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PUERPÉRIO FISIOLÓGICO Profª MSC; Kelle Magalhães Enfermeira Obstetra PUERPÉRIO “Conceitua-se puerpério o período do ciclo gravídico- puerperal em que as modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no organismo da mulher, retornam à situação do estado pré-gravídico”. (BRASIL, 2001) “Tem início após a dequitação e se estende até 6 semanas após o parto. Alguns estudos postergam o fim do puerpério para até 12 meses após o parto. (ZUGAIB, 2008) PUERPÉRIO Tem o término imprevisto, pois enquanto a mulher amamentar ela estará sofrendo modificações da gestação (lactância), não retornando seus ciclos menstruais completamente à normalidade. (BRASIL, 2001) PUERPÉRIO Imediato: 1° ao 10° dia após o parto. Tardio: 11 ° ao 42 ° dia após o parto. Remoto: a partir do 43 ° dia após o parto. (REZENDE, 2006) PUERPÉRIO Imediato: Até a 2ª hora pós o parto. Mediato: Da 2ª hora até o 10ºdia pós parto. Tardio: Do 10º dia até o retorno das menstruações, ou 6ª/8ª semanas nas lactantes. (ZUGAIB, 2008) PUERPÉRIO A primeira e a segunda hora após o delivramento da placenta devem ser passadas na Centro Obstétrico (sala de recuperação), pois nesse período podem ocorrem hemorragias (Quarto Período do Parto). Passado esse período inicial, estando a mulher equilibrada hemodinamicamente e formado o globo de Pinard (útero ao nível da cicatriz umbilical e firmemente contraído), poderá ser encaminhada para o Alojamento Conjunto – ALCON. (BRASIL, 2001) PUERPÉRIO Alterações Endócrinas Alterações Genitais Alterações Psicológicas (BRASIL, 2001) Ajustes fisiológicos e psicológicos 6 semanas; Quarto período do parto (Greemberg) 1ª e 2ª horas de pós-parto risco de hemorragias e de choque hipovolêmico. Com 2 horas se condição estável da puérpera transferência da sala de recuperação para a Unidade de Internação Obstétrica (Maternidade) ADAPTAÇÃO DO ÚTERO Involução Uterina = rápida redução do tamanho e peso, devido a queda de estrogênio e de progesterona, dos processos de laqueadura dos vasos, trombotamponamento e miotamponamento. 1000g: logo após o parto 500g: 1ª semana 320g: 2ª semana 60g: após 6-8 semanas Local de implantação da placenta = 8 a 9cm de diâmetro, o sítio de inserção reduz para 3-4 cm de diâmetro. Cicatrização ocorre por descamação, com eliminação de tecido (± 30dias) e sem cicatrizes. FORMAÇÃO DO GLOBO DE SEGURANÇA DE PINARD Imediatamente após a dequitação. O útero inicia o processo de involução. A retração uterina é característica do miométrio, que faz com que o órgão se retraia após as contrações. A contração uterina é responsável pela constrição dos vasos intramiometriais, reduzindo o fluxo sanguíneo e previnindo a hemorragia pós-parto. Ocorre também trombose nos vasos mais calibrosos, consistindo um mecanismo hemostático secundário para a perda sanguínea. ADAPTAÇÃO DO ÚTERO A localização e a a consistência do fundo uterino são avaliações importantes de enfermagem; O útero deve estar contraído (consistência lenhosa); 1º dia – fundo uterino na altura da cicatriz umbilical; Diminui cerca de 1 cm a cada dia; Final da 1ª semana: útero palpável na sínfise púbica; Depois de 10 dias: útero não é mais palpável; Amamentação apressa o processo involutivo (ação da ocitocina) Colo uterino: - Apresenta pequenas lacerações. Fecha o OCI e permanece aberto o OCE nos primeiros dias pós-parto. - OCE: 2-3 cm dilatado a princípio, 1 cm dilatado com 7 dias de puerpério - Reparo total do colo e reepitelização com 6-12 semanas CONTRAÇÕES UTERINAS - CÓLICAS APÓS O PARTO - Primíparas útero geralmente em estado permanente de contração tônica. Multipara útero não mantém uma contração constante (perda do tônus muscular). Cólicas ao amamentar (ocitocina). LÓQUIOS ELIMINAÇÃO VAGINAL - DRENAGEM UTERINA - Lóquios sangue do local da placenta, partículas de decídua necrosada e muco: eritrócitos, leucócitos, porções de decídua, células epiteliais e bactérias . Lochia rubra: até 3º-4º dia, Lochia fusca: do 4º-10ºdia, Lochia flava: após 10ºdia, Lochia alba: varia 15º-30ºdia. Modificação na cor e na quantidade devido à cicatrização do local de inserção da placenta. Odor semelhante ao da menstruação e também da flora vaginal da cada mulher. Restos placentários lóquios sangüinolentos por muito tempo ou recorrência de fluxo vaginal vermelho vivo. VAGINA E PERÍNEO Vagina aparência edemaciada e arroxeada; afinamento da mucosa; diminuição de lubrificação e dispareunia. Ligamentos do assoalho pélvico e da parede abdominal tônus diminuído (útero não bem apoiado). Diástase do músculo reto-abdominal Aparência do períneo depende do tipo e da extensão da episiotomia e/ou lacerações. Tecidos moles do períneo geralmente edemaciados ou cianosados. SINAIS VITAIS Temperatura pode elevar-se até 38°C (primeiras 24hs), devido ao esforço e desidratação do parto. Freqüência cardíaca elevada na primeira hora pós- parto e após diminui (50 a 70bpm), retornando ao padrão pré-gestacional em 8 a 10 semanas. FC elevada, pode indicar aumento da perda sangüínea, infecção, dor ou ansiedade. Pressão sangüínea estável após o parto. ADAPTAÇÕES DOS SISTEMAS ORGÂNICOS Perda sangüínea do parto queda do volume de sangue no puerpério. Primeiras 72hs pós-parto maior diminuição do volume de plasma do que no número de células sangüíneas. Uma semana pós-parto elevação nos níveis de hematócrito e hemoglobina. Ativação fatores de coagulação risco de doença tromboembólica no puerpério. - Sinal de Homans Sistema Circulatório o Comum, o Eliminação do excesso de líquido acumulado na gestação, oHipotermia e tremores (reação termogênica materna em virtude da separação da placenta). Sudorese pós-parto o Distendida, com perda do tônus, o Exercícios físicos ajudam na recuperação. Musculatura abdominal Reversão do metabolismo de água da gestação aumento da eliminação Retenção urinária: causas bexiga edemaciada e traumatizada, distendida; sensibilidade diminuída à pressão exercida pela urina; edema em torno do meato urinário; medo de ocorrer ardência e dor. Pode ocorrer incontinência urinária com fatores predisponentes a duração do trabalho de parto, fetos macrossômicos e episiotomia. Pode ocorrer bexigoma principalmente associada ao efeito anestésico. Atentar para retenção urinária 6 horas após o parto normal ou seis horas após a retirada da sonda vesical posterior a cesárea Sistema Urinário Fome e sede após o parto; náuseas. Constipação é comum (diminuição da motilidade gastrointestinal, efeitos da analgesia ou da anestesia, desidratação e dor no períneo). Hemorróidas tornam-se mais doloridas. Medo de evacuar. Dieta rica em fibras pode ajudar. Deambulação precoce deve ser incentivada para promover diurese e motilidade intestinal Sistema Gastrointestinal Alterações hormonais para lactação. Queda de vários hormônios (lactogênio placentário, estrógeno, cortisol) e enzima placentária insulinase reversão dos efeitos diabetogônicos da gestação. Sistema Endócrino o Mulheres que não amamentam menstruam 6 a 12 semanas após o parto. o Mulheres que amamentam variável (tempo médio de 3 a 6 meses). o Ciclos anovulatórios ou não. Ciclo Menstrual o Redução do cloasma gravídico. o Estrias avermelhadas tornam-se mais claras e diminuem de tamanho. Sistema Tegumentar Imediatamente após o parto, o peso da mulher diminui aproximadamente entre4,5Kg a 5,5Kg (retirada do feto, da placenta e do líquido amniótico) Amamentação auxilia a redução de peso Perda de Peso A realização de exercícios dependerá da avaliação do estado geral da mulher e do nível de fadiga. Caminhadas: exercício ideal Retorno à atividade normal deverá ser gradual. 30 dias para o parto normal e 45 dias para a cesareana. Exercícios Puerperais VACINAS NO PUERPÉRIO Rhogan ou Mathergan: Imunoglobulina D , maior eficácia até 72 horas pós-parto. IM em região glútea profunda. Incompatibilidade com a Vacina contra Rubéola (Dupla Viral). Se a mãe for Rh- e o recém-Nascido nascer Rh+, administra-se a Rhogan. Se a mãe for Rh- e o recém-nascido for Rh-, não faz a Rhogan. CONTRACEPÇÃO NO PUERPÉRIO Contraceptivos orais à base de progesterona prescritos para serem iniciados de 2 a 3 semanas após o parto. Acetato de medroxiprogesterona com início a partir de 6 semanas do parto. Implantes hormonais de progesterona a partir da 6ªsemana do puerpério. ADAPTAÇÃO PSICOLÓGICA O puerpério é um dos momentos mais críticos da vida de uma mulher podendo desencadear na mulher tristeza puerperal e depressão puerperal Irritabilidade e mudanças de humor são comuns. Rápido declínio hormonal (progesterona e estrogênio), conflito sobre o papel materno e a insegurança pessoal contribuem para alterações emocionais. ALOJAMENTO CONJUNTO É um sistema adotado por muito hospitais, onde o recém-nascido permanece o tempo todo junto da mãe. Proporciona oportunidade de aprendizado para a mãe e maior interação da família como o RN. CUIDADOS DE ENFERMAGEM À PUÉRPERA NO ALOJAMENTO CONJUNTO Relacionados aos ajustes fisiológicos e psicológicos A permanência no hospital é curta Objetivos Principais: - identificar possíveis anormalidades; - orientar a mulher e família sobre os cuidados com o RN; - estimular o auto-cuidado; DADOS IMPORTANTES DE TRANSFERÊNCIA DA PUÉRPERA: Tipo e hora do parto; episiotomia ou lacerações; Tempo de bolsa rota; analgesia ou anestesia; Volume de perda sangüínea; intercorrências; Sexo, peso e apgar do RN (GIG, AIG, PIG ou prematuro); Intercorrências com o RN. AVALIAÇÃO E REGISTRO DE ENFERMAGEM Avaliações diárias; Sinais de risco no período puerperal a serem registrados: -lóquios aumentados; -maus cheiro nos lóquios; -alterações nos sinais vitais; -dor localizada: panturrilhas; abdominal; pélvica; nas incisões. -mamas doloridas, com hiperemia, mamilos fissurados; dor na amamentação; -queixas urinárias. A PUÉRPERA E O RECÉM-NASCIDO (ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM) Exame físico diário da puérpera pelo enfermeiro: Estado psicológico em relação á maternidade; Avaliação dos sinais vitais; Condições gerais de higiene; Mucosas; Mamas (hidratação e coloração) e amamentação; Palpação uterina (localização do fundo, contratilidade) A PUÉRPERA E O RECÉM-NASCIDO (ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM) Exame físico diário da puérpera: Região abdominal (sinais de distensão, incisões...); Lóquios (aspecto e odor); Períneo (presença de suturas, edema, hematoma, sinais flogísticos...) e região anal Extremidade inferiores (avaliar presença de edema, rubor, sensibilidade aumentada, calor e Sinal de Homans) Presença de sondas, catéteres, punções venosas, soroterapia, etc... A PUÉRPERA E O RECÉM-NASCIDO (ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM) Orientações importantes: Higiene: Cuidados com incisões perineais: higiene com água corrente e sabão neutro, após eliminações; troca de absorventes freqüente, evitar o uso de papel higiênico para secagem. Cuidados com incisão abdominal (cesariana): higienizar com água corrente e sabão neutro no banho diário e quando necessário. Mantê-la sem curativo (a cinta poderá ser utilizada) A PUÉRPERA E O RECÉM-NASCIDO (ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM) Orientações importantes à puérpera e família pelo enfermeiro Alimentação Ingesta hídrica Estímulo a deambulação Estimular a micção o mais precoce possível Questionar os temores da puérpera, procurando tranqüilizá-la e esclarecê-la. A PUÉRPERA E O RECÉM-NASCIDO (ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM) Orientações importantes à puérpera e família dadas pelo enfermeiro Sono e Repouso Favorecer a presença familiar Deambulação o mais precoce possível As primeiras saídas do leito acompanhada da enfermagem após o parto e também na vigência de tonturas. A PUÉRPERA E O RECÉM-NASCIDO NA MATERNIDADE Orientações importantes à puérpera e família dadas pelo enfermeiro Cuidados com o Recém-nascido: - Estimular a puérpera a realizá-los com orientação e acompanhamento da enfermagem se for necessário. - Banho (orientação pela enfermagem). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -BRASIL, Ministério da Saúde. Parto Aborto e Puerpério: assistência humanizada à mulher. Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica da Mulher. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. -ZUGAIB, Obstetrícia. Editora Manole, 2008 -BUSSÂMARA, Neme. “Obstetrícia básica”, 3edição.Editora savier, 2006 -REZENDE, Carlos. “Obstetrícia Fundamental”, Editora Goanabara koogan, 10 edição, 2006
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