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Liberação Miofascial Manual - Base Conceitual

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O conceito de Liberação Miofascial (soltura) é uma das muitas contribuições 
feitas ao campo da Medicina Natural Manual. 
 Ward a descreveu como um raciocínio clinico, que interliga procedimentos da 
Massagem, que até hoje é considerada a ciência mais antiga do mundo da área da 
saúde, da Medicina, da Quiroprática, da Osteopatia. Ela associa muitos dos 
princípios das técnicas de tecido mole, da técnica da energia muscular, das técnicas 
indiretas e da força inerte da técnica craniossacral. Existem muitos autores e 
professores de técnicas de liberação miofascial, com muitas semelhanças e 
divergências entre eles. 
 A Fáscia recebeu a atenção de muitos indivíduos, entre os quais o osteopata, 
norte americano, Neidner, que aplicou forças de torção nas extremidades para 
restaurar o equilíbrio dinâmico e a simetria Fáscial. Ida Rolf ficou famosa por aplicar 
pressão profunda e alongamento da Fáscia, do topo da cabeça à ponta dos dedos do 
pé. Tal técnica (Rolfing) requer intenso investimento de tempo e energia, tanto por 
parte do paciente quanto por parte do terapeuta clínico, e o processo nem sempre é 
confortável. 
 A técnica de Liberação Miofáscial Manual aqui descrita pode ser classificada 
como direta ou indireta, superficial ou profunda sendo frequentemente utilizada de
LIBERAÇÃO MIOFÁSCIAL MANUAL
Base Conceitual 
modo combinado. Ela aplica os princípios da sobrecarga biomecânica do tecido mole 
e as modificações reflexas neurais mediante estimulação dos mecanorreceptores 
presentes na Fáscia. A barreira de resistência pode ser atacada diretamente, por 
meio da elastificação do tecido, ou pode ocorrer uma pressão linear em uma direção 
que se afasta da barreira de resistência, de forma indireta. São técnicas 
frequentemente chamadas de barreiras diretas e indiretas. Muitas vezes, as 
barreiras são abordadas de maneira combinada em cada direção.
 A técnica de Lliberação MioFáscial baseia-se no movimento involuntário 
inerte do tecido. Os tecidos vivos possuem um movimento inerte denominado 
Motilidade que se manifesta de forma não voluntária em várias proporções e 
amplitudes. O movimento inerte do tecido do sistema músculo-esquelético é 
considerado resultante da alteração rítmica que ocorre no tônus muscular,de forma 
não consiente, das forças pulsantes da circulação arterial, dos efeitos da respiração 
e da força do impulso rítmico craniano descrito ainda como “energia vital”(Still).
 As forças ativadoras da técnica de Liberação Miofascial são tanto intrínsecas 
quanto extrínsecas. As forças intrínsecas são o movimento inerte do tecido, os ritmos 
corporais inerentes, a respiração, a contração muscular e o movimento dos olhos. 
Forças de ativação extrínsecas são aquelas aplicadas pelo terapeuta clínico e 
consistem na aplicação de forças, principalmente de compressão, tração e torção, 
para provocar uma tensão firme e suave nos tecidos moles e causar alterações, 
biomecânica e reflexa. Essa técnica é aplicada para disfunções regionais e locais. 
Compartilha da meta comum de todos os procedimentos de medicina manual, que é 
obter a recuperação da simetria harmônica do movimento indolor do sistema
músculo-esquelético em equilíbrio·postural.
FÁSCIA
 O terapeuta clínico que trabalha com a técnica de liberação miofascial manual 
necessita ter um conhecimento minucioso da continuidade e da integração da 
Fáscia. A Fáscia é uma unidade do corpo, contínua de região para região e reveste 
totalmente todos os 53 áreas regionalmente mapeadas no corpo. Embora as várias 
porções de Fáscia recebem nomes específicos, a Fáscia é toda contínua.
 A palavra “Fáscia” que nos interessa foi inventada por osteopatas que, pelo 
que sabemos, foram os primeiros a ter noção de globalidade. Não são Fáscias, como 
frequentemente se diz, mas sim “Fáscia”. A palavra “Fáscia” no singular não 
representa uma entidade fisiológica, mas um conjunto membranoso, muito extenso, 
no qual tudo está ligado, em continuidade, uma única entidade funcional. Esse 
conjunto de tecidos que constitui uma peça única compreendida em 53 partes 
interfuncionais e que nos trouxe a noção de globalidade, sobre a qual se apoiam 
todas as técnicas modernas de terapia manual. Seu principal corolário, base de 
todas as técnicas, é que o menos tensionamento, seja ativo ou passivo, repercute 
sobre o conjunto. Todas as peças anatômicas podem, dessa forma, ser 
consideradas mecanicamente solidárias entre si, em todos os campos da fisiologia.
 O tecido conjuntivo representa, praticamente, 70% dos tecidos humanos. 
Seja qual for o nome que leve, tem sempre a mesma estrutura básica. Entre um osso 
e uma aponeurose, por exemplo, não há diferença fundamental. São diferentes
apenas na distribuição dos elementos constituintes e nas substâncias fixadas pelas 
mucinas de ligação.
 Esse tecido conjuntivo parece-nos mal conhecido por nossa profissão. Ele 
ocupa, no entanto, um lugar considerável e vital em nossa fisiologia geral, lugar 
distante do papel puramente mecânico ao qual é em geral relegado. Para entender, 
devemos fazer uma breve recapitulação anatomofisiológica. Isso nos permitirá 
entrever as consequências patológicas sobre as quais se apóia nossa ação. 
 Acredito que, sob influência de técnicas osteopáticas, a globalidade é 
representada pela Fáscia. Claro que o tecido conjuntivo, que representa quase 70% 
de nossos tecidos, é um modelo perfeito de globalidade funcional. Ele se encontra 
em todo lugar, por meio dele tudo se encontra em continuidade. Acabamos de ver as 
funções: são todas globais.
 Pensa-se que é na função musculoaponeurótica que devemos ver a 
globalidade. Não podemos mais considerar o músculo como uma entidade funcional 
isolada, mas devemos vê-lo como um elemento constitutivo de um conjunto 
funcional indissociável: o tecido conjuntivo fibroso, isto é, aponeuroses, tendões, 
septos intra e inter musculares, expansões aponeuróticas etc. e o tecido muscular 
contrátil incluído nesse tecido fibroso. Um é o elemento elástico que transmite, 
coordena, distribui as tensões sobre o esqueleto passivamente móvel. Outro é o 
elemento motor que realiza os tensionamentos. A anatomia do aparelho locomotor é, 
fisiologicamente, constituída por dois esqueletos. Um passivo e rígido, formado por 
ossos reunidos entre si por articulações que permitem deslocamentos no espaço; e
um ativo, formado por imenso tecido conjuntivo fibroso no qual estão incluídos 
elementos contráteis motores.
A Fáscia pode ser descrita como consistindo em três camadas
 1 - A Fáscia superficial encontra-se ligada à subsuperfície da pele e é um 
tecido de trama frouxa, fibroelástico e areolar. Dentro da Fáscia subsuperficial há 
gordura, estruturas vasculares (inclusive redes capilares e canais linfáticos) e 
tecidos nervosos, particularmente os corpúsculos de Paccine, conhecidos como 
receptores da pele. A pele pode ser movimentada em muitas direções sobre as 
estruturas mais profundas, devido à natureza de trama frouxa da Fáscia superficial. 
Dentro da Fáscia superficial há espaço em potencial para o acúmulo de fluido e 
metabólitos. Muitas das alterações palpatórias, das anormalidades da textura do 
tecido decorrem de alterações dentro da Fáscia superficial. 
 2 - A Fáscia profunda é firme, retesada e compacta. Ela compartimentaliza o 
corpo. Ela envolve e separa músculos, circunda e separa órgãos viscerais internos e 
contribui intensamente para o contorno e função do corpo. O peritônio, o pericárdio e 
a pleura são elementos especializados da Fáscia profunda. As características de 
firmeza, resistência e confinamento da Fáscia profunda podem criar problemas, 
como as síndromes de compartimento. Trauma com hemorragiano compartimento 
anterior da perna inferior pode causar edema, que é prejudicial às estruturas 
nervosas sensíveis existentes dentro do compartimento. Muitas vezes uma 
fasciectomia cirúrgica se faz necessária para aliviar a compressão sobre os 
elementos neurais.
Características micro e macroscópicas da Fáscia profunda
 As fáscias profundas são essencialmente formada por colágeno tipo I 
organizado em inúmeros feixes fibrosos que são executados em diferentes direções. 
Deve também ser reconhecido que o colagénio tipo III, excepto no caso de osso, 
sempre acompanha tipo I regeneração, embora a proporção de I: III pode variar 
amplamente. Reconhece-se que durante os períodos de crescimento rápido, a 
cicatrização de feridas, a regeneração e reparação, e no desenvolvimento fetal, os 
tecidos contêm quantidades mais abundantes de colágeno tipo III. Os níveis de 
colagénio do tipo III também pode variar em diferentes tipos de Fáscia, mas isto não 
tem sido investigado exaustivamente.
 As Fáscias profundas eram anteriormente classificados como um tecido 
conjuntivo denso irregular. Mas investigações recentes demonstram que Fáscia 
profunda consiste em 2-3 camadas de feixes de fibras colágenas paralelas, com 
cada camada tendo em média espessuras de 277 mm (± SD 86,1 mm). Estas 
camadas são constituídas por feixes de fibras de colagéno paralelas que ocorrem 
num tipo ondulado.
 Além disso, as fibras de colagénio de camadas adjacentes estão orientadas 
em sentidos diferentes, formando ângulos de 75-80 °. Cada camada é separada da 
outra por uma fina camada de tecido conjuntivo frouxo (espessura média de 43 ± 12 
um) que permite o deslizamento das várias camadas sobre as adjacentes. A 
suposição tácita de que é feito o tecido conjuntivo frouxo contém níveis mais 
abundantes de colágeno tipo III. Devido a tais camadas de tecido conjuntivo frouxo, a
partir de um ponto de vista mecânico, cada camada fibrosa pode ser considerado 
para funcionar de forma independente. Além disso, uma tal estrutura é capaz de 
trabalhar corretamente apenas se todas as camadas componentes são capazes de 
deslizar suavemente uma sobre outra.
 Componentes estruturais adicionais de Fáscia foram identificados. Fibras de 
elastina estão presentes no tecido conjuntivo frouxo. Há também proteinoglicanos, 
assim como o ácido hialurónico - (hialuronano; HA). A última ocorre em níveis 
elevados no tecido conjuntivo frouxo, e podem desempenhar papéis essenciais na 
etiologia da dor.
 3 - A fáscia subserosa ou viceral é o tecido areolar frouxo que reveste os 
órgãos viscerais internos. Por meio de pequenos e numerosos canais circulatórios, o 
fluido (substancia fundamental) encontrado dentro dessa Fáscia lubrifica as 
superfícies das vísceras internas.
FUNÇÃO DA FÁSCIA
 A Fáscia é um componente do grupo tecido mole de caráter conectivo, que 
tem um múlitiplo papel de separar, compartimentar e manter ligado, interconectar. 
Sustentar e manter suspenso, interatuar protegendo tudo que permeia todo o corpo 
humano. Está relacionada a todo o tecido conectivo fibroso incluindo aponeuroses, 
ligamentos, tendões, retináculos, cápsulas articulares, túnicas dos vasos e órgãos, 
epineuro, meninges, periósteo e todas as fibras miofasciais do endomísio e 
intermusculares. As Fáscias se interrelacionam com a funcionalidade do
sistema músculo equelético. É uma rede única, ininterrupta com um papel 
fundamental de intercomunicar no processo de transmissão de forças. A unidade 
músculofáscial é formada por tecido conjuntivo extracelulares, as miofáscias (mio = 
anatomia + facia = compartimento) = função, movimento. Essas transimitem forças 
de tração.
 A Fáscia fornece suporte para vasos e nervos do corpo todo. Ela permite que 
tecidos adjacentes se movimentem uns sobre os outros, proporcionando, ao mesmo 
tempo, estabilidade e contorno. Ela é responsável pelo fluxo do fluido lubrificante 
existente entre as estruturas, cuja função é facilitar o movimento e nutrir. Os 
corpúsculos de Paccini da Fáscia superficial fornecem informações precisas 
aferente a muitos reflexos complexos que envolvem o sistema neuromuscular. A 
Fáscia descrita é contínua, com segmentos especializados, (zonas de transição 
tensional ou junção) como ligamentos e tendões. Esses tecidos possuem 
características singulares, mas compartilham com a Fáscia as fibras colágenas as 
fibras elásticas, os elementos celulares e a substância fundamental. Dentro desses 
elementos especializados da Fáscia, são encontrados mecanorreceptores e 
proprioceptores que transmitem à medula espinal e ao cérebro informações sobre a 
posição e movimento do corpo, tanto normal quanto anormal. Dentro da substância 
fundamental da Fáscia há muitas substâncias que contribuem para os mecanismos 
imunológicos existentes dentro do corpo.
 Ao lembrarmos da grande “circulação de fluidos”, dissemos que a “circulação 
canalizada”, aquela do sangue arterial, do sangue venoso, da linfa, eram apenas a 
linha de penetração e retorno dos tecidos. A circulação vital, aquela que preside a
a nutrição dos tecidos e a função de eliminação, é a grande “circulação lacunar”. Ela 
não tem sistemas de válvulas. Não é canalizada e nem dirigida, trata-se de um 
embebimento do tecido. Ele se desloca e se propaga por meio de movimentos, os 
deslizamentos dos tecidos uns em relação aos outros. Uma falta de movimento cria 
uma estase líquida: conhecemos todos os edemas de imobilização.
 Insistimos que tecido mais importante da circulação lacunar é o tecido 
conjuntivo. Ele representa mais ou menos 70% do conjunto dos nossos tecidos. Seu 
líquido lacunar preside praticamente todas as trocas osmóticas. Sua linfa intersticial 
está na origem de todos os capilares linfáticos. Enfim, é em seus feixes conjuntivos 
colagenosos que circula a “água livre” ou substancia fundamental, que permite as 
trocas de densidade do líquido lacunar, troca de densidades indispensáveis da 
osmose celular. 
Caracteristicas do colágeno
• O colágeno é o principal componente do tecido cicatricial.
• São 5 tipos agrupados em 3 categorias segundo Spodaryk.
• As fibras de colágeno proporcionam ao tecido uma grande força/resistência 
tensional. 
• Cada fibra individual tem capacidade de movimento dentro da substancia 
fundamental. Principalmente deslizamento e distensão com a intenção de 
compressão e tensão; Tensegridade.
• A disposição das fibras individuais de colágeno, assim como um conjunto de fibras 
determina a qualidade elástica do tecido conectivo.
• Os grupos de fibras se orientam paralelas e as linhas de ação das forças mecânicas 
conservam suas estruturas em espiral. Permitindo absorver os esforços mecânicos 
controlando o grau de tensão.
• A resposta mecânica das fibras de colágeno é uma grande resistência ao 
estiramento/alongamento? E uma capacidade de defesa frente a compressão. 
• As fibras de colágeno são flexíveis; mas individualmente carecem de elasticidade. 
• Na presença de tensão continua e prolongada as moléculas de colágeno se 
orientam em série. Perdendo progressivamente sua elasticidade.
• Na presença de tensão de curta duração repetida as moléculas de colágeno se 
orientam em paralelo. Permitindo poucos graus de movimento.
• O colágeno é uma estrutura de vida instável. Quando traumatizado sua vida oscila 
entre 300 e 500 dias. 
• Existindo um déficit prolongado de movimento (sedentarismo / desuso / 
hipomobilidade) é produzido, de um encurtamento adaptativo ate a síndrome da 
imobilidade.
• Novas fibras de colágeno se reproduzem a partir do estresse mecânico não 
excessivo (estimulo/exercício) aplicado sobre o tecido. (lei do estresse bom e 
estresse ruim). Pilat.
• A medida que se perde elasticidadeperde-se gradualmente propriedades 
mecânicas, força, resistência e amplitude de movimento criando um circulo vicioso, 
quanto menos movimento mais rígido o colágeno (seco) que por sua vez diminui a 
mobilidade. Lei de Wolff 1892. Mudança de forma e mudança de massa ao longo da 
vida.
• A reconstituição das fibras de colágeno é maior e mais rápida durante o período de 
crescimento, na idade adulta permanece estável.
4 Tipos Basicos de Colágeno
 Sabendo-se que são classificados em 12 tipos.
• Tipo I, o mais comum (encontrados na derme, ossos e tendões) faz fibrilas 
extremamente fortes que são altamente resistentes ao stress.
• Tipo II, rica em proteoglicanos, não formam facilmente fibrilas e é encontrada 
principalmente no tecido da cartilagem hialina.
• Tipo III, extremamente rica em hidroxiprolina e cisteína, este é um importante tipo de 
colágeno encontrado na pele de adultos,e é encontrada em associação com 
colágeno Tipo I na derme papilar , nos vasos sanguineos, no intestino, no útero, e os 
pulmões.
• Tipo IV é específica para a membrana basal e contém um elevado
percentagem de hidratos de carbono e hidroxilisina.
PATOLOGIAS PRINCIPAIS DO COLÁGENO
 Existem quatro principais doenças do colágeno que são relativamente 
prevalentes no momento:
• lúpus eritematoso sistémico
• esclerodermia
• poliartrite nodosa
• ermatomyositi
Não iremos analisar ou mesmo descrever estas doenças em qualquer 
detalhe, mas sim meramente notar que existe um grande grau de sobreposição entre 
os seus muitos e diversos sintomas. Estas doenças podem envolver praticamente 
qualquer parte do corpo, mas afeta principalmente a:
• pele
• músculos
• articulações
• tórax
• sistema nervoso
• órgãos internos 
BIOMECÂNICA DA FÁSCIA 
A fixação íntima da Fáscia ao músculo permite a contração e relaxamento. A 
Fáscia possui elasticidade que lhe confere a propriedade de conservar sua forma e 
responder à deformação. A deformação elástica é a capacidade mais importante da 
fáscia para recuperar sua forma original quando uma carga é aplicada e removida. 
Se a carga for grande e aplicada por um período mais longo, a Fáscia pode não 
conseguir recuperar seu tamanho original após a remodelação, o que resulta em 
de¬formação plástica. Quando sujeita a uma carga de extensão mantida de forma 
constante, a Fáscia possui a capacidade de "arrastar-se". O relaxamento do tecido 
que acompanha o arrastamento confere menos resistência a uma segunda 
aplicação de carga. Esse fenômeno possui significado clínico quando se observa os 
efeitos do traumatismo agudo e repetitivo e do estresse de longo prazo sobre tecidos
conjuntivos (trabalho\esporte). A Fáscia possui a capacidade de se deformar quando 
submetida a estresse e perde energia. Esse fenômeno, chamado histerese, é 
utilizado terapeuticamente na técnica de liberação miofascial (soltura).
LESÃO FÁSCIAL 
 A Fáscia responde tanto a lesão aguda, como a micro trauma recorrente 
crônico (como desequilíbrio postural por encurtamento anatômico de um membro) 
de várias maneiras diferentes. A primeira é o processo inflamatório determinado pela 
lesão, cujo espetro vai de uma alteração aguda à crônica. O fluido inflamatório pode 
ser facilmente contido e absorvido na Fáscia superficial, mas quando fica retido nos 
compartimentos firmes da Fáscia profunda, torna-se bastante prejudicial. Essas 
alterações fasciais são palpáveis por mãos treinadas e contribuem para as 
anormalidades da textura tecidual características e diagnósticas da disfunção. 
 A Fáscia, sob estresse, oferece uma resposta biomecânica. Dependendo da 
quantidade e do tipo de carga, a deformação pode ser temporária ou permanente 
(alteração de sua Tensegridade). O número e o tipo das fibras colágenas e elásticas 
existentes dentro do tecido conjuntivo fazem com que os receptores enviem 
informações aferentes ao sistema nervoso central para serem processadas. A 
capacidade, ou incapacidade de adaptação desses receptores, e a facilidade do 
sistema nervoso central de se ajustar, determinam um efeito de curto ou de longo 
prazo sobre a integração neural resultante do traumatismo do tecido conjuntivo. 
 Dentro da substância fundamental da Fáscia ocorrem alterações bioquímicas
e imunológicas, cujos efeitos sistêmicos gerais parecem ser bastante independentes 
da lesão sofrida pelos tecidos moles. A cicatrização que ocorre durante o processo 
de recuperação, frequentemente interfere nas funções de suporte, movimento e 
lubrificação. Acabam ocorrendo muitos sintomas prejudiciais que são difíceis de 
objetivar. As alterações no tecido mole levam a sintomas que persistem por muito 
tempo após a recuperação de uma lesão aguda do tecido. Vítimas de traumatismo 
cervical de extensão e flexão (lesão dos ligamentos intervertebrais altos ou lesão em 
chicote) em virtude de acidente automobilístico ou de outros acidentes súbitos 
apresentam sintomas persistentes, que são difíceis de explicar. Pesquisas recentes 
identificaram uma substituição de gordura nos músculos cervicais profundos em 
algumas dessas pessoas, o que pode ser indício dos efeitos da "lesão do tecido 
mole" que acompanha o trauma. 
 Segundo Carla Stecco a estrutura complexa da Fáscia profunda está 
associada a diferentes tipos de alterações patológicas. Se existe apenas uma 
alteração do tecido conjuntivo frouxo, a densificação Fáscial termo provavelmente é 
o preferido. Se houver alteração de feixes fibrosos colágeno, a fibrose Fáscial termo 
é o termo de escolha. Na realidade, as duas alterações não são incompatíveis. Com 
efeito, uma densificação crônica certamente afeta o deslizamento entre duas 
camadas fibrosas adjacentes. Este pode alterar a distribuição das forças dentro das 
camadas fibrosas, porque eles são incapazes de agir de forma independente. Então, 
temos várias possibilidades:
 1. Treinamento desportivo de alta intensidade, exercícios e overuse laboral 
que causam uma alteração do tecido conjuntivo frouxo dentro da Fáscia profunda,
resultando na densificação da Fáscia. Esta alteração é facilmente reversível porque 
pode modificar as propriedades mecânicas da MEC através do aumento da 
temperatura, ou o aumento da deformação local.
 2. Trauma, cirurgia e diabetes pode alterar as camadas fibrosas da Fáscia 
profunda, causando uma fibrose Fascial. Esta alteração é difícil de modificar, porque só 
um processo inflamatório local pode destruir as fibras de colágeno patológicos e 
permitir a deposição de novas fibras de colágeno. Tal baseia-se na deposição 
conformação estrutural otimizado no que diz respeito ao estado mecânico local. Apenas 
mobilização precoce atinge a Fáscia profunda, a fim de evitar a formação de fibrose.
 A densificação crônica altera a ação de deslizamento entre as camadas 
fibrosas adjacentes. Isto afeta a deposição das fibras de colagéno, mesmo num 
ponto distante do primeiro local de densificação. Na verdade, a Fáscia está sempre 
sujeito a pressões de remodelação que responderam ao estado mecânico local. Se a 
deposição espacial das fibras é alterada com respeito a condições fisiológicas, a 
reconstrução será patológica. Em reabilitação durante a fase de compressão, que é 
desejável seguir principios, para que o tratamento seja efetivo para se obter um 
melhor resultado em um tempo mais rápido e evitar sequelas indesejáveis.
 Em conclusão, a Fáscia profunda tem sido considerada a origem da dor, 
segundo receptores de dor do nervo tornar-se enrendado nas alterações 
patológicas a que estão sujeitos Fáscia. Densificação e fibrose estão entre tais 
mudanças. Ao distinguir entre estas duas alterações diferentes na Fáscia, e 
compreender a matriz do tecido conjuntivo dentro Fáscia,em conjunto com asforças
mecânicas envolvidas, será pos- sível para atribuir as modalidades de tratamento 
mais específicos para aliviar a síndromes de dor crónica.
MÚSCULO
 O músculo é o segundo principal foco da técnica de liberação ou soltura 
miofascial. Os músculos podem ser classificados como aqueles responsáveis pela 
postura, ou seja, os estáticos, e aqueles que fornecem movimento, ou seja, os 
fásicos. Eles podem realizar as duas funções, mas, normalmente, uma delas 
predomina. Clinicamente, os músculos que possuem função postural respondem por 
meio de facilitação, hipertonia e encurtamento. Na metade inferior do corpo, eles são 
o ilipsoas, o retofemoral, o tensor da Fáscia lata, o quadrado lombar, os adutores, o 
piriforme, os isquiotibiais e o eretor da coluna lombar. 
 Na metade superior do corpo, os músculos posturais que respondem por 
faci¬litação, hipertonia e encurtamento são o elevador da escápula, o trapézio 
superior, o esternocleidomastóideo, os peitorais, os escalenos, o grande dorsal, o 
subescapular e os flexores da extremidade superior. 
 Os músculos fásicos dinâmicos que respondem por inibição, hipotonia e 
fraqueza. Na metade inferior do corpo, eles são os glúteos máximo, médio e mínimo, 
o reto-abdominal, os oblíquos internos e externos do abdome, os fibulares, os vastos 
da coxa e os tibiais anteriores. Na metade superior do corpo, eles são o trapézio 
médio e inferior, o serrátil anterior, os rombóides, o supra-espinhoso e o 
infraespinhoso, o deltóide, os flexores profundos do pescoço e os extensores da
extremidade superior. 
 Cada ação muscular possui uma reação muscular igual e oposta, o princípio 
agonista-antagonista. A lei de Sherrington, da inervação e inibição recíproca, 
equilibra o tônus e a função dos músculos agonistas e antagonistas, tanto no lado 
ipsilateral quanto contralateral. Reflexos neuromusculares sofisticados, de alta 
velocidade mantêm constantemente a postura e o preparo do corpo para iniciar e 
continuar padrões de movimento. 
 A função do músculo no sistema músculo-esquelético é um processo 
integrado e altamente complexo. O controle motor pelo sistema nervoso central 
começa no córtex pré-motor e passa pelo tronco cerebral, cerebelo, medula espinal, 
chegando, por fim, à via comum final, ao neurônio motor α, até alcançar o músculo-
esquelético. Trata-se de um sistema de controle da função muscular que, além de 
altamente complexo, é dotado de componentes voluntários e involun¬tários. E essa 
programação motora complexa é alterada por impulsos aferentes, procedentes dos 
mecanorreceptores situados dentro de estruturas articulares e Fasciais. Quando o 
sistema de controle central está funcionando de forma eficiente, os padrões de 
movimento são simétricos, coordenados e livres. Quando está alterado, resulta em 
movimento ineficiente e descoordenado. Basta comparar e constatar o desempenho 
de um atleta e o de um paciente com mal de Parkinson avançado. Entre os dois 
extremos há graduações de alteração da hipertonia, hipotonia e coordenação 
integrativa, notada especialmente em pacientes com disfunção cerebral mínima.
 A lesão do músculo interfere em sua anatomia e função. O trauma agudo
provoca no músculo lacerações, perturbações em sua junção miotendinosa e 
alterações na inserção do tendão ao osso. São lesões que, dentro do processo de 
recuperação, apresentam fibrose, semelhantemente ao que ocorre em lesões do 
tecido mole. Pode haver redução funcional. A lesão não altera apenas a anatomia do 
músculo, mas também interfere em sua resposta neurorreflexiva ao controle mo¬tor, 
contribuindo para persistência dos sintomas.
CONCEITOS DA TÉCNICA DE LIBERAÇÃO MIOFASCIAL
 1- O primeiro conceito é o de retesamento-frouxidão. Den¬tro do 'sistema 
miofascial, o retesamento cria a frouxidão que permite assimetria. Há elementos 
biomecânicos e reflexivos neurais no conceito de retesamento-frouxidão. O aumento 
da estimulação faz com que um músculo agonista se torne retesado, e, quanto mais 
retesado ele se torna, mais frouxo o antagonista se torna, em virtude da inibição 
recíproca natural. Musculo vencedor,músculo vencido (souchard). A Fáscia que 
envolve um músculo contraído hipertônico sofre um encurtamento e exige 
afrouxamento da Fáscia na direção oposta, para poder acomodar-se. Ninguém 
consegue fixar o mastro de uma embarcação puxando o cabo dianteiro, se o cabo 
traseiro não estiver frouxo o suficiente para permitir movimento. Em condições 
agudas, o ciclo pode ser descrito como espasmo-dor-espasmo contínuo. O resultado 
é a progressão do retesamento passando da condição aguda de contração do 
músculo para uma contratura muscular que leva à cronicidade. Em condições 
crônicas, o ciclo é descrito como dor-afrouxamento-dor.Descrito como programação 
por Leopoldo Busquet. Os praticantes da medicina manual conhecem bem os 
sintomas dolorosos da hipermobilidade. Os profissionais que usam os
procedimentos da liberação miofascial aplicam o conceito fundamental de 
retesamento-frouxidão em regime contínuo. 
 2- O segundo conceito é o uso de palpação em síndromes de dor miofasciais. 
Muitos sistemas diagnósticos e terapêuticos se baseiam na estimulação periférica e 
incluem acupuntura acupressão reflexos de Chapman, pontos-gatilhos de Travell e 
pontos sensíveis de Jones cujo objetivo é diagnostico diferencial. A palpação 
proficiente de elementos miofasciais muitas vezes identifica localizações de dor 
miofascial que podem ser tratadas terapeuticamente com as mãos. Uma ocorrência 
comum é a dor miofascial em áreas de frouxidão do tecido mole. A sensibilidade dos 
elementos miofasciais, principalmente no estado crônico, possui com frequência 
uma aderência, sensação de queimação. Lembre-se de que a divisão simpática do 
sistema nervoso autônomo é a única divisão que inerva o sistema músculo-
esquelético. Muitos sintomas encontrados nas síndromes de dor miofasciais são, 
provavelmente, mediados por reflexos do sistema nervoso simpático. 
 3- O terceiro conceito é o da alteração neurorreflexiva, que ocorre com a 
aplicação de força manual no sistema músculo-esquelético. A aplicação pratica de 
força sobre o sistema músculo-esquelético resulta em estimulação aferente, por 
intermédio de mecanorreceptores, que requer processamento central na medula 
espinhal, tronco cerebral e níveis corticais. A estimulação aferente muitas vezes 
resulta em inibição eferente. Ao aplicar a estimulação aferente de um alongamento, 
durante um procedimento de liberação miofascial o que o terapeuta clínico espera é 
o relaxamento dos tecidos retesados por inibição eferente. A resposta 
neurorreflexiva é altamente variável e modificada pela quantidade de dor, pelo
comportamento em relação à dor do paciente, pelo nível de bem-estar que ele 
apresenta, por seu estado nutricional hídrico, por sua resposta ao estresse e por seu 
estilo de vida básico, levando-se em conta o uso de álcool, tabaco, drogas e 
medicamentos.
 4- O quarto conceito é o fenômeno da liberação ou soltura. A sensação de 
soltura é encontrada em outras formas de medicina manual, especialmente em 
técnica craniossacral e no conceito de fluidez-emperramento da técnica funcional 
indireta. Quando se usa a técnica de liberação miofascial, a aplicação apropriada de 
estresse ao tecido resulta em relaxamento, tanto da Fáscia quanto do músculo. O 
retesamento "cede" ou "dissolve" sob a aplicação de pressão. O que se pretende 
com a liberação do retesamento é recuperar a simetria da forma e da função. O 
fenômeno da liberação é um objetivo ao mesmo tempo de meio e fim quando 
aplicado a um procedimento de Liberação Miofascial, que pode ocorrer em várias 
direções e em diferentes níveis de tecido. É o fenômenode liberação que guia o 
profissional ao longo do processo de tratamento.
PRINCÍPIOS DA AVALIACÃO DA LIBERAÇÃO MIOFASCIAL
 Ward expandiu sua mnemônica M A I (N) 4 para C E M A I (N) 4.
 C significa Comportamento, especialmente quanto à resposta do paciente ao 
estresse. A resposta comportamental ao estresse é modificada por muitos fatores, 
entre os quais raça, educação, família, situação financeira e religião. Os pacientes 
respondem de forma diferente ao estresse de suas lesões, assim como ao processo
prático da interação paciente-profissional. Aspectos comportamentais, 
principalmente em pacientes com dor crônica, são significativos em qualquer 
resultado terapêutico.
 E significa estado Endócrino. O sistema endócrino influência todos os outros 
sistemas do organismo humano. Possui influência preponderante sobre o sistema 
músculo-esquelético e responde ao estresse de dentro do sistema músculo-
esquelético. Alteração na função tireóide e no metabolismo dos carboidratos no 
diabete modifica a resposta do sistema músculo-esquelético ao estresse e ao 
trauma, alterando sua resposta às intervenções do tratamento. A avaliação do 
sistema músculo-esquelético por palpação identifica anormalidades na textura do 
tecido que podem estar associadas a distúrbios do sistema endócrino. Intervenções 
terapêuticas utilizadas na técnica de liberação miofascial alteram a estimulação ao 
sistema endócrino e sua ligação íntima com o sistema nervoso.
 M significa análise Mecânica do sistema músculo¬esquelético por sua 
simetria-assimetria, frouxidão ¬retesamento e sua resposta ao equilíbrio ou 
desequilíbrio postural. A carga mecânica é importante no processo traumático e 
também está envolvido no processo terapêutico.
 A significa Anatomia e a capacidade funcional total do corpo. A avaliação é 
feita num sentido tridimensional de toda a anatomia do corpo, especialmente à 
função muscular, mecânica articular e controle do sistema nervoso. O terapeuta 
clínico deve ter um conhecimento de trabalho da integração de todos os elementos 
do sistema músculo-esquelético, sobretudo dos aspectos de integração da Fáscia e
do controle motor do sistema músculo-esquelético. O examinador avalia a simetria e 
a assimetria da forma e da função, tendo em mente que a assimetria é a regra e que a 
função simétrica é a meta de qualquer tratamento.
 I representa o sistema Imunológico e a resposta do paciente ao estresse. O 
sistema imunológico do paciente é altamente complexo e responde a muitos fatores, 
começando pelo estado de saúde geral do paciente e pela resposta a estressores no 
ambiente interno e externo. Alterações na função imunológica, particularmente 
associada a condições reumatológicas, influenciam fortemente o sistema músculo-
esquelético e sua resposta ao estresse e às intervenções do tratamento.
 N representa a função Neurológica alterada. O sistema nervoso central é 
altamente complexo e está sujeito a alterações funcionais e patológicas. A avaliação 
da função do sistema nervoso do paciente por exame neurológico tradicional ajuda 
na diferenciação de patologias funcionais e de patologias orgânicas do sistema 
nervoso central. Há muitas outras considerações neurológicas, entre as quais a 
avaliação da função do sistema nervoso autônomo. Será que existem alterações 
palpáveis no sistema músculo-esquelético capazes de refletir alteração no equilíbrio 
e no tônus do sistema nervoso autônomo? As respostas do sistema nervoso são 
influenciadas pelo estilo de vida do paciente e por seu estado emocional. Como parte 
da resposta neurológica, o terapeuta clínico está interessado no comportamento 
nociceptivo do paciente. A resposta do paciente à dor, o comportamento da dor e seu 
estilo de vida influenciam sua resposta ao episódio nociceptivo. O estado nutricional 
do paciente tem grande influência sobre seu sistema nervoso. Nutrição deficiente, 
especialmente inadequação das vitaminas do complexo B, resulta em função
anormal do sistema nervoso. O estado nutricional, juntamente com o uso de álcool, 
desequilíbrio na qualidade hídrica, tabaco, drogas e medicações prescritas, afetam 
profundamente a resposta do sistema nervoso do paciente.
 A avaliação do paciente utilizando o sistema de li¬beração miofascial deve ser 
encarada a partir de uma perspectiva integrativa total. É preciso ter todos esses 
fatores em mente ao avaliar o paciente e ao praticar a intervenção terapêutica.
CONCEITOS DO TRATAMENTO DE SOLTURA MIOFASCIAL
 Ward cunhou outra mnemônica para descrever os princípios do tratamento de 
liberação miofascial: P D E (T) .
 P D E significam ponto de entrada no sistema músculo-esquelético. A entrada 
pode se dar a partir de qualquer ponto do sistema músculo-esquelético: pela 
extremidade inferior, pela extremidade superior, pela caixa torácica, pelo abdome e 
pelo complexo vertebral da articulação craniocervical à pelve.
 (T) representa . Tração e torção são apenas duas das tração e torção
aplicações de carga que auxiliam no diagnóstico do processo de tratamento. A tração 
produz alongamento no sentido do eixo longo dos elementos miofasciais, que se 
encontram curtos e retesados. O alongamento deve ser sempre aplicado no eixo 
longo, e não no sentido transversal dos elementos miofasciais. A força de torção 
oferece a oportunidade de localizar a tração, não apenas no ponto de contato com o 
paciente, mas também em pontos situados a alguma distância dele. São também
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aplicadas forças compressivas e de cisalhamento para localizar diferentes níveis do 
sistema miofascial e para fornecer diferentes cargas. O terapeuta clínico deve 
desenvolver a habilidade de perceber (sentir=ouvir com a mão) as alterações que se 
manifestem tanto localmente, no ponto de contato, quanto a alguma distância dele. 
Por exemplo, ao segurar a extremidade inferior perto do tornozelo, o terapeuta 
clínico deve tentar sentir a extremidade, joelho, coxa, quadril, articulação sacroilíaca 
e coluna vertebral, procurando novas alterações que ocorrem em cada nível. Tudo 
isso deve ser percebido a partir do ponto de contato no tornozelo. Essa habilidade 
requer concentração, prática e uma apreciação dos aspectos tridimensionais da 
Tensegridade do sistema músculo-esquelético. Leva-se anos...
 O processo do tratamento inclui avaliação do retesamento e da frouxidão de 
todo o sistema e a aplicação de forças, tanto em barreiras diretas quanto indiretas, 
buscando o fenômeno da liberação. O retesamento e a frouxidão podem ser 
diferentes entre as camadas superficiais e profundas do sistema músculo-
esquelético. Frequentemente se encontra um retesamento nas camadas superficiais 
revestindo uma frouxidão nas estruturas mais profundas que envolvem os elementos 
articulares. Essa pode ser uma forma de compensação encontrada pela natureza, 
mas o retesamento superficial e a frouxidão de nível profundo devem ser 
devidamente abordados, para que o resultado seja uma função mais simétrica em 
todo o sistema.
 A atividade do paciente durante o processo de tra¬tamento pode ajudar na 
consecução da meta terapêutica. Esses intensificadores são a contração muscular, 
o movimento articular das extremidades superior e inferior, a respiração e o
movimento dos olhos. Qualquer atividade que aumente o processamento do sistema 
nervoso central parece promover a eficácia das forças das cargas aplicadas pelo 
terapeuta clínico. Podem ser utilizados um ou mais intensificadores em todo o 
processo de tratamento.
 Depois de serem tratados por essas técnicas, os pacientes recebem 
exercícios específicos, que são individualizados para seus problemas. O exercício 
de alongamento mantém o comprimento que foi acrescentado aos tecidos retesados 
e o exercíciode fortalecimento restaura a capacidade funcional dos músculos 
inibidos mais fracos. No tratamento de desequilíbrio muscular, alongue primeiro os 
grupos musculares retesados curtos e continue com exercício de fortalecimento para 
os grupos musculares frouxos mais fracos. Os programas de exercícios devem 
também realçar a função integradora do equilíbrio muscular. Exercícios vigorosos, 
tais como correr, saltar e escalar tem como objetivo recupera a força. Exercícios 
sincronizados como caminhar, nadar, pedalar, dançar, etc., também podem ser 
adotados. O objetivo é: recuperar e manter a mobilidade, mas também ativar a 
coordenação muscular.
 Esses procedimentos são mais do que biomecânicos e neurorreflexivos. Eles 
visam o paciente como um todo. Questões de saúde geral, como estilo de vida, 
mecanismos de enfrentamento, uso comedido de álcool e de medicamentos em 
geral, abandono do fumo, nutrição balanceada e controle do peso são pontos que 
precisam ser atacados paralelamente ao programa de tratamento por Liberação 
Fascial.
EXERCÍCIOS DE PALPAÇÃO
 Os procedimentos de Liberação Miofascial (soltura) requerem sensibilidade e 
habilidade natural na palpação do sistema músculoesquelético que permita perceber 
mais do que um osso se movendo sobre o outro. É preciso aprender a "ler os tecidos" 
e sentir seu retesamento-frouxidão e sua motilidade, além de anormalidades do tipo 
maciço-macio, frio-quente, liso-áspero, na textura do tecido mole, mencionadas 
como facilmente perceptíveis.
 É preciso desenvolver a sensibilidade para perceber os tecidos do paciente. 
Tanto no ponto de contato quanto a alguma distância dele. Há muitos exercícios na 
palpação que podem ser úteis e os relatados a seguir são apenas alguns deles. 
 Junte as pontas dos cinco dedos sem deixar as mãos se encostarem. Aplique 
força de uma mão contra a outra e depois inverta. Procure sentir o que acontece com 
a mão que gera a força e a que recebe a força. Há diferenças entre um lado e o outro? 
Tome agora uma mão e toque com as pontas dos dedos a superfície volar dos dedos 
e palmas, primeiro de leve e depois com mais pressão. Repita usando a outra mão 
como mão motora. Perceba a diferença na sensibilidade do toque feito com os dedos 
da mão motora. Para sentir com mais precisão o que acontece com o paciente, o 
profissional precisa ter consciência de suas próprias habilidades e sensações 
palpatórias e de como percebe o próprio corpo.
 Junte as mãos, entrelaçando todos os dedos. Você verá que a segunda 
articulação metacarpofalângica, direita ou esquerda, ficará em cima. Agora inverta a
posição, de modo que a outra articulação metacarpofalângica fique em cima. 
Perceba a diferença: uma posição parece mais confortável que a outra, e a menos 
confortável parece mais apertada.
 Estique os braços à sua frente, cruzando-os na altura do punho e pronando as 
duas mãos até as superfícies palmares se encontrarem. Entrelace os dedos e leve os 
braços esticados acima da cabeça. Como se fosse tocar o teto, sinta a diferença de 
tensão entre os lados direito e esquerdo do seu corpo. Volte à posição inicial, inverta 
o cruzamento dos punhos e repita o procedimento. Mais uma vez, observe a 
diferença de tensão de um lado para o outro e a diferença introduzida pelo 
cruzamento alternado dos punhos.
 Trabalhando com um parceiro como paciente, volte ao exercício do antebraço. 
Desta vez, comece com sua mão palpadora a alguma distância do antebraço e, 
lentamente, avance em direção ao antebraço, até começar a sentir energia radiante 
emanando do paciente, normalmente sentida como calor. Repita o procedimento 
várias vezes com os olhos fechados para ver se consegue parar sempre no ponto em 
que você começa a perceber a sensação, e se a distância de sua mão palpadora ao 
antebraço conserva-se igual. Continue a aproximar-se do antebraço até palpar 
apenas o pêlo superficial, para cima e para baixo pelo antebraço, tentando sentir o 
que está acontecendo sob sua mão. Veja se consegue identificar diferenças no 
antebraço proximal, no antebraço distal, punho e mão. Coloque a mão em contato 
com a pele e concentre-se, procurando não aplicar nenhum movimento, mas 
tentando perceber o movimento inerte dos tecidos do paciente sob sua mão. Deve 
levar alguns segundos ou minutos para que você comece a sentir um movimento
oscilatório involuntario ao antebraço.
 Quando você achar que domina a habilidade de aplicar pressão sem aplicar 
movimento, e a de sentir o movimento inerte ao interior do paciente, coloque a palma 
da mão em contato com o osso do sacro. Faça-o tanto em posição decúbito dorçal 
quanto ventral. O contorno do sacro encaixa-se perfeitamente sob a palma da mão. 
Na posição em decúbito ventral, é necessário, às vezes, usar uma força compressiva 
leve para começar a sentir o movimento inerte do sacro. Em decúbito dorçal, o peso 
do corpo do paciente sobre sua mão é suficiente para iniciar o movimento sacral. 
Tente seguir o sacro nas direções em que ele deseja se movimentar. Não tente dirigi-
lo. Qual é o ritmo, amplitude e direção do sacro se movimentando no espaço? 
Quando conseguir identificar o movimento inerte do tecido mole e do osso, você 
saberá que está no caminho certo para começar a dominar a técnica de liberação 
miofascial.
EXEMPLOS DE TÉCNICA DE LIBERAÇÃO MIOFASCIAL
 Existe ampla variedade de técnicas de liberação miofascial utilizadas por 
muitos profissionais. Elas são altamente individualizadas, de acordo com a 
habilidade do terapeuta clínico e com as necessidades do paciente. Os exemplos 
dados a seguir são, dentre aqueles ensinados por Ward, os que se mostraram mais 
eficazes.
CONCLUSÃO
 As técnicas de liberação ou soltura miofascial empregam ação direta e 
indireta, com forças ativadoras que tanto podem ser extrínsecas quanto intrínsecas. 
Elas influenciam a biomecânica do sistema músculo-esquelético e os reflexos que 
direcionam, integram e modificam o movimento. A meta é restaurar o equilíbrio 
funcional de todos os tecidos conectivos do sistema músculo-esquelético. As 
técnicas são profícuas em condições agudas, subagudas e crônicas, com problemas 
simples e complexos, podendo ser aplicadas com o paciente em diferentes posições. 
Normalmente consistem na colocação simétrica das mãos do terapeuta clínico 
sobre o paciente e aplicação de alguma força de torção para engajar os tecidos; 
depois as mãos prosseguem, direta ou indiretamente, ao longo de planos fasciais, 
procurando perceber áreas de retesamento e frouxidão. Aplica-se então tração 
sobre a área retesada e aguarda-se a sensação de soltura ou liberação. Supõe-se 
que isso se dê após a inibição eferente neural reflexa e a histerese biomecânica que 
ocorre no interior dos tecidos. As técnicas são altamente individualizadas em função 
das necessidades do paciente; da capacitação,do treinamento e da experiência 
clinica do terapeuta.
 Obs.1 É extremamente difícil ensinar a SENTIR. É impossível de ser 
aprendida em livros, textos, artigos . Marcel Bienfait (1980)
 Obs.2 Há consenso geral que existe diferença entre terapeuta clínico 
(executor) e terapeuta pesquisador (observador), opiniões muitas vezes, claramente 
contraditórias. Bharangha Ihngruda(2005)
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