilidades apropriadas de liderança e motivação. ▪ Treinamento em como supervisionar os serviços de manutenção. Todos os supervisores que tem alguma responsabilidade sobre os trabalhos de manutenção, precisam receber treinamento especifico na prática altamente especializada de gerência de manutenção. ▪ suporte da gerência. Talvez mais que qualquer coisa, os supervisores precisam dos engenheiros, que conheçam melhor o que é esperado de ambos, conheçam seus problemas e estejam aptos para resolvê-los rápida e solidáriamente. 24 MATERIAIS SOBRESSALENTES PARA MANUTENÇÃO A Terceira Fase da manutenção tem testemunhado também grandes desenvolvimentos no campo da administração de sobressalentes. 25 O primeiro desenvolvimento é uma campanha em todos os ramos da indústria para reduzir estoques de sobressalentes, reagindo ao aumento de custos de estocagem. Esta campanha é seguida por uma crescente consciência de que a única razão para os estoques de sobressalentes é evitar as conseqüências de não tê-los. Estas duas situações são, invariavelmente, definidas pelo prazo necessário para conseguir o sobressalente, conhecido como “tempo de condução”. Assim, decidir estocar um sobressalente é questão de balancear o custo da imobilização em estoque contra as conseqüências de não o fazer. O segundo novo desenvolvimento neste campo se refere a sobressalentes que precisam ficar em estoque. A administração de materiais bem necessita de três sistemas diferentes, para controle dos materiais em estoque, que são: ▪ O uso dos sobressalentes, que precisa dos sistemas clássicos, baseados nas técnicas de Pareto para classificação de estoques. As previsões de quantidades se baseiam no uso atual. ▪ Material de projeto. Conjuntos são montados e componentes são adquiridos, justo a tempo, para projetos específicos, tais como grandes revisões, modificações e novas instalações. ▪ Sobressalentes críticos, que nunca devem ser usados, são normalmente muito caros, de modo que as decisões devem ser tomadas caso a caso, com base na avaliação de probabilidades de falhas, adicionalmente às conseqüências de custo da imobilização. Estas três classes de sobressalentes podem ser administradas com sucesso, se quem requisita o material sabe a que categoria ele pertence, agindo de acordo com isto. Isto é tão importante como os sistemas criados para administrar os sobressalentes (se não mais) e precisa do completo entendimento e cooperação dos supervisores. Aplicadas corretamente, estas políticas levam a significativas reduções dos níveis de estoque. A maior parte dos estoques deve girar 2 a 4 vezes por ano (um giro de estoque é numericamente igual ao valor total dos itens de estoque que passa pelos almoxarifados, dividido pelo valor total do estoque. Quanto mais o estoque gira, tanto menor a espera relativa para a rotação do armazém) SISTEMAS DE MANUTENÇÃO E PROCEDIMENTOS Até aqui, consideramos como determinar as necessidades de manutenção usando as políticas de gerência de mão-de-obra e de materiais. O próximo passo considera os sistemas e procedimentos de manutenção. 26 A evolução dos sistemas de administração de manutenção é um aspecto chave da segunda fase. As principais características destes sistemas são hoje mais ou menos padronizadas e são uma parte importante da gerência de manutenção de sucesso (da mesma maneira que a contabilidade é essencial para o sucesso da gerência financeira). E, todavia, mesmo agora, poucos destes sistemas atingiram seus objetivos iniciais. As razões para isto são as seguintes: ▪ Expectativas. Muitos sistemas são implantados na expectativa de que eles, de alguma forma. gerenciam a função manutenção, antes de prover suporte para as pessoas que exercem a gerência. Esta crença é geralmente devida a insuficiente clareza quanto aos objetivos do sistema, que freqüentemente carecem de esclarecimentos quanto aos objetivos da própria função manutenção. ▪ Complexidade. Muitos sistemas são demasiado elaborados. Estes sistemas consomem muito mais tempo e dinheiro do que podem economizar e grande número deles acabam sendo totalmente abandonados. ▪ Dados. Um problema que afeta muito todos os sistemas de planejamento de manutenção industrial é a pobreza de qualidade das informações. Isto pode ser devido à pobreza do projeto, mas é também causado por falta de treinamento. Os supervisores e executantes, que devem dar origem aos dados, precisam de especial carinho a este respeito. ▪ Atitudes. Para muitos usuários, um sistema de manutenção é apenas mais um serviço que precisa ser feito, em lugar de ser algo necessário a ser feito para ajudá-los a realizar suas tarefas mais efetivamente. Outra vez, isto é resolvido com treinamento em profundidade. ▪ Suposições. Muitos sistemas são baseados em hipóteses incorretas. Dois exemplos são sistemas de planejamento baseados apenas no conceito de revisões de rotina e sistemas de reposição de materiais que não reconhecem que as três categorias de sobressalentes devem ser administradas de formas diferentes. A visão da Terceira Fase de sistema de manutenção é que eles existem para ajudar a manutenção a assegurar que: ▪ As necessidades de manutenção estão sendoatendidas; ▪ Os recursos de manutenção estão sendo usados eficientemente. MEDIÇÃO DO TRABALHO Um outro aspecto da administração do trabalho de manutenção, que mudou recentemente, é o papel da medição (avaliação) do trabalho. Isto tem sido usado como prática comum para produzir tempos padrões precisos para atividades de manutenção, como uma base para esquemas de incentivos. Entretanto, até aqui, discutimos uma série de técnicas que produzem muito maiores ganhos de produtividade e muito mais rapidamente, que esquemas de incentivos, baseados nos tempos (prazos). São aquelas que reduzem cargas de trabalho, desenvolvem a distribuição de habilidades corretas e criam o ambiente certo de gerência no órgão de manutenção Em termos de puro estudo do trabalho, estas técnicas representam uma mudança, da 27 medição do trabalho para o estudo de métodos. Isto não significa abandonar todos os esforços para estimar tempos de trabalho. Estimativas são essenciais, mas somente para uso em planejamento. Mas, no interesse da economia, estaríamos satisfeitos com as técnicas de medição do trabalho que proporcionem estimativas aceitáveis rapidamente e a custo baixo, em vez de obter tempos precisos , atividades que podem, simplesmente ser desnecessárias. CINCO “S” INTRODUÇÃO O novo cenário econômico mundial, o código de defesa do consumidor e a crescente conscientização do povo brasileiro têm motivado as empresas a reverem a sua postura frente 28 ao consumidor, ao empregado, ao acionista e à sociedade em geral. Qualidade, custo, atendimento e inovação são os fatores críticos para a sobrevivência das empresas diante da nova realidade econômica mundial. Verifica-se, além disso, um crescente clamor por uma melhor qualidade de vida do cidadão e do trabalhador. Esses requisitos estão plenamente incorporados à visão sistêmica representada pela Gerência da Qualidade Total. Após muita reflexão sobre como iniciar programas de qualidade e produtividade, vários especialistas têm concluído que se deve começar por uma faxina geral. O saudoso professor Kaoru lshikawa sempre aconselhava “pode-se começar varrendo...’ O Sr. Ishiro Miyauchi, principal consultor da JUSE (Japão) e ECO (Brasil), recomendam começar pelo programa 5S, isto é, fazendo uma grande faxina no sentido físico e mental”. Entre os diversos resultados obtidos com a implantação desse programa, citam-se: melhoria do moral dos empregados, redução o índice de acidentes, melhoria da qualidade e da produtividade, redução do tempo de paradas das máquinas e exercício da administração participativa. Evidencia-se, portanto, que esse programa representa uma oportunidade inigualável de mobilização dos empregados, preparando o caminho para a introdução de programas mais avançados de qualidade e produtividade. OS CINCO S’S O Programa 5S, consolidou-se no Japão a partir da década de 50. O Seu nome provem de palavras que, em japonês, começam com S: seiri, seiton, seisou, seiketsu e shitsuke. Antes de adotar simplesmente as traduções correntes de cada S para o português, foram realizadas pesquisas para captar a verdadeira profundidade do Programa. Os 5Ss foram interpretados como “sensos” não só para manter o nome original do programa, mas porque refletem melhor a idéia de profunda mudança comportamental. É preciso sentir a necessidade de fazer. Assim. adotou-se: senso de utilização, para seiri; senso de ordenação, para seiton; senso de limpeza, para seisou; senso de saúde, para seiketsu e senso de autodisciplina. para shitsuke Outros termos encontrados na literatura com certa freqüência São: organização, arrumação ou seleção. para seiri ordenação. arrumação, organização e sistematização para seiton; higiene. asseio ou padronização para seiketsu e disciplina, educação e comprometimento para shitsuke. Limpeza tem sido adotado sem variações para seisou. SSeennssoo ddee UUttiilliizzaaççããoo - Em sentido restrito, para facilitar as primeiras ações, refere-se à identificação, classificação e remanejamento dos recursos que não são úteis ao fim desejado. Em sentido amplo refere-se à eliminação de tarefas desnecessárias; excesso de burocracia e desperdícios de recursos em geral. Inclui. também. a correta utilização dos equipamentos 29 visando a aumentar a sua vida útil. Sabemos que o desperdício no Brasil assume cifras astronômicas: entretanto, existe um tipo de desperdício fundamental e impossível de ser quantificado: o desperdício de talentos. Desenvolver o senso de utilização implica decretar guerra contra todos os tipos de desperdício. SSeennssoo ddee OOrrddeennaaççããoo - Refere-se à disposição sistemática dos objetos e dados, bem como a uma excelente comunicação visual que facilite o acesso rápido aos mesmos. além de facilitar o fluxo das pessoas. As vantagens de uma boa ordenação e comunicação visual são. principalmente: diminuição do cansaço físico por excessiva movimentação: economia de tempo e facilidade de tomada de medidas emergenciais de segurança sob pressão SSeennssoo ddee LLiimmppeezzaa - Cada pessoa deve limpar a sua própria área de trabalho e. sobretudo, ser conscientizada para as vantagens de não sujar. Visa. principalmente, à criação e manutenção de um ambiente físico agradável. No sentido japonês do termo. o conceito estende-se à limpeza das falhas humanas que são laváveis. isto o. aquelas não muito graves. Ao executar-se a limpeza cuidadosa dos equipamentos. cuida-se. de fato. de sua conservação. Outro aspecto importante desse senso o ataque sistemático às fontes de sujeira. o que contribui ~ a eliminação das fontes de poluição que afetam não só o produto e os empregados. mas também os vizinhos da empresa. SSeennssoo ddee SSaaúúddee - Refere-se à preocupação com a própria saúde mos níveis físico. mental e emocional. Portanto. al&m de exercer os tr&s primeiros sensos como forma de melhorar continuamente ambiente físico de trabalho, a pessoa deverá ter plena consciência dos outros aspectos que afetam a própria saúde e agir sobre eles. Muitas empresas brasileiras já estão dando importância a prevenção em vez de tornar medidas apenas corretivas em termos da saúde de seus empregados. Dentro da visão do Programa 5S essas atitudes não serão mais esporádicas mas parte importante do gerenciamento. SSeennssoo ddee AAuuttooddiisscciipplliinnaa — Quando sem a necessidade de estrito controle externo, a pessoa segue os padrões técnicos, éticos e normais organização onde trabalha. ter-se-á atingido esse senso a pessoa auto disciplinada discute até o ultimo momento mas, assim que a decisão & tomada. executa o que foi combinado. Espera-se que uma pessoa em avançado estagio de autodisciplina esteja sempre tomando iniciativas para o autodesenvolvimento do seu grupo e da organização a que pertence, exercendo Plenamente O seu potencial mental. É obvio que a autodisciplina representa o coroamento dos esforços persistentes de educação e treinamento que levam em consideração a complexidade do ser humano. Resumindo. podemos dizer que os cinco sensos citados constituem um sistema e como tal não faz sentido discutí-los isoladamente.Do ponto de vista do TQC. esses sensos fundamentais para lubrificar as interfaces entre os sub-sistemas máquina/procedimento/homem e constituem a base cio trabalho da rotina. Se bem conduzido, o 5S pode representar a preparação do ambiente para a implantação 30 maciça do trabalhoem equipe, quer em sua forma espontânea (CCQ). ou visando simplesmente a solução de problemas de interesse da organização. Estão implícitos nos sensos referidos os seguintes atributos humanos: humildade, confiança, respeito. espírito de equipe e humor. O PROGRAMA 5S EM ESSÊNCIA Após vários anos de aplicação bem sucedida do programa, uma certa empresa japonesa concluiu que a essência do 5S é a fé. Somente quando os empregados se sentirem orgulhosos por terem construído um local de trabalho digno e se dispuserem a melhora-lo continuamente, ter-se-á compreendido a verdadeira essência do 5S’ Para essa empresa o seiri seiton equivale à pesquisa de eficiência; o seiton equivale à procura do melhor leiaute: o seisou significa inspeção e eliminação da fadiga do equipamento; o seiketsu equiVale à eliminação do estresse da pessoa, enquanto o shitsuke equivale a argumentar até o último momento mas. cumprir rigorosamente o que for decidido. Disciplina, motivação e iniciativa são fatores fundamentais numa empresa vencedora. A autodisciplina, conforme conceituada neste texto, inclui os três fatores acima. além de uma conduta ética. O senso cio autodisciplina, neste contexto. representa a essência do 5S na empresa na escola. no lar e na vida em comunidade em geral a prática dos conceitos do 55 é absolutamente fundamental para a criação de um ambiente onde haja qualidade de vida. O sr. Ichiro Miyauchi recomenda que a auditoria de qualidade numa empresa comece sempre pelo banheiro. Se o banheiro dos funcionários não estiver, permanentemente. em condições de ser pelo usado pelo presidente da empresa e visitantes importantes pode-se concluir que a empresa não preza a qualidade, não atingiu o estado de asseio e não respeita o empregado como ser humano. O 5S deve ser implantado imediatamente para reverter a situação. O 5S é um programa simples. Os primeiros resultados obtidos com a implantação dos 3S’s iniciais impressionam. mas a sua manutenção e melhoria a longo prazo é extremamente difícil. Entretanto, é um desafio do qual não se pode fugir. já que é impossível obter excelência empresarial sem excelência no 5S. A mudança comportamental deve iniciar-se por meio desse programa. 5S, CONCEITOS SENSO DE UTILIZAÇÃO 31 Sentido Amplo Adotado • Utilizar os recursos disponíveis de acordo com a necessidade e adequação, evitando excessos, desperdícios e má utilização. 32 Sentido Restrito das Ações Iniciais • Manter somente os objetos e dados estritamente necessários no local de trabalho, a partir de critérios estabelecidos. Benefícios • Liberação de espaços para diversos fins. • Reaproveitamento de recursos. • Re-alocação de excesso de pessoal. • Combate à burocracia. • Diminuição de custos. Como Fazer? 1 Seguir o fluxograma da figura adiante, para as ações de curto prazo. 2 Persistir na educação a longo prazo. • Instruções complementares ao fluxograma: • Selecionar e identificar, previamente, as áreas de destino provisório: • Acionar o setor de patrimônio e a comissão de licitação para um eventual leilão dos itens sem utilidade para a organização: • Providenciar para que todos os possíveis interessados tenham conhecimento dos itens à disposição; • Documentar e divulgar amplamente os dados relativos à quantificação da massa, volume e valor imobilizado e ou apurado na venda do material desnecessário: • Não se esquecer de selecionar itens de valor para a preservação da memória da organização. Neste caso, definir o local do centro de memória; • Promover uma grande limpeza inicial. Observações Importantes: • Ao diminuir os diversos itens em estoque está-se a caminho do sistema “just-in-time” (JIT), muito famoso no Japão. • Aplique o princípio um é o melhor. Uma ferramenta: uma cópia; um dia definido para as providências, uma hora de reunião, etc... Pontos Para Refletir: Como está o senso de utilização na sua organização? Considere, entre outros, os seguintes itens. 33 • Equipamentos, materiais e dados desnecessários. • Adequação das informações. • Burocracia. • Disponibilidade operacional dos equipamentos. • Utilização do tempo. • Desperdício no dia a dia. • Existência de padrões operacionais. SENSO DE ORDENAÇÃO Classificação Objetos e Dados Necessários Objetos e Dados Desnecessários Uso Constante Uso Ocasional Uso Raro, porém Necessário Colocar, se possível, ao alcance das mãos. Colocar um pouco mais afastado. Colocar separados em um local determinado. Potencialmente úteis ou valiosos. Transferir para onde forem úteis. Sem uso potencial. Vender ou dispor imediatamente Que requerem outro local especial Determinar outro local Senso de Utilização: Etapa Inicial 34 Sentido Adotado • Dispor os itens de forma sistemática (leiaute) e estabelecer um excelente sistema de 35 comunicação visual para rápido acesso aos mesmos. Benefícios • Economia de tempo. • Diminuição do cansaço físico por movimentação desnecessária. • Evacuação rápida em caso de perigo Como Fazer 1 - Os itens devem ser guardados de acordo com a freqüência de uso, por exemplo: FREQÜÊNCIA DE USO ONDE GUARDAR Toda hora No local de trabalho Todo dia Próximo ao local de trabalho Toda semana Almoxarifado Sem previsão de uso Colocar à disposição 2 - A nomenclatura deve ser padronizada. 3 - Guardar os objetos de forma que ‘entra primeiro, sai primeiro. 4 - Usar rótulos e cores vivas para identificar os objetos. 5 - Guardar objetos diferentes em locais diferentes. 6 - Expor visualmente todos os pontos críticos, tais como: locais perigosos partes das máquinas que exigem atenção especial, etc. 7 - Cuidar para que a comunicação visual seja fácil e rápida. Por Exemplo: • Não escreva frases longas; • Comunique apenas uma idéia-chave por painel; • Ilustre a idéia com um desenho, preferencialmente. Pontos Para Refletir: Como está o senso de ordenação na sua organização? Considere, entre outros, os seguintes 36 itens: • Leiaute das instalações. • Leiaute dos equipamentos. • Sistema de guarda das ferramentas. • Arquivos. • Comunicação visual. • Desobstrução de corredores e passagens. • Existência de coisas fora do lugar. SENSO DE LIMPEZA 37 Sentido Adotado 38 • Eliminar todo e qualquer traço de sujeira e agir na causa fundamental. • Limpar rigorosamente os equipamentos visando à sua conservação. Benefícios • Bem-estar pessoal. • Manutenção dos equipamentos. • Prevenção de acidentes. • Causa boa impressão nos clientes. Como Fazer? 1 - Definir responsáveis por área e criar tabela de rodízio. 2 - Estabelecer horário definido para que todos façam suas limpezas durante 3, 5 ou 10 minutos diárias. 3 - Educar para não sujar. 4 - Treinar todos os operadores para que sejam capazes de conhecer completamente o equipamento que usam, de dentro para fora.5 - Elaborar listas de verificação de todos os pontos do equipamento que mereçam atenção especial durante a limpeza (inspeção). Pontos Para Refletir: Como está o senso de limpeza/higiene na sua organização? Considere, entre outros, os seguintes itens: • Banheiros. • Postos de trabalho. • Áreas comuns. • Equipamentos. • Pisos. • Emissão de pó. • Vestuário dos empregados. • Comportamento (não sujar). SENSO DE SAÚDE 39 Sentido Adotado 40 • Manter as condições de trabalho, físicas e mentais, favoráveis à saúde. • Ter todos os empregados cumprindo procedimentos de segurança e preocupados com a sua saúde em sentido amplo. Benefícios • Local de trabalho agradável. • Ausência de acidentes. • Economia no combate a doenças (enfoque preventivo). • Empregados saudáveis e bem dispostos. Como Ter Saúde? 1 - Ter os 3Ss implantados. 2 - Eliminar as fontes de perigo. 3 - Promover o embelezamento do local de trabalho. 4 - Difundir material educativo sobre saúde em geral. 5- Manter excelentes condições de higiene nos banheiros, restaurantes, etc... 6 - Promover, durante o período de trabalho, atividades rápidas para restauração do equilíbrio físico, mental e emocional. Pontos Para Refletir: Como está o senso de saúde na sua organização? Considere, entre outros, os seguintes itens: • Comportamento atual em relação aos 3S’s iniciais. • Iluminação. • Ruído/Vibração. • Temperatura. • Cuidado com materiais tóxicos, voláteis e/ou explosivos. • Outras fontes de perigo. • Preocupação do empregado com a própria saúde. • Promoção de atividades práticas e educacionais preventivas em relação à saúde. SENSO DE AUTODISCIPLINA 41 42 Sentido Amplo Adotado • Ter os empregados comprometidos com o cumprimento rigoroso dos padrões éticos, morais e técnicos e com a melhoria contínua a nível pessoal e organizacional. 43 Benefícios • Previsibilidade dos resultados. • Auto-inspeção e autocontrole. • Melhoria contínua a nível pessoal e organizacional. Como Desenvolver? 1. Compartilhar visão e valores. 2. Dar recompensa material e moral. 3. Educar para a criatividade. 4. Ter padrões simples. 5. Melhorar as comunicações em geral. 6. Treinar com paciência e persistência. As etapas para um treinamento eficiente, visando à obediência aos padrões pré-estabelecidos, são dadas a seguir: 1. Demonstrar um bom exemplo da ação que se deseja: 2. Explicar a finalidade da ação; 3. Repetir a explicação muitas vezes; 4. Repetir a ação com o subordinado executando-a simultaneamente; 5. Observar o subordinado executando a ação sozinho; 6. Elogiar cada progresso ocorrido; 7. Se houver falha, repita o ciclo desde o passo 1. Um Exemplo: Uma empresa multinacional japonesa, abriu, em 1981, uma filial na Inglaterra. Os empregados ingleses não eram rigorosos no cumprimento dos padrões, nem gostavam de exercer atividades de limpeza ou desenvolver quaisquer atividades que não constassem do contrato de trabalho. O Diretor-Presidente tomou, entre outras, as seguintes providências para desenvolver a autodisciplina ativa: • limpou com uma equipe de gerentes e supervisores, o vestiário dos operadores todos os dias, à mesma hora, durante seis anos; • percorreu a fábrica todos os dias, à mesma hora e ajudou os operários em suas atividades quando os via com excesso de trabalho. • uma vez por semana, à mesma hora da manhã, proferiu palestras sobre a filosofia da empresa; • manteve reuniões diárias onde todas as pessoas de todos os setores da empresa discutiam 44 problemas e ações; • no início de cada turno, por 30 minutos, discutiam-se os resultados do dia anterior comparando-os com os padrões japoneses. Ao final de seis anos a filial havia se tornado mais competitiva, na Inglaterra e na Europa, do que a matriz japonesa. Pontos Para Refletir: Como está o senso de autodisciplina na sua organização? Considere, entre outros, os seguintes itens. • Cumprimento dos padrões técnicos, éticos e morais. • Relações humanas em geral. • Entusiasmo dos empregados com o trabalho. • Interesse pelo melhoramento continua. • Percepção que o empregado tem da empresa. TEMPESTADE DE IDÉIAS (BRAINSTORMING) 45 Trata-se de uma ferramenta bastante simples, e um exercício agradável. Pode ser usada em todas as reuniões. Estimula um máximo de idéias em um curto espaço de tempo. A partir da análise das idéias geradas, é que se chegará a uma decisão bem fundamentada. As suas características são melhor apreciadas durante a sua utilização, que são: • A participação de todos. • O entusiasmo e a igualdade entre os participantes. • O comprometimento dos presentes com os resultados. • O exercício do raciocínio na pesquisa de todos os aspectos do assunto abordado. Material necessário para a realização: • Folhas de papel, lápis para anotação. • Um quadro negro. Seqüência São os seguintes os passos para a Tempestade de Idéias: • Apresentação do problema o O coordenador deve apresentar o problema, de forma breve, porém com a maior riqueza de detalhes possível, de maneira a formar uma imagem que seja bem compreendida pelos participantes. O objetivo é deixar os participantes bem cientes sobre o que vão opinar. • Definição do Problema o O coordenador deve expressar o problema na forma de uma pergunta, que deverá ser iniciada por: o que?, como? ou porque?, dependendo do problema escolhido e destaca-lo no quadro negro. • Tempo de Silêncio o Deve ser concedido um tempo para que os participantes pensem no assunto. • Apresentação / anotação de idéias. o O coordenador convida o grupo a apresentar idéias. Pode-se adotar duas maneiras para este procedimento: ▪ O participante anotar as idéias em um papel. ▪ Os participantes verbalizarem suas idéias assim que forem surgindo, e o coordenador as vai anotando no quaro. • Análise. o O grupo analisa as idéias: ▪ Eliminando as que tenham um mesmo sentido. ▪ Agrupando aquelas que se completam. Regras para a Tempestade de Idéias. • Não criticar as idéias. A participação de todos é necessária, e a crítica poderá inibir os participantes. • Não interpretar idéias do participante. Elas devem ir para o quadro negro com as mesmas palavras com que foram expressas. 46 • Não deve haver discussões. Debates paralelos não contribuem para a geração de idéias. • Incentivar a liberdade. As pessoas devem sentir-se livres para gerarem o máximo de idéias. Quanto mais melhor. A capacidade de geração de idéias deve estar acima, inclusive, das diferenças hierárquicas. Nesse instante todos são considerados como iguais. • Vale carona na idéia de um colega. Se o sentido for de acrescentar alguma coisa, pode-se aproveitar uma idéia anterior. • Tempo de duração. O tempo de duração de uma sessão está vinculado à capacidade de geração de idéias. Em geral são suficientes 15 minutos. Uma forma interessante de se desenvolver o trabalho de geração de idéias, é o de entregar uma folha de papel para cada participante. Cada um deles anotará um número limitado de idéias (normalmente duas). Feito isso, todos passarão o papel para o participante ao lado e todos acrescentarão mais duas idéias
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