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Astartéia, deusa da fertilidade (à esquerda) e hippoi (à direita), típica embarcação fenícia em forma de banheiras e com cabeças de cavalos em suas extremidades Fenícios A Fenícia foi uma antiga civilização que ocupou uma faixa do litoral mediterrâneo que adentrava o território asiático até as montanhas do atual Líbano. O solo, recortado por pequenos riachos, não era propício para a agricultura e a criação de gado. LOCALIZAÇÃO A Fenícia não era uma sociedade unificada. Constituía-se de várias cidades-estados, que compartilhavam de uma cultura comum, mas não tinham elos políticos, nem se agrupavam nas transações comerciais. As mais notáveis foram: Ugarit, Biblos, Sídon e Tiro. Ugarit - Desde o terceiro milênio antes de Cristo, tinha relações comerciais com o Egito e Creta. Possuía templos e palácios. Os mercadores viviam em casas ricamente mobiliadas. Bíblos - Foi o mais antigo porto comercial da Fenícia. Difundiu o papiro como material de escrita. Cidades da Fenícia Ruínas da cidade de Ugarit Porto de Biblos, na cidade de Biblos. Sídon - Adquiriu preponderância marítima e comercial a partir do século XV a.C. Comerciava com Chipre, Ásia menor, Egito e Grécia. Foi conquistada pelos filisteus. Tiro - Tornou-se célebre pelo seu tráfego mercantil e pela resistência aos ataques estrangeiros. Ruínas fenícias do século XIV a.C, localizadas na cidade mediterrânea de Sidon, no atual Líbano. Colunas greco-romanas, de face ao mar nas ruínas da Cidade de Tiro. Os fenícios era semitas pertencentes ao ramo dos cananeus. Sua origem é praticamente desconhecida, mas certamente, não eram autóctones (natural daquela região). Segundo o Heródoto, teriam vindo do oceano índico. É provável que tenham imigrado da região compreendida entre o Mar Morto e o Mar Vermelho, mas ainda hoje é esse um ponto discutível. Denominava-se a região onde se estabeleceram na Síria de Canaã. CIVILIZAÇÃO A designação de fenícios foi lhe atribuída pelo grego milênio, que estabeleceram contatos comerciais em Canaã, por volta do fim do segundo milênio. Originalmente a palavra expressava uma tonalidade de avermelhada, que os gregos acreditavam ver na pele dos fenícios. Ao contrário de outros povos da Antiguidade, que se destacam como criadores de formas próprias e inéditas de civilização, os fenícios apresentam-se como expressão de uma cultura sincrética, sem muita originalidade, mas que imbuída de um senso prático agudo, soube adaptar e aperfeiçoar com êxito conquistas alheias. A concretização mais significativa desse traço foi, sem dúvida alguma, invenção do alfabeto, que veio substituir o intricado sistema hieroglífico ou cuneiforme utilizado na época. CaRácter compósito A necessidade de se comunicar para manter relações comerciais com diversas civilizações do Oriente Médio fez com que os fenícios desenvolvessem o alfabeto contendo 22 símbolos que representavam as consoantes. Posteriormente os gregos acrescentaram cinco vogais ao alfabeto fenício e difundiram a todo Ocidente. Esse alfabeto serviu de base para as escritas atuais. ECONOMIA Os terrenos montanhosos dessa região não permitiam o desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, por isso suas principais atividades foram a navegação e o comércio. Sua localidade, no entanto, favoreceu a navegação. Não há nesse mar tempestades, durante o verão; são numerosas as ilhas que, servindo como pontos de referência, dispensam a orientação pelas estrelas e a transparência do ar permite avistar, a muitos quilômetros, os acidentes geográficos, como cabos e montanhas. Às rotas marítimas, cujos segredos só eram conhecidos pelos fenícios, correspondiam rotas terrestres, percorridas por caravanas. Utilizavam em seus barcos a combinação de remos e velas, o que lhes proporcionava maior velocidade. Comerciavam todas as "mercadorias" imagináveis (inclusive escravos) e isso fez com que navegassem a lugares muito distantes para a época. Outro fator importante foi o cedro, madeira utilizada na construção dos barcos e muito abundantes na montanha do Líbano. Esse povo fabricavam uma famosa púrpura, tintura extraída de um molusco, o múrice, que era usada na coloração de tecidos. Os fenícios praticavam também o comércio terrestre. Importavam ferro e prata da Península Ibérica, escravos, ouro e marfim da África, papiro e trigo do Egito e exportavam joias, vasos, estatuetas e tecidos. Sua economia era bastante forte nos setores de comércio e artesanato. Seus principais produtos eram: madeira para construção de navios, joias de âmbar, vidro, corantes, marfim, armas de ferro e bronze, vasos de cerâmica e tecido de lã púrpura, de grande aceitação, tingidos com resina extraída do múrice. Por conta das atividades comerciais, eram exímios navegadores e foram os primeiros a contornarem a África. Hábeis negociadores, os fenícios transformavam as matérias-primas trazidas do estrangeiro em produtos manufaturados e os reexportavam. Suas rotas eram mantidas em segredo e orientavam-se por constelações, como Ursa Maior (uma grande e famosa constelação do hemisfério celestial norte). Chegaram à Bretanha e sabe-se que contratados pelo faraó Necau II, deram a volta à África, numa viagem de três anos: partiram do Mar Vermelho e voltaram pelo Estreito de Gibraltar. Para os fenícios, comercio e pirataria era a mesma coisa. Aprisionavam seus fregueses e vendiam as mulheres e crianças como escravas. A economia em razão dos negócios comerciais, os fenícios desenvolveram técnicas de navegação marítima, tornando-se os maiores navegadores de Antiguidade. Desse modo, comerciavam com grande número de povos e em vários locais do Mediterrâneo, guardando em segredo as rotas marítimas que descobriam. O dárico era a moeda-padrão de ouro persa cunhada por Dario I, e que teve curso entre os hebreus. A Fenícia não tinha unidade política, cada cidade, com seu governo, formava um pequeno Estado independente, agrupavam-se em cidades-estados. Biblos Sidon Tiro A base da organização política são os clãs familiares, detentores da riqueza e do poder militar. Cada cidade-estado era governada por um rei, indicado pelas famílias mais poderosas. Política A forma de governo era a monarquia aristocrática, pois ao lado do poder real estava o poder do Conselho, composto pelos grandes mercadores e armadores. A religião Fenícia era politeísta, cada cidade tinha seu Deus, então, cultuavam diferentes divindades. Assim, como não temos conhecimento de nenhum termo fenício que poderia corresponder ao que chamamos de religião, pesquisadores encontraram nas escrituras a palavra qodesh, é provável que represente em nossa concepção, o sagrado. Os fenícios acreditavam na vida após a morte. Sepultavam-no com objetos de uso corrente do morto, tais como lâmpadas, vasos e joias. Adquiriam o hábito, certamente por influência dos egípcios, de mumificar seus cadáveres mais importantes. Religião Para a maior parte das religiões das civilizações do mediterrâneo antigo, assim comopara a Fenícia, o conjunto de crenças e ritos se define como um sistema politeísta, caracterizado pela veneração de uma pluralidade de seres sobre-humanos (deuses), indissolúvel da realidade, que representam em seu conjunto a totalidade dos interesses e das necessidades do homem e da sociedade. (E-D) Baal, deus do trovão e da chuva; Astarte, deusa da fecundidade. O termo genérico que designa a divindade é El, e o feminino é Elat. Nos mitos de Ugarit, El é o Deus supremo pai de todos os deuses, garantidor de todas as instituições fundadas. O panteão (conjunto) de divindades é considerados como senhores, reis, santos e poderosos, e exercem uma ação beneficiosa frente ao homem, a natureza e a sociedade. Os fieis se declaram nas inscrições como beneficiários, favorecidos e protegidos pelos deuses, e se confessam seus servidores e escravos. Eram extremamente supersticiosos, acreditando que por toda parte havia gênios maus e bruxas, assim como deuses protetores para diversas atividades. Os fenícios sacrificavam crianças em oferenda a Moloch, deus do fogo. O ritual de sacrifício é comprovado por milhares de urnas encontradas pelos arqueólogos contendo ossadas infantis queimadas. Moloch. Deus do fogo Nas épocas de dificuldades, reuniam-se centenas de crianças, geralmente os primogênitos das melhores famílias, em uma tentativa desesperada de se mudar a sorte. Quando Agátocles de Siracusa, rei da Sicília, montou seu acampamento em frente à Cartago, uma das primeiras providências em reação ao sacrifício de bebês foi reunir 200 crianças de procedência nobre para o ritual, sendo que mais 300 foram oferecidas pelos próprios pais. Não era permitido demonstrar qualquer comoção durante o ritual, o que seria considerado uma ofensa aos deuses. Túmulos de crianças sacrificadas em Cartago Adônis Tizian Dagon Hipocampo Melqart Mitologia Grandes nomes da mitologia fenícia: Adônis, nas mitologias fenícia e grega, era um jovem de grande beleza que nasceu das relações incestuosas que o rei Cíniras, de Chipre, manteve com a sua filha Mirra. O rapaz passou a despertar o amor de Perséfone e Afrodite. Mais tarde as duas deusas passaram a disputar a companhia do menino, e tiveram que submeter-se à sentença de Zeus. Este estipulou que Adônis passaria um terço do ano com cada uma delas, mas como ele preferia Afrodite, permanecia com ela também o terço restante. Nasce desse mito a ideia do ciclo anual da vegetação, com a semente que permanece sob a terra por quatro meses. Mito de Adônis Tizian A deusa grega Afrodite, do amor e da beleza sensual, apaixonou-se por ele. No entanto, o deus Ares, da guerra, amante de Afrodite, ao saber da traição da deusa, decide atacar Adônis enviando um javali para matá-lo. O animal desferiu um golpe fatal na anca de Adônis, tendo o sangue que jorrou transformando-se numa anêmona. Afrodite, que corria por entre as silvas para socorrer o seu amante, feriu- se e o sangue que lhe escorria das feridas tingiu as rosas brancas de vermelho. O jovem morto desceu então ao submundo, onde governava ao lado de Hades a esposa dele, a deusa Perséfone – a rainha do submundo, que também apaixonou-se por ele. Isso causou um grande desgosto em Afrodite, e as duas deusas tornaram-se rivais. Na Antiga Fenícia, a prostituição ocorria nos templos com muita naturalidade. Fato é que a prostituição sagrada era um costume amplamente disseminado no oriente, praticado por mulheres de toda a sociedade, não apenas as marginalizadas. Era nos períodos de luto por Baal que as mulheres se entregavam à prostituição sagrada, oferecendo o corpo a estrangeiros, de modo a comprar uma oferenda para o deus. Em alguns livros didáticos está registrada uma imagem negativa do povo fenício em relação a construções e desenvolvimento científico, pois os modelos egípcios e mesopotâmicos influenciaram totalmente a sua cultura. AS CIÊNCIAS QUE MAIS SE DESENVOLVERAM FORAM A MATEMÁTICA E A ASTRONOMIA, QUE DESEMPENHOU UM PAPEL IMPORTANTE NA CONSTRUÇÃO NAVAL E NA NAVEGAÇÃO. DEDICARAM-SE TAMBÉM NA CONFECÇÃO DE ESTÁTUAS E JOIAS. Os Fenícios são um povo, em sua concepção moderna, tal como temos que considerá-los, um agregado de pessoas que podem diferenciar-se por sua raça e procedência, porém, que assumem um caráter homogêneo por compartilhar um mesmo espaço geográfico, um idioma, um processo histórico e cultural. www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao.fenicia/civilizacao-fenicia.php, acessado em 11/11/11. www.historiadomundo.com.br/fenicia/economia/economia-fenicia.htm, acessado em 11/11/11. www.essaseoutras.com.br/fenicios-esquema-para-estudos-com-ecomia-religiao-cultura-e-mais, acessado em 11/11/11. www.algosobre.com.br/content/view/303/, acessado em 11/11/11. http://teamsatdigital.com/artes-e-eventos/mitologia-fenicia/, acessado em 10/11/11. http://cantinhodosdeuses.blogspot.com/2011/03/mitologia-fenicia.html, acessado em 10/11/11. http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESLH/Edicoes/21/artigo144214-3.asp , acessado em 08/11/11. MOSCATI, Sabatino; MOSCATI, Sabatino. Los fenícos. 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