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Esses recursos permitem uma drenagem rápida e são pensados para incentivar a penetração profunda das raízes. Nesses solos de textura grossa, a água ocasionalmente percola através do solo até uma profundidade de 20m em 24 horas. Portanto, as vinhas com raízes profundas podem sobreviver mais a danos causados por fortes chuvas ou secas do que as que são cultivadas em solos rasos. 
– DECLIVIDADE E A QUALIDADE DO VINHO
Hanson (1995), citou R. Gadille dizendo que a inclinação tem uma grande influência sobre a qualidade do vinho do que o rochedo. Nas regiões vinícolas de maior latitude do mundo, isso provavelmente é verdade, como a quantidade de luz de sol atingindo as vinhas e a drenagem será controlada em grande parte pela inclinação. Hancock (2005) expressou esta equação matemática como I = Ksin (a + b), onde I é a intensidade da radiação recebida na inclinação, K é uma constante, a é a elevação angular do Sol e b é o ângulo de inclinação do declive para a horizontal ao longo de um meridiano (ao sul no hemisfério norte, ao norte no hemisfério sul).
Figura 1 - Ilustração da relação declividade x radiação solar.
O resultado desta relação, é que a inclinação será mais importante no início e no final da estação de crescimento, quando o Sol é mais baixo no céu do que no verão. Assim, a inclinação é particularmente importante para evitar a geada na primavera e ajudar na maturação no outono.
– O CONCEITO TERROIR
Terroir é um conceito originário na França. Jake Hancock, ao palestrar sobre o vinho, definiu terroir como “uma área delimitada com sua própria característica, clima e métodos de viticultura”. Mas Hancock não foi a única pessoa a criticar o terroir. O especialista em vinhos australiano Busby, afirmou: “onde pode-se perceber uma vantagem de marketing ao associar o vinho com um solo em uma região específica, o conceito de terroir está sendo explorado” (Busby, 1825). Também pode ser dito que o sistema de terroir é essencial no sistema de Denominação de Origem Controlada (DOC) que efetivamente age como protecionismo agrícola na França.
– O SOLO E A QUALIDADE DO VINHO
A videira exige todos os nutrientes habituais das plantas (principalmente N, P, K, Mg e Fe) que estão presentes em solos bem mantido em qualquer rocha, portanto, o tipo de rocha-mãe tem pouca influencia sobre direta sobre a qualidade do vinho. Dentre esses componentes, N, Mg e Fe são os principais para o crescimento da folha, enquanto K e P são essenciais para a produção de flores e frutas.
A deficiência de nitrogênio é o problema mais difundido nas vinhas, no entanto este fator pode ser controlado pela adição artificial de nitrogênio e pelos microrganismos do solo. O fósforo é obtido como fosfato a partir de fluorapatita, apatita e francolita, que pode estar no solo ou na rocha subjacente. Mas uma deficiência de fósforo é raro nas videiras, já que elas pertencem ao grupo de plantas que possuem associação simbiótica com fungos micorrízicos, que lhes permite absorver quantidade suficiente. A geologia é um fator importante na abundância de K nos solos, este que está presente principalmente em feldspato de potássio, mica e ilíta, apesar do K trocável encontrado em esmectita e vermiculita seja o mais acessível para plantas.
O solo que contém argila e seixos, costuma conferir uma boa qualidade para o cultivo da videira. A explicação dada para isso é que as pedras melhoram a drenagem, enquanto as argilas fazem o reverso ao reterem água e também trazem fertilidade na forma de cátions trocáveis. A presença de areia também irá melhorar a drenagem, de modo que os solos formados por intemperismo de arenito também proporcionariam um ambiente físico favorável para a viticultura.
– CONTROLOS DE BASE ROCHOSA NA QUALIDADE DO VINHO
O equilíbrio de água ideal para videiras é fornecido por um rochedo com porosidade média a alta (c. 15-45%), alta permeabilidade à fratura (> 100 mD) e baixo intervalo matriz de permeabilidade (c 1-100 mD). O Autor demonstra que o calcário fornece consistentemente a porosidade e a permeabilidade ideais para a viticultura. Contudo, os calizos moderadamente cimentados e fraturados, além do cálcario, do arenito e do conglomerado, também atenderão com frequência os critérios para o equilíbrio ideal da água, tal como pode ressecar profundamente o corte ou o granito fraturado. Onde a rocha rochosa é impetérita, p. xisto, a drenagem através da rocha é extremamente lenta e a maior parte da água vai descer a encosta como escoamento superficial, levando o solo com ele.
A geologia é apenas um dos muitos fatores da qualidade do vinho e, na maioria dos casos, a influência do solo é indireta. Existem regiões vinícolas onde apenas um tipo de rocha está presente, mas a qualidade do vinho produzido varia enormemente devido a outros fatores. Exemplos são Champagne (Cálcario) e Mosel (xisto), onde os métodos vitivinícolas são provavelmente o com o maior controle. Existem regiões vitivinícolas igualmente famosas onde os solos são derivados de uma variedade de tipos de rocha sem qualquer variação associada em qualidade, exemplos são Bordeaux, Rheingau e Beaujolais (Wallace, 1972; Seguin, 1986). No entanto, existem algumas áreas vitivinícolas do mundo onde a rocha subjacente tem uma influência real sobre a qualidade do vinho e uma seleção delas é discutida abaixo. O distrito de Coonawarra é discutido com mais detalhes, porque esta é a região com a qual o autor estava trabalhando com Jake Hancock no momento da sua morte.
– CONCLUSÃO
Em climas quentes, propensos à seca no verão, o solo pode ser o fator mais importante após a viticultura, enquanto que em climas mais quentes, inclinação e declives são provavelmente os segundos fatores mais importantes. O aspecto da inclinação e declive é controlado por uma combinação de fatores geomorfológicos e geológicos.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL - CAMPUS BENTO GONÇALVES
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA 
Geology and wine: a review - Jennifer M. Huggett
Geologia e o Vinho: Uma revisão.
Resumo e tradução
Bruna Unfer Zuchetto
Maicon Diego R. Trappel
Química e Fertilidade do Solo
Prof. Dr. Diovane F. Moterle
A geologia é muito importante para o viticultor, mas não para quem bebe o produto final. Para Huggett, a literatura sobre vinhos escrita por pessoas que não geólogos, comentam sobre a importância da geologia no vinho mas sem realmente explicar o por quê. A rocha subjacente na viticultura tem um papel significante. Ela influencia o tipo de solo, permite a penetração de raízes da videira em diferentes graus, controla a geomorfologia e auxilia ou dificulta a drenagem da água da chuva. O trabalho examina a importância de cada uma destes parâmetros para a viticultura sob a análise do conceito francês terroir, que será examinado primeiro.
Bento Gonçalves
2017

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