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1 2 AZEVEDO, Lino Júnior. Psicomotricidade Positiva, Campinas, São Paulo, Brasil, Ed. Flor de Ouro, 2ª Ed. 2017. Todas as fotografias contidas neste eBook são de autoria de Thamyris Salgueiro e são do Projeto Vida Pura. 3 Imagine ter que planejar aulas para alunos com características bem diferentes uns dos outros. Imagine que cada aluno apresente idade, condições de vida, necessidades e potencialidades diferentes. 4 Imagine se ver diante destes alunos e não ter a menor ideia por onde começar... Imagine ainda que você deseje desenvolver um trabalho pedagógico com esses alunos usando o movimento corporal como principal estratégia de intervenção? Sem dúvida surgirá a pergunta: Como prescrever atividades psicomotoras a 5 esses alunos??? Evidentemente eu mesmo já me vi diante deste dilema e não foi de uma hora para a outra que consegui desvendar este mistério. Aos poucos, durante muitos anos e com muito estudo, pesquisa, reflexão e intuição, sempre tendo a prática psicomotora / psicopedagógica como a maior fonte de estímulo e 6 provocação, que fui desenvolvendo um método psicomotor que chamei de Método Vida Pura. Este Método foi organizado em dois principais contextos: um teórico e outro operacional. 7 A teoria específica que se refere ao método psicomotor chamamos de Psicomotricidade Positiva. Deste método destacamos didaticamente 7 passos essenciais para ajudar você a prescrever suas atividades psicomotoras. 8 9 Em primeiro lugar, precisamos ter bem claro em nossa mente qual é o nosso objetivo. Quando não se tem um objetivo qualquer atividade serve e muito provavelmente cairemos na armadilha de focar nossa atenção na aula, nas 10 atividades e não no aluno. Isso significa que a nossa maior preocupação pode ser direcionada para que a aula seja boa, para que ocorra tudo na mais perfeita ordem, disciplina e que não gere muitos transtornos. No final pode até ficar aquela sensação de que a 11 aula foi boa, mas também pode ficar aquela sensação de que há algo lá no fundo que lhe diz que tem alguma coisa fora do lugar, fica aquela sensação de que talvez não seja bem isso que é Educação... Isso que estou dizendo não é uma invenção de um 12 escritor de obras literárias, mas inspirada em minhas próprias vivências e observações como professor. Digamos que vivenciei essas fases e que, naquela época, até entendia o que era Objetivo, mas não sabia direito como esse 13 Objetivo poderia me ajudar na minha aula, no meu dia- a-dia, então acabávamos por criar aulas baseadas em “conteúdos” que achávamos 14 que seriam importantes ou que deveriam ser aqueles, afinal de contas, sempre foi feito assim... Objetivo é um alvo mais abstrato, como “Promover o Desenvolvimento Integral do Aluno”. É aí que a coisa pega, pois como o Objetivo é mais abstrato, pode parecer 15 tão abstrato que tenhamos dificuldades em transformar essa coisa abstrata em uma atividade prática, concreta! O “problema” então é saber transformar um Objetivo abstrato em uma atividade concreta. 16 Devemos sempre nos fazer duas perguntas: 1. Essa atividade está colaborando para que caminhemos (o aluno e eu) em direção ao 17 Objetivo? 2. A maneira com que eu estou conduzindo a aula está colaborando para que caminhemos em direção ao Objetivo? 18 19 Vamos imaginar os pressupostos como sendo um passo a mais que damos, no sentido de uma teoria mais ampla, profunda, complexa e abstrata em direção a conceitos que começam a se transformar em atividades práticas e concretas. 20 Teoria (abstrata) Pressupostos Atividades (concretas) Os pressupostos, que estão em consonância, sinergia e coerência com o Objetivo vão dando forma aos conceitos abstratos, que vão ficando visíveis nas atividades que estamos prescrevendo. 21 Em outras palavras, os pressupostos, que estão contextualizados numa teoria mais ampla, vão dando significado, orientação e justificativa àquelas atividades concretas / práticas - aquelas que realizamos com os movimentos corporais. 22 Assim, organizamos o nosso contexto teórico em 7 pressupostos: Pressuposto 1: Buscamos o Objetivo refinando-se os 23 movimentos corporais; Pressuposto 2: Buscamos o Objetivo promovendo-se o ajustamento entre os mundos interno e externo do Ser Humano; Pressuposto 3: Buscamos o Objetivo promovendo-se a apreensão da leitura, escrita e dos conteúdos escolares; 24 Pressuposto 4: Buscamos o Objetivo promovendo-se o contato como o Self; Pressuposto 5: Buscamos o Objetivo potencializando-se as qualidades físicas (com ênfase à circuitaria cerebral); 25 Pressuposto 6: Buscamos o Objetivo sublimando-se os instintos primitivos através das atividades esportivas; Pressuposto 7: Buscamos o Objetivo promovendo-se os aspectos positivos do indivíduo. 26 27 Quais são os tipos de movimentos corporais que utilizamos em nossas atividades psicomotoras? O movimento corporal para nós é um meio e não um fim. Nosso fim é o nosso Objetivo, portanto utilizamos os movimentos 28 corporais como estratégia de intervenção para caminharmos em direção ao nosso Objetivo. Em outras palavras o nosso foco está no “Objetivo” e não no “Meio” que é o movimento corporal. 29 Então para isso nos utilizamos de 5 tipos de movimentos corporais: 30 Tipo 1: Atividade Física; Tipo 2: Atividades Esportivas; Tipo 3: Brincadeiras populares; Tipo 4: Dinâmicas de Grupo; Tipo 5: Atividades da Vida Prática. 31 32 33 Se observarmos o desenvolvimento da criança, veremos que existem alguns momentos que traduzimos em grupos de movimentos que nos orientam na prescrição das nossas atividades psicomotoras: 34 Grupo 1: Movimentos que são realizados com o próprio corpo; Grupo 2: Movimentos que são realizados com o próprio corpo + algum objeto; Grupo 3: Movimentos que são realizados com o próprio 35 corpo + objeto(s) + outra(s) pessoa(s); Grupo 4: Movimento realizados em grupos, envolvendo o próprio corpo + objeto(s) + outas pessoas + regras e metas do jogo ou dinâmica de grupo. 36 37 Os critérios para a prescrição das atividades psicomotoras já envolvem algum conhecimento do aluno. Digo algum, pois o conhecimento do aluno é um processo contínuo, permanente e que visa conhecer cada aluno profundamente, assim devemos considerar:38 Critério 1: Gosto e interesse do aluno; Critério 2: Necessidade do aluno; Critério 3: Zona de desenvolvimento proximal; Critério 4: Cuidados; Critério 5: Segurança. 39 40 Por mais que se planeje e se elabore um Plano de Ação, sempre haverá situações não previstas durante a aula, então também não há como não contar com a criatividade da professora e do professor. A criatividade está diretamente ligada a, pelo menos, duas coisas: 41 a 1.Sensibilidade e ao 2.Repertório de movimentos corporais que a professora e o professor possuem. Sensibilidade para perceber o que o aluno irá expressar durante a aula, tanto para compreendê-lo melhor, bem como, para intervir 42 solucionando problemas e propor atividades que favoreçam a nossa busca pelo Objetivo. Evidentemente, para propor atividades psicomotoras é preciso ter um Repertório de movimentos corporais, ou seja, para poder propor é conveniente que se tenha um 43 conhecimento prévio. Como a nossa principal estratégia de intervenção é o movimento corporal então é importante que a professora e o professor desenvolvam o seu “vocabulário motor” ou o conhecimento sobre quais são as possibilidades e diversidades de movimentos 44 que o corpo humano pode realizar. 45 46 Finalmente devemos elaborar um Plano de Ação, que nada mais é do que escrever o que se pretende desenvolver. Quando se escreve o Plano de Ação muitas dúvidas ou aspectos que não estejam bem claros são esclarecidos e formalizados dentro de um contexto que deve ter 47 coerência e consistência consigo mesmo, ou seja, o próprio texto do Plano irá revelar se o que se pretende fazer está de acordo com seus tópicos. Por exemplo, se o método está de acordo com o Objetivo, se o local e os materiais viabilizam o que está sendo proposto e assim por 48 diante. O Plano de Ação é uma referência importante mas deve ser flexível às lapidações e aprimoramentos que serão “reivindicados” quando for colocado em prática. O Plano de Ação deve ser uma ferramenta para a professora e para o professor e não deve 49 se tornar seu algoz. O Plano de Ação pode ser elaborado comtemplando o seguinte: 1. Anamnese 2. Objetivo 3. Método 4. Acompanhamento e Avaliação 5. Cronograma (com Metas) 6. Recursos (Humanos, 50 7. Equipamentos, Locais, 8. Materiais didáticos e Financeiros) 9. Registros (Fotos, Vídeos*, Relatórios, Materiais desenvolvidos pelos alunos). *Como estamos falando de movimento corporal, o vídeo é o mais apropriado para se registrar o movimento. 51 52 http://www.psicomotricidadepositiva.com.br/ 53 Sobre o autor O Professor Lino Azevedo Júnior é formado em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUC Campinas; Especialista em Arteterapia pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP; Especialista em Gestão Ambiental pela Faculdade Anhanguera; Aperfeiçoamento no Método Montessori pela Escola Montessori de Campinas & Faculdade METROCAMP; Criador do MÉTODO (psicomotor) VIDA PURA; Fundador do Instituto Vida 100%. Recebeu o prêmio “Profissional do Ano” do CREF/SP (Conselho Regional de Educação Física). Apresentou o Método Vida Pura em 2011 no VII Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e no XIII Simpósio Paulista de Educação Física, promovidos pela UNESP (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA) / campus de Rio Claro/SP. Saiba mais sobre o Prof. Lino Azevedo Jr.
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