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3 DIREITO PROCESSUAL PENAL

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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
NOÇÕES DE DIREITO
PROCESSUAL PENAL
INQUÉRITO POLICIAL
Notitia criminis
O Inquérito Policial comporta dois ângulos de in-
terpretação, duas modalidades conceituais: uma de 
caráter formal e outra de caráter material.
Assim também pensa Câmara Leal, quando diz: 
"Em sentido material, inquérito policial é o conjunto 
de atos, ordenados e disciplinados por lei, que cons-
tituem, em cada caso criminal, a seqüência de ativi-
dade policial nas diligências que lhe competem. Em 
sentido formal, o inquérito policial é a peça proces-
sual que contém e autentica, em forma legal, os 
atos e diligências policiais, relativos a determinado 
caso criminal".
É o Inquérito policial, uma peça preliminar ou 
preparatória da ação penal, na medida em que colhe 
elementos informativos necessários para a instrução 
criminal judiciária.
É uma escrita, porque todos seus termos e atos 
são datilografados.
É também, uma peça investigatória, porque se 
destina a fazer investigações sobre o fato criminoso 
e sua autoria. O inquérito policial deve obedecer cer-
ta ordem, mas não tem rito predeterminado. É inqui-
sitivo, havendo certa discricionariedade da autorida-
de policial não obedece ao princípio do contraditório, 
e não havendo acusação formal, não há prejuízo 
para a defesa.
Nada mais é, então, o inquérito policial, do que à 
formalização da atividade da polícia judiciária, quan-
do investiga o fato delituoso e a sua autoria, de-
monstrando os passos dados na busca da completa 
clareza do ocorrido.
Não se sujeita ao princípio da publicidade, ao 
contrário, segundo o art. 20 da CPP "a autoridade 
assegurará no Inquérito Policial o sigilo necessário à 
elucidação do fato ou exigido pela sociedade". Po-
rém, esse sigilo é relativo, não atingindo a pessoa 
do advogado do indiciado, tendo em vista o disposto 
no art. 89, VI, b, e XV, da Lei 4.215 de 27 de abril de 
1963 (Estatuto da OAB).
É posição firmada na jurisprudência o fato de ser 
o Inquérito Policial mera peça informativa e, por 
isso, discute-se seu valor probatório. Não se pode 
negar; no entanto, o valor de peças como o Auto de 
Prisão em Flagrante, os exames de locais, as períci-
as, etc., pois, pelo princípio da imediatidade e opor-
tunidade, exigem urgência, sob pena de desapare-
cerem os vestígios e não poderem ser realizados na 
fase judicial.
Não se pode falar em "nulidade", mas em "irregu-
laridades", quando de falhas que possam ocorrer, 
ensejando, apenas, o relaxamento da prisão, não 
prejudicando a propositura da ação penal.
A autoridade policial, tomando conhecimento da 
notitia criminis, deverá dar inicio às investigações. 
Essa notícia pode chegar de várias maneiras atra-
vés da atividade rotineira; notícia veiculada pela im-
prensa, delação, etc. (notícia de cognição imediata); 
pelo conhecimento através de requerimento da víti-
ma (cognição mediata); ou, no caso de prisão em 
flagrante (cognição coercitiva), pois, neste caso, jun-
tamente com a notitio criminis é apresentado, à au-
toridade, o autor do fato.
Tomando conhecimento a autoridade, portanto, 
de que um delito foi praticado, iniciará as diligências. 
E o fará através da instauração do Inquérito Policial.
O Inquérito Policial também é chamado de proce-
dimento apuratório; procedimento investigatório; in-
vestigação policial; procedimento inquisitorial, entre 
outros.
AÇÃO PENAL - Espécies
O estado é detentor do jus puniendi, (direito de 
punir) sempre que alguém lesa um direito individual 
de outro ou da sociedade. O poder dever do Estado 
de punir aqueles que se desviam da conduta nor-
mal, infringindo as leis, não é ilimitado, pois limita-se 
ao direito objetivo, a lei. Além do mais, para exerci-
tar esse direito-dever limitado, o Estado tem que 
submeter-se ao devido processo legal.
A ação penal e resultado das garantias individu-
ais, em razão de que ninguém pode ser condenado 
a uma sanção penal a não ser por uma sentença ju-
diciária.
O pressuposto da ação penal sempre será a 
existência de um litígio, ou a pretensão não satisfei-
ta resultante da prática de um delito. A natureza, ju-
rídica da ação penal em nada. difere da ação civil, 
apenas muda o seu conteúdo.
O direito de ação está disciplinado no Código Pe-
nal , nos arts. 100 a 106 (da ação penal), e o exercí-
cio desse direito está regulado no Código de Pro-
cesso Penal, nos arts. 24 a 62 (da ação penal).
O fundamento constitucional do direito de ação 
se acha no art. 5º, LIV, onde regra que a lei não po-
derá excluir da apreciação do Poder Judiciário qual-
quer lesão de direito.
A ação penal é o direito de se pleitear a tutela ju-
risdicional, ou o "direito de se pedir ao - Estado-juiz 
a aplicação do direito penal objetivo" (Noronha, E. 
Magalhães, Curso de Processo Penal, São Paulo, 
Saraiva, 1979, v. 1, p. 299).
A ação penal é o exercício do direito de jurisdi-
ção, que se consubstancia junto aos órgãos de Jus-
tiça Criminal, ou, ainda, "o direito de invocar-se o po-
der judiciário para aplicar o direito penal objetivo" 
(Marques, José Frederico. Elementos de direito pro-
cessual penal, Rio de Janeiro, Forense, v. 1, P. 
307).
ESPÉCIES DE AÇÃO
Várias são as classificações da ação penal:
I - Quanto ao conteúdo dividem-se em: ações de 
conhecimento (declaratória, constitutiva e condena-
tória); as ações cautelares; e ações executivas.
1 - Ação penal de conhecimento é aquela que 
instaura um processo de conhecimento do mérito, 
concluído numa decisão sobre a situação jurídica 
definida no direito penal.
As ações de conhecimento podem ser:
3
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
a) Declaratórias, quando visam a declaração da 
existência ou não de um direito violado. Ex.: habeas 
corpus, extinção da punibilidade.
b) Constitutivas, quando destinadas a criar, extin-
guir ou - modificar um direito, uma situação jurídica. 
Ex.: Reabilitação, extradição, pedido de homologa-
ção de sentença estrangeira.
c) Condenatórias, tem por objetivo uma sentença 
de condenação, o reconhecimento de uma preten-
são punitiva. Ex.: Ação por prática de crime.
2 - Ações cautelares, são aquelas que visam as-
segurar ou resguardar, através de medidas urgen-
tes, os objetivos da ação penal.
Podem ser:
a) Pessoais, quando versarem sobre um direito 
pessoal. Ex.: Prisão preventiva, interdição de direi-
tos, fiança;
b) Reais, que derivam de direitos reais sobre coi-
sas. EX.: arresto, seqüestro.
3 - Ações de execução, são destinadas a dar 
cumprimento ao que foi solucionado no Processo. 
Ex.: execução da pena de multa.
II - Segundo o titular do direito de agir, as ações 
condenatórias são divididas em ação penal pública e 
ação penal privada (art. 100 do CPP).
A primeira divide-se em penal pública incondicio-
nada e ação penal pública condicionada (art. 100, § 
1º). Já a ação penal privada subdivide-se em princi-
pal (art. 100, § 2º) e subsidiaria (art. 100, § 3º).
I - Ação penal pública
Na ação penal pública, condicionada ou incondi-
cionada, o detentor do jus occusotionis (direito de 
acusar) é o órgão do Ministério Público, isto é, so-
mente o Promotor de Justiça pode pedir a providen-
cia jurisdicional de aplicação da lei penal, exercendo 
a denominada pretensão (art. 100, § 1º do CP).
A ação penal em regra, será pública, salvo se a 
lei expressamente declarar em contrario (art. 100, 
caput, do CP) e será iniciada por meio de denúncia 
(art. 24 do CPP), que deverá contar a exposição do 
fato criminoso, suas circunstâncias, a qualificação 
do acusado ou esclarecimentos suficientes para sua 
identificação; a cominação legal e o rol de testemu-
nhas, quando necessárias (art. 41 do CPP). A de-
núncia deve ser oferecida em cinco dias, estando o 
indiciado preso,contados da data que o órgão do 
Ministério Público recebe os autos do inquérito poli-
cial, e, em, quinze dias, estando solto ou afiançado 
o indiciado (art. 46, caput, do CPP).
A ação penal pública pode ser incondicionada, 
quando basta a ocorrência do ilícito penal para que 
a autoridade policial instaure o competente inquérito 
policial que servirá de base para a proposição da 
ação penal pelo Ministério Público, ou condicionada, 
quando depende de representação do ofendido ou 
seu representante legal, ou da requisição do Minis-
tro da Justiça (art. 100, § 1º do CP).
Representação do ofendido
A ação penal pública pode estar condicionada à 
representação do ofendido ou seu representante le-
gal, que se constitui, segundo a doutrina, num pedi-
do-autorização onde está expresso o desejo de que 
a ação seja instaurada. A representação e, pois, "a 
manifestação de vontade do ofendido ou do sou re-
presentante legal no sentido de autorizar o Ministério 
Público a desencadear a persecução penal" -(Fran-
co, Alberto Silva; Beanho, Luiz Carlos; Feltrin, Se-
bastião Oscar. Código Penal e sua interpretação ju-
risprudencial, São Paulo, Revista dos Tribunais, 
1979, v. 1, Tomo 2, p. 48).
Quanto à natureza jurídica a representação e tida 
como condição de procedibilidade da ação penal pú-
blica, pois sem ela o Ministério Público não pode 
oferecer denúncia.
Justifica-se essa condição pelo fato de que, em 
certas ocasiões, o interesse do ofendido sobrepõe-
4
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
se ao interesse do Estado na repressão do fato cri-
minoso, quando a seu juízo, a reparação do crime 
causar-lhe males maiores do que os derivados do 
próprio crime.
É permitida a representação pela vítima e por 
seu representante legal, no prazo de seis meses, 
contados do dia que a vítima tomou conhecimento 
de quem era o autor do ato criminoso. Esse prazo é 
decadencial.
A jurisprudência entende que, sendo a vítima 
menor de 18 anos, o direito de representação pode 
ser exercido pelo pai, mãe, tios, irmãos, tutor, cura-
dor - etc. Não tendo o ofendido representante legal, 
a representação poderá ser feita por curador especi-
al, nomeado pelo juiz, conforme dispõe o art. 33 do 
CPP.
Com a morte do ofendido, o direito à representa-
ção passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou 
irmão (art. 24 do CPP).
A representação não exige forma especial, basta 
o desejo do interessado em instaurar o procedimen-
to criminal.
O Ministério Público, pelo princípio da indivisibili-
dade, pode incluir na denúncia os co-autores e partí-
cipes não arrolados pela vítima, visto que pelo fato 
de ser ação condicionada à representação, não per-
de a condição de dominus litis (detentor da ação).
Uma vez oferecida a denúncia, a representação 
é irretratável, segundo dispõe o art. 102 do CP, 
pode, porém pode retratar-se da representação feita 
se o Ministério Público ainda não ofereceu a denún-
cia. Mesmo depois de retratar-se, pode o ofendido 
ou seu representante legal renovar a representação. 
É possível, pois, a retratação da retratação.
Como dominos litis, ou seja, como detentor da 
ação penal, o Ministério Público pode não oferecer a 
denúncia nos casos de representação, quando não 
há indícios de quem seja o autor do fato criminoso, 
casos em que pronunciar-se-á pelo arquivamento do 
inquérito policial ou das peças de informação.
Na lei objetiva vai dizer "proceder-se mediante 
representação", quando for o caso de ação penal 
pública condicionada.
Requisição do Ministro da Justiça.
Na lei objetiva vai dizer "proceder-se mediante 
representação quando for requisição do Ministro da 
Justiça.
A requisição do Ministro da Justiça e um, ato ad-
ministrativo, discricionário e irrevogável, devendo 
conter elementos que possibilitem as circunstâncias, 
nome e qualidade da vítima, nome e qualificação do 
autor etc.; não e exigida, Porém, forma especial.
A exigência de requisição em certos delitos, obe-
dece a razões de ordem política. (Art. 145, parágrafo 
único, e art. 7º, § 3º, ambos do CP). A requisição 
não obedece a prazo decadencial, regulando-se so-
mente pelas demais causas de extinção de punibili-
dade.
A requisição, tal qual a representação, e condi-
ção de procedibilidade, não obriga o órgão do Minis-
tério Público a propositura da ação, desde que devi-
damente fundamentada.
A requisição, segundo posição dominante na 
doutrina, e irretratável.
2 - Ação penal privada
A ação penal privada e promovida mediante quei-
xa do ofendido ou de seu representante legal (art. 
30 do CPP). Nela, o ofendido ou seu representante 
legal denomina-se querelante e o réu querelado. 
Aqui o jus accusationis (direito de acusar) é transfe-
rido do Estado para o particular cabendo a este o di-
reito de agir, enquanto que o jus puniendi (direito de 
punir) permanece sendo exclusivamente do Estado. 
A iniciativa da ação penal privada, pela vítima, justifi-
ca-se pelo fato de que a repressão interessa muito 
mais ao ofendido do que ao Estado, neste caso.
A queixa e a peça equivalente a denúncia, pela 
qual se instaura a ação penal, devendo conter na 
sua formal os mesmos requisitos desta, (art. 41 do 
CPP) sob pena de rejeição (art. 43 do CPP). So-
mente se diferenciam pela pessoa que oferece, pois 
a denúncia e oferecida, exclusivamente, pelo mem-
bro do Ministério Público, enquanto que a queixa é 
oferecida pelo procurador do ofendido, com poderes 
especiais para representa-lo.
Neste tipo de ação vige o princípio da oportunida-
de, que possibilita o exercício facultativo da ação pe-
nal pelo seu titular. Ademais, obedece ao princípio 
da disponibilidade, visto que há a faculdade de re-
nuncia pelo ofendido e o perdão, que são causas 
extintivas da punibilidade do réu (art. 107. V, do CP).
Há duas espécies de ação privada: a exclusiva 
ou principal e a subsidiária da ação pública.
a) A ação de iniciativa privada exclusiva somente 
poderá ser proposta pelo ofendido ou por seu repre-
sentante legal. Arrola-se na parte especial do Códi-
go Penal quais os delitos que a admitem, geralmen-
te com a expressão só se procede mediante 
queixa".
b) A ação penal privada subsidiária da pública 
esta prevista no art. 2º do CPF e só terá lugar no 
caso de inércia do órgão do Ministério Público, ou 
seja, quando ele, no prazo que lhe é concedido para 
oferecer denúncia, não a apresenta, não requer dili-
gências, nem pede arquivamento, facultando a víti-
ma o oferecimento da peça acusatória. Este tipo de 
ação esta previsto na Carta Magna, em seu art. 5º, 
LIX, como garantia individual.
Admitida a ação privada subsidiária, cabe ao Mi-
nistério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer 
denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do 
processo e no caso de negligência do querelante, 
poderá retomar a ação como parte principal. (art. 2º, 
do CPP)
JURISDIÇÃO E
COMPETÊNCIA
Jurisdição
Em sentido amplo, jurisdição é o poder do conhe-
cer e decidir com autoridade dos negócios e conten-
das, que surge dos diversos círculos de relações da 
vida social, falando-se, assim, em jurisdição policial, 
jurisdição administrativa, jurisdição militar, jurisdição 
eclesiástica, etc,.. (Azevedo, Vicente de, Processo 
Penal; ação e jurisdição, Revistas dos Tribunais, 
1975, p. 18).
5
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Em sentido estrito, jurisdição é o poder das auto-
ridades judiciárias, regularmente investidas no car-
go, de dizer o direito em concreto. (Nogueira, Paulo 
Lúcio, Curso completo de processo penal, 3º ed., 
São Paulo, Saraiva, 1987, p. 53).
Jurisdição é a propriedade que tem o Poder Judi-
ciário de prolatar concretamente a aplicação do di-
reito objetivo, ou, "a função estatal de aplicar as nor-
mas da ordem jurídica em relaçãoa uma pretensão" 
(Marques, José Frederico Elementos de Direito Pro-
cessual Penal, Rio-São Paulo, Forense, 1961, V. 1, 
p. 180).
Os juízes, por serem juízes, tem jurisdição, a fa-
culdade de julgar, o poder de dizer o direito. Etimolo-
gicamente, a palavra jurisdição vem de jurisdiction 
formada de jus, juris (direito) e de dictio, dictionis 
(ação de dizer, pronúncia), assim, a idéia de ação 
de dizer o direito.
O mestre Hélio Tornaghi ressalta que "o conceito 
de jurisdição é ontológico, diz respeito ao poder em 
si, ao poder de julgar. O conceito de competência é 
metodológico. Jurisdição é força, e virtude, e princí-
pio criador, algo positivo. Competência e simples 
possibilidade, qualidade daquilo que não contradiz, 
não ultrapassa os limites impostos por lei".
Doutrinariamente costuma-se apresentar divi-
sões e formas da jurisdição, de acordo com o as-
pecto que esta é examinada.
1) Quanto à categoria, a jurisdição pode ser infe-
rior, que corresponde a 1ª instância, formada por co-
marcas, respeitando a organização judiciária de 
cada Estado; e superior, integrada pelos tribunais. 
Surge dai a distinção de instância e entrância, sendo 
esta a categoria da comarca, e aquela o grau de ju-
risdição.
2) Quanto matéria a ser, tratada, pode ser penal, 
civil, eleitoral, militar ou trabalhista, de acordo com a 
natureza da causa.
3) Quanto ao organismo, pode ser estadual, se 
exercida por juízes estaduais, destinada a julgar a 
maioria das ações; e federal, quando julga as cau-
sas de interesse da União. "Serão processadas e 
julgadas na justiça estadual, no foro do domicilio dos 
segurados ou beneficiários, as causas em que fo-
rem parte instituição de previdência social e segura-
do, sempre que a comarca não seja sede de vara do 
juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei 
poderá permitir que outras causas sejam também 
processadas e julgadas pela Justiça estadual" (CF, 
art. 109, § 3º).
Nos territórios federais, a jurisdição e as atribui-
ções cometidas aos juízes federais caberão aos juí-
zes da justiça local, na forma da lei (CF, art. 110, pa-
rágrafo único).
Também as contravenções estão excluídas da 
competência da Justiça Federal de 1ª instância (CF, 
art. 108, IV). Isto se justifica porque muitas delas 
coincidem com o próprio - interesse do município, 
Como as contravenções contra a fauna e flora. Não 
faz sentido transferir o processo julgamento para a 
Capital ou comarca distante, quando podem ser jul-
gadas, com mais propriedade e rapidez, pela Justiça 
local.
4) Quanto ao objeto, a jurisdição pode ser con-
tenciosa, em que há litígio, constituindo a maioria 
das causas; e graciosa ou voluntária, quando há 
consenso das partes, chegando alguns doutrinado-
res a dizer que neste caso não há propriamente ju-
risdição, Já que não existe julgamento.
5) Quanto à função, pode ser ordinária ou co-
mum, concernente aos órgãos da Justiça comum; 
especial ou extraordinária, quando por exceção, ou-
tro órgão esta investido no poder de julgar, como o 
Senado nos crimes de responsabilidade dos presi-
dentes e dos ministros (Lei nº 1.079, de 
10.04.1950).
6) quanto a competência, a jurisdição é determi-
nada pelas leis de organização judiciária estadual, 
que dispõem sobre os órgãos julgadores, podendo 
ser plena, quando juiz tem competência para julgar 
todos os casos, ou ações, ou limitada, quando sua 
competência é restrita a certos casos, como ocorre 
nas cidades onde há diversas varas.
Elementos da jurisdição
A jurisdição compõe-se de certos elementos, ou 
seja, atos processuais que devem ser praticados 
para que se chegue à decisão ou sentença. Estes 
elementos são em número de cinco:
1º) notio (conhecimento) - é o poder de conhecer 
uma causa e decidi-la
2º) vocatio (chamamento) - é o poder de convo-
car a comparecer em juízo todo aquele cuja presen-
ça for necessária ao esclarecimento do caso sub ju-
dice, e de regular o andamento do processo;
3º) coertio (coerção) - trata-se da possibilidade 
de aplicação de medidas da coação processual para 
que haja respeito e garantia da função jurisdicional;
4º) judicio (julgamento) - consiste no poder de jul-
gar e pronunciar o direito no caso concreto;
5º) executio (execução) funda-se no cumprimen-
to da sentença que no direito penal, é automática.
6
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Princípios da jurisdição
Corolário das garantias para a aplicação da lei, 
surgem certos princípios fundamentais à atividade 
jurisdicional.
1) Princípio do juiz natural (constitucional) - Em 
razão de postulados constitucionais vigentes, que 
fundamentam e garantem os direitos individuais. 
Ninguém pode ser julgado a não ser por juiz ou tri-
bunal competente. Todos são iguais perante a 
Constituição, a lei e o Estado, sem distinção de 
qualquer natureza (art. 5º e incisos, CF). "Ninguém 
será considerado culpado até o transito em julgado 
de sentença penal condenatória" (art. 5º, LVII). Não 
haverá juízo ou tribunal de exceção. "Ninguém será 
processado nem sentenciado senão pela autoridade 
competente", assegurada a ampla defesa (art. 5º 
LIII, CF. Ex.: o juiz natural para os crimes praticados 
por juízes e promotores e o tribunal de Justiça; o juiz 
natural dos crimes dolosos contra a vida e o Júri Po-
pular.
2) Princípio da investidura determina que a juris-
dição só pode ser exercida por quem tenha sido re-
gularmente investido no cargo e esteja em exercício. 
Ex.: juiz aposentado perde a jurisdição; a usurpação 
de função constitui crime (CP. art. 328).
3) Princípio da imparcialidade do juiz, é de suma 
importância, visto que o juiz deve colocar-se acima 
das demais partes. Impossível haver relação pro-
cessual valida se não houver juiz imparcial.
4) Princípio da iniciativa das partes ("ne precedat 
judex ex officio"). Trata da impossibilidade do juiz 
agir sem a provocação das partes, mesmo na esfera 
penal, onde há interesse Público.
5) Princípio da indeclinabilidade. Impede o juiz de 
subtrair-se ao exercício de sua função jurisdicional. 
Não pode excusar-se de proferir decisão. "A lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça de direito" (CF, art. 5º XXXV). Em razão 
disso e vedada a delegação.
6) Princípio da improrrogabilidade. Não permite 
que o crime da competência de um juiz seja julgado 
por outro, mesmo havendo concordância das partes. 
O juiz só é competente dentro de seu território, o 
que é uma decorrência da indeclinabilidade; mesmo 
o juiz federal só tem competência dentro do seu ter-
ritório.
7) Princípio da inevitabilidade (ou da irrecusabili-
dade). As partes estão sujeitas ao juiz que o Estado 
lhes deu e que não pode ser recusado, a não ser em 
casos de suspensão, impedimento, incompetência, 
ou outras exceções legais (art. 95 e 252 e 254 do 
CPP.)
8) Princípio da relatividade. Deve ser mantida a 
correspondência entre a sentença e o pedido, como 
garantia da ampla defesa, visto que não pode haver 
julgamento extra ou ultra petita, isto é, fora ou além 
do pedido.
8) Princípio da processualidade ("nulla poena 
sine iudicio"). Nenhuma pena pode ser imposta se-
não por meio de processo regular, garantida a mais 
ampla defesa, de acordo com as determinações le-
gais.
Verifica-se, assim, que tais princípios são im-
prescindíveis à regularidade processual, sob pena 
de nulidade.
Competência
Estando, o Poder Judiciário, a exercer seu poder 
jurisdicional, ou seja, aplicando a norma adequada a 
cada caso, é necessário que haja uma limitação 
desse poder, pois a jurisdição não pode ser exercida 
ilimitadamente por qualquer juiz, em vista da quanti-
dade populacional, extensão territorial e número de 
litígios. Esta limitação do poder jurisdicionalé cha-
mada de competência, que é fixada pela Constitui-
ção Federal e as leis, inclusive de organização judi-
ciária.
O Código de Processo Penal, em seu art. 6º, fi-
xou vários critérios para fixação da competência.
1) Lugar da infração - "Ratione loci".
Em regra, o lugar da infração deve ser entendido 
o local onde o agente - consumou a infração, isto é, 
onde esgotou sua atividade criminosa, suas ações 
para conseguir o objetivo desejado, conforme dis-
põe o art. 70, do CPP.
 No caso de tentativa, a competência é determi-
nada "pelo lugar em que foi praticado o último ato de 
execução" (2º parte do art. 70, caput, do CPP).
O poder de conhecer a questão caberá unica-
mente a determinado ou determinados juízes, den-
tre muitos com iguais atribuições ou da mesma ca-
tegoria, em razão da sua jurisdição em circunscrição 
territorial onde ele exerce as suas funções, ou seja, 
comarca ou distrito.
Esta regra sofre exceções, entre outras, como no 
caso dos crimes de competência da Justiça Federal 
- centralizada nas capitais e determinadas cidades 
do interior os delitos de sua competência, podem 
ocorrer em outras cidades, mas serão julgados e 
processados no foro competente da Justiça Federal, 
ditado pelas leis de organização judiciária. Por ex-
emplo: delito, de competência da Justiça Federal, 
consumado em Novo Hamburgo. O foro competente 
para julgar será a Justiça Federal, de Porto Alegre.
2) Domicilio ou residência do réu.
Trata-se de hipótese prevista no art. 72, do CPP. 
Somente será incidente quando não conhecido o lu-
gar da infração, constituindo-se em foro subsidiário.
3) Natureza da infração - ."Ratione materiae".
Previsto no Art. 74, do CPP. Com este critério 
não se busca o foro competente mas, simplesmen-
te, o juízo (o órgão) competente.
Determinada a competência pelo lugar da infra-
ção ou, eventualmente, pelo domicílio ou residência 
do réu ("rations loci"), é preciso fixá-la em razão da 
natureza da infração ("rations matériae") se é da 
Justiça Especial (Militar, Eleitoral, etc.) ou da Justiça 
Comum (federal ou Estadual). Solucionada esta 
7
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
questão referente à competência do juízo, deve se 
buscar, na hipótese de haver vários juízes, aquele 
competente em razão da natureza da infração, caso 
não tenham todos a competência plena (para todas 
as infrações), hipótese em que ela é determinada 
pela distribuição. Por exemplo: ocorrido delito de 
trânsito, com lesões corporais, consumado em Porto 
Alegre, o foro competente será a comarca de Porto 
Alegre (local da infração). Sendo delito de trânsito 
considerado matéria especial, a ação será proces-
sada e julgada em uma das varas de acidente de 
trânsito (natureza da infração), da Justiça Comum 
Estadual, por distribuição.
A competência pela natureza da infração será re-
gulada pelas leis de organização judiciária, salvo a 
competência privativa do Tribunal do Júri para cri-
mes dolosos contra a vida, como homicídio, infanti-
cídio, aborto e instigação ao suicídio, que tem com-
petência ditada pela norma constitucional, no - art. 
5º, XXXVIII, da CF. Exemplificando: ocorrido um ho-
micídio doloso só o Tribunal do Júri, do local onde 
se consumou no fato, é competente para processar 
e julgar o feito.
4) Distribuição
Tal matéria esta contida no art. 75, do CPP. Ha-
verá a fixação de competência por distribuição na hi-
pótese de no lugar onde o processo deva ser instau-
rado, existir em dois ou mais juízes competentes 
para o julgamento do caso. A competência por distri-
buição, é uma repartição, uma divisão de processos 
entre juízes igualmente competentes.
Verifica-se que o critério de distribuição está inti-
mamente ligado ao da prevenção - dá-se quando 
existirem dois ou mais juízes competentes e, um de-
les venha antecipando-se aos outros, praticar algum 
ato que o torne competente para o processar ex-
cluindo os demais, pois, em regra, com a distribui-
ção o juízo fica prevento.
5) Conexão e Continência
Nos artigos 76 a 82, o Código de Processo penal, 
prevê normas sobre a competência por conexão e 
continência. Estas, porém, não são causas determi-
nantes da fixação da competência, como o são o lu-
gar do crime, o domicilio do réu, etc., mas motivos 
que determinam a sua alteração, atraindo para atri-
buição de um juiz ou juízo o crime que seria da atri-
buição de outro. Embora, em princípio, a cada crime 
deva corresponder um processar é aconselhável 
que, por economia e maior segurança e coerência, 
haja um só processo nos casos de conexão e conti-
nência. Motivando a reunião em um processo e, 
consequentemente, a unidade de julgamento, a co-
nexão e a continência tem por finalidade a recons-
trução unitária das provas a fim de que haja, através 
de único quadro de provas mais amplo e completo, 
melhor conhecimento dos fatos e maior firmeza e 
Justiça nas decisões, evitando-se discrepância e 
contradições entre os julgados.
Ocorre a conexão: (art. 76, do CPP)
a) quando duas ou mais infrações houverem sido 
praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas 
reunidas, por exemplo, diversos assistentes de um 
jogo de futebol, ocasionalmente reunidos, praticam 
depredações no estádio; ou por várias pessoas em 
concurso, embora diverso o tempo e o lugar. Exem-
plo: quando o crime é consumado em quadrilha ou 
bando.
b) ou, ainda, por varias pessoas, umas contra as 
outras; Exemplo: agressões entre componentes de 
duas torcidas em um estádio de futebol;
c) quando duas ou mais infrações, tiverem sido 
praticadas para facilitar ou ocultar as outras ou para 
conseguir impunidade ou vantagem em relação a 
qualquer delas. Exemplo: prática de incêndio para 
ocultar a prática de um furto; destruição do cadáver 
para ocultar o homicídio, etc.
d) quando a prova de uma infração ou de qual-
quer de suas circunstancias elementares influir na 
prova de outra infração. Exemplo: a prova do furto 
influi na prova da receptação (art. 180, CP);
Ocorre a continência nos casos previstos nos in-
cisos do art. 77, do CPP.
a) quando há concurso formal ou ideal de crimes 
(art. 70, do CPP).
Por exemplo, quando uma pessoa constrange 
outra à escrever uma denunciação caluniosa (art. 
146 e art. 339, do CP); Numa só ação, há dois resul-
tados.
b) quando se tratar de co-autoria: vários agentes 
e o mesmo delito;
Exemplo: três agentes em conluio praticam um 
crime.
c) quando por "aberratio ictus" - erro de execu-
ção - o sujeito ativo, além de atingir a pessoa que vi-
sou, fere um terceiro (art. 73, do CP).
d) quando por "aberratio delicti - desvio do crime 
- o sujeito quer atingir um bem jurídico e ofende ou-
tro da espécie diversa, ou seja, pessoa lança uma 
pedra-contra uma vitrina e vai alcançar também um 
transeunte, praticando com ação única, lesões a ob-
jetividades jurídicas diversas. Há dois crimes: um de 
dano e outro de lesão corporal (art. 74 CP).
O artigo 78, do CPP, prevê as regras a serem 
observadas na determinação da conexão e conti-
nência:
a) no concurso entre a competência do Tribunal 
do Júri e a de outro órgão da jurisdição singular pre-
valecerá a competência do Júri, com base no art. 
78, 1, do CPP. Como exemplo citamos: agente co-
mete um homicídio e um estupro contra a mesma 
vítima, ambos os crimes serão julgados pelo Tribu-
nal do Júri, etc ...
b) no concurso entre jurisdição da mesma cate-
goria, prevalecerá:
1) a do lugar da infração a qual for cominada 
pena mais grave (art. 78, II, a, do CPP). Exemplo: 
furto e receptação em lugares diferentes, será com-
petente o lugar onde se praticou o furto, visto que 
este tem a pena mais grave.
2) quando ocorrem várias infrações prevalece a 
competência do lugar onde tiver ocorrido maior nú-
mero, seas penas forem iguais (art. 78, II b, do 
CPP,). Observe-se o exemplo dado: um sujeito prá-
tica três furtos em uma cidade e vende os objetos 
materiais a receptador doloso de outra. O juízo de 
direito da 1ª Comarca será competente para o julga-
mento de todos os crimes (o furto simples tem a 
mesma pena da receptação dolosa).
3) nos outros casos, fora dos princípios anterio-
res, deverá ser a a regra da prevenção, contida no 
art. 83, do CPP, - ou seja, concorrendo dois ou mais 
juízes igualmente competentes ou jurisdição cumu-
lativo, será competente o que tiver antecedido aos 
outros na prática de algum ato do processo ou de 
medida a este relativa, ainda que anterior ao ofereci-
mento da denúncia ou da queixa.
c) no concurso de jurisdições de diversas catego-
rias, predominará a de maior graduação. Exemplo: 
se um deputado estadual praticar um crime em con-
8
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
curso com um particular, ambos seção julgados pelo 
Tribunal de Justiça do Estado.
d) no concurso entre a jurisdição comum e a es-
pecial, prevalecerá esta. Por exemplo, se houver co-
nexão de um crime comum com um eleitoral, será a 
Justiça Eleitoral competente para os dois.
A conexão e a continência importarão unidade de 
processo e julgamento, salvo nos casos de:
a) concurso entre a jurisdição comum e militar. 
Por exemplo, ocorrendo dois crimes em, conexão, 
um militar e outro comum, haverá separação dos 
processos;
b) concurso entre a jurisdição comum e a do juí-
zo de menores (hoje, Juizado da Criança e da Ado-
lescente), isto é, concurso de agentes no furto co-
metido por um maior e outro menor inimputável, ha-
verá cisão dos processos.
c) sobrevemiência de doença mental de um dos 
acusados, já que em relação a ele ficará suspenso 
até que se restabeleça o "status quo" (art. 152, do 
CPP);
d) no caso de co-réu foragido que não possa ser 
julgado a revelia, como nos casos de crime inafian-
çável, da competência do Júri. Por exemplo: A e B 
cometem em co-autoria um crime de homicídio. Por 
ocasião da intimação pessoal - dos réus, B se en-
contra foragido, não se realizando, portanto, sua inti-
mação. Assim, o julgamento de A não poderia ficar 
aguardando até a data da intimação de B. Logo, 
neste caso, haverá disjunção de julgamento. A será 
julgado por primeiro e, quando B for intimado pesso-
almente da sentença de pronúncia, o processo terá 
andamento quanto a ele.
e) outra exceção prevista é a do art. 461, do 
CPP, ou seja, quando não houver coincidência na 
recusa de jurados pelos defensores. Exemplo: ha-
vendo dois ou mais réus, com defensores diversos, 
e havendo acordo entre estes, as recusas dos jura-
dos ficarão a cargo de um só defensor. Não haven-
do acordo, cada defensor recusará os jurados que 
quiser, mas, se as recusas não coincidirem - o advo-
gado de A aceita o jurado Y, que e recusado pelo 
advogado de B - dar-se-á a separação dos julga-
mentos, prosseguindo-se somente no do réu que 
houver aceito o jurado.
Na hipóteses anteriores, a cisão do processo e 
obrigatória. Por outro lado, ocorrendo à hipótese do 
art. 80, do CPP, a separação será facultativa. Diz o 
art. 80 do CPP: "Será facultativa a separação dos 
processos quando as infrações tiverem sido pratica-
das em circunstâncias de tempo ou de lugares dife-
rentes, ou, quando pelo excessivo número de acu-
sados e para não lhes prolongar a prisão provisória, 
ou por outro motivo relevante, o Juiz reputar conve-
niente a separação."
6) Prevenção
Ocorrerá competência por prevenção no caso do 
art. 83, do CPP, isto é, quando vários juízes são cu-
mulativamente competentes para conhecer e decidir 
a mesma causa, fica com a sua jurisdição preventa 
aquele que, em primeiro lugar, tomar conhecimento 
dela (prisão preventiva, concessão de fiança), ainda 
que anterior ao oferecimento da denúncia ou queixa.
7) Prerrogativa da função
A competência pela prerrogativa de função (art. 
84, CPP) é ditada pela função da pessoa, tendo em 
vista a dignidade do cargo que exerce.
As mais destacadas hipóteses de competência 
pela prerrogativa de função, a referentes ao Supre-
mo Tribunal Federal e ao Supremo Tribunal de Jus-
tiça, estão previstas na Constituição Federal.
O Supremo tribunal Federal tem competência, na 
área penal, para processar e julgar, originariamente, 
as pessoas que exercerem as funções arroladas no 
art. 102, I, b e c, da CF.
O Supremo Tribunal Federal tem competência, 
na área penal, para processar e julgar, originaria-
mente, as pessoas que exercerem as funções arro-
ladas no art. 102, I b e c, da CF. Por exemplo: O 
Presidente da República, o Vice-Presidente, b Pro-
curador-Geral da Republica, etc., nos crimes co-
muns.
Quanto ao Superior Tribunal de Justiça compete 
processar e julgar, originariamente as pessoas de-
tentoras das funções arroladas no art. 105, I, a, da 
CF.
Os dispositivos constitucionais sobre prerrogativa 
de função alteraram os arts. 86 e 87, do Código de 
Processo Penal, com relação a competência do Su-
premo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação 
(de Justiça e de Alçada), além de acrescentar hipó-
teses de competência da nova Corte, o Superior Tri-
bunal de Justiça.
Como já foi exposto, sempre que houver concur-
so de pessoas, a competência por prerrogativa de 
função abrange também as pessoas que não gozam 
de foro especial. Exemplo: A, com foro especial por 
prerrogativa de função, comete crime, em concurso 
com B, particular. O foro competente para julgar am-
bos será o especial.
Este tipo de competência exclui a regra do foro 
pelo lugar da infração. Logo, o Tribunal de Justiça 
competente é o do estado da respectiva autoridade, 
ainda que o crime tenha sido praticado em outro es-
tado. Exemplificando: prefeito municipal de Porto 
Alegre comete crime comum em São Paulo. O Tri-
bunal competente para julga-lo, será o Tribunal de 
Justiça do Rio Grande do Sul, mesmo que o local da 
consumação do crime tenha sido São Paulo.
9
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
PROVA - ESPÉCIES
Conceito e considerações
Provas são elementos produzidos pelas partes 
ou pelo próprio juiz, visando estabelecer, dentro do 
processo a existência de certos fatos.
A prova constitui em atividade probatória, isto é, 
do conjunto de atos praticados pelas partes, por ter-
ceiros (testemunhas, peritos, etc.) e até pelo juiz, 
para averiguar a verdade e formar a convicção deste 
último.
A finalidade da prova é formar a convicção do 
juiz sobre os elementos necessárias para sua deci-
são na causa, ou seja, tornar aquele fato conhecido 
do julgador, convencendo-o da sua existência ou 
inexistência.
A obrigatoriedade da prova, ou a regra do ônus 
probandi compete ao autor da tese levantada; a 
quem alega (art. 156, do CPP). Entretanto, não há 
para as partes, obrigação de provar, mesmo porque 
nenhuma sanção Ihes poderá ser imposta pelo seu 
não-cumprimento. Deverá tão somente, um risco ou 
prejuízo, isto é, as alegações das partes, quando 
não provadas, não poderão ser consideradas como 
base para a decisão.
A prova, em regra, deve ser produzida na instru-
ção processual, e ser contraditória, sendo produzida 
perante o juiz que dirige o processar que forma sua 
convicção pelo princípio do livre convencimento fun-
damentado, vigorante no nosso processo penal (art. 
157).
Muitos negam o valor do inquérito como fase in-
vestigatória, mas não se pode deixar de reconhecer 
que, como toda a prova no processo penal, ela tem 
valor relativo, levando-se em conta que contem ele-
mentos importantes que não podem ser repetidos 
em juízo, Como exames, perícias, etc.
Não há limitação dos meios de prova, no proces-
so penal, visto que impera a autonomia, havendo 
restrições apenas quando estiver em jogoo estado 
da pessoa, que tem força de prejudicial (arts. 155 e 
92).
Para a abertura do competente inquérito policial 
nos crimes de ação pública, basta a simples notícia; 
para o oferecimento da denúncia, indícios suficien-
tes da materialidade e autoria; para a condenação 
criminal, necessita-se de prova de certeza, pois, na 
duvida, deve haver absolvição, o que consagra o 
princípio do in dubio pro reo.
Classificação da prova
Segundo Malatesta, a prova se divide por três 
processos, ou seja, quanto ao objeto, quanto ao su-
jeito e quanto a forma:
Quanto ao objeto, pode ser: direta, se resultante 
da afirmação de ter visto; indireta, quando proveni-
ente de um raciocínio ou de ter ouvido.
Quanto ao sujeito, será: pessoal, se resultante de 
uma afirmação pessoal, por ciência própria ou por 
ouvir dizer real, quando proveniente de uma confir-
mação, como nas vistorias, na perícia, etc.
Quanto a forma, subdivide-se em: testemunhal, 
se produzida através da oitiva das vítimas, das tes-
temunhas ou por acareações; documental, se verifi-
cada por meio de documentos, que podem ser escri-
tos públicos ou particulares e, ainda, material, con-
siste-se de exames, vistorias, perícias, instrumentos 
do crime, etc.
No processo penal todas as provas tem valor re-
lativo, diferentemente do processo civil, que compor-
ta hierarquia de provas; deve o juiz criminal, portan-
to, examina-las em conjunto não isoladamente.
Provas em espécie
PERÍCIA (arts. 158 a 184, do CPP)
Segundo José Frederico Marques, "e a prova 
destinada a levar ao juiz elementos instrutórios so-
bre normas técnicas e sobre fatos que dependam de 
conhecimento especial".
No saber de Paulo Heber de Morais - e João Ba-
tista Lopez "o perito, auxiliar do juiz, supre-lhe as in-
suficiências e não se confunde coma testemunha, 
porque esta, alem de não ser pessoa especializada, 
deve limitar-se a depor sobre fatos pretéritos, en-
quanto o perito faz verificações sobre fatos presen-
tes".
10
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Em geral, é a autoridade policial quem determina 
a perícia na fase do inquérito policial (art. 69, VII) , 
visto que é indispensável o exame de corpo de deli-
to, direto ou indireto, sempre que a infração deixar 
vestígios, pois não pode ser suprido pela confissão 
do acusado.
O princípio da imediatidade, determina urgente 
feitura da perícia, sob pena de desaparecerem os 
vestígios e a apuração dos fatos resultar prejudica-
da.
O mestre Magalhães de Noronha nos informa 
que o exame de corpo de delito tem duas acepções: 
"numa é sinônimo de fato típico, isto é, fato que tem 
tipicidade, do que se submete ou adequa ao tipo, o 
qual nada mais e que a descrição, feita pela lei, da 
conduta correspondente a cada crime, traçando-lhe 
os elementos integrantes ... Noutro sentido, corpo 
de delito e "o conjunto dos elementos materiais e 
sensíveis do fato delituoso".
Lato sensu, o exame de corpo de delito e prova 
da existência do crime (fato típico); stricto sensu, e o 
conjunto de vestígios materiais deixados pelo crime.
- O exame de corpo de delito pode ser direto, 
quando depende de inspeção ocular sobre os ele-
mentos sensíveis, que permaneceram atestando a 
prática do crime. Ou indireto, quando resulta de de-
poimentos testemunhais a respeito da materialidade 
do fato e de suas circunstancias.
"O exame de corpo do delito nos crimes que dei-
xam vestígios e essencial, sob pena de nulidade. 
Porém, não menos certo e que o corpo de delito di-
reto pode ser suprido pelo indireto, que se produz 
através de prova testemunhal" (RT, 613:364, 
605:321, 620:355).
Geralmente o requerimento das perícias é feito 
pela autoridade policial, mas nada impede que se-
jam requeridas pelas partes ou determinadas de ofi-
cio pelo juiz. Na fase inquisitorial a autoridade polici-
al requisita as perícias aos peritos oficiais, não ha-
vendo intervenção das partes. Caso não haja perito 
oficial, devem ser nomeados peritos particulares 
com conhecimento técnico do assunto.
E admitida a realização de exames de dependên-
cia ao tóxico por médicos da confiança do juiz, mes-
mo que não sejam peritos oficiais, sem que o fato se 
constitua em nulidade a ser decretada.
- As mesmas causas do impedimento aplicadas 
ao juiz no art. 254, do Código de Processo Penal, 
seção aplicadas aos peritos.
A sumula 361 dispõe: "No processo penal e nulo 
o exame realizado por um só perito, considerando-
se impedido o que tiver funcionado anteriormente, 
na diligencia de apreensão".
Entretanto, esta súmula só e aplicável em se - 
tratando de peritos particulares, visto que em caso 
de perito oficial e suficiente um.
E inegável o valor do laudo pericial, uma vez que, 
tratando-se de peça técnica, é indispensável à livre 
convicção do julgador já que lhe fornece preciosos 
elementos.
No tocante a vinculação do juiz a perícia, existem 
dois sistemas: o vinculatório, pelo qual não pode o 
juiz deixar o laudo, pois trata-se de prova técnica: 
neste caso o magistrado estaria subjugado as con-
clusões do perito; e o liberatório, onde o juiz tem in-
teira liberdade de apreciação, em aceitar ou rejeitar 
o laudo, no todo ou parcialmente.
Efetivamente, em razão do princípio do livre co-
nhecimento, O juiz não pode estar vinculado e acei-
tar passivamente as conclusões do perito.
No nosso processo vigora o sistema liberatório, 
não ficando o magistrado adstrito ao laudo, podendo 
aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte (art. 182), 
cabendo-lhe fundamentar sua decisão.
Em caso de realização de perícia por precatória, 
a nomeação do perito caberá ao juízo deprecado, 
Porém no caso de ação penal privada, havendo 
acordo entre as partes, poderá ser feita no juízo de-
precante (art. 177).
Havendo decisão denegatória do pedido de perí-
cia cabe o recurso de apelação, por ter ela força de-
finitiva (RT, 611:402).
Laudo e a exposição detalhada da observação 
dos peritos e suas conclusões. O laudo divide-se em 
quatro partes: preâmbulo ou introdução, que deve 
conter o nome dos peritos e o objeto da perícia; ex-
posição, e a narração minuciosa do que foi observa-
do; discussão, isto é, a análise crítica dos fatos ob-
servado; e, finalmente, a conclusão, que contem as 
respostas dos peritos aos quesitos do juiz e das par-
tes (ou da autoridade, policial).
Como já foi afirmado antes, na fase policial, a pe-
rícia determinada pela autoridade policial. Entretanto 
nada impede que seja requerida pela parte, Porém, 
em regra, e requisitada pelo delegado, não tendo 
aparte direito de apresentar quesitos. Já na fase ju-
dicial, sendo realizada perícia, poderão as partos 
formular quesitos, em razão do princípio do contradi-
tório, entretanto, a nomeação dos peritos cabe ao 
magistrado.
Alguns exames periciais exigem regras especiais 
para serem, realizados. Assim, a autopsia (necrop-
sia ou necroscopia) tem que ser efetuada pelo me-
nos seis horas depois do óbito (art. 162); é dispen-
sável o exame interno quando a causa mortis for ob-
via, nos casos de morte violenta.
A classificação da lesão e fator importante para 
determinar a sua gravidade, visto que a lei penal 
contempla lesões leves, graves e gravíssimas, que 
podem ser apuradas de plano ou necessitar exame 
complementar (art. 168). O exame complementar 
não pode ser realizado antes de ter-se passado um 
mês da data do fato (RT, 613:317).
O exame de incapacidade para ocupações habi-
tuais, por mais de trinta dias, deve ser realizado 
após esse prazo, a contar da data do crime (CPP, 
art. 168, § 2º, e CP, art. 129, § 1º, I).
TRANSCREVEMOS A SEGUIR OS ARTIGOS 
158 A 184 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
TÍTULO VII
DA PROVA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 155. No juízo penal, somente quanto ao es-
tado das pessoas,serão observadas as restrições à 
prova estabelecidas na lei civil.
Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem 
a fizer; mas o juiz poderá, no curso da instrução ou 
11
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
antes de proferir sentença, determinar, de ofício, dili-
gências para dirimir dúvida sobre ponto relevante.
Art. 157. O juiz formará sua convicção pela livre 
apreciação da prova.
CAPÍTULO II
DO EXAME DO CORPO DE DELITO, E DAS 
PERÍCIAS EM GERAL
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, 
será indispensável o exame de corpo de delito, dire-
to ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do 
acusado.
Art. 159. Os exames de corpo de delito e as ou-
tras perícias serão feitos por dois peritos oficiais. 
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
§ 1o Não havendo peritos oficiais, o exame será 
realizado por duas pessoas idôneas, portadoras de 
diploma de curso superior, escolhidas, de preferên-
cia, entre as que tiverem habilitação técnica relacio-
nada à natureza do exame. (Redação dada pela 
Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
§ 2o Os peritos não oficiais prestarão o compro-
misso de bem e fielmente desempenhar o encargo.
Art. 160. Os peritos elaborarão o laudo pericial, 
onde descreverão minuciosamente o que examina-
rem, e responderão aos quesitos formulados. (Re-
dação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Parágrafo único. O laudo pericial será elabora-
do no prazo máximo de 10 (dez) dias, podendo este 
prazo ser prorrogado, em casos excepcionais, a re-
querimento dos peritos. (Redação dada pela Lei nº 
8.862, de 28.3.1994)
Art. 161. O exame de corpo de delito poderá ser 
feito em qualquer dia e a qualquer hora.
Art. 162. A autópsia será feita pelo menos 6 
(seis) horas depois do óbito, salvo se os peritos, 
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que 
possa ser feita antes daquele prazo, o que declara-
rão no auto.
Parágrafo único. Nos casos de morte violenta, 
bastará o simples exame externo do cadáver, quan-
do não houver infração penal que apurar, ou quando 
as lesões externas permitirem precisar a causa da 
morte e não houver necessidade de exame interno 
para a verificação de alguma circunstância relevan-
te.
Art. 163. Em caso de exumação para exame ca-
davérico, a autoridade providenciará para que, em 
dia e hora previamente marcados, se realize a dili-
gência, da qual se lavrará auto circunstanciado.
Parágrafo único. O administrador de cemitério 
público ou particular indicará o lugar da sepultura, 
sob pena de desobediência. No caso de recusa ou 
de falta de quem indique a sepultura, ou de encon-
trar-se o cadáver em lugar não destinado a inuma-
ções, a autoridade procederá às pesquisas neces-
sárias, o que tudo constará do auto.
Art. 164. Os cadáveres serão sempre fotografa-
dos na posição em que forem encontrados, bem 
como, na medida do possível, todas as lesões exter-
nas e vestígios deixados no local do crime. (Reda-
ção dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Art. 165. Para representar as lesões encontra-
das no cadáver, os peritos, quando possível, junta-
rão ao laudo do exame provas fotográficas, esque-
mas ou desenhos, devidamente rubricados.
Art. 166. Havendo dúvida sobre a identidade do 
cadáver exumado, proceder-se-á ao reconhecimen-
to pelo Instituto de Identificação e Estatística ou re-
partição congênere ou pela inquirição de testemu-
nhas, lavrando-se auto de reconhecimento e de 
identidade, no qual se descreverá o cadáver, com 
todos os sinais e indicações.
Parágrafo único. Em qualquer caso, serão arre-
cadados e autenticados todos os objetos encontra-
dos, que possam ser úteis para a identificação do 
cadáver.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo 
de delito, por haverem desaparecido os vestígios, a 
prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
Art. 168. Em caso de lesões corporais, se o pri-
meiro exame pericial tiver sido incompleto, proce-
der-se-á a exame complementar por determinação 
da autoridade policial ou judiciária, de ofício, ou a re-
querimento do Ministério Público, do ofendido ou do 
acusado, ou de seu defensor.
§ 1o No exame complementar, os peritos terão 
presente o auto de corpo de delito, a fim de suprir-
lhe a deficiência ou retificá-lo.
§ 2o Se o exame tiver por fim precisar a classifi-
cação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código Penal, 
deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30 (trin-
ta) dias, contado da data do crime.
§ 3o A falta de exame complementar poderá ser 
suprida pela prova testemunhal.
Art. 169. Para o efeito de exame do local onde 
houver sido praticada a infração, a autoridade provi-
denciará imediatamente para que não se altere o 
estado das coisas até a chegada dos peritos, que 
poderão instruir seus laudos com fotografias, dese-
nhos ou esquemas elucidativos.
Parágrafo único. Os peritos registrarão, no lau-
do, as alterações do estado das coisas e discutirão, 
no relatório, as conseqüências dessas alterações na 
dinâmica dos fatos. (Parágrafo acrescentado pela 
Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Art. 170. Nas perícias de laboratório, os peritos 
guardarão material suficiente para a eventualidade 
de nova perícia. Sempre que conveniente, os laudos 
serão ilustrados com provas fotográficas, ou micro-
fotográficas, desenhos ou esquemas.
Art. 171. Nos crimes cometidos com destruição 
ou rompimento de obstáculo a subtração da coisa, 
ou por meio de escalada, os peritos, além de des-
crever os vestígios, indicarão com que instrumentos, 
por que meios e em que época presumem ter sido o 
fato praticado.
Art. 172. Proceder-se-á, quando necessário, à 
avaliação de coisas destruídas, deterioradas ou que 
constituam produto do crime.
Parágrafo único. Se impossível a avaliação dire-
ta, os peritos procederão à avaliação por meio dos 
elementos existentes nos autos e dos que resulta-
rem de diligências.
Art. 173. No caso de incêndio, os peritos verifica-
rão a causa e o lugar em que houver começado, o 
perigo que dele tiver resultado para a vida ou para o 
patrimônio alheio, a extensão do dano e o seu valor 
e as demais circunstâncias que interessarem à elu-
cidação do fato.
Art. 174. No exame para o reconhecimento de 
escritos, por comparação de letra, observar-se-á o 
seguinte:
12
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atri-
buir o escrito será intimada para o ato, se for encon-
trada;
II - para a comparação, poderão servir quaisquer 
documentos que a dita pessoa reconhecer ou já ti-
verem sido judicialmente reconhecidos como de seu 
punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvi-
da;
III - a autoridade, quando necessário, requisitará, 
para o exame, os documentos que existirem em ar-
quivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes rea-
lizará a diligência, se daí não puderem ser retirados;
IV - quando não houver escritos para a compara-
ção ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade 
mandará que a pessoa escreva o que Ihe for ditado. 
Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, 
esta última diligência poderá ser feita por precatória, 
em que se consignarão as palavras que a pessoa 
será intimada a escrever.
Art. 175. Serão sujeitos a exame os instrumen-
tos empregados para a prática da infração, a fim de 
se Ihes verificar a natureza e a eficiência.
Art. 176. A autoridade e as partes poderão for-
mular quesitos até o ato da diligência.
Art. 177. No exame por precatória, a nomeação 
dos peritos far-se-á no juízo deprecado. Havendo, 
porém, no caso de ação privada, acordo das partes, 
essa nomeação poderá ser feita pelo juiz deprecan-
te.
Parágrafo único. Os quesitos do juiz e das partes 
serão transcritos na precatória.
Art. 178. No caso do art. 159, o exame será re-
quisitado pela autoridade ao diretorda repartição, 
juntando-se ao processo o laudo assinado pelos pe-
ritos.
Art. 179. No caso do § 1o do art. 159, o escrivão 
lavrará o auto respectivo, que será assinado pelos 
peritos e, se presente ao exame, também pela auto-
ridade.
Parágrafo único. No caso do art. 160, parágrafo 
único, o laudo, que poderá ser datilografado, será 
subscrito e rubricado em suas folhas por todos os 
peritos.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, 
serão consignadas no auto do exame as declara-
ções e respostas de um e de outro, ou cada um re-
digirá separadamente o seu laudo, e a autoridade 
nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, a 
autoridade poderá mandar proceder a novo exame 
por outros peritos.
Art. 181. No caso de inobservância de formalida-
des, ou no caso de omissões, obscuridades ou con-
tradições, a autoridade judiciária mandará suprir a 
formalidade, complementar ou esclarecer o laudo. 
(Redação dada pela Lei nº 8.862, de 28.3.1994)
Parágrafo único. A autoridade poderá também 
ordenar que se proceda a novo exame, por outros 
peritos, se julgar conveniente.
Art. 182. O juiz não ficará adstrito ao laudo, po-
dendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em parte.
Art. 183. Nos crimes em que não couber ação 
pública, observar-se-á o disposto no art. 19.
Art. 184. Salvo o caso de exame de corpo de de-
lito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia 
requerida pelas partes, quando não for necessária 
ao esclarecimento da verdade.
DAS PROVAS ILEGÍTIMAS E ILÍCITAS
Dada a freqüência com que Vem ocorrendo e 
pela homenagem feita pela imprensa nacional, tor-
na-se necessário fazer algumas considerações so-
bre as provas ilegítimas ou produzidas de maneira 
ilícita.
Vez por outra tomamos conhecimento de autori-
dades policiais, que grampearam telefones, fazendo 
escuta não autorizada de converses particulares, 
com a finalidade de diligenciar e descobrir crimes de 
difícil elucidação.
Houve um rumoroso caso em que um Juiz das 
Execuções Criminais da Capital paulista foi afastado 
do cargo por representação da Ordem dos Advoga-
dos, por ter autorizado a polícia a fazer escuta te-
lefônica no escritório de um advogado com a finali-
dade de descobrir um crime de seqüestro, onde su-
postamente estaria envolvido um cliente do causídi-
co. O fato desencadeou inflamados debates, com 
manifestações favoráveis e contraries ao episódio, 
já que o advogado seria inviolável no exercício de 
sua profissão e o sigilo telefônico não admite restri-
ções.
A respeito do fato manifestou-se, desta forma, o 
desembargador aposentado Francisco César Pi-
nheiro, após citar o preceito constitucional da inviola-
bilidade da correspondência e das comunicações te-
lefônicas que a relação concisa do parágrafo pode - 
discutivelmente - induzir o entendimento de que nem 
mesmo por motivos gravíssimos estaria o Judiciário 
autorizado, em procedimento regular, - a permitir 
uma escuta telefônica. Entretanto essa interpretação 
fanática da norma obrigaria a polícia e o Ministério 
Publico a uma passividade assassino, ocorrendo hi-
póteses extremas, aqui lembradas, apenas para res-
saltar que toda norma, mesmo constitucional, admi-
te interpretação para adequa-la ao caso concreto".
E prossegue o eminente desembargador: "As-
sim, se uma organização terrorista ameaçasse en-
venenar as represas de uma cidade, caso não aten-
didas as suas exigências, e houvesse possibilidade 
de se impedir isso mediante escuta telefônica, seria 
lícito indeferir tal, escuta, que evitaria milhares de 
mortes, - apenas com o argumento de que o pará-
grafo não abriu execução a proibição"
"Se um bando de fanáticos - outra hipótese espa-
lhafatosa, mas vinca o absurdo de todo dogmatismo 
- ameaçasse de queimar vivos os membros, diga-
mos, do Conselho Monetário Nacional (nada de pes-
soal na hipótese) ou de uma corporação de juristas - 
e realmente começasse a cumprir a promessa - ha-
veria alguém tão 'constitucionalista' a ponto de pre-
ferir morrer entre chamas - embebido de gasolina 
quanto em princípios constitucionais - abraçando a 
um exemplar da Constituição, do que transigir e per-
mitir a escuta que localizaria os assassinos § (Fran-
cisco César Rodrigues, Escuta telefônica e consti-
tuinte, O Estado de São Paulo, 21 jun. 1987). Embo-
ra tal Comentário tenha sido feito a luz do art. 153,§ 
9ª da Constituição Federal de 1967, parece-nos sufi-
cientemente enfático para demonstrar que a ques-
tão da ilicitude da prova deve ser tratada com muito 
cuidado.
Os doutrinadores distinguem a prova ilegítima e 
a prova ilícita, a primeira e aquela proibida por uma 
norma instrumental ou processual. Desta forma, a 
produção de prova ilegítima é Proibida. Ex.: o art. 
233 do processo penal dispõe que as cartas particu-
lares interceptadas ou obtidas por meio criminoso 
13
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
não seção admitidas em juízo. Mas - Como já foi en-
fatizado quando tratamos dos documentos, as car-
tas poderão ser exibidas em juízo pelo respectivo 
destinatário, para defesa do seu direito, mesmo sem 
o consentimento do signatário. Prova ilícita e a re-
sultante de proibição do direito material, a colheita 
desta também e proibida. Leciona Camargo Aranha 
que "a violação de um direito material pode ser am-
pla, não se resumindo na oposição a lei; e possível 
ofender os costumes (exteriorizar segredo obtido em 
confessionário), a boa-fé (usar gravador disfarçado), 
a moral (recompensar parceiro para conseguir a 
prova de adultério), etc (Adalberto José Q. T. de Ca-
margo Aranha, Da prova no processo penal, Sarai-
va, 1987, p. 44).
Três são as teorias existentes a respeito da pro-
va ilícita:
1ª) Teoria da admissibilidade, para esta somente 
as provas ilegítimas, resultantes de uma norma pro-
cessual, e que são vedadas e podem ser rejeitadas. 
Assim os violadores de uma norma material respon-
dem pela violação, mas a prova colhida tem valida-
de. Desta forma" entende Ana Pellegrini Grinover 
"as provas colhidas, por exemplo, de uma violência 
arbitraria, devem ser admitidas, punindo-se apenas, 
penal ou disciplinarmente, o autor da ilícito" (Ada 
Pellegrini Grinover, Liberdades Públicas e processo 
penal, Revista dos Tribunais, 1982, p. 105).
O mesmo entendimento tem Camargo Aranha: 
"a conversa telefônica interceptada fica mantida 
como prova, processando-se o ofensor pela viola-
ção da lei adequada; a fotografia obtida mediante da 
violação da intimidade vale como prova, punindo-se 
o violador; a gravação obtida subrepticiamente per-
manece, embora se reconheça a má-fé do exibidor" 
(Adalberto José Q. T. Camargo Aranha, obra cit., p. 
44).
2ª) Teoria da inadmissibilidade ou rejeição, tem 
por base o princípio da moralidade dos atos pratica-
dos pelo Estado e o de que se a prova e ilícita ofen-
de o direito, não sendo, assim, admissível.
3ª) Teoria da proporcionalidade: é uma teoria 
eclética, visa buscar um certo equilíbrio entre os in-
teresses sociais e os direitos fundamentais do indiví-
duo.
Esta teoria reconhece a ilicitude da prova, Porém 
considerando o interesse social predominante, ad-
mite sua produção.
Embora a regra geral seja que todo cidadão me-
rece a tutela é a proteção constitucional dos seus di-
reitos fundamentais, ao fazer mau uso desses direi-
tos, deixa também de permanecer merecendo o am-
paro, mormente quando se contrapõe ao interesse 
publico.
Desta forma;, o mandamento constitucional no 
sentido de que "são inadmissíveis, no processar as 
provas obtidas por meios ilícitos" (art. 5º, LVI) deve 
ser interpretado à luz da teoria da proporcionalidade, 
pois o que e inadmissível a deixar de colher determi-
nada prova importante e de interesse social, ainda 
que em detrimento do direito individual.
PRISÃOEM FLAGRANTE
1.1 - Conceito:
E um sistema da autodefesa da sociedade.
A prisão em flagrante e um ato administrativo 
(art. 301, do CPP), uma medida cautelar, de nature-
za processual, que dispensa ordem escrita e é pre-
vista diretamente na Constituição Federal (art. 5º, 
LXI). Cabe tanto em relação á prática de crime, 
como de contravenção.
Chama-se flagrante próprio quando o agente 
esta cometendo o ato ilícito (art. 302, - II, do CPP). 
Denomina-se flagrante impróprio ou quase flagrante 
a prisão daquele que e perseguido em situação em 
que se presume ser ele o autor da infração (302, III, 
do CPP) e de flagrante presumido ao caso da prisão 
do que é encontrado, logo depois da infração, com 
instrumentos, armas, objetos ou papeis que façam 
presumir ser ele o autor da infração (art. 302, IV, do 
CPP).
1.2 - Flagrante próprio: - (Flagrante real, fla-
grante propriamente dito).
A lei (art. 302, I e II, do CPP) equiparou duas si-
tuações diferentes em dispositivos diversos. A de 
quem e surpreendido no ato de execução do crime 
(desfechando golpes na vítima, destruindo coisa 
alheia, etc.) e a de quem já esgotou os atos de exe-
cução, causando o resultado jurídico, de dano ou de 
perigo (morte, lesões, dano material, etc.), encon-
trando-se no local do fato ou nas suas proximidades 
em situação indicativo de que cometeu o ilícito.
1.3 - Quase-flagrante: (Flagrante impróprio)
Há, nos termos da lei, (art. 302, III, do CPP: "E 
perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendi-
do ou por 'outra pessoa, em situação que fará pre-
sumir ser o autor da infração") uma presunção da 
autoria do ilícito, que a lei equipara a certeza advin-
da da prisão durante - o cometimento do crime. O 
que tem acarretado dúvidas na aplicação do disposi-
tivo, e é expressão "logo após", havendo até autores 
que pretendem fixar, arbitrariamente, esse lapso de 
tempo, estendendo-o até 24 horas, o que não se co-
aduna com a vontade da lei que, na verdade, deixa 
a interpretação ao prudente critério do juiz.
O "logo após" deve ser entendido como iniciada 
a perseguição logo após o crime, sendo ele inces-
sante nos termos legais. Não importa o tempo de-
corrido entre o momento do crime e a prisão do seu 
autor.
O Código de Processo Penal trata da persegui-
ção no seu art. 209.
1.4 - Flagrante presumido:- (ficto)
Previsto no art. 302, IV, do CPP, que diz: "Encon-
trado, logo depois, com instrumentos , armas , obje-
tos ou papei s que façam presumir ser ele o autor da 
infração". Não é necessário, no caso, que haja per-
seguição, mas sim que a pessoa seja encontrada, 
logo depois de praticado o delito, com coisas que 
traduzam um veemente indício - da autoria ou parti-
cipação no crime. Nesse caso, tem se admitido que 
há uma situação de fato que proporciona um maior 
elastério ao juiz na apreciação da hipótese; há maior 
margem na discricionariedade da apreciação do ele-
mento cronológico, quando o agente e encontrado 
com objetos indicativos do crime.
1.5 - Flagrante em crime permanente e crime 
habitual:
O CPP, em seu art. 303, dispõe que nas infra-
ções permanentes, entende-se o agente em flagran-
te delito enquanto não cessar permanência, visto 
14
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
que a consumação, neste caso, se prolonga no tem-
po, dependendo da vontade do agente, como ocorre 
nos crimes de seqüestro (art. 148, CP), extorsão 
mediante seqüestro (art. 149, CP), nos crimes cuja 
conduta e "guardar consigo", "ter em deposito", 
"transportar", etc.. Nessas hipóteses o crime está 
sendo cometido durante o tempo da consumação. 
Tratando-se de crime em flagrante, mesmo nas hi-
póteses em que se deva invadir a casa alheia, não e 
exigido o mandado judicial.
Em relação aos crimes habituais não é idêntica a 
situação, uma vez que a prisão em flagrante exigiria 
a prova da habitualidade, ou seja, a prova da reitera-
ção de atos traduzem o comportamento criminoso. 
Apesar de tudo, não é incabível a prisão em flagran-
te em crimes habituais se for possível, no ato, com-
provar-se a habitualidade. Não se negará a situação 
de flagrância no caso da prisão de responsável por 
bordel onde se encontrem inúmeros casais para fins 
libidinosos ou de pessoa que exerça ilegalmente a 
medicina, quando se encontre atendendo vários pa-
cientes.
1.6 - Flagrante em crime de ação privada:
Nada impede que a captura ocorra nos crimes 
que se apenam mediante ação penal publica depen-
dente de representação ou ação penal privada. Po-
rém, é pacifico na doutrina e jurisprudência que, 
capturado o autor da infração penal que se apura 
por essa espécie de ação, deve ser ouvida a vítima 
ou seu representante legal para que ofereça a repre-
sentação ou manifeste o desejo de oferecer queixa 
oportunamente. A denúncia ou a queixa devera ser 
oferecida no prazo de 5 dias da vista ao Ministério 
Publico, no primeiro caso, ou de distribuição dos au-
tos ao juiz competente, no segundo caso, sob pena 
de relaxamento da prisão. O relaxamento da prisão 
não impedirá, no entanto, a denúncia ou a queixa, 
respeitado o prazo de decadência (art. 38 do CPP).
1.7 - Flagrante preparado: (provocado)
E quando o agente e induzido a prática de um 
crime pela "pseudo vítima", por terceiro ou pela polí-
cia (agente provocador). Nessa hipótese há um cri-
me impossível , visto que o agente não dispõe de 
meios necessários para conseguir a consumação, 
quer por ser inexistente ou impróprio o objeto mate-
rial a que permitiria (art. 17, CP). Porém, o agente, 
induzido por alguém, pode burlar o esquema monta-
do pela polícia para efetuar a prisão, conseguindo a 
consumação do ilícito (desfechando tiros, na vítima, 
subtraindo a coisa, etc.). Neste caso, ainda que pro-
vocado o flagrante, não se tornou impossível a con-
sumação do crime, possibilitando a prisão.
Flagrante esperado: Quando a atividade policial e 
apenas de alerta, sem instigar o mecanismo causal 
da infração, e que procura colher a pessoa depois 
de executar a infração, frustrando sua consumação, 
quer porque recebeu informação a respeito do pro-
vável cometimento do crime, quer porque exercia vi-
gilância sobre o delinqüente. Neste caso, se a polí-
cia retira a possibilidade de consumação (retirando a 
vítima do local onde se pretende mata-la, ou os ob-
jetos que seriam subtraídos, etc.), haverá, no caso, 
crime impossível, que não autoriza seja o agente 
preso em flagrante.
Contudo, permite-se a prisão, em qualquer das 
hipóteses, se há possibilidade de consumação, caso 
contrario a prisão não será efetuada.
Diz a súmula 145 do STF: 'Não há crime quando 
a preparação do flagrante pela polícia torna impossí-
vel a sua consumação".
1.8 - Sujeitos do flagrante:
Sujeitos ativos: Nos termos da lei, qualquer do 
povo poderá e as autoridades policiais e seus agen-
tes prender quem seja encontrado em flagrante deli-
to (art. 301, do CPP). Assim, dever da autoridade e 
seus agentes efetuar a prisão (flagrante compulsó-
rio). Não há restrição ao fato de que os agentes poli-
ciais estejam foram de sua circunscrição territorial, 
mesmo porque qualquer pessoa pode efetuar a pri-
são em flagrante (flagrante facultativo). Trata-se de 
um caso especial de exercício da função pública 
transitória por um particular em caráter facultativo e, 
portanto, de exercício regular de direito. Ademais, 
admite-se que o particular proceda a apreensão das 
coisas em poder do preso, desde que relacionadas 
com a prova do crime e da autoria. A lei é omissa a 
esse respeito.
Sujeitos passivos: A regra geral de que qualquer 
pessoa pode ser presa e autuada em flagrante apre-
senta algumas exceções: Não podem ser sujeitos 
passivos do flagrante os menores de 18 anos, por 
serem inimputáveis, os diplomatas estrangeiros, o 
Presidenteda República. Podem ser autuados em 
flagrante delito apenas nos crimes inafiançáveis os 
membros do Congresso Nacional, os Deputados Es-
tatuais, os Magistrados, os membros do Ministério 
Público. É licita a prisão dos alienados mentais, em-
bora inimputáveis, já que ações pode ser aplicada 
medida de segurança, cabendo no caso a instaura-
ção do incidente de insanidade mental (art. 149, do 
CPP).
Não pode ser autuada em flagrante daquele que 
prática o fato e delito to de trânsito. Segundo orien-
tação do STF, quem, logo após o delito, se apresen-
ta espontaneamente a autoridade, também não 
pode ser preso em flagrante (prisão por apresenta-
ção). A impossibilidade da prisão por apresentação, 
não impede, porém, presentes os requisites própri-
os, seja decretada a prisão preventiva do autor da 
infração (art. 317, do CPP).
1.9 - Autoridade competente:
Em regra, a autoridade competente e a autorida-
de policial, no exercício de uma das funções primor-
diais da polícia judiciária, que não exclui a compe-
tência de outra autoridade administrativo.
De acordo com o art. - 290 do CPP, compete a 
lavratura - do flagrante a autoridade da circunscrição 
onde foi efetuada a prisão, e não a do local do cri-
me. Não havendo autoridade no lugar em que se ti-
ver efetuado a prisão, o capturado será logo apre-
sentado a do lugar mais próximo. Tem se entendido 
que, não exercendo a polícia, ato algum de jurisdi-
ção, inexiste razão para falar-se em incompetência 
"ratione loci".
1.10 - Prazo para lavratura do auto:
Não está explicito, o prazo, no Código de Proces-
so Penal. Pelo art. 304 tem-se a impressão de que 
isso deve ocorrer logo, imediatamente após apre-
sentação do preso a autoridade. Todavia, diante do 
disposto no art. 306, que determina o prazo de 24 
horas para que seja entregue ao preso "a nota de 
culpa", presume-se que o prazo seja esse.
1.11 - Auto de prisão em flagrante:
Diante do disposto no art. 5º, LXIII, 2ª parte da 
CF, deve ser comunicada a prisão a familiar ao ad-
vogado ou a pessoa por ele indicada, a fim de que 
15
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
se possibilite a estas que tomem as medidas neces-
sários em sua defesa.
Nos termos do art. 304, do CPP, a primeira pes-
soa a ser ouvida no Auto de Prisão em Flagrante é o 
condutor, agente da autoridade, ofendido ou particu-
lar que conduziu o preso até a autoridade, quer te-
nha sido ele a efetuar a prisão, quer seja a pessoa a 
quem foi o preso entregue.
Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas 
que acompanharam o condutor que, pelos arts. 304, 
caput e § 1º, devem ser no mínimo duas. Por cons-
trução pretoriana, o condutor também pode ser con-
siderado testemunha numeraria, para integrar o mí-
nimo legal.
O reduzido número de testemunhas, ou mesmo 
a falta absoluta não obsta a lavratura do flagrante, 
mas, neste caso, com o condutor - devem assinar 
pelo menos duas pessoas que hajam testemunhado 
a apresentação do preso a autoridade (art. 301, § 2º, 
do CPP), chamadas testemunhas instrumentárias 
(indiretas) da apresentara-o.
-Substituem as testemunhas instrumentais, de 
apresentação, as pessoas que não são considera-
das testemunhas, mas informantes, como a vítima e 
seu irmão, por exemplo.
Ouvidas as testemunhas, a autoridade "interroga-
ra o acusado sobre a imputação que lhe e feita" (art. 
304, do CPP). Nessa ocasião deve se, ele alertado 
para o direito de ficar calado, assegurado na CF (art. 
5º, LXIII). A autoridade deve observar a nomeação 
de curador ao preso menor de 21 anos, sob pena de 
nulidade do auto no que diz respeito a prisão.
Apesar - de ser ato desejável, a omissão do in-
terrogatório do preso no Auto de Prisão em Flagran-
te não traduz necessariamente nulidade, no caso de 
estar ele embriagado ou ferido, etc.
Assinam o auto a autoridade, o condutor, o ofen-
dido, as testemunhas, o preso, seu curador ou de-
fensor e o escrivão. Se a testemunha ou ofendido 
não souber ou não quiser assinar, aplica-se o art. 
216 do CPP, (assinatura a rogo).
No caso do acusado (indiciado) se recusar, não 
souber ou não puder faze-lo o auto de prisão em fla-
grante será assinado por duas testemunhas, que Ihe 
tenham ouvido a leitura, na presença do acusado 
(art. 304, § 3º, do CPP).
Encerrada a lavratura do flagrante, a prisão deve 
ser comunicada imediatamente ao juiz competente 
(art. 5º, LXII, 1ª parte, da CF). Conforme disponha a 
lei local, o recebimento da comunicação da Prisão 
em Flagrante pelo juiz previne a jurisdição.
Havendo ilegalidade na autuação em flagrante 
(não havia situação de flagrante, houve excesso de 
prazo para a lavratura, etc.) a prisão deve ser rela-
xada pelo juiz (art. 5º. LXV, CF), sem prejuízo do de-
senvolvimento das investigações e do Inquérito poli-
cial. A prisão ilegal diminuiu o valor probatório das 
atos praticados no inquérito policial, mas não o anu-
la, muito menos a ação penal que dele redundar.
Nulo o Auto de Prisão em Flagrante por vício 
real, nada impede que, presentes os requisites, a 
autoridade judiciária ao anula-lo, decrete a prisão 
preventivo.
1.12 - Prisão pela autoridade:
Quando o delito é praticado contra a autoridade 
no exercício de suas funções, como, por exemplo, 
desacato, desobediência, etc., ou na sua presença, 
essa autoridade não pode figurar como testemunha 
e presidente do Auto de prisão em flagrante, pois, 
nessa hipótese, e condutor.
Caso a autuação seja determinada pelo juiz não 
poderá ele exercer jurisdição na ação penal resul-
tante da prática do crime, diante o impedimento pre-
visto no art. 252, II (testemunha) e III (diretamente 
interessado no feito), do CPP.
1.13 - Custódia
Encerrado o Auto de Prisão em Flagrante e "ha-
vendo fundada suspeita contra o conduzido", a auto-
ridade mandara recolhe-lo a prisão, como prevê o 
art. 304 caput. A "Contrario sensu", se não surgir 
essa fundada suspeita das declarações contidas 
nos autos, a autoridade devera relaxar a prisão.
Tanto a autoridade policial como o juiz, quando 
recebem a comunicação do flagrante, não estio obri-
gados a fundamentar o recolhimento do réu e a ma-
nutenção da prisão em flagrante - mas devem decla-
rar as razoes porque se decidiram pelo relaxamento 
da prisão.
Após o recolhimento do preso, a autoridade deve 
prosseguir nos autos do inquérito policial , se para 
isso for competente, conforme dispõe o art. 304, § 
1º, do CPP. Não sendo competente a autoridade po-
licial deve remeter os autos àquela que o seja (304, 
§ 1º última parte).
Do relaxamento da prisão em flagrante cabe o 
recurso em sentido estrito (art. 581, V, do CPP), 
mas a decisão que o negar é irrecorrível. Eventual-
mente, pode ser deferido pedido de habeas corpus, 
quando se apresentar ilegalmente patente.
1.14 - Nota de culpa:
No prazo de 24 horas da prisão, entregar-se-á a 
nota de culpa ao preso. Já se tem entendido que a 
sua falta não vicia o auto de prisão em flagrante. To-
davia, a entrega da nota de culpa e formalidade es-
sencial para proporcionar ao capturado a sua ampla 
defesa, que e uma garantia constitucional assim, a 
omissão deste ato essencial deve redundar no rela-
xamento da prisão. A importância do ato e tal que, 
por lei (art. 306, parágrafo único, do CPP), se deter-
mina que o preso deve passar recibo da nota de cul-
pa, que será também assinada por duas testemu-
nhas, quando ele não souber, não puder ou não qui-
ser assinar. Do relaxamento de prisão em flagrante 
nessa hipótese, também cabe recurso em sentido 
estrito (art. 581, V, do CPP).
PROCESSO DOS CRIMES 
DE RESPONSABILIDADE DOS 
FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS - 
Arts. 513 a 518
O código de Processo Penal prevê regras espe-
ciais de procedimento Para os crimes de responsa-
bilidade dos funcionários públicos, previstas nos 
arts. 513 a 518, praticados

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