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Tendências pedagógicas

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Tendências pedagógicas - Pedagogia Liberal e Progressista 
UNIDADE III
Conheça os dois grandes grupos das principais tendências pedagógicas para saber diferenciá-las com base em suas definições e origens, compreendendo como as tendências pedagógicas e a Filosofia da Educação interagem e influenciam o mundo em que vivemos.
Muito se discute sobre as tendências pedagógicas e, apesar dos variados pontos de vista e preferências, uma certeza é comum a todos: essas tendências e o próprio debate contínuo sobre elas são fundamentais para o desenvolvimento da Educação.
Afinal, é a partir deles que surgem valiosas ideias e contribuições para a construção de um trabalho mais eficaz nas escolas, sempre atualizado e inserido nas necessidades e anseios dos maiores interessados: os próprios alunos.
"A leitura do mundo precede a leitura da palavra."
Paulo Freire
 A participação direta dos educadores nesse debate pedagógico é extremamente importante, uma vez que eles vivem diariamente a realidade escolar e também serão responsáveis por eventuais mudanças. E é exatamente para guiar os rumos da prática educacional, exercida pelos professores, que existem as tendências pedagógicas. Atuando como uma bússola, elas indicam aos profissionais da educação qual direção seguir a cada momento diferente, a cada novo desafio que surge. Sempre tendo a excelência como norte, são as tendências pedagógicas que orientam os educadores pelos complexos caminhos do trabalho docente. 
Principais Tendências Pedagógicas
Podemos dividir as tendências pedagógicas entre dois grandes grupos principais tendo em vista aspectos econômicos e sociais (mas há outras classificações possíveis):
	LIBERAIS PROGRESSISTAS
De acordo com a pedagogia liberal, o papel fundamental da escola é tornar o indivíduo apto a exercer suas funções sociais futuras, que por sua vez devem estar de acordo com suas capacidades individuais. Assim, a pedagogia liberal não leva em conta as desigualdades sociais nesse processo. Há quatro tendências pedagógicas pertencentes ao grupo liberal:
TRADICIONAL RENOVADA RENOVADA-NÃO DIRETEVA TECNISISTA
Por outro lado, o grupo da pedagogia progressista tem como base uma análise crítica do contexto social, expondo esse panorama ao indivíduo, assim como explicando ser cada pessoa livre para escolher seu destino. Podemos encontrar três tendências pedagógicas no grupo progressista:
LIBERTADORA LIBERTARIA CRITICO-SOCIAL DOS CONTEUDOS
Pedagogia Liberal Tradicional, Liberal Renovada, Liberal Renovada não-diretiva e Liberal Tecnicista 
Conheça as tendências Pedagógicas que fazem parte do grupo da Pedagogia Liberal e seus respectivos pensadores para saber os princípios fundamentais e os pontos de concordância e divergência de cada uma delas.
Para iniciar este assunto devemos, primeiramente, observar que, no caso da pedagogia liberal, o vocábulo liberal não significa "democrático" ou "moderno", como costumamos pensar. O pensamento liberal surgiu nas sociedades capitalistas, defendendo os princípios clássicos desse modelo, como o direito à propriedade privada. Assim, a tendência pedagógica liberal prega que o maior objetivo da escola deve ser preparar o indivíduo para desenvolver uma atribuição social futura, escolhida a partir da inclinação natural do aluno. Porém, apesar de defender uma aparente igualdade de oportunidades, a pedagogia liberal não considera a desigualdade social.
A tendência pedagógica liberal teve início com o modelo tradicional, surgido no século XIX e dominando grande parte do século XX, sendo ainda hoje utilizado. A educação liberal avançou posteriormente para as pedagogias renovada, renovada não-diretiva e tecnicista. Devemos destacar, porém, que uma não substituiu a outra, mas todas foram e continuam a ser aplicadas no meio educacional.
Na tendência liberal tradicional, a escola é vista como um preparatório do intelecto e da integridade moral do indivíduo para que esse possa futuramente ocupar uma posição dentro da sociedade. A única preocupação da escola é com a cultura, e ela não se envolve com as questões sociais.
Os conteúdos ministrados e a forma de ensino são os mesmos para todos, e o aproveitamento depende da capacidade e do esforço individual de cada aluno. Os conteúdos ensinados são os conhecimentos e costumes morais da sociedade até o momento, transmitidos aos alunos como pura verdade, sem questionar. Esses conteúdos, estabelecidos socialmente e decretados pela legislação, não possuem qualquer ligação com as experiências de vida dos alunos nem com o contexto social, tendo caráter exclusivamente intelectual. Por essa falta de interação com a realidade do mundo e com o próprio aluno, a tendência pedagógica liberal tradicional é duramente criticada por muitos. 
	A metodologia da educação tradicional se apoia na narração verbal ou lição prática, sempre executadas 
pelo professor. Geralmente o ensino é feito através das mesmas etapas: 
PREPARAÇÃO DO ALUNO APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO NOVO 
 ASSOCIAÇÃO COM CONTEÚDOS JÁ DOMINADOS PELOS ALUNOS 
 
 GENEREIZAÇÃO, PARTINDO DO PARTICULAR PARA O CONCEITO GERAL (TÉCNICA 
 CONHECIDA COMO EXPOSIÇÃO SINTEMATIZADA). 
APLICAÇÃO. A TRADICIONAL VALORIZA A REPETIÇÃO, OS EXERCÍCIOS, A 
 MEMORIZAÇÃO E O USO DE FÓRMULAS COMOMEIO DE APRENDIZADO.
A educação tradicional tem como base a figura autoritária do professor, que requer concentração dos alunos e 
proíbe qualquer diálogo durante as aulas. Assim, o conteúdo ensinado é tido como verdade incontestável e 
a disciplina rígida é a garantia de silêncio e foco na classe.
De acordo com a pedagogia tradicional, a criança tem capacidade de aprendizado igual à do adulto, sendo
 apenas menos evoluída.
Sendo assim, a aplicação dos conteúdos segue um processo desenvolvido pelos adultos, no qual
 são desconsideradas as diferenças entre as faixas etárias dos estudantes.
A repetição e treino são essenciais à aprendizagem no modelo tradicional, e o estímulo costuma 
ser negativo, por meio de castigos, notas baixas, comunicados aos pais e outras formas de constrangimento.
IMPORTANTE!
Nas escolas brasileiras, a tendência pedagógica liberal tradicional ainda tem presença marcante, tanto em instituições de ensino religiosas como laicas, apesar de tentativas diversas, pontuais e esparsas de mudança para outros modelos.
Tendência Pedagógica Liberal Renovada
Também chamada de Pedagogia Nova, a pedagogia liberal renovada ficou conhecida como manifestação da Escola Nova ou Escolanovismo, originada nos Estados Unidos e na Europa no final do século XIX e exercendo grande influência no modelo educacional brasileiro na década de 1930.
Na tendência liberal renovada, o principal papel da escola é tornar as necessidades individuais apropriadas à sociedade. Com essa finalidade, a escola busca reproduzir a vida, propiciando experiências para que o indivíduo possa interagir com o meio e se educar, adequando seus interesses pessoais às demandas da sociedade.
Os conteúdos ministrados em aula têm como base experiências diante de novos problemas e desafios reais. Na educação liberal renovada, o desenvolvimento dos processos de raciocínio e as habilidades mentais são mais valorizados do que o conteúdo assimilado.
Sendo assim, o método de ensino liberal renovado é amplamente fundamentado em experimentos, investigações e descobertas. Enfatiza-se também o trabalho em equipe para melhorar o desenvolvimento mental.
	Podemos classificar as principais fases do processo de ensino liberal renovado como:
Apresentar ao A problemática apresentada deve ser Devem ser oferecidos 
aluno uma questão desafiadora e estimulante. Dados e instruções 
interessante que possibilitem ao 
	aluno buscar soluções	para o problema.O professor deve ajudar Discretamente o aluno a As soluções apresentadas devem 
Organizar suas conclusões.	 Ser testadas para averiguar sua validade.
Na educação liberal renovada, a relação professor-aluno é franca e aberta. Nela, o professor deixa de ser uma figura autoritária e passa a ser visto como um auxiliar na evolução do aluno. É a conscientização do aluno sobre os direitos e deveres da vida em grupo que promove a disciplina em sala de aula. Na pedagogia renovada, portanto, o aluno passa de mero ouvinte a participante ativo das aulas, promovendo um bom relacionamento democrático entre todos, espelhando assim a vida em sociedade ideal.
IMPORTANTE!
A aplicação da tendência pedagógica liberal renovada ainda é muito pequena, embora ela seja amplamente divulgada nos cursos universitários e muitos professores simpatizem com ela. Há ainda um confronto direto com a forte pedagogia tradicional, o que dificulta o avanço das ideias liberais renovadas.
 Algumas metodologias são utilizadas em instituições particulares, como o método Montessori, o método de projetos de Dewey e o método dos focos de interesse de Decroly. Nos cursos pré-escolares, o método psicológico-genético de Piaget costuma ser bem aceito. 
Tendência Pedagógica Liberal Renovada Não-diretiva
Na pedagogia liberal renovada não-diretiva, é enfatizada a função escolar de desenvolvimento psicológico. De acordo com essa tendência, o crescimento pessoal do aluno é mais importante do que o conhecimento didático., sendo esta considerada mais importante do que os aspectos sociais. Assim, professores assumiriam o papel de terapeutas, orientando os alunos e criando na sala de aula um ambiente propício para a autorreflexão e o bem estar psicológico.
O professor deve, de acordo com a necessidade de cada aluno, criar uma estratégia pessoal visando seu melhor desenvolvimento. 
A função básica do educador é, portanto, observar e ajudar o indivíduo no processo de autoconhecimento.
Na pedagogia renovada não-diretiva, qualquer interferência por parte do professor é tida como nociva, inapropriada e dificultadora da trajetória natural de aprendizagem do aluno.
	A educação renovada não-diretiva propõe ainda que o estímulo para adquirir novos conhecimentos
 deve ser interno, ou seja, deve partir do próprio aluno, motivado um alcançar seus próprios objetivos. 
Assim, teremos uma autoavaliação, em substituição dos tradicionais exames escolares.
 Alguns dos principais defensores da pedagogia liberal renovada não-diretiva são o psicólogo 
americano Carl Rogers, fundador da terapia não-diretiva, e o educador inglês A. Neil. 
"A única coisa que se aprende e realmente faz diferença no comportamento da pessoa que aprende é a descoberta de si mesma". Carl Rogers
Algo Mais!
	 
	Carl Ransom Rogers nasceu em Oak Park, Estados Unidos, em 1902. Teve uma infância 
reclusa e uma educação extremamente religiosa. Decidiu virar pastor e 
direcionou seus estudos para a área teológica, quando começou a mostrar-se interessado em psicologia. 
Já como psicólogo, sua primeira abordagem de trabalho seriam crianças submetidas a abusos e
 maus-tratos. Assim, analisando, iniciou o desenvolvimento de suas próprias ideias sobre 
caráter e método terapêutico. Publicou sua primeira obra, aos 40 anos de idade, e não parou mais: 
publicou outras 100 obras a fim de divulgar suas teorias, ganhando seguidores ao redor do mundo. 
 Rogers iniciou então tentativa de romper com a psicologia tradicional, dando a condução do tratamento
 ao paciente e acusando de autoritários os modelos terapêuticos da época. 
A base da terapia idealizada por Rogers são os "grupos de encontro", 
em que vários pacientes podem interagir e trocar experiências. 
Ele foi um dos pioneiros em gravar e filmar as sessões de terapia. Seus pensamentos aplicados à área da educação são uma extensão das ideias desenvolvidas por ele como psicólogo. Em ambos campos sua contribuição foi extremamente inovadora, contrariando veementemente os conceitos vigentes tanto no meio médico quanto no escolar.
A teoria terapêutica de Rogers se define como não-diretiva e focada no cliente (palavra que Rogers preferia a paciente), pois caberia a ele a responsabilidade pela condução e pelo êxito do tratamento. Para Rogers, o terapeuta é somente um facilitador do processo.
Da mesma forma, no campo do ensino, o papel do professor se assemelha ao do terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso significa que a função do professor é facilitar o aprendizado, permitindo que o aluno conduza a trajetória do conhecimento a sua maneira. Carl Rogers morreu no ano de 1987, vítima de um ataque cardíaco, em San Diego, Califórnia.
Tendência Pedagógica Liberal Tecnicista
Introduzida no Brasil no começo dos anos de 1960, a pedagogia liberal tecnicista  defende que a escola deve ter como principal objetivo a produção de pessoas aptas para ocupar postos de trabalho. Para isso, é necessária a transmissão eficaz de conhecimento e técnicas de forma ágil, clara e direta.
A educação liberal tecnicista considera o homem como produto do meio em que vive, sendo sua consciência construída a partir das relações que estabelece nele.
	
No contexto político brasileiro da época, o regime militar, o papel da pedagogial
liberal tecnicista era direcionar o sistema escolar para os projetos econômicos e sociais 
do governo, formando mão-de-obra especializada para suprir as demandas do mercado de trabalho.
Assim, de acordo com a educação liberal tecnicista, a função primordial da escola é preparar o indivíduo 
para o mercado, no qual é valorizada a tecnologia e suas técnicas de operação. Nesse quadro, o professor
 representa somente um meio de transmissão dessas tecnologias para os alunos.
	
As principais etapas no processo pedagógico tecnicista são: 
Instituição de modelos rígidos de ensino visando as metas de conteúdo a ser transmitido.
Estudo do dever de aprendizado, visando organizar logicamente a trajetória instrucional. 
Aplicação do programa, solidificando progressivamente os conceitos adequados às metas educacionais.
Pedagogia Progressista Libertadora e Progressista Libertária 
Conheça as tendências pedagógicas que fazem parte do grupo da Pedagogia Progressista e seus respectivos pensadores para saber os princípios fundamentais, identificando as semelhanças e diferenças de cada uma delas.
A pedagogia progressista possui esse nome em referência a Georges Snyders, um dos grandes estudiosos da pedagogia contemporânea. De origem francesa, Snyders teve uma de suas mais conhecidas obras, Pedagogia Progressista, publicada em português no ano de 1974.
Georges Snyders foi docente na Universidade de Paris V e escreveu várias obras, como Escola, classe e lutas de classes e Alegria na escola, por meio das quais podemos conhecer suas teorias pedagógicas.
Os famosos Pedagogia progressista e Para onde vão as pedagogias não-diretivas? foram as obras que tornaram Snyders conhecido além da França, inclusive no Brasil, influenciando vários autores do meio.
"Só aprende aquele que se apropria do aprendido transformando-o em apreendido, com o que pode por isso mesmo, reinventá-lo; aquele que é capaz de aplicar o aprendido-apreendido a situações existentes concretas." Paulo Freire
Mas o que defende afinal a pedagogia progressista?
Podemos definir a educação progressista como uma tendência que prega a análise crítica da realidade social na sala de aula.
De acordo com ela, a educação deve ser acima de tudo um processo que gere a consciência social, política e coletiva nos alunos, promovendo assim o processo de inclusão social.
Contrariando a tendência pedagógica liberal, segundo a qual o principal papel da educação é tornar o indivíduo adequado para ocupar futuramente uma posição social, a pedagogia progressista imagina a educação como uma trajetória de conscientização e desenvolvimento de senso crítico dos alunos.
Podemos classificar a pedagogia progressista em três tendênciasprincipais:
Libertadora Libertária
Libertária e Crítico-social dos Conteúdos
Tendência Pedagógica Progressista Libertadora
Conhecida também como pedagogia de Paulo Freire, a pedagogia progressista libertadora nasceu como um protesto contra as metodologias educacionais da época, acusadas de incapazes ou desinteressadas em desenvolver alunos cidadãos.
De acordo com Paulo Freire, fundador da teoria progressista, cidadania é a capacidade de compreender e transformar a sociedade, e a escola teria o compromisso primordial de formar cidadãos.
Paulo Freire realizava trabalhos de alfabetização, e não menosprezava o conhecimento de seus alunos anterior a ela. Em seu livro A importância do ato de ler, publicado em 1988, Freire argumenta que "a leitura do mundo precede a leitura da palavra".
	Outro princípio básico da pedagogia libertadora de Freire pode ser encontrado em sua ideia de "educar e ser educado pelos educandos".
Esse pensamento nos revela que a educação também diz respeito à consciência particular de cada um de nós, sendo também guiada pelos bons sentimentos dos envolvidos. Para Freire, como a educação tem o poder de sensibilizar os indivíduos, ela pode também promover mudanças na sociedade.
Na educação libertadora, ao contrário do que observamos na pedagogia liberal, a alfabetização é feita com o uso de palavras comuns no cotidiano do aluno, numa contínua associação do aprendizado com a própria vida.
	
É também uma prática típica da pedagogia libertadora a organização dos chamados "grupos de discussão", nos quais alunos e professor interagem lado a lado na definição dos conteúdos e atividades que serão aplicados.
Nesses grupos, o professor deve atuar como um entusiasmado integrante, possuindo a flexibilidade necessária para acompanhar a evolução particular de cada grupo. Suas interferências devem ser reduzidas ao mínimo essencial, colaborando eventualmente com alguns esclarecimentos úteis ao desenvolvimento dos grupos.
	Assim, a metodologia libertadora possui três estágios fundamentais:
No primeiro ocorre a investigação, na qual aluno e professor debatem sobre termos e questões que são mais relevantes na vida do aluno, no meio em que ele vive.
Durante a segunda etapa, a tematização, é promovida a conscientização quanto ao mundo, feita através da análise dos sentidos sociais das palavras.
Na terceira e última fase, a problematização, o professor convida e estimula seus alunos a enxergar além do aspecto simplista do meio em que vivem, para que sejam finalmente capazes de adquirir a essencial consciência sobre os processos que regem o mundo.
Algo Mais!
"Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda."
Paulo Freire
Nascido no dia 19 de setembro de 1921 no Recife, Pernambuco, Paulo Reglus Neves Freire foi o mais célebre educador brasileiro. Idealizador da pedagogia do oprimido, acreditava que o foco da educação deveria ser ensinar o indivíduo a "ler o mundo", para que assim ele fosse capaz de transformá-lo. Oriundo de uma família de classe média, Freire passou a ter dificuldades financeiras com a crise econômica mundial de 1929 e o falecimento de seu pai, quando ainda tinha 13 anos. No ano de 1963, liderou um projeto que alfabetizou 300 pessoas no curto período de 1 mês em Angicos (RN). No ano seguinte, porém, quando trabalhava em Brasília no Plano Nacional de Alfabetização implementado pelo presidente João Goulart, houve o golpe militar. Freire ficou então preso durante 70 dias antes de conseguir exílio.
No ano de 1968, morando no Chile, escreveu sua mais famosa obra, Pedagogia do Oprimido. Ministrou aulas na Suíça e nos Estados Unidos e coordenou programas de alfabetização na África. Conseguiu formar-se em direito, mas acabou seguindo o caminho do magistério. Formou suas teorias observando a linguagem e cultura de seus alunos e analisando o elitismo das escolas da época.
Em 1979 retornou ao Brasil, com a anistia, participando da rotina universitária. Mais tarde tornou-se filiado ao Partido dos Trabalhadores e chegou a secretário municipal de Educação de São Paulo no período de 1989 a 1991.
Paulo Freire casou-se duas vezes e teve cinco filhos. Nomeado doutor honoris causa em dezenas de universidades em diversos países, teve sua obra traduzida em mais de 20 idiomas, ganhando reconhecimento internacional. Faleceu de enfarte no ano de 1997.
Tendência Pedagógica Progressista Libertária
Os pioneiros da pedagogia progressista libertária no Brasil foram os imigrantes, principalmente espanhóis, italianos e portugueses, que vieram trabalhar nas lavouras cafeeiras no final do século XIX, com o fim da escravidão no país.
Mais tarde, esses imigrantes passaram a trabalhar nas cidades em crescimento, formando os primeiros sindicatos operários. Assim, foram eles que se encarregaram de desenvolver a pedagogia progressista libertária, criticando as instituições tradicionais. Dessa forma formaram-se as escolas modernas, as escolas operárias e a universidade popular, entre outras, sempre direcionadas a promover o anarquismo e a luta da classe trabalhadora.
"Suprima o pedestal, de repente, você estará ao nível das crianças. Você as verá não com olhos de pedagogos e chefes, mas com olhos de homens e crianças, e com este ato você reduzirá seguidamente a perigosa separação entre aluno e professor que existe na escola tradicional."
Célestin Freinet
Segundo a Wikipédia, anarquismo (do grego anarkhos, que significa "sem governantes", ou "sem poder”) é uma filosofia política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório e de Estado. 
De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias baseadas na livre associação. 
Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquia é sinônimo de caos se popularizou entre o fim do século XIX e o início do século XX, através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas.
 
Por sua vez, o conceito de classe trabalhadora é mais amplo da categoria clássica de proletariado, definida por Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista de 1848. O conceito de classe trabalhadora abrange não só o proletariado, mas todas as camadas sociais que vivem da venda da sua força de trabalho.
É importante distinguir que, em sociologia os conceitos de classe social mudam conforme a orientação de cada escola sociológica
A escola chamada histórico-crítica ou marxista defende o conceito de que a divisão de classes deve ser compreendida a partir do lugar onde cada grupo de indivíduos está no processo de produção de mercadorias.
Já as correntes
de pensamento mais
afetas ao liberalismo tem
uma concepção de classe
social conforme a renda
e o padrão de vida do indivíduo ou grupo
social.
De acordo com a pedagogia libertária, a educação deve ser capaz de transformar a personalidade do indivíduo, funcionando como um agente libertador e tornando o aluno apto a administrar seu próprio aprendizado e sua vida como um todo.
Na educação progressista libertária, o conhecimento realmente importante é o resultado das experiências em grupo. Assim, podemos definir a metodologia libertária como a convivência grupal gerando aprendizado.
Os educadores libertários defendem que é a partir de grupos organizados pelos próprios alunos e da troca de experiências inerente a eles que conteúdos fundamentais são bem assimilados.
Nesses grupos, o professor deve posicionar-se como um conselheiro, sem tentar impor conceitos e visões próprias, mas sim estimulando o estudante a refletir e conceber suas próprias ideias. Não é aceita nenhuma forma de repressão, sendo sempre valorizada a produção do indivíduo.
Assim, a pedagogia libertária despreza qualquer tipo de avaliação, pois entende que todo saber importante tem que possuir utilidade práticana vida social do aluno. 
UNIDADE IV
Tendência Progressista crítico – social dos conteúdos 
Entenda o contexto histórico da tendência Progressista Crítico-social dos conteúdos, identificando alguns de seus propagadores para saber quais valores essa tendência defende.
Surgida no final dos anos 70, junto à liberdade política procedente do fim do governo militar brasileiro, a tendência progressista crítico-social dos conteúdos é resultado da busca de educadores por uma educação capaz de transformar a sociedade e torná-la menos desigual. Essa tendência destaca-se das demais pelo grande valor que confere aos conteúdos, inserindo-os na vida social do aluno. Também são muito valorizados os relacionamentos interpessoais e a evolução que eles proporcionam principalmente quanto ao desenvolvimento da personalidade do aluno e sua assimilação pessoal da sociedade em que vive. 
De acordo com a tendência progressista crítico-social dos conteúdos, não é suficiente apenas abordar as questões sociais da atualidade. A pedagogia crítico-social defende que o aluno tem que conseguir vivenciar e observar em sua rotina os conteúdos que aprende na sala de aula. Dessa forma, os estímulos ambientais e suas próprias experiências irão reforçar e dar sentido ao que é ensinado na escola. 
A educação crítico-social, então, possibilita ao estudante trabalhar com conteúdos que estão adequados à realidade vivida socialmente por ele.
 Assim, a metodologia progressista crítico-social dos conteúdos procura estabelecer uma relação coerente e clara entre teoria e prática, tornando o conteúdo ministrado diretamente relacionado com os interesses e a vida social dos estudantes. Neste processo, o professor atua como Antes de tudo, porém, o educador verifica o que o estudante já sabe para, a partir desse conhecimento prévio, construir novos saberes.
É também importante que o professor identifique as principais deficiências de conhecimento do aluno, pois a consciência delas ajudará ambos a encontrar formas mais eficazes de aprendizado. 
 mediador, orientando a interação do aluno com o meio através do ensino. 
Desta forma, podemos definir a pedagogia progressista crítico-social dos conteúdos como uma tendência que vê a escola como agente transformador da sociedade, preparando os estudantes para uma participação ativa, crítica e consciente frente a ela.
De acordo com essa tendência, todos devem possuir acesso aos mesmos conteúdos, sem qualquer tipo de discriminação social, não sendo preciso, por exemplo, deixar que um estudante permaneça falando ou escrevendo de maneira errada como demonstração de respeito.
Outro fator importante dessa pedagogia é permitir ao aluno a revisão crítica de todo saber passado a ele, assim como da esfera social em que atua. Desta maneira, a tendência crítico-social dos conteúdos visa produzir pessoas politicamente conscientes, sem ter que recorrer a recursos puramente ideológicos e manipuladores.
Subjetividade na Filosofia Contemporânea 
Conheça alguns aspectos fundamentais sobre o conceito de subjetividade para compreender suas aplicações na Filosofia.
	
Podemos definir subjetividade como o espaço íntimo do sujeito, associado aos 
seus processos internos (subjetivos). Assim, conceitos ou pensamentos subjetivos sempre
 levam em consideração o sujeito e suas variadas conotações, como a social, a psicológica e 
a filosófica.Segundo Paulo Ghiraldelli, em sua obra O que é filosofia da educação?, a subjetividade
 pode ser descrita através de “formas de consciência”. Tais formas podem ser descritas
 pelo eu (identidade), a pessoa (consciência moral), o cidadão (consciência política) e o 
sujeito epistemológico (consciência intelectual).
"Conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E é como sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem pode realmente conhecer.” Paulo Freire
	
Mas o que é um sujeito? 
O surgimento da subjetividade na filosofia é marcado pelo momento em que o foco passa do simples ser para a ideia da consciência. Assim, a filosofia atualmente define sujeito como o homem que possui a capacidade de pensar por si mesmo.
A partir do aparecimento do conceito de subjetividade na filosofia, ela se desprende da pura lógica e passa a analisar as diferenças entre os indivíduos, vistos então como sujeitos singulares, com identidades próprias. 
Essa nova percepção da subjetividade humana chegaria 
em seguida ao campo da educação, revolucionando as pedagogias e os modelos educacionais existentes, e a Filosofia da Educação como um todo.
Filosofia da Educação na Formação Docente 
Compreenda como a Filosofia da Educação se relaciona e influencia a rotina docente para saber dimensionar a importância do conhecimento filosófico na formação do professor.
	 Nos dias de hoje é bastante defendido o ensino da filosofia da educação 
nos cursos de formação de educadores. Numa sociedade complexa e em constante mudança
 como é a sociedade humana, torna-se fundamental que todo professor reflita profundamente 
sobre a educação. Somente através da capacidade de análise crítica e adaptação
 às questões sociais, ensinamentos básicos da filosofia da educação, é que o professor 
consegue se posicionar e agir adequadamente diante dos desafios da educação. A seguir, buscaremos
 entender como surgiu essa consciência sobre a importância da filosofia
 na formação docente e como se dá a relação entre o pensamento filosófico e o contexto educacional. 
"A educação exige os maiores cuidados, porque influi sobre toda a vida."
Sêneca
Conhecer as ideias principais da Filosofia da Educação durante o curso de formação proporciona ao futuro professor uma visão abrangente e crítica sobre as questões fundamentais inerentes ao processo educacional. Além disso, o torna também capaz de refletir sobre qual deve ser seu papel como professor.
Que ser humano formar? O que a sociedade espera de cada aluno? Que tipo de sociedade o estudante encontrará no futuro? Como prepará-lo para ela?
Essas são apenas algumas das muitas questões que a Filosofia da Educação propõe para a reflexão do futuro educador.
Talvez a principal contribuição da Filosofia da Educação seja sua organização sistemática dessas questões. Ultrapassando o conceito de educação como mera transmissão de conteúdos, ela leva o futuro professor a compreender o valor do contexto social e psicológico na prática escolar.
Assim, a sociologia educacional constitui um dos fatores de análise para o professor. Ele deve, por meio dela, tentar entender as interações sociais e como elas influenciam o comportamento e os valores morais e culturais dos alunos. No contexto psicológico, a Filosofia da Educação orienta a análise de como a personalidade e os processos mentais do aluno, em sua interação com o meio em que vive, podem influenciar sua formação estudantil.
O conhecimento dessas diferenças e suas origens auxiliam o professor no processo de intervenção pedagógica.
Reflexões sobre a Educação Brasileira 
Analise os problemas da escolarização básica brasileira, abordando a influência das questões sociais e da qualidade da formação docente para saber refletir e se posicionar sobre a situação educacional brasileira e os meios possíveis para melhorá-la.
O processo educacional brasileiro começou com a chegada dos jesuítas ao país, ainda durante o período colonial. O Colégio São Paulo, fundado em 1554 pelo padre Manoel de Nóbrega na futura capital paulistana, foi uma das referências do início do sistema educacional do país. O ensino brasileiro nascia então, apesar de sua escala muito reduzida. 
"Não é a terra que constitui a riqueza das nações, e ninguém se convence de que a educação não tem preço." Rui Barbosa
 A chegada da corte portuguesa no Brasil em 1808, porém, causaria grandes e rápidas mudanças em nossa educação; a partir dela, foram organizados cursos profissionalizantes e militares para a população do país.
Desta forma, embora o ensino ainda fosse claramente elitista, não permitindo o acesso dos pobresaos estudos, a educação brasileira caminhava lentamente, processo que seguiu gradativamente no Império após a Independência (1822) e mesmo durante a chamada República Velha ou Primeira República (1889-1930).
Somente em meados do século XX teve início no Brasil a real expansão da escolarização básica. A rede pública escolar brasileira começou a crescer somente no começo dos anos 1980.
	O conhecimento desses fatos é fundamental para compreendermos a situação atual 
da educação brasileira.
 Apesar dos programas sociais e esforços recentes do governo, 731 mil crianças brasileiras ainda não vão à escola, de acordo com as últimas pesquisas do IBGE, e o alto índice de analfabetismo funcional na população do país é alarmante.
Enquanto isso, professores são remunerados abaixo do piso salarial e tornam-se alvos fáceis pela situação crítica do sistema educacional brasileiro.
Porém, se analisarmos a situação do país como um todo, indo além da questão educacional, podemos enxergar facilmente a complexidade e a influência dos inúmeros problemas sociais na educação brasileira.
Desigualdade social, miséria, abandono e criminalidade são apenas alguns dos muitos males que o Brasil enfrenta há séculos e que possuem forte impacto em todos os setores do país, inclusive na educação. 
Para contornar essa situação, não é suficiente fornecer livros e novos materiais didáticos, como se pensava nos anos 1950.
A qualidade de ensino depende, acima de tudo, da qualidade da formação dos educadores. Assim, as ideias e a forma de pensar do professor são a base do que ele transmitirá aos alunos.
Mas no cenário brasileiro, como as diretrizes gerais do processo educacional são de responsabilidade da União, os municípios e estados ficam impossibilitados de desenvolver seus próprios princípios pedagógicos.
Com escassos recursos financeiros, a melhoria das condições de ensino e da formação docente acaba jamais saindo do papel.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996), um dos princípios básicos do ensino brasileiro deve ser a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola.
No entanto, observamos que a desigualdade social no país reflete também no campo educacional, privando os menos favorecidos de um ensino de qualidade.
Intencionando melhorar a qualidade do ensino público brasileiro, foi implementado o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), programa que promove a distribuição de coleções de livros didáticos aos alunos da educação básica.
Podemos perceber, porém, que a melhora da educação no Brasil pede muito mais do que material didático; o investimento na formação de educadores capacitados para enfrentar os desafios impostos em nossa sociedade é urgente e essencial.
No campo do ensino superior, o programa governamental REUNI (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais) propõe um expressivo aumento no número de vagas de ingresso nas universidades e institutos federais.
Esta medida, apesar de importante, não resolve ainda a deficiência crônica da rede pública de educação quanto a vagas e qualidade de ensino.
Visando uma reforma educacional mais ampla e abrangente a longo prazo, foi elaborado o projeto de lei que criou o Plano Nacional de Educação (PNE), para vigorar de 2011 a 2020. Ele apresenta dez diretrizes objetivas e vinte metas, seguidas de estratégias de concretização específicas.
O texto prevê formas de a sociedade monitorar e cobrar cada uma das conquistas previstas. Universalização e ampliação do acesso e atendimento em todos os níveis educacionais são metas mencionadas ao longo do projeto, bem como o incentivo à formação inicial e continuada de professores e profissionais da educação em geral, avaliação e acompanhamento periódico e individualizado de todos os envolvidos na educação do país — alunos, professores, profissionais, gestores e demais profissionais, estímulo e expansão do estágio.
Enfim, analisando a situação educacional brasileira, concluímos que somente com o desenvolvimento do educador e investimentos na formação docente é que alcançaremos melhora efetiva nas escolas.
Para isso, é necessário enxergar o futuro professor como um sujeito com personalidade própria, estimulando em sua formação o pensamento filosófico, as habilidades pedagógicas e o senso crítico.
Diretrizes Curriculares Nacionais
2.6.4. O professor e a formação inicial e continuada
Veja alguns trechos das Diretrizes Curriculares Nacionais.
O artigo 3º da LDB, ao definir os princípios da educação nacional, prevê a valorização do profissional da educação escolar. Essa expressão estabelece um amálgama entre o educador e a educação e os adjetiva, depositando foco na educação. Reafirma a ideia de que não há educação escolar sem escola e nem esta sem aquele. O significado de escola aqui traduz a noção de que valorizar o profissional da educação é valorizar a escola, com qualidade gestorial, educativa, social, cultural, ética, estética, ambiental. [...]
Para a formação inicial e continuada dos docentes, portanto, é central levar em conta a relevância dos domínios indispensáveis ao exercício da docência, conforme disposto na Resolução CNE/CP no 1/2006, que assim se expressa:
I – o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania;
II – a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional;
III – a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino.
Além desses domínios, o professor precisa, particularmente, saber orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, interpretar e reconstruir o conhecimento. Deve transpor os saberes específicos de suas áreas de conhecimento e das relações entre essas áreas, na perspectiva da complexidade; conhecer e compreender as etapas de desenvolvimento dos estudantes com os quais está lidando. O professor da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental é, ou deveria ser, um especialista em infância; os professores dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, conforme vem defendendo Miguel Arroyo (2000) devem ser especialistas em adolescência e juventude, isto é, condutores e educadores responsáveis, em sentido mais amplo, por esses sujeitos e pela qualidade de sua relação com o mundo. Tal proposição implica um redimensionamento dos cursos de licenciaturas e da formação continuada desses profissionais. [...]
Assim, hoje, exige-se do professor mais do que um conjunto de habilidades cognitivas, sobretudo se ainda for considerada a lógica própria do mundo digital e das mídias em geral, o que pressupõe aprender a lidar com os nativos digitais. Além disso, lhe é exigida, como pré-requisito para o exercício da docência, a capacidade de trabalhar cooperativamente em equipe, e de compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os instrumentos produzidos ao longo da evolução tecnológica, econômica e organizativa. Isso, sem dúvida, lhe exige utilizar conhecimentos científicos e tecnológicos, em detrimento da sua experiência em regência, isto é, exige habilidades que o curso que o titulou, na sua maioria, não desenvolveu.
Desse ponto de vista, o conjunto de atividades docentes vem ampliando o seu raio de atuação, pois, além do domínio do conhecimento específico, são solicitadas atividades pluridisciplinares que antecedem a regência e a sucedem ou a permeiam. As atividades de integração com a comunidade são as que mais o desafiam. [...][
Se o projeto político-pedagógico, construído coletivamente, está assegurado por lei, resultante da mobilização de muitos educadores, torna-se necessário dar continuidade a essa mobilização no intuito de promover a sua viabilização prática pelos docentes. Para tanto, as escolas de formação dos profissionais da educação, sejam gestores, professores ou especialistas, têm um papel importantíssimo no sentido de incluir, em seus currículos e programas, a temática da gestãodemocrática, dando ênfase à construção do projeto pedagógico, mediante trabalho coletivo de que todos os que compõem a comunidade escolar são responsáveis.
Nesse sentido, o professor da Educação Básica é o profissional que conhece as especificidades dos processos de desenvolvimento e de aprendizagens, respeita os direitos dos estudantes e de suas famílias. Para isso, domina o conhecimento teórico-metodológico e teórico-prático indispensável ao desempenho de suas funções definidas no artigo 13 da LDB, no plano de carreira a que se vincula, no regimento da escola, no projeto político-pedagógico em sua processualidade.

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