Buscar

Apostila+TAT+ +Resumida

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 59 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FACULDADES INTEGRADAS DE CIÊNCIAS HUMANAS, SAÚDE E 
EDUCAÇÃO DE GUARULHOS 
 
 
CURSO DE PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
TAT 
TESTE DE APERCEPÇÃO TEMÁTICA 
Apostila para fins didáticos 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Técnicas de Exame e Aconselhamento Psicológico IV 
Docente Responsável: Érika Leonardo de Souza 
 
 
 
 
 
 
Guarulhos / 2006 
 
 
2 
I - INTRODUÇÃO 
 
Henry A. Murray e colaboradores elaboraram o TAT na Clínica Psicológica da 
Universidade de Harvard, nos EUA. Foi apresentada em 1935 a primeira série de 
pranchas e em 1945, foi publicada a terceira revisão, a que foi considerada a definitiva 
e por nós hoje conhecida. 
Quando o TAT foi elaborado, os autores aplicavam-no em sujeitos a partir de 4 
anos de idade, no entanto isso não é realizado atualmente, sobretudo pelo surgimento 
de teste aperceptivo temático infantil que é o CAT (Teste de Apercepção para Crianças) 
nas formas Animal (CAT -A), Humano (CAT -H) e animal escala especial (CAT-S), bem 
como o teste Symonds apropriado para adolescentes. 
Em geral, TAT atualmente é amplamente aplicado em adultos e, às vezes em 
pré-adolescentes ou adolescentes. 
 
II - FUNDAMENTOS TEÓRICOS 
 
Para criar o TAT, Murray partiu do princípio de que diferentes indivíduos, frente 
a uma mesma situação vital, a experimentam cada um a seu modo, de acordo com sua 
perspectiva pessoal. Essa forma pessoal de elaborar uma experiência revela a atitude 
e a estrutura do indivíduo frente à realidade experimentada. Assim, expondo-se o sujeito 
a uma série de situações sociais típicas e possibilitando-lhe a expressão de 
sentimentos, imagens, idéias e lembranças vividas em cada uma destas confrontações, 
é possível ter acesso à personalidade subjacente. Esse procedimento, nas situações 
apresentadas, favorece a projeção do mundo interno do sujeito. 
Partindo desse princípio, Murray, com sua assistente Christiana Morgan, 
procedeu à escolha do material que viria a constituir o TAT: fotografias de pinturas em 
museus, anúncios em revistas, fotos de filmes de cinema e de outras fontes, que 
posteriormente foram redesenhados para apresentar um estilo uniforme. O produto final 
são reproduções de situações dramáticas, de contornos imprecisos, impressão difusa e 
tema inexplícito. Exposto a esse material, o indivíduo, sem perceber, identifica-se com 
uma personagem por ele escolhida e, com total liberdade, comunica, por meio de uma 
história completa, sua experiência perceptiva, mnêmica, imaginativa e emocional. 
Dessa forma, podem-se conhecer quais situações e relações sugerem ao indivíduo 
temor, desejos, dificuldades, assim como as necessidades e pressões fundamentais na 
dinâmica subjacente de sua personalidade. 
Em relação ao conceito de projeção, Murray comenta que o sujeito percebe o 
ambiente e responde ao mesmo em função de seus próprios interesses, atitudes, 
 
 
3 
hábitos, estados afetivos, desejos etc. – em outras palavras, o indivíduo estrutura a 
realidade de acordo com suas próprias características. No caso do TAT, em vez de 
projeção, falamos em apercepção, ou seja, não uma mera percepção de um objeto, mas 
toda uma interpretação de uma cena. 
A percepção depende do campo de estímulos (fator externo) e das 
necessidades do indivíduo (fator interno). Quando o campo de estímulos é mais 
estruturado, predomina o fator externo na percepção; quando o campo de estímulos é 
menos estruturado, predominam os fatores internos na percepção. Nos métodos 
projetivos, os estímulos são pouco estruturados e as instruções permitem grande 
liberdade de resposta. 
Para a mente aberta e humanista de Murray, a teoria de Freud sobre as pulsões 
inconscientes, sexuais e agressivas pecava por ser uma simplificação excessiva da 
complexidade multifacetada da motivação humana. Murray admirava Freud e sua obra, 
mas acreditava que sua primeira teoria libidinal era excessivamente restrita e limitada. 
Desenvolveu então sua personologia, uma teoria basicamente motivacional em que 
são centrais os conceitos de necessidade e pulsão. 
Necessidade é um construto que representa uma força, na região cerebral, que 
organiza a percepção, a apercepção, a intelectualização, a conação e a ação, de modo 
a transformá-la em certa direção, ou seja, em uma situação satisfatória existente. Em 
outras palavras, a necessidade gera um estado de tensão que conduzirá a ação no 
sentido de chegar à satisfação, que por sua vez reduzirá a tensão inicial, ou seja, 
restabelecerá o equilíbrio. A necessidade pode ser produzida por forças internas ou 
externas e é sempre acompanhada por um sentimento ou emoção. 
A presença de uma necessidade pode ser identificada: 
1. efeito ou resultado final do comportamento. 
 
2. padrão ou modo do comportamento envolvido. 
 
3. atenção seletiva e resposta a uma determinada classe de objetos-estímulo. 
 
4. expressão de uma determinada emoção ou afeto. 
 
5. expressão de satisfação quando se obtém determinado efeito, ou de 
desapontamento quando o resultado é negativo. 
 
 O autor elaborou uma lista das principais necessidades. 
 
 
 
4 
 
Necessidade Definição 
Afiliação Tornar-se íntimo a outrem, associar-se a outrem em assuntos comuns (afiliação 
associativa). 
Fazer amizades e mantê-las. Ligar-se afetivamente e permanecer leal a um amigo 
(afiliação emocional). 
Agressão Vencer a oposição pela força. Lutar, revidar à injúria. Atacar, injuriar, matar. Opor-
se pela força ou punir a outrem. 
Altruísmo Promover as necessidades de pessoas desamparadas, como crianças ou pessoas 
fracas, incapazes, fatigadas, inexperientes, enfermas, arruinadas, humilhadas, 
abandonadas, aflitas e mentalmente perturbadas. Ajudar alguém que está em 
perigo. Alimentar, ajudar, consolar, proteger, curar, confortar, cuidar 
Apoio Ter suas necessidades satisfeitas pela ajuda simpática de pessoa amiga; ser 
protegido (n.proteção), sustentado, cercado, amado, aconselhado, guiado, 
perdoado, consolado. Permanecer ao lado de um devotado protetor. Ter um 
defensor permanente 
Aquisição Adquirir, comprar algum objeto. É aquisição social, quando o objeto adquirido é 
ajustado socialmente; enquanto que, é associal quando o objeto é para um objetivo 
desajustado socialmente, tal como para agredir 
Autodefesa (física) 
 
Evitar a dor, o dano físico, a doença, a morte. Escapar de uma situação perigosa. 
Tomar medida de autoprecaução. 
(Autodefesa Psíquica): 
 
Evitar a humilhação. Fugir de situações embaraçosas ou depreciativas: escárnio, 
ridículo, indiferença dos outros. 
Reprimir a ação pelo medo do fracasso. 
Autonomia Libertar-se, resolver a restrição, romper o confinamento. Resistir à coerção e à 
restrição ou mesmo domínio. Romper com as convenções. Não se sentir obrigado 
a cumprir ordens superiores. Ser independente e agir segundo o impulso. Não estar 
comprometido. 
Compreensão 
 
Perguntar e responder. Interessar-se por teorias. Especular, formular, analisar, 
generalizar. 
Conhecimento Saber os fatos aprofundar-se. 
Contra-reação Dominar ou vencer o fracasso pelo esforço. 
Desfazer a humilhação pela reação. Superar a fraqueza, reprimir o temor. Defender 
a honra através de uma ação. Procurar obstáculos e dificuldades a vencer. Manter 
a auto-estima e o orgulho em alto nível. 
Defesa Defender-se do ataque, da crítica, da censura. Ocultar ou justificar um mal feito, um 
fracasso, uma humilhação. Reinvidicar o ego. 
Deferência Admirar e apoiar um superior. Louvar, honrar, elogiar. Imitar um modelo. Sujeitar-
se, avidamente, à influência de pessoa aliada. Conformar-se com os costumes. 
DegradaçãoDiminuir a auto-estima, desvalorizar-se. 
 
 
5 
Domínio Controlar o ambiente. Influenciar ou dirigir o comportamento alheio, através de 
sugestão, sedução, persuasão ou ordem. Dissuadir, restringir ou proibir. 
Entretenimento Agir por brincadeira, sem segundas intenções. Rir, contar anedotas. Procurar relaxar 
a tensão. Participar de jogos, atividades desportivas, bailes, reuniões sociais. 
Exibição Deixar uma impressão. Ser visto e ouvido. Provocar, fascinar, causar admiração, 
divertir, impressionar, intrigar, seduzir 
Excitação e Dissipação O fato de se estimular e posteriormente eliminar ou anular a excitação através da 
redução da tensão, pode ser de ordem sexual. 
Humilhação Submeter-se passivamente à força externa. Aceitar injúria, censura crítica, punição. 
Render-se. Resignar-se ante a sorte. Admitir inferioridade, erro, fracasso, defeito. 
Confessar e reparar. Censurar-se, diminuir-se ou mutilar-se. Desejar sofrimento, 
punição, doença, infortúnio. 
Oposição Rebelar-se às normas, valores ou ainda ao domínio. 
Ordem Por as coisas em ordem. Promover a limpeza, o arranjo, a organização, o equilíbrio, 
a precisão. 
Passividade Sofrer ou receber uma ação ou impressão. 
Realização Aumentar a auto-estima pelo uso bem sucedido dos seus talentos. Realizar algo 
difícil. 
Dirigir, manipular ou organizar objetos físicos, seres humanos ou idéias. Fazer isso 
tão rápida e independentemente quanto possível. Vencer obstáculos e atingir um 
alto padrão. Superar a si mesmo. Rivalizar com os outros, superá-los. 
Reconhecimento Ato ou efeito de reconhecer-se; e ser reconhecido. 
Rejeição Separar-se de uma influência negativa. Excluir, abandonar um objeto inferior ou 
tornar-se indiferente a ele. Repelir ou desprezar um objeto. 
Retenção Conservar posse duma coisa alheia ou pessoa. 
Sensitividade ou 
sensualidade: 
Procurar impressões sensuais e sentir prazer nelas. Planejar e manter uma relação 
erótica. Intercurso sexual. 
 
 Pressões são os determinantes do meio externo que podem facilitar ou impedir 
a satisfação das necessidades, representando a forma como o sujeito vê ou interpreta 
seu meio. A pressão está associada a pessoas ou objetos ou mesmo o ambiente que 
se acham envolvidos, diretamente, nos esforços que o indivíduo faz para satisfazer suas 
necessidades. "A pressão é um objeto é o que pode fazer ao sujeito ou para o sujeito, 
ou seja, o poder que tem para afetar o bem estar do sujeito". Conhecemos muito mais 
as possibilidades do indivíduo quando temos uma descrição não apenas de seus 
motivos ou tendências, mas também a maneira pela qual ele vê ou interpreta seu meio. 
 
 Ambiente é favorável quando ele facilita a obtenção da necessidade. É 
desfavorável quando ele dificulta e neutro não está relacionado com a necessidade. 
 
 
6 
Murray organizou várias listas de pressões, para fins especiais. Exemplo disso 
é a classificação contida na tabela a seguir, destinada a representar eventos ou 
influências significativas da infância. 
Na prática, essas pressões não apenas são vistas operando em determinadas 
experiências do indivíduo, mas também, se lhes atribui uma função quantitativa para 
indicar sua força ou importância na vida do mesmo indivíduo. 
 
Pressão Tipo 
Falta de Apoio (família) 
 
a) discordância cultural 
b) discordância familiar 
c) disciplina instável 
d) separação dos pais 
e) ausência de um dos pais 
f) enfermidade de um dos pais 
g) morte de um dos pais 
h) inferioridade de um dos pais 
i) dissemelhança () entre os pais 
I) pobreza 
l) lar desorientado 
Perigo Físico: 
 
a) Desproteção física 
b) através da água 
c) abandono e escuridão 
d) intempéries, relâmpagos 
e) através do fogo 
f) através de acidente 
g) animal 
Falta ou Perda: a) de alimentos 
b) de recursos 
c) de companhia 
d) de mudança (monotonia) 
Afiliação: 
 
a) associativa (amizades) 
b) emocional 
Agressão: 
 
a) emocional 
b) verbal 
c) física 
d) social 
e) associal 
f) destruição de propriedade 
g) mau trato de mais velhos (homem ou mulher) 
 
 
7 
h) mau trato de companheiros 
i) desavença com companheiros 
Dominação: 
 
a) coerção 
b) restrição 
c) indução, sedução 
d) proibição 
e) disciplina 
f) orientação religiosa 
Inferioridade: 
 
a) física 
b) social 
c) intelectual 
Sexo: a) exibicionismo 
b) sedução (homo/heterossexual) 
Apoio, dar afeto 
Criação, indulgência 
Decepção, ou traição 
Deferência, louvor, reconhecimento 
Nascimento de irmão 
Rejeição, desprezo 
Retenção de objetos 
Rival, competidor 
 
 
III – MATERIAL DO TESTE 
 
O conjunto completo é constituído por 31 pranchas que abrangem situações 
humanas clássicas. Segundo as instruções originais, a cada sujeito devem ser aplicados 
20 estímulos, perfazendo o total de vinte histórias. O grau de realismo é variável, sendo 
as 10 primeiras mais estruturadas e as 10 últimas menos estruturadas. Cada prancha 
apresenta impressos no verso, apenas um número ou um número seguido de uma ou 
mais letras. O número indica a ordem em que o estímulo deve ser apresentado, na série, 
e as letras referem-se ao gênero e/ou idade aos qual o estímulo se destina. 
 
 
 
 
Tipo de Estímulo Convenção 
Universal Apenas o número 
 
 
8 
Para mulheres Número seguido de F 
Para homens Número seguido de H 
Para crianças do sexo feminino (menina) Número seguido de M 
Para crianças do sexo masculino (rapaz) Número seguido de R 
 
 
Os quadros, impressos em branco e preto, representam situações de trabalho, 
relações familiares, perigo e medo, atitudes sexuais, agressão e uma prancha em 
branco que permite associações mais livres. O uso de figuras nas pranchas tem por 
objetivo facilitar a produção do sujeito, que tem que encarar determinadas situações 
típicas que nos interessa que sejam exploradas e permite padronizar a interpretação. 
 
 
 
 
 
9 
TEMAS EVOCADOS PELOS ESTÍMULOS 
 
1) PRIMEIRA SÉRIE 
PRANCHA 1 
 
O MENINO E O VIOLINO 
Um rapaz está contemplando um violino colocado sobre a mesa à sua frente. 
 
A) Área que explora: 
- Dever: submissão - rebeldia 
- Aspirações, expectativas, ambições, frustrações, ideal do Ego, fantasias vocacionais. 
- Atitude frente ao dever 
- Imagem dos pais 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Aparecem temas que expressam a opinião que o sujeito tem de suas atitudes e 
a imagem dos pais. 
 
C) Clichês: 
Temas que manifestam atitude do sujeito frente ao dever e com freqüência as 
suas aspirações: 
 
1. Os pais, geralmente, impõem ao menino a praticar ou estudar o violino; referido 
comumente pelos sujeitos como sendo dominados pelos pais. Diante dessa exigência 
o menino reage com passividade, conformismo, oposição, rebeldia ou fuga à fantasia, 
reação que corresponde, em geral à do sujeito em condições semelhantes da realidade. 
2. Outras histórias freqüentes se referem às aspirações, objetivos, dificuldades do herói: 
ordinariamente pertinentes em sujeitos ambiciosos. 
 
D) Distorções: 
Interpreta o menino como sendo cego ou que está dormindo; em relação ao 
violino ou o percebe mal, ou uma das cordas está solta; confusão do objeto identificado 
como sendo um livro. 
 
E) Omissões: 
Não consegue ver o arco ou o violino, ou ambos. 
 
 
 
10 
F) Simbolizações: 
1. O herói está preocupado porque uma corda está solta ou arrebentada, portanto 
intocável: freqüente em sujeitos que tem sentimento de culpa devido à masturbação ou 
que sofrem de ansiedade de castração. 
 
2. O herói analisa ou pesquisa acerca dofuncionamento e do mecanismo interno do 
violino: sujeitos preocupados (ansiedade de castração) ou de curiosidade das questões 
de ordem sexual. 
 
 
PRANCHA 2 
 
A ESTUDANTE NO CAMPO 
Cena campestre: no primeiro plano está uma jovem com livros na mão; ao fundo, 
um homem está trabalhando no campo e uma mulher mais idosa assiste. 
 
A) Área que explora: 
- Conflitos de adaptação intrafamiliares 
- Conflito com a feminilidade e com as formas de vida: campesina X urbana; instintivo 
X intelectual; virgindade X maternidade. 
- Nível de aspiração 
- Atitude frente aos pais 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Aspirações pessoais do sujeito e de sua situação intrafamiliar. 
 
C) Clichês: 
Revelam as reações do herói (a jovem do primeiro plano ou o homem do fundo) 
frente ao ambiente pouco cordial ou que não a (o) estimula, ou diante dos problemas 
enraizados pelas dificuldades de relacionamento familiar. Denuncia como o paciente vê 
seu ambiente, seu nível de aspiração e suas atitudes frente a seus pais. 
 
 
 
 
 
PRANCHA 3 RH 
 
 
11 
 
RECLINADO (A) NO DIVÃ 
No chão, encostado a um sofá, está agachado um rapaz com a cabeça reclinada 
sobre o seu braço direito. Ao seu lado, no chão, há um revolver. 
 
A) Área que explora: 
Frustração, depressão, suicídio. 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Principais frustrações do sujeito, fatores aos quais são atribuídas reações frente 
aos mesmos. 
 
C) Clichês: 
Histórias que expressam depressão; rejeição e suicídio. O rapaz foi injustiçado 
e o mesmo acaba tendo mal procedimento. Mais especificamente denunciam as 
situações que o sujeito considera sendo frustradores de seus desejos, assim como suas 
reações e seu estilo na resolução dos problemas. 
 
D) Distorções: 
1. O jovem é visto como moça, pelos sujeitos com fortes tendências femininas; 
2. O revolver é visto como um brinquedo ou outra coisa menos hostil, pelos sujeitos 
incapazes de expressar sua agressão de forma manifesta. 
 
E) Omissão: 
Do revolver 
 
PRANCHA 3 MF 
 
A JOVEM NA PORTA 
Uma jovem está de pé e cabisbaixa cobrindo o rosto com a mão direita. Seu 
braço esquerdo está estendido para frente, apoiando-se numa porta de madeira. 
 
A) Área que explora: 
Desespero culpa abandono, fracasso, violentado e perdido. 
 
 
B) Interpretação dos adultos: 
 
 
12 
Revelam os principais fatores causadores das frustrações e sua reação frente 
aos mesmos. 
 
C) Clichês: 
Dá lugar à expressão de sentimento de desespero e culpa 
 
PRANCHA 4 
 
UMA MULHER ENLAÇA O HOMEM, RETENDO-O. 
Uma mulher enlaça um homem, cujo rosto e corpo estão desviados dela, como 
se ele tentasse afastá-la. 
 
A) Área que explora: 
- Abandono, ciúmes, infidelidade, competição. 
- Conflitos matrimoniais 
- Atitude frente ao próprio sexo e ao sexo oposto 
 
B) Interpretação dos adultos: 
- Conflitos vivenciados pelo sujeito na vida real e a forma como o encara e enfrenta. 
 
C) Clichês: 
Histórias de conflitos (discussão ou drama de um eterno triângulo amoroso) do 
casal que está no primeiro plano. A figura seminua no fundo é a amante ou noiva do 
homem. O homem deseja desvencilhar-se da mulher para realizar algum plano, mas ela 
quer retê-lo. Traduzem as dificuldades do sujeito em sua vida matrimonial ou suas 
atitudes frente às mulheres e o sexo. 
 
D) Omissão: - 
Da mulher semidespida. 
 
 
PRANCHA 5 
 
MULHER IDOSA À PORTA 
Uma mulher de meia-idade está de pé no limiar de uma porta entreaberta, 
olhando para dentro de um quarto. 
 
 
 
13 
A) Área que explora: 
- Imagem da mãe ou esposa (protetora, vigilante, castradora). 
- Ansiedades paranóides 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Inter-relações mãe-filho 
C) Clichês: 
A mulher de idade mediana descobriu um ou mais indivíduos em atitudes que 
prefere ignorar; ou inspeciona o quarto por uma ou mais razões. Revela as atitudes e 
expectativas do sujeito frente a sua mãe (visto como superprotetora, proibindo ou 
censurando), a sua esposa ou às situações frente às que sente curiosidade. 
 
D) Distorções: 
A mulher é vista como sendo homem; a mulher examinando a parte externa da 
casa; dois quartos ao invés de um; o abajur como sendo uma cortina. 
 
PRANCHA 6RH 
 
O FILHO QUE VAI PARTIR 
Uma mulher madura e gorda está, de pé, de costas para um jovem de elevada 
estatura. Este olha para baixo, com uma expressão perplexa. 
 
A) Área que explora: 
- Atitude frente à figura materna 
- Dependência X Independência 
- Abandono, culpa 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Comportamento frente à situação edipiana. 
 
C) Clichês: 
Filho solicita a sua mãe permissão para levar ao cabo um projeto largamente 
planejado, abandonar seu local para ir trabalhar numa outra cidade; casar-se ou alistar-
se no exército. Seus desejos quase sempre estão em conflito com os da mãe. Revela a 
atitude do sujeito frente à figura materna (sentimentos de culpa, dependência x 
independência, superproteção) e os fatores que produzem e justificam seu afastamento. 
 
 
 
14 
PRANCHA 6 MF 
 
MULHER SURPREENDIDA 
Uma mulher jovem, sentada na borda de um sofá, olha para trás, por cima do ombro, 
para um homem mais velho, com um cachimbo na boca, que parece dirigir-lhe a palavra. 
 
A) Área que explora: 
Expectativas, temores, pressão, suspeita, extorsão. 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Comportamento frente à figura paterna. 
 
 
PRANCHA 7RH 
 
PAI E FILHO 
Um homem grisalho está olhando para um jovem que contempla o espaço com 
semblante carrancudo. 
 
A) Área que explora: 
- Atitude frente à figura paterna (adulto, autoridade). 
- Submissão, rebeldia 
- Necessidade de ser aconselhado, de ajuda, de apoio, orientação. 
- Ameaça de homossexualidade 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Comportamento intrafamiliar 
 
C) Clichês: 
O jovem recorre ao velho em busca de conselhos; ou ambos discutem um 
problema de mútuo interesse. Reflete a atitude do sujeito frente ao pai; aos adultos e 
à autoridade em geral (dependência, obediência, rejeição, desafio). Pode expressar 
as tendências anti-sociais e a atitude do sujeito frente à terapia. 
PRANCHA 7MF 
 
MOÇA E BONECA 
 
 
15 
Mulher idosa sentada num sofá, próxima de uma menina, falando-lhe ou lendo-
lhe. A menina, que está com uma boneca no regaço olha para longe. 
 
A) Área que explora: 
- Imagem da mãe 
- Atitude frente à maternidade. 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Comportamento intrafamiliar 
 
PRANCHA 8RH 
 
A INTERVENÇÃO CIRÚRGICA 
Um adolescente olha diretamente para fora do quadro. O cano de um rifle é 
visível a um lado e, ao fundo, a cena nebulosa de uma operação cirúrgica, como a 
imagem de uma divagação. 
 
A) Área que explora: 
- Direção da agressividade 
- Imagem do pai 
- Medo da morte 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Nada em especial 
 
C) Clichês: 
Em geral o adolescente é o herói. 
1. O cenário ao fundo representa sua fantasia ou desejo de ser médico, em cujo caso 
se delata a ambição do sujeito. 
2. Atirou contra a pessoa que está sobre a mesa e agora aguarda o resultado da 
operação: história que expressa as tendências agressivas do sujeito em dadas 
ocasiões dirigidas contra uma determinada pessoa. 
 
 
D) Omissão: 
Do rifle. 
 
 
 
16 
E) Simbolizações: 
Se amputar a perna da pessoa que está à mesa, geralmente, reflete ansiedade 
de castração. 
 
PRANCHA 8 MF 
 
MULHER PENSATIVA 
Uma jovem está sentada com o queixo apoiado sobre a mão, seusolhos estão 
distantes. 
 
A) Área que explora: 
Problemas atuais e fantasia 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Relações com o grupo do próprio sexo nas áreas: profissional, familiar e sexual. 
Conflitos atuais, tensões e esforço para solucioná-los. 
 
PRANCHA 9RH 
 
GRUPO DE VAGABUNDOS 
Quatro homens de macacão estão deitados sobre o gramado, repousando. 
 
A) Área que explora: 
- Trabalho e ociosidade 
- Relacionamento com o próprio grupo sexual 
- Homossexualidade. 
B) Interpretação dos adultos: 
Relacionamento com o próprio grupo social nas esferas: familiar, profissional e 
sexual. 
C) Clichês: 
Os homens estão descansando ou dormindo após uma dura jornada de trabalho ou 
tomando um breve descanso antes de retornar ao trabalho. 
As histórias de sujeitos mais esforçados concluem como retorno ao trabalho. 
 
PRANCHA 9MF 
 
DUAS MULHERES NA PRAIA 
 
 
17 
Uma jovem com uma revista e uma bolsa na mão, espia detrás de uma árvore 
uma outra jovem trajada elegantemente, que corre ao longo de uma praia. 
 
A) Área que explora: 
- Competição feminina 
- Rivalidade feminina 
- Espionagem, culpa e perseguição. 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Relações com o grupo do próprio sexo nas atividades profissionais, familiares e 
sexuais. 
 
PRANCHA 10 
 
O ABRAÇO 
A cabeça de uma mulher encostada no ombro de um homem. 
 
A) Área que explora: 
- Atitude frente à separação 
- Conflito do casal 
B) Interpretação dos adultos: 
Conflitos amorosos e sexuais 
C) Clichês: 
O homem e a mulher expressam seu mútuo afeto. Indica em geral, a atitude do 
sujeito frente à separação da pessoa amada, assim como seu grau de dependência à 
figura paterna. Normalmente denuncia como o sujeito considera sua mulher ou as 
relações entre seus pais. 
 
D) Distorções: 
A idade é confundida e sexo do homem e da mulher as sombras faciais são 
interpretadas de diferentes maneiras. 
 
 
 
2) SEGUNDA SÉRIE 
 
PRANCHA 11 
 
 
18 
 
PAISAGEM PRIMITIVA DE PEDRAS 
Uma estrada à beira de um profundo desfiladeiro entre elevadas escarpas. Na 
estrada, aparecem figuras obscuras à distância. De um lado da vertente rochosa 
assoma a longa cabeça e o pescoço de um dragão. 
 
A) Área que explora: 
- Ansiedade frente ao perigo 
- Angústia frente aos instintos 
 
B) Interpretação dos adultos: 
- Fantasias e tendências sexuais e agressivas. 
- Dificuldade de controle e respostas a situações perigosas. 
 
C) Clichês: 
Em geral, reflete a atitude do sujeito frente ao perigo e sua maneira de experimentar 
a ansiedade. As figuras obscuras (homens ou animais) são vistas como se estivessem 
sendo atacadas pelo dragão e normalmente descrevem suas técnicas defensivas: indica 
o temor do sujeito à agressão e os meios desencadeados para vencê-lo. 
O personagem masculino pode ser um cientista ou um explorador das regiões 
desconhecidas: revela sua curiosidade ou desejo de experimentar situações novas ou 
perigosas. 
 
D) Distorções 
Esta prancha oferece a maior quantidade de possibilidades aos erros 
perceptivos: o dragão é visto como um caminho; a cabeça do dragão como sua margem; 
o fundo como uma cascata; as paredes do abismo como sendo o castelo; as pedras 
como sendo cabeças humanas. A confusão do grupo de homens com o inseto é comum 
e não constitui um indicador especial. 
 
E) Omissão 
Do dragão 
 
F) Simbolizações: 
O monstro geralmente constitui uma representação simbólica das exigências 
instintivas que ameaçam seu interior. As histórias que se referem às dificuldades para 
 
 
19 
dominar o animal e aquelas em que o herói é perseguido pelos animais, podem refletir 
dificuldades de se controlar ou se adaptar aos impulsos e tensões sexuais. 
 
PRANCHA 12H 
 
O HIPNOTIZADOR 
Um jovem está deitado num sofá com os olhos fechados. Debruçado sobre ele, 
a forma esguia de um homem idoso, a sua mão estendida para o rosto da figura 
recostada. 
 
A) Área que explora: 
- Relação transferencial à situação de prova 
- Ameaça ao homossexualismo 
B) Interpretação dos adultos: 
- Atitude frente aos adultos 
- O papel de passividade e a atitude frente ao terapeuta. 
- Tendência homossexual latente e experiências homossexuais ocultas. 
C) Clichês: 
O herói (em geral o homem que está deitado) está dormindo e o ancião veio 
despertá-lo, ou é hipnotizado por este homem, ou está enfermo e o ancião veio 
perguntar-lhe pela sua saúde. Geralmente revelam a atitude do examinando frente aos 
homens adultos e seu ambiente, o papel da passividade em sua personalidade e, à 
vezes, sua atitude frente à terapia. 
D) Distorções: 
Com respeito aos dedos das mãos, e em casos raros ao sexo de um dos dois 
homens; o jovem pode ser visto como mulher pelos sujeitos com fortes componentes 
femininos. 
 
E) Simbolizações: 
As histórias em que o jovem que está deitado está se submetendo ou pode ter 
sido forçado a ser hipnotizado pelo homem maduro, geralmente denunciam tendências 
homossexuais latentes ou experiências homossexuais encobertas. 
 
 
PRANCHA 12 F 
 
A CELESTINA 
 
 
20 
Retrato de uma mulher jovem. Ao fundo uma velha misteriosa, com xale sobre a 
cabeça faz caretas. 
 
A) Área que explora: 
- Tentação instintiva e defensiva 
- Relação mãe-filha 
 
B) Interpretação dos adultos: 
- Atitude da filha frente ao controle materno. 
- Tendências ao controle das irmãs 
 
C) Clichês: 
Proporciona oportunidade de expressar a atitude frente à figura da mãe ou da 
filha, e envelhecimento e o matrimônio. 
 
D) Distorções: 
Nos casos psicóticos raros, a jovem é vista como um homem. 
 
 
PRANCHA 12RM 
 
O BOTE ABANDONADO 
Um barco a remo está parado à margem de um rio que corre entre o arvoredo 
de uma floresta. Não há figuras humanas no quadro. 
 
A) Área que explora: 
Fantasias desiderativas (desejos) 
 
PRANCHA 13 HF 
 
MULHER SOBRE A CAMA 
Um jovem de pé e com a cabeça inclinada, coberta por seu braço. Atrás dele, a 
figura de uma mulher deitada numa cama. 
 
A) Área que explora: 
- Atitude frente ao relacionamento heterossexual (ansiedade). 
- Sentimento de culpa 
 
 
21 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Tendências sexuais, relacionamento e conflitos no amor, e matrimônio e a vida 
erótica. 
 
C) Clichês: 
Quase sempre traduzem a atitude do sujeito frente às mulheres e ao sexo, às vezes 
frente aos sentimentos de culpa e a atitude frente ao alcoolismo. Histórias mais 
freqüentes: temas sexuais. 
 
1. Homem contempla ou manteve relações sexuais com a mulher (esposa, noiva ou 
prostituta) na cama. 
 
2. A mulher, esposa do herói, está morta ou enferma e se descrevem os sentimentos 
do jovem, comumente representam a hostilidade, contra a esposa ou às mulheres 
em geral. 
 
D) Distorções: 
Grande variedade, incluindo especulações acerca do fundo e dos objetos sobre 
a mesa. 
 
E) Omissões: 
Da mulher que está sobre a cama. 
 
PRANCHA 13R 
 
UM MENINO ESTÁ SENTADO NA SOLEIRA 
Um menino sentado na soleira da porta de uma cabana de madeira. 
 
A) Área que explora: 
- Carências, solidão, saudade, abandono e expectativas. 
 
 
 
PRANCHA 13M 
 
RAPARIGA SUBINDO AS ESCADAS 
 
 
22 
Uma jovem está subindo um lance de escada em espiral. 
 
A) Área que explora: 
- Carência, solidão e expectativas. 
 
PRANCHA 14 
 
HOMEM À JANELA 
A silhueta de um homem (ou mulher) contra uma janela iluminada. O resto do 
quadro é totalmente negro. 
 
A) Área que explora: 
- Homem adentro:fantasias, expectativas, evocação 
- Homem afora: evasão, aventura sexual, roubo 
- Choque ao negro 
B) Interpretação dos adultos: 
Denunciam os determinantes das ambições, preocupações, expectativas e 
eventualmente, fantasias de suicídio. 
C) Clichês: 
Permite a expressão das frustrações, expectativas, ambições e preocupações, 
inclusive suicidas. 
D) Distorções: 
O homem é visto como uma mulher, ou que está subindo em algum lugar. 
 
 
PRANCHA 15 
 
NO CEMITÉRIO 
Um homem negro, de mãos unidas, está em pé entre sepulturas. 
 
A) Área que explora: 
- Morte, culpa e castigo. 
- Choque ao negro 
 
B) Interpretação dos adultos: 
- Atitude e sentimentos do sujeito frente à morte e à perda de membros da família. 
 
 
 
23 
C) Clichês: 
A figura delgada reza ante a tumba de um morto. Descreve seus sentimentos e 
atitudes, passados e presentes frente à mesma. A pessoa morta geralmente representa 
a pessoa a quem dirige ou experimenta uma forte agressividade. 
 
D) Distorções: 
O Homem é visto como sendo uma mulher. Em suas mãos retém uma lâmpada 
ou um livro; os túmulos como sendo platéia de um teatro. 
 
 
PRANCHA 16 
 
PRANCHA EM BRANCO 
 
A) Área que explora: 
- Relação transferêncial à situação da prova. 
- Ideal do EGO 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Aspirações e possessões 
 
C) Clichês: 
Na maioria das vezes gira em torno dos problemas interiores de grande 
importância, ou deixa manifestar a atitude frente ao examinador. 
 
PRANCHA 17RH 
 
O ACROBATA 
Um homem nu está suspenso em uma corda. Está para galgar ou descer pela 
corda. 
A) Área que explora: 
- Nível de aspiração 
- Exibicionismo ou narcisismo 
- Masturbação 
 
B) Interpretação dos adultos: 
- Vontade de triunfar, nível de aspiração e tendências exibicionistas. 
 
 
24 
- Problemas pessoais, relações interpessoais e atitudes frente às dificuldades do mundo 
exterior. 
 
C) Clichês: 
Em geral não provoca nenhum tema significativo. O homem da corda é visto como: 
 
1. Está demonstrando sua habilidade atlética ou física ante um público numeroso, o 
qual revela o desejo de ser reconhecido, seu nível de aspiração ou as tendências 
exibicionistas do sujeito. 
 
2. Tema que pode expressar as situações ou problemas difíceis de resolver para o 
sujeito ou as reações ante as emergências. Se este tema é repetitivo, estereotipado, 
elaborado em excesso e seu teor afetivo e seu desenlace são intensos, representa 
as expectativas e esperanças do sujeito em escapar-se das suas dificuldades. 
 
D) Distorções: 
Quanto ao fundo, ao homem 
 
E) Simbolizações: 
O herói que sobe e desce pela corda: preocupação masturbatória. 
 
 
PRANCHA 17MF 
 
A PONTE 
Uma ponte sobre a água. Uma figura feminina debruça-se do parapeito. Ao fundo 
estão altos edifícios e pequenas figuras de homem. 
 
A) Área que explora: 
- Frustração, depressão 
- Autocastigo, suicídio 
 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Frustrações e reações frente ao controle familiar. Sentimentos depressivos e 
tendências ao autocastigo. 
 
 
 
25 
C) Clichês: 
Com freqüência provoca: 
1. Fortes sentimentos de dúvida e a tendência do sujeito a manter a esperança ou a 
ceder (suicídio). 
 
2. Atitudes frente à partida ou aparecimento de um objeto amado. 
 
D) Distorções: 
A ponte é vista como balcão da casa, a mulher como homem; perspectivas 
equivocadas. 
 
E) Omissões: 
Da mulher ou do grupo de trabalhadores. 
 
PRANCHA 18 RH 
 
ATACADO PELAS COSTAS 
Um homem é agarrado por detrás por três mãos. As figuras dos seus 
antagonistas são invisíveis. 
A) Área que explora: 
- Ansiedade, culpa 
- Idéias paranóides, ataque homossexual 
B) Interpretação dos adultos: 
Atitudes frente às condutas socialmente desaprovadas. 
 
C) Clichês: 
Histórias estereotipadas relacionadas a roubos, ou à bebida, que expressam 
atitudes frente aos vícios (alcoolismo ou ingestão de drogas). Podem, assim mesmo, 
expressar a ansiedade do paciente frente à agressão dirigida contra o terapeuta. 
 
1. O herói tem bebido ou sofrido um acidente e as mãos pertencem às pessoas que o 
ajudam. 
 
2. O herói está sendo atacado pelas costas, e as mãos pertencem aos seus agressores. 
 
D) Distorções: 
 
 
26 
Os dedos das mãos como correntes; da expressão facial, posição e estado da 
pessoa do fundo. 
 
E) Simbolizações: 
Geralmente denunciam as tendências homossexuais latentes ou experiências 
homossexuais encobertas do sujeito. 
 
PRANCHA 18MF 
 
MULHER QUE ESTRANGULA 
Uma mulher aperta o pescoço de uma outra mulher, a quem parece estar 
empurrando sobre o corrimão de uma escada. 
A) Área que explora: 
- Agressividade e apoio 
B) Interpretação dos adultos: 
Agressividade e relação com a figura materna e parentais do sexo feminino. 
C) Clichês: 
Estimula as atitudes agressivas. Expressam as relações com as figuras da filha, 
irmã, mãe e figuras femininas em geral; os ciúmes, sentimentos de inferioridade e 
reação frente a relações submissas. 
D) Distorções: 
Da conotação agressiva; da perspectiva, e raramente, do sexo dos personagens. 
PRANCHA 19 
 
CABANA COBERTA DE NEVE 
Quadro fantasmagórico com formações de nuvens, pairando sobre uma cabana 
coberta de neve. 
 
A) Área que explora: 
- Carência e conforto; vazio e plenitude; frustração e segurança. 
B) Interpretação dos adultos: 
Explora os sentimentos e desejos de segurança; como responde o sujeito frente 
às barreiras que o interceptam. 
C) Clichês: 
Oferece dificuldade: os pacientes a consideram como fantasmagórica. A cabana 
está cercada pela neve, mas seus habitantes estão acomodados. Descreve-se o estado 
 
 
27 
destes e como superam a situação, reflete o desejo de segurança do sujeito e o modo 
como enfrenta as circunstâncias frustradoras de seu próprio meio. 
 
D) Simbolizações: 
A preocupação pelos "olhos" (as aberturas da cabana) pode denunciar os 
sentimentos de culpa do paciente. 
 
PRANCHA 20 
 
SOZINHO DEBAIXO DA ILUMINAÇÃO 
Figura de um homem ou mulher iluminada de modo tênue, apoiando-se num 
candeeiro de rua, numa noite escura. 
A) Área que explora: 
- Preocupações, abandono, culpa, castigo. 
 
B) Interpretação dos adultos: 
Problemas íntimos, preocupações, tendências sexuais ou agressivas. 
 
C) Clichês: 
A figura medita sobre diversos problemas interiores, de relativa importância: 
aguarda a noiva (ou o noivo), ou planeja o ataque a uma vítima. Revela os temas que 
preocupam seus problemas, atitudes heterossexuais e as tendências agressivas do 
sujeito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
IV – ADMINISTRAÇÃO (MURRAY, 2005, p. 21-23). 
 
Preparação do Sujeito 
 
 
28 
 A maioria dos sujeitos não precisa de nenhum preparo, além de algum motivo 
razoável para se submeter ao teste. Mas, para os que forem muito limitados, pouco 
responsivos, resistentes ou desconfiados, bem como aqueles que nunca passaram por 
provas escolares ou testes psicológicos, é melhor que se comece com uma tarefa 
menos exigente antes de ser submetido ao TAT. As crianças, geralmente, produzem 
melhor depois de algumas sessões dedicadas à expressão de suas fantasias, 
verbalizadas por meios de brinquedos e brincadeiras. 
 
Ambiente de teste 
 O ambiente de cordialidade, o aspecto do consultório e de seu mobiliário, assim 
como o sexo, a idade, as atitudes e a personalidade do psicólogo, são capazes de afetar 
a liberdade, vivacidade e a direção da atividade imaginativa do sujeito. A metado 
psicólogo é conseguir maior quantidade de material, com a melhor qualidade possível, 
conforme as condições circunstanciais. Dado que a execução depende totalmente da 
boa vontade e criatividade momentâneas do sujeito, e também que a criatividade é um 
processo delicado, fundamentalmente involuntário, que não pode ser forçado, nem irá 
desabrochar num clima áspero, frio, intelectualmente arrogante ou de algum modo não 
empático, é importante que o sujeito tenha bons motivos para sentir que o ambiente é 
acolhedor e que capte que estão presentes a receptividade, a boa vontade e o apreço 
por parte do psicólogo. 
 
Instruções 
I – Primeira sessão 
 O sujeito deve sentar-se numa cadeira confortável ou, então, reclinar-se num 
divã. As instruções serão lidas para ele devagar, utilizando-se uma das seguintes 
formas: 
 Forma A (aconselhável para adolescentes e adultos de grau médio de 
inteligência e cultura): “Este é um teste de imaginação que é uma das formas da 
inteligência. Vou mostrar-lhe algumas pranchas, uma de cada vez, e a sua tarefa será 
inventar, para cada uma delas, uma história com o máximo de ação possível. Conte-me 
o que levou ao fato mostrado na prancha, descreva o que está acontecendo no 
momento, o que as personagens estão sentindo e pensando. Conte depois como 
termina a história. Procure expressar seus pensamentos conforme eles forem ocorrendo 
em sua mente. Você compreendeu? Como você tem cinqüenta minutos para as 10 
pranchas, você pode utilizar cerca de 5 minutos para cada história. Aqui está a primeira 
prancha”. 
 
 
 
29 
 Forma B (aconselhável para crianças, adultos pouco inteligentes ou de 
pouca instrução): “Este é um teste para contar histórias. Eu tenho aqui algumas 
pranchas que vou lhe mostrar. Quero que você faça uma história para cada uma delas. 
Conte o que aconteceu antes e o que está acontecendo agora. Fale o que as pessoas 
estão sentindo e pensando e como termina a história. Você pode fazer o tipo de história 
que quiser. Compreendeu? Bem, então aqui está a primeira prancha. Você tem 5 
minutos para fazer uma história. Faça o melhor que puder”. 
 
 As palavras exatas dessas instruções podem ser modificadas para se adaptarem 
à idade, inteligência, personalidade e condições peculiares de cada sujeito. Mas é 
melhor, de início, não dizer: “Está é uma oportunidade para você usar livremente sua 
imaginação”, pois essa forma de instrução suscita, algumas vezes, no sujeito, a suspeita 
de que o psicólogo pretende interpretar o conteúdo de suas associações livres, como 
ocorre na psicanálise. Tal suspeita pode causar grave dano à espontaneidade do 
pensamento do sujeito. Convém que ele acredite que o psicólogo está interessado tão 
somente em sua aptidão criativa ou literária. 
 Terminada a primeira história (e desde que haja base para isso), o sujeito deve 
ser discretamente elogiado. E, a menos que as tenha seguido com precisão, é preciso 
relembrar-lhe as instruções. Assim, o examinador poderá dizer: “Certamente essa foi 
uma história interessante, mas você esqueceu de dizer como o menino reagiu quando 
sua mãe o repreendeu, deixando a narrativa no ar. Não houve de fato um verdadeiro 
desfecho para a sua história. Você gastou nela três minutos e meio. As outras podem 
ser um pouco mais compridas. Procure fazer o melhor que puder com esta segunda 
prancha”. 
 De modo geral, é preferível que o psicólogo não diga mais nada no restante do 
tempo, exceto (1) para informá-lo se estiver muito atrasado ou muito adiantado em 
relação ao tempo previsto, por ser importante que o sujeito complete a série de dez 
histórias e dedique mais ou menos a mesma quantidade de tempo a cada uma delas; 
(2) para estimulá-la com um discreto elogio de vez em quando, pois essa pode ser a 
melhor maneira de incentivar a imaginação; e (3) se o sujeito omitir algum detalhe 
fundamental, as circunstâncias antecedentes ou o desfecho, lembrar-lhe com alguma 
breve observação tal como: “o que levou a essa situação?” De modo algum deve o 
psicólogo envolver-se em discussões com o sujeito. 
 O psicólogo deve interromper uma história demasiado longa e inconsistente, 
perguntando: “E como ela termina”, podendo dizer ao sujeito que o que importa é o 
enredo e não uma grande quantidade de detalhes. Os sujeitos que ficam intensamente 
absorvidos na descrição literal das pranchas devem ser alertados com tato de que este 
 
 
30 
constitui apenas um teste de imaginação. Se o sujeito fizer perguntas sobre detalhes 
pouco claros, o psicólogo deve responder: “Podem ser o que você quiser”. Não se deve 
permitir que o sujeito construa várias narrativas para uma mesma prancha. Se perceber 
que está orientando nessa direção, convém dizer-lhe que deve aplicar seus esforços 
numa única história mais longa. 
 As histórias devem ser registradas com detalhes, usando abreviações comuns 
ou pessoais. 
 Ao marcarmos a segunda sessão, convém que o sujeito não saiba ou que não 
seja levado a pensar que lhe serão solicitadas novas histórias. Ter essa expectativa em 
mente pode levá-lo a se preparar mediante a busca de enredos lidos em livros ou em 
filmes vistos por ele que, nessas condições, voltaria equipado com um material mais 
impessoal do que o produzido quando obrigado a inventar as histórias no impulso do 
momento. 
 
II – Segunda sessão 
 É desejável que haja um intervalo de, pelo menos, um dia entre a primeira e a 
segunda sessão. Nessa segunda parte, o procedimento é semelhante ao utilizado na 
anterior, salvo num aspecto: a ênfase nas instruções sobre a completa liberdade da 
imaginação. 
 A prancha 16 é dada com uma instrução especial: “Veja o que você pode ver 
nesta prancha em branco. Imagine alguma cena aí e descreva-a em detalhe”. Se o 
sujeito não conseguir, o examinador deve dizer: “Feche os olhos e imagine alguma 
coisa”. Depois que o sujeito der uma descrição completa daquilo que imaginou, o 
psicólogo deve dizer: “Agora me conte uma história sobre isso”. 
 
 
 O exame completo com o TAT compreende o uso das duas séries de pranchas, 
em duas sessões, separadas por um intervalo de tempo mínimo de um dia e um 
máximo de uma semana. Se não essa possibilidade, recomenda-se o emprego das 
dez pranchas da segunda série, consideradas como estímulos mais eficazes. Em 
determinados casos, o examinador pode escolher as pranchas mais importantes 
para a abordagem dos problemas em foco. Sempre que possível, entretanto deve 
dar preferência ao exame completo. As pranchas são apresentadas na ordem 
estabelecida pela numeração 
Após a coleta das histórias procede-se ao inquérito, para a suplementação de 
dados imprecisos, assim como para pesquisar a fonte de idéias. 
 
 
 
31 
V – Interpretação (MURRAY, 2005; SHENTOUB, 1951). 
 
A – Herói principal (protagonista) 
 
Murray centraliza a interpretação no herói principal como catalizador das 
projeções do sujeito. Outros autores, porém como Piotrowsky, reconhecem haver 
projeção em outros personagens, sobretudo projeções de impulsos não aceitos, quanto 
mais inconscientes seriam os impulsos neles projetados. 
Os traços do herói corresponderiam à imagem, real ou ideal, que o sujeito tem 
de si. O herói seria o catalizador principal das projeções do sujeito, sobretudo segundo 
a linha interpretativa de Murray. 
Idade: Informa-nos se o sujeito se percebe como jovem, criança, homem maduro 
ou velho. 
Sexo: Informa-nos sobre a identificação do sujeito com o próprio sexo ou com o 
sexo oposto. 
Personalidade: As atitudes, sentimentos, conduta, traços, etc, traduzem-nos as 
qualidades que o sujeito possui, crê ou deseja possuir. 
Aparência física: Relaciona-se com os interesses do sujeito,sua imagem 
corporal, seu ideal físico, sobretudo se trata de figuras ambíguas. 
 
Multiplicidade de heróis: 
Tal multiplicidade pode "resultar do deslocamento da identificação e revelar 
importantes fases, ou aspectos contraditórios, ou uma dissociação mais ou menos forte 
da personalidade do sujeito". 
 
• Identificação: Em geral, o herói principal é: 
- O personagem em quem o narrador está mais interessado, cujo ponto de vista o 
narrador adota. 
- Quem mais se assemelha ao sujeito em termos objetivos e reais (regra não rígida). 
- Pessoa que figura no quadro. 
- Pessoa que desempenha papel principal. 
 
Entretanto, deve-se ter atenção aos seguintes pontos: 
 
- Pode haver uma seqüência de protagonistas. 
 
 
32 
- Dois impulsos podem ser representados por dois protagonistas (o conflito seria então 
mais intenso do que se os dois impulsos estivessem representados num só 
protagonista). 
- pode haver numerosos protagonistas parciais. 
- o personagem principal pode ser simplesmente um elemento do meio ambiente do 
sujeito e não alguém com quem ele se identifica, o protagonista estaria num 
personagem secundário. 
 
• Caracterização: Identificando o herói principal, analisa-se nele: 
 
- Dados pessoais, idade, sexo, profissão, etc. 
- Características psíquicas, vocação, habilidades, interesses, adaptação. 
- Tendências e traços caracterológicos: superioridade (capacidade, poder, fama), 
inferioridade, masculinidade-feminilidade, ascendência, submissão, etc. 
- Atitude frente à sociedade, autoridade, colegas e parentes. 
- Características físicas. 
 
• Suas Necessidades 
Caracterizar as necessidades do herói (ver lista) 
 
• Seus estados interiores e emoções 
 
- Decepção, desilusão, depressão, aflição, melancolia, mágoa, desespero 
(abatimento). 
- Alegria, felicidade, excitação. 
- Amor, desconfiança. 
- Conflitos, passividade-atividade, dependência-independência, realidade- prazer, 
medo, ansiedade, angústia, sentimentos de culpa. 
- Mudança emocional. 
 
 
 
 
 
B. OUTROS PERSONAGENS 
 
 
 
33 
Faz-se igualmente sua caracterização. Comparam-se os homens e as mulheres. 
Investigam-se os traços das mulheres de idade, bem como dos homens de idade. 
Seus atributos revelam como o sujeito visualiza as pessoas com as quais se 
encontram emocionalmente ligado (pai, irmão, etc.) Pode haver, entretanto um 
deslocamento, como por exemplo, no caso da polícia representar a figura paterna. 
 
C. AMBIENTE/ PRESSÃO 
 Caracterizar o ambiente e as pressões (ver lista) 
 
D - OMISSÃO/ DISTORÇÃO 
 
Omissão: Não percepção e não inclusão na história de elementos significativos 
manifestos na Prancha. 
 
Distorção: Alteração perceptual dos elementos significativos manifestos na Prancha. 
 
E - ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO 
 
Os sinais aqui reunidos correspondem à expressão, pela conduta, de certa 
ansiedade e de mal estar provocadas pela prancha. Segundo o contexto clínico, elas 
permitem prejulgar a natureza patológica das respostas. 
 
• Exclamações - Comentários 
 
Toda observação verbal com relação às pranchas e toda expressão de alegria, 
de desgosto, de admiração, de surpresa, etc. testemunham certa labilidade emocional 
e impulsividade. Traduz o desejo do sujeito de "neutralizar" o objeto, entrando 
imediatamente em sua intimidade, como também a necessidade de se identificar com o 
objeto, de se projetar. Esta atitude que reflete certa perda de distância é seguida 
freqüentemente pelas projeções diretas, referências pessoais, etc. 
 
 
 
 
• Digressão 
 
 
 
34 
Toda observação "à margem" do teste, formulada durante a exibição das pranchas. 
Ex.: "como faz calor aqui". Estas observações têm a mesma significação que as 
exclamações, mas confirmam melhor a necessidade que o sujeito experimenta de se 
subtrair à tarefa de fugir da ansiedade provocada pelo exame ou, por uma determinada 
prancha. 
 
• Necessidade de fazer perguntas 
 
Toda intervenção do examinador para solicitar a continuação das histórias 
(mais), ou o final da mesma (F), ou então dos dois (mais, F). Podem-se encontrar duas 
categorias de sujeitos aos quais é necessário fazer perguntas. 
 
### 
 
 
 
### 
 
Sujeitos ansiosos que se põem eles mesmos as perguntas e tem desejos de confirmação para 
continuar sua narração, e que se beneficiam com a intervenção do examinador. 
 
Sujeitos que, malgrado às múltiplas perguntas, não chegam a sobrepujar sua incapacidade de 
construir uma história. Suas defesas, quer de ordem neurótica ou psicóticas, são muito mais 
estruturadas do que as do sujeito da primeira categoria. 
 
 
• Necessidade de aprovação 
 
Toda expressão que tenha por finalidade atrair a atenção do examinador. Ex.: "está 
bem feito? "A necessidade de aprovação se encontra nos sujeitos ansiosos e que, além 
do mais, têm tendência a uma emotividade lábil. Um de seus mecanismos de defesa 
consiste em procurar segurança por meio de uma série de reinvidicações afetivas. 
 
• Ansiedade manifesta 
 
Toda manifestação exteriorizada de temor, de mal estar (expressões verbais, 
mímicas, posturais). A ansiedade manifesta pode se exprimir de várias maneiras e, tal 
como: a temperatura nos doentes, traduzir um simples "estado febril" ou se indício de 
doenças de toda sorte. 
O comportamento ansioso pode se traduzir, dentre outras por atitudes posturais 
embaraçadas e gestos estereotipados como: mão na testa, dedos nos cabelos, fumar 
nervosamente, pela careta, pela transpiração, pelas maneiras de olhar a prancha, ou de 
ficar sentado, etc. 
 
 
35 
É importante observar, se esta ansiedade ocasiona uma perturbação na 
elaboração do tema, ou se permanece de qualquer modo isolada, o que é indício de 
uma estruturação muito mais caracteriológica. 
 
 
• Observações críticas 
 
Toda observação destinada a desvalorizar as situações do exame, seu interesse, 
o material usado, etc. Ex.: "não é bonito isso que o senhor está me mostrando"; "parece 
que o senhor faz questão de escolher as pranchas mais feias"; "pra que serve tudo 
isto?". 
Esta expressão manifesta agressividade e traduz uma estruturação do caráter 
muito elaborado e é indicativo de adaptação defeituosa. Incluiremos ainda uma outra 
forma de crítica: aquela que diz respeito aos personagens. Aqui a crítica é acompanhada 
por referências pessoais e de uma projeção muito forte, portanto de uma perda de 
distância em relação à prancha, que é vista como uma realidade "horrível" Ex..: (pr..2) 
a pessoa da direita está grávida. Isto não me agrada... Este tipo de respostas 
testemunha tendências paranóides pronunciadas. 
 
• Cinismo 
 
Toda atitude insolente ou desdenhosa desafiando a situação incômoda. O 
cinismo indica certo afastamento, e mesmo uma espécie de isolamento afetivo, e mostra 
uma estruturação caracterial de defesa mais séria. É também uma das manifestações 
do comportamento esquizofrênico, mas não se pode interpretá-lo neste sentido, senão 
em um contexto clínico patológico particular. 
 
• Recusa 
 
Rejeição à prancha e recusa a contar uma história. A recusa testemunha tanto a 
agressividade como o bloqueio do sujeito; ou o sujeito manifesta conscientemente a 
agressividade e rompe toda relação; simplesmente recusando uma ou mais pranchas, 
ou se limita ao silêncio, malgrado as instruções em conseqüência de um choque 
profundo que bloqueou toda expressão. 
Pode ser considerada como índice patológico engajado na própria estrutura da 
personalidade, embora se encontre também nos sujeitos normais, e mais 
particularmente nos psicossomáticos.36 
 
• Não obediência às instruções 
 
Ausência de um ou vários elementos da instrução: história onde falta qualquer 
coisa: passado (P); solução (S); ação (A) e fim (F). 
A obediência às instruções pode ser considerada, essencialmente como um 
índice de adaptação à realidade. Neste sentido, material, examinador, situação de 
exame e instruções formam um conjunto que o sujeito deve enfrentar e frente ao qual 
deve adotar certa conduta. 
 
• Insistência no passado 
 
Toda história que se desenrola quase exclusivamente no passado, em 
detrimento do presente, que não é assinalado senão por alusões ou implicitamente. 
Certos sujeitos sentem necessidade de demorar-se longamente sobre o passado, sem, 
no entanto, perder de vista a situação da prancha à qual eles chegam finalmente. As 
situações da imagem parecem despertar neles um eco longínquo, talvez vivido; a 
prancha não lhes serve senão de pretexto para desenvolver um tema central sobre os 
acontecimentos anteriores. 
Outros sujeitos atêm-se igualmente ao passado, mas se perdem e se acham 
muito desamparados assim que tenham de se reportar à situação representada na 
prancha. Este tipo de reação não se encontra a não ser, praticamente, nos psicóticos. 
 
F - ELEMENTOS DE LINGUAGEM 
 
Estas poucas observações reunidas sob o título "Linguagem" estão longe de 
abranger tudo o que se pode observar em relação ao sujeito no TAT. 
 
• Estilo falho ou frustrado 
 
Expressão verbal pobre, vocabulário restrito. O estilo pobre, ou falho, se 
encontra fatalmente nos débeis, mas também nos sujeitos de inteligência normal e de 
um nível cultural pouco elevado. Pode ser observado, igualmente, nos casos de psicose 
orgânica e de problemas de origem psicossomáticas, com forte rebaixamento de 
eficiência (nos hipertensos, por exemplo). 
 
• Estilo rebuscado 
 
 
37 
 
Todo o pedantismo ou afetação nas expressões verbais, como o emprego 
repetido de um determinado tempo do verbo. é encontrado em nível "normal" nos 
sujeitos com sentimento de inferioridade muito acentuados e que procuram compensar 
e se afirmar desta maneira particular. No domínio patológico, é típico de esquizofrênicos 
e paranóico. 
 
• Expressões surrealistas 
 
Efeitos verbais que não levam em conta a lógica da língua. Ex.: "dois caminhos 
(ou retas) que se encontra e gritam: "viva o Lula". As expressões surrealistas ou poético-
herméticas, sem procura voluntária de originalidade se encontram essencialmente na 
esquizofrenia, e são acompanhados, freqüentemente de neologismo. 
 
• Neologismo 
 
Invenção de palavras novas. Os neologismos espontâneos fazem parte do 
mesmo quadro clínico da esquizofrenia. 
 
• Perturbação no decurso do pensamento 
 
Sintaxe perturbada, linguajar sem nexo, perda do fio do pensamento. Difluência. 
 
• Fluidez verbal 
 
Linguajar inconsistente, verboso, dominado pelas associações de idéias 
sucessivas. Vai interpretar como os precedentes, mas em um contexto diferente, se 
apresenta como sinal de comportamento maníaco ou de deficiência intelectual. (Obs. 
conjunto de idéias simplesmente jogadas). 
 
 
 
• Estereotipias (histórias desprovidas de sentimentos) 
 
Toda repetição de fórmulas desprovidas de conteúdo afetivo, é também a recusa 
no engajamento de afetos. 
 
 
 
38 
• Contradição entre o tema e expressão 
 
Toda expressão verbal ou mímica do narrador é inadequada ao tema. Nos 
sujeitos normais, indica um defeito de identificação super compensado, nos psicóticos 
esta discordância é muito mais manifesta e é característica do quadro esquizofrênico. 
• Expressões "isto poderia ser"... Etc. 
 
Toda expressão que permite ao sujeito não se comprometer com uma afirmação 
direta, correspondem a uma tomada de distância mais ou menos grande, que se 
encontra principalmente nos hesitantes com estrutura obsessiva. (ex.: "a rigor poderia 
ser"; "pode-se esperar que"). 
 
• Expressões "Percebe-se nitidamente que", etc. 
 
Toda expressão que reforça o engajamento pessoal do sujeito com uma 
afirmação direta Ex.: "É evidente que..."; "Não há dúvida que..." Estas expressões 
categóricas correspondem a uma perda de distância, engajando o sujeito a uma 
identificação e projeção direta. 
 
G - RELAÇÕES INTERPESSOAIS 
 
É evidente que um sujeito vive e se desenvolve criando ou mantendo sem cessar 
relações, e que a menor dificuldade com referências a estas, traduz um problema da 
personalidade do sujeito. Estes relacionamentos não se limitam àquilo que se entende 
comumente sob esta designação, isto é, às relações de pessoa a pessoa, mas implicam 
também nos relacionamentos que um sujeito mantém com um objeto material sobre o 
qual ele transfere os seus sentimentos, e com ele próprio. 
Sabemos também que cada sujeito conduz um diálogo interior com os 
sentimentos que tem respeito ao objeto, diálogo consciente ou inconsciente. 
E o conjunto de todos estes relacionamentos com suas tonalidades e as suas 
qualidades múltiplas que se transportam para os movimentos dos personagens e suas 
relações nas histórias do TAT compreende-se, portanto, a importância que atribuímos 
ao significado das "relações interpessoais". 
 
• Relações positivas (em suas diferentes combinações) um diálogo 
satisfatório entre os personagens. 
 
 
 
39 
Existe, evidentemente, uma infinidade de modalidades de relações que se 
podem classificar de "positivas". É difícil, às vezes, reconhecê-los como tais, sobretudo 
quando os afetos não são explícitos. Dever-se-á mesmo, às vezes, recorrer ao exame 
das soluções dos conflitos para compreender a qualidade das relações interpessoais. 
O examinador tem uma tendência a supor que as boas relações entre heróis da 
história traduzem boa relação do sujeito com seu meio ambiente. E isto é verdade para 
a maioria dos casos, mas não é uma regra absoluta. A explicação está no fato de que 
as relações interpessoais parciais de um sujeito podem ser excelentes (no seu trabalho, 
na vida social, etc.), sendo todas negativas no domínio da vida privada. 
Uma outra razão de discordância entre as relações dos heróis e as relações dos 
sujeitos é devida ao fato de que o narrador projeta nas histórias, a uma só vez, aquilo 
que ele é, o que queria ser, aquilo que não quer ser, aquilo que ele não é, etc. 
Novamente o contexto e o conjunto do protocolo que darão a chave da interpretação. 
 
• Relações negativas (em suas diferentes combinações) um diálogo não 
satisfatório entre os personagens. 
 
As relações são negativas quando existe uma ruptura do diálogo e quando 
nenhum entendimento se estabelece entre os personagens. s dificuldades que se 
encontram aqui são as mesmas que nos sinais precedentes. Nós a encontramos, por 
exemplo, nas histórias de relações homossexuais negativas, quando o narrador, na 
realidade, tem relações homossexuais parcialmente positivas. Pode ser mesmo que a 
maior parte das relações homossexuais do sujeito seja positiva com exceção das 
relações com a mãe (no caso de uma moça) ou com o pai (no caso de um rapaz). 
 
• Relações tensas 
 
Relações muito carregadas de afeto e que não dão aos personagens a 
possibilidade de descargas positivas. Nós encontraremos esta tensão que invade a 
personalidade em casos limites ou nas neuroses graves. As histórias são geralmente 
sem final. O conflito é agudo e dramático. 
 
• Relações inconsistentes 
 
Relações pouco vividas e às quais não se pode determinar o caráter. Traduz 
certa ambigüidade de relacionamento, um defeito de identificação. Nos casos muito 
pronunciados devemos pensar em neuroses graves ou psicoses. 
 
 
40 
 
•Relações ausentes (seja totalmente, seja parcialmente entre os 
personagens) 
 
Falta de relações entre os personagens evocados ou não. Esta ausência é, em 
todo caso, um sinal grave, traduzindo uma retração importante da libido. A ausência 
total de relações nos fará pensar em uma estrutura psicótica; a ausência parcial 
significará um mecanismo obsessivo. 
 
• Conflito intrapessoal tenso 
 
Conflito entre o herói e ele mesmo. Os conflitos interpessoais evocados devem 
ser distinguidos do conflito que se desenrola no interior do herói, isto é, intrapessoal. 
Clinicamente estes conflitos são uma redução maciça dos conflitos interpessoais. 
Traduzem, em todo caso, uma estrutura psicótica fortemente narcisista e devem ser 
notados na medida em que substituem os conflitos interpessoais não evocados na 
história. 
 
H - SOLUÇÃO DO CONFLITO EVOCADO (desfecho da história) 
 
A adaptação de um sujeito à vida será avaliada facilmente, a partir da qualidade 
das soluções que ele dá aos conflitos evocados em suas histórias. é, em suma, o índice 
global de adaptação mais seguro que nos oferece o TAT. 
Isto não quer dizer que uma solução negativa implique necessariamente numa 
inadaptação do sujeito a todos os domínios da vida. Mas a relação entre a solução 
encontrada e o modo de adaptação do sujeito é sempre existente. 
 
a) 
 
 
b) 
 
 
 
 
Relações interpessoais positivas podem conduzir a soluções positivas: 
teremos, então, um sujeito normalmente adaptado; 
 
Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções positivas: 
teremos "sujeitos complexados", mas conseguem vencer as suas próprias 
dificuldades, graças, sem dúvida, a sistema de super compensação. 
 
 
41 
c) 
 
 
 
d) 
Em nossa experiência com o TAT, temos tido ocasião de encontrar relações 
interpessoais positivas ligadas a soluções negativas. Ao se encontrar isto, o 
caso deverá ser estudado; 
 
Relações interpessoais negativas podem conduzir a soluções negativas ou 
coexistir com elas. Isto assinala um grau importante de inadaptação do sujeito 
ao mesmo tempo em que uma homogeneidade de suas relações. 
 
 
Estas ligações simples entre relações interpessoais e soluções dos conflitos não 
são mais freqüentes. Encontraremos mais freqüentemente, num mesmo protocolo, 
índices positivos e negativos, o que é uma imagem fiel da vida. É o exame aprofundado 
do protocolo inteiro que nos permite aproximar da personalidade complexa do sujeito: a 
tônica deve ser colocada na "estrutura dinâmica" (assim, as relações positivas e as 
soluções positivas, ambas tendo sido placadas, estão longe de traduzir um modo de 
adaptação perfeita. Testemunha somente a possibilidade do sujeito estabelecer e de 
"manter relações à distância", sem afetos e sem engajamento pessoal. 
Com um grau de adaptação decrescente nós podemos classificar as soluções 
positivas da seguinte maneira: 
 
• Solução adaptada 
 
Toda história onde o personagem resolve a situação conflitual em seu proveito 
e de maneira socialmente integrada. 
 
 
 
 
• Compromisso viável 
 
Toda tentativa no sentido de evitar a resolução do conflito aberto, encontrando-
se uma solução intermediária aceitável 
 
• Dependente de ajuda exterior 
 
Adaptação às situações dadas, graças às circunstâncias ou às personagens 
favoráveis do meio exterior. 
 
 
42 
 
 
• Hipotética 
 
Toda solução positiva do conflito sendo remetida para o futuro, sob condição. 
Exemplo: "Eles se casarão um dia, se tudo correr bem". 
 
• Placada ou moralização 
 
Todo clichê otimista e gratuito em lugar de solução de conflito. É muito difícil 
catalogar essas soluções de maneira "objetiva". É evidente, sobretudo na clínica que 
intervém escalas de valores pessoais, morais e sociais, que podem variar segundo as 
diferentes tradições ou culturas. Mas a clínica terá a última palavra, sempre. Exemplo: 
(Trata-se de determinar se a solução seguinte, dada pelo narrador, é adaptada ou 
neurótica) "uma moça que queira deixar a mãe; esta tenta retê-la; a filha fica por ter 
pena da mãe". 
A despeito das tradições morais que consideram esta solução como desejável, 
ela será qualificada pelo examinador como neurótica, tendo em vista o conhecimento 
que hoje temos das conseqüências de uma tal solução de conflito. 
 
• Soluções múltiplas 
 
Toda história comportando diversas soluções. As soluções múltiplas podem ser 
homogêneas quanto a sua qualidade ou heterogêneas. Quando são heterogêneas e, 
sobretudo, quando a última solução evocada é má, devemos concluir por uma 
adaptação defeituosa. Se ao contrário, a última solução for positiva isto significa que as 
defesas obsessivas são integradas apesar de tudo. 
A multiplicidade de soluções, mesmo boas, testemunha o medo do sujeito em 
engajar-se e se encontra mais freqüentemente nas estruturas obsessivas. 
 
• Solução autopunitiva ou de fracasso 
 
Toda história que termina desfavorável ao herói principal. Esta espécie de 
solução traduz necessariamente uma má adaptação. Mas traduz, além disso, uma 
conduta de fracasso propriamente dita, que trás, na clínica psicanalítica, o nome de 
"neurose de fracasso", estas respostas, muito infantis em geral, implicam numa 
imaturidade afetiva. 
 
 
43 
 
 
• Soluções por satisfação dos impulsos 
 
Toda história na qual a solução é conseguida graças à satisfação de um desejo 
ou uma tendência, sem se levar em conta as exigências sociais e do Superego. O 
superego de um sujeito que dá tais soluções é impotente ante a força do Id. Se a esta 
configuração se junta uma má integração do Ego, ou se encontramos várias respostas 
deste gênero, estaremos tratando com estrutura psicótica. Mas se, ao contrário, a 
função de integração do Ego é relativamente boa, estaremos em presença de uma 
personalidade normal, com defesas psicóticas. 
 
• Solução discordante com relação ao tema 
 
Todo final de história contradizendo a evolução do conflito. Isto é quase 
incoerência, logo, por definição, psicótico. 
 
• Ausência de solução 
 
O conflito evocado permanece aberto. A significação desta ausência não pode 
ser explicada senão em função do contexto. Pode ser encontrada, tanto no protocolo de 
um neurótico, como de um psicótico, o sujeito normal que se omitiu à solução, da-la-á, 
em geral, sob demanda do examinador. 
 
 
 
 
VI - AS PARTES DO RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E O TAT 
 
1. Funcionamento cognitivo 
A inteligência pode ser estimada a partir do vocabulário usado nas histórias. 
A percepção da realidade pode ser avaliada verificando se o indivíduo percebe 
ou não as figuras de modo adequado e se as histórias são ou não realistas. O 
pensamento pode ser avaliado verificando se as histórias são organizadas ou não. 
 
2. Afeto 
 
 
44 
Analisar as principais emoções atribuídas aos personagens e as situações que 
despertam essas emoções. A adequação dos afetos às situações deve ser analisada. 
 
3 Auto-imagem e auto-estima. 
As características dos heróis expressam a auto-imagem do indivíduo. Os heróis 
são competentes ou incompetentes para lidar com as situações? Como reagem ao 
cometerem erros? Como são vistos pelos outros personagens? 
 
4 Relacionamentos interpessoais. 
As histórias do TAT são uma importante fonte de dados sobre os 
relacionamentos interpessoais do sujeito. Além disso, considerar o modo de o sujeito se 
relacionar com o examinador durante a testagem. As atitudes frente a diferentes tipos 
de pessoas, tais como os pais, companheiros amorosos, amigos e colegas de trabalho 
devem ser descritas.Relações com a figura materna costumam ser expressas nas 
respostas às figuras 2, 5, 6BM e 7GF. Relações com a figura paterna costumam ser 
expressas nas respostas às figuras 6GF e 7 BM. Relações com pessoas da mesma 
idade, do mesmo sexo e do sexo oposto, costumam ser expressas nas respostas às 
figuras 9BM, 9GF, 4 e 13 MF. 
 
 
45 
Psicologia USP 
Print ISSN 0103-6564 
 
 
Psicol. USP vol.11 n.1 São Paulo 2000 
 
 
A DESVINCULAÇÃO DO TAT DO CONCEITO DE "PROJEÇÃO" 
E A AMPLIAÇÃO DE SEU USO 
 
Vera Stela Telles1 
Instituto de Psicologia – USP 
 
 
Crítica à designação de "projetivo" referente aos fenômenos implicados no material do 
TAT. Procurou-se mostrar que tal designação levou historicamente o teste a ser 
amarrado às teorias psicanalíticas, sem que nada, nos fenômenos registrados, obrigasse 
a tal leitura. Ao contrário, a nosso ver, a maior parte da problemática de seu uso em 
pesquisa e da possibilidade de um consenso geral referente à sua interpretação, deve-se 
aos problemas inerentes à próprias teorias psicanalíticas. Sugerimos então sua 
desvinculação desse termo que o remete a um sistema teórico fechado que como tal, 
impede a verdadeira observação do material obtido pelo teste. Essa observação dos 
fenômenos permitiria a superação dos impasses e consequentemente a ampliação de seu 
uso, já que o consenso seria procurado no material, para além de qualquer postura 
teórica prévia do observador. 
Descritores: Teste de Apercepção Temática. Projeção (Mecanismo de defesa). Teoria 
psicanalítica. Técnicas projetivas. Psicologia clínica. Cognição. 
 
 
O problema dos assim chamados testes projetivos começa na própria definição de 
"projetivo." Esse conceito carrrega consigo o sentido subjacente de que o fenômeno, a 
ser pesquisado, de certo modo já é previamente "conhecido" - ele pertence e é circunscrito 
dentro de uma dimensão "projetiva" (qualquer que seja o sentido dado à palavra). Essa 
forma de nomear implica então em uma específica posição frente ao fenômeno. Aliás, é 
precisamente à imprecisão do termo projetivo que os autores atribuem os erros dos 
"métodos projetivos" (Cattell, 1951 & Rappaport, 1952, citados por Imbasciati & 
Ghilardi, 1994, p. 40). Também Shentoub (1990) na sua introdução afirma: "Os testes 
 
 
46 
ditos projetivos, seriam melhor nomeados de provas de personalidade, desde que eles 
procedessem de mecanismos que ultrapassam o quadro da projeção, mesmo na 
concepção mais ampla do termo ..." (p. 1, grifos nossos). 
A história do TAT (Teste de Apercepção Temática) poderia ser concebida como uma 
démarche das mais complicadas, tentando resolver um impasse que, pensamos ter muito 
mais a ver com essa designação intempestiva do que com problemas suscitados pelos 
fenômenos psicológicos implicados na tarefa. As mais diferentes formas de avaliação e 
teorização do teste tentam, no fim, explicar a "projeção" (e o "inconsciente"); suas 
fundamentações teóricas deixam muito a desejar2 - tanto em relação à captação do 
fenômeno quanto ao consenso sobre sua explicação e sua metodologia. O problema é de 
tal magnitude que alguns autores põem em dúvida se existe algo neste teste compatível 
com a função de instrumento diagnóstico (Anderson, & Anderson, 1967). Quanto à sua 
utilização em pesquisas, o impasse parece insolúvel. 
Voltando às suas origens (1935), apesar de Henry Murray ter recorrido à teoria 
psicanalítica clássica para descrever a estrutura de personalidade do indivíduo achava "... 
que somente a psicanálise não seria suficiente para fornecer esquemas facilmente 
utilizáveis na ... praxis da psicologia; quis então integrá-la num sistema teórico que 
sublinhasse os problemas de adaptação e as influências ambientais" ((Imbasciati & 
Ghilardi, 1994, pp. 15-16). Tenta assim (segundo os autores) integrar a clínica e a 
psicologia experimental. Sua linha teórica é basicamente fundamentada nas necessidades 
do sujeito e nas pressões ambientais. Necessidades que incluem uma força determinada 
pelos processos internos e, mais freqüentemente, devidos às interferências ambientais 
"organizadoras de toda atividade do indivíduo em vista de uma modificação de uma 
situação tida como insatisfatória" (Imbasciati & Ghilard, 1994, pp. 15-16). 
A idéia que fundamenta essa posição é a de adaptação e centraliza-se na problemática de 
harmonizar o interior do sujeito e o exterior, representado pelo seu ambiente. Para 
descrever as alterações perceptivas introduzidas pelo sujeito, Murray usa o termo 
psicológico de apercepção (Imbasciati & Ghilard, 1994, p. 34).3 
Os trabalhos da Gestalt estabelecendo as leis da percepção também preocupam-se em dar 
sentido às distorções perceptivas; nestas distorções a Gestalt localiza "um processo 
dinâmico devido às leis da "pregnância" e do conceito de transponibilidade." 
As imagens percebidas no TAT seriam então "antes de mais nada uma gestalt, formada 
desde a memória que fornece a imagem composta real das figuras concretas que lhes 
correspondem, e das imagens – estímulos fornecidos pelo teste segundo uma organização 
perceptiva ótima" (Ancona, s. d., grifos nossos). 
Essa configuração perceptiva não é um simples resultado de uma composição, mas a 
percepção é gestaltizada com os componentes afetivos que estão presentes no sujeito: 
Estes últimos são responsáveis ... por um processo de distorção de tipo gestáltico que 
procura a organização mais simples possível; no nível desta gestalt superior, a 
organização se exprime como a manutenção do equilíbrio psíquico obtido com a exclusão 
subjetiva da dificuldade da realidade; o que perturba é evitado enquanto não é percebido, 
e o que não é percebido não existe.4 (Ancona, s.d., grifos nossos) 
 
 
47 
O eu aprende depressa o modo mais econômico de manter constante a própria 
organização deformando assim as percepções exteriores ..." por isso Bellak tem razão em 
dizer que "a organização da personalidade constitui um sistema de controles e de 
balanceamentos, de modo a absorver cada novo estímulo com o mínimo de mudanças" e 
Ancona acrescenta: "A percepção do mundo exterior torna-se por isso mesmo 
necessariamente projetiva" (Ancona, s.d., p. 8, grifos nossos). 
Mais adiante o autor acrescenta: 
... o modo mais correto de descrever essa situação é como fez Murray chamando 
apercepção. A apercepção é de fato uma distorção perceptiva porque através dela a nova 
experiência é assimilada e transformada segundo traços da experiência passada; e gera a 
projeção, segundo uma transferência de aprendizagem.5 (Ancona, s.d.) 
Mais ainda; este modo de ver as coisas permite considerar os fatos de percepção como 
aqueles descritos pela psicanálise como "mecanismo de defesa," somente substituindo a 
noção de pregnância pela de defesa" – Há aqui uma contradição flagrante: o autor está 
explicando a aprendizagem; parece-nos, então, absurdo falar em mecanismo de defesa; 
mais ainda, o termo projeção aqui descrito (e o único que poderia ser relativo à produção 
do TAT) refere-se ao conceito "normal" de projeção, não àquele advindo de mecanismos 
de defesa. Desse modo a apercepção mencionada nada tem a ver com a projeção como 
mecanismo de defesa. Faz-se então uma passagem indevida entre dois termos iguais mas 
de sentidos completamente diferentes (sempre dentro da própria psicanálise). Como se 
verá mais adiante, o único "projetivo"- (segundo autores de orientação psicanalítica) - 
pertinente à produção do sujeito no TAT seria aquele que precisamente nada tem a ver 
com mecanismo de defesa. Portanto nada, a não ser a coincidência do nome, justifica que 
se identifiquem as alterações perceptivas ou aperceptivas, com os mecanismos de defesa 
descritos pela

Outros materiais