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Aula - Responsabilidade Civil do Estado

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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Professora: Ms. Márcia Rosana R. Cavalcante
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CONCEITO
“ É a obrigação que se lhe atribui de recompor os danos causados a terceiros em razão de comportamento unilateral comissivo ou omissivo, legítimo ou ilegítimo, material ou jurídico, que lhe seja imputável”. (Gaparini, 2010)
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FUNDAMENTO
- Bipartido: decorrente de atos lícitos e ilícitos.
A) Atos Lícitos
 – princípio da distribuição igualitária dos ônus e encargos a que estão sujeitos os administrados.
- Ex.: pavimentação de uma avenida que ocasionou o rebaixamento de diversas residências, que passaram a sofrer inundações constantes em razão das águas pluviais - indenização em razão do ônus sofrido pelos proprietários dos imóveis em questão.
 
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FUNDAMENTO
B) Atos Ilícitos
- descumprimento da lei;
- princípio da violação da legalidade;
- Ex.: Estado interdita uma indústria poluente e, posteriormente, verifica-se que a mesma não era poluente – indenização pela ilegalidade do dano ocasionado à indústria pelo ato praticado.
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Evolução das Teorias da Responsabilidade civil do Estado
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TEORIAS
A) Teoria da Irresponsabilidade patrimonial do Estado
- Estado era absoluto e soberano.
- Estado não poderia causar danos ou males a ninguém. (“The King can do no wrong”)
- Atos de império
- Vigente na época colonial do Brasil.
 B) Teoria da Responsabilidade com Culpa civil do Estado (Responsabilidade Subjetiva)
- Estado com atuação equivalente à dos particulares em relação aos seus empregados ou prepostos (Teoria da Culpa Civil).
- possibilidade concreta de responsabilização do Estado pelos danos causados a terceiros, desde que se comprovasse que o ato danoso foi culposo ou doloso.
- Acolhida pelo CC/1916 até a edição da CF de 1946.
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Características
 C) Teoria da Culpa do Serviço ou Administrativa
- Estado repararia o dano se fosse comprovado não funcionamento, o mau funcionamento do serviço ou de forma tardia.
- Binômio falta de serviço – culpa da Administração.
- Necessidade de demonstrar o dano causado pelo Estado e a culpa do serviço.
D) Teoria do Risco Administrativo (Teoria Objetiva)
- inspiradas pelas decisões do Conselho de Estado da França;
- Não exige culpa do agente público e nem do serviço;
- Basta a comprovação do ato lesivo e o nexo causal entre esse ato e o dano;
- Admite-se exclusão da responsabilidade do Estado em causa de EXCLUDENTES DE ILICITUDE;
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EXCLUDENTES DE ILICITUDE
A) Culpa exclusiva da Vítima (intenção deliberada da própria vítima) 
B) Força Maior (acontecimento involuntário, imprevisível e incontrolável) que rompe o nexo de causalidade entre a ação estatal e o particular) e 
C) Culpa de terceiro: ato de terceiro se comprovada a culpa do Estado. 
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TEORIAS
E) Teoria do Risco Integral (Teoria Objetiva)
- obriga o Estado a indenizar todo e qualquer dano sem qualquer excludente;
- Defende que a Administração estaria obrigada a indenizar todo e qualquer dano suportado por terceiros, ainda que resultante de culpa ou dolo da vítima.
- Aplicabilidade em situações excepcionais:
acidente de trabalho: 
indenização coberta pelo seguro obrigatório DPVAT;
atentados terroristas em aeronaves – responsabilidade estatal por ato de terceiro (Lei nº. 10.744/2003 e Lei nº. 6.194/74);
dano ambiental: art. 225 CF 
dano nuclear – Monopólio da União – divergência doutrinária – Lei nº. 6.653/77 – prevê excludentes de ilicitudes;
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4. Direito de Regresso
Previsto na parte final do § 6º, do art. 37, da Constituição Federal;
- Direito que a Administração Pública tem de reaver o que desembolsou à custa do patrimônio do agente causador do dano que tenha agido com dolo ou culpa.
- Medida aplicável somente se o agente agiu com dolo ou culpa.
- Legislação própria estabelecendo prazo para interposição do pedido.
- Não há previsão de prescrição do direito de regresso, segundo o parágrafo 6º do art. 37 da CF/88.
- Poderá ser ajuizada contra o agente causador, ou, em sua falta, contra seus herdeiros e sucessores;
Ação regressiva imprescritível: entes públicos
Ação regressiva – PJ de Direito privado: 03 anos – CC- (art. 206, V, CC)
- Poderá ser ajuizado na esfera administrativa;
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4. Direito de Regresso
-4.1 Requisitos:
Condenação da Administração Pública a indenizar por ato lesivo ao agente ou formulação de acordo amigável por via administrativa;
Pagamento do valor da indenização;
Conduta lesiva dolosa ou culposa do agente
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5. Do Regime na Constituição Federal de 1988.
- art. 37, parágrafo 6º da CF/88 - (Responsabilidade Civil Objetiva do Estado);
- Teoria do Risco Administrativo;
-Independe da atividade desempenhada;
- Pessoas jurídicas de Direito Público (qualidade da pessoa) / Pessoas jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviços públicos (atividade desempenhada);
 
“Art. 37, § 6º da CF: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.”
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5. Do Regime na Constituição Federal de 1988.
 Estabelece duas relações jurídicas: 
a) a do poder público e seus delegados na prestação de serviços públicos perante a vítima do dano – Caráter OBJETIVO
b) do agente causador do dano perante a Administração ou empregador – Caráter SUBJETIVO – presença de culpa ou dolo;
- Pessoas Jurídicas de Direito Público e Privado prestadoras de serviços públicos – danos causados por seus agentes a terceiros – direito de regresso contra o responsável (dolo ou culpa). Necessidade de uma ação do agente público.
 
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5. Do Regime na Constituição Federal de 1988.
5.1 CARACTERÍSTICAS DO DANO INDENIZÁVEL
-ANORMAL: ultrapassa os inconvenientes naturais – mero aborrecimento.
- DANO ESPECÍFICO: alcança destinatários determinados – indivíduo ou classe de indivíduos – não a coletividade.
Prescrição: STJ (5 anos) da ocorrência do fato.
OBS.: Mero aborrecimento não é indenizável.
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7. DANOS POR OMISSÃO ESTATAL
-Exemplos: assalto, enchentes, bala perdida, queda de árvores e buracos em via pública.
-Inexistência de ato estatal – prejuízo;
-vítima deve comprovar omissão, prejuízo, dano e nexo de causalidade;
-Teoria Subjetiva: STF
Situações: quando a legislação considera obrigatória a prática de conduta omissiva;
-omissão dolosa;
-omissão culposa
-Possibilidade de inversão do ônus da prova: beneficiar hipossuficiente.
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DANOS POR OMISSÃO ESTATAL
7.1 Danos Presos Foragidos
- Inexiste responsabilidade Estatal: STF
7.2 Prisão indevida
 - responsabilidade moral e material – erro judiciário
7.3 Relações de Custódia
- Responsabilidade Objetiva
 -Poder Público deve garantir a integridade das pessoas e dos bens custodiados;
-Responsabilidade Civil objetiva, inclusive por ato de terceiro – dever de vigilância e custódia;
- Aplica-se a Teoria do Risco administrativo – excludentes: culpa exclusiva da vítima e força maior.
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REPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS, REGULAMENTARES E JURISDICIONAIS
A) ATOS LEGISLATIVOS
- Regra: não acarretam responsabilidade;
- Casos: 
I) edição de leis inconstitucionais – necessidade de declaração de inconstitucionalidade pelo STF e prejuízo.
II) edição de leis de efeitos concretos (destina a determinado destinatário) – não possui caráter normativo
- são desprovidas de generalidade e impessoalidade
- consideradas como ‘ato administrativo’
- concretude e individualização.
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REPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS, REGULAMENTARES E JURISDICIONAIS
 ATOS JURISDICIONAIS 
- Regra: Irresponsabilidade – soberania do Poder Judiciário;
I – Atos não jurisdicionais: responsabilidade civil objetiva – Teoria do Risco Administrativo;
II – Área Criminal: art. 5º, LXXV da CF – erro judiciário – responsabilidade objetiva - não incide na área
cível;
III – Responsabilidade civil pessoal do Juiz: art. 133 CPC.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. São Paulo: Atlas.
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. São Paulo: Saraiva.
MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. São Paulo. Revista dos Tribunais.
MAZZA, Alexandre. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva.

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