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ASPECTOS DA COLHEITA, PÓS-COLHEITA E TRANSFORMAÇÃO INDUSTRIAL DO PEDUNCULO DO CAJU (Anacardium occidentale L.) Men de sá Moreira de Souza Filho 1 Arbene de Oliveira Aragão2 Ricardo Elesbão Alves3 Heloísa Almeida Cunha Filgueiras4 1. INTRODUÇÃO A exploração da cultura do caju é considerada uma das principais atividades agroindustriais do Nordeste do Brasil. Como o principal produto explorado nesta atividade têm-se a amêndoa da castanha de caju, que é industrialmente beneficiada nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, sendo uma das principais fontes de receita na exportação de produtos industrializados no Estado do Ceará. Outra alternativa para a exploração econômica do caju é a industrialização do seu pseudofruto (pedúnculo) que representa cerca de 90% do peso do fruto do caju. O potencial de agroindustrialização do pedúnculo do caju, permite que dele sejam obtidos diversos produtos da agroindústria de processamento de frutos tais como bebidas, sucos, doces, conservas etc. Outra alternativa que vem despontando a partir das pesquisas nas áreas de melhoramento genético e tecnologias pós-colheita é a exploração econômica do cajueiro anão precoce, na forma de fruto para consumo de mesa. Ressalta-se que além da diversidade de produtos provenientes do processamento do caju e da potencialidade de aproveitamento econômico destes, a agroindústria do caju tem ainda um grande impacto sócio-econômico, em virtude do grande número de empregos gerados nas atividades agrícolas, industriais e comerciais, gerando renda e fixando o homem ao campo. Assim, a exploração do cajueiro apresenta-se como uma alternativa para melhoria da qualidade de vida do homem do campo, notadamente nas regiões mais pobres do Nordeste brasileiro. 2. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FÍSICO-QUÍMICAS DO PEDÚNCULO DO CAJU O pedúnculo de caju (Anacardium occidentale L.) apresenta uma grande variabilidade com relação às suas características químicas e físico-químicas, tendo como principais fatores que as influenciam o tipo de solo, o clima, o tipo de cajueiro (nativo ou clone de anão precoce), o estádio de maturação e as condições de plantio (sequeiro ou irrigado). As TABELAS 1 e 2 a seguir apresentam respectivamente as características químicas e físico- químicas do pedúnculo de caju nativo e de diferentes clones de cajueiro anão desenvolvidos pela Embrapa Agroindústria Tropical, onde verifica-se o valor nutricional dos pedúnculos de caju, por seu alto teor de vitamina C, um bom conteúdo de açúcares, sendo ainda uma fonte regular de cálcio e fósforo. Com relação aos taninos os clones de cajueiro anão apresentam teores inferiores que os pedúnculos de caju nativo, o que representa uma redução na adstringência, tornando aqueles mais adequados e atrativos para o consumo in natura e para o processamento industrial. 1 Pesquisador Embrapa Agroindústria Tropical, M.Sc. Tecnologia de Alimentos. 2 Bolsista Embrapa Agroindústria Tropical / Acadêmica - Engenharia Química, Universidade Federal do Ceará 3,4 Pesquisador Embrapa Agroindústria Tropical, Dr. Tecnologia Pós-colheita. TABELA 1 - Composição química e físico-química do pedúnculo do caju Determinações Valores médios Açúcares redutores (%) 8,00 Vitamina C (mg/100mL) 261,00 Acidez Total (em ácido cítrico %) 0,35 Sólidos solúveis (ºBrix) 10,70 Tanino (%) 0,35 Cálcio (mg/100g) 14,70 Fósforo (P2O5) (mg/100g) 32,55 Umidade (%) 86,33 pH 3,90 FONTE: SOARES (1986) TABELA 2 - Valores médios das características químicas e físico-químicas do pedúnculo de caju de diferentes clones de cajueiro anão. Valores médios Determinações CP - 76 CP -1001 CP - 06 Açúcares redutores (%) 8,30 8,08 8,24 Vitamina C (mg/100mL) 158,26 157,64 153,20 Acidez Total (em ácido cítrico %) 0,49 0,47 0,47 Sólidos solúveis (ºBrix) 10,76 10,04 9,74 Tanino (%) 0,27 0,31 0,30 pH 4,25 4,21 4,34 Umidade (%) 85,98 86,23 87,20 Cinzas (%) 0,32 0,33 0,32 Fibra (%) 0,06 0,14 0,20 Cálcio (mg/100g) 16,75 13,65 16,00 Ferro (mg Fe / 100g) 0,31 0,28 0,34 Fósforo (P2O5) (mg/100g) 30,55 25,85 26,80 Proteína (%) 0,92 0,75 0,64 FONTE: SOUZA FILHO (1987) 3. COLHEITA E PÓS-COLHEITA DO PEDÚNCULO DE CAJU No tocante aos aspectos de colheita e pós-colheita do pedúnculo do caju, os principais indicadores para o ponto de colheita do caju são: a coloração, a firmeza e a composição do pedúnculo. Na prática, a colheita é realizada quando o pedúnculo está completamente desenvolvido, com o tamanho máximo, textura firme e coloração característica do tipo ou clone. Para o mercado de consumo do pedúnculo in natura, os mesmos devem estar perfeitos, sem deformações. A indústria aceita pedúnculos com defeitos físicos, como deformações ou pouco desenvolvimento de cor, desde que não apresentem sinais de doenças, ataque de pragas ou de fermentação. Uma vez definido o ponto ótimo de colheita, devem-se considerar alguns cuidados indispensáveis para manutenção da qualidade do pedúnculo. A colheita deve ser realizada nas horas de temperaturas mais amenas. Para que o fruto seja colhido corretamente, deve ser feita uma leve torção para que o pedúnculo se solte do pedicelo, caso o mesmo ofereça resistência para soltar-se, caracteriza-se que ainda não alcançou o estádio de maturação para colheita. No transporte dos pedúnculos do campo até o galpão de beneficiamento pós-colheita, os cajus destinados ao consumo in natura devem ser acondicionados, em uma única camada, nas caixas plásticas de colheita (47cm x 30,5cm x 12 cm), revestidas internamente por uma camada de espuma de nylon de aproximadamente 1 cm de espessura, para não danificar o pedúnculo. Não recomenda-se colocar mais de uma camada de cajus nas caixas, visto que os que estão na parte de cima poderão machucar os da camada inferior, assim como os da superior poderão ser machucados pela caixa que está logo acima, no empilhamento. Para o processamento industrial, a colheita pode ser feita manualmente, se o porte da planta permitir, ou com emprego de uma vara de longa, provida de um saco na ponta. A colheita com vara longa desprovida de saco ou pela agitação dos galhos não é recomendada por machucar o pedúnculo, provocar a queda de flores e frutos imaturos, e nem sempre possibilitar o alcance dos pedúnculos maduros nas árvores mais altas. O correto manuseio pós-colheita do caju é o primeiro passo para garantir a qualidade da matéria- prima para a indústria e a boa apresentação do produto, indispensável para o mercado de mesa. Ainda no campo pode ser feita uma primeira seleção para a retirada dos pedúnculos fora do padrão (presença de manchas, danos mecânicos, enrugamento, pedúnculos pequenos, etc.). Nesta primeira seleção podem ser separados os frutos com qualidade para o mercado in natura daqueles destinados à indústria, que poderão ser descastanhados ainda no campo com o auxílio de um fio de nylon. No entanto, sempre que possível, todas as operações de beneficiamento pós-colheita devem ser feitas no galpão de embalagem. Ao chegar ao galpão, recomenda-se que seja observada a seguinte seqüência de operações: Fluxograma das operações pós-colheita para a conservação do pedúnculo do caju A lavagem, que deve ser feita logo após a chegada dos cajus ao galpão de embalagem, objetiva remover a sujeira aderida ao caju e reduzir a temperatura, retirando o chamado "calor de campo". A água de lavagem também pode servir para a aplicação de produtos que previnam doenças pós-colheita, como o hipoclorito de sódio (100ppm de cloro ativo). Para lavagem, o caju é colocado em contato com a água resfriada, em torno de 20ºC, por imersão ou por aspersão. O resfriamento da água deve ser feito através de gelo ou de um sistema de produção de água fria. CHEGADA AO GALPÃO DE EMBALAGEM LAVAGEM SECAGEM SELEÇÃO E CLASSIFICAÇÃOEMBALAGEM PALETIZAÇÃO PRÉ-RESFRIAMENTO REFRIGERAÇAO Seguindo-se a lavagem procede-se a secagem do caju, que pode ser feita utilizando-se sistemas de ventiladores, com o cuidado de não circular ar quente sobre o produto, ou por secagem natural, o que é feito deixando-se os frutos em repouso após a lavagem. Na seleção propriamente dita, para comercialização in natura, da mesma forma que na pré- seleção em campo, devem ser retirados os frutos que apresentem pedúnculos com manchas causadas por doenças, defeituosos ou com qualquer tipo de ferimento. Também devem ser retirados os frutos com formato e coloração fora das características do tipo ou clone, os com tamanho inadequado, os verdes ou muito maduros. Os pedúnculos rejeitados devido ao tamanho ou defeitos, desde que não apresentem sinais de deterioração, podem ser destinados à industrialização. A classificação é feita com base no numero de cajus por bandeja (Figura 1), variando normalmente de quatro a oito, sendo que os maiores (quatro a cinco por bandeja) são os mais procurados pelo consumidor e, por isso, atingem os melhores preços. Figura 1 - Classificação do caju para comercialização in natura. Os cajus devem ser dispostos em bandejas de isopor com 21cm x 14 cm de tamanho que serão envolvidas com filme de plástico - PVC 15m - flexível e auto-aderente. O uso de embalagem com filme plástico resulta na modificação da atmosfera ao redor do pedúnculo, reduzindo a atividade respiratória e o desenvolvimento de fungos, prolongando a vida útil, desde que seja mantida a temperatura adequada. As bandejas, devidamente etiquetadas, devem ser acondicionadas em caixas de papelão (Figura 2) tipo peça única, sem tampa, que favoreçam o encaixe e a paletização. FIGURA (2) FIGURA (3) Figura 2 - Caixa de papelão para comercialização do caju in natura. Figura 3 - Bases do palete para 160 e para 200 caixas. Na paletização e carregamento dos veículos de transporte podem ser utilizados dois tamanhos de palete: 0,92 x 1,12 m para 200 caixas, ou 0,92 x 0,92 m para 160 caixas. A disposição das caixas no palete é feita em arranjos de oito ou dez caixas, sendo que cada palete tem a altura correspondente a 20 caixas (Figuras 3). Para o carregamento, os paletes são colocados dois a dois, perfazendo o total de doze ou quatorze, conforme o tamanho do veículo. Os dois primeiros paletes, localizados próximo aos evaporadores do veículo, devem ter altura de apenas dez caixas. Após a paletização e o carregamento dos veículos, procede-se o pré-resfriamento, para isto, arranja-se os paletes em duas filas, distantes 80 cm uma da outra, que são colocadas contra a parede, vedam-se os espaços sobre os paletes e operam-se os ventiladores que jogam ar frio em alta velocidade dentro e entre as caixas. Este sistema permite que se faça o resfriamento do produto embalado, o que reduz a perda de umidade. O pedúnculo do caju é altamente perecível, quando armazenado em temperatura ambiente. A vida útil pós-colheita nessa condição não ultrapassa 48 horas. Após esse período, o pedúnculo torna-se enrugado, fermenta e consequentemente perde a atratividade. No entanto, devidamente embalados (atmosfera modificada) e armazenados em condições adequadas (sob refrigeração, a 5ºC, e 85 a 90% de umidade relativa) a vida útil mínima do caju é de cerca de dez a quinze dias, sem apresentar danos pelo frio. 4. PROCESSAMENTO INDUSTRIAL DO PEDÚNCULO DO CAJU O pedúnculo de caju possui um amplo potencial de aproveitamento industrial, gerando diversos produtos oriundos de sua fração líquida, tais como suco integral, clarificado, concentrado, néctares, refrigerante; bem como de sua fração sólida, como doces, compotas, produtos desidratados etc. Grande parte destes produtos possuem um processo de produção industrial bem definido, porém alguns ainda são obtidos de forma artesanal, enquanto outros possuem um grande potencial de industrialização, mas com processos tecnológicos ainda em desenvolvimento, conforme ilustra o fluxograma abaixo, onde apresenta-se o potencial de exploração do pedúnculo de caju com relação aos seus produtos industrializáveis. FIGURA 4: Alternativas Tecnológicas Para Aproveitamento de Pedúnculos de Caju A seguir são apresentados informações relativas a alguns dos produtos de caju já explorados comercialmente; incluindo a definição do produto, descrição do processo de produção, fluxograma do processamento, bem como algumas formulações; expondo, em linhas gerais, a forma de exploração industrial do pedúnculo do caju. LICOR 4.1. POLPA DE CAJU PASTEURIZADA: Polpa de fruta é o produto obtido por esmagamento das partes comestíveis de frutas sãs, limpas, isentas de parasitas e de detritos animais ou vegetais, por processos tecnologicamente adequados (Resolução 12/78 - CNNPA/MS (D.O.U. 24.07.78.)). Para a produção de polpa de caju, os pedúnculos devem ser recebidos na fábrica, pesados para controle de pagamento e rendimento, avaliados quanto aos seus atributos de qualidade, onde são avaliados os percentuais de pedúnculos fermentados, atacados por pragas e doenças, o nível de sujidade dos mesmos, bem como a avaliação do teor de sólidos solúveis (ºBrix), pH e acidez. Na etapa seguinte, os pedúnculos são lavados em água clorada (50 ppm), selecionados manualmente em esteira para remoção dos frutos inadequados, sendo a seguir encaminhados para a seção de processamento. Iniciando o processamento, os pedúnculos são desintegrados por meio de um moinho de facas e encaminhados para a unidade de despolpa, que consiste em uma despolpadeira horizontal provida de tela de aço inox com abertura de 0,5 mm, onde é obtida a polpa, que é bombeada à unidade de pasteurização (pasteurizador tipo tubular) onde sofre um aquecimento a 92ºC por 2 minutos seguido de um resfriamento a 6ºC, visando eliminar microorganismos patógenos e manter a estabilidade microbiológica da polpa. Após a pasteurização, a polpa deve ser embalada, inicialmente em sacos de polietileno de 100 g termossoldados por meio de envasadoras pneumáticas, e congelada a -30ºC em um túnel de congelamento rápido. Os sacos com polpa congelada são acondicionados em novas embalagens (4 ou 5 unidades) e são encaminhados para câmaras de armazenagem -20ºC até a sua comercialização. Fluxograma de polpa de caju pasteurizada. ARMAZENAGEM RECEPÇÃO PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM DESINTEGRAÇÃO (Moinho de facas) DESPOLPA (Despolpadeira Horizontal) Refugo Água Clorada (10 ppm) Resíduo PASTEURIZAÇÃO EMBALAGEM PRIMÁRIA CONGELAMENTO RÁPIDO EMBALAGEM SECUNDÁRIA SELEÇÃO 4.2. NÉCTAR DE CAJU É o produto não fermentado, não gaseificado, destinado a consumo humano direto, obtido pela dissolução em água potável de parte comestível da fruta (polpa e suco) adicionado de ácido e açúcares. A TABELA 3 a seguir apresenta-se as características químicas e físico-químicas do néctar de caju. TABELA 3 - Características Químicas e Físico-Químicas do néctar de caju Determinações Valores médios Sólidos solúveis (ºBrix) 14,65 Acidez Total (em ácido cítrico %) 0,22 pH 3,67 Açúcares redutores (%) 12,31 Açúcares totais (%) 13,8 Tanino (%) 49,3 Vitamina C (mg/100mL) 18,02 Pigmentos solúveis em água (420 nm) 95,08 FONTE: SOUZA FILHO (1987) Na unidade produtora de néctar, os cajus são recebidos, pesados, lavados, selecionados e despolpados conforme o anteriormente descrito para a produção de polpa. Após a obtenção da polpa, a mesma é encaminhada à unidade de formulação para a obtenção do néctar pela adição de água, ácido cítrico e sacarose. Após a formulação o néctar é pré-aquecido (70ºC/2 minutos), em trocadores do tipo tubular ou a placas, desaerado à vácuo e homogeneizado em homogeneizadores do tipo pistão ou moinho coloidal. O néctar homogeneizadoé envasado a quente (HOT-FILL) em garrafas de vidro de 250 mL, sendo então encaminhado para um tratamento térmico por imersão em água a 100ºC por 5 minutos. A seguir as garrafas devem ser resfriadas por aspersão com água até a temperatura de 28º a 32ºC e então rotuladas, encaixotadas e armazenadas. Abaixo é apresentada uma formulação para a produção de néctar de caju: TABELA 4 - Formulação do Néctar de Caju Componentes Proporção Suco (L) 1,0 Açúcar (kg) 0,8 Água (L) 4,0 Ácido Cítrico (g) 1,0 FONTE: SOUZA FILHO (1987) Fluxograma de processamento de néctar de caju ( conservação por processo HOT-FILL ) 4.3. CAJUÍNA: É a bebida elaborada a partir do suco de caju clarificado e esterilizado no interior da embalagem, apresentando uma cor amarelo-âmbar resultante da caramelização dos açúcares naturais do suco. Conforme a Legislação Brasileira (Portaria N.º 282, de 11/09/1984, do Ministério da Agricultura e do Abastecimento), a cajuína deve apresentar as seguintes características: TABELA 5 - Padrões de identidade e qualidade de cajuína Suco clarificado (cajuína) Máximo Mínimo Densidade relativa (20/20ºC) - 1,040 Sólidos solúveis (ºBrix) - 10,0 Açúcares totais naturais do caju (g/100g) 15,0 7,0 Acidez total (% ácido cítrico) - 0,3 Relação (ºBrix/Acidez) - 33,0 Ácido ascórbico (mg/100g) - 40,0 Álcool etílico (ºGL) 0,5 - RECEPÇÃO / PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM DESINTEGRAÇÃO (Moinho de facas) Refugo Água Clorada (10 ppm) ENVASE (HOT-FILL) TRATAMENTO TÉRMICO ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ROTULAGEM DESPOLPA (Despolpadeira Horizontal) Resíduo FORMULAÇÃO PRÉ-AQUECIMENTO Água Ácido Cítrico Açúcar Polpa DESAERAÇÃO HOMOGENEIZAÇÃO Vapor / Água Quente Água SELEÇÃO Para a produção de cajuína, os frutos são recebidos, avaliados para pagamento, lavados com água clorada, selecionados manualmente e levados para a unidade de extração do suco. Iniciando o processamento, os pedúnculos alimentam uma prensa extratora de suco do tipo Expeller, provida de tela com perfurações de 0,5 mm, onde obtém-se o suco polposo. O suco oriundo da prensagem é encaminhado para tanques de clarificação, nos quais adiciona- se como agente clarificante uma solução de gelatina a 10% (em quantidade variável dependendo da qualidade da matéria-prima). A solução de gelatina promove a formação de flocos por interação com os taninos presentes no suco de caju, possibilitando, após 15 minutos de repouso, a sedimentação da polpa e a clarificação do suco, com redução de sua adstringência. O suco clarificado é filtrado sucessivamente utilizando como meio filtrante feltro ou tecidos de algodão, até que o filtrado se apresente completamente límpido e livre de turvação. Na etapa posterior o suco deve ser pré-aquecido a 70º C para proceder-se o enchimento a quente (HOT-FILL) de garrafas de vidro de 500 ml, fechadas com tampas metálicas. Após o envase, as garrafas são encaminhadas a um tratamento térmico por imersão em água a 100ºC por um período variável de 45 minutos a 2 horas, conforme o grau de caramelização / coloração desejados para o produto. A seguir as garrafas deverão ser lentamente resfriadas por aspersão com água até a temperatura de 37ºC e posteriormente rotuladas, encaixotadas e armazenadas a + 28ºC. Fluxograma de produção da cajuína RECEPÇÃO / PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM EXTRAÇÃO DO SUCO (Prensa Expeller) Refugo Água Clorada (10 ppm) Bagaço ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ACONDICIONAMENTO COZIMENTO (100ºC / 45 minutos a 2 hs) CLARIFICAÇÃO SEDIMENTAÇÃO FILTRAÇÃO (filtro de tecido: feltro) ENVASE A QUENTE Suco com polpa + Solução de gelatina a 10% Resíduo Suco Límpido Água SELEÇÃO 4.4. XAROPE DE CAJU Xarope de caju é o produto obtido a partir do suco clarificado, acrescido de açúcar e com acidez corrigida, submetido a um tratamento térmico tecnologicamente adequado que permita a sua conservação por um longo período. O xarope de caju apresentará as seguintes características químicas e físico- químicas: TABELA 6 - Características químicas e físico-químicas do xarope de caju Determinações Valores pH 4,25 Sólidos Solúveis (ºBrix) 64,0 Açúcares Totais (%) 61,0 Vitamina C (mg/100g) 75,0 FONTE: SOUZA FILHO (1992). Na obtenção do xarope de caju, as operações de processamento desde a recepção até a filtração são realizadas de forma idêntica ao processo de produção da cajuína. A partir da filtração, com o suco clarificado obtido, procede-se a formulação do xarope por adição de sacarose na proporção de 1620g de sacarose para cada litro de suco clarificado. O xarope é submetido a um aquecimento com vapor indireto a 85ºC para solubilização da sacarose, sendo então adicionado ácido cítrico até ajuste da acidez para 0,4 %. O xarope é envasado a quente (HOT-FILL) na temperatura de 82ºC em garrafas de 500 mL, que são submetidas a um tratamento térmico por imersão em água a 100ºC por 15 minutos. As garrafas são resfriadas a 28ºC por aspersão de água fria, seguindo-se a rotulagem e armazenamento. Fluxograma de processamento de xarope de caju RECEPÇÃO / PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM EXTRAÇÃO DO SUCO (Prensa Expeller) Refugo Água Clorada (10 ppm) Bagaço CLARIFICAÇÃO SEDIMENTAÇÃO FILTRAÇÃO (filtro de tecido: feltro) Suco com polpa + Solução de gelatina a 10% Resíduo Suco Límpido ENVASE (HOT-FILL) TRATAMENTO TÉRMICO ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ROTULAGEM Vapor / Água Quente Água DESINTEGRAÇÃO (Moinho de facas) FORMULAÇÃO SELEÇÃO Sacarose 4.5. REFRIGERANTE DE CAJU Conforme a legislação brasileira, refrigerante de caju é a bebida obtida pela dissolução em água potável do suco de caju e outros ingredientes aprovados pela legislação (sacarose, açúcar invertido, frutose, glicose ou seus xaropes), obrigatoriamente saturado com dióxido de carbono. Quanto às características físico-químicas o refrigerante de caju deverá obedecer os seguintes limites: TABELA 7 - Padrões de Identidade e Qualidade para o Refrigerante de Caju Refrigerante de caju Mínimo Máximo Suco de caju, no mínimo com 10ºBrix 5,0 % (v/v) - Açúcar q.s.p. Dióxido de carbono 1,0 % (v/v) - Acidez titulável, em ácido cítrico, g% 0,03 - Na produção do refrigerante de caju, inicialmente deve ser preparado um concentrado simples que consiste na mistura de aromas, corante natural caramelo, e suco de caju integral clarificado ou suco de caju concentrado, dependendo da formulação a ser empregada. A esta mistura adiciona-se ainda acidulante ácido cítrico e conservante benzoato de sódio, promovendo agitação da mistura em tanque de aço inoxidável por 15 minutos. Após homogeneizada, à mistura deverá ser adicionado um xarope de sacarose a 65ºBrix. O xarope de sacarose é produzido por dissolução de sacarose cristal ou açúcar líquido em água e posterior aquecimento a 85ºC (vapor) para facilitar a dissolução e promover um controle microbiano. O xarope é então filtrado em filtros de pré-capa empregando-se como auxiliar de filtração terra diatomácea na proporção de 2% e posteriormente passado por um filtro de carvão ativado. O xarope de sacarose é resfriado a 4ºC e encaminhado para a unidade de pré-mix que promove a mistura do concentrado simples com o xarope de açúcar em proporções previamente determinadas em função da formulação desejada. À mistura oriunda do pré-mix é incorporada água carbonatada., sendo utilizada para sua obtenção água potável submetida a uma desaeração seguida de resfriamento a 4ºC e posterior carbonatação por dissolução de CO2 na proporção de 1 a 2% v/v. A proporção da mistura é realizada de forma a garantir um padrão definido de concentração final de CO2 e sólidos solúveis (ºBrix) no refrigerante. Após a carbonatação o refrigerante sofrerá um resfriamento para cerca de 6 a 8ºC, sendo então realizado o enchimentosob pressão em garrafas de vidro de 600 mL ou garrafas de PET de 600 e 2000mL, seguidos de fechamento, rotulagem e armazenagem. A TABELA 8, a seguir apresenta uma formulação para refrigerante de caju: TABELA 8 - Formulação do Refrigerante de Caju Componentes Proporção Suco a 12ºBrix 5 % Açúcar 12 % Água carbonatada 82,65 % Benzoato de sódio 0,035 % Ácido Cítrico 0,18 % Corante caramelo 0,04 % Aroma de caju 0,10 % Fluxograma de produção de refrigerante de caju 4.6. VINHO DE CAJU O vinho de caju (fermentado alcoólico de suco de caju) é a bebida obtida pela fermentação de suco de caju clarificado, a partir de pedúnculos doces, sãos e frescos cujo teor alcoólico pode variar de 10 - 14º GL. Nas operações iniciais para a produção do vinho de caju, o suco de caju extraído por processo tecnologicamente adequado, com um mínimo de 12ºBrix, deve ser sulfitado por adição de 100 ppm de SO2 na forma de metabissulfito de sódio, visando evitar fermentações paralelas por seleção da microflora, bem como controlar processos de oxidação. Após a sulfitação o suco deve ser clarificado por adição de gelatina na forma de uma solução a 10% o que promove uma redução da adstringência do suco por insolubilização dos taninos, em seguida sedimentado e filtrado para obtenção de um suco clarificado que será empregado na formulação do mosto. Na elaboração do mosto o suco clarificado deverá ser adicionado de nutrientes como vitaminas e fontes de nitrogênio, bem como corrigido quanto ao teor de sólidos solúveis (18ºBrix) e pH (4,5). Em seguida, o mosto deverá ser resfriado para 18ºC, adicionado de fermento biológico (Sacharomices cerevisae) na proporção de 2% em relação ao volume do mosto e mantido nas dornas de fermentação na temperatura de 18-20ºC por um período de 15-20 dias ou até que se complete a fermentação por conversão dos açúcares a álcool. Finalizada a fermentação o vinho passará pela operação de trasfegas com o objetivo de separar as impurezas sobrenadantes, além das células de levedura que se encontrem suspensas no produto fermentado. Após a trasfegas, o vinho é ressulfitado com 50-100 ppm de SO2, visando evitar o escurecimento e controlar os processos oxidativos. SUCO DE CAJU CONCENTRADO SIMPLES Aroma de Caju Sorbato e/ou Benzoato de Sódio Corante Caramelo Ácido Cítrico Xarope ( 65ºBrix) AQUECIMENTO (85ºC) FILTRAÇÃO (~ 2%) Água Sacarose ou Açúcar Líquido Vapor Terras Diatomáceas DESAERAÇÃO RESFRIAMENTO (4ºC) CARBONATAÇÃO (1-2% v/v) Água O2 CO2 PRÉ-MIX MIXER RESFRIAMENTO (8ºC) ENVASE ARMAZENAGEM Na etapa seguinte o vinho é filtrado em filtros do tipo prensa utilizando auxiliares de filtração (silicatos, terras diatomáceas, etc) a fim de remover partículas suspensas e conferir a o vinho um brilho e coloração adequados. Finalmente, o vinho é resfriado a 16ºC e envasado em garrafas de 700 mL de coloração verde, rotulado e armazenado, preferencialmente em posição horizontal, numa temperatura de 16ºC e ao abrigo da luz. Fluxograma de processamento de vinho de caju RECEPÇÃO / PESAGEM LAVAGEM SELEÇÃO Refugo SANIFICAÇÃO ENXÁGÜE EXTRAÇÃO DO SUCO (Presa Expeller) Água Clorada (50 ppm) Bagaço SULFITAÇÃO CLARIFICAÇÃO SEDIMENTAÇÃO FILTRAÇÃO (filtro de tecido: feltro) FORMULAÇÃO DO MOSTO Sulfito de Sódio Água Clorada (10 ppm) Água Corrente Solução de gelatina a 10% Resíduo Suco com Polpa Suco Límpido Sacarose + Fontes de Nitrogênio + Vitaminas INOCULAÇÃOLeveduras FERMENTAÇÃO TRASFEGASSorbato de Potássio RESSULFITAÇÃOSulfito de Sódio FILTRAÇÃO ENCHIMENTO ROTULAGEM ARMAZENAGEM 4.7. DOCE DE CAJU EM CALDA Doce em calda é o produto obtido de frutas inteiras ou em pedaços, com ou sem sementes ou caroços, com ou sem cascas; cozidas em água e açúcar, envasadas em lata ou vidro e submetidas a um tratamento térmico adequado. Deve apresentar uma calda com concentração entre 30 e 65º Brix. Na obtenção do doce de caju em calda, os frutos devem passar pelas operações de recepção, pesagem, seleção e lavagem para seguir para a operação de despeliculagem química. A despeliculagem consiste na imersão dos frutos em solução de soda (hidróxido de sódio) a 1 - 2%, na temperatura de ebulição, durante 1 a 2 minutos. Em seguida as frutas são lavadas com água potável e submetidos a nova imersão em solução de ácido cítrico a 0,25% para neutralização da soda. Os frutos são, então, cozidos em um xarope de 40ºBrix por um tempo de 15 a 30 minutos. Para a preparação do xarope utiliza-se água potável e açúcar cristal (ou líquido) puro em proporção suficiente para o Brix desejado, sendo a mistura aquecida com vapor até a sua completa dissolução. O xarope é filtrado para remoção de impurezas e aquecido até a ebulição para o cozimento dos frutos. Quando os frutos cozidos estão com a textura desejada, são separados do xarope por drenagem, passando em seguida para o envase, que consiste em acondicionar a quantidade padronizada de frutos dentro da embalagem e completá-la com um novo xarope quente (40º Brix a 90ºC). Após o enchimento das embalagens, as mesmas são encaminhadas a um túnel de exaustão onde são aspergidas com vapor livre para promover a liberação do ar que se encontra retido no interior da embalagem e nos tecidos dos frutos. Na saída do túnel de exaustão as embalagens são fechadas (recravadeira), e encaminhadas a um tratamento térmico por imersão em água fervente por 15 minutos, sendo a seguir resfriadas por aspersão com água fria até 28ºC e posteriormente rotuladas, embaladas e armazenadas. Fluxograma de doce de caju em calda RECEPÇÃO PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM DESPELICULAGEM QUÍMICA Refugo Água Clorada (10 ppm) COZIMENTO DRENAGEM ENVASE (HOT-FILL) DESAERAÇÃO TRATAMENTO TÉRMICO Água + Açúcar SELEÇÃO Água Hidróxido de Sódio Ácido Cítrico Caju Despeliculado Vapor Vapor ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ACONDICIONAMENTO Água Refugo 4.8. DOCE DE CAJU EM PASTA É o produto resultante do processamento adequado das partes comestíveis desintegradas de vegetais com açúcares, com ou sem adição de água, pectina, ajustador de pH; até uma consistência apropriada, podendo ser cremoso quando a pasta for homogênea e de consistência mole ou em massa quando a consistência da pasta possibilitar o corte. Para a produção do doce de caju em massa, os frutos devem passar pelas operações de recepção, pesagem, seleção e lavagem, seguindo para a unidade de desintegração, onde os pedúnculos são passados por um moinho de facas e a seguir despolpados em despolpadeira horizontal, provida de tela com perfurações de 0,5 mm de diâmetro, onde é obtida a polpa. À despolpa procede-se a formulação, por adição de açúcar à polpa de caju. A mistura é, então, homogeneizada e bombeada para tachos de cozimento por aquecimento a vapor com agitação mecanizada e sistema basculante de descarga. O cozimento segue-se até a mistura atingir um teor de sólidos solúveis de 75-80ºBrix. A adição do ácido cítrico e da pectina deve ser realizada somente quando o teor de sólidos solúveis atingir uma concentração em torno de 65ºBrix, visando evitar a excessiva hidrólise da pectina pela ação do ácido e do calor, o que dificultaria a formação do gel responsável pela característica de corte do doce. Após o cozimento o material é bombeado para as máquinas de enchimento das embalagens, que podem ser plásticas de PVC ou embalagens metálicas. O enchimento se dará a quente, seguido de fechamento e resfriamento por corrente de ar frio para embalagens de PVC ou imersão em água para embalagens metálicas, sendo então acondicionado e armazenado, no caso dos processos mecanizados. Para os processos artesanais, após o cozimento, o produto é acondicionado em formas de aço inox ou alumínio e resfriado para posteriormente ser cortado em máquina de cortemanual , provida de fios de aço inox (ver foto) e acondicionados em embalagens flexíveis de filme de polipropileno. A seguir apresenta-se uma formulação para doce em massa. TABELA 9 - Formulação de doce de caju em massa. Componentes Proporção Polpa (kg) 30,0 Açúcar (kg) 20,0 Pectina (kg) 0,03 Ácido Cítrico (kg) 0,05 Fluxograma do doce de caju em pasta RECEPÇÃO PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM DESINTEGRAÇÃO (Moinho de facas) DESPOLPA (Despolpadeira Horizontal) Refugo Água Clorada (10 ppm) Resíduo FORMULAÇÃO CONCENTRAÇÃO EMBALAGEM RESFRIAMENTO ARMAZENAGEM Açúcar Ácido Cítrico Pectina Polpa SELEÇÃO 4.9. DESIDRATAÇÀO OSMÓTICA DO PEDÚNCULO DE CAJU Na obtenção do pedúnculo de caju desidratado obtido por desidratação osmótica, os pedúnculos são submetidos às operações iniciais (até a despeliculagem química) de forma idêntica às descritas para a produção de doce de caju em calda. Seguindo-se à despeliculagem os pedúnculos são cozidos em xarope de sacarose (65-70ºBrix) na proporção de uma parte de pedúnculos para duas partes de xarope. O cozimento é feito em evaporador a vácuo do tipo bule na temperatura de 65ºC sob pressão reduzida de 450 mbar, por um período de três horas. Na formulação do xarope deve ser adicionado ácido cítrico até um pH=3,5 para favorecer a inversão da sacarose, agregando mais doçura ao produto. Dependendo da formulação empregada no xarope, o produto final da desidratação osmótica poderá apresentar-se com uma coloração amarelada ou enegrecida. Para obter o produto de cor enegrecida deverá ser adicionado ao xarope 2% p/p de corante caramelo. Após a concentração, o xarope é drenado e os pedúnculos cozidos encaminhados para secadores do tipo bandejas, com circulação de ar quente, onde procede-se uma secagem complementar dos pedúnculos na temperatura de 65ºC por um período médio de 12-16 horas até que os mesmos atinjam em torno de 35% de umidade. Concluída a secagem, o produto é embalado em embalagens semi-rígidas e hermeticamente fechadas de polietileno transparente, sendo então rotuladas e armazenadas a 28ºC. Fluxograma da desidratação osmótica do pedúnculo de caju. RECEPÇÃO PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM DESPELICULAGEM QUÍMICA Refugo Água Clorada (10 ppm) SELEÇÃO Água Hidróxido de Sódio Ácido Cítrico ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ACONDICIONAMENTO Refugo SECAGEM Secador de Bandeja 65ºC / 12-16hs DRENAGEM DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA Bule à Vácuo Xarope de Sacarose Ácido Cítrico Corante Caramelo ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ACONDICIONAMENTO SECAGEM Secador de Bandeja 65ºC / 12-16hs DRENAGEM DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA Bule à Vácuo Xarope de Sacarose Ácido Cítrico 4.10. DESIDRATAÇÃO DO PEDÚNCULO DO CAJU POR SATURAÇÃO COM AÇÚCARES Para a obtenção do pedúnculo de caju saturado com açúcar, as operações iniciais desde a recepção do caju até a operação de despeliculagem química são realizadas de forma idêntica às executadas na produção do doce de caju em calda. Após a despeliculagem química, os pedúnculos passam por três cozimentos sucessivos por imersão em xaropes de sacarose de concentrações crescentes de 45º, 60º e 75º Brix. O cozimento é realizado em cozinhador de aço inox, aquecido com vapor, onde os xaropes são aquecidos a 65ºC e os pedúnculos imersos por duas horas em cada xarope. Findo o último cozimento, os pedúnculos são lavados por aspersão com água a 80ºC para remover o excesso de açúcar da superfície dos pedúnculos, sendo secos em secador do tipo bandeja com circulação de ar na temperatura de 70ºC por um período de 22 horas ou até que o produto apresente um teor de sólidos solúveis em torno de 80ºBrix. Após a secagem o produto é resfriado à temperatura de 28ºC e acondicionado em embalagens herméticas de plástico (polipropileno), rotulado e armazenado. Fluxograma da desidratação do pedúnculo de caju por saturação com açúcares RECEPÇÃO PESAGEM PRÉ-SELEÇÃO LAVAGEM DESPELICULAGEM QUÍMICA Refugo Água Clorada (10 ppm) PRIMEIRO COZIMENTO xarope 45ºBrix / 65ºC / 2 hs SELEÇÃO Água Hidróxido de Sódio Ácido Cítrico Caju Despeliculado ARMAZENAGEM RESFRIAMENTO ACONDICIONAMENTO Refugo SEGUNDO COZIMENTO xarope 60ºBrix / 65ºC / 2 hs TERCEIRO COZIMENTO xarope 75ºBrix / 65ºC / 2 hs SECAGEM Secador de Bandeja 70ºC / 22hs LAVAGEMÁgua (80ºC) 5. BIBLIOGRAFIA ALVES, R.E. (Coord.). Colheita e conservação pós-colheita do pedúnculo e da castanha de caju. In: SILVA, V.V. 500 Perguntas e 500 Respostas - Caju. Brasília: Embrapa. p.135-162, 1998. ALVES, R.E.; MOSCA, J.L.; FILGUEIRAS, H.A.C.; PINTO, S.A.A.; MOURA, C.F.H. Pedúnculos de cajueiro anão precoce L. var. nanum) para comercialização in natura. In: SIMPÓSIO AVANÇOS TECNOLÓGICOS NA AGROINDÚSTRIA TROPICAL, Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 1998. Anais... 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