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MICRORGANISMOS E TRATAMENTO DE EFLUENTES POR PROCESSOS ÁEROBIOS Universidade Federal da Fronteira Sul Microbiologia Ambiental: Djaina Sibiani Lorena Fonseca Thaís Prates Tratamento de efluentes • O tratamento de efluentes através de microrganismos tem como objetivo a remoção da matéria orgânica; • Amenizando os riscos de contaminação de rios e lagos; • O tratamento biológico é dividido em tratamento aeróbio (presença e oxigênio) e anaeróbio (ausência de oxigênio); • O sistema aeróbio realiza a completa conversão na matéria orgânica em água, energia, CO2 e material celular para o crescimento bacteriano; • O sistema anaeróbio realiza fermentação e não converte totalmente a matéria orgânica pela ausência de oxigênio no meio formando gases metano e CO2 que podem ser aproveitados como forma de energia. 2 Tratamento de efluentes Tratamento preliminar Gradeamento Desarenação Tratamento primário Floculação Sedimentação Tratamento secundário Aeróbio Anaeróbio Tratamento terciário 3 Tratamento de efluentes Tratamento preliminar: Consiste na remoção de sólidos grosseiros e de areia, por meio de mecanismos básicos de ordem física. Tratamento primário: Destina-se, por meio de mecanismos básicos de ordem física, à remoção de sólidos flutuantes (graxas e óleos) e à remoção de sólidos em suspensão sedimentáveis e, em decorrência, parte da matéria orgânica. Tratamento secundário: No tratamento secundário, predominam os mecanismos biológicos, e o objetivo é principalmente a remoção de matéria orgânica e, eventualmente, nutrientes (nitrogênio e fósforo). Tratamento terciário: O tratamento terciário objetiva a remoção de poluentes específicos, ou ainda remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos no tratamento secundário. A remoção de nutrientes e de organismos patogênicos pode ser considerada como integrante do tratamento secundário ou do tratamento terciário, dependendo do processo adotado. 4 Processo aeróbio Processo Aeróbio Lagoas de estabilização Lagoas facultativas Lagoas aeradas facultativas Lagoas aeradas de mistura completa Filtros biológico Filtros de baixa carga Filtros de alta carga Lodos ativados Convencional Aeração prolongada Fluxo intermitente 5 Lagoas de estabilização As chamadas lagoas de estabilização constituem a forma mais simples de tratamento e efluentes, sendo elas as lagoas anaeróbias, aeradas e as faculdades. Destas, apenas a lagoa anaeróbia trabalha sem a presença de oxigênio. No processo aeróbio existem: • Lagoas facultativas; • Lagoas aeradas facultativas; • Lagoas aeradas de mistura completa. 6 Lagoas facultativas • O processo de tratamento por lagoas facultativas constitui-se unicamente por processos naturais; • Estes podem ocorrer em três zonas da lagoa: zona anaeróbia, zona aeróbia e zona facultativa; • O efluente entra por uma extremidade da lagoa e sai pela outra; • Após a entrada a matéria orgânica em suspensão (DBO particulada) começa a sedimentar formando o lodo de fundo e sofre tratamento anaeróbio na zona anaeróbia da lagoa; • A matéria orgânica dissolvida e a em suspensão de pequenas dimensões permanecem dispersas na massa líquida e sofrerão tratamento aeróbio nas zonas mais superficiais da lagoa (zona aeróbia). Essa etapa tem a necessidade de oxigênio e este é fornecido por trocas gasosas da superfície líquida com a atmosfera e pela fotossíntese realizada pelas algas presentes, fundamentais ao processo; • Processo leva cera de 20 dias; 7 Lagoas facultativas 8 Figura 1: Lagoa facultativa (SPERLING, V. 1996). Lagoas Aeradas facultativas • Sistema utilizado quando se quer ter um sistema totalmente aeróbio.; • Introdução de aeradores que são suficientes para injetar oxigênio em maior quantidade, se comparado ao processo biológico tradicional; • Porem não são o bastante para fazer os sólidos em suspensão ficarem na massa liquida, ocasionando assim, o tratamento do sólido no fundo da lagoa, por isto o nome facultativo; • O uso dos aerogeradores permite que o tempo de detenção do efluente para o tratamento seja em torno de 5 a 10 dias; • Esse tipo de lagoa, devido a mecanização, é menos simples de operar e fazer manutenção, além do custo com energia elétrica . 9 Lagoas Aeradas facultativas 10 Figura 2: Lagoa aerada facultativa (SPERLING, V. 1996). Lagoas Aeradas de mistura Completa • Sistema utilizado quando se quer ter um sistema totalmente aeróbio.; • Introdução de aeradores que são suficientes para injetar oxigênio em maior quantidade, se comparado ao processo biológico tradicional; • Porem não são o bastante para fazer os sólidos em suspensão ficarem na massa liquida, ocasionando assim, o tratamento do sólido no fundo da lagoa, por isto o nome facultativo; • O uso dos aerogeradores permite que o tempo de detenção do efluente para o tratamento seja em torno de 5 a 10 dias; • Esse tipo de lagoa, devido a mecanização, é menos simples de operar e fazer manutenção, além do custo com energia elétrica . 11 Lagoas Aeradas de mistura Completa 12 Figura 3: Lagoa aerada de mistura completa (SPERLING, V. 1996). Filtros biológicos • São sistemas de tratamento no qual o efluente passa por um leito de material de enchimento recoberto com microrganismos e ar, acelerando o processo de digestão da matéria orgânica; • O filtro biológico é constituído por este leito que pode ser feito de pedras, ripas ou material sintético, onde o processo é realizado por bactérias, seguidas pelos protozoários, micrometazoários e fungos; • O efluente é aspergido continuamente sobre um leito de pedras ou outro material entre o qual o ar circular formando sobre este uma película de bactérias; • O liquido passa rapidamente pelo leito em direção ao dreno de fundo, porém a película de bactérias absorve uma quantidade de matéria orgânica e faz sua digestão mais lentamente; 13 Filtros biológicos • É considerado um processo aeróbio uma vez que o ar pode circular entre os vazios do material que constitui o leito fornecendo oxigênio para as bactérias; • Quando a película de bactérias fica muito espessa, os vazios diminuem de dimensões e a velocidade com que o efluente passa aumenta, devido a isso surge forças cisalhantes que fazem com que a película se solte do material. Os filtros podem ser divididos em : • Filtros de baixa carga; • Filtros de alta carga. 14 Filtros de baixa carga • Neste sistema, como a carga de DBO aplicada é baixa, o lodo sai parcialmente estabilizado devido ao consumo da matéria orgânica presente nas células das bactérias em seus processos metabólicos; • Tem eficiência comparável ao sistema de lodos ativados convencionais. Ocupa uma maior área e possui uma menor capacidade de adaptação as variações do efluente, porém consome menos energia e é mais simples operacionalmente. 15 Figura 4: Filtro biológico de baixa carga (Marcelo Zaiat EESC/USP, 2014). Filtros de alta carga • A área ocupada é menor e a carga de DBO aplicada é maior. Há uma recirculação do efluente para que mantenha os braços distribuidores funcionando durante a noite, quando a vazão é menor e, evitando assim que leito seque; • Assim há também um novo contato das bactérias com a matéria orgânica melhorando a eficiência. Outra forma de aumentar a eficiência é colocando filtros biológicos em série. Há diferentes formas de combinar os filtros e a recirculação de efluentes. 16 Figura 5: Filtro biológico de alta carga (MarceloZaiat EESC/USP, 2014). Filtros biológicos 17 Filtro Biológico Filtro de alta carga Filtro de baixa carga Vantagens • Elevada eficiência na remoção de DBO; • Requisito de área baixo; • Índice de mecanização baixo (equipamentos simples); • Boa eficiência na remoção de DBO (embora ligeiramente inferior aos filtros de baixa carga); • Maior flexibilidade operacional que filtros de baixa carga; • Melhor resistência a variações de carga que filtros de baixa carga e reduz as possibilidades de maus odores. Desvantagens • Menor flexibilidade operacional (comparado aos lodos ativados); • Elevados custos de implantação; • Relativa dependência da temperatura do ar; • Necessidade da remoção do lodo; • Elevada perda de carga. • Operação mais sofisticada que os filtros de baixa carga; • Elevados custos de implantação; • Necessidade de remoção do lodo; •Elevada perda de carga. Lodos ativados • Requer áreas menores do que as lagoas; • Apresenta alto grau de mecanização e consumo de energia elétrica; • O tanque de aeração, tanque de decantação e a recirculação de lodo são partes integrantes deste sistema; • O efluente passa pelo reator, onde ocorre a remoção da matéria orgânica e depois vai para o decantador, de onde sai clarificado após a sedimentação dos sólidos que formam o lodo de fundo (formado por diversas bactérias em busca de matéria orgânica); • Estes são enviadas novamente ao reator através da recirculação de lodo, aumentando-se a concentração de bactérias em suspensão no tanque de aeração; • Porém uma parcela equivalente ao crescimento das bactérias (lodo biológico excedente) deve der retirada, para evitar que as bactérias se reproduzam continuamente. 18 Lodos ativados • A alta eficiência deste sistema se deve a recirculação de lodo; • Esta permite que o tempo de detenção hidráulico seja pequeno e consequentemente também o reator possua pequenas dimensões; • A recirculação de sólidos também ocasiona com que os sólidos permaneçam mais tempo no sistema que a massa líquida; • O sistema pode remover também nitrogênio e fósforo, porém a remoção de coliformes é geralmente baixa devido ao pequeno tempo de detenção hidráulico e normalmente insuficiente para o lançamento no corpo receptor. Os lodos ativados são divididos em 3 classificações: • Lodos ativados convencional 19 Lodos ativado convencional • Constituído por reator e decantadores primário e secundário; • O tempo de detenção hidráulico é de 6 a 8 horas e a idade do lodo em torno de 4 a 10 dias; • Como o lodo retirado ainda é jovem e possui grande quantidade de matéria orgânica em suas células, há necessidade de uma etapa de estabilização do lodo ; • Para economizar energia para aeração, parte da matéria orgânica é retirada dos efluentes antes do tanque de aeração através do decantador primário; • Devido à alta recirculação dos sólidos com o aumento das bactérias, é necessária a presença de mecanismos de controle para fazer com que o sistema fique em equilíbrio, já que o aumento descontrolado das bactérias ocasionaria uma demanda excessiva por oxigênio, assim é necessário fazer a remoção do lodo diretamente do reator manualmente. 20 Lodos ativado convencional 21 Figura 6: Sistemas de lodos ativados convencional (SPERLING, V. 1997). Lodos ativados de aeração prolongada • No sistema de lodos ativados convencional o lodo excedente requer uma etapa de estabilização por ter alto teor de matéria orgânica. Assim se a biomassa permanecer no sistema mais tempo do que 30 dias recebendo a mesma carga de DBO do esgoto bruto, haverá uma menor disponibilidade de alimento para as bactérias; • Para que a biomassa permaneça mais tempo no sistema é necessário que o aerador seja maior, assim usa-se o sistema de aeração prolongada; • Assim as bactérias para sobreviver passam a utilizar nos seus processos metabólicos a própria matéria orgânica componente das suas células, e esta é convertida em gás carbônico e água através da respiração, estabilizando a biomassa no próprio tanque de aeração; • Não utiliza-se o decantador primário e como a estabilização do lodo ocorre de forma aeróbia no reator, há um maior consumo de energia elétrica, porem este sistema tem maior eficiência de remoção de DBO dentre os que funcionam com lodos ativados. 22 Lodos ativados de aeração prolongada 23 Figura 7: Sistemas de lodos ativados - Aeração prolongada (SPERLING, V. 1996). Lodos de aeração de fluxo intermitente • Este processo consiste na incorporação de todas as unidades constituintes e operações do sistema convencional de lodos ativados em um único tanque; • Utilizando um tanque único, esses processos e operações passam a ser simplesmente sequências no tempo, e não unidades separadas como ocorrem nos processos convencionais de fluxo contínuos. • O processo intermitente consiste em um reator de mistura completa onde ocorrem todas as etapas do tratamento, através de ciclos de operação com durações definidas; • A massa biológica permanece no reator durante todos os ciclos, eliminando dessa forma a necessidade de decantadores separados; • Este sistema é mais rápido do que o convencional por simplificar diversas etapas devido à eliminação de diversas unidades; • Este sistema pode funcionar tanto como um de lodos ativados convencional como um de aeração prolongada 24 Lodos de aeração de fluxo intermitente 25 Figura 8: Sistemas de lodos ativados – Fluxo intermitente (SPERLING, V. 1996). Tratamento de efluentes 26 Referências bibliográficas • REVISTA TAE. Tratamento de Efluentes. Disponível em: < http://www.revistatae.com.br/noticiaInt.asp?id=3671>. Acesso em: 20 de Nov. 2016. • SPERLING, V. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Introdução à qualidade das águas e o tratamento de esgotos. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1995. Disponível em: < http://www.fec.unicamp.br/~bdta/esgoto/filtrosbiologicos.html>. Acesso em: 20 Nov. 2016. • SPERLING, V. Princípios do Tratamento Biológico de Águas Residuárias – Lodos Ativados. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1997. Disponível em: < http://www.fec.unicamp.br/~bdta/esgoto/lodosativados.html>. Acesso em: 20 Nov. 2016. • SPERLING, V. Lagoas de estabilização – Tratamento de efluentes. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, 1996. Disponível em: < http://www.fec.unicamp.br/~bdta/esgoto/lagoas.html>. Acesso em: 02 dez. 2016. • KOZAK, C; JUSTINO, N, M; CRISTO, A,C; SILVEIRA, J,W,P. Comparação entre tratamento biológico aeróbio e anaeróbio de esgotos domésticos. Disponível em: <http://saeq.pg.utfpr.edu.br/site/artigos/2012/5.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2016. a 27
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