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LUCIA HELENA VENDRÚSCULO POSSARI MARIA LUCIA CAVALLI NEDER Cuiabá, 2009 MATERIAL DIDÁTICO PARA A EaD: PROCESSO DE PRODUÇÃO Ficha Catalográfica P856m Possari, Lucia Helena Vendrúsculo. Material Didático para a EaD: Processo de Produção./ Lucia Helena Vendrúsculo Possari; Maria Lucia Cavalli Neder. Cuiabá: . 104 p. il. Inclui bibliogragia ISBN 978-85-61819-63-7 1.Educação à Distância - EaD. 2.Material Didático. 3.Texto - Ação Educativa. 4.Comunicação. 5.Educação. I.Neder, Maria Lucia Cavalli. II.Título. CDU 37.018.43 EdUFMT, 2009. Drª Lucia Helena Vendrúsculo Possari Drª Onilza Borges Drª Ana Arlinda de Oliveira Dr Carlos Rinaldi Drª Gleyva Maria Simões de Oliveira Drª Maria Lucia Cavalli Neder Martins Comissão Editorial Revisão Diagramação Capa Germano Aleixo Filho Terencio Francisco de Oliveira Marcelo Velasco Cuiabá, 2009 egundo os dados do INEP, no Brasil, em 2007, eram 408 os cursos a distância, atingindo mais de 350 mil estudantes; 3.702 os cursos Sda chamada “educação tecnológica” - cursos com duração de até dois anos -, com quase 350 mil matrículas também. O Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distân- cia (2007) confirma estes dados: 225 Instituições autorizadas pelo MEC para oferecer cursos a distância, atendendo a mais de 770 mil estudantes. Em 1995, a Universidade Federal de Mato Grosso era a primeira instituição a oferecer um curso de graduação a distancia no País (Pedago- gia), por meio de seu Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD), criado em 1992. Em 2000, eram apenas cinco as universidades, abrigan- do menos de 5 mil estudantes matriculados. Esses poucos dados podem nos dar de imediato uma ideia aproxi- mativa do crescimento desta modalidade, aqui no Brasil, pois no mundo, desde a década de 1970, milhões de estudantes frequentam universida- des sem sair de casa ou do local de trabalho. A impulsão da EaD em nosso país pode ser atribuída a pelo menos dois fatores: - o primeiro, como parte do movimento de luta pela democratiza- ção do ensino. Há um grito forte e uma luta contínua para que o COLETÂNEA “EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA” direito constitucional à educação se concretize para milhões de brasileiros excluídos deste bem social historicamente conquis- tado. E a modalidade a distância vem se afirmando como uma das possibilidades para que isto se realize; - o segundo fator pode ser atribuído às novas tecnologias da informação e da comunicação. Essas tecnologias realizaram avanços, e algumas delas, em certo sentido, se “populariza- ram”, permitindo às pessoas ultrapassar as distâncias geográfi- cas e se aproximar cada vez mais. Assim, está ocorrendo uma espécie de rompimento do conceito de distância. A educação está mais próxima para uma parcela cada vez maior da sociedade (não está mais distante - “a distância”). As tecnologi- as da comunicação permitem o diálogo e a interação entre pessoas, em tempo real, como o telefone, o bate-papo, a video e a webconferência, tornando sem sentido falar em “distância” no campo da comunicação. Por isso, podemos falar em EDUCAÇÃO SEM DISTÂNCIAS! Não somente porque é possível ser realizada, como por ser bandeira de luta a ser levada adiante para as próximas décadas, por nós, educa- dores! Quando, em 1996, lançávamos o primeiro livro da coletânea “Educação a Distância”, havíamos pensado nomear esta coletânea de Educação sem Distância. Porém, naquele momento, avaliávamos que isso poderia provo- car mal-entendidos e que, diante da necessidade de divulgar essa modali- dade de ensino e diante da escassez de material sobre o tema em língua portuguesa, retratando nossa realidade educacional, social e cultural, seria mais oportuno recorrer à expressão consagrada mundialmente: Educação a Distância. Hoje, com a expansão quantitativa de cursos a distância e com a necessidade de qualificação de quadros para atuar nesta modalidade, existe produção significativa sobre esta prática educativa. Educadores brasileiros com experiência nesta modalidade se propuseram escrever, expor suas experiências em EaD como maneira de contribuir na consolidação desta modalidade, aqui no Brasil, e na forma- ção dos que atuam na EaD. São dezenas as teses e dissertações, centenas os artigos versando sobre Educação a Distância. A participação e a contribuição da UFMT, no debate sobre EaD, também têm sido significativa, com produção acadêmica, abertura da linha de pesquisa em EaD (2000), no Programa de Mestrado em Educa- ção Pública e a coletânea Educação a Distância. Em 1996, lançávamos o primeiro número da coletânea, com o tema: Inícios e indícios de um percurso, trazendo relatos da experiência do NEAD/UFMT na oferta do primeiro curso de graduação a distância no Brasil (1994). Em 2000, com o segundo número da coletânea, Educação a Distância: construindo significados, ampliávamos a discussão sobre esta modalidade, não se restringindo à experiência do NEAD. Trouxe- mos contribuições valiosas de educadores atuando em instituições de renome e com larga experiência em EaD, como G. Rumble, Neil Mercer e F. J. G. Estepa, da Open University da Inglaterra; Walter Garcia, presi- dente da Associação Brasileira de Tecnologia (ABT); Rosângela S. Rodrigues, da Divisão de Engenharia de Produção, Universidade Fede- ral de Santa Catarina, e do sociólogo Pedro Demo, que também prefaci- ou a obra. Eram relatados percursos diferentes, com experiências e visões diversas sobre EaD, que foram trazidas para o debate e oferece- ram elementos de reflexão para quem estava atuando ou se propondo iniciar nesta modalidade. Em 2005, foram lançados dois volumes. Em Educação a Distân- cia: sobre discursos e práticas, discutia-se a Formação de Professores em cursos a distância, analisando as práticas discursivas sobre a EaD. Na obra Educação a Distância: ressignificando práticas, discutia-se a questão da gestão da EaD e a produção de material didático na EaD. Neste ano de 2009, estamos lançando outros quatro volumes: um sobre os Fundamentos da EaD e três sobre a produção de Material Didático. Esperamos, assim, com estes novos volumes da coletânea, conti- nuar participando intensivamente do atual debate sobre a modalidade a distância, num momento em que o governo federal propõe e dirige a expansão do ensino superior por meio da modalidade a distância, com a criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (2006). Trata-se de política ostensiva e extensiva para que essa modalidade de ensino se solidifique e se qualifique como parte regular do sistema de ensino superior. Oreste Preti, organizador da coletânea. SUMÁRIO APRESENTAÇÃO CONVERSA INICIAL PROBLEMATIZAÇÃO TEXTOS-BASE PLANEJANDO O TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO OU O GUIA DIDÁTICO PARA A EAD Maria Lúcia Cavalli Neder MATERIAL DIDÁTICO E O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NA EAD Maria Lúcia Cavalli Neder PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A EAD Lúcia Helena Vendrúsculo Possari EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: SUA CONCEPÇÃO COMO PROCESSO SEMIODISCURSIVO Lúcia Helena Vendrúsculo Possari SABER + O TEXTO COMO ELEMENTO DE MEDIAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS DA AÇÃO EDUCATIVA Maria Lúcia Cavalli Neder COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO: AGORIDADES Lúcia Helena Vendrúsculo Possari CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 9 11 13 17 35 47 63 81 91 101 103 ste livro constituiu o ato de tecer o complexo. Decidimo-nos pela urdidura dos textos, neste formato, os quais têm a dialogici-Edade como razão de ser. Ao nos propormos a produzir material didático para a Educa- ção a Distância, temos por pressuposto que a corporeidade que permite a interação entre o polo do curso (autor, professor, tutor) e o polo do cursis- ta é, única e exclusivamente, o texto. A ancoragem teórico-metodológicaé, dessa forma, semiodis- cursiva. Semiótica para os signos verbais e não verbais, como sinalizado- res, assim como a formação discursiva, ambas concorrendo para a cons- trução de sentidos (construção do conhecimento) conjunta. Os leitores não são considerados receptores passivos a quem se ensina algo. Desde a concepção do texto, nós os consideramos coautores, previstos por antecipação, nas seções conversa inicial, problematização, Saber +, atividades, reflexões. A CONVERSA INICIAL situa o leitor sobre todo o percurso, o campo de conhecimento, a metodologia, a forma de ser leitor em EAD. A PROBLEMATIZAÇÃO objetiva trazer o leitor-aluno para refletir sobre situações concretas, produzindo-se questões e, a partir delas, buscar, nos fundamentos e na experiência, subsídios para respostas. O SABER + proporciona leituras adicionais, sugeridas pelas APRESENTAÇÃO Material Didático para a EaD: Processo de Produção 9 autoras, em que podem/devem ser acrescentadas outras fontes pelos leitores. A proposta de REFLEXÃO se dá num processo de recursivida- de permanente, propondo alinhar teoria-prática. As ATIVIDADES culminam no fazer juntos. Os interlocutores – autores/professores/tutores e leitores – têm, pela internet, através do sistema MOODLE, local privilegiado de intera- ção, onde se falam, debatem, incluem reflexões e atividades. Consideramos adequado, pelo exposto, manter a formatação inicial: aquela que produzimos para o curso. Escolhemos para esta obra os textos que nominamos BASE e Saber +. Como nos cursos, nós os mantivemos intercalados para leitura. Nossos textos abordam Educação e Comunicação, com um campo de conhecimento, inaugurando novo paradigma. Além de serem estudadas as funções do material didático como integrante do processo comunicativo, estudam-se também os movimentos paradigmáticos, a complexidade e a interculturalidade. Estudamos a produção do material impresso, a do material não verbal e a produção das possibilidades midiáticas de veiculação. Estuda- mos, ainda, os elementos indispensáveis para cada produção. Material Didático para a EaD: Processo de Produção10 CONVERSA INICIAL ste é o espaço da interlocução inicial. É dizer boas-vindas aos cursistas. É dizer a eles aquilo de que se trata. É palavra de enco-Erajamento. É prepará-los para o diálogo. E, principalmente, explicitar os objetivos da disciplina, os temas a serem abordados, a metodologia e a sequência, enfim a lógica pensada do texto. Então: Vamos lá, então, prezado cursista. É com imensa satisfação que vimos iniciar nosso diálogo acerca de Produção de Material para a Educação a Distância. Com o objetivo de sugerir reflexões acerca da Produção como processo e, portanto, de construção, objetivamos com este texto que você, ao se propor produzir, tenha presente os requisitos de conhecer o currículo do curso, de traçar um mapa conceitual, de promover a interface entre o texto que constrói com outros de outros cursos e módulos. Igualmente, de promover o tempo todo o diálogo com o leitor-aluno, de maneira que ele seja interlo- cutor ativo, que traga para o processo suas contribuições e, dessa forma, que a construção de conhecimento seja conjunta. Além de situarmos as condições de produção, convidamos à produção propriamente dita de material escrito, para ser impresso e para Material Didático para a EaD: Processo de Produção 11 ser usado on-line, como também a inserção do texto não verbal. Na primeira parte, visando à fundamentação da relação do texto com os demais componentes curriculares, apresentamos os textos: PLANEJANDO O TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO OU O GUIA DIDÁTICO PARA A EAD e MATERIAL DIDÁTICO E O PRO- CESSO DE COMUNICAÇÃO NA EAD, de Maria Lúcia Cavalli Neder. Na segunda parte, abordando questões relativas ao leitor de texto em EAD, apresentamos: PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁ- TICO PARA A EAD e EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: SUA CON- CEPÇÃO COMO PROCESSO SEMIODISCURSIVO, de Lúcia Helena Vendrúsculo Possari. Nossas propostas de REFLEXÃO permeiam o texto todo, considerando você coautor da construção e do conhecimento, abrindo ensejo a que traga conhecimentos prévios e práticas. Da mesma forma, nossas propostas de ATIVIDADES possibili- tam a você o fazer, o demonstrar, o preparar-se para produzir o material. Para a seção SABER +, consideramos adequados, como leitura por acréscimo e continuidade de discussões, os textos: O TEXTO COMO ELEMENTO DE MEDIAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS DA AÇÃO EDUCATIVA, de Maria Lúcia Cavalli Neder e COMUNICA- ÇÃO E EDUCAÇÃO: AGORIDADES, de Lúcia Helena Vendrúsculo Possari. Desejamos que nosso caminho, juntos, seja o mais profícuo. As autoras Material Didático para a EaD: Processo de Produção12 PROBLEMATIZAÇÃO magine que você recebeu um convite para produzir um material didático para a Educação a Distância. Independentemente da área Iem que atue - linguagens, ciências, computação, direito, administra- ção -, você, orgulhoso e agradecido pelo convite, indagará: para que curso, com que duração, especificamente para qual disciplina, como é o currículo do curso, o curso é por módulos, por semestre, como funciona, ou seja, como são os contatos: autor/professor/tutor/alunos, há momen- tos presenciais, há momentos on line? Ufa!!! Só depois de obter essas respostas é que se sentirá à vontade para pensar o material propriamente dito. Aí, surgem novas questões: é impresso, é on-line, pode ser acompanhado de outras mídias como CDs, DVDs, que veiculem vídeo e áudio? Aí, começa, então, a pensar o material. Vai situá-lo, no curso, relacioná-lo com as demais disciplinas, inseri-lo numa sequência, vai dimensioná-lo do ponto de vista epistemo- lógico e metodológico. Delimitará o essencial sobre o conhecimento a ser construído. Pensará as atividades, as leituras adicionais e começará a produzi-lo. Ao mesmo tempo, virá a preocupação com a redação clara, objetiva. Com o processo de interlocução e, assim, o dialogismo discur- sivo e, então, o texto deverá fluir. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 13 TEXTOS-BASE PLANEJANDO O TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO OU O GUIA DIDÁTICO PARA A EAD Maria Lúcia Cavalli Neder interessante que, ao refletirmos sobre a produção de material didático, pensemos nos tipos de texto, associados à natureza das Élinguagens utilizadas. Se verbal: oral ou escrita. Se não verbal: todas as formas (signos) – olhares, gestos, expressões faciais, cores, luzes, ruídos, desenho, fotos, pintura, sons etc. Igualmente também as mídias de que dispomos para veiculá-los. A escolha da natureza do texto, de sua tipologia e dos meios a serem utilizados para sua veiculação deve estar associada ao currículo do curso que se quer construir, sua proposta teórico-metodológica. O importante é que tenhamos claro que, em qualquer proposta de ensino, devemos trabalhar com uma pluralidade de textos, com objetivos e perspectivas diferenciadas. Para uma classificação mais simples, pode- mos designá-los de textos-base e textos de apoio. O objetivo do texto-base deve ser não só o de garantir o desen- volvimento de conteúdo básico indispensável ao andamento do curso, mas também o de abrir oportunidade para o processo de reflexão-ação- reflexão por parte dos alunos. Nesse sentido, o texto deve possibilitar ao aluno, por meio de um processo dialógico, construir seu conhecimento sobre a área ou tema em foco. O conteúdo selecionado para ser trabalhado nos textos-base deve servir como dinamizador curricular, permitindo, sempre que possí- vel, a relação teoria-prática por parte do aluno. É importante que, nesses textos considerados marcadores curriculares, haja definição de objetivos e esclarecimento sobre sua organização, somados a sugestões de tarefas e TEXTO-BASE Material Didático para a EaD: Processo de Produção17 pesquisas, com a intenção de aprofundamento teórico na área de conhe- cimento trabalhada, além de uma indicação bibliográfica de apoio. Os textos-base podem ser produzidos pelos professores respon- sáveis pelas áreas de conhecimento ou por disciplinas trabalhadas no curso, com objetivos muito bem-determinados, ou podem, ainda, ser textos de outros autores considerados relevantes para a compreensão e a discussão que se queira alcançar. No caso de optarem por textos de outros autores, os professores responsáveis pelas disciplinas ou por áreas de conhecimento se apresen- tam como mediadores do processo do diálogo entre autor e leitor (aluno) do texto selecionado. Essa mediação pode ser feita mediante um guia didático, cuja função é auxiliar o aluno em seu processo de leitura e compreensão do texto estudado. Você seria capaz de identificar ou citar as características essenciais de um guia didático? (em caso positivo, não esqueça de registrar em seu caderno de anotações). Ensinar um aluno, por meio da autoaprendizagem, como você sabe, por sua vivência nesse curso, é bem diferente do ensino convencio- nal, em que a maioria dos textos é trabalhada oralmente pelo professor, oportunidade em que o aluno pode ir sanando suas dúvidas, imediata- mente, com a presença do professor. Por este motivo, ao selecionar os textos que serão trabalhados e, ainda, ao planejar e elaborar os guias didáticos que servirão de apoio para os alunos, os professores, ou a equipe responsável pelo ensino, devem ter muito claros os objetivos do estudo de determinado conteúdo, na pers- pectiva do projeto do curso e da concepção de currículo adotada. Além disso, os professores devem ter presente que tudo que deveria ser dito ou trabalhado em uma sala de aula convencional com a presença do professor deve ser levado em consideração no planejamento de ensino por meio da autoaprendizagem. Como a preocupação de alguns é com a produção de material impresso, nos deteremos, a partir de agora, nessa tipologia. Material Didático para a EaD: Processo de Produção18 Rowntree (1999), discorrendo sobre essa questão, diz que o professor faz uma “tutoria no papel” e, por esse motivo, deve buscar: - ajudar o aluno a trabalhar o conteúdo selecionado, destacando algumas partes e ou repetindo outras, quando achar que é impor- tante o destaque; - dizer-lhes o que necessitam fazer para trabalhar com o material; - estabelecer claramente os objetivos à luz do estudo que vai ser desenvolvido; - explicar o conteúdo de tal maneira para que os alunos possam relacioná-los com o que já sabem; - animá-los reiteradamente para que realizem o esforço necessário para a aprendizagem do conteúdo trabalhado; - provocar situações, através de tarefas, questionamentos e exercícios que estimulem os alunos a buscar outras fontes de consulta para aprofundamento do conteúdo trabalhado; - dar condições para que os alunos possam ir acompanhando seu próprio processo de aprendizagem. - Audiência: para quem foram escritos? é sua audiência suficiente- mente parecida com a dos alunos que se têm em perspectiva? - Objetivos: são os objetivos didáticos suficientemente parecidos com os que propomos para os alunos do ensino convencional? - Início: que conhecimentos prévios são necessários para o estudo do texto selecionado? - Extensão: o tema se revela apropriado para os alunos? É suficien- temente amplo, profundo, preciso e atualizado? - Enfoque didático: ensina ou simplesmente atua como referência de reforço de algo aprendido em outro lugar? Está orientado para estudantes que trabalham sem a presença constante do professor ou do tutor? - Estilo: o estilo do material se ajusta aos alunos? É atrativo, tem uma boa estrutura textual? É interessante? Continuando com Rowntree, veremos que questões devem ser feitas a respeito dos textos que são selecionados como essenciais na formação dos acadêmicos. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 19 Continuando com esse quadro, poderíamos acrescentar aquilo que julgamos mais importante na escolha e na organização de qualquer material didático: Está adequado à proposta político-metodológica do curso? É extremamente relevante para a discussão que se quer trazer para o curso? Possibilita ao aluno ser sujeito do processo de construção de conhecimento? Bem, agora que já sabemos o que é um texto didático específico e um guia didático, e também que ambos podem constituir TEXTO- BASE de determinado curso, podemos nos perguntar o que são os TEXTOS DE APOIO. E aí, você é capaz de defini-los? TEXTO DE APOIO Bem, você deve estar pensando ou se perguntando: uma vez elaborado o texto-base ou os guias didáticos , está resolvida a questão do material didático de um curso de EAD, não é mesmo? Pois, se você pensa assim, está equivocado. Mesmo que se opte por um material didático impresso para o desenvolvimento de um curso, com certeza esse material não pode se resumir apenas aos textos-base. O texto-base, afirmamos, serve já como marcador curricular e metodológico, mas não traz em si a potencialidade de abrangência e aprofundamento que qualquer área, disciplina ou temática merecem. Por esta razão, no planejamento de qualquer curso, é preciso que os responsáveis pelas áreas de conhecimento constantes do currículo indiquem e trabalhem textos complementares (de livros, revistas, jornais ou textos encomendados especificamente para discussão de determinado tema), sobretudo para apoiar as pesquisas a serem desenvolvidas pelos alunos. Esses textos, que costumamos chamar textos de apoio, devem ser também considerados material didático do curso, embora não tenham Material Didático para a EaD: Processo de Produção20 que estar acompanhados, necessariamente, de guias ou orientações específicas para a leitura. Vejamos o gráfico a seguir, para que você conheça a rede de relações entre os diferentes textos de um curso: TEXTO-BASE e TEXTO DE APOIO. Hipertextos Textos Audivisuais Revistas Eletrônicas Filmes Vídeo Exclusivo Vídeo Conferência Seminários Textos dos Alunos Pesquisa Textos Base Textos de Jornal Textos Internet CD-Rom Vídeo Educativo Palestra Livros Textos de Apoio Textos Orais Textos Escritos Obs: Os textos marcados em preto (textos-base) seriam os marcadores curriculares, e os de cor cinza seriam os de apoio. Um trabalho também importantíssimo, na organização do material didático impresso, é a bibliografia comentada, com textos relevantes no aprofundamento das questões consideradas básicas para o curso. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 21 Os livros, revistas, jornais e/ou outras fontes, nas quais se encontram os textos de apoio, devem ficar à disposição dos alunos em locais acordados previamente. Professores que não trabalhem direta- mente com o curso podem ser convidados a produzir textos para aprofun- damento de questões abordadas pelos alunos no processo de estudo. Os TEXTOS-BASE poderão ser produzidos exclusivamente para um curso ou poderão ser textos adotados de outros autores, que serão acompanhados de GUIA DIDÁTICO. Assim, poderemos ter, num curso, TEXTOS DIDÁTICOS ESPECÍFICOS ou GUIAS DIDÁTICOS (roteiros de leitura). Você saberia dizer qual é a diferença entre eles? Em qualquer curso, o professor de determinada área de conhe- cimento, disciplina ou módulo pode construir TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO para seu curso ou adotar texto de outro autor. Em ambos os casos, deverão estar presentes os elementos im- prescindíveis na produção textual, como os que vimos na unidade I. Quando não é o autor de um texto didático específico, o profes- sor, ou o orientador de aprendizagem, apresenta-se como mediador do processo dialógico entre o autor do texto e o leitor-aluno. Paraessa medi- ação, o professor e/ou o orientador devem elaborar um GUIA DIDÁTICO (roteiros de leitura). O que é um guia didático? Pense neles e tente uma caracterização. Aretio (1994) observa que o guia didático tem lugar na EAD quando o professor faz uma opção por recomendar aos alunos o estudo de um texto convencional, não produzido especificamente para o ensino a distância ou auto-formação em sua disciplina ou módulo. O guia didático seria, então, o documento que orienta o estudo de forma a aproximar os processos cognitivos do aluno ao material didático, Material Didático para a EaD: Processo de Produção22 com a finalidade de trabalhá-lo autonomamente. Seria um instrumento, segundo Aretio, motivador de primeira ordem, substituto característico da orientação e ajuda do professor do ensino convencional. Qualquer que seja a escolha – produzir um texto didático especí- fico, ou um guia didático –, o professor deverá considerar que, na EAD, como a interlocução entre o professor-aluno não ocorre necessariamente num mesmo tempo e/ou espaço, o processo de ensino-aprendizagem deve ser precedido de rigoroso planejamento, sobretudo no que toca à elabora- ção do material didático que, entre outras, tem como função no curso: - Abrir o diálogo permanente entre professor/aluno/orientador; - Orientar o aluno em seu percurso de estudo; - Motivar o aluno não só para aprendizagem do conteúdo seleciona- do para o material em questão, mas também para a ampliação de seu conhecimento sobre o tema trabalhado, mediante leituras complementares; - Ensejar a compreensão crítica do conteúdo selecionado como fundamental para o curso em desenvolvimento, tendo em vista que o conteúdo é a base teórico-metodológica para a construção de conhecimentos/sentidos; - Possibilitar o acompanhamento e avaliação do processo de aprendizagem de determinado material faz parte da construção curricular em que estão implicados outros textos; - Instigar o aluno para a pesquisa. O material didático impresso pode ser concebido, já dito em outra passagem, como texto didático, produzido especificamente para um curso, a que denominaremos daqui para frente somente de TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO, ou pode ser concebido como GUIA DIDÁTICO, em que o professor utiliza texto de outro autor e produz um roteiro de estudo para os alunos lerem o texto selecionado. Qualquer que seja a escolha – TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO ou GUIA DIDÁTICO –, o professor deve levar em conta algumas características fundamentais, conforme Aretio (1999): Material Didático para a EaD: Processo de Produção 23 - Apresentação clara dos objetivos que se pretende com o material em questão; - Linguagem clara, de preferência coloquial; - Redação simples, objetiva, direta, com moderada densidade de informação; - Sugestões explícitas para o estudante, no sentido de ajudá-lo no percurso da leitura, chamando-lhe a atenção para particularida- des ou ideias consideradas relevantes para seu estudo; - Convite permanente para o diálogo, troca de opiniões, perguntas. Acompanhando Kaye (1981), Aretio apresenta um quadro- resumo de características básicas de material impresso, que mostramos a seguir, feitas algumas modificações. MATERIAL FUNÇÕES PEDAGÓGICAS CARACTERÍSTICAS DO MEIO IMPRESSO - textos escritos especialmente para a EAD; - guia didático para estudo de textos convencionais; - itens suplementares: tarefas, ilustrações, desenhos, fotos, mapas, cartas, revistas, periódicos, avaliações; - indicações bibliográficas. - promover o diálogo entre professor/aluno/orientador; - ensejar o processo de leitura do aluno; - estimular o aluno para pesquisa; - dar ensejo a elementos teóricos que possibilitem a ampliação de conhecimento pelo aluno; - contribuir para a autonomia intelectual do aluno. Material Didático para a EaD: Processo de Produção24 - o estudante pode trabalhar em seu próprio rítmo; - perguntas para autoavaliação podem promover reforços; - o aluno pode desenvolver autonomia intelectual; - o aluno deve ser estimulado a buscar mais informações. FLEXIBILIDADE FUNÇÕES MOTIVACIONAIS - geralmente, é o meio mais flexível e econômico; - deve ser preparado com bastante antecipação; - é possível fazer revisão com notas suplementares; - ajusta-se às previsíveis características do leitor. Há, ainda, segundo Aretio, algumas condições que devem ser seguidas na elaboração de qualquer material impresso. No primeiro contato do aluno com o material, é importante que ele se sinta atraído. Por isso, alguns cuidados são indispensáveis quando da produção do texto impresso, a saber: - a apresentação do material – livro, revista, caderno, fascículos – deverá ser motivadora; - deve haver esmero na encadernação; - deve haver sempre uma apresentação, ou introdução, que situe o leitor; - o tipo de papel e a tipografia devem facilitar a leitura; - é importante o formato de páginas, ilustrações, isto é, definição de projeto gráfico que permita ao aluno ler produtivamente; - o material deve apresentar qualidade científica máxima. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 25 E então, você imaginava que todas essas questões estavam envolvidas no processo de produção de um texto impresso? Você já havia pensado na possibilidade de trabalhar, na EAD, com textos de autores que você considera importantes na discussão temática que pretende desenvolver, produzindo um GUIA DIDÁTICO para mediação entre o autor e o aluno? TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO: elementos para sua produção A primeira providência de quem produz textos didáticos para a EAD é conhecer detalhadamente o Projeto Político-Pedagógico (PPP), quanto a suas bases epistemológicas, diretrizes, princípios e modalidade de organização curricular: disciplina, módulo, tema, projeto etc. Após esse conhecimento, o autor deve fazer um exercício no sentido de: 1º) Situar a área de conhecimento, disciplina, módulo, tema, projeto, (qualquer que seja a proposta de organização do conteúdo curricular) no contexto do curso, esclarecendo qual sua contribuição no processo de formação delineado no PPP. Explicitar que relação mantém com o restante do conteúdo desenvolvido nas demais áreas, disciplinas, módulos, etc; 2º) Após essa etapa, o autor deve proceder à definição dos conceitos-chave de sua disciplina, ou módulo ou tema, mediante a organização de uma mapa conceitual em que se visualizem os temas e subtemas a serem trabalhados no material didático; 3º) Com o mapa conceitual explicitado, é hora de definição dos objetivos pretendidos com o desenvolvimento de cada um dos conceitos-chave selecionados pelo autor. Veja, a seguir, o exemplo de mapa conceitual na área da linguagem. Material Didático para a EaD: Processo de Produção26 TEXTO VERBAL NÃOVERBAL QUADRINHOS CORPORAL MÚSICA ESCRITO D IM EN SÕ ES PINTURA ORAL MAPA CONCEITUAL Após todas essas definições, é o momento de começar a escrita do texto. E então, pronto para a produção do seu TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO ou do seu GUIA DIDÁTICO, Vamos lá? Mãos na massa ou melhor mão no texto. Acompanhe, a seguir, alguns roteiros-sugestão que fizemos para ajudar você em sua tarefa de produzir material didático para a EAD. - Apresentação: título, contextualização do módulo, aula ou disciplina no curso, objetivos, orientação de percurso. - Desenvolvimento: apresentação do conteúdo, mediante divisão em partes (capítulos, unidades). Proposição de atividades. Saber + . - Conclusão: resumo do conteúdo, sugestões para aprofundamento. ELEMENTOS PARA ORGANIZAÇÃO Material Didático para a EaD: Processo de Produção 27 Comentando: I- INTRODUÇÃO-APRESENTAÇÃO A Introdução do material didático impresso deve abriroportuni- dade ao leitor-estudante de situar-se no curso, compreender a importân- cia da disciplina, módulo ou tema no contexto do curso. Deve também informar os principais temas que serão ali abordados e as finalidades daquele estudo para o processo de formação do acadêmico. É também nesse espaço que o autor deve dizer qual é o percurso definido para o estudo daquele tema: quantas unidades ou seções, como estão organiza- das, se há ou não atividades de avaliação previstas, se há indicação de estudos suplementares como a seção do SABER + , por exemplo. Enfim, a introdução é para situar o leitor em relação a seu roteiro de estudo e em relação à importância daqueles estudos para sua formação. II- DESENVOLVIMENTO É recomendável que o conteúdo da disciplina, módulo ou tema a ser desenvolvido seja subdividido em unidades, seções ou capítulos, com o intuito de dar ensejo ao estudante do contato gradual com os con- ceitos a serem trabalhados. No desenvolvimento de cada uma das seções/unidades/capítulos, é necessário fazer uma pequena introdução com a apresentação dos objetivos pretendidos no desenvolvimento. Ao final de cada unidade, é importante a proposição de atividades de avalia- ção, além de uma seção de SABER + . É relevante que o autor busque manter um caráter dialógico no desenvolvimento dos temas propostos para estudo. Linguagem clara e objetiva é também recomendável para uma boa compreensão do texto. III- CONCLUSÃO Na conclusão do módulo, disciplina ou tema, é importante que o autor faça uma síntese das principais ideias trabalhadas. É igualmente interessante recomendar novas leituras, estimulando o acadêmico a continuar seus estudos em relação ao tema trabalhado. Da mesma forma, Material Didático para a EaD: Processo de Produção28 pode-se sugerir uma atividade de síntese, não se esquecendo da indica- ção de bibliografia complementar. E então, já se sente confortável para a produção de material didático impresso para a EAD? Esperamos que sim. Apesar disso, apresentaremos mais um exemplo de roteiro que poderá ajudá-lo em sua tarefa de autor. 1. DISCIPLINA INTRODUTÓRIA Apresentação do plano de estudos da área 2. CADA DISCIPLINA DIVISÃO em UNIDADE (sugestão de 3 a 4) 2.1 BOAS-VINDAS COM CONVITE PARA O ESTUDO 2.1.1 Apresentação da Disciplina (objetivos, conteúdo de cada uma das unidades, metodologia, avaliação). Entre as unidades, colocar páginas com marca da disciplina (design). 2.2 PARA CADA UMA DAS UNIDADES 2.2.1 NTRODUÇÃO (objetivos, conteúdo principal, estímulo à construção de conhecimento). Problematizando (questões orientadoras). 2.2.2 EXTO-BASE (dialógico), com marcas aparentes do diálogo. 2.2.3 ATIVIDADES PARA AUTOAVALIAÇÃO Critérios para correção das atividades (ao final da disciplina) 2.2.4 Saber + 3. CONCLUSÃO Fechamento da disciplina com recuperação dos principais conceitos estudados. Convite à continuação dos estudos para aprofundamento. Bibliografia, referências webgráficas e de vídeos. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 29 Veja, agora, outro exemplo de ROTEIRO para a produção do TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO. 1. TíTULO DA UNIDADE: 2. Introdução e orientações para o estudo : esta parte deve servir de motivação e esclarecimento ao aluno sobre os estudos que ele irá desenvolver. A introdução deve ser clara e precisa, levan- do em conta esses dados: - a importância da unidade didática no contexto do curso e da disciplina em desenvolvimento e sua relação com o processo de formação profissional e humanística do aluno; - como será desenvolvida a unidade: suas partes e quais os procedimentos, caminhos e atividades previstas no decor- rer da discussão dos temas trabalhados; - como se dá a relação entre essa unidade e as outras previs- tas para a disciplina/módulo; - como será o processo de comunicação previsto para o diálogo entre você e o aluno, caso ele necessite de esclare- cimentos e/ou explicações adicionais. - ajudas externas no que se refere a outras leituras e/ou orientação. 3. Objetivos previstos para essa unidade ( não se esqueça de que você já tem isso pronto na atividade nº1). 4. Esquema a ser seguido no desenvolvimento do conteúdo da unidade. Aqui deve ser mostrado como será o fluxograma das ideias e conceitos-chave da unidade. Este esquema pode ser feito através de um quadro sinótico, um sistema de numeração ou uma mapa conceitual que oriente você no desenvolvimento de seu texto. 5. Desenvolvimento (a essência do seu trabalho). A partir de seu esquema conceitual e da divisão proposta em seu fluxograma, você Material Didático para a EaD: Processo de Produção30 vai iniciar seu texto científico (aqui você deve considerar o exposto no item 2.1). Você deve lembrar que tem objetivos claros em rela- ção ao conteúdo a ser trabalhado. Seu texto deve ser adequado à descrição de seu interlocutor e de fácil compreensão. Para tanto, você deve considerar: - texto para EAD: você está produzindo um texto para um aluno que não estará frente a frente com você. Por isso, seu texto deve permitir uma leitura sem problemas, o que pressupõe sua preocupação com o uso de vocabulário acessível ao nível cultural de seu aluno, com conhecimento prévio dele sobre o assunto, com suas leituras anteriores. Sua linguagem deve ser precisa, clara, limpa. - a estrutura interna do texto deve permitir que o aluno vá assimilando os conhecimentos em pequenas dosagens. Ele deve perceber qual a estrutura proposta para o desen- volvimento das ideias, para isso é importante fazer uma conveniente divisão e subdivisão de cada tópico. - é importante que você vá apresentando, em cada uma das partes, questões para despertar o interesse, suscitar perguntas. É significativo propor também exercícios e/ou atividades que permitam pequenas sínteses no decorrer do texto. - texto dialógico: você pode optar por uma abordagem dialó- gica no desenvolvimento do próprio texto, ou nas introdu- ções e/ou fechamentos das subunidades. O importante é seu leitor perceber a si mesmo num processo de diálogo, em que ele participa como sujeito da produção do conheci- mento. - estilo e formatação textual: o tamanho da letra, o distan- ciamento entre as linhas e parágrafos também são pon- tos importantes na organização do texto impresso. O próprio tamanho do parágrafo, às vezes, interfere na compreensão. Frases longas e intercaladas, usadas excessivamente, igualmente dificultam a compreensão. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 31 - tipografia e realces: os títulos, subtítulos, ideias-chave devem ser realçados com tamanho de letra, grifo ou utili- zação de cor. Você pode fazer destaques, por meio de notas de rodapé, de margem, de enquadramento do texto, de utilização de sinais etc. - ilustrações: gráficos, esquemas, quadros estatísticos, desenhos, fotografias, mapas etc, devem ser atrativos e dispostos de maneira a facilitar a compreensão do texto. 6. Conclusão: deve favorecer uma síntese das ideias e conceitos trabalhados. 7. Bibliografia: deve ser indicada a bibliografia básica para aprofun- damento das discussões trabalhadas na confecção do material. 8. Extensão do texto: lembre-se que um texto muito longo pode dispersar a atenção do aluno, além de desanimá-lo em razão de sua espessura. O recomendável é que cada texto tenha por volta de 60 a 80 páginas, tamanho ofício. 9. Avaliação: você poderá estabelecer o processo de avaliação no percurso do aluno mediante atividades que vão sendo desenvolvi- das no decorrer dos estudos e pode também, ao final, propor uma avaliação de síntese. O importante é que estas propostas permi- tam verificar a compreensão crítica do aluno-leitor sobre o texto trabalhado. Bem, para que você possa ter um esquema de roteiro, relativo às ações a serem desenvolvidas no processoda sua produção textual, apresentamos, na página seguinte, um pequeno mapa do percurso a ser feito. Esperamos que, com as discussões aqui promovidas, você se sinta mais encorajado na tarefa da produção de seu material didático para a EAD. Material Didático para a EaD: Processo de Produção32 PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO Bases epistemológicas Diretrizes Conceitos Ideias-chave Avaliação Saber + Planejamento F I N A L I D A D E S Princípios Seleção do conteúdo Mapa (área/disc/mod) conceitual Unidades/capítulos Objetivos Desejamos a você BOM TRABALHO! Material Didático para a EaD: Processo de Produção 33 MATERIAL DIDÁTICO E O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NA EAD Maria Lúcia Cavalli Neder o refletirmos a respeito da EAD, temos que, primeiramente, focar a essência, aquilo que é substantivo. Isto é, não são as Acaracterísticas, não é o adjetivo (ser a distância, presencial, semipresencial, modular) que deve ser o centro de nossa ação, mas, sim, a compreensão de que estamos fazendo educação. É importante, antes de qualquer outra consideração, que tenhamos consciência de que estamos construindo uma prática educativa. A EDUCAÇÃO é a essência e deve ser compreendida como prática social que, em interface com outras práticas, contribui para a construção de significados culturais, reforçan- do e/ou conformando interesses sociais e políticos. Silva (1996) afirma que a educação, o currículo, a pedagogia estão envolvidos numa luta em torno de significados. Esses significados são construídos a partir de relações estabelecidas entre os sujeitos da prática educativa, através da organização e do desenvolvimento do currículo. A forma e o modo pelo qual o currículo é organizado merecem, também, atenção especial. Tanto conteúdo como forma, afirma Apple (1989), são construções ideológicas. A modalidade ou a forma de organi- zação curricular não pode e não deve ser pensada ou discutida isolada das discussões políticas, isto é, dos processos de significação que se quer ou se deseja construir por meio da educação. A Educação a Distância, como modalidade de organização e desenvolvimento de currículo educacional, não deve ser reduzida apenas a questões metodológicas ou a possibilidades de uso de novas tecnologi- as da informação e da comunicação (TIC). Deve ser vista sempre como Material Didático para a EaD: Processo de Produção 35 parte de um projeto político que vincule a educação com a luta por uma vida pública na qual o diálogo, a tolerância e o respeito à diferença este- jam atentos aos direitos e às condições que organizam a vida pública como uma forma social justa e democrática. Você concorda com nossa posição de que a essência é a EDUCAÇÃO, e não as características da modalidade A DISTÂNCIA? Você já havia pensado sobre isso? É importante que comecemos a refletir, a partir de agora, sobre a importância do material didático no desenvolvimento de projetos de EAD. Qual é, em sua opinião, o papel do material didático em projetos desenvolvidos na modalidade a distância? Acompanhe nossa reflexão a esse respeito. As instituições escolares têm necessidade, conforme Silva (2000), de se apresentarem como espaço de educação, ao invés de um lócus de distribuição de saber-produto a clientes consumidores. Um espaço de educação deve pressupor a construção de uma prática que possibilite aos sujeitos da ação educativa compreender criti- camente a realidade social em que se inserem, com vista a uma participa- ção ativa nessa realidade. Para pensarmos sobre material didático, faz-se necessário primeiro que pensemos que estamos participando da construção de um projeto educativo. A educação deve ser concebida como prática social, que acontece na e da relação de sujeitos historicamente situados e que, a partir dessas relações, se constroem sentidos que interferirão diretamen- te na vida das pessoas e na vida social. Isso pressupõe uma compreensão de educação como um siste- ma aberto, não só voltado para a transmissão e transferência de conheci- Material Didático para a EaD: Processo de Produção36 mentos, que implica processos transformadores que decorrem da expe- riência de cada um dos sujeitos da ação educativa. Essa compreensão implica também pensar no estudante não mais como um ser passivo, receptor de mensagens enviadas pelo profes- sor, seja através de material didático, seja através de aulas expositivas presenciais. Se entendermos a educação como prática social de construção de sentidos pelos sujeitos que delam participam, a autonomia do estu- dante passa a ser um dos ideais da ação educativa. Ele deve ser estimula- do a ser ativo no processo de construção do conhecimento, principal- mente quando se tem presente que o mundo contemporâneo, em que o conhecimento evolui de forma incontrolável, exige uma educação volta- da para a autonomia do aprendiz, o que implica uma metodologia do aprender a aprender. A EAD, por suas peculiaridades, sobretudo em relação a media- tização das mensagens pedagógicas, coloca-se como uma modalidade em potencial para o desenvolvimento dessa autonomia que se quer do aprendiz. Mediatizar, na perspectiva do processo educacional, significa, segundo Belloni (2001): conceber metodologias de ensino e estratégias de utiliza- ção de materiais de ensino/aprendizagem que potenciali- zem ao máximo as possibilidades de aprendizagem autô- noma. Isso inclui desde a seleção e elaboração de conteú- dos, a criação de metodologias de ensino e de estudo, centradas no aprendente, voltadas para a formação da autonomia, a seleção dos meios mais adequados e a produção de materiais, até a criação de estratégias de utilização de materiais e de acompanhamento do estu- dante de modo a assegurar a interação do estudante com o sistema de ensino (BELLONI, 2001. p. 26). Como uma modalidade de ensino e de aprendizagem mediatiza- da, a EAD deve considerar os dois principais componentes, destacados por Belloni (2001), de uma nova pedagogia: a utilização cada vez mais das tecnologias de produção, estocagem e transmissão de informações, Material Didático para a EaD: Processo de Produção 37 por um lado, e, por outro, o redimensionamento do papel do professor. Este tende a ser amplamente mediatizado: como produtor de mensagens inscritas em meios tecnológicos, destinadas a estudantes a distância, e como usuário ativo, crítico e mediador entre estes meios e os alunos. A EAD, para Belloni (1999), usa a tecnologia como forma de mediatizar o processo de ensino e de aprendizagem. Embora todo pro- cesso educativo seja mediatizado, visto que há necessidade de “traduzir” as mensagens pedagógicas, a autora argumenta que a EaD tem que potencializar as virtudes comunicacionais do meio técnico a ser utiliza- do, no sentido de abrir oportunidade ao estudante para realizar sua apren- dizagem de modo autônomo e independente. Deste modo, a EaD pode contribuir significativamente não só para a transformação dos métodos de ensino e da organização do trabalho pedagógico, mas também para a utilização adequada das tecnologias de mediatização da educação, implicando, nesse caso, uma redefinição da comunicação nos processos educacionais. Que tecnologias da comunicação e informação você poderia utilizar em sua instituição no desenvolvimento de um projeto de Educação a Distância, e qual a importância delas no contexto do curso de que você participa? Com certeza, você destacou a comunicação como um dos elementos essenciais que podem ser garantidos pelas TIC's, não é mesmo?. A comunicação constitui um dos elementos centrais na EAD, tendo em vista, sobretudo, a relação professor-aluno, que não se estabe- lece mais face a face, mas, sim, pela mediação de textos, veiculados pelas tecnologias da informação e da comunicação.A Educação a Distância pode possibilitar, ainda, aquilo que Belloni (2001, p. 12) denomina de “educação para as mídias”, cujos objetivos dizem respeito à formação do usuário ativo, crítico e criativo de todas as tecnologias de informação e comunicação. Ela deve ser pensada, pois, como um modo privilegiado de “educar para a comunicação”. Material Didático para a EaD: Processo de Produção38 Educar para a comunicação é, segundo Costa (1993), orientar para realizar análises mais coerentes, complexas-completas e, ao mesmo tempo, ajudar a expressar relações mais ricas de sentido entre as pessoas. É uma educação que gera outras relações simbólicas e outras expressões do ser social. Um dos maiores desafios que o professor enfrenta hoje na construção de sua prática pedagógica, conforme Silva (2000), é modifi- car a comunicação, no sentido da participação-intervenção, da bidirecio- nalidade-hibridação e da permutabilidade-potencialidade. O papel de transmissor de conhecimento deve ser modificado para o de disponibili- zador de domínios de conhecimento e de ambiência de aprendizagem que garanta a liberdade, a pluralidade, a escolha, a intervenção. Você saberia explicar o que seria essa bidirecionalidade-hibridação proposta pelo autor acima citado? Você saberia identificar as características de uma modalidade comunicacional unidirecional e de uma modalidade comunicacional bidirecional? Qual a principal diferença entre elas? Veja se sua resposta está adequada à definição proposta a seguir. O conhecimento, nessa perspectiva, deixa de ser “algo” a ser doado, para ser compreendido como um processo de busca, de análise, de explicação de fenômenos e situações da realidade, que se constrói na/da interação de sujeitos da prática social. No espaço educacional, o professor (interlocutor), um dos sujeitos envolvidos na construção curricular, deve possibilitar, ao invés de uma prática educativa unidirecional, uma prática alicerçada na bidire- cionalidade, na participação livre e plural das subjetividades. De uma modalidade comunicacional unidirecional, passa-se, portanto, a uma modalidade interativa. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 39 A modalidade comunicacional unidirecional tem como princi- pais características, segundo Silva (2000, p. 73): - A mensagem se apresenta de modo fechado, imutável, linear e seqüencial; - O emissor busca atrair o receptor (geralmente por imposição) para seu universo mental; - O receptor é compreendido como ser assimilador passivo; A modalidade comunicacional interativa se apresenta com as seguintes características: - A mensagem é modificável, em mutação, à medida que res- ponde às solicitações daquele que a manipula; - O emissor, “designer de software”, constrói uma rede ( não uma rota) e define um conjunto de territórios a explorar; ele não oferece uma história a ouvir, mas um conjunto intrincado (labirinto) de territórios abertos a navegações e dispostos a interferências, a modificações; - O receptor manipula a mensagem como coautor, cocriador, verdadeiro conceptor. De uma teoria de comunicação em que a mensagem é um conte- údo informacional fechado, o aluno/leitor é considerado um ser passivo, sem liberdade de modificar ou interferir na mensagem e o emissor é auto- ritário, deve-se avançar para uma teoria da comunicação que tenha como princípios de sustentação a interatividade e a interação. Na comunicação interativa, compreende-se o caráter ativo e participativo do sujeito (receptor) na ação comunicativa, o que modifica sensivelmente o papel e a função do sujeito (emissor). Além disso, a men- sagem (texto) passa a ser também compreendida como uma unidade de significação que só se instaura quando da interação entre autor (emissor) e leitor (receptor). Material Didático para a EaD: Processo de Produção40 Interação e interatividade são dois conceitos fundamentais quando se discutem processos de comunicação. Qual é sua compreensão a respeito desses termos. Tente conceituá-los em seu caderno de anotações, antes de ver a opinião de alguns autores sobre isso. Após, leia o texto nº1 do SABER +. Possari (2002) compreende por interação o processo pelo qual interlocutores “inter-agem” e decorrem daí os efeitos de sentido. Interlo- cutores são entendidos como os dois polos de qualquer situação de comu- nicação (verbal, não verbal, mediada por tecnologias). Os interlocutores constroem sentidos conjuntamente. A interatividade, por seu lado, seria o processo que permite a coautoria entre emissor e receptor, ensejando a este último transformar- se, a partir de suas ações, em coprodutor de sentidos. Equivale a dizer que o leitor pode e deve interferir no texto do produtor. Silva (2000), referindo-se à interatividade, destaca dois compo- nentes lexemáticos: um deles significaria “entre” e, o outro significaria relação recíproca. Na interatividade está prevista a possibilidade de interferência, de modificação, de escolha de caminhos nos processos de significação. A modalidade interativa, como assinala Possari (2002), pressu- põe: um emissor que constrói uma rede, um conjunto de possibilidades a explorar; oferece um conjunto intrincado de lugares dispostos à interfe- rência e às modificações; uma mensagem (texto) modificável; um recep- tor ativo, que se apresenta como coautor no processo da interlocução. Orlandi (1993), trabalhando a questão da autoria no processo de produção de textos, argumenta que a escola deve propiciar a passagem do enunciador/autor (perspectivas que o eu constrói no discurso), de tal forma que o aprendiz possa experimentar práticas que façam com que ele tenha controle dos mecanismos com os quais está lidando quando escreve. Possari e Neder (2001) assim concebem texto: Texto é qualquer unidade de sentido. São todas as formas (unidades de significação) que são utilizadas para intera- Material Didático para a EaD: Processo de Produção 41 ção entre sujeitos: a pintura, a música, a charge, o gibi, o texto escrito poético, a dissertação, a música, a fotogra- fia, o vídeo, o cinema, a escultura etc). Textos são construções simbólicas que podem materializar-se em qualquer suporte: a televisão, os CDs-ROM, o rádio, a internet (APARICI, 2000). Pensando-se na prática da leitura, como processo que permite a interlocução entre autor/leitor, Orlandi (1993) assim se posiciona: Se se deseja falar em processo de interação da leitura, eis aí um primeiro fundamento para o jogo interacional: a relação básica que instaura o processo de leitura é o do jogo existente entre um leitor virtual e o leitor real. É uma relação de confronto. O que, já em si, é uma crítica aos que falam em interação do leitor com o texto. O leitor não interage com o texto (relação sujeito/objeto), mas com outro(s) sujeito(s) (leitor virtual, autor, etc). A relação, como diria Schaff (em sua crítica ao fetichismo sígnico, 1966), sempre se dá entre homens, são relações sociais; eu acrescentaria, históricas, ainda que (ou porque) mediadas por objetos (como o texto). Ficar na “objetali- dade” do texto, no entanto, é fixar-se na mediação, abso- lutizando-a, perdendo a historicidade dele, logo, sua significância (ORLANDI, 1993. p. 9). Acedo (2000), trabalhando o conceito de interatividade em texto multimídia, chama de comunicação bancária aquela em que se utilizam os meios de comunicação para transmitir ao usuário uma série de conteúdo conceitual, com um esquema de comunicação unidirecional. Nesse modelo comunicativo, existe um emissor, um receptor e uma mensagem, que é a informação que se transmite. O receptor tem que traduzir a mensagem. Nesse caso, Acedo argumenta que não existe a verdadeira comunicação, já que o receptor não participa ativamente. Alguém trans- mite um ou outro conteúdo. A informação se dá de um ladosó. É o mode- Material Didático para a EaD: Processo de Produção42 lo de comunicação unidirecional. Na Comunicação, com uso de meios técnicos (TV, computador, etc.), Acedo afirma que se está falando em comunicação mediada, que deve ser: - intencional: terá que estar presente tanto no emissor como no receptor, de tal forma que os produtores e usuários se convertam em emissores e receptores ao mesmo tempo; - multissensorial; nesta, não haverá emissor e receptor, mas, sim, produtores e usuários, situando-se ambos no início do esquema, pois os dois são responsáveis por originar mensagens. Nesse modelo de comunicação multidirecional, devem-se conceber, portanto, os sujeitos da ação comunicativa como interlocuto- res, com responsabilidade de produzir significados. O interlocutor (receptor) é concebido como protagonista da construção dos processos de significados, portanto autônomo e ativo na relação comunicacional. Pensar o processo de comunicação, na perspectiva da relação comunicacional, portanto de comunicação interativa ou multidirecional, é imprescindível para qualquer modalidade educativa, sobretudo quando essa modalidade é a EAD. Conceber a comunicação, a partir desses pressupostos, é pensá- la de forma redimensionada, dinâmica, em processo. O professor, numa modalidade comunicacional redimensiona- da, tem que considerar a participação (a coautoria) nos processos de significação que são instaurados no espaço escolar. Ele deixa de ser simplesmente um transmissor de conhecimento para ser um organizador de situações de aprendizagem, alguém que busca disponibilizar múlti- plas situações que permitam a intervenção do interlocutor. Como um dos interlocutores privilegiados no processo da construção, cabe ao professor possibilitar ao aluno (receptor) constituir- se também em autor (emissor), crítico e criativo, de novos textos, ao mesmo tempo em que se constitui, ele próprio, também em um aprendiz. É um processo de troca, de diálogo. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 43 Qual é a importância de mudança de paradigma na compreensão do processo de comunicação, quando se tem em vista a Educação a Distância? Uma das características fundamentais da EAD, como vimos em outra passagem, é ser um processo de ensino e de aprendizagem mediati- zado, sobretudo pelo uso de tecnologias da informação e da comunicação. Paradoxalmente, a Educação a Distância só pode se desenvol- ver se não houver “distância” entre os sujeitos da prática educativa. Essa “não distância” diz respeito ao processo de interlocução, diálogo perma- nente, que deve ocorrer entre os envolvidos na prática educativa, mesmo que não ocupem o mesmo espaço físico em um tempo real. Na tentativa de recuperação de algumas reflexões sobre a temá- tica tempo/espaço, invocamos Santos (1997), que afirma que o tempo só existe em relação a uma subjetividade concreta. Por isso, é o tempo da vida de cada um e da vida de todos, e o espaço é aquilo que reúne a todos, em suas múltiplas possibilidades: diferentes de uso de espaço (território) relacionado com possibilidade de uso de tempo. É o viver comum, segun- do Santos, que se realiza no espaço. Esse espaço seria, então, o lócus onde são construídos os significados sociais, culturais, a partir dos processos de interlocução, de compartilhamento, de diálogo, de troca entre sujeitos relacionais, situados historicamente. Toda forma de interação, segundo Possari (2001), se dá por um processo de mediação simbólica. O signo/símbolo poderá ser verbal: oral ou escrito; não verbal: sonoro/musical; visual: estático, dinâmico etc. Nos processos de interlocução a distância, os efeitos de sentido, significação, que são atribuídos aos textos (verbais ou não verbais), devem ser preocupação fundamental. É o leitor/aluno que, com sua história de vida e de leituras, atribuirá sentidos aos textos selecionados e/ou produzidos pelo professor. Como, para a EAD, os processos de significação são materiali- zados em textos de diferentes natureza e propósito, a seleção ou produ- ção de textos para o processo educativo requerem uma compreensão no Material Didático para a EaD: Processo de Produção44 âmbito de suas dimensões sociocomunicativa e semântico-conceitual, conforme VAL (1993). Além disso, na escolha de determinado tipo de texto, estarão sendo escolhendo também os meios de veiculação desses textos, o que implica um pouco de conhecimento sobre essa questão. A comunicação é um dos elementos fundamentais no desenvolvi- mento da EAD, como você viu na discussão feita até aqui. Por isso, gostaríamos que você refletisse um pouco mais sobre esse assunto, produzindo um texto, conforme a solicitação proposta na seção atividade. Não se esqueça que o FÓRUM é o espaço para nossas reflexões. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 45 PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A EAD Lúcia Helena V. Possari INTRODUÇÃO (OU POLIFONIA) uando nos propomos participar de um processo de interação, como neste caso especificamente, ocuparemos, num dos polos, a Qfunção-autor e, no outro, você, cursista, a função-leitor. Todavia, sabemos que o teor do que vamos tratar não começa aqui nem termina aí, pois o processo de interação pressupõe conheci- mento prévio de ambos os polos e, no final do texto, o assunto não se encerra, dado que o processo de leitura é contínuo. Antes de começarmos a redigir, fazemos imagens de vocês leitoras/leitores: professores e professoras de diversas áreas de conhecimento, com pós-graduação lato e stricto sensu, desejosos de sistematizar conosco a produção de material didático para a EAD. Será que é só isso, ou é bem isso? Vocês também têm imagens de nós. Não interessa se essas imagens se confirmam ou não no texto, na leitura, na orientação. Mas foi preciso partir de um pressuposto para produzir o texto para vocês. Possari (1999) afirma que comunicar é interagir. Os dois polos se estabelecem como interlocutores. O texto materializado entre quem fala e quem ouve, quem escreve e quem lê, professor/aluno, pin- tor/apreciador de obra de arte, músico/ouvinte, autor/diretor de nove- la/telespectador etc, engendra discursos diversos que dependem, para efeitos de sentidos, da HISTÓRIA DE VIDA do produtor e do leitor. Isto a que chamamos de “nosso” texto é, na verdade, um inter- Material Didático para a EaD: Processo de Produção 47 texto dos textos que já lemos e dos interdiscursos de que fazemos parte. É um texto polifônico. Assim também na leitura, este texto fará parte de seu intertexto, ou seja, é mais um. Por falar em texto, este é escrito e será lido por você, no impres- so, mas pode-se também escrever para ser veiculado na rede mundial de computadores ou produzi-lo para ser visto num vídeo ou para ser ouvido num CD-ROM ( ou fita cassete) ou, ainda, lido num site. A opção pelo meio(áudio, audiovisual, hipertextual) que fizer- mos vai determinar nosso texto, nosso discurso. Vocês já devem ter visto, na internet, textos escritos exatamente como no impresso. Já devem ter visto enciclopédias inteiras na internet. Não é por estar sendo veiculado na Rede que os autores tiveram a preocu- pação de modificar o texto. Ou seja, nesse caso, o texto só foi transferido do impresso para a tela. Para falarmos, então, sobre o modo de veiculação dos textos, 1retomamos o conceito de Possari e Neder (2003) : 1. POSSARI, Lúcia H.V. e NEDER, Maria L. C. Linguagem, o entorno, o percurso. 3ª. Ed. Cuiabá: EDUFMT, 2003 Texto é um todo de significação, passível de compreensão e atribuição de sentidos. Texto pode ser verbal: oral ou escrito, pintura, gravura, escultura, música, cores(enfim tudo o que fizer sentido). Leitura será o processo pelo qual cada leitor atribuirá sentidos ao texto lido, seja ele de que natureza for e veiculador porqualquer mídia: impresso, TV, Rádio, CD, DVD, ou internet. Assim, Falando nisso, faz-se necessário, a nosso ver, discorrermos sobre os tipos de leitor(leitura) aos quais nos dirigimos. Material Didático para a EaD: Processo de Produção48 PARTE I LEITOR/LEITURA - POR UMA TIPOLOGIA EM EAD Sabemos que a leitura é um processo complexo e que a relação entre leitor/autor, mediada pelo texto, é uma das principais questões que devem ser trabalhadas na EAD. Como já vimos, o material didático (textos) se coloca como um dos elementos centrais de mediação entre os sujeitos da prática pedagógica. Assim, pensar nos tipos de leitor que podem ser encontrados e, ainda, como o texto se apresenta para os leitores é fundamental no processo da produção textual. Você saberia identificar algum tipo de leitor, a partir de sua experiência pedagógica? Tente uma categorização nesse sentido. Você certamente se lembrou de algumas classificações, mas, para nosso texto, optamos por referenciar a classificação de Santaella 2(2004) . Segundo a autora, os leitores podem ser classificados em CONTEMPLATIVO ou MEDITATIVO; MOVENTE ou FRAGMEN- TADO E IMERSIVO ou VIRTUAL. Essa classificação se refere aos momentos da HISTÓRIA em que veículos foram oferecidos ao leitor para ler um texto. LEITOR CONTEMPLATIVO OU MEDITATIVO 2. SANTAELLA Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Paulus, 2004 Assim, não é correto dizer que autores escrevem livros. O que escrevem são textos que se tornam objetos escritos, manuscritos, grava- dos, impressos ou, mais recentemente, digitalizados, informatizados. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 49 É válido ressaltar que os efeitos de sentido produzidos pelo leitor NÃO são independentes das formas materiais pelas quais o texto é veiculado, pois elas interferem na forma de legibilidade do texto. O LEITOR CONTEMPLATIVO é o leitor de: - SIGNOS E OBJETOS DURÁVEIS - LIVROS, PINTURAS E MAPAS - LIVRO NA ESTANTE - LEITOR NÃO ACOSSADO PELA URGÊNCIA - O LEITOR PROCURA OS OBJETOS IMÓVEIS. O processo de LEITURA do leitor contemplativo é, até hoje, reproduzido pela escola, nos seguintes passos: - Silenciosa; - Com os lábios; - Em voz alta. O livro é o exemplo histórico e permanente desse processo de leitura que, na História, foi e tem sido – e parece-nos que permanecerá sendo ainda por algum tempo – o instaurador de formas de cultura. Por ele têm sido divulgadas a ciência moderna e o saber universitário. O livro tem seus desdobramentos nos jornais e revistas. Para além do livro, esses outros veículos oferecem leituras espirituais, intelec- tuais e profissionais. Todavia, esses meios impressos convivem com um conjunto de mutações tecnológicas, formais e culturais para as quais se tem que aplicar atenção. Como vimos no início desta Unidade, LER é um processo de reconstrução desconcertante, labiríntico, comum e pessoal. É construir um ou mais sentidos dentro das regras de linguagem e, ainda, ruminação e contemplação. Dessa forma, não podem ser ignorados novos suportes e estru- turas para o texto escrito, com a proliferação das redes de telecomunica- ções – internet. Material Didático para a EaD: Processo de Produção50 Logo, ler não mais é ficar imóvel, ou privilegiar a leitura contemplativa não é mesmo? Como fica o processo de leitura a partir dos novos suportes eletrônicos e estruturais textuais da multimídia? Pense a esse respeito. Vivemos um momento de construção de conhecimento rizomá- 3 4tico (DELEUZE E GUATARRI) e se faz necessário ter presente a universalidade e o intercâmbio de idéias, através de leituras não só con- templativas. Devemos, como educadores, atentar-nos para as novas formas de percepção e cognição que os atuais suportes eletrônicos e estruturas híbridas e alineares do texto escrito estão fazendo emergir, dilatando, com isso, o conceito de leitura, ou seja, a expansão do conceito de leitor de livro para leitor de imagem e para leitor de formas híbridas de signos, incluindo o leitor que navega pelas infovias do ciberespaço. Cabe ressaltar que os leitores deste nosso texto e os leitores para os quais vocês produzirão material didático são leitores: - de imagem, desenho, pintura, foto; - de jornal e de revista; - de gráficos, mapas e sistemas de notação; - de miríade de signos, símbolos e sinais; - do cinema e do vídeo; - de infovias: arquiteturas líquidas e alineares da hipermídia. 3. É a metáfora que recorre à imagem de bulbos e tubérculos. O rizoma pode ser conectado a qualquer outro. É o princípio da multiplicidade. Não é um sistema centrado ou hierárquico, é circulacão de estados momentâneos. 4. DELEUZE, G e GUATARRI, F. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio: Ed. 34, 1995, v.1 Vimos falando do leitor contemplativo, mas, mesmo antes de apresentarmos os outros leitores, temos que ter presente que a Material Didático para a EaD: Processo de Produção 51 classificação não se restringe a tipos de linguagens nem a suporte de canais, mas, sim, a tipos de habilidades sensoriais, perceptivas e cognitivas das quais lançamos mão quando somos leitores. Independentemente de qual seja a mídia, ler é construir um ou mais sentidos dentro das regras de linguagem. O segundo tipo de leitor, então, de acordo com Santaella (A 52004) é o LEITOR MOVENTE, FRAGMENTADO 5. SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfifl cognitivo do leitor imersivo. São Paulo;Paulus,2004. Esse leitor o qual, surge em momentos de grandes transforma- ções midiáticas, em geral, sofre mudanças profundas no modo de ver o mundo. Isto pode ser observado, a partir da segunda metade do século dezenove: - Os objetos, sejam para o vestir, para o lazer, para a locomoção, passam a ser produzidos em PRODUÇÃO SERIAL; - O Estado, como instituição, passa a ser legal e fiscal; - Viver significa compartilhar de complexidade, como o telé- grafo, o telefone, cuja consolidação encontra ecos nas redes de opinião, principalmente dos jornais. O espaço urbano é de movimento contínuo e de proximidade promíscua, uma vez que tendo a Cidade-Luz, a iluminação a gás, o con- vívio estreito nas galerias, parques e cafés, abre ensejo para o espaço urbano como Cidade-Passarela que estetiza aparências. De acordo com a autora, a sensorialidade é alucinógena, o que propicia o flaneur, ou seja aquele que pode gozar do ócio espiando a cidade. Nessa esteira, o livro e o profissional sofrem transformação em Material Didático para a EaD: Processo de Produção52 mercadoria. É claro que isto perdura até os nossos dias. Esse leitor é alvo de ofertas de produtos, geralmente de reprodu- tilibilidade técnica, como discos, livros em série, revistas de grande tiragem, fotos. Passa a ser o leitor que se dá o direito dos prazeres do consumo. Os centros urbanos são habitados por signos. O leitor passa de contemplativo a leitor apressado de linguagens efêmeras, híbridas. Não é mais só aquele leitor de gravar na memória muitas coisas. Ele é leitor novidadeiro (do jornal), de memória curta, cujos textos lidos são para serem vistos e decodificados. Com a profusão de muitos outros meios além do escrito impresso, o leitor é um leitor de massas, volumes, formas, cores, luzes e, consequentemente, é um leitor acelerado. Mesmo essa passagem se dando em meados do século XIX, até os dias atuais, para além dos livros e dos impressos, oferecem-se fotos e imagens ainda sob o signo do choque. A muitos é dada a oportunidade de gravar imagens, através das fotos, do cinema, da TV e do vídeo. Assim, da contemplação, do permanente, do sempre encontrar o livro na estante, passa-se ao superficialismo, à efemeridade, à hipe- restesia. Dele, leitor, é exigido (e a ele é possibilitado) ler o verbo, oral e escrito, lerimagens, ler sons, ler ruídos, ou seja, ler situações vivenciadas por ele. É o leitor do rádio, da TV, de vídeos, de filmes, de revistas em quadrinhos, de tiras de jornais. E mais recentemente? 6De acordo com Santaella (2004, p.33) , leitor contemporâneo é o leitor IMERSIVO ou VIRTUAL. Trata-se de um modo inteiramente diferente de ler. Esse leitor se difere do leitor contemplativo e do leitor movente, pois não se trata mais 6. SANATELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo, Paulus, 2004. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 53 de um leitor que tropeça, esbarra em signos físicos, materiais – como é o caso do leitor movente –, ... mais de um leitor que navega numa tela, programando leituras, num universo de signos evanescentes e eternamente disponíveis, contanto que não se perca a rota que leva a eles... um leitor em estado de prontidão, conectando-se entre nós e nexos. Num rotei- ro multilinear e multissequencial e, ainda, labiríntico que ele próprio ajudou a construir ao interagir com nós entre palavras, documenta- ção, músicas e vídeo. (...) Um leitor implodido, cuja subjetividade se mescla na hipersubjetivi- dade de infinitos textos num grande caleidoscópio tridimensional em que cada novo nó e nexo pode conter uma outra grande rede numa outra dimensão. Nesse processo de facilitação tecnológica, qualquer signo pode ser recebido, estocado, difundido por computador, por telecomunicação e informática, cujos suportes multimídia e linguagem hipermídia possi- bilitam o hipertexto com a liberdade de escolha, de nexos. Iniciativa de direções e rotas. Essas potencialidades envolvem transformações sensórias, perceptivas e cognitivas que trazem novas possibilidades de sensibilida- de corporal, física e mental. Para se decidir por nós, nexos, direções e rotas, diferentemente do leitor contemplativo e do leitor movente, o leitor imersivo depende de tipos de ações e controles perceptivos que resultam da decodificação ágil de sinais e, ainda, de comportamento e decisões cognitivas alicerçados em operações inferenciais, métodos de busca e de solução de problemas. Essas funções são perceptivas no toque do mouse, que depende da polissensorialidade sinestésica e motora. Nas telas de hipermídia, a combinatória plurissensorial que nosso cérebro pratica, é possível fora dele, na tela, pelo movimento do mouse. Estamos falando do texto que não é linear, não é aquele texto apenas passado do impresso para o computador ou divulgado na rede. Material Didático para a EaD: Processo de Produção54 Estamos falando do texto que o leitor constrói, à medida que opta por vias, nexos de sua preferência, ou seja, não há linearidade de escrita, de proposição ou de leitura. É possível considerar, contemporaneamente, que possamos nos dirigir a um leitor que se identifique apenas com UM dos leitores da tipologia estudada até aqui? Toda proposta de produção de material didático para a EAD pode ser veiculada em TODOS os meios apresentados? Fundamente sua resposta, de acordo com a área em que atua e leve suas reflexões para o Fórum. PARTE II A EAD E OS PROCESSOS COMUNICATIVOS 7Lévy (1999) identifica três diferentes formas de comunicação: 7. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1996. - uma (olho no olho, ou pode ser também por telefone e, recentemente, por e-mail); - um para milhões (todos os processos de comunicação engendrados pelos meios de comunicação de massa: jornal/revista impressos, rádio, TV; - milhões para milhões: com o advento da internet. Cabe, aqui, diferenciar quando se usa recurso e quando o meio se constitui em processo de construção de conhecimento. O quadro de giz, o quadro de pregas, mais antigamente, e, mais recentemente, o retroprojetor, hoje o datashow, podem comutar-se para ser apresentado algum conteúdo. A TV, o vídeo, para apresentação de um material relacionado com o que se está abordando, podem ser recursos. Material Didático para a EaD: Processo de Produção 55 Todavia, quando se concebe que a presença física do interlocu- tor (professor) pode ser substituída e, portanto, um dos meios pode esta- belecer a interação/interlocução, começa-se a conceber diferentemente o paradigma educacional. Não mais – e apenas – a educação presencial com a ajuda de recursos, mas, e principalmente, a educação não presenci- al mediada. Mediada por impressos, por mídias e por mídias interativas. Juntamente com aquele, move-se o paradigma da comunicação. Por um lado, os conceitos, as hegemonias passam a ser revistos. Por outro, as inovações tecnológicas nos obrigam a reconceber comuni- cação. De uso como recursos, rádio, TV e vídeo, constituem-se em processos de construção de conhecimento. 8É o paradigma educacional emergente (MORAES, 1999) que, num só bojo, revê educação, ensino, linguagem e comunicação. A educação já pode se dar fora da escola em tempos diferentes da grade escolar. O ensino já pode fugir da verborragia. A linguagem, portanto, amplia-se para todas as formas de expressão. Consequente- mente, comunicar-se, interagir, passa a pressupor o outro na construção dos sentidos. A recepção – de lugar passivo – passa a ser espaço de interação. O que se entendia por emissão-recepção se modifica. Conforme Possari 9(2002, p.97) , [...] o emissor muda de papel. Não mais emite uma mensa- gem, no sentido funcionalista do termo(...) constrói um sistema... um conjunto, no qual são previstos encaixes, vias de circulação como sinais elementares de aponta- mentos e referências. 10Para Silva (2000, p.116-117) , [...] o autor se transforma em construtor de espaços 8. MORAES, Maria C. O Paradigma educacional emergente. São Paulo: Papirus, 1999. 9. POSSARI, Lúcia H. V. Comunicação e Educação: novo conceito de espaço(tempo). In: Cadernos de Educação. Cuiabá: EDUNIC. V.5.,n.1,2002. 10. SILVA, Marco. Sala DE AULA INTERATIVA. Rio: Quart, 2000. Material Didático para a EaD: Processo de Produção56 visuais e sonoros, universos pré-construídos onde podem e devem ser combinadas linguagens de grafismos, sons e imagens. Para o autor, o espírito permanece o mesmo, mais ou menos no lugar de construir classicamente uma rota, ele constrói uma rede e define um conjunto de terri- tórios desenhados por essa rede. O receptor é coautor. No processo de interação, há a recursivi- 11dade permanente. Para Silva (2000,P.164) , o emissor é o receptor em potencial,e o receptor é emissor em potencial, os dois polos codificam e decodificam. 12Possari (2001, p.97) acrescenta: [...] o emissor disponibiliza a possibilidade de múltiplas redes articulatórias e, ainda, oferece informa- ções em redes de conexões, o interlocutor encontra gama de associações e de significações. 11. SILVA, Marco. Sala de aula Interativa. Rio: Quartet, 2000. 12. POSSARI, Lucia H.V. Texto Impresso II. In: Laboratório de produção para a Educação a distância. Curitiba: NEAD/UNIREDE, 2001. A Educação a Distância potencializa os fundamentos teórico- metodológicos abordados quanto à comunicação. Por suas peculia- ridades, evoca pragmaticamente interação e interatividade, ambas exigem a historicidade dos processos de comunicação: as possibilidades de interlocução mediadas por tecnologias (diferen- tes em cada fase da história) e, ainda, os processos virtuais de linguagem e interação. Faz-se necessário, aqui, distinguir, mais uma vez, a interação da interatividade. Você seria capaz de estabelecer diferenças entre esses processos? A interação é a condição de os dois polos “inter-agirem” para a Material Didático para a EaD: Processo de Produção 57 construção de sentidos. A interatividade diz respeito à ação do receptor que é a de interferir, modificar o que está sendo objeto de construção de sentidos/de conhecimento.
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