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GUIA DE UTILIZAÇÃO MIOSTAB NA FISIOTERAPIA PÉLVICA Introdução O que é biofeedback? Quais os benefícios do biofeedback? Biofeedback na Fisioterapia Pélvica Esquemático do Biofeedback Reeducação da Musculatura Perineal Sinergismo dos MAP com outros grupos musculares Postura e Assoalho Pélvico Sobre o Miostab Indicação Benefícios Onde comprar? Embasamento Teórico-Científico Avaliação da Estabilidade Estática 1. Músculos Transverso Abdominal e Oblíquo Interno 4 7 10 13 14 15 19 22 25 27 28 31 32 37 38 ......................................................................................................................................................... ........................................................................................................................................ ................................................................................................................ ................................................................................................................. ....................................................................................................................... ............................................................................................................... ....................................................................................... ............................................................................................................................... ................................................................................................................................................ ...................................................................................................................................................... ..................................................................................................................................................... ............................................................................................................................................. .................................................................................................................. .................................................................................................................... ................................................................................. Em decúbito ventral Em decúbito dorsal Avaliação da Estabilidade Dinâmica 1. Músculos Transverso Abdominal, Oblíquo Interno e Multífidos Lombares Evolução do Teste - Resistência com Elástico Avaliação de Força Avaliação de Resistência Exercícios 1.Músculos Transverso Abdominal Decúbito Dorsal Sedestação Em pé Conclusão Sobre a Miotec Referências 38 41 43 44 46 47 47 48 49 51 54 56 58 60 61 ...................................................................................................................................... ....................................................................................................................................... ................................................................................................................. .............................................. ........................................................................................ ............................................................................................................................................ .................................................................................................................................. .......................................................................................................................................................... ............................................................................................................... ....................................................................................................................................... ............................................................................................................................................. ...................................................................................................................................................... .......................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................. ....................................................................................................................................................... INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO 5 A Fisioterapia Pélvica – Uroginecologia Funcional, reconhecida mundialmente, envolve o estudo, prevenção e tratamento dos distúrbios cinético-funcionais intercorrentes na pelve humana, incluindo os ossos, articulações, órgãos pélvicos juntamente com o assoalho muscular e fáscias. O conjunto destas estruturas é responsável pelas funções urinárias, fecal e sexual humana, além de parte da função obstétrica. O MioStab é uma unidade pressórica de biofeedback (UPB) e consiste num equipamento prático e de fácil manuseio, que pode contribuir de modo a complementar as avaliações e terapias utilizadas na prática clínica. É utilizado para quantificar alterações na pressão em uma bolsa inelástica, posicionada entre o abdômen e a maca, durante a contração abdominal. 6 INTRODUÇÃO Este Guia de Utilização, além das informações e norteamentos acerca do uso em avaliações e em exercícios destinados a melhorar a estabilidade da região lombopélvica, enfatiza a importância da correlação entre os Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) e o Músculo Transverso Abdominal, seja com o objetivo do ganho de consc iênc ia ou a té mesmo como um instrumento de otimização para o ganho de funcionalidade dos MAP. O QUE É BIOFEEDBACK? 8 Os estímulos do corpo humano são controlados pelo cérebro sem que tenhamos a necessidade de acompanhar esse processo. Funções básicas e ao mesmo tempo essenciais — como as batidas do coração e a respiração — acontecem o tempo todo, independentemente de alguém pensar ou tomar consciência delas. Quem é da área da saúde sabe que todas essas ações são possíveis graças à existência do sistema nervoso autônomo. Ainda assim, já existem técnicas de treinamento e aprendizagem que permitem ao homem controlar e conduzir estímulos específicos do organismo. É basicamente isso que o método biofeedback propõe. O QUE É BIOFEEDBACK? 9 O QUE É BIOFEEDBACK? Utilizado por especialistas das mais diversas áreas, o biofeedback consiste em uma técnica de tratamento que estimula pessoas a melhorarem sua capacidade de autorregulação a partir de sinais enviados pelo próprio corpo. A coleta de dados nesse método é feito com o auxílio de equipamentos de alta tecnologia, capazes de processar informações e até mesmo armazená-las para análise posterior. Na fisioterapia, o biofeedback ganha destaque como ferramenta de complemento de diversos processos, desde a elaboração de diagnósticos até a aplicação de tratamentos. A técnica permite que um paciente entenda melhor o desempenho do próprio organismo e saiba precisamente onde deve focar esforços para alcançar seus objetivos. 10 A terapia do biofeedback traz benefícios tanto para pacientes que precisam tratar doenças quanto para atletas que querem atingir o nível máximo de performance. Por utilizar equipamentos de última geração, esse método oferece ao fisioterapeuta dados mais precisos sobre o corpo e comportamento de determinado paciente. A aplicação do biofeedback é valiosa para a captação de dados como temperatura corporal, frequência cardíaca, funções musculares, pressão sanguínea e funcionamento do estômago, bexiga e intestinos. O apoio contínuo do equipamento é que permitirá transformar todos esses dados em informações perceptíveis e passíveis de controle. A partir do conhecimento detalhado das funções que ocorrem no próprio organismo, os pacientes aprendem a controlar as respostas que serão dadas a cada sinal. Tal processo é fundamental para prevenir ou eliminar doenças, bem como incentivar o esforço contínuo para a reabilitação física. QUAIS OS BENEFÍCIOS DO BIOFEEDBACK? O QUE É BIOFEEDBACK? 11 Veja abaixo os benefícios que tornam a terapia de biofeedback interessante para todo o campo da fisioterapia, para o profissional da área e seus pacientes: • Não é um procedimento medicamentoso; É um tratamento indolor e relativamente rápido;• Auxilia o processo de reabilitação motora e funcional;• É um método motivador e que incentiva a partir do sucesso;• Fornece uma fonte valiosa de informação terapêutica e diagnóstica;• Permite a documentação de todos os dados captados, incluindo as mudanças fisiológicas • que ocorrem entre as sessões ao longo do tempo; Facilita a aceitação de terapias para pessoas que costumam resistir a outros métodos de tratamento;• O QUE É BIOFEEDBACK? Promove a superação e avanços terapêuticos com pouco ou nenhum efeito colateral para boa parte• dos pacientes atendidos. 12 O QUE É BIOFEEDBACK? Cabe destacar que o biofeedback não deve ser visto como um substituto da fisioterapia c láss ica , e s im como fe r ramenta complementar para o bom resultado dos tratamentos realizados nas clínicas. 13 A maior dificuldade do treino dos Músculos do Assoalho Pélvico – MAP é fazer com que o paciente perceba o exercício que está fazendo: se está contraindo a musculatura certa, se está contraindo com força suficiente. O jeito mais moderno e eficiente de se ensinar essa contração é utilizando um dispositivo tecnológico chamado de biofeedback. O biofeedback consiste em um equipamento que seja capaz de fornecer uma resposta visual e/ou sonora durante o exercício permitindo que o paciente perceba e tenha consciência do seu corpo e musculatura. Para pacientes que têm pouca ou nenhuma “sensação” da musculatura do assoalho pélvico, o biofeedback pode ser uma das melhores escolhas de tratamento para o paciente primeiramente identificar a musculatura correta que deve ser ativada durante o exercício. BIOFEEDBACK NA FISIOTERAPIA PÉLVICA O QUE É BIOFEEDBACK? O terapeuta configura o Miostab necessário para a reabilitação do paciente. O equipamento faz a captação dos sinais biológicos do paciente, enviando o biofeedback visual e sonoro para o paciente e o terapeuta. O paciente é motivado pelo terapeuta e pelo equipamento. 14 O biofeedback consiste na interação de paciente, terapeuta e equipamento conforme esquemático abaixo: ESQUEMÁTICO DO BIOFEEDBACK O QUE É BIOFEEDBACK? REEDUCAÇÃO DA MUSCULATURA PERINEAL 16 REEDUCAÇÃO DA MUSCULATURA PERINEAL As disfunções do assoalho pélvico consistem em uma ampla gama de problemas que surgem quando a musculatura do assoalho pélv ico não funciona adequadamente.Para que os músculos funcionem adequadamente é necessário: • Força (capacidade de apertar); • Resistência (capacidade de segurar este aperto por um bom tempo); • Explosão (capacidade de contrair e relaxar rápido); • Coordenação motora (capacidade de contrair de jeitos diferentes); • Propriocepção (capacidade de sentir a sua própria Musculatura do Assoalho Pélvico – MAP relaxada e se movendo). 17 REEDUCAÇÃO DA MUSCULATURA PERINEAL A reeducação dos músculos do assoalho pélvico pode tratar as disfunções e acabar com os incômodos. Vários recursos podem ser utilizados para isso. Entre eles, estão exercícios de fortalecimento para que os músculos do assoalho pélvico voltem a funcionar bem. Quando feitos regularmente, os exercícios para assoalho pélvico ajudam a prevenir a incontinência urinária e o prolapso . Pensava-se que bastava treinar os músculos do assoalho pélvico – MAP para reabilitar o paciente, mas pesquisas recentes tem apontado para uma relação sinérgica entre a musculatura pélvica e abdominal (Abdomino-Pélvica). 18 REEDUCAÇÃO DA MUSCULATURA PERINEAL A atividade sinérgica entre os MAP e os abdominais possibilita o desenvolvimento de uma pressão de fechamento adequada e importante para manter a continência urinária e fecal. Alguns estudos demonstram que, durante a contração voluntária dos MAP, ocorre uma co-ativação dos músculos transversos abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo e reto abdominal, ocasionando um aumento da pressão esfincteriana. SINERGISMO DOS MAP COM OUTROS GRUPOS MUSCULARES 20 SINERGISMO DOS MAP COM OUTROS GRUPOS MUSCULARES A atividade biomecânica dos músculos do assoalho pélvico é bastante complexa, pois em muitos movimentos age sinergicamente devido às suas comunicações pelas fáscias musculares. É o caso do músculo transverso do abdome, que se comunica com o assoalho pélvico por meio de sua fáscia e que, quando solicitado, realiza estabilização do tronco em movimentos diversos e recruta os MAP para auxiliar na manutenção desta postura. Foi comprovado ainda que mulheres com disfunções possuem fraqueza dos MAP e dissinergia entre a contração dos músculos abdominais e dos MAP, com tempo diferente de ativação destes músculos durante os aumentos de pressão intra-abdominal. 21 SINERGISMO DOS MAP COM OUTROS GRUPOS MUSCULARES Neste sentido, o Miostab pode ser um excelente equipamento de biofeedback pressórico para auxiliar na avaliação e fortalecimento dos músculos abdominais, por apresentar baixo custo. Também pode ser utilizado junto com a eletromiografia e o biofeedback eletromiográfico. POSTURA E ASSOALHO PÉLVICO 23 POSTURA E ASSOALHO PÉLVICO O desequilíbrio pélvico em anteversão e conseqüente aumento da lordose lombar vão desencadear um maior tensionamento e distensão perineal, podendo prejudicar sua funcionalidade. Assim, os desequilíbrios pélvicos podem levar a um déficit muscular da musculatura perineal e colaborar, negativamente, para a continência, já que o mecanismo esfincteriano estará prejudicado. A abordagem fisioterapêutica visa a uma rearmonização postural para correção da estática pélvica e um fortalecimento dos componentes esfincterianos, para um aumento do tônus e uma correta transmissão das pressões intra-abdominais, que refletirão no mecanismo da continência, tendo em vista que uma má postura da pelve pode influenciar a funcionalidade dos músculos do assoalho pélvico e refletir nesse conjunto de sustentação. 24 POSTURA E ASSOALHO PÉLVICO As estruturas ósseas da pelve, interligadas por fibras musculares lisas dos ligamentos e pelas condensações das fáscias, juntamente com a musculatura do assoalho pélvico, vão sustentar a bexiga e a uretra, fechando a pelve e apoiando as vísceras em posição vertical. Esse suporte anatômico da junção uretrovesical é o responsável pela manutenção da posição intra-abdominal do colo vesical e, portanto, responsável pela continência. Esse conjunto vai permitir uma constante manutenção do tônus e contração muscular frente ao aumento súbito da pressão abdominal. A manutenção de uma postura correta da região pélvica, ou seja, uma pelve estaticamente equilibrada nos planos frontal, sagital e horizontal, torna-se um fator de contribuição para a continência nas situações de aumento da pressão abdominal, pois favorecerá que essa pressão seja igualmente transmitida à bexiga e à uretra proximal, mantendo, assim, a pressão uretral máxima maior que a vesical. Além disso, uma pelve em retroversão levará o músculo levantador do ânus a um constante estado de contração, uma vez que os movimentos de retroversão pélvica e verticalização do sacro têm início na região do períneo. SOBRE O MIOSTAB 26 O MioStab é uma unidade pressórica de biofeedback (UPB) e consiste num equipamento prático e de fácil manuseio, que pode contribuir de modo a complementar as avaliações e terapias utilizadas na prática clínica. Consiste de uma bolsa de pressão que deve ser colocada entre a região do corpo que será monitorada e uma superfície rígida e fixa (maca, cadeira com encosto, parede). A bolsa é conectada a um esfigmomanômetro que registra alterações de pressão na bolsa. É utilizada como um feedback extrínseco tátil, tal como a palpação, por meio do contato da bolsa de pressão com a pele; visual, por meio da observação do manômetro (ou sensor de pressão) do aparelho; e verbal, por meio do comando do avaliador. Mais detalhes sobre o equipamento podem ser encontrados no Manual de Usuário. Este Guia contempla informações direcionadas à aplicação na fisioterapia pélvica. SOBRE O MIOSTAB 27 O Miostab possui várias indicações dentro da fisioterapia pélvica: • Para mulheres que não tenham boa consciência da musculatura do assoalho pélvico; • Para mulheres que apresentam grau de força muscular baixa; • Para pacientes que já tem contração da musculatura do assoalho pélvico, mas que gostariam de ganhar mais agilidade e ação reflexa, para se sentir mais preparada a realizar a contração em outras tarefas como: corrida, caminhada, exercícios na academia; • Pode ser indicado para mulheres com vários perfis de consciência, força e funcionalidade da musculatura; • Indicação associada a um tratamento localizado : eletroestimulação, biofeedback de EMG, técnicas de conscientização e treino domiciliar com o Miostab. SOBRE O MIOSTAB INDICAÇÃO • Trabalha a co-contração entre o Transverso Abdominal e músculos do assoalho pélvico; • Fácil manuseio e orientação; • Paciente se motiva e pode fazer em casa; 28 O uso do Miostab no tratamento das disfunções do assoalho pélvico apresenta vários benefícios como: SOBRE O MIOSTAB BENEFÍCIOS 29 Para o Paciente: • Aumentar a consciência da atividade psicofisiológica, reação e recuperação da estimulação; • Aumentar auto-eficácia e confiança na sua capacidade de auto-regulação psicofisiológica; • Aprender a usar o relacionamento entre pensamento, comportamento e funcionamento fisiológico; • Desenvolver auto-regulação psico-fisiológica geralmente não aprendida sem esta informação, tornando a aprendizagem destes procedimentos mais rápida; • Fornecimento de uma terapia não farmacológica, segura e eficaz. SOBRE O MIOSTAB 30 Para o Terapeuta: • Fonte valorosa de diagnóstico e informação terapêutica; • Velocidade e a continuidade com que a informação é fornecida ao terapeuta e ao paciente; • Avaliação e documentação de mudanças psico-fisiológicas durante a sessão e o tratamento; • Aumentar o interesse e a confiança profissional para promover terapias auto-regulatórias psico- fisiológicas; • Quantificar indiretamente os resultados da atividade muscular;. • Fornecer ao terapeuta indicativos da função e disfunção muscular; • Calibrar a resposta do paciente mediante a instrução verbal do terapeuta; • Observar se o paciente atingiu o objetivo, mediante a visualização do manômetro. SOBRE O MIOSTAB O Miostab é vendido exclusivamente na Loja Virtual da Miotec. O produto é enviado via Correios na modalidade PAC ou Sedex para todo o Brasil. SOBRE O MIOSTAB 31 ONDE COMPRAR Comprar aqui! EMBASAMENTO TEÓRICO-CIENTÍFICO 33 EMBASAMENTO TEÓRICO-CIENTÍFICO O sistema de músculos profundos na região lombopélvica é diretamente responsável pela estabilização dos segmentos vertebrais e das articulações sacroilíacas, O assoalho pélvico é um conjunto de estruturas que se encontram entre o peritônio parietal e a vulva, como os esfincteres estriados uretral e anal, e o diafragma pélvico, composto principalmente pelo músculo levantador do ânus (Ashton-Miller et al, 2007; Madill et al, 2007). Essas estruturas são responsáveis pelo suporte e correto posicionamento dos órgãos pélvicos, evitando manifestações clínicas como prolapso e disfunções miccionais, além da manutenção da continência urinária e continência fecal (Lien et al, 2004). O músculo levantador do ânus é formado pelos músculos pubococcigeo, iliococcigeo e puborretal, originando-se do suporte do osso púbico e contornando o hiato do levantador do ânus. O hiato é um espaço oval longitudinal pelo qual passam, anteriormente, a vagina e a uretra, e posteriormente o reto, sendo considerado o ponto frágil do assoalho pélvico (Ashton-Miller et al, 2007). 34 EMBASAMENTO TEÓRICO-CIENTÍFICO Os músculos do assoalho pélvico (MAP) compõem-se por cerca de 70% de fibras do tipo I e 30% do tipo II. As primeiras são responsáveis por manter o tônus muscular, possuem capacidade de contração lenta e de suportar longos períodos de solicitação sem sofrer fadiga. As últimas são fatigáveis, responsáveis pelas contrações rápidas em resposta aos aumentos súbitos de pressão intrabdominal que acontecem nas situações de tosse ou esforço repentino (Bourcier et al, 1999). A ação sinérgica que pode ocorrer de maneira reflexa e/ou voluntária entre os músculos abdominais e o assoalho pélvico é o que faz com que ocorra à contração do músculo transverso abdominal, durante o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (Sapsford et al, 2001). Juginger et al (2010) demostraram, por meio de ultrassonografia perineal e eletromiografia de superfície, que além da ativação dos MAP, há elevação do colo vesical durante a contração do músculo transverso abdominal. O músculo transverso abdominal se estende das laterais da pelve e está fixado nas costelas inferiores, processos transversos das vértebras lombares e crista ilíaca, sendo o músculo mais profundo dos músculos abdominais (Netter, 1995). 35 EMBASAMENTO TEÓRICO-CIENTÍFICO Observou-se por meio da ultrassonografia que, durante a contração correta e vigorosa do músculo levantador do ânus, ocorre a contração da parte inferior do abdomem (Bo et al, 2009). Ocorre uma co-contração do músculo transverso abdominal durante a contração dos MAP. Porém, a co-contração dos MAP quando ocorre a ativação dos músculos abdominais, pode estar ausente, diminuída ou fraca em pacientes com disfunção do assoalho pélvico (Madill et al, 2007). Com base nas informações citadas acima, recomenda-se realizar uma avaliação dos MAP antes de iniciar o treino com o Miostab, e até mesmo, trabalhar a conscientização dessa musculatura. Os MAP pertencem a linha profunda anterior (LPA), ela compreende o núcleo miofascial do corpo. A LPA desempenha uma importante função no suporte do corpo. Suspendendo arco plantar interno, estabilizando cada segmento das pernas, suportando a coluna lombar na sua parte anterior, estabilizando o tórax enquanto permite expansão e relaxamento da respiração, equilibrando pescoço e a cabeça. A falta de suporte, equilíbrio e tônus na LPA, produzirá um encurtamento geral no corpo, levando um colapso na pelve e na coluna vertebral e provocando ajustes compensatórios negativos em todas as outras linhas. 36 EMBASAMENTO TEÓRICO-CIENTÍFICO Não há movimento que seja estritamente responsabilidade da LPA exceto a adução do quadril e também não há movimento que não sofra sua influência. A LPA está, quase em todo o lugar, envolta ou coberta por outra miofascia, que duplica a ação exercida pelos músculos da LPA. A miofascia da LPA está fusionada com fibras de contração lenta, fibras musculares de resistência, refletindo o papel que a LPA desempenha em proporcionar estabilidade e mudanças sutis de posição para a estrutura central. Sendo assim, podemos indicar o Miostab como estratégia de tratamento para indivíduos com necessidade de melhora na conscientização, bem como, para fortalecimento e agilidade dessa musculatura. Entretanto, cabe salientar que a evidência atual de reprodutibilidade e validade de medições realizadas a partir da UPB é limitada (Lima et al., 2011). Ainda, a UPB pode também ser utilizada como um feedback extrínseco tátil, tal como a palpação, por meio do contato da bolsa de pressão com a pele; visual, por meio da observação do manômetro (ou sensor de pressão) do aparelho; e verbal, por meio do comando do avaliador (Siqueira; Silva, 2011), sendo, portanto, indicado seu uso em protocolos de tratamento de pacientes com história de instabilidade vertebral e dor lombar e disfunções dos músculos do assolho pélvico. AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ESTÁTICA 38 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ESTÁTICA O paciente deve ser posicionado em decúbito ventral, com pés para fora da maca e testa apoiada nos braços. Alguns estudos sugerem que os braços sejam posicionados ao longo do corpo, com a cabeça virada para um dos lados (Alvarenga et al, 2014). Ressalta-se que o avaliador deve adotar sempre o mesmo procedimento em todas as avaliações, e que a opção por uma ou outra posição de braços seja baseada na condição física do paciente. A bolsa de pressão deve ser inflada e colocada de forma horizontal e centralizada na região estabelecida entre as últimas costelas (limite superior próximo a região umbilical) e as espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS). A bolsa de pressão deve ser inflada até 70 mm/Hg para iniciar o teste, esse valor deve ser ajustado e verificado após o correto posicionamento do paciente e solicitação de um ciclo respiratório profundo (inspiração e expiração) (Lima et al, 2012). 1. Músculos Transverso Abdominal e Oblíquo Interno Em decúbito ventral: 39 Para realização do teste, o avaliador deve proceder solicitando ao paciente que respire normalmente e ao expirar contraia a musculatura abdominal inferior e os MAP, puxando a parede abdominal para dentro e para cima levando o umbigo em direção à coluna, tentando retirar o contato com a bolsa de pressão (Siqueira et al, 2014). Ao realizar a contração, o avaliador deve observar o surgimento de movimentos compensatórios, principalmente relacionados a região torácica e lombo-pélvica (rotação da pelve, aumento da lordose lombar, elevação dos ombros ou expansão torácica superior). A pressão, controlada visualmente pelo avaliador, deve diminuir no mínimo 4 a 10 mm/Hg, sendo 4 mm/Hg já considerada como a execução do teste com sucesso (Lima et al, 2012). O registro do valor pressórico obtido no teste deve ser o pico pressórico mínimo obtido com a contração mantida por no mínimo 10 segundos (Gong, 2013; Lee et al, 2015), ou ainda, podem ser solicitadas três contrações durante a expiração, mantidas por 10 segundos e registrado o valor médio obtido com base no pico de pressão (Alvarenga et al, 2014; Puppin et al, 2014). AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ESTÁTICA 40 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ESTÁTICA 41 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ESTÁTICA Outra possibilidade avaliativa é com o paciente posicionado em decúbito dorsal, com quadris e joelhos flexionados, e pés apoiados na maca (Park; Lee, 2013). A bolsa de pressão inflada e colocada de forma horizontal e centralizada na região estabelecida entre as últimas costelas e as espinhas ilíacas póstero-superiores (EIPS). A bolsa de pressão deve ser inflada até 40 mm/Hg para iniciar o teste, esse valor deve ser ajustado e verificado após o correto posicionamento do paciente. Para realização do teste, o avaliador deve proceder solicitando ao paciente que respire normalmente e ao expirar contraia a musculatura do assoalho pélvico e abdominal, levando o umbigo em direção à coluna tentando apertar a bolsa de pressão. A pressão deve aumentar 10 mm/Hg após a instrução verbal "Iniciar" sendo mantida durante 5 segundos (Jung; Kim; Lee, 2014). Em decúbito dorsal: 42 O registro do valor pressórico obtido no teste deve ser o pico pressórico máximo obtido com a contração mantida por no mínimo 10 segundos (Gong, 2013; Lee et al, 2015), ou ainda, podem ser solicitadas três contrações durante a expiração, mantidas por 10 segundos e registrado o valor médio obtido com base no pico de pressão (Alvarenga et al, 2014; Puppin et al, 2014). AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ESTÁTICA AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DINÂMICA 44 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DINÂMICA O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, com braços ao longo do corpo, quadris e joelhos flexionados na largura dos quadris, e pés apoiados na maca. A bolsa de pressão inflada é colocada de forma horizontal e centralizada na região estabelecida entre as últimas costelas e as EIPS. A bolsa de pressão deve ser inflada até 40 mm/Hg para iniciar o teste, sendo que esse valor deve ser ajustado e verificado após o correto posicionamento do paciente. Opcionalmente, o teste pode ser iniciado também com 45 mm/Hg (Cho; Jeon, 2013), sendo importante que o parâmetro escolhido seja mantido em todas as reavaliações. Para realização do teste, o avaliador deve proceder solicitando ao paciente que respire normalmente e ao expirar realize a abdução de um dos quadris (queda de um dos membros inferiores em direção à maca) sem tirar o apoio dos pés da maca. Deve ser registrado o valor de mudança da pressão durante a abdução do quadril, e, em seguida, solicitada a volta para a posição original (Gong, 2013). 1. Músculos Transverso Abdominal, Oblíquo Interno e Multífidos Lombares: 45 AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DINÂMICA O registro do teste deve contemplar a capacidade de manutenção da pressão inicial durante o movimento do membro inferior. O resultado do teste é positivo para instabilidade dinâmica caso o paciente não consiga realizá-lo adequadamente. 46 Mesma posição citada anteriormente, porém é colocado ao redor dos joelhos uma faixa elástica que produza resistência e em seguida a bolsa de pressão deve ser inflada até 40 mm/Hg para iniciar o exercício. O fisioterapeuta deve proceder solicitando ao paciente que respire normalmente e ao expirar realize a abdução de um dos quadris (queda de um dos membros inferiores em direção à maca) sem tirar o apoio dos pés da maca e sem realizar a rotação do quadril. Deve ser registrado o valor de mudança da pressão durante a abdução do quadril, e, em seguida, solicitada a volta para a posição original. Evolução do Teste - Resistência com Elástico AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DINÂMICA 47 Devem ser adotados os mesmos posicionamentos e orientações iniciais descritas na avaliação da estabilidade, sendo mensurada através do tempo em que uma contração máxima voluntária do indivíduo é mantida, a partir de uma pressão de base de 80 mm/Hg (Gong, 2013). Avaliação de Força: Devem ser adotados os mesmos posicionamentos e orientações iniciais descritas na avaliação da estabilidade, sendo mensurada através do tempo durante o qual o paciente consiga manter uma pressão intermediária entre a pressão de base e a pressão da contração máxima voluntária. A resistência da musculatura flexora cervical profunda pode ser definida como o tempo máximo que o indivíduo pode manter "empurrando ou apertando" a bolsa de pressão com uma pressão superior a 50 mm/Hg (Kang, 2015). Avaliação de Resistência: AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DINÂMICA EXERCÍCIOS 49 Os exercícios a serem realizados com a UPB podem ser baseados inicialmente nos posicionamentos e orientações que são sugeridas nos testes de avaliação, de forma a familiarizar e ensinar o paciente de forma perceptiva a contração de musculaturas específicas, bem como o seu recrutamento e trabalho. Como sugestão, pode-se realizar o trabalho com contrações mantidas, ou seja, contrações isométricas sustentadas. A seguir estão descritos exercícios, por regiões musculares que podem ser treinadas com a UPB. O paciente deve ser posicionado em decúbito dorsal, com braços ao longo do corpo, quadris e joelhos flexionados, com os pés apoiados na maca e distantes entre si a largura dos quadris. A bolsa de pressão inflada é colocada de forma horizontal e centralizada na região estabelecida entre as últimas costelas e as espinhas ilíacas póstero- superiores (EIPS). A bolsa de pressão deve ser inflada até 40 mm/Hg para iniciar o exercício, sendo que esse valor deve ser ajustado e verificado após o correto posicionamento do indivíduo - pelve neutra. Para realização do exercício, o terapeuta deve proceder solicitando ao indivíduo que respire normalmente e ao expirar contraia a musculatura abdominal, levando o umbigo para dentro e para cima, e concomitantemente contraia a musculatura posterior do tronco e da musculatura do assoalho pélvico, sem mexer a pelve e mantendo o mesmo contato com o 1. Músculos Transverso Abdominal EXERCÍCIOS 50 EXERCÍCIOS equipamento (o exercício deve ser realizado sem oscilar a pressão no equipamento, inicialmente sendo permitido ao paciente olhar o manômetro e posteriormente evoluindo para controle apenas do terapeuta). Podem ser realizadas contrações isométricas sustentadas, partindo de 5 segundos e evoluindo progressivamente, com ou sem realização de séries e repetições (Mendes et al, 2011). 51 EXERCÍCIOS Conforme a progressão do paciente é possível dificultar a realização do exercício associando movimentos dos membros superiores (MS) e inferiores (MI) e com resistência no momento da expiração: Paciente em decúbito dorsal e rotação externa de ombro, realizando flexão e abdução de ombros com auxílio de faixa elástica, depois retornando à posição inicial: Decúbito Dorsal: 52 EXERCÍCIOS Paciente em decúbito dorsal com flexão de punho e dedos, adução e rotação interna de ombro, realizando extensão de dedos e punho, rotação externa e abdução de ombro (com ou sem a resistência da faixa): 53 EXERCÍCIOS Paciente em decúbito dorsal, realizando flexão de quadril e joelho unilateral ou bilateral: 54 Paciente sentado com as costas apoiadas em superfície plana, joelhos flexionados a 90º e pés apoiados no chão, realizando flexão de ombro contra a resistência da faixa elástica: Sedestação: EXERCÍCIOS 55 Paciente sentado com as costas apoiadas em superfície plana, joelhos flexionados a 90º e pés apoiados no chão, ombros flexionados a 90º realizando abdução de ombro contra a resistência: EXERCÍCIOS 56 Paciente em pé com as costas apoiadas em superfície plana, braços apoiados na parede e joelhos levemente flexionados, realizar flexão de quadril e joelho homolateral: Em pé: EXERCÍCIOS 57 Paciente em pé com as costas apoiadas em superfície plana, mão em posição de flexão de punho e dedos segurando uma resistência (bola), adução e rotação interna de ombro, realizando extensão de dedos e punho, rotação externa e abdução de ombro: EXERCÍCIOS CONCLUSÃO 59 O Miostab pode ser utilizado na avaliação e em exercícios destinados a melhorar a estabilidade da região lombopélvica sendo um equipamento de biofeedback importante quando envolve necessidade de monitoramento da correlação entre os Músculos do Assoalho Pélvico (MAP) e o Músculo Transverso Abdominal, seja com o objetivo do ganho de consciência ou até mesmo como um instrumento de otimização para o ganho de funcionalidade dos MAP. CONCLUSÃO A Miotec Equipamentos Biomédicos iniciou suas atividades em 2002 com a missão de entender as necessidades dos pacientes e de desenvolver soluções para dar suporte aos profissionais da área da saúde, para que eles tenham mecanismos mais eficientes a favor dos tratamentos feitos. Tendo como objetivo a melhoria das capacidades físicas e motoras daqueles que precisam de tratamentos fisioterapêuticos, a Miotec desenvolve diversos produtos para contribuir com a qualidade de vida dos pacientes. Para saber mais sobre a empresa e o que ela oferece, acesse o site e faça contato! 61 Ashton- Miller JA, Delancey JOL. Functional anatomy of the female pelvic floor. Ann NY Acad Sci. 2007; 1101: 266-96. Bo K, Braekken IH, Majuda M. Contriction of the levator hiatys during instruction of pelvic floor or transversus abdominins contraction: a 4D ultrasound study. Int Urogynecol J, 2009; 20: 27-32. Bourcier AP, Bonde B, Haab F. Functional assessment of pelvic floor muscle. 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D i s p o n í v e l e m : h t t p : / / w w w. r e p o s i t o r i o . u n i f e s p . b r / b i t s t r e a m / h a n d l e / 11 6 0 0 / 6 6 0 7 / S 1 8 0 9 - 29502011000300016.pdf?sequence=1&isAllowed=y Matheus, LM, Mazzari, CF, Mesquita, RA, & Oliveira, J. (2006). Influência dos exercícios perineais e dos cones vaginais, associados à correção postural, no tratamento da incontinência urinária feminina. Brazilian Journal of Physical Therapy, 10(4), 387-392. https://dx.doi.org/10.1590/S1413-35552006000400005 Manual de utilização do Miostab: estabilizador de coluna / Emanuelle Francine Detogni Schimit ...[et. al.] - Porto Alegre: Grupo de Investigação da Mecânica do Movimento, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança/UFRGS, 2015. 15 p.: il. Disponível em: http://www.miotec.com.br/pdf/Manual_MioStab_UFRGS.pdf REFERÊNCIAS 64 Suplemento do Manual – Disfunções dos Músculos do Assoalho Pélvico – elaborado por Laura DellaNegra, Luiza Torelli, Marcia Maria Gimenez, Thais Lucia Pinheiro. 2016. REFERÊNCIAS http://blog.miotec.com.br/descubra-como-o-uso-do-biofeedback-pode-impactar-no-tratamento-das-disfuncoes- do-assoalho-pelvico/ http://blog.miotec.com.br/4-dispositivos-de-biofeedback-que-aumentam-eficiencia-da-terapia-pelvica/ http://www.miotec.com.br/pdf/Manual_MioStab_Miotec.pdf http://inspirar.com.br/fisioterapiapelvica/o-portal/fisioterapia-pelvica/ http://perineo.net/conteudo/biofeedback.php http://www.infoescola.com/saude/disfuncao-do-assoalho-pelvico/ http://perineo.net/conteudo/exercicios-para-perineo.php http://cidadeverde.com/noticias/189930/voce-sabe-o-que-e-disfuncao-do-assoalho-pelvico-saiba-mais 1: Capa 2: Índice Page 3 4: Capa Introdução 5: introdução Texto 6: introdução parte 2 Page 7 8: O que é biofeedback 9: O que é biofeedback 2 10: Beneficios do buiofeedback Page 11 Page 12 13: biofeedback pélvica 14: Esquematico Page 15 16: Reeducação Page 17 Page 18 Page 19 20: sinergismo Page 21 Page 22 Page 23 24: Postura e Assoalho Pélvico 25: Sobre o miostab Page 26 Page 27 Page 28 Page 29 Page 30 Page 31 Page 32 Page 33 Page 34 Page 35 Page 36 Page 37 Page 38 Page 39 Page 40 Page 41 Page 42 Page 43 Page 44 Page 45 Page 46 Page 47 Page 48 Page 49 Page 50 Page 51 Page 52 Page 53 Page 54 Page 55 Page 56 Page 57 Page 58 Page 59 Page 60 Page 61 Page 62 Page 63 Page 64
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