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AULA 01 INTRODUÇÃO A ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL Advocacia O exercício de qualquer profissão é livre no Brasil, mas a liberdade não é irrestrita. Na verdade, depende da lei que regulamenta a atividade no país. De acordo com o artigo 5º da Constituição: ―XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer‖ (grifo nosso). Lei Ordinária Federal nº 8.906/1994 Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB). Essa lei regulamenta a advocacia no Brasil, disciplinando: A atividade em si; Os direitos ou as prerrogativas; A inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); O estágio; A Sociedade de Advogados; Os advogados empregados; Os honorários; As incompatibilidades e os impedimentos; A ética do advogado; As infrações; As sanções; O processo ético disciplinar; A organização e a estrutura da OAB. Quais são os instrumentos normativos que regulam a atividade advocatícia? Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (CED/2015). O CED/2015 foi editado pelo Conselho Federal da OAB com base legal no artigo 54, inciso V, e no artigo 78 do EOAB. Também é uma norma em sentido material e não formal, mas de cumprimento obrigatório, sob pena de processo ético disciplinar. O objetivo desse código de conduta é ressaltar valores e estabelecer formas de comportamentos adequados ao exercício da profissão. Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil (RGOAB) Embora não seja uma lei do ponto de vista formal, o RGOAB é uma norma sob a ótica material. Sua finalidade é mostrar o modus operandi do conteúdo expresso no EOAB – justamente por isso, detalha seus procedimentos e sua matéria. Esse regulamento também tem força cogente. Portanto, é norma de cumprimento obrigatório a ser respeitada pelos advogados. Provimentos do Conselho Federal da OAB (CFOAB) Os provimentos do CFOAB tratam de assuntos bem específicos. Exemplos: - Provimento nº 114/2006 – versa sobre a Advocacia Pública; - Provimento nº 144/2011 – versa sobre o Exame de Ordem. Dessa forma, a atividade de advocacia no Brasil é exercida com base nas regras do EOAB, do CED, do RGOAB e dos provimentos do CFOAB. Acrescente-se, também, regime próprio quando se tratar das carreiras da Advocacia Pública. ATENÇÃO! O EOAB atribuiu competência ao CFOAB para editar e alterar o RGOAB – de acordo com os já mencionados artigos 54 e 78 da lei nº 8.906/1994 –, o CED e os provimentos que considerar necessários. ATENÇÃO! O Exame de Ordem tem natureza de prova de habilitação: se tiver êxito nela, o candidato poderá solicitar sua inscrição em momento futuro, de acordo com sua conveniência e possibilidade, pois a validade da prova é indeterminada. Nesse sentido, ainda que esteja em situação de incompatibilidade (artigo 28 do EOAB), o Bacharel em Direito pode se submeter ao Exame de Ordem e fazer seu requerimento para a inscrição nos quadros da OAB em momento futuro. Para Nalini (2008), o princípio da incompatibilidade assevera que a carreira jurídica não é cumulável com os cargos e as funções elencadas no EOAB (artigo 28), porque propicia: Se estiver nessas condições prévias, ocupando tais cargos, o Bacharel NÃO poderá requerer sua inscrição na OAB. ATENÇÃO! Conforme prelecionam Gonzaga, Neves e Beijato Junior (2016, p. 56), o incompatível poderá: ―[...] prestar o exame e, se aprovado, guardar a certidão de aprovação para dar entrada quando se aposentar, for exonerado ou ir para reserva [de acordo com a hipótese]‖. Art. 133, CF. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Para Gonzaga, Neves e Beijato Junior (2016), é nesse sentido que se desvelam quatro características da advocacia: Indispensabilidade Princípio da advocacia como instrumento de garantia de efetivação da cidadania; Função social Pugna pela concretização da aplicação de direitos na construção da Justiça e do bem comum; Independência Defesa das instituições democráticas e luta pela prevalência do bem social. Para o advogado não são permitidas práticas comuns ao meio empresarial, tais como: Captação de clientela; Exposição excessiva do advogado em publicidades irregulares; Falsificação da verdade etc. Existem dois tipos de princípios que devem ser respeitados na prática forense: Os deontológicos. Relativo à palavra de origem grega: deontologia: deontos + logos = ―teoria dos deveres‖ Quando a direcionamos às profissões, a deontologia representa o estudo das regras e dos princípios que disciplinam o comportamento dos integrantes de determinada categoria profissional. Os deontológicos (de caráter universal) – tais como a probidade, o desinteresse, o decoro etc. Os vinculados à profissão Aqueles vinculados à profissão (em particular) – tais como o sigilo profissional, a fidelidade, a legalidade etc. AULA 02 INSCRIÇÃO NA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL Como já estudamos na aula anterior, o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB) é uma Lei Federal, no sentido material e formal. Em seu artigo 3º, parágrafo 1º, essa lei estabelece que a Advocacia Pública não está dispensada da inscrição na OAB e do controle de tal entidade, além de seu regime próprio. De acordo com Gonzaga, Neves e Beijato Junior (2016), o exercício da atividade advocatícia sem a devida habilitação resulta em sanções e penalidades legais nas esferas criminal, cível e disciplinar. O candidato à inscrição nos quadros da OAB, na qualidade de Bacharel, deve comprovar TODOS os requisitos estabelecidos na lei nº 8.906/1994 (EOAB). Vejamos, então, quais são os requisitos previstos no artigo 8º do EOAB que garantem ao indivíduo a denominação advogado: I - Capacidade civil. O candidato precisa: Ser maior de 18 anos; Ter concluído o curso de Graduação em Direito; Não estar sob qualquer restrição em sua capacidade, podendo exercer todos os atos da vida civil (artigo 1º do Código Civil). II - Diploma obtido em IES. A Instituição de Ensino Superior (IES) tem de ser autorizada e credenciada pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com o artigo 23 do Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil (RGOAB), na ausência do diploma – que pode demorar a ser emitido –, o candidato deve apresentar a Certidão de Graduação em Direito, com Histórico Escolar oficial expedido pela IES. III - Título de eleitor e quitação de serviço militar. IV - Aprovação em Exame de Ordem. Conforme determina o Provimento nº 144/2011, o graduando do último ano do curso de Direito pode prestar este exame. Mas, para que seu pedido de inscrição seja deferido, ele terá de concluir o curso. Afinal, todos os requisitos do artigo em comento são necessários para tal. V - Não exercício de atividade incompatível com a advocacia. Na forma estabelecida pelo artigo 28 do EOAB, este requisito desvela um fundamento ético que ressalta a liberdade, a autonomia e a independência técnica, bem como o repúdio ao tráfego de influência, à informação privilegiada e a todas as formas de patrimonialismo. VI - Idoneidade moral. O sexto requisito é o da idoneidade moral (art. 8°, inciso VI, e § 3º e 4°, EOAB). E o que significa? Primeiramente, temos duas possibilidades: a) não ter sofrido condenação criminal transitada em julgado; b) não praticar crime infamante. Este inciso consagra o princípio da conduta ilibada que observa uma postura sem mácula, límpida, irrepreensível. Observe-seque se trata de um conceito impreciso quando se vincula ao crime infamante (NALINI, 2008). E o que podemos entender por crime infamante? Não há esse tipo penal. Nos dizeres de Paulo Luiz Netto Lôbo (2010), seria a conduta capaz de causar forte repúdio ético na Sociedade e na OAB, mormente quando o advogado pratica uma conduta que é contrária ao seu dever como patrono. Neste ponto a lei observa que qualquer pessoa, devidamente qualificada, poderá levar a conhecimento da OAB informações que possam macular a conduta moral do bacharel e, para tanto, instaura- se um procedimento nos moldes do processo ético disciplinar para se verificar a hipótese, o que exigirá quórum de 2/3 dos membros do Conselho Seccional competente para declarar o candidato à inscrição como inidôneo por prática de crime infamante. A idoneidade moral é uma exigência permanente na vida do advogado, porque veremos mais adiante que a condenação por prática de crime transitada em julgado resultará na exclusão dos quadros da OAB. A inidoneidade moral se configura na conduta inadequada e imprópria para o exercício da profissão de advogado, pois é indispensável possuir idoneidade moral para a sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e manutenção dessa inscrição nos quadros da Ordem. Nesse sentido, práticas reiteradas de graves ilícitos de natureza disciplinar e que configuram também prática de crime demonstram claramente uma conduta inidônea. A conduta inidônea denota que o profissional se serviu da profissão para facilitar a prática de ilícitos contra pessoas, seus próprios constituintes ou terceiros. Dentre as condutas que caracterizam uma pessoa inidônea temos: a prática reiterada de retenção abusiva de autos ou extravio de autos para lesar direito da parte contrária; desvio de valores destinados ao cliente, a falta de prestação de contas, o uso de documento falso, a falsidade ideológica, dentre outros. Há necessariamente a figura do dolo do advogado em valer-se da profissão para obter vantagem indevida. VII - Prestação de compromisso perante o Conselho. De acordo com o artigo 20, parágrafo 1º, do RGOAB, este requisito representa a fase final do pedido de inscrição do candidato nos quadros da OAB. Trata-se de ato solene, personalíssimo, em que o Bacharel em Direito presta compromisso perante seu Conselho Seccional. Nesse ato, ele recebe a denominação advogado, bem como a identificação profissional, seu cartão e sua carteira – de uso obrigatório (artigo 13 do EOAB). Além de usar essa identificação, o advogado deve informar o número de sua inscrição na OAB ou da Sociedade de Advogados (artigo 14, parágrafo único, do EOAB) em: Todos os documentos com sua assinatura na qualidade de profissional de advocacia; Papéis timbrados, cartões de visitas, publicidade e demais formas de apresentação. Com o sistema adotado pelo Poder Judiciário, utiliza-se a certificação digital. Na hipótese de vício ou de ilegalidade na inscrição, o pedido ficará suspenso. Com sua inscrição na OAB, o advogado atua ilimitadamente em toda sua seccional e está apto a realizar atos privativos da profissão em qualquer parte do território nacional, desde que não tenha habitualidade em área de outra seccional senão de sua inscrição. Habitualidade: Situação comum em que o advogado realiza mais de cinco atos privativos em causas distintas, por ano, em território de outra seccional (artigo 10 do EOAB c/c artigos 26 e 34, parágrafo 1º, do RGOAB). Exemplo: Um Bacharel em Direito de São Paulo pode solicitar sua inscrição principal na Seccional da OAB/SP. Se for do Rio de Janeiro, o advogado poderá requisitar sua inscrição na Seccional da OAB/RJ. O critério para a escolha sempre será o domicílio profissional. Inscrição suplementar Se configurar a habitualidade (profissional) a que nos referimos em outro território diferente de sua seccional, o advogado terá de solicitar mais uma inscrição. De acordo com o artigo 10 do EOAB: § 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão [...]. O advogado pode ter quantas inscrições suplementares desejar. Cada uma resultará em nova anuidade para ele. Lembre-se de que o limite de cinco atos privativos é ANUAL. Nesse sentido, o tempo de duração do processo naquele território não importa. Diante de um novo ano, reinicia-se a contagem, e o advogado pode realizar mais cinco atos em causas distintas. A inscrição suplementar confere ao advogado nova carteira, com número específico da seccional, identificada pela expressão correspondente. Sendo assim, ele está habilitado a exercer a advocacia, com habitualidade e ilimitadamente, também naquela seccional, além daquela em que possui a inscrição principal. Não há limites para inscrições suplementares, desde que o advogado tenha condições financeiras para pagar as anuidades. Atividades privativas da advocacia: procuratório judicial As atividades privativas dos advogados estão previstas no artigo 1º do EOAB, a saber: ATENÇÃO! Precisamos ajustar o artigo do Estatuto, conforme decisão do STF, em Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.127-8, que mandou riscar o termo ―qualquer‖ presente na redação original do inciso I que se refere ao procuratório judicial. Postular significa pedir, solicitar a prestação de algo. Vamos começar por aquelas que se referem ao procuratório judicial. Tais atividades envolvem a capacidade postulatória do advogado, que está vinculada a sua inscrição nos quadros da OAB. Nos termos do Código de Processo Civil: Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil. Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal. Postular (Pedir, solicitar a prestação de algo.) Estudamos que a advocacia é indispensável à administração da Justiça, mas sabemos que a indispensabilidade do advogado é relativa, pois existem situações em que a parte pode agir sem a presença desse profissional, quais sejam: Juizados Especiais Cíveis – lei nº 9.099/1995 (artigo 9º); Juizados Especiais Cíveis Federais – lei nº 10.259/2001 (artigo 10) (artigo 10); Justiça do Trabalho – lei nº 5.452/1943 (artigo 791); Ação Revisional Penal – decreto-lei nº 3.689/1941 (artigo 623); Processo Disciplinar Administrativo – súmula vinculante n° 5 do STF; Lei de Alimentos – lei nº 5.478/1968 (artigo 2º); ADIN proposta pelo Presidente da República. Outra situação específica é a do habeas corpus, que pode ser impetrado por qualquer pessoa, por qualquer cidadão, conforme determina a norma constitucional (artigo 5º, inciso LXVIII) e o Código de Processo Penal (artigo 654). Em razão dessa especificidade, esse caso não será contabilizado para fins de inscrição suplementar. No Mandado de Segurança, na Ação Popular, na Ação Civil Pública e na Ação Coletiva, a presença do advogado é essencial. De acordo com o artigo 1º do EOAB: § 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal. Atividades privativas da advocacia: procuratório extrajudicial Agora, vamos conhecer as atividades do procuratório extrajudicial. Como vimos na tabela anterior, trata-se daquelas relativas à assessoria, à consultoria e à gestão jurídicas, que também não podem ser exercidas por Bacharéis em Direito, mas somente por advogados, sob pena de exercício ilegal da profissão. Assim, a função de diretoria e gerência jurídica em qualquer empresa pública ou privada é privativa de advogado.Somente esse profissional pode ser gestor de departamento jurídico em Pessoas Jurídicas de Direito Público ou Privado (artigo 1º, inciso II, do EOAB c/c artigo 7º do RGOAB). Além da função de gestão, no Brasil, há a exigência legal do visto do advogado em atos e contratos constitutivos de Pessoas Jurídicas. O que isso representa? Nesse caso, o advogado acompanha a elaboração do contrato da Pessoa Jurídica, oferecendo sua assessoria. O artigo 1º do EOAB fortalece esse tipo de atuação extrajudicial, que é requisito necessário para o deferimento do registro na Junta Comercial competente (GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016). Ademais, o artigo 2º do RGOAB adverte que o visto do advogado para atividade extrajudicial deve resultar ―da efetiva constatação [...] de que os respectivos instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes‖. Exceções: De acordo com o artigo 9º da Lei Complementar nº 123/2006: § 2º Não se aplica às microempresas [MEs] e às empresas de pequeno porte [EPPs] o disposto no § 2º do art. 1º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994‖. O Empresário Individual também não necessita dessa assessoria. Sob o ponto de vista ético, há uma advertência para o advogado nessa atuação extrajudicial, prevista na já citada Lei Complementar e no RGOAB, em seu artigo 2º, conforme descrição a seguir: Parágrafo único. Estão impedidos de exercer o ato de advocacia referido neste artigo os advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas competentes para o mencionado registro. Como o advogado pode, então, provar sua prática forense? Basta seguir os preceitos do artigo 5º do RGOAB, que estabelece como regra a participação mínima em cinco atos privativos da advocacia – em causas distintas – para completar um ano de prática forense. Inscrição e habilitação do estagiário: Conforme determina o artigo 9º do EOAB, quando alcança certa maturidade acadêmica, o estudante de Direito realiza seu pedido de inscrição na Seccional da OAB, no local de seu curso de Graduação. Por exemplo, se o aluno estiver matriculado em uma IES na cidade do Rio de Janeiro, ficará inscrito como estagiário na Seccional da OAB/RJ. Os requisitos para sua inscrição nos quadros de estagiários são basicamente os mesmos exigidos para o advogado – aqueles que estudamos anteriormente e que constam no artigo 8º do EOAB (com EXCEÇÃO da apresentação do diploma e da aprovação em Exame de Ordem). Além disso, o estudante precisa ser admitido em estágio profissional (artigo 9º, inciso II, do EOAB). Após o deferimento de sua inscrição, o estagiário pode realizar alguns atos isoladamente e outros sob a supervisão de um advogado responsável. O estágio compreende uma carga horária de 300 horas e envolve, ainda, o estudo do EOAB e do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (CED/2015). Qual é a habilitação para o estagiário em Direito? De acordo com o artigo 29, parágrafo 1º, do RGOAB, o estagiário pode realizar sozinho as seguintes atividades: I - retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; II - obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos; III - assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais e administrativos. Para atos extrajudiciais, o parágrafo 2º do mesmo artigo indica que ele pode realizar tudo o que for autorizado pelo cliente e pelo advogado. Logo, a restrição é apenas para atos no Poder Judiciário, sem prejuízo dos extrajudiciais que a lei estabelecer, de forma específica, com a presença de advogado. O fato é que o estagiário NÃO POSSUI capacidade postulatória nem participa do recebimento de honorários sucumbenciais. Para Nery Júnior e Nery (2014): ―Os atos privativos de advogados, tais como petição inicial, contestação, réplica, razões e contrarrazões de recurso, não podem ser praticados por estagiários, sob pena de nulidade por falta de capacidade postulatória (RJTJRS 61/423)‖. Negrão (2013), por sua vez, afirma: ―Não se conhece recurso cuja petição de interposição não esteja subscrita por advogado, mas por estagiário, com infração à lei nº 8.906 [EOAB]‖. E se exercer atividade incompatível com a advocacia, o estudante poderá solicitar sua inscrição como estagiário? O artigo 9º do EOAB (c/c artigo 28) indica que não. Nos termos da lei, o aluno do curso de Direito: § 3º [...] pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB. Após o deferimento de sua inscrição, a validade de sua carteira é de dois anos, prorrogável por mais um ano (Consulta nº 0015/2005 do Conselho Federal da OAB). E o prazo total não pode ultrapassar três anos (artigo 35 do RGOAB). ATENÇÃO! Os incompatíveis não podem ser inscritos na OAB, mas, ao final do curso de Direito, estão aptos a realizar o Exame de Ordem e, em momento futuro – após aposentadoria, por exemplo –, podem requerer sua inscrição. Cancelamento e licença: O artigo 11 do EOAB nos apresenta, em seus incisos, as hipóteses de cancelamento da inscrição como advogado. Vejamos: Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que: I - assim o requerer; II - sofrer penalidade de exclusão; III - falecer; IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia; V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição. A incompatibilidade determina a proibição total para advogar, inclusive, em causa própria – sem exceção. Nesse caso, o cancelamento é solicitado nas hipóteses de incompatibilidade permanente. (artigos 27 e 28 do EOAB). De acordo com o parágrafo 2º do artigo 11 do EOAB, diante da possibilidade de novo pedido de inscrição, o requerente: • Terá de fazer prova de capacidade civil; • Não poderá exercer atividade incompatível; • Deverá ser idôneo moralmente; • Precisará prestar novo compromisso perante o Conselho. Somente na hipótese de exclusão, ―o novo pedido de inscrição também deve ser acompanhado de provas de reabilitação‖ (artigo 11, parágrafo 3º, do EOAB). Ao dispositivo analisado, acrescentamos, ainda, a hipótese do artigo 22 do RGOAB, segundo a qual o advogado inadimplente com as anuidades devidas à OAB deve quitar seu débito no prazo de três meses após a notificação, sob pena de suspensão. O cancelamento de sua inscrição também poderá ocorrer quando de sua terceira suspensão, ―relativa ao não pagamento de anuidades distintas‖ (artigo 22, parágrafo único, do RGOAB). Por fim, o artigo 12 do EOAB trata das situações em que o advogado pede licença por tempo determinado. Essa hipótese é muito comum nos casos de: • Requerimento do interessado, desde que fundamentado – como para mandato eletivo (inciso I); • Exercício temporário de atividade incompatível com a advocacia – como ocupação de cargo de confiança ou em comissão (inciso II); • Sofrimento de doença mental – mas curável (inciso III). A licença é sempre temporária. AULA 03 ATIVIDADE ADVOCATÍCIA Nesta aula, estudaremos as particularidades do mandato advocatício, as figuras da renúncia, revogação e substabelecimento SEM e COM reserva de poderes. Ademais, analisaremos também as regras pertinentes para advocacia pública e para o advogado estrangeiro. O exercício da advocacia decorre de um contrato de mandato, um vínculo que confere poderes para que um profissional, devidamente habilitado na OAB, possa praticar atos ou administrar interessesem nome de seu constituinte, reforçada pelo art. 103 do CPC, segundo o qual a parte será representada em juízo, por advogado regularmente inscrito na OAB (art. 3º do EOAB). A prova deste contrato está na procuração. A procuração é um instrumento desse contrato de mandato em que são explicitados os poderes da representação. O parágrafo 1º, do art. 5º do EOAB, estabelece uma exceção quando permite a atividade advocatícia sem procuração, em caso de urgência. Neste caso, o prazo para apresentar o instrumento é de quinze dias, prorrogável por igual período. Observa-se que a declaração de urgência feita pelo advogado é dotada de presunção legal de veracidade (ver art. 104, § 1º do CPC). Assim, o instrumento que o habilita postular em juízo é a procuração com cláusula ad judicia. Esta cláusula o habilita a praticar todos os atos processuais previstos no art. 105, CPC, salvo aqueles mencionados, considerados como poderes especiais, tais como: receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir dentre outros (Procuração ad judicia et extra). Art. 5º EOAB (...) § 1º - O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período. § 2º - A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais. O contrato entre o cliente e o seu advogado difere dos demais mandatos regulados pela lei civil por causa de sua especificidade, encontra-se em lei especial, a lei 8.906/94. PRINCÍPIOS Princípio da informação: o advogado tem o dever de informar o cliente, de modo claro e inequívoco, os eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda. Acrescenta a regra que deve, também, esclarecer, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer circunstância que possa influir na resolução de submeter-lhe a consulta ou confiar-lhe a causa (art. 9º do CED). Sobre este dever pode-se destacar que o advogado que ocultar informações com a finalidade de ―iludir‖ ou ―seduzir‖ o cliente poderá sofrer processo ético disciplinar (GONZAGA; NEVES; BEIJATO Jr., 2016, p. 264). Princípio da lealdade: a relação entre advogado e cliente é uma relação de confiança recíproca e, sendo maculada essa confiança recíproca, há a possibilidade de rompimento através da figura da renúncia, revogação ou substabelecimento sem reservas de poderes (art. 10 do CED). Princípio da independência: No exercício do mandato conferido em procuração, o advogado atua como patrono da parte, seu cliente, e, nesse mister, deve imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia traçada (arts. 11 e 24 do CED). Os princípios da fidelidade e diligência: O art. 15 do CED observa que o advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo as causas sob seu patrocínio, sendo recomendável que, em face de dificuldades insuperáveis ou inércia do cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas, renuncie ao mandato. PRESTAÇÃO DE CONTAS: O dever de prestação de contas expresso no art. 12 do CED assim assevera: Art. 12. A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, ou não, extinção do mandato, obriga o advogado a devolver ao cliente bens, valores e documentos que lhe hajam sido confiados e ainda estejam em seu poder, bem como a prestar-lhe contas, pormenorizadamente, sem prejuízo de esclarecimentos complementares que se mostrem pertinentes e necessários. Parágrafo único. A parcela dos honorários paga pelos serviços até então prestados não se inclui entre os valores a ser devolvidos. A prestação de contas é um dever e direito do advogado, sob pena de ação de exigir contas, na forma do art. 550 a 553, do CPC, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, prevista no art. 34, inciso XXI do EOAB. A EXTINÇÃO DO MANDATO A extinção do mandato ocorre com o término da prestação do serviço conforme estabelece o art. 13 do CED: “Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se cumprido e extinto o mandato”. Este artigo deve ser lido com o art. 18 do CED que observa que o mandato não se extingue pelo decurso de tempo, salvo se expresso no instrumento de mandato. Esta questão é importante porque a OAB em exames antigos indagava com frequência se a procuração, como instrumento do mandato, teria prazo de validade. Assim, podemos responder com tranquilidade que não, sua vigência está vinculada à presunção do art. 13, salvo situação de renúncia, revogação ou substabelecimento sem reservas de poderes. Recomenda-se que o advogado verifique e converse com o patrono constituído nos autos antes de qualquer ato, salvo se estiver diante de medidas reputadas inadiáveis e urgentes. Há o princípio do coleguismo e solidariedade reforçado no art. 14 do CED em que se lê: ―O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo plenamente justificável ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis. A CONDUTA ILIBADA E SIGILO PROFISSIONAL Os princípios da conduta ilibada e do sigilo profissional expressos no art. 21 e 22 do CED observam a hipótese de sigilo profissional ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador. Bem como abster-se de patrocinar causa contrária à validade ou legitimidade de ato jurídico em cuja formação haja colaborado ou intervindo de qualquer maneira e situações similares. Advogado ou Preposto: Existe a expressa proibição que o advogado funcione, no mesmo processo, ao mesmo tempo, como patrono e preposto do empregador ou cliente, conforme estabelece o art. 25 do CED, porque são duas figuras diferentes: ―o preposto é o sujeito nomeado para representar outro em juízo, ao passo que o advogado representa tecnicamente seu cliente, exercendo sua capacidade postulatória‖ (GONZAGA; NEVES; BEIJATO Jr., 2016, p. 287). DA RENÚNCIA OU REVOGAÇÃO DO MANDATO Art. 5º, EOAB § 3º - O advogado que renunciar ao mandato continuará durante os dez dias seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término desse prazo. O cliente ou advogado podem encerrar o contrato de mandato a qualquer tempo. Para tanto, temos a figura da revogação ou renúncia, ou ainda o advogado pode substabelecer sem reservas de poderes a outro advogado, desde que haja prévio consentimento do cliente. A Revogação se dá por vontade do cliente. A Renúncia se dá por parte do advogado. A renúncia por parte do Advogado é um ato unilateral e implica omissão do motivo (art.16 do CED). O termo inicial para a contagem do prazo de 10 dias, em que continua a representá-lo, se conta a partir da data da notificação. Nesse sentido, deverá notificar seu cliente, preferencialmente, por meio de carta com aviso de recebimento e, em seguida, comunicar o juízo (art. 6° RGOAB e art. 112, CPC). A revogação tácita é aquela que ocorre quando há simples outorga de nova procuração sem ressalvar a procuração anterior. Postura que deve ser evitada. DO SUBSTABELECIMENTO COM OU SEM RESERVAS DE PODERES O Código de Ética e Disciplina de 2015 esclarece em seu art. 24 que o advogado não é obrigado a aceitar a indicação de outro advogado para atuar com ele no processo. Assim, além da renúncia temos a possibilidade de substabelecer com ou sem reservas de poderes a outro advogado. Dois tipos de substabelecimentoO primeiro tipo é o substabelecimento com reservas de poderes em que o advogado que está na procuração outorgada, transfere alguns poderes se reservando a condição de patrono do cliente. O segundo tipo de substabelecimento é o substabelecimento sem reservas de poderes. Este tipo romperá o contrato de mandato. ADVOCACIA PÚBLICA Exercem a atividade de advocacia os integrantes da Advocacia Geral da União, Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional (Art.3º, §1º, EOAB). O RGOAB observa, também, que os advogados públicos são elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB (art. 9º, RGOAB). Como inscritos sujeitam-se ao regime do EOAB, RGOAB, CED, inclusive quanto às sanções disciplinares como os advogados privados, sem prejuízo do regime próprio a que se subordinem (art. 10, RGOAB). O advogado público deve ter inscrição principal perante o Conselho Seccional da OAB em cujo território tenha lotação (art. 3º Prov. 114/2006). Se o for transferido para o território de outra Seccional, ficará dispensado do pagamento da inscrição no território da nova Seccional, desde que já tenha efetuado o pagamento da anuidade na Seccional primitiva (art. 3º, parágrafo único, Prov. 114/2006). A aprovação em concurso para cargo da advocacia pública não afasta a obrigatoriedade de aprovação em exame de ordem (art. 4º do Prov. 114/2006). Impedimento para advogar: Os advogados públicos advogam na categoria de advogados impedidos, ou seja, advogam com restrição, na forma do art. 30, I, EOAB. Todos são advogados, inscritos, também, na OAB, mas em razão do exercício da advocacia pública há uma diminuição da amplitude do exercício. Essa restrição cessará com a aposentadoria (art. 7° do Prov. 114/2006). Temos a restrição geral prevista no art. 30, inciso I, do EOAB, mas não impede que a instituição estabeleça restrição ainda maior como é o caso da AGU e da Defensoria Pública, por exemplo, em que o advogado não poderá advogar privadamente. AULA 04 OS DIREITOS DOS ADVOGADOS Nesta aula, vamos conhecer as prerrogativas do advogado previstas no art. 7º do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil. Abordaremos ainda os deveres previstos no art. 2º do Código de Ética e Disciplina de 2015, bem como a responsabilidade civil subjetiva contratual do advogado. O art. 7° do EOAB apresenta o rol de prerrogativas à atividade advocatícia, cujo descumprimento poderá ensejar crime de abuso de autoridade na forma da Lei. Art. 7º São direitos do advogado: I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional; II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB; II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia; (Redação dada pela Lei nº 11.767, de 2008) III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis; IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB; V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8) VI - ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais; VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença; VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando- se a ordem de chegada; IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7) X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas; XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento; XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo; XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos; XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei nº 13.245, de 2016) XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais; XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias; XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em razão dela; XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado; XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte,bem como sobre fato que constitua sigilo profissional; XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo. XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) a) apresentar razões e quesitos; (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) b) (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) § 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI: 1) aos processos sob regime de segredo de justiça; 2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício, mediante representação ou a requerimento da parte interessada; 3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado. § 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer. (Vide ADIN 1.127-8) § 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo. § 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns, tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados, com uso e controle assegurados à OAB. (Vide ADIN 1.127-8) § 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido, sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator. § 6o Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada, expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham informações sobre clientes. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) § 7o A ressalva constante do § 6o deste artigo não se estende a clientes do advogado averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou co- autores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade. (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) § 8o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) § 9o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.767, de 2008) § 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) § 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) § 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente. (Incluído pela Lei nº 13.245, de 2016) Art. 7o-A. São direitos da advogada: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) I - gestante: (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) a) entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de raios X; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) b) reserva de vaga em garagens dos fóruns dos tribunais; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) II - lactante, adotante ou que der à luz, acesso a creche, onde houver, ou a local adequado ao atendimento das necessidades do bebê; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) III - gestante, lactante, adotante ou que der à luz, preferência na ordem das sustentações orais e das audiências a serem realizadas a cada dia, mediante comprovação de sua condição; (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) IV - adotante ou que der à luz, suspensão de prazos processuais quando for a única patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) § 1o Os direitos previstos à advogada gestante ou lactante aplicam-se enquanto perdurar, respectivamente, o estado gravídico ou o período de amamentação. (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) § 2o Os direitos assegurados nos incisos II e III deste artigo à advogada adotante ou que der à luz serão concedidos pelo prazo previsto no art. 392 do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 (Consolidação das Leis do Trabalho). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) § 3o O direito assegurado no inciso IV deste artigo à advogada adotante ou que der à luz será concedido pelo prazo previsto no § 6o do art. 313 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil). (Incluído pela Lei nº 13.363, de 2016) De quem é a competência para conhecer fato que possa causar violação de direitos e prerrogativas do advogado? Quais as medidas tomadas após o conhecimento da violação? Compete ao Conselho Federal, do Conselho Seccional ou da Subseção — art. 15 do RGOAB. As providências devem ser judiciais e extrajudiciais cabíveis para prevenir ou restaurar o império do Estatuto, em sua plenitude, inclusive, mediante representação administrativa. Quais os requisitos para quebra da inviolabilidade do escritório de advogado? O principal é a hipótese de advogado formalmente investigado por prática de crime. Deste requisito que possibilita a quebra da inviolabilidade do escritório ou local de trabalho decorrem os demais, a saber: Competência exclusiva da autoridade judiciária em decisão motivada; Mandado de busca e apreensão específico e pormenorizado; A presença de representante da OAB para o cumprimento da diligência. Temos a ressalva, que neste caso, não há possibilidade de busca e apreensão de documento de clientes do advogado salvo se este cliente está na qualidade de partícipe ou coautor e está sendo igualmente indiciado pela prática do mesmo crime. A prisão em flagrante do advogado, por motivo de exercício profissional, só deverá ocorrer em hipótesede crime inafiançável, em nome da liberdade profissional e integridade física. O STF decidiu pela constitucionalidade do inciso, com a ressalva da validade da prisão caso a OAB não envie em tempo hábil, um representante. Cabe à autoridade competente, a prova da comunicação expressa da prisão à OAB. Na hipótese o Presidente da Seccional ou subseção integra a defesa no processo ou inquérito — art. 16, RGOAB. AULA 05 PUBLICIDADE E ADVOCACIA Nesta aula, vamos conhecer as regras para publicidade da advocacia conforme estabelece o Código de Ética e Disciplina (CED) de 2015, no horizonte da advertência de que a advocacia não é atividade empresária, sendo, portanto, vedada a captação de clientela por meios e práticas típicas da atividade empresária. As regras da publicidade profissional: As regras pertinentes à publicidade profissional são previstas nos Códigos de Ética de cada profissão. Por quê? Porque os códigos de ética estabelecem os limites éticos que devem ser respeitados pelos profissionais ao divulgar sua atividade. Não há direitos irrestritos, mas sempre liberdade sob leis. Assim, a advocacia não se insere nas atividades consideradas atividades empresárias ou práticas mercantis. A vedação presente no art. 5° do CED de 2015 decorre de sua indispensabilidade e na relação que estabelece com clientes e colegas de profissão. Por isso, há a proibição expressa quanto à possibilidade de captação de clientela, sendo passível de punição ético disciplinar perante o Tribunal de Ética e Disciplina da OAB. Atividades típicas de mercantilização, vedadas ao advogado: Contratação de um agenciador de causas mediante pagamento de comissão ou não; Publicidade ostensiva com caráter mercantilista; Divulgação da atividade advocatícia em conjunto com outras atividades — proibição expressa no art. 1º, § 3º do EOAB: ―É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade‖. Publicidade informativa: No art. 39 do CED de 2015, encontramos a observação segundo a qual a publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve priorizar a discrição e sobriedade da profissão, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão. Este Capítulo VIII do Código de Ética que trata dos artigos 39 a 46 devem ser lidos em conjunto com o Provimento 94/2000. É neste documento que encontraremos a definição para a expressão ―publicidade informativa‖, a saber: Publicidade informativa corresponde ao anúncio ou publicidade contendo a identificação pessoal e curricular do Advogado, número de inscrição e endereço do escritório. Poderá acrescentar as áreas ou matérias jurídicas de exercício preferencial. Se desejar, o diploma, títulos acadêmicos, relativos à profissão de advogado, a indicação das associações culturais e científicas de que faça parte, relativas à advocacia. Podendo conter, se for o caso, o nome dos advogados integrantes do escritório, horário de atendimento e idiomas falados ou escritos. Desse modo, já percebemos que não há possibilidade de frases de efeito, menção a cargos públicos exercidos anteriormente e/ou o uso de expressões que possam seduzir ou enganar o leitor com promessas de resultado, valores, gratuidade ou forma de pagamento, por exemplo (Prov. 94/2000 – art. 4º). A publicidade profissional do advogado poderá ocorrer: Impresso e internet. A telefonia e a internet podem ser utilizadas como veículo de publicidade, inclusive para o envio de mensagens a destinatários certos, desde que estas não impliquem o oferecimento de serviços ou representem forma de captação de clientela (art. 46 e parágrafo único, CED c/c Art. 5º, parágrafo único, do Prov. 94/2000). O art. 40 do CED estabelece que os meios utilizados para a publicidade profissional hão de ser aqueles compatíveis com o que se entende por publicidade informativa. Nesse sentido, proíbe-se: 1. A publicidade em veículos como rádio, cinema e televisão (inciso I). Proíbem-se, também, o uso de outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade (incisos II c/c Art. 6º, a – d, do Prov. 94/2000). 2. As inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer espaço público são igualmente vedadas (inciso III), bem como, a divulgação de serviços de advocacia juntamente com a de outras atividades ou, até mesmo, a indicação de vínculos entre uns e outras (inciso IV). 3. O oferecimento de dados de contato, como endereço e telefone, em colunas ou artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos, publicados na imprensa, bem assim quando de eventual participação em programas de rádio ou televisão, ou em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a referência a e-mail (inciso V). 4. O uso de recurso de mala direta. Merece destaque a observação do art. 40, inciso VI do CED que veda expressamente a utilização de mala direta, a distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de publicidade, com o intuito de captação de clientela. Ressalte-se que o artigo menciona a distribuição de tais documentos. No que se refere ao envio de mala direta é importante observar o art. 3º do Prov. 94/2000 que autoriza especificamente o envio de comunicação de mudança de endereço e de alteração de outros dados de identificação do escritório nos diversos meios de comunicação escrita, bem como correspondência aos clientes e colegas de profissão. O art. 44 do CED observa, ainda, que na publicidade profissional que promover ou nos cartões de visita e material de escritório como papel e envelopes timbrados, o advogado deverá inserir seu nome ou o da sociedade de advogado sempre acompanhado do número ou os números de inscrição na OAB. Informar o número de inscrição nos quadros da OAB é dever do advogado. Em tais documentos, poderá incluir, no que couber, os títulos acadêmicos do advogado e as distinções honoríficas relacionadas exclusivamente à vida profissional, bem como as instituições jurídicas de que faça parte, e as especialidades a que se dedicar, o endereço, e-mail, site, página eletrônica, QR code, logotipo e a fotografia do escritório, o horário de atendimento e os idiomas em que o cliente poderá ser atendido (art. 44, § 1º do CED). É proibida ―a inclusão de fotografias pessoais ou de terceiros nos cartões de visitas do advogado, bem como menção a qualquer emprego, cargo ou função ocupado, atual ou pretérito, em qualquer órgão ou instituição, salvo o de professor universitário‖ (art. 44, § 2º, CED). AULA 06 SOCIEDADE SIMPLES, UNIPESSOAL E O ADVOGADO EMPREGADO Nesta aula, vamos conhecer os dispositivos que tratam da constituição da Sociedade de Advogados como uma sociedade simples, bem como as regras para a sociedade unipessoal da advocacia. Abordaremos ainda as especificidades do advogado empregado previstas no EOAB. Sociedade de Advogados e a Sociedade Unipessoal: Um advogado poderá formar uma Sociedade de Advogados ou constituir uma Sociedade Unipessoal de Advocacia. A Sociedade de Advogados tem natureza jurídica de sociedade simples, um novo tipo societário introduzido no Código Civil de 2002, substituindo a antiga Sociedade Civil. Vejamos o art. 15 do EOAB: Art. 15, caput, EOAB. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral (alterado pela Lei nº 13.247, de 12 de janeiro de 2016). Art. 15, § 7º, EOAB. A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente das razões que motivaram tal concentração. (Incluído pela Lei nº 13.247, de 2016). O Código Civil de 2002não nos oferece um conceito ou definição de Sociedade Simples, todavia não se aplica à Sociedade de Advogados. É importante ressaltar que a Sociedade de Advogados, embora seja uma sociedade simples, é regida integralmente pelas disposições estabelecidas na lei 8.906/1994, pelo Código de Ética e Disciplina, pelo Regulamento Geral (art. 37 a 43) e pelos Provimentos do Conselho Federal da OAB, em particular o Provimento 112/2006. A Sociedade de Advogados e a Sociedade Unipessoal possuem regra diversa para aquisição de sua personalidade jurídica. Ambas só adquirem personalidade jurídica com o seu registro no Conselho Seccional da sua base territorial, ou seja, do local em que funcionará a sede da sociedade. Art. 15, EOAB. § 1º. A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. § 2º. Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia o Código de Ética e Disciplina, no que couber. A própria essência da sociedade de advogados, como uma sociedade uniprofissional, afasta a inclusão de atividades outras que não a atividade advocatícia como, por exemplo, a administração e venda de imóveis, contabilidade, consultoria econômica, religião, política etc. — rejeitou-se o modelo mercantil e a associação com outras áreas de atuação profissional. Art. 16, EOAB. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou totalmente proibida de advogar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016). § 1º. A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo. O Estatuto determina que as procurações sejam individuais e que, por razões éticas, nenhum dos advogados poderá integrar mais de uma sociedade de advogados na mesma base territorial. Busca-se impedir a atividade simultânea em Sociedade de advogados no mesmo domicílio. Art. 15, § 3º, EOAB. As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a sociedade de que façam parte. A Sociedade de advogados poderá ter filial em outras Seccionais (outro Estado ou Distrito Federal), desde que previsto em seu ato constitutivo. Para tanto, todos os sócios obrigam-se à inscrição suplementar na Seccional onde figurar a filial. Art. 15, EOAB. § 5º. O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição suplementar. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016). Por óbvias razões, os advogados de uma mesma sociedade não podem patrocinar clientes com interesses opostos. A regra expressa no § 4º e 6º do art. 15 é reforçada no art. 19 do Código de Ética e Disciplina da OAB. Com isso, pretende-se evitar condutas que configurem tergiversação ou patrocínio infiel, crimes previstos no art. 355, caput e parágrafo único do CP. Art. 15, EOAB. § 4º. Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional. (Redação dada pela Lei nº 13.247, de 2016) § 6º. Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em juízo clientes de interesses opostos. A lei veda expressamente o registro das sociedades de advogados em locais diversos, uma vez que é competência do Conselho Seccional da OAB. Não há qualquer possibilidade uma vez que os cartórios de registro e as juntas empresariais indeferem de plano o requerimento. Art. 16, § 3º, EOAB. É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia. A responsabilidade civil pelos danos causados pela sociedade ou praticados por seus sócios é solidária, subsidiária e ilimitada. Os bens individuais de cada sócio respondem pela totalidade dessas obrigações. Devemos combinar este artigo com o artigo 22 do Código de Ética e Disciplina que determina que o advogado não deve patrocinar causas contrárias à ética e deve declinar seu impedimento ético na hipótese de sigilo profissional. Art. 17, EOAB. Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em que possam incorrer. RESUMO: Sociedade de advogado (Sociedade Simples) ou Sociedade Unipessoal; Personalidade jurídica: Conselho Seccional (local da sede); Defeso apresentar características de sociedade empresária, nome fantasia e atividade diversa da advocacia; Vedado inserir sócio não inscrito na OAB; Responsabilidade subsidiária e ilimitada: sócio de Sociedade de advogados ou titular de Sociedade Individual; Procurações outorgadas aos advogados individualmente em nome dos advogados; Uma mesma sociedade e/ou advogado não podem patrocinar clientes com interesses opostos. Contrato social: art. 2º, inciso I ao XVIII, Prov. 112/2006. Um advogado não pode figurar como sócio em duas sociedades com sede ou filial na mesma base territorial; Vedada a referência à Sociedade civil ou sigla ―S.C.‖ Sócios podem delegar funções de administração operacional a profissionais contratados. Permite-se a constituição da Sociedade de Advogados entre Cônjuges, não importa o regime; Somente sócios respondem pela direção social; Filiais: os sócios são obrigados a ter inscrição suplementar; O número de inscrição da Sociedade deve figurar em todos os documentos; O nome, a qualificação, o endereço e a assinatura dos sócios, todos os advogados inscritos na Seccional onde a sociedade for exercer suas atividades; O objeto social, que consistirá, exclusivamente, no exercício da advocacia, podendo especificar o ramo do Direito a que a sociedade se dedicará; O prazo de duração; O endereço em que irá atuar; A indicação do sócio ou sócios que devem gerir a sociedade, acompanhada dos respectivos poderes e atribuições; O critério de distribuição dos resultados e dos prejuízos verificados nos períodos que indicar; A forma de cálculo e o modo de pagamento dos haveres e de eventuais honorários pendentes devidos ao sócio falecido, assim como àquele que se retirar da sociedade ou que dela for excluído. DO ADVOGADO EMPREGADO: O advogado empregado que é aquele que possui vínculo empregatício sem macular sua independência técnica, ou, nos dizeres do art. 18 do EOAB: ―A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia‖. Pois, acrescenta o parágrafo único do mencionado artigo que o advogado empregado ―não está obrigado à prestação de serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego‖. O seu empregador deverá observar as regras da Lei 8.906/94 e supletivamente aplicar as regras dalegislação trabalhista, no que couber. O advogado empregado não está, portanto, obrigado a prestar serviços advocatícios particulares ao seu empregador, podendo inclusive recusar o patrocínio de causa que contrarie seus princípios (art. 4° do CED). Ademais, não poderá atuar simultaneamente como advogado e preposto, conforme dispõe o art. 25 do CED e o art. 3° do RGOAB. Art. 4º, CED. O advogado, ainda que vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, ou como integrante de departamento jurídico, ou de órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de causa e de manifestação, no âmbito consultivo, de pretensão concernente a direito que também lhe seja aplicável ou contrarie orientação que tenha manifestado anteriormente. O salário mínimo profissional do advogado empregado será fixado em sentença normativa, salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho, conforme estabelece o art. 19 do EOAB. E a sua jornada de trabalho não poderá exceder a duração diária de 4 horas contínuas e a de 20 horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva. O Regulamento Geral da OAB observa que na hipótese de dedicação exclusiva, ou seja, regime de trabalho expressamente previsto no contrato individual de trabalho como dedicação exclusiva, sejam consideradas como horas extraordinárias aquelas trabalhadas que excederem a jornada normal de 8 horas diárias (art. 12, parágrafo único do RGOAB). O que podemos considerar como período de trabalho para o profissional da advocacia? O art. 18, no seu § 1º do EOAB, define ―período de trabalho‖ como ―o tempo em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação‖. E neste caso fará jus à hora extra sempre que exceder a jornada normal, sendo remunerado ―por um adicional não inferior a 100% sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito‖ (art. 18, § 2º EOAB). É muito comum na prática da advocacia a atuação nos plantões judiciários e, se for o caso, o empregador deverá observar a regra constante no art. 18, § 3º do EOAB, segundo a qual as ―horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até às cinco horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por cento‖. ATENÇÃO: No que tange aos honorários de sucumbência que por sua natureza eventual não podem integrar o salário ou a remuneração do advogado empregado, mas constituem um fundo comum, cuja destinação deve ser escolhida pelos integrantes do departamento jurídico da empresa (art. 14, RGOAB). Não podemos esquecer que os advogados, como profissionais liberais, não recebem salários mensais ou vencimentos, mas honorários que decorrem do seu trabalho nos processos que tramitam nos Tribunais. Além da atividade extrajudicial, o trabalho advogado se inicia com a consulta, o aforamento da ação, até a efetiva e real liquidação, pelo pagamento, e não só até a sentença de 1º grau. Nesse longo percurso, precisa prover a sua existência. Assim, os honorários de sucumbência têm a finalidade de prover a subsistência do advogado e de sua família nesse intervalo de tempo em que muitas vezes não recebe quaisquer recursos. E como ficará na hipótese do advogado empregado? A Lei menciona que os honorários de sucumbência não integram o salário do advogado empregado porque decorrem da atividade advocatícia. Ocorre que sobre o art. 21 e seu parágrafo único do EOAB foi atacado na ADI 1.194-4, ajuizada pela Confederação nacional das Indústrias, pela não aplicação deste artigo aos casos de disposição contratual em contrário. O art. 21, caput, EOAB deve ser interpretado da seguinte forma: os honorários de sucumbência podem ser livremente pactuados entre o empregador e o advogado empregado. O art. 21, parágrafo único, EOAB deve ser interpretado da seguinte forma: na hipótese de sociedade de advogados, os honorários de sucumbência serão partilhados, na forma estabelecida em acordo. RESUMO: Do Advogado Empregado - art. 18 ao 21 do EOAB e art. 11 a 14 do RG: Mantém a isenção técnica e a independência; Não está obrigado a prestar serviços particulares ao empregador; O salário mínimo será fixado em sentença normativa ou convenção coletiva; Jornada diária: 4h contínuas / 20h semanais; Dedicação exclusiva: art. 12, RGOAB: 8h/40h semanais; Hora extra: não inferior a 100% sobre o valor da hora normal, mesmo havendo contrato escrito; Adicional noturno das 20h às 5h do dia seguinte: acréscimo de 25%; As disposições do art. 18 ao 21 do EOAB não se aplicam ao advogado público; Sindicato/Confederação/Federação dos Advogados: representam nas convenções ou acordos coletivos. AULA 07 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS Não há critérios definitivos que possam delimitar a fixação dos honorários advocatícios. A natureza jurídica dos honorários advocatícios é de crédito de natureza alimentícia, incluídos os de sucumbência (STJ, inf. 345/STF; RE nº 470407-DF). Assim, os honorários contratuais e os honorários sucumbenciais possuem natureza de alimentos. Nesse sentido, observa Kiyoshi Harada (2011), que a verba de sucumbência pertence ao advogado, nos termos do Estatuto da Advocacia, independentemente, dessa verba representar uma retribuição aleatória e incerta. Honorários advocatícios são, portanto, os vencimentos devidos ao advogado em decorrência dos serviços prestados ao seu cliente (LOPES, 2008. p. 8). No art. 22, do EOAB, caput, a lei estabelece que advogados recebam honorários pelos serviços prestados e, na hipótese, temos três formas diferentes, a saber: honorários convencionados ou contratados; honorários arbitrados judicialmente; honorários de sucumbência. O art. 48, § 1º, do CED, estabelece que o contrato de prestação de serviços de advocacia não exige uma forma especial, mas deve ser redigido com clareza e precisão e, nesse sentido, informar: qual o seu objeto, o valor dos honorários ajustados, qual será a forma de pagamento, a extensão do patrocínio, se o valor ajustado abrangerá todos os atos do processo ou limitar-se-á a determinado grau de jurisdição, além de dispor sobre a hipótese de a causa encerrar-se mediante transação ou acordo. Na fixação dos honorários, o advogado deverá agir com moderação e considerar os critérios ofertados no art. 49, do CED, a saber: I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas; II - o trabalho e o tempo a ser empregados; III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se desavir com outros clientes ou terceiros; IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para este resultante do serviço profissional; V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço à cliente eventual, frequente ou constante; VI - o lugar da prestação dos serviços, conforme se trate do domicílio do advogado ou de outro; VII - a competência do profissional; VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos. Honorários convencionados ou contratados: São aqueles pactuado livremente entre o cliente o advogado. Critério mínimo a ser observado é a tabela da OAB, que é sempre organizada pela Seccional. Ressalte-se que as tabelas de honorários estabelecidas pelos Conselhos Seccionais são simplesreferenciais nas relações entre cliente e advogado, como decidiu o Órgão Especial do Conselho Federal da OAB (Proc. N.200/97/OEP), sendo apenas vinculante para o advogado que os cobrar do Estado quando prestar assistência jurídica aos necessitados (LÔBO, 2009). Neste ponto o CED ressalta que a cobrança de ser feita com moderação e bom senso e a tabela de honorários de cada Seccional apresenta um valor mínimo sugerido. Não poderá ocorrer cobranças abaixo do valor mínimo estabelecido em tabela e, neste ponto, o advogado deverá observar o art. 48, § 6º do CED: Art. 48. A prestação de serviços profissionais por advogado, individualmente ou integrado em sociedades, será contratada, preferentemente, por escrito. § 6º Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela de Honorários instituída pelo respectivo Conselho Seccional onde for realizado o serviço, inclusive aquele referente às diligências, sob pena de caracterizar-se aviltamento de honorários. Honorários arbitrados judicialmente: Este tipo de honorários ocorre em duas situações específicas. A primeira quando há a falta de estipulação ou acordo entre advogado e cliente. Não há contrato escrito e ocorre uma controvérsia sobre os valores a serem pagos, não obstante a orientação do art. 48 do CED. O Juiz arbitrará um valor conforme as provas do serviço realmente prestado e o cliente efetuará o pagamento. A segunda situação ocorre quando o advogado patrocina juridicamente necessitado na eventual ausência da defensoria pública. Neste caso, em caráter excepcional, o advogado realiza um ato de advocacia. Sendo certo que nesta segunda hipótese, na substituição eventual da defensoria pública, o advogado será remunerado pelo Estado na forma da tabela da OAB. Honorários sucumbência: São honorários concedidos por sentença, nas ações judiciais, sempre que há um vencido. Neste caso, o vencido será condenado a pagar o que deve e, também, a pagar honorários advocatícios ao advogado do vencedor da demanda. Por isso o nome ―sucumbenciais‖. Trata-se de direito autônomo do advogado. Apesar de a Lei estabelecer que o recebimento dos honorários de sucumbência como direito indisponível, o STF decidiu na ADI 1.194-4, que na hipótese já estudada de advogado empregado, o contrato de trabalho poderá dispor de maneira diversa. Acrescente-se que o Código de Processo Civil, no art. 85, § 2°, incisos I a IV trouxe novo entendimento sobre os honorários sucumbenciais. Execução dos honorários: O advogado tem, portanto, direito autônomo para executar seus honorários, podendo o precatório ser expedido em seu favor (art. 23, EOAB). Na hipótese de revogação, renúncia ou substabelecimento sem reservas os honorários são proporcionais ao trabalho realizado (art. 17, CED). Sobrevindo o falecimento ou a incapacidade civil do advogado, os sucessores ou representantes legais recebem os honorários inclusive os sucumbenciais (art. 24, § 2º, EOAB). A OAB, no art. 22, § 3º, EOAB, apresenta uma sugestão na hipótese de ausência de estipulação quanto à forma de pagamento, em contrato escrito. Assim, sugere que o advogado cobre um terço no início, outro até decisão em 1ª instância e o restante o final. É importante ressaltar que o contrato escrito e a sentença que fixar honorários são títulos executivos e constitui crédito privilegiado geral na forma do art. 83, inciso V, alínea C, da Lei 11.101/2005. Cabe ainda ressaltar que não devemos confundir gratuidade de Justiça e assistência jurídica gratuita, porque são situações diferentes e, neste caso, um advogado, cujo cliente solicita a gratuidade de justiça não está obrigado a renunciar os honorários contratados. Honorários quota litis: O EOAB silencia quanto ao pacto de quota litis, ou seja, a participação proporcional no resultado ou ganho obtido na demanda. Trata-se de um contrato vinculado ao êxito, embora nem todo contrato de êxito tenha cláusula quota litis. O Código de Ética e Disciplina, no art. 50, ao contrário da maioria dos códigos deontológicos, admite, em princípio, o pacto de quota litis, observados os seguintes requisitos: excepcionalidade; contrato escrito; pagamento em pecúnia; cliente comprovadamente sem condições pecuniárias. CED, Art. 50. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários da sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas a favor do cliente. Acrescente-se que a definição para contrato com cláusula quota litis está expressa no parágrafo primeiro, do art. 50, do CED, o que diferencia claramente de contratos de êxito. Vejamos: art. 50, § 1º, do CED. A participação do advogado em bens particulares do cliente só é admitida em caráter excepcional, quando esse, comprovadamente, não tiver condições pecuniárias de satisfazer o débito de honorários e ajustar com o seu patrono, em instrumento contratual, tal forma de pagamento. § 2º Quando o objeto do serviço jurídico versar sobre prestações vencidas e vincendas, os honorários advocatícios poderão incidir sobre o valor de umas e outras, atendidos os requisitos da moderação e da razoabilidade. Prescrição para ação de cobrança de honorários: O prazo prescricional da ação de cobrança de honorários é de cinco anos, coincidindo com o Código Civil. O termo inicial para contagem do prazo segue a regra processual e inicia-se do: vencimento do contrato; trânsito em julgado quando arbitrado judicialmente; ultimação da atividade extrajudicial; desistência, transação, renúncia ou revogação do mandato (o termo inicial é o dia útil seguinte). É possível trabalhar sem remuneração? O Estatuto prevê uma hipótese de gratuidade no exercício da advocacia: quando o advogado receber mandato de um colega para defendê-lo em processo oriundo de ato ou omissão praticado profissionalmente — art. 22, § 5º, EOAB. Presume-se, nesse caso, que os direitos e as garantias do advogado, em geral, estejam em discussão e há interesse transubjetivo da classe (LÔBO, 2009, p.141). Há ainda a advocacia pro bono, benemérita e de proveito social que nos dizeres de Macedo Jr. (p. 128): No art. 30, o CED observa que no exercício da advocacia pro bono, o advogado deverá apresentar o mesmo zelo e a dedicação habituais, de forma que a parte assistida se sinta amparada e confie no seu patrocínio. E, no § 1º, do referido artigo, define o que significa advocacia pro bono: ―Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissional‖. Esta possibilidade não se aplica a fins político- partidários (art. 30, § 3º do CED). Advocacia configura relação de consumo? A súmula 02/2011, do CFOAB e o Resp. nº 532.377/RJ, nos respondem que não. A atividade advocatícia não se insere na relação de consumo conforme já está pacificado pelo Conselho Federal da OAB por estar integralmente regulada em lei especial, o EOAB. AULA 08 INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS PARA O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA As hipóteses de incompatibilidades e de impedimentos com a advocacia estão elencadas nos artigos 28 a 30 do EOAB. Inicia-se com a leitura do artigo 27 do EOAB, que contém a definição para os conceitos de incompatibilidade e impedimento. Vamos analisar o artigo 28 e seus incisos? Devemos cumular os incisos do artigo 28 com os artigos 11, inciso IV, e 12, inciso II, do EOAB, que tratam da hipótese de cancelamento ou de licença nos casos de incompatibilidade.
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