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Tesseroli Filho 115 2., São Paulo: Atlas, 2010, p. 113). Apenas o direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário exige prova (CPC, art. 337). 386. Errado. Deve ser provado o direito alienígena (estrangeiro), conforme estabelece o art. 337 do CPC. Sua aceitação não tem relação com o Tribunal Penal Internacional (o Brasil se submete à jurisdição do TPI, consoante prevê o § 4º, do art. 5º, da CF/88). 387. Correto. O Código de Processo Penal, a partir do Título VII, regulamenta a produção de provas no mundo do processo penal. As provas têm como principal objetivo convencer o julgador, razão pela qual o principal destinatário dos elementos probatórios. 388. Errado. As provas ilícitas e as derivadas destas são inadmissíveis. Segundo estabelece a legislação processual penal vigente, “são inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou ilegais” (CPP, art. 157, “caput”, com redação dada pela Lei 11.690/2008). “São também inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas, salvo quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras” (CPP, § 1º, do art. 157). (Grifo nosso) 389. Correto. O corréu não pode ser ouvido como testemunha do réu no mesmo processo. Não se confunde testemunha com corréu! Aquela presta compromisso legal e está sujeita ao crime de falso testemunho. O corréu, por sua vez, pode falsear a verdade, uma vez que não presta o compromisso legal (STJ, HC 40.394/MG, Rel. Min. Og Fernandes, j. 14.04.2009). 390. Errado. As comissões parlamentares de inquérito não têm poder jurídico de requisitar às operadoras de telefonia cópias de decisão ou de mandado judicial de interceptação telefônica, para quebrar o sigilo imposto a processo submetido a segredo de justiça. Este é oponível à CPI, representando expressiva limitação aos seus poderes constitucionais (STF, MS 27.483- REF-MC, Rel. Min. Cezar Peluso, DJ 10.10.2008). 391. Errado. As comissões parlamentares de inquérito não podem autorizar a interceptação das comunicações telefônicas, porém podem determinar, motivadamente, a quebra dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do investigado. A quebra do sigilo telefônico não se confunde com a interceptação telefônica. A primeira incide sobre os registros telefônicos da pessoa (data e horário da chamada, número discado, duração da conversação etc.). 1001 Questões Comentadas – Direito Processual Penal – CESPE Prof. Nourmirio Tesseroli Filho 116 392. Errado. As provas ilícitas e ilegítimas são espécies do gênero prova ilegal. As primeiras são produzidas a partir da violação de normas de direito material. As segundas, diferentemente, são produzidas a partir da afronta a normas de natureza processual. 393. Errado. A doutrina e a jurisprudência pátrias há tempo têm considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do acusado quando se tratar da única forma de absolvê-lo. Paulo Rangel sustenta que “a vedação da prova obtida por meio ilícito é de caráter relativo e não absoluto. Dessa forma, é admissível a prova colhida com (aparente) infringência às normas legais, desde que em favor do réu para provar sua inocência, pois absurda seria a condenação de um acusado que, tendo provas de sua inocência, não poderia usá-las só porque (aparentemente) colhidas ao arrepio da lei” (Direito Processual Penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 472). 394. Correto. A Lei 9.296/1996, em seu art. 2º, estabelece que não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção (III). Registre-se, a lei faz referência à infração penal, que abrange crime e contravenção penal. Entretanto, a intercepção telefônica só é admissível nas hipóteses de crimes apenados com reclusão! Não é permitida nos delitos punidos com detenção e nas contravenções penais. 395. Correto. Há decisão do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que “não se reconhece ilegalidade no posicionamento do réu sozinho para o reconhecimento, pois o art. 226, II, do Código de Processo Penal, determina que o agente será colocado ao lado de outras pessoas que com ele tiverem semelhança ‘se possível’, sendo tal determinação, portanto, recomendável mas não essencial” (HC 7.802/RJ, 5ª Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, 21.06.1999). A doutrina diverge a respeito! 396. Errado. A constituição de defensor independerá de instrumento de mandato, se o réu o indicar por ocasião do interrogatório (CPP, art. 266). 397. Errado. Não apenas no procedimento do júri é necessário observar a incomunicabilidade das testemunhas (CPP, art. 460). Reza o art. 210, parágrafo único, do CPP, que “antes do início da audiência e durante a sua realização, serão reservados espaços separados para a garantia da incomunicabilidade das testemunhas”. Vê-se, pois, que a lei preocupa-se com a garantia da incomunicabilidade das testemunhas, visando à isenção dos depoimentos, não apenas no procedimento especial do júri, mas também no procedimento comum. 398. Errado. Antes de iniciar o interrogatório, deverá o magistrado advertir o réu de seu direito de permanecer calado, sendo que tal 1001 Questões Comentadas – Direito Processual Penal – CESPE Prof. Nourmirio Tesseroli Filho 117 silêncio não importará em confissão e nem poderá ser interpretado em prejuízo de sua defesa (CPP, 186, “caput”, com redação dada pela Lei 10.792/2003). A Constituição Federal vigente (art. 5º, LXIII) e o Pacto de São José da Costa Rica (art. 8º, I) asseguram ao preso e ao acusado, em todas as fases do processo, o direito de permanecer calado, e o seu silêncio não poderá ser valorado em prejuízo da defesa. Vale frisar que anteriormente à Lei 10.792/2003, o silêncio do acusado, não obstante fosse um direito, poderia ser interpretado em seu prejuízo. 399. Errado. O sistema de provas é o critério utilizado pelo julgador para valorar os elementos de prova dos autos. O adotado entre nós é o sistema da livre convicção ou da persuasão racional! O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação (CPP, art. 155, “caput”). Neste sistema, as decisões deverão ser motivadas, sob pena de nulidade (CF, art. 93, IX). 400. Correto. Segundo prescreve o art. 155, “caput”, do CPP, com redação dada pela Lei 11.690/2008, não pode o juiz fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipada. 401. Errado. Com o advento da Lei 11.690/2008, possibilitou-se a produção antecipada de provas, de ofício, pelo juiz, antes mesmo da ação penal (CPP, art. 156, I). Para tanto, exige-se justificativa séria! Atualmente, também, a regra é que somente um perito oficial deverá realizar o exame de corpo de delito e outras perícias (CPP, art. 159, com redação dada pela Lei 11.690/2008). Frise-se, no entanto, que em se tratando de perícia complexa, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito oficial (§ 7º). 402. Correto. Atualmente, entende-se por dia o período compreendido entre as 06 (seis) horas e as 20 (vinte) horas (interpretação analógica do art. 172 do CPC, alterado pela Lei 8.952/94). De se notar que o § 1º, do art. 172, do CPC, estabelece que serão “concluídos depois das 20 (vinte) horas os atos iniciados antes, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano” (deverá haver imediata comunicação ao Ministério Público e ao juiz competente visando a posterior