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05 RESE Apostila

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Prática de Processo Penal
Bloco IX
Prof. Fidelman Fontes
1
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE) 
1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
O Recurso em Sentido Estrito é o recurso através do qual se busca o reexame da 
decisão, despacho ou sentença do juiz, permitindo a este, um novo pronunciamento, nas 
hipóteses taxativamente previstas em lei. 
Entretanto, deve-se ter muito cuidado para não confundir quando será cabível o 
Recurso em Sentido Estrito ou o recurso de Apelação (este recurso será ainda explicado 
em um momento próprio), podendo-se fazer a seguinte diferenciação para não confundir 
a utilização destes dois recursos: 
• REGRA GERAL se a decisão for de mérito caberá APELAÇÃO e se for decisão
interlocutória caberá RESE. (Esta DICA NÃO se aplica às decisões proferidas pelo 
Tribunal do Júri). 
• Também para saber se caberá RESE ou APELAÇÃO deve-se verificar se já existe
uma sentença, pois, a depender do tipo de sentença, caberá um ou outro recurso. A 
doutrina ensina que pode haver os seguintes tipos de sentença: 
► Sentença Stricto Sensu ou Sentença em termo próprio – é a decisão judicial
propriamente dita sobre o mérito do feito, é a sentença que decide o MÉRITO da 
questão, decidindo de forma intrínseca as questões do processo. Desta sentença, via de 
regra, caberá Apelação. Vale lembrar que existe a seguinte classificação deste tipo de 
sentença: 
Sentença Absolutória 
Própria ou Perfeita 
Sentença Absolutória 
Imprópria ou Imperfeita 
Sentença Condenatória 
O juiz absolve o réu 
inocentando-o. É aquela 
que inocenta o acusado e 
O réu também é 
inocentado, mas a ele é 
imputada alguma medida 
São as sentenças em que o 
agente é responsabilizado 
criminalmente, existindo a 
Prática de Processo Penal
Bloco IX
Prof. Fidelman Fontes 
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não acarreta mais nenhum 
ônus do ponto de vista 
penal. 
de segurança, normalmente 
será aplicada esta. 
aplicação de uma pena. Há 
o acolhimento da pretensão
punitiva.
 OBS.: Medida de Segurança NÃO é pena, tendo em vista que a pena tem a ideia de
reeducação do apenado, já a medida de segurança tem fins curativos. 
► Sentença Latu Sensu – é qualquer decisão do juiz que NÃO resolva o MÉRITO,
como as decisões interlocutórias. Todas as sentenças que foram feitas antes de decidir o 
feito serão consideradas sentenças latu sensu. Tal sentença é sinônimo de toda e 
qualquer sentença interlocutória, tudo que seja decisão emanada do juiz e que não verse 
sobre o mérito do feito. Como já foi dito, desta sentença, via de regra, caberá RESE. 
Como se pode observar, saber o tipo de sentença que foi proferida é de suma 
importância para poder identificar se será cabível o RESE. Além disso, o RESE possui 
outras características que podem ser cobradas tanto em questões práticas quanto em 
questões dissertativas nas provas da OAB e, por esta razão, serão devidamente 
explicadas. 
O prazo do RESE, via de regra, é de 5 dias para oferecer a petição de 
interposição e 2 dias para oferecer as razões do recurso, conforme arts. 586 e 588 do 
CPP, respectivamente. 
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de 
cinco dias. 
Parágrafo único. No caso do art. 581, XIV, o prazo será de vinte 
dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados. 
Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do 
recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com 
vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta 
vista ao recorrido por igual prazo. 
Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo 
na pessoa do defensor. 
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Excepcionalmente, o RESE terá o prazo de 20 dias para ser interposto, já com as 
razões inclusas, no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir 
(art. 581, XIV), contado da data da publicação definitiva da lista de jurados, conforme 
art. 586, parágrafo único do CPP. 
No que se refere ao endereçamento do RESE, via de regra, a petição de 
interposição do RESE é endereçada ao juiz do feito, e as razões para o Tribunal 
respectivo (TJ ou TRF). A exceção é no caso de decisão que incluir jurado na lista geral 
ou desta o excluir (Art. 581, XIV), quando a petição de interposição será endereçada ao 
Presidente do Tribunal (TJ ou TRF), assim como as razões. 
Por fim, outra característica peculiar do Recurso em Sentido Estrito é a de que 
ele possui efeito regressivo, pois o juiz do feito pode, após tomar conhecimento das 
razões e contrarrazões das partes, reavaliar e modificar sua decisão. Ou seja, no RESE é 
permitido ao próprio juiz prolator da decisão recorrida retratar-se desta antes da remessa 
do recurso ao juízo ad quem, nos exatos moldes do art. 589 do Código de Processo 
Penal. 
Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso 
concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o 
seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe 
parecerem necessários. 
Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a 
parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, 
se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste 
caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos 
próprios autos ou em traslado. 
De forma resumida, pode-se fazer o seguinte esquema: 
O RESE é composto de duas peças: 
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO 
• Dirigida ao juiz da vara criminal que proferiu a sentença;
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• No caso de inclusão ou exclusão do jurado, deve ser dirigida ao Presidente do
Tribunal; 
• Deve ser pedido o recebimento e o processamento do RESE, a reforma da decisão
recorrida e que, caso seja mantida a decisão, seja feita a remessa ao Tribunal 
competente. 
RAZÕES 
• Dirigida ao Tribunal competente;
• Deve-se requerer o provimento do recurso e a reforma da decisão prolatada.
► O acusado deve ser intimado para apresentar suas contrarrazões no prazo de 2 dias.
► Caso o juiz venha a reformar sua decisão, caberá ao recorrido intentar petição, no
prazo de 5 dias, para subida dos autos. Caso o magistrado não modifique a decisão, 
deverá ele mesmo fazer a remessa dos autos à instância superior. 
 PARA FACILITAR:
1ª HIPÓTESE 
RESE ⇨ prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição ⇨ 2 dias para as razões 
⇨ intimação do acusado ⇨ 2 dias para contrarrazões ⇨ Juiz reforma a sua decisão ⇨ 
recorrido tem 5 dias para peticionar a subida dos autos. 
2ª HIPOTESE 
RESE ⇨ prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição ⇨ 2 dias para as razões 
⇨ intimação do acusado ⇨ 2 dias para contrarrazões ⇨> Juiz não reforma a sua decisão 
⇨ Juiz remete os autos a instância superior. 
2. HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RESE
É de suma importância lembrar-se de que o rol das hipóteses de cabimento do 
RESE é TAXATIVO. 
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Vale ressaltar, também, que algumas das situações elencadas no artigo 581 do 
Código de Processo Penal não comportam mais RESE, submetendo-se ao Agravo em 
Execução. Outras, simplesmente não possuem mais aplicação prática ou foram 
revogadas tacitamente por outros dispositivos legais. 
Posto isto, vale analisar as hipóteses de cabimento do RESE que ainda estão 
plenamente em vigor: 
A) DECISÃO QUE NÃO RECEBER DENÚNCIA OU QUEIXA (ART. 581,
I, CPP). 
Esta hipótese de RESE será cabível todas as vezes que a denúncia ou queixa for 
rejeitada nos termos do art. 395 do Código de Processo Penal, ou seja, basta que haja a 
rejeição liminar da denúncia ou queixa com fundamento nas hipóteses desteartigo para 
ser cabível o RESE. 
 OBS.: Admite a jurisprudência, também, ser cabível o RESE com tal fundamento
quando a decisão rejeita o aditamento da denúncia. 
HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO ORIGINÁRIA. 
SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO ESPECIAL CABÍVEL. 
IMPOSSIBILIDADE. RESPEITO AO SISTEMA RECURSAL 
PREVISTO NA CARTA MAGNA. NÃO CONHECIMENTO. 
1. Com o intuito de homenagear o sistema criado pelo Poder
Constituinte Originário para a impugnação das decisões judiciais, 
necessária a racionalização da utilização do habeas corpus, o qual não 
deve ser admitido para contestar decisão contra a qual exista previsão 
de recurso específico no ordenamento jurídico. 
2. Tendo em vista que a impetração aponta como ato coator
acórdão proferido por ocasião do julgamento de apelação criminal, 
contra a qual seria cabível a interposição do recurso especial, depara-
se com flagrante utilização inadequada da via eleita, circunstância que 
impede o seu conhecimento. 
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3. Tratando-se de writ impetrado antes da alteração do
entendimento jurisprudencial, o alegado constrangimento ilegal será 
enfrentado para que se analise a possibilidade de eventual concessão 
de habeas corpus de ofício. 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL 
(ARTIGOS 66 E 67 DA LEI 9.605/1998). DECLINAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA PELO JUÍZO FEDERAL. REJEIÇÃO DO 
ADITAMENTO À DENÚNCIA. PROVIMENTO DE RECURSO EM 
SENTIDO ESTRITO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
DETERMINAÇÃO DE RECEBIMENTO DA INICIAL E DO 
ADITAMENTO. AUSÊNCIA DE MANIFESTAÇÃO DO JUÍZO 
SINGULAR SOBRE O ACOLHIMENTO DA VESTIBULAR. 
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL 
EVIDENCIADO. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO. 
1. O verbete 709 da Súmula do Supremo Tribunal Federal
estabelece que “salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o 
acórdão que provê o recurso contra a rejeição da denúncia vale, desde 
logo, pelo recebimento dela”. 
2. No caso dos autos, o magistrado singular realizou apenas o
juízo de admissibilidade do aditamento à exordial, não tendo tecido 
qualquer consideração sobre a possibilidade de acolhimento ou não da 
denúncia inicialmente ofertada, uma vez que se declarou incompetente 
para processar e julgar os delitos nela narrados. 
3. Não havendo juízo prévio do magistrado a quo acerca da
possibilidade ou não de acolhimento da denúncia, o que foi feito 
apenas no que se refere ao aditamento proposto, impossível o 
recebimento direto pela segunda instância, não sendo possível a 
aplicação do verbete 709 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, sob 
pena de supressão da instância. 
4. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício
apenas para anular o acórdão impugnado no que se refere ao 
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recebimento da denúncia, mantendo-se o recebimento do aditamento à 
inicial e determinando-se que o magistrado singular decida acerca do 
processamento da incoativa nos termos do artigo 395 do Código de 
Processo Penal 
(HC 241677/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, 
julgado em 19/11/2013, DJe 04/12/2013) 
Vale lembrar que não existe recurso previsto expressamente no Código de 
Processo Penal para a decisão que recebe a denúncia ou a queixa, sendo possível a parte 
intentar habeas corpus como ação autônoma, no intuito de trancar a ação penal. 
Por fim, havendo a interposição do RESE por parte da acusação, o denunciado 
deve ser intimado para apresentar suas contrarrazões, ainda que não exista sequer 
processo, tendo por fundamento a manutenção da ampla defesa. 
 OBS.: Em caso de crimes de competência dos Juizados Especiais Criminais a
rejeição da denúncia ou queixa ensejará APELAÇÃO, nos termos do art. 82 da Lei nº 
9099/95 e o prazo será de 10 DIAS. 
Neste sentido vale lembrar o teor deste artigo: 
Art. 82 da Lei nº 9099\95 – Da decisão de rejeição da denúncia 
ou queixa e da sentença caberá apelação, que poderá ser julgada por 
turma composta de três Juízes em exercício no primeiro grau de 
jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da
ciência da sentença pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, 
por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do 
recorrente. 
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no
prazo de dez dias. 
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B) DECISÃO QUE CONCLUIR PELA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO
(ART. 581, II, CPP) 
Aplica-se este caso, quando o reconhecimento da incompetência for feito de 
ofício pelo juiz, ou seja, o próprio juiz, por iniciativa pessoal e sem o requerimento de 
nenhuma das partes, entende que não é competente para julgar o feito e profere decisão 
alegando a incompetência do juízo. 
Deve-se ficar atento ao detalhe acima, pois caso o reconhecimento da 
incompetência seja decorrente da arguição de uma exceção, NÃO haverá a 
fundamentação do RESE com base no inciso II do art. 581 do CPP e sim com base no 
inciso III do artigo 581 do CPP. 
 OBS.: Caso o magistrado conclua pela competência do juízo, não existe recurso
cabível, podendo a defesa ingressar com habeas corpus, tendo por fundamento o 
princípio do juiz natural. 
C) DECISÃO QUE JULGAR PROCEDENTE AS EXCEÇÕES, SALVO A
DE SUSPEIÇÃO (ART. 581, III, CPP) 
As exceções, conforme previsão do art. 95 do CPP, podem ser de suspeição (ou 
impedimento) incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade da parte e coisa 
julgada. 
No que se refere às exceções de incompetência do juízo, litispendência, 
ilegitimidade da parte e coisa julgada, elas são processadas em apartado e decididas pelo 
próprio juiz da causa, nos exatos termos do art. 111 do CPP. Caso o juiz da causa decida 
pela procedência destas exceções será cabível a interposição do RESE com fundamento 
no inciso III, do art. 581 do CPP. 
Em relação à decisão que julga procedente a exceção de incompetência do juízo, 
deve-se ter cuidado, tendo em vista que neste caso NÃO é o próprio juiz que decide de 
ofício pela incompetência do juízo (o que ensejaria a interposição do RESE com base no 
inciso II, do art. 581 do CPP) e sim a decisão de incompetência é motivada pela 
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interposição de uma exceção, ou seja, há o reconhecimento da incompetência do juízo 
através de um requerimento da parte. 
Por sua vez, no que diz respeito à decisão que julgar procedente a exceção de 
suspeição existe uma ressalva trazida pelo próprio inciso III, do art. 581 do CPP. Neste 
caso NÃO será cabível a interposição do RESE, tendo em vista que nesta hipótese o 
duplo grau de jurisdição será automático, podendo ocorrer as seguintes situações: 
1ª) Caso o magistrado concorde com a exceção de suspeição, decretará a 
suspensão do processo e a remessa dos autos ao substituto. Neste momento ocorrerá um 
controle jurisdicional, realizado pelo Tribunal, pois cabe ao Presidente designar qual o 
magistrado será o substituto. 
2ª) Caso o juiz discorde da exceção de suspeição, os autos, obrigatoriamente, 
devem ser encaminhados a instância superior. 
Vale transcrever os artigos do CPP relacionados à exceção de suspeição que 
abordam a questão referida: 
Art. 99 do CPP – Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a 
marcha do processo, mandará juntar aos autos a petição do recusante 
com os documentos que a instruam, e por despacho se declarará 
suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto. 
Art. 100 do CPP – Não aceitando a suspeição, o juiz mandará 
autuar em apartado a petição, dará sua resposta dentro em três dias, 
podendo instruí-la e oferecertestemunhas, e, em seguida, determinará 
sejam os autos da exceção remetidos, dentro em vinte e quatro horas, 
ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento. 
 OBS.: Caso o juiz decida pela rejeição da exceção, não existe recurso cabível,
podendo ser intentado habeas corpus.
D) DECISÃO QUE PRONUNCIAR O RÉU (ART. 581, IV, CPP)
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Por expressa disposição legal, da decisão que pronunciar o réu caberá a interposição 
do RESE com base no inciso, IV, do art. 581 do Código de Processo Penal. 
 OBS.: Em relação às decisões que podem ser proferidas em sede de Tribunal do
Júri, vale lembrar a possibilidade de interposição dos seguintes recursos: 
• Pronúncia – cabe RESE com fundamento no art. 581, IV, do CPP.
• Desclassificação – cabe RESE com fundamento no art. 581, II ou III, do CPP.
• Impronúncia – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP.
• Absolvição Sumária – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP.
E) DECISÃO QUE CONCEDER, NEGAR, ARBITRAR, CASSAR OU
JULGAR INIDÔNEA A FIANÇA, INDEFERIR REQUERIMENTO DE PRISÃO 
PREVENTIVA OU REVOGÁ-LA, CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA 
OU RELAXAR A PRISÃO EM FLAGRANTE; (ART. 581, V, CPP) 
Toda vez que couber RESE no caso de fiança deve-se verificar quais são os 
casos em que não cabe fiança previstos nos arts. 323 e 324 do CPP. 
Vale a pena transcrever os arts. 323 e 324 do CPP, já que eles foram 
modificados com o advento da Lei nº 12.403 de 2011: 
Art. 323. Não será concedida fiança: (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
I – nos crimes de racismo; 
II – nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e 
drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos; 
III – nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou 
militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; 
IV – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011) 
V – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011) 
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: 
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I – aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança 
anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das 
obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código; 
II – em caso de prisão civil ou militar; 
III – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011) 
IV – quando presentes os motivos que autorizam a decretação da 
prisão preventiva (art. 312). 
Outro ponto relacionado à fiança que é de grande relevância é o de que o 
delegado de polícia, atualmente, poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena 
privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Nos demais casos, a 
fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas, nos exatos 
termos do art. 322, caput e parágrafo único do Código de Processo Penal. 
O candidato deve ficar atento ao detalhe de que somente caberá RESE do 
indeferimento da prisão preventiva, caso a sentença venha a decretar a preventiva deve-
se pedir a revogação da prisão preventiva. 
Fique ligado nas alterações relacionadas à prisão preventiva, sendo os seguintes 
artigos de grande relevância: 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do 
processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de 
ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério 
Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da 
autoridade policial. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como 
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da 
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando 
houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser 
decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações 
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impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º). 
(Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a 
decretação da prisão preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
I – nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade 
máxima superior a 4 (quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
II – se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença 
transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do 
art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código 
Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
III – se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a 
mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com 
deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de 
urgência; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
IV – (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva 
quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando 
esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o 
preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, 
salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se 
o juiz verificar pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado
o fato nas condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23
do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal. 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
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Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão 
preventiva será sempre motivada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 OBS.: Caso a liberdade provisória seja negada, caberá a defesa intentar habeas
corpus. 
 OBS.: O assistente de acusação não é parte legítima para intentar RESE, nas
hipóteses em que o juiz conceder liberdade ao réu. 
F) DECISÃO QUE JULGAR QUEBRADA A FIANÇA OU PERDIDA SEU
VALOR (ART. 581, VI, CPP) 
As hipóteses que acarretam a perda ou quebramento da fiança, de acordo com o 
CPP, estão trazidas nos seguintes artigos do CPP: 
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
I – regularmente intimado para ato do processo, deixar de 
comparecer, sem motivo justo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
II – deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do 
processo; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
III – descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a 
fiança; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
IV – resistir injustificadamente a ordem judicial; (Incluído pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
V – praticar nova infração penal dolosa. (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se 
declarou quebrada a fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos. 
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Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na 
perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a 
imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação 
da prisão preventiva. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, 
se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do 
cumprimento da pena definitivamente imposta. (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas ascustas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será 
recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela 
Lei nº 12.403, de 2011). 
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções 
previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será recolhido ao 
fundo penitenciário, na forma da lei. (Redação dada pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
G) DECISÃO QUE DECRETAR A PRESCRIÇÃO OU JULGAR, POR
OUTRO MODO EXTINTA A PUNIBILIDADE (ART. 581, VIII, CPP) 
Normalmente quem utiliza esta hipótese de RESE é o promotor de justiça ou o 
Assistente de Acusação, já que a extinção de punibilidade é benéfica ao agente. 
H) DECISÃO QUE INDEFERIR O PEDIDO DE RECONHECIMENTO
DA PRESCRIÇÃO OU DE OUTRA CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE 
(ART. 581, IX, CPP) 
Esta hipótese de RESE ocorrerá nos casos de existir uma decisão que denegar o 
reconhecimento de uma causa extintiva de punibilidade. 
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Deve o candidato sempre ir para o art. 107 do Código Penal para ver quais são as 
hipóteses de extinção de punibilidade e se houve, no caso concreto, o indeferimento do 
seu pedido de reconhecimento. 
Ex. Houve decadência ao direito de queixa, mas o juiz NÃO a reconheceu, neste 
caso será cabível a impetração de RESE. 
I) DECISÃO QUE CONCEDER OU NEGAR ORDEM DE HABEAS
CORPUS (ART. 581, X, CPP) 
Desta hipótese de RESE a situação que interessa à defesa é o caso de negação de 
ordem de habeas corpus. Vale ressaltar que a negativa de seguimento do habeas corpus 
deve ser realizada por um juiz singular para poder caber o RESE. 
Deve-se ter cuidado com esta hipótese de RESE, pois caso o habeas corpus seja 
negado pelo Tribunal de Justiça, pelo TRF ou por Tribunais Superiores (STJ, STM ou 
TSE), NÃO caberá RESE e sim o Recurso Ordinário Constitucional (ROC), nos termos 
dos artigos 102, II, “a” e 105, II, “a” da Constituição Federal. Neste último caso, NÃO 
haverá supressão de instância em face de previsão constitucional expressa deste último 
recurso. 
Desta forma, sempre que for o caso de denegação de Habeas Corpus deve-se ir 
para o art. 102 CF e 105 CF para verificar se há uma situação que motivaria o Recurso 
Ordinário Constitucional (ROC) para o STF ou STJ a depender do caso. No caso de ser 
hipótese de ROC, este recurso vai ser impetrado diretamente no STF ou STJ, não 
havendo que se falar em supressão de instância. 
J) DECISÃO QUE ANULAR, TOTAL OU PARCIALMENTE, O
PROCESSO DA INSTRUÇÃO CRIMINAL (ART. 581, XIII, CPP) 
Nesta hipótese de RESE, segundo a doutrina, o que importa é que houve a 
anulação de algum ato processual, ou de todo o processo, e não apenas a anulação da 
instrução criminal. Ou seja, a expressão “instrução” foi utilizada de forma ampla. 
Neste caso será cabível a impetração de RESE tanto pela acusação, quanto pela 
defesa, a depender do interesse. 
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K) DECISÃO QUE INCLUIR OU EXCLUIR JURADO DA LISTA
GERAL (ART. 581, XIV, CPP) 
Existe uma grande peculiaridade nesta hipótese de RESE, pois o prazo para 
intentá-lo, neste caso, é de 20 dias, nos termos do art. 586, parágrafo único, do CPP, a 
contar da publicação definitiva da lista de jurados. 
Além disso, o endereçamento da petição de interposição e as das razões é feito 
diretamente ao Presidente do Tribunal e as razões do recurso, exclusivamente nesta 
hipótese, serão apresentadas dentro do prazo de 20 dias, NÃO havendo o prazo de 2 
dias para apresentação das razões recursais, como ocorre nas demais hipóteses de RESE 
previstas ao teor do artigo 581 do CPP. 
Vale lembrar que qualquer pessoa é parte legítima para intentar RESE nesta 
hipótese, tendo em vista que a lista de jurados é de interesse coletivo ou difuso. 
L) DECISÃO QUE DENEGAR A APELAÇÃO OU JULGÁ-LA DESERTA
(ART. 581, XV, CPP) 
A hipótese de denegação de apelação ainda está plenamente em vigor e ocorrerá 
todas as vezes que a apelação NÃO for recebida pela ausência de pressupostos recursais 
de admissibilidade. 
Não é mais cabível o instituto da deserção da apelação em decorrência da 
revogação do art. 594 CPP. Este artigo previa que caso o réu apresentasse apelação e 
depois viesse a fugir, haveria a deserção da apelação. 
Corroborando com este entendimento, o STJ editou a Súmula 347 que afirma 
que “o conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”, razão 
pela qual, também em sede jurisprudencial, a hipótese de cabimento de RESE diante de 
decisão que julgou a apelação deserta encontra-se superada. 
M) DECISÃO QUE ORDENAR A SUSPENSÃO DO PROCESSO POR
QUESTÃO PREJUDICIAL (ART. 581, XV, CPP) 
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As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP, razão pela 
qual vale a pena transcrevê-los: 
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da 
solução de controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o 
estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso até que 
no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em 
julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição das testemunhas e de 
outras provas de natureza urgente. 
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério 
Público, quando necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na 
que tiver sido iniciada, com a citação dos interessados. 
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal 
depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo 
anterior, da competência do juízo cível, e se neste houver sido proposta 
ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa questão 
seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil 
limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das 
testemunhas e realização das outras provas de natureza urgente. 
§ 1º O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser
razoavelmente prorrogado, se a demora não for imputável à parte. 
Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz 
criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência para 
resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. 
§ 2º Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso.
§ 3º Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública,
incumbirá ao Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, 
para o fim de promover-lhe o rápido andamento. 
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A regra é a de que o juiz, no curso da instrução criminal, não está adstrito às 
provas apresentadas pelas partes, ou seja, o magistrado não é obrigado a se restringir ao 
que for alegado pelas partes, sendo uma prova lícita o juiz pode mandar produzi-la. 
Desta forma, entende-se que o juiz é livre para produzir as provas que bem 
entender, que julgue relevantes, necessárias e pertinentes, a única exigência é que a 
prova seja lícita. Ao magistrado cabe o conhecimento da verdade real, ele tem que 
chegar ao seu conceito sobre o fato e se a prova for lícita ele poderá determinar a 
produção de provas de ofício. 
Entretanto, existem casos em que o juiz, para decidir uma questão de mérito, 
necessita da produção de prova de outra esfera, diferente da esfera penal. Neste caso 
estamos diante de uma questão prejudicial de natureza extrapenal ou heterogênea. 
Diante de uma questão prejudicial heterogênea se o magistrado tiver que dirimir 
dúvida sobre o estado civil de pessoas e esta questão tiver que ser solucionada para 
caracterizar o crime (alguma de suas elementares) ele terá que remeter o caso ao juiz 
cível e deve suspender oprocesso (não corre prazo de nada), existindo o que a doutrina 
chama de questão prejudicial heterogênea obrigatória. 
Neste caso o juiz criminal manda para o juiz cível e espera que este seja 
resolvido. Há uma controvérsia sobre direito civil que verse sobre o estado de pessoa, a 
lei proíbe que o juiz solucione, devendo mandar o feito para a esfera civil, conforme os 
art. 92 e 93 do CPP. 
Ex. Caso de bigamia, somente haverá este crime se o primeiro casamento for 
válido. Se estiver havendo discussão sobre a nulidade do primeiro casamento no âmbito 
cível não haverá bigamia e esta controvérsia sobre o estado civil das pessoas é 
elementar do crime de bigamia e não pode ser resolvida pelo magistrado criminal. 
Neste caso, da decisão que ordenar a suspensão do processo por questão 
prejudicial heterogênea obrigatória caberá a interposição de RESE. 
Vale ressaltar que a controvérsia deve ser indispensável para caracterizar a 
elementar do crime, se não for indispensável, o juiz pode decidir sem necessidade de 
sustar o feito e remeter o processo para o juízo cível, existindo, neste caso, o que a 
doutrina chama de questão prejudicial heterogênea facultativa. 
Neste caso, o próprio juiz do feito criminal é que irá decidir a questão prejudicial 
mencionada. 
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Ex. Fulano que comete lesão corporal sobre uma pessoa, mas há dúvida se esta 
pessoa é filho ou não do autor do crime. Neste caso há questão prejudicial heterogênea 
facultativa, pois não é questão necessária para caracterizar a elementar do crime e sim 
uma circunstância agravante prevista no art. 61, II, e), do CP, podendo o próprio juiz 
criminal decidir sobre a questão, sem necessidade de sustação do feito e de remessa para 
o juízo cível.
No caso de decisão que julgar questão prejudicial heterogênea facultativa, como 
não há a suspensão do processo, NÃO há o cabimento de RESE. 
N) DECISÃO DO INCIDENTE DE FALSIDADE. (ART. 581, XVIII, CPP)
O incidente de falsidade está previsto nos artigos 145 a 148 do CPP, e caso o 
juiz profira uma decisão julgando este tipo de incidente, será cabível a apresentação do 
RESE. 
Vale transcrever os artigos do CPP referentes ao incidente de falsidade. 
Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de documento 
constante dos autos, o juiz observará o seguinte processo: 
I – mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida 
ouvirá a parte contrária, que, no prazo de 48 horas, oferecerá 
resposta; 
II – assinará o prazo de 3 dias, sucessivamente, a cada uma das 
partes, para prova de suas alegações; 
III – conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que 
entender necessárias; 
IV – se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, 
mandará desentranhar o documento e remetê-lo, com os autos do 
processo incidente, ao Ministério Público. 
Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, exige 
poderes especiais. 
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Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da 
falsidade. 
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em 
prejuízo de ulterior processo penal ou civil. 
3. HIPÓTESES EM QUE NÃO CABE MAIS RESE
Deve-se ter muito cuidado para não cair nas seguintes “cascas de banana”, tendo 
em vista que nas seguintes hipóteses NÃO é cabível mais o RESE: 
1ª) Da decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena 
(art. 581, XI, CPP) – caberá Agravo ou Apelação a depender de quem decidiu 
acerca da suspensão condicional da pena. Em caso de decisão, na sentença, pelo 
juiz sentenciante, caberá Apelação, com fundamento no art. 593, I do CPP. Em 
sendo a decisão proferida pelo juízo da execução, caberá Agravo em Execução 
com fundamento no art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais; 
2ª) Da decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional (art. 581, 
XII, CPP) – caberá Agravo em Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de 
Execuções Penais); 
3ª) Da decisão que decidir sobre a unificação de penas (art. 581, XVII CPP) – 
caberá Agravo em Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções 
Penais); 
4ª) Da decisão que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença 
em julgado (art. 581, XIX, CPP) – caberá Agravo em Execução (art. 197 da 
Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais); 
5ª) Da decisão que impuser medida de segurança por transgressão de outra (art. 
581, XX, CPP) – caberá Agravo em Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei 
de Execuções Penais); 
6ª) Da decisão que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do 
art. 774 (art. 581, XXI, CPP) – NÃO cabe recurso pois o art. 774 do CPP foi 
revogado tacitamente pela Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais; 
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7ª) Da decisão que revogar a medida de segurança (art. 581, XXII, CPP) – 
caberá Agravo em Execução (art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções 
Penais); 
8ª) Da decisão que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a 
lei admita a revogação (art. 581, XXIII, CPP) – caberá Agravo em Execução 
(art. 197 da Lei 7.210/84 – Lei de Execuções Penais); 
9ª) Da decisão que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 
581, XXIV, CPP) – NÃO cabe recurso ALGUM, pois esta hipótese foi 
revogada tacitamente pela modificação do art. 51 do Código Penal, que 
converteu a multa em dívida de valor, não tornando mais possível a sua 
conversão em prisão. 
 OBS.: Apesar de não constar no rol do art. 581 do Código de Processo Penal, é
possível o intento do Recurso em Sentido Estrito (RESE), nos termos do art. 294, 
parágrafo único do Código de Trânsito Brasileiro. Nesse sentido, vale a pena informar o 
artigo: 
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, 
havendo necessidade para a garantia da ordem pública, poderá o juiz, 
como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do Ministério 
Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, 
decretar, em decisão motivada, a suspensão da permissão ou da 
habilitação para dirigir veículo automotor, ou a proibição de sua 
obtenção. 
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a 
medida cautelar, ou da que indeferir o requerimento do Ministério 
Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo. 
É possível, ainda, o cabimento do (RESE), de acordo com o constante no Decreto-
Lei 201/67, da decisão que concede ou denega a prisão preventiva, bem como do 
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afastamento do cargo, nos termos do art. 2º, III do referido decreto. Segue, nesse 
sentido, o artigo: 
Art. 2º. O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o 
comum do juízo singular, estabelecido pelo Código de Processo Penal, 
com as seguintes modificações: 
III – Do despacho, concessivo ou denegatório, de prisão 
preventiva, ou de afastamento do cargo do acusado, caberá recurso, 
em sentido estrito, para o Tribunal competente, no prazo de cinco dias, 
em autos apartados. O recurso do despacho que decreta a prisão 
preventiva ou o afastamento do cargo terá efeito suspensivo. 
 OBS.: A Decisão que concede, nega ou revoga a suspensão condicional do
processo, nos termos do art. 89 da Lei 9.099/95 também caberá RESE. 
PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. DECISÃO QUE 
REVOGA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. 
EXISTÊNCIA DE RECURSO PRÓPRIO. CABIMENTO DE RECURSO 
EM SENTIDO ESTRITO. SÚMULA Nº 267/STF. I – Contra decisão 
que concede, nega ou revoga suspensão condicional do processo cabe 
recurso em sentido estrito (Precedentes desta Corte). II – Descabida,portanto, a utilização do mandado de segurança perante o e. Tribunal 
a quo, tendo em vista a existência de recurso próprio, ex vi da Súmula 
nº 267 do c. Pretório Excelso (“Não cabe mandado de segurança 
contra ato judicial passível de recurso ou correição”). Habeas corpus 
não-conhecido 
(STJ – HC: 103053 SP 2008/0066213-6, Relator: Ministro FELIX 
FISCHER, Data de Julgamento: 18/09/2008, T5 – QUINTA TURMA, 
Data de Publicação: DJe 10/11/2008) 
4. ESTRUTURA DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
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4.1. Petição de interposição 
Endereçamento: 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA 
CRIMINAL DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA 
CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________________ (Crimes da 
Competência da Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE __________________ (Crimes da 
Competência do Tribunal do Júri) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________ (Crimes da 
Competência da Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO _____ JUIZADO 
ESPECIAL CRIMINAL DA COMARCA _______________ (Endereçamento ao 
Juizado Especial) 
Processo número: 
(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério 
Público/Querelante, às fls. ___________, por seu advogado formalmente constituído 
que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, 
inconformado com a respeitável sentença de _____________, conforme fls. 
_________________, interpor tempestivamente o presente 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
ou 
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fundamento no art. 581, (indicar inciso) __ ou art. 588 (Contrarrazões), do Código 
de Processo Penal. Em se tratando do CTB, fundamentar no art. 294, parágrafo único 
da Lei 9.503/97 – Código de Trânsito Brasileiro. Interpondo RESE em face do 
constante no Decreto-Lei 201, a fundamentação será no art. 2º, III do Decreto-Lei 
201/67. 
 Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de 
Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso 
encaminhado a superior instância para o devido processamento e julgamento. 
ou 
Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova 
elas serão feitas juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça 
(ou Turma Recursal no caso do Juizado Especial Criminal), onde serão processados e 
não provido o presente recurso (Requerimento acerca das contrarrazões). 
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Termos em que, 
Pede deferimento. 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
4.2. Razões ou contrarrazões 
Endereçamento: 
RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
EGRÉGIO TRIBUNAL (DE JUSTIÇA OU REGIONAL FEDERAL) COLENDA 
CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
Endereçamento para Turma Recursal dos Juizados Especiais 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
EGRÉGIA TURMA RECURSAL 
COLENDA TURMA 
ÍNCLITOS JULGADORES 
1. Dos Fatos
Seja mais resumido nos fatos, e mais enfático no resumo do processo.
Cita-se o mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo.
Deve-se expor como se chegou à sentença.
No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor:
“A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e
direito a seguir aduzidos”.
2. Das Preliminares
Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma sequência
a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência:
1º) Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade.
2º) Art. 109 CP – Prescrição
3º) Art. 564 CPP – Nulidades
4º) Art. 23 CP Causas de exclusão de ilicitude.
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5º) Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência rejeição 
liminar da peça acusatória. 
3. Do Mérito
Fale logo do mérito no primeiro parágrafo, diga o que você quer. Deve-se dizer logo o
porquê de você está atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no
mérito.
Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o direito
pertinente ao caso e os artigos correlatos.
4. Do Pedido
Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e
demais pedidos subsidiários possíveis.
ou 
Nas contrarrazões deve-se fazer um pedido principal de não provimento do recurso e 
manutenção da decisão. 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Comarca, data 
Advogado, OAB 
5. CASOS PRÁTICOS
CASO PRÁTICO RESOLVIDO 
Felipe e Gabriel são amigos há vários anos e são fanáticos pela prática de 
alpinismo, fazendo, inclusive, inúmeras escaladas em várias montanhas do Brasil. 
No dia 22 de outubro de 2013, ao realizarem uma escalada na montanha do 
Estado de Alfa, Felipe percebeu que a corda que o sustentava começou a se 
romper, ocasião em que cortou o sustentáculo, impondo com isso a queda de 
Gabriel, também sustentado pela mesma corda. Tal conduta provocou a morte 
imediata de Gabriel, tendo Felipe sido salvo. 
Em virtude da situação apresentada, Felipe foi denunciado pelo crime de 
homicídio qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos 
termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, tendo em vista que, segundo o 
promotor de justiça competente, Felipe cortou dolosamente a corda que o 
sustentava e à vítima, quando os dois estavam escalando uma montanha, o que 
tornou impossível qualquer tipo de defesa por parte de Gabriel. 
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A denúncia foi apresentada com base em provas colhidas em um inquérito 
policial, tendo sido juntada perícia tanatoscópica comprovando a morte de 
Gabriel. 
O Juiz da 11ª Vara do Tribunal do Júri do Município Delta do Estado Alfa 
recebeu a denúncia e mandou citar o réu para apresentar defesa. Este apresentou 
resposta no prazo legal. 
Na audiência de instrução, realizada no dia 16 de julho de 2014, o réu foi 
ouvido e informou que realmente tinha escalado uma montanha junto com a 
vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, pois a 
corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve alternativa senão 
cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. 
Além disso, foram ouvidas testemunhas da acusação que não viram o crime, 
mas informaram que Felipe e Gabriel, de fato, eram amigos desde crianças e não 
sabiam de nenhuma rixa entre os dois que pudesse ocasionar vontade por parte do 
réu de matar a vítima. Inexistindo testemunha de defesa arrolada ao processo, as 
alegações finais foram realizadas de maneira oral, tendo o representante do 
Parquet se manifestado pela pronúncia do réu, nos mesmos termos da denúncia, 
tendo requerido a defesa a absolvição sumária do agente. 
O magistrado, em audiência, prolatou sentença de pronúncia pelo crime de 
homicídio simples, retirando a qualificadora em virtude de sua manifesta 
ilegalidade, intimando as partes no referido ato. 
Com base somente nas informações de que dispõe e nas que podem ser 
inferidas pelo caso concreto acima, na condição de advogado(a) de Felipe, redija a 
peça cabível à impugnação da mencionada decisão, respeitando as formalidades 
legais e desenvolvendo, de maneira fundamentada,as teses defensivas pertinentes. 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 11ª VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DO MUNICÍPIO (ou COMARCA) DELTA DO ESTADO 
ALFA 
Processo número: 
 Felipe, já qualificado nos autos do processo que lhe move o Ministério Público, 
às fls. ____, por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, vem, 
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respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável 
sentença de pronúncia, conforme fls. ___, interpor tempestivamente o presente 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fundamento no artigo 581, IV, do Código de Processo Penal. 
 Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de 
Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso 
encaminhado à superior instância para o devido processamento e julgamento. 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Município Delta, Estado Alfa, data. 
Advogado, OAB 
RAZÕES DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
EGRÉGIO TRIBUNAL 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
1. Dos Fatos
O recorrente foi pronunciado por ter supostamente cometido o crime de 
homicídio qualificado pelo recurso que tornou impossível a defesa do ofendido, nos 
termos do art. 121, § 2º, IV, do Código Penal, perante o Juiz da 11ª Vara do Tribunal 
do Júri do Município (ou Comarca) Delta do Estado Alfa, pois teria cortado 
dolosamente a corda que sustentava o recorrente e a vítima, quando os dois estavam 
escalando uma montanha, o que teria tornado impossível qualquer tipo de defesa por 
parte de Gabriel. 
 Consta nos autos que o recorrente e a vítima estavam realizando uma escalada de 
uma montanha, quando Felipe percebeu que a corda que o sustentava junto à montanha 
estava prestes a se romper, ocasião em que cortou o sustentáculo, impondo com isso a 
queda da vítima, também sustentada pela mesma corda. Tal conduta provocou a morte 
imediata de seu amigo de muitos anos, propiciando o salvamento do recorrente. 
 Na audiência de instrução, o recorrente foi ouvido e informou que realmente 
tinha escalado uma montanha junto com a vítima, entretanto, percebeu que estava em 
uma situação de extremo perigo, já que notou que a corda que segurava os dois ia se 
romper, razão pela qual não teve alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que 
ocasionou a morte de seu amigo. 
 A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e 
direito a seguir aduzidos. 
2. Das Preliminares
 Preliminarmente cumpre esclarecer a ocorrência manifesta do estado de 
necessidade, causa de exclusão da ilicitude do fato, nos termos do art. 23, I em 
combinação com o art. 24, ambos do Código Penal. 
 Por último, cumpre esclarecer ainda em sede de preliminar, que não existe 
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interesse de agir, faltando uma condição para o exercício da ação penal, nos termos do 
art. 395, II, do Código de Processo Penal. 
3. Do Mérito
 Cumpre esclarecer que, no caso concreto, resta configurada a excludente de 
ilicitude de estado de necessidade, pela simples leitura das provas produzidas no 
decorrer do processo, razão pela qual o recorrente deveria ter sido absolvido 
sumariamente e não pronunciado. 
 Consta dos autos que o recorrente tinha escalado uma montanha junto com a 
vítima, entretanto, percebeu que estava em uma situação de extremo perigo, já que 
verificou que a corda que segurava os dois ia se romper, razão pela qual não teve 
alternativa senão cortar a corda para se salvar, o que ocasionou a morte de seu amigo. 
 Conforme ensina a melhor doutrina, percebe-se que todos os requisitos do estado 
de necessidade estão presentes no caso concreto, nos exatos termos dos arts. 23, I e 24 
do Código Penal. 
 O recorrente estava diante de um perigo atual (é o perigo que está ocorrendo, é o 
perigo presente, concreto), pois a corda que segurava o recorrente e a vítima ia se 
romper, o que causaria a morte do recorrente e da vítima. Houve ameaça a direito 
próprio já que a própria vida do recorrente estava em jogo. A situação de perigo não foi 
causada voluntariamente pelo recorrente, tendo em vista que o recorrente não criou a 
situação de perigo que passou. 
 Não havia outra forma de proteger a própria vida do recorrente, ou seja, Felipe 
não tinha alternativa para evitar a morte de seu amigo e proteger o seu direito 
ameaçado, pois ou ele cortava a corda e se salvava, ou então tanto o recorrente quanto a 
vítima iriam morrer. E, por fim, o sacrifício do direito ameaçado do recorrente, nas 
circunstâncias, não era razoável exigir-se, ou seja, a situação de perigo atual pela qual 
passou o agente não exigia que ele sacrificasse o seu direito (sua própria vida) que 
foi ameaçado. 
 Desta forma, estão presentes todos os requisitos do estado de necessidade, razão 
pela qual a absolvição sumária se impõe a Felipe. 
 Apenas por cautela, cumpre esclarecer a falta de uma condição para o exercício 
da ação penal, qual seja, o interesse de agir. Ora, como o recorrente está amparado pela 
excludente da ilicitude do fato de estado de necessidade, art. 23, I e art. 24, ambos do 
Código Penal, haverá a exclusão do crime, razão pela qual o processo penal não terá 
um fim útil, já que não será aplicada uma pena privativa de liberdade ao final do 
processo, restando configurada a falta de interesse de agir. 
4. Dos Pedidos
 Diante do exposto, requer o provimento do recurso e a reforma da sentença para 
que seja Felipe absolvido sumariamente em virtude de causa de exclusão do crime, 
qual seja, o estado de necessidade, nos termos do art. 415, IV do Código de Processo 
Penal. 
 Caso não seja acolhido o pedido acima, o que não se espera, requer-se a anulação 
da decisão de pronúncia, em virtude da nulidade de falta de condição para o exercício 
da ação penal, qual seja, o interesse de agir, ocasião em que o processo sequer deveria 
ter sido iniciado. 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
Município Delta, Estado Alfa, data. 
Advogado, OAB

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