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AULA 10-Processo Administrativo Fiscal

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Processo Administrativo Fiscal
A Administração Tributária integra o Poder Executivo e é um órgão encarregado de executar uma função administrativa:
• cuidando da atividade administrativa relacionada à captação de receita tributária; e
• exercendo uma função fiscal, visto que na relação jurídica entre o sujeito ativo e o sujeito passivo encontra-se o tributo.
A Administração Tributária faz valer a função fiscal no âmbito da obtenção das receitas (tributos), ou seja, o cumprimento da obrigação tributária. A função fiscal então é exercida no âmbito de um processo que, por ser desenvolvido pela Administração e por ter como finalidade o cumprimento de obrigações tributárias, acessória e principal, recebe o nome de Processo Administrativo Fiscal.
Esse processo passa a ser a sucessão de atos praticados pela Administração que exigem do sujeito passivo o cumprimento de uma obrigação tributária, que por lei é imposta de forma compulsória.
Os atos relacionados ao processo administrativo fiscal englobam suspensão da exigibilidade, extinção e exclusão do crédito tributário, bem como restituição, revisão de base de cálculo e retificação de declarações.
Apesar do Poder Estar demonstrar sua supremacia, não há uma liberdade para prática de seus atos quanto a instituir ou exigir o pagamento de um tributo, existe uma limitação do poder de tributar previsto na Carta Magna (vide súmula nº 473, do STF).
ORIGEM DO PROCESSO ADMINISTRATIVO
O processo administrativo nasceu com o estado de direito, em que as garantias individuais constituem direitos fundamentais. 
Possivelmente, nos estados totalitários, a vontade do Estado se sobrepõe aos direitos individuais e pratica-se a arbitrariedade, em que a vontade do Estado é a do seu governante.
Encontra-se na doutrina informações que nos leva a crer que o processo administrativo teve sua origem no due pross of law, surgido na Grã-Bretanha, sendo que, inicialmente, era de cunho eminentemente processual penal.
Atualmente, várias legislações exigem como condição do recurso o depósito de parte do crédito tributário, como é o caso do Estado de Pernambuco – Lei nº 10. 654/91, alterada pela Lei nº 11.903/2000 - e da própria União, Decreto nº 70.235/72. 
Isso é bastante eficaz, pois serve de obstáculo aos recursos meramente procrastinatórios e, por outro lado, já garante parte do crédito, que se converterá em renda com o trânsito em julgado da decisão administrativa. 
Entretanto, há quem afirme ser inconstitucional tal exigência, sob o argumento de que o depósito constitui cerceamento do direito de defesa, o que já foi rechaçado pelo Supremo Tribunal Federal.
EMENTA: EXTRAORDINÁRIO. INFRAÇÃO ÀS NORMAS TRABALHISTAS. PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. PENALIDADE. NOTIFICAÇÃO. RECURSO PERANTE A DRT. EXIGÊNCIA DO DEPÓSITO PRÉVIO DA MULTA. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE E GARANTIA RECURSAL. AFRONTA AO ART. 5º, LV, CF. INEXISTÊNCIA. 1. Processo administrativo. Imposição de multa. Prevê a legislação especial que, verificada a infração às normas trabalhistas e lavrado o respectivo auto, o infrator dispõe de dez dias, contados do recebimento da notificação, para apresentar defesa no processo administrativo (art. 629, § 3º, CLT) e, sendo esta insubsistente, exsurge a aplicação da multa mediante decisão fundamentada (art. 635, CLT). Não observância ao princípio do contraditório e da ampla defesa: alegação improcedente. 2. Recurso administrativo perante a DRT. Exigência de comprovação do depósito prévio. Pressuposto de admissibilidade e garantia recursal. 2.1. Ao infrator, uma vez notificado da sanção imposta em processo administrativo regular, é facultada a interposição de recurso no prazo de dez dias, instruído com a prova do depósito prévio da multa (art. 636, § 2º, CLT), exigência que se constitui em pressuposto de sua admissibilidade. 2.2. Violação ao art. 5º, LV, CF. Inexistência. Em processo administrativo regular, a legislação pertinente assegurou ao interessado o contraditório e a ampla defesa. A sua instrução com a prova do depósito prévio da multa não constitui óbice ao exercício do direito constitucional do art. 5º, LV, CF, por se tratar de pressuposto de admissibilidade e garantia recursal, dado que a responsabilidade do infrator, representada pelo auto de infração, restou aferida em decisão fundamentada. Recurso conhecido e provido.
Base legislativa do processo administrativo tributário no Brasil
O processo administrativo tributário encontra seu fundamento de validade no Artigo 5º, LV da Constituição Federal, no Código Tributário Nacional e na legislação específica de cada ente.
Sempre que houver uma obrigação tributária, seja ela principal ou acessória, que espontaneamente não tenha sido satisfeita pelo contribuinte, ou por aquelas pessoas a quem a lei transfere ou incumbe essas obrigações, pode ser exigido pelo Fisco o pagamento do tributo ou a penalidade pecuniária decorrente, mediante o seu lançamento, o que poderá dar ensejo a um conflito e nascimento do processo administrativo.
De acordo com o Código Tributário Nacional, Artigo 113, a "obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente" (§ 1º).
Já a "obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos" (§ 2º). Pode, ainda, a obrigação acessória converter-se em principal, caso seja inobservada, em relação a penalidade pecuniária (§ 3º).
O lançamento, segundo definição do próprio Código Tributário Nacional, artigo 142, é procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor, a aplicação da penalidade cabível.
De salientar que "a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional" (art. 142, Parágrafo único, do CTN).
Na fase do lançamento, não há que se falar em processo administrativo, mas sim em procedimento que, na lição de Rui Barbosa Nogueira
“é a forma administrativa de exame e apuração das possíveis obrigações e, como elas, igualmente regulado por lei e, por isso mesmo, a própria forma de proceder constitui um direito assegurado às partes. É o ‘devido processo legal’. Para que a solução não venha a ser errônea ou resulte em injustiça, a lei prevê um método, uma carta ordem. O procedimento fiscal é, pois, um ordenamento do modo de proceder para que tanto a imposição, como a arrecadação e a fiscalização sejam feitas na medida e na forma previstas na lei.”
Estando o contribuinte de acordo com o lançamento, o que é difícil ocorrer, e efetuando o pagamento no prazo estabelecido, a obrigação se extingue. Mas, como pode acontecer, o contribuinte não acata a imposição e socorre-se do processo administrativo, muitas vezes, tendo ou não razão, seja para ganhar tempo, seja porque considera que é indevida, ilegal ou inconstitucional a exação ou a forma de proceder do fisco.
Há um conjunto de normas que integra o ordenamento jurídico tributário brasileiro, chamado de sistema tributário, que rege o processo administrativo.
Estuda-se o processo administrativo tributário, não como um processo uniforme para todos os entes da federação, como é o processo civil e o penal, por exemplo, pois somente no âmbito judicial tem-se a nítida compreensão do processo.
Observa-se que o processo administrativo tributário busca na Constituição Federal (Artigo 5º LV) e no Código Tributário Nacional (Artigo 145) as linhas mestras para sua constituição, cabendo aos entes da federação, obedecidos os ditames da Lei Maior, estipular as demais condições ou "ritos" procedimentais.
Finalidade: justiça administrativa
A justiça administrativa não vem sendo alcançada como se espera, seja porque falta independência funcional dos julgadoresque, quer queira ou não, normalmente seguem uma orientação do ente tributante, que os impede de livre apreciar o conflito; quer seja pela morosidade no julgamento, em flagrante prejuízo à administração pública; quer seja, ainda, porque, considerando que o nosso sistema adota a teoria dualista, que implica em processos autônomos nas esferas administrativas e judicial, ao cabo do processo administrativo, permanecendo incólume o lançamento, o contribuinte se utilizará das vias judiciais, repetindo todo o processo.
Outro entrave a efetivação da justiça administrativa constitui na impossibilidade de reconhecimento da inconstitucionalidade [7] de normas tributárias, como se apresenta, por exemplo, a do Estado de Pernambuco, Lei nº 10.654/91 (art. 4º, § 10).
A Lei nº 10.654, de 27.11.1991, do Estado de Pernambuco, que dispõe sobre o processo administrativo-tributário, estabelece que:
Art. 2º O processo administrativo inicia-se:
I - de ofício, com a lavratura de:
a) Auto de Infração;
b) Auto de Apreensão.
II - Voluntariamente, por meio de :a)impugnação, quando indeferido o pedido de restituição na forma do § 1º, do artigo 47; (Lei nº 11.289/95);
b) consulta sobre a legislação tributária aplicável à situação concreta e de interesse do contribuinte, vedada a indagação sobre direito em tese;
c) contestação de reavaliação de bens sujeitos ao Imposto Sobre a Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens e Direitos - ICD;
d) impugnação relativa a aplicação de multas regulamentares pela Diretoria de Administração Tributária - DAT.;
III - por meio de Notificação de Débito a ser emitida, de ofício, pela autoridade fazendária, competente, nas seguintes hipóteses:
a) não recolhimento do imposto lançado nos livros fiscais;
b) não recolhimento do imposto declarado:
1 - em documento de informação econômico-fiscal, nos termos do § 11, do artigo 64, a Lei nº 10.259, de 27 de janeiro de 1989;
2. em DMI - Desembaraço de Mercadorias Importadas, nos termos da legislação específica.
§ 1º Na hipótese do inciso III do "caput", será observado o seguinte:
I - a ciência da Notificação de Débito será dada ao sujeito passivo por meio de publicação de edital no Diário Oficial do Estado, quando ela for emitida pelo Departamento da Receita Tributária - DRT da Secretaria da Fazenda;
II - nos demais casos, a ciência do que trata o inciso anterior dar-se-á na forma prevista no artigo 19.
§ 2º O contribuinte terá o prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data da ciência da Notificação de Débito para efetuar ou iniciar o recolhimento do crédito tributário objeto da medida.
§ 3º A inobservância do prazo previsto no parágrafo anterior implicará na inscrição do débito em dívida ativa, sem direito a impugnação.
Depreende-se desta lei que o processo administrativo, iniciado por meio de Notificação de Débito, não comporta impugnação, sendo o débito não pago, de logo inscrito na Dívida Ativa, tornando-se apto à sua execução.
Comando normativo este que abre uma exceção ao princípio do contraditório, perfeitamente legal, como reiteradamente vem entendendo o Superior Tribunal de Justiça.
No âmbito federal, encontra-se o processo administrativo fiscal disciplinado pelo Decreto nº 70.235/72, que prevê:
Art. 7º O procedimento fiscal tem início com:
I – o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto;
II – a apreensão de mercadorias, documentos e livro;
III – o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada.
Art. 9º A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.
CONCLUSÃO
A Constituição Federal, em seu Artigo 22, I, estabelece que compete privativamente à União legislar sobre: direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo aeronáutico, espacial e do trabalho.
Conclui-se, então, que o processo administrativo fiscal assume a natureza jurídica de forma de controle do ato administrativo e aplicação de sanções por descumprimento da obrigação. Buscando soluções para os conflitos da relação jurídica tributária através do Poder Judiciário.
Na busca da justiça quando, por exemplo, uma cobrança judicial não estiver de acordo com a lei, ou se estiver a mesma infringindo a Carta Magna, deverá o contribuinte ou o responsável da carga tributária procurar a via judicial como proteção desses caminhos tortuosos que se encontram o nosso sistema tributário.

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