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Prévia do material em texto

LUCIA HELENA VENDRÚSCULO POSSARI
MARIA LUCIA CAVALLI NEDER
Cuiabá, 2009
MATERIAL 
DIDÁTICO PARA A EaD:
PROCESSO DE PRODUÇÃO
Ficha Catalográfica
P856m Possari, Lucia Helena Vendrúsculo.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção./
Lucia Helena Vendrúsculo Possari; Maria Lucia Cavalli
Neder. Cuiabá: .
104 p. il.
Inclui bibliogragia
ISBN 978-85-61819-63-7
1.Educação à Distância - EaD. 2.Material Didático. 3.Texto - 
Ação Educativa. 4.Comunicação. 5.Educação. I.Neder, Maria 
Lucia Cavalli. II.Título.
CDU 37.018.43
EdUFMT, 2009.
Drª Lucia Helena Vendrúsculo Possari
Drª Onilza Borges 
Drª Ana Arlinda de Oliveira
Dr Carlos Rinaldi
Drª Gleyva Maria Simões de Oliveira
Drª Maria Lucia Cavalli Neder
Martins 
Comissão Editorial
Revisão
Diagramação
Capa
Germano Aleixo Filho
Terencio Francisco de Oliveira
Marcelo Velasco
Cuiabá, 2009
egundo os dados do INEP, no Brasil, em 2007, eram 408 os cursos 
a distância, atingindo mais de 350 mil estudantes; 3.702 os cursos Sda chamada “educação tecnológica” - cursos com duração de até 
dois anos -, com quase 350 mil matrículas também.
O Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distân-
cia (2007) confirma estes dados: 225 Instituições autorizadas pelo MEC 
para oferecer cursos a distância, atendendo a mais de 770 mil estudantes.
Em 1995, a Universidade Federal de Mato Grosso era a primeira 
instituição a oferecer um curso de graduação a distancia no País (Pedago-
gia), por meio de seu Núcleo de Educação Aberta e a Distância (NEAD), 
criado em 1992. Em 2000, eram apenas cinco as universidades, abrigan-
do menos de 5 mil estudantes matriculados. 
Esses poucos dados podem nos dar de imediato uma ideia aproxi-
mativa do crescimento desta modalidade, aqui no Brasil, pois no mundo, 
desde a década de 1970, milhões de estudantes frequentam universida-
des sem sair de casa ou do local de trabalho.
A impulsão da EaD em nosso país pode ser atribuída a pelo menos 
dois fatores:
- o primeiro, como parte do movimento de luta pela democratiza-
ção do ensino. Há um grito forte e uma luta contínua para que o 
COLETÂNEA 
“EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA”
direito constitucional à educação se concretize para milhões de 
brasileiros excluídos deste bem social historicamente conquis-
tado. E a modalidade a distância vem se afirmando como uma 
das possibilidades para que isto se realize;
- o segundo fator pode ser atribuído às novas tecnologias da 
informação e da comunicação. Essas tecnologias realizaram 
avanços, e algumas delas, em certo sentido, se “populariza-
ram”, permitindo às pessoas ultrapassar as distâncias geográfi-
cas e se aproximar cada vez mais.
Assim, está ocorrendo uma espécie de rompimento do conceito 
de distância. A educação está mais próxima para uma parcela cada vez 
maior da sociedade (não está mais distante - “a distância”). As tecnologi-
as da comunicação permitem o diálogo e a interação entre pessoas, em 
tempo real, como o telefone, o bate-papo, a video e a webconferência, 
tornando sem sentido falar em “distância” no campo da comunicação.
Por isso, podemos falar em EDUCAÇÃO SEM 
DISTÂNCIAS! Não somente porque é possível ser 
realizada, como por ser bandeira de luta a ser levada 
adiante para as próximas décadas, por nós, educa-
dores!
Quando, em 1996, lançávamos o primeiro livro da coletânea 
“Educação a Distância”, havíamos pensado nomear esta coletânea de 
Educação sem Distância.
Porém, naquele momento, avaliávamos que isso poderia provo-
car mal-entendidos e que, diante da necessidade de divulgar essa modali-
dade de ensino e diante da escassez de material sobre o tema em língua 
portuguesa, retratando nossa realidade educacional, social e cultural, 
seria mais oportuno recorrer à expressão consagrada mundialmente: 
Educação a Distância.
Hoje, com a expansão quantitativa de cursos a distância e com a 
necessidade de qualificação de quadros para atuar nesta modalidade, 
existe produção significativa sobre esta prática educativa. 
Educadores brasileiros com experiência nesta modalidade se 
propuseram escrever, expor suas experiências em EaD como maneira de 
contribuir na consolidação desta modalidade, aqui no Brasil, e na forma-
ção dos que atuam na EaD. São dezenas as teses e dissertações, centenas 
os artigos versando sobre Educação a Distância.
A participação e a contribuição da UFMT, no debate sobre EaD, 
também têm sido significativa, com produção acadêmica, abertura da 
linha de pesquisa em EaD (2000), no Programa de Mestrado em Educa-
ção Pública e a coletânea Educação a Distância.
Em 1996, lançávamos o primeiro número da coletânea, com o 
tema: Inícios e indícios de um percurso, trazendo relatos da experiência 
do NEAD/UFMT na oferta do primeiro curso de graduação a distância 
no Brasil (1994). 
Em 2000, com o segundo número da coletânea, Educação a 
Distância: construindo significados, ampliávamos a discussão sobre 
esta modalidade, não se restringindo à experiência do NEAD. Trouxe-
mos contribuições valiosas de educadores atuando em instituições de 
renome e com larga experiência em EaD, como G. Rumble, Neil Mercer 
e F. J. G. Estepa, da Open University da Inglaterra; Walter Garcia, presi-
dente da Associação Brasileira de Tecnologia (ABT); Rosângela S. 
Rodrigues, da Divisão de Engenharia de Produção, Universidade Fede-
ral de Santa Catarina, e do sociólogo Pedro Demo, que também prefaci-
ou a obra. Eram relatados percursos diferentes, com experiências e 
visões diversas sobre EaD, que foram trazidas para o debate e oferece-
ram elementos de reflexão para quem estava atuando ou se propondo 
iniciar nesta modalidade.
Em 2005, foram lançados dois volumes. Em Educação a Distân-
cia: sobre discursos e práticas, discutia-se a Formação de Professores 
em cursos a distância, analisando as práticas discursivas sobre a EaD. 
Na obra Educação a Distância: ressignificando práticas, discutia-se a 
questão da gestão da EaD e a produção de material didático na EaD.
Neste ano de 2009, estamos lançando outros quatro volumes: 
um sobre os Fundamentos da EaD e três sobre a produção de Material 
Didático. 
Esperamos, assim, com estes novos volumes da coletânea, conti-
nuar participando intensivamente do atual debate sobre a modalidade a 
distância, num momento em que o governo federal propõe e dirige a 
expansão do ensino superior por meio da modalidade a distância, com a 
criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (2006). Trata-se de 
política ostensiva e extensiva para que essa modalidade de ensino se 
solidifique e se qualifique como parte regular do sistema de ensino 
superior.
Oreste Preti,
organizador da coletânea. 
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
CONVERSA INICIAL
PROBLEMATIZAÇÃO
 TEXTOS-BASE
PLANEJANDO O TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO OU 
O GUIA DIDÁTICO PARA A EAD
Maria Lúcia Cavalli Neder
MATERIAL DIDÁTICO E O PROCESSO DE 
COMUNICAÇÃO NA EAD
Maria Lúcia Cavalli Neder
PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA A EAD
Lúcia Helena Vendrúsculo Possari
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: SUA CONCEPÇÃO COMO 
PROCESSO SEMIODISCURSIVO
Lúcia Helena Vendrúsculo Possari
SABER +
O TEXTO COMO ELEMENTO DE MEDIAÇÃO ENTRE 
OS SUJEITOS DA AÇÃO EDUCATIVA
Maria Lúcia Cavalli Neder 
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO: AGORIDADES
Lúcia Helena Vendrúsculo Possari
CONSIDERAÇÕES ADICIONAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9
11
13
 
17
35
47
63
81
91
101
103
ste livro constituiu o ato de tecer o complexo. Decidimo-nos 
pela urdidura dos textos, neste formato, os quais têm a dialogici-Edade como razão de ser.
Ao nos propormos a produzir material didático para a Educa-
ção a Distância, temos por pressuposto que a corporeidade que permite a 
interação entre o polo do curso (autor, professor, tutor) e o polo do cursis-
ta é, única e exclusivamente, o texto.
A ancoragem teórico-metodológicaé, dessa forma, semiodis-
cursiva. Semiótica para os signos verbais e não verbais, como sinalizado-
res, assim como a formação discursiva, ambas concorrendo para a cons-
trução de sentidos (construção do conhecimento) conjunta.
Os leitores não são considerados receptores passivos a quem se 
ensina algo. Desde a concepção do texto, nós os consideramos coautores, 
previstos por antecipação, nas seções conversa inicial, problematização, 
Saber +, atividades, reflexões.
A CONVERSA INICIAL situa o leitor sobre todo o percurso, o 
campo de conhecimento, a metodologia, a forma de ser leitor em EAD.
A PROBLEMATIZAÇÃO objetiva trazer o leitor-aluno para 
refletir sobre situações concretas, produzindo-se questões e, a partir delas, 
buscar, nos fundamentos e na experiência, subsídios para respostas.
O SABER + proporciona leituras adicionais, sugeridas pelas 
APRESENTAÇÃO
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 9
autoras, em que podem/devem ser acrescentadas outras fontes pelos 
leitores.
A proposta de REFLEXÃO se dá num processo de recursivida-
de permanente, propondo alinhar teoria-prática.
As ATIVIDADES culminam no fazer juntos.
Os interlocutores – autores/professores/tutores e leitores – têm, 
pela internet, através do sistema MOODLE, local privilegiado de intera-
ção, onde se falam, debatem, incluem reflexões e atividades.
Consideramos adequado, pelo exposto, manter a formatação 
inicial: aquela que produzimos para o curso.
Escolhemos para esta obra os textos que nominamos BASE e 
Saber +. Como nos cursos, nós os mantivemos intercalados para leitura.
Nossos textos abordam Educação e Comunicação, com um 
campo de conhecimento, inaugurando novo paradigma. Além de serem 
estudadas as funções do material didático como integrante do processo 
comunicativo, estudam-se também os movimentos paradigmáticos, a 
complexidade e a interculturalidade.
Estudamos a produção do material impresso, a do material não 
verbal e a produção das possibilidades midiáticas de veiculação. Estuda-
mos, ainda, os elementos indispensáveis para cada produção.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção10
CONVERSA INICIAL
ste é o espaço da interlocução inicial. É dizer boas-vindas aos 
cursistas. É dizer a eles aquilo de que se trata. É palavra de enco-Erajamento. É prepará-los para o diálogo. E, principalmente, 
explicitar os objetivos da disciplina, os temas a serem abordados, a 
metodologia e a sequência, enfim a lógica pensada do texto.
Então:
Vamos lá, então, prezado cursista.
É com imensa satisfação que vimos iniciar nosso diálogo acerca 
de Produção de Material para a Educação a Distância. Com o objetivo de 
sugerir reflexões acerca da Produção como processo e, portanto, de 
construção, objetivamos com este texto que você, ao se propor produzir, 
tenha presente os requisitos de conhecer o currículo do curso, de traçar 
um mapa conceitual, de promover a interface entre o texto que constrói 
com outros de outros cursos e módulos. Igualmente, de promover o 
tempo todo o diálogo com o leitor-aluno, de maneira que ele seja interlo-
cutor ativo, que traga para o processo suas contribuições e, dessa forma, 
que a construção de conhecimento seja conjunta. 
Além de situarmos as condições de produção, convidamos à 
produção propriamente dita de material escrito, para ser impresso e para 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 11
ser usado on-line, como também a inserção do texto não verbal.
Na primeira parte, visando à fundamentação da relação do texto 
com os demais componentes curriculares, apresentamos os textos: 
PLANEJANDO O TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO OU O GUIA 
DIDÁTICO PARA A EAD e MATERIAL DIDÁTICO E O PRO-
CESSO DE COMUNICAÇÃO NA EAD, de Maria Lúcia Cavalli 
Neder.
Na segunda parte, abordando questões relativas ao leitor de 
texto em EAD, apresentamos: PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁ-
TICO PARA A EAD e EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: SUA CON-
CEPÇÃO COMO PROCESSO SEMIODISCURSIVO, de Lúcia 
Helena Vendrúsculo Possari.
Nossas propostas de REFLEXÃO permeiam o texto todo, 
considerando você coautor da construção e do conhecimento, abrindo 
ensejo a que traga conhecimentos prévios e práticas.
Da mesma forma, nossas propostas de ATIVIDADES possibili-
tam a você o fazer, o demonstrar, o preparar-se para produzir o material.
Para a seção SABER +, consideramos adequados, como leitura 
por acréscimo e continuidade de discussões, os textos: O TEXTO 
COMO ELEMENTO DE MEDIAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS DA 
AÇÃO EDUCATIVA, de Maria Lúcia Cavalli Neder e COMUNICA-
ÇÃO E EDUCAÇÃO: AGORIDADES, de Lúcia Helena Vendrúsculo 
Possari.
Desejamos que nosso caminho, juntos, seja o mais profícuo.
As autoras
Material Didático para a EaD: Processo de Produção12
PROBLEMATIZAÇÃO
magine que você recebeu um convite para produzir um material 
didático para a Educação a Distância. Independentemente da área Iem que atue - linguagens, ciências, computação, direito, administra-
ção -, você, orgulhoso e agradecido pelo convite, indagará: para que 
curso, com que duração, especificamente para qual disciplina, como é o 
currículo do curso, o curso é por módulos, por semestre, como funciona, 
ou seja, como são os contatos: autor/professor/tutor/alunos, há momen-
tos presenciais, há momentos on line? 
Ufa!!! 
Só depois de obter essas respostas é que se sentirá à vontade 
para pensar o material propriamente dito. Aí, surgem novas questões: é 
impresso, é on-line, pode ser acompanhado de outras mídias como CDs, 
DVDs, que veiculem vídeo e áudio?
 Aí, começa, então, a pensar o material.
Vai situá-lo, no curso, relacioná-lo com as demais disciplinas, 
inseri-lo numa sequência, vai dimensioná-lo do ponto de vista epistemo-
lógico e metodológico. Delimitará o essencial sobre o conhecimento a 
ser construído. Pensará as atividades, as leituras adicionais e começará a 
produzi-lo. Ao mesmo tempo, virá a preocupação com a redação clara, 
objetiva. Com o processo de interlocução e, assim, o dialogismo discur-
sivo e, então, o texto deverá fluir.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 13
TEXTOS-BASE
PLANEJANDO O TEXTO 
DIDÁTICO ESPECÍFICO OU O 
GUIA DIDÁTICO PARA A EAD
Maria Lúcia Cavalli Neder
 interessante que, ao refletirmos sobre a produção de material 
didático, pensemos nos tipos de texto, associados à natureza das Élinguagens utilizadas. Se verbal: oral ou escrita. Se não verbal: 
todas as formas (signos) – olhares, gestos, expressões faciais, cores, 
luzes, ruídos, desenho, fotos, pintura, sons etc. Igualmente também as 
mídias de que dispomos para veiculá-los.
A escolha da natureza do texto, de sua tipologia e dos meios a 
serem utilizados para sua veiculação deve estar associada ao currículo do 
curso que se quer construir, sua proposta teórico-metodológica. O 
importante é que tenhamos claro que, em qualquer proposta de ensino, 
devemos trabalhar com uma pluralidade de textos, com objetivos e 
perspectivas diferenciadas. Para uma classificação mais simples, pode-
mos designá-los de textos-base e textos de apoio.
O objetivo do texto-base deve ser não só o de garantir o desen-
volvimento de conteúdo básico indispensável ao andamento do curso, 
mas também o de abrir oportunidade para o processo de reflexão-ação-
reflexão por parte dos alunos. Nesse sentido, o texto deve possibilitar ao 
aluno, por meio de um processo dialógico, construir seu conhecimento 
sobre a área ou tema em foco.
O conteúdo selecionado para ser trabalhado nos textos-base 
deve servir como dinamizador curricular, permitindo, sempre que possí-
vel, a relação teoria-prática por parte do aluno. É importante que, nesses 
textos considerados marcadores curriculares, haja definição de objetivos 
e esclarecimento sobre sua organização, somados a sugestões de tarefas e 
TEXTO-BASE
Material Didático para a EaD: Processo de Produção17
pesquisas, com a intenção de aprofundamento teórico na área de conhe-
cimento trabalhada, além de uma indicação bibliográfica de apoio.
Os textos-base podem ser produzidos pelos professores respon-
sáveis pelas áreas de conhecimento ou por disciplinas trabalhadas no 
curso, com objetivos muito bem-determinados, ou podem, ainda, ser 
textos de outros autores considerados relevantes para a compreensão e a 
discussão que se queira alcançar.
No caso de optarem por textos de outros autores, os professores 
responsáveis pelas disciplinas ou por áreas de conhecimento se apresen-
tam como mediadores do processo do diálogo entre autor e leitor (aluno) 
do texto selecionado. Essa mediação pode ser feita mediante um guia 
didático, cuja função é auxiliar o aluno em seu processo de leitura e 
compreensão do texto estudado.
Você seria capaz de identificar ou citar as características 
essenciais de um guia didático? (em caso positivo, não esqueça 
de registrar em seu caderno de anotações).
Ensinar um aluno, por meio da autoaprendizagem, como você 
sabe, por sua vivência nesse curso, é bem diferente do ensino convencio-
nal, em que a maioria dos textos é trabalhada oralmente pelo professor, 
oportunidade em que o aluno pode ir sanando suas dúvidas, imediata-
mente, com a presença do professor.
Por este motivo, ao selecionar os textos que serão trabalhados e, 
ainda, ao planejar e elaborar os guias didáticos que servirão de apoio para 
os alunos, os professores, ou a equipe responsável pelo ensino, devem ter 
muito claros os objetivos do estudo de determinado conteúdo, na pers-
pectiva do projeto do curso e da concepção de currículo adotada.
Além disso, os professores devem ter presente que tudo que 
deveria ser dito ou trabalhado em uma sala de aula convencional com a 
presença do professor deve ser levado em consideração no planejamento 
de ensino por meio da autoaprendizagem.
Como a preocupação de alguns é com a produção de material 
impresso, nos deteremos, a partir de agora, nessa tipologia.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção18
Rowntree (1999), discorrendo sobre essa questão, diz que o 
professor faz uma “tutoria no papel” e, por esse motivo, deve buscar:
- ajudar o aluno a trabalhar o conteúdo selecionado, destacando 
algumas partes e ou repetindo outras, quando achar que é impor-
tante o destaque;
- dizer-lhes o que necessitam fazer para trabalhar com o material;
- estabelecer claramente os objetivos à luz do estudo que vai ser 
desenvolvido;
- explicar o conteúdo de tal maneira para que os alunos possam 
relacioná-los com o que já sabem;
- animá-los reiteradamente para que realizem o esforço necessário 
para a aprendizagem do conteúdo trabalhado;
- provocar situações, através de tarefas, questionamentos e 
exercícios que estimulem os alunos a buscar outras fontes de 
consulta para aprofundamento do conteúdo trabalhado;
- dar condições para que os alunos possam ir acompanhando seu 
próprio processo de aprendizagem.
- Audiência: para quem foram escritos? é sua audiência suficiente-
mente parecida com a dos alunos que se têm em perspectiva?
- Objetivos: são os objetivos didáticos suficientemente parecidos 
com os que propomos para os alunos do ensino convencional?
- Início: que conhecimentos prévios são necessários para o estudo 
do texto selecionado?
- Extensão: o tema se revela apropriado para os alunos? É suficien-
temente amplo, profundo, preciso e atualizado?
- Enfoque didático: ensina ou simplesmente atua como referência 
de reforço de algo aprendido em outro lugar? Está orientado para 
estudantes que trabalham sem a presença constante do 
professor ou do tutor?
- Estilo: o estilo do material se ajusta aos alunos? É atrativo, tem 
uma boa estrutura textual? É interessante?
Continuando com Rowntree, veremos que questões devem ser 
feitas a respeito dos textos que são selecionados como essenciais na 
formação dos acadêmicos.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 19
Continuando com esse quadro, poderíamos acrescentar aquilo 
que julgamos mais importante na escolha e na organização de qualquer 
material didático:
Está adequado à proposta político-metodológica do curso?
É extremamente relevante para a discussão que se quer 
trazer para o curso?
Possibilita ao aluno ser sujeito do processo de construção 
de conhecimento?
Bem, agora que já sabemos o que é um texto didático específico 
e um guia didático, e também que ambos podem constituir TEXTO-
BASE de determinado curso, podemos nos perguntar o que são os 
TEXTOS DE APOIO. 
E aí, você é capaz de defini-los?
TEXTO DE APOIO
Bem, você deve estar pensando ou se perguntando: uma vez 
elaborado o texto-base ou os guias didáticos , está resolvida a questão do 
material didático de um curso de EAD, não é mesmo?
Pois, se você pensa assim, está equivocado. Mesmo que se opte 
por um material didático impresso para o desenvolvimento de um curso, 
com certeza esse material não pode se resumir apenas aos textos-base.
O texto-base, afirmamos, serve já como marcador curricular e 
metodológico, mas não traz em si a potencialidade de abrangência e 
aprofundamento que qualquer área, disciplina ou temática merecem.
Por esta razão, no planejamento de qualquer curso, é preciso 
que os responsáveis pelas áreas de conhecimento constantes do currículo 
indiquem e trabalhem textos complementares (de livros, revistas, jornais 
ou textos encomendados especificamente para discussão de determinado 
tema), sobretudo para apoiar as pesquisas a serem desenvolvidas pelos 
alunos. Esses textos, que costumamos chamar textos de apoio, devem ser 
também considerados material didático do curso, embora não tenham 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção20
que estar acompanhados, necessariamente, de guias ou orientações 
específicas para a leitura.
Vejamos o gráfico a seguir, para que você conheça a rede de 
relações entre os diferentes textos de um curso: TEXTO-BASE e 
TEXTO DE APOIO.
Hipertextos
Textos
Audivisuais
Revistas
Eletrônicas
Filmes
Vídeo
Exclusivo
Vídeo
Conferência
Seminários
Textos 
dos Alunos
Pesquisa
Textos 
Base
Textos
de Jornal
Textos
Internet CD-Rom
Vídeo
Educativo
Palestra
Livros
Textos
de Apoio
Textos
Orais
Textos
Escritos
Obs: Os textos marcados em preto (textos-base) seriam os 
marcadores curriculares, e os de cor cinza seriam os de apoio.
Um trabalho também importantíssimo, na organização do 
material didático impresso, é a bibliografia comentada, com textos 
relevantes no aprofundamento das questões consideradas básicas 
para o curso.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 21
Os livros, revistas, jornais e/ou outras fontes, nas quais se 
encontram os textos de apoio, devem ficar à disposição dos alunos em 
locais acordados previamente. Professores que não trabalhem direta-
mente com o curso podem ser convidados a produzir textos para aprofun-
damento de questões abordadas pelos alunos no processo de estudo.
Os TEXTOS-BASE poderão ser produzidos exclusivamente 
para um curso ou poderão ser textos adotados de outros autores, que 
serão acompanhados de GUIA DIDÁTICO. Assim, poderemos ter, num 
curso, TEXTOS DIDÁTICOS ESPECÍFICOS ou GUIAS DIDÁTICOS 
(roteiros de leitura).
Você saberia dizer qual é a diferença entre eles?
Em qualquer curso, o professor de determinada área de conhe-
cimento, disciplina ou módulo pode construir TEXTO DIDÁTICO 
ESPECÍFICO para seu curso ou adotar texto de outro autor.
Em ambos os casos, deverão estar presentes os elementos im-
prescindíveis na produção textual, como os que vimos na unidade I.
Quando não é o autor de um texto didático específico, o profes-
sor, ou o orientador de aprendizagem, apresenta-se como mediador do 
processo dialógico entre o autor do texto e o leitor-aluno. Paraessa medi-
ação, o professor e/ou o orientador devem elaborar um GUIA 
DIDÁTICO (roteiros de leitura).
O que é um guia didático? Pense neles e tente uma caracterização.
Aretio (1994) observa que o guia didático tem lugar na EAD 
quando o professor faz uma opção por recomendar aos alunos o estudo de 
um texto convencional, não produzido especificamente para o ensino a 
distância ou auto-formação em sua disciplina ou módulo.
O guia didático seria, então, o documento que orienta o estudo de 
forma a aproximar os processos cognitivos do aluno ao material didático, 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção22
com a finalidade de trabalhá-lo autonomamente. Seria um instrumento, 
segundo Aretio, motivador de primeira ordem, substituto característico da 
orientação e ajuda do professor do ensino convencional.
Qualquer que seja a escolha – produzir um texto didático especí-
fico, ou um guia didático –, o professor deverá considerar que, na EAD, 
como a interlocução entre o professor-aluno não ocorre necessariamente 
num mesmo tempo e/ou espaço, o processo de ensino-aprendizagem deve 
ser precedido de rigoroso planejamento, sobretudo no que toca à elabora-
ção do material didático que, entre outras, tem como função no curso:
- Abrir o diálogo permanente entre professor/aluno/orientador;
- Orientar o aluno em seu percurso de estudo;
- Motivar o aluno não só para aprendizagem do conteúdo seleciona-
do para o material em questão, mas também para a ampliação de 
seu conhecimento sobre o tema trabalhado, mediante leituras 
complementares;
- Ensejar a compreensão crítica do conteúdo selecionado como 
fundamental para o curso em desenvolvimento, tendo em vista 
que o conteúdo é a base teórico-metodológica para a construção 
de conhecimentos/sentidos;
- Possibilitar o acompanhamento e avaliação do processo de 
aprendizagem de determinado material faz parte da construção 
curricular em que estão implicados outros textos;
- Instigar o aluno para a pesquisa.
O material didático impresso pode ser concebido, já dito em 
outra passagem, como texto didático, produzido especificamente para 
um curso, a que denominaremos daqui para frente somente de TEXTO 
DIDÁTICO ESPECÍFICO, ou pode ser concebido como GUIA 
DIDÁTICO, em que o professor utiliza texto de outro autor e produz um 
roteiro de estudo para os alunos lerem o texto selecionado.
Qualquer que seja a escolha – TEXTO DIDÁTICO 
ESPECÍFICO ou GUIA DIDÁTICO –, o professor deve levar em conta 
algumas características fundamentais, conforme Aretio (1999):
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 23
- Apresentação clara dos objetivos que se pretende com o material 
em questão;
- Linguagem clara, de preferência coloquial;
- Redação simples, objetiva, direta, com moderada densidade de 
informação;
- Sugestões explícitas para o estudante, no sentido de ajudá-lo no 
percurso da leitura, chamando-lhe a atenção para particularida-
des ou ideias consideradas relevantes para seu estudo;
- Convite permanente para o diálogo, troca de opiniões, perguntas.
Acompanhando Kaye (1981), Aretio apresenta um quadro-
resumo de características básicas de material impresso, que mostramos a 
seguir, feitas algumas modificações.
MATERIAL
FUNÇÕES
PEDAGÓGICAS
CARACTERÍSTICAS DO MEIO IMPRESSO
- textos escritos especialmente para a EAD;
- guia didático para estudo de textos 
convencionais;
- itens suplementares: tarefas, ilustrações, 
desenhos, fotos, mapas, cartas, revistas, 
periódicos, avaliações;
- indicações bibliográficas.
- promover o diálogo entre 
professor/aluno/orientador;
- ensejar o processo de leitura do aluno;
- estimular o aluno para pesquisa;
- dar ensejo a elementos teóricos que 
possibilitem a ampliação de conhecimento 
pelo aluno;
- contribuir para a autonomia intelectual do 
aluno.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção24
- o estudante pode trabalhar em seu próprio 
rítmo;
- perguntas para autoavaliação podem promover 
reforços;
- o aluno pode desenvolver autonomia 
intelectual;
- o aluno deve ser estimulado a buscar mais 
informações.
FLEXIBILIDADE
FUNÇÕES
MOTIVACIONAIS
- geralmente, é o meio mais flexível e 
econômico;
- deve ser preparado com bastante 
antecipação;
- é possível fazer revisão com notas 
suplementares;
- ajusta-se às previsíveis características do 
leitor.
Há, ainda, segundo Aretio, algumas condições que devem ser 
seguidas na elaboração de qualquer material impresso. No primeiro 
contato do aluno com o material, é importante que ele se sinta atraído. 
Por isso, alguns cuidados são indispensáveis quando da produção do 
texto impresso, a saber:
- a apresentação do material – livro, revista, caderno, fascículos – 
deverá ser motivadora;
- deve haver esmero na encadernação;
- deve haver sempre uma apresentação, ou introdução, que situe o 
leitor;
- o tipo de papel e a tipografia devem facilitar a leitura;
- é importante o formato de páginas, ilustrações, isto é, definição 
de projeto gráfico que permita ao aluno ler produtivamente;
- o material deve apresentar qualidade científica máxima.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 25
E então, você imaginava que todas essas questões estavam 
envolvidas no processo de produção de um texto impresso?
Você já havia pensado na possibilidade de trabalhar, na EAD, com 
textos de autores que você considera importantes na discussão 
temática que pretende desenvolver, produzindo um GUIA 
DIDÁTICO para mediação entre o autor e o aluno?
TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO:
elementos para sua produção
A primeira providência de quem produz textos didáticos para a 
EAD é conhecer detalhadamente o Projeto Político-Pedagógico (PPP), 
quanto a suas bases epistemológicas, diretrizes, princípios e modalidade 
de organização curricular: disciplina, módulo, tema, projeto etc.
Após esse conhecimento, o autor deve fazer um exercício no 
sentido de:
1º) Situar a área de conhecimento, disciplina, módulo, tema, 
projeto, (qualquer que seja a proposta de organização do 
conteúdo curricular) no contexto do curso, esclarecendo 
qual sua contribuição no processo de formação delineado 
no PPP. Explicitar que relação mantém com o restante do 
conteúdo desenvolvido nas demais áreas, disciplinas, 
módulos, etc;
2º) Após essa etapa, o autor deve proceder à definição dos 
conceitos-chave de sua disciplina, ou módulo ou tema, 
mediante a organização de uma mapa conceitual em que se 
visualizem os temas e subtemas a serem trabalhados no 
material didático;
3º) Com o mapa conceitual explicitado, é hora de definição dos 
objetivos pretendidos com o desenvolvimento de cada um 
dos conceitos-chave selecionados pelo autor.
Veja, a seguir, o exemplo de mapa conceitual na área da linguagem.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção26
TEXTO
VERBAL
NÃOVERBAL
QUADRINHOS
CORPORAL
MÚSICA
ESCRITO
D
IM
EN
SÕ
ES
PINTURA
ORAL
MAPA CONCEITUAL
Após todas essas definições, é o momento de começar a escrita do texto.
E então, pronto para a produção do seu TEXTO DIDÁTICO 
ESPECÍFICO ou do seu GUIA DIDÁTICO, Vamos lá? Mãos na 
massa ou melhor mão no texto.
Acompanhe, a seguir, alguns roteiros-sugestão que fizemos 
para ajudar você em sua tarefa de produzir material didático para a EAD.
- Apresentação: título, contextualização do 
módulo, aula ou disciplina no curso, 
objetivos, orientação de percurso.
- Desenvolvimento: apresentação do 
conteúdo, mediante divisão em partes 
(capítulos, unidades). Proposição de 
atividades. Saber + .
- Conclusão: resumo do conteúdo, 
sugestões para aprofundamento.
ELEMENTOS PARA ORGANIZAÇÃO
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 27
Comentando:
I- INTRODUÇÃO-APRESENTAÇÃO
A Introdução do material didático impresso deve abriroportuni-
dade ao leitor-estudante de situar-se no curso, compreender a importân-
cia da disciplina, módulo ou tema no contexto do curso. Deve também 
informar os principais temas que serão ali abordados e as finalidades 
daquele estudo para o processo de formação do acadêmico. É também 
nesse espaço que o autor deve dizer qual é o percurso definido para o 
estudo daquele tema: quantas unidades ou seções, como estão organiza-
das, se há ou não atividades de avaliação previstas, se há indicação de 
estudos suplementares como a seção do SABER + , por exemplo. Enfim, 
a introdução é para situar o leitor em relação a seu roteiro de estudo e em 
relação à importância daqueles estudos para sua formação.
II- DESENVOLVIMENTO
É recomendável que o conteúdo da disciplina, módulo ou tema 
a ser desenvolvido seja subdividido em unidades, seções ou capítulos, 
com o intuito de dar ensejo ao estudante do contato gradual com os con-
ceitos a serem trabalhados. No desenvolvimento de cada uma das 
seções/unidades/capítulos, é necessário fazer uma pequena introdução 
com a apresentação dos objetivos pretendidos no desenvolvimento. Ao 
final de cada unidade, é importante a proposição de atividades de avalia-
ção, além de uma seção de SABER + . É relevante que o autor busque 
manter um caráter dialógico no desenvolvimento dos temas propostos 
para estudo. Linguagem clara e objetiva é também recomendável para 
uma boa compreensão do texto.
III- CONCLUSÃO
Na conclusão do módulo, disciplina ou tema, é importante que o 
autor faça uma síntese das principais ideias trabalhadas. É igualmente 
interessante recomendar novas leituras, estimulando o acadêmico a 
continuar seus estudos em relação ao tema trabalhado. Da mesma forma, 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção28
pode-se sugerir uma atividade de síntese, não se esquecendo da indica-
ção de bibliografia complementar.
E então, já se sente confortável para a produção de material
didático impresso para a EAD? Esperamos que sim.
Apesar disso, apresentaremos mais um exemplo de roteiro que
poderá ajudá-lo em sua tarefa de autor.
1. DISCIPLINA INTRODUTÓRIA
Apresentação do plano de estudos da área
2. CADA DISCIPLINA
DIVISÃO em UNIDADE (sugestão de 3 a 4)
2.1 BOAS-VINDAS COM CONVITE PARA O ESTUDO
2.1.1 Apresentação da Disciplina (objetivos, conteúdo de cada 
uma das unidades, metodologia, avaliação). Entre as unidades, 
colocar páginas com marca da disciplina (design).
2.2 PARA CADA UMA DAS UNIDADES
2.2.1 NTRODUÇÃO (objetivos, conteúdo principal, estímulo à 
construção de conhecimento). Problematizando (questões 
orientadoras).
2.2.2 EXTO-BASE (dialógico), com marcas aparentes do diálogo.
2.2.3 ATIVIDADES PARA AUTOAVALIAÇÃO 
Critérios para correção das atividades (ao final da disciplina)
2.2.4 Saber +
3. CONCLUSÃO
Fechamento da disciplina com recuperação dos principais
conceitos estudados.
Convite à continuação dos estudos para aprofundamento.
Bibliografia, referências webgráficas e de vídeos.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 29
Veja, agora, outro exemplo de ROTEIRO para a produção do 
TEXTO DIDÁTICO ESPECÍFICO.
1. TíTULO DA UNIDADE:
2. Introdução e orientações para o estudo : esta parte deve
servir de motivação e esclarecimento ao aluno sobre os estudos
que ele irá desenvolver. A introdução deve ser clara e precisa, levan-
do em conta esses dados:
- a importância da unidade didática no contexto do curso e 
da disciplina em desenvolvimento e sua relação com o 
processo de formação profissional e humanística do aluno;
- como será desenvolvida a unidade: suas partes e quais os 
procedimentos, caminhos e atividades previstas no decor-
rer da discussão dos temas trabalhados;
- como se dá a relação entre essa unidade e as outras previs-
tas para a disciplina/módulo; 
- como será o processo de comunicação previsto para o 
diálogo entre você e o aluno, caso ele necessite de esclare-
cimentos e/ou explicações adicionais.
- ajudas externas no que se refere a outras leituras e/ou 
orientação.
3. Objetivos previstos para essa unidade ( não se esqueça de
que você já tem isso pronto na atividade nº1).
4. Esquema a ser seguido no desenvolvimento do
conteúdo da unidade. Aqui deve ser mostrado como será o
fluxograma das ideias e conceitos-chave da unidade. Este
esquema pode ser feito através de um quadro sinótico, um
sistema de numeração ou uma mapa conceitual que oriente você
no desenvolvimento de seu texto.
5. Desenvolvimento (a essência do seu trabalho). A partir de seu 
esquema conceitual e da divisão proposta em seu fluxograma, você 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção30
vai iniciar seu texto científico (aqui você deve considerar o exposto 
no item 2.1). Você deve lembrar que tem objetivos claros em rela-
ção ao conteúdo a ser trabalhado. Seu texto deve ser adequado à 
descrição de seu interlocutor e de fácil compreensão. Para tanto, 
você deve considerar:
- texto para EAD: você está produzindo um texto para um 
aluno que não estará frente a frente com você. Por isso, 
seu texto deve permitir uma leitura sem problemas, o que 
pressupõe sua preocupação com o uso de vocabulário 
acessível ao nível cultural de seu aluno, com conhecimento 
prévio dele sobre o assunto, com suas leituras anteriores. 
Sua linguagem deve ser precisa, clara, limpa.
- a estrutura interna do texto deve permitir que o aluno vá 
assimilando os conhecimentos em pequenas dosagens. 
Ele deve perceber qual a estrutura proposta para o desen-
volvimento das ideias, para isso é importante fazer uma 
conveniente divisão e subdivisão de cada tópico.
- é importante que você vá apresentando, em cada uma das 
partes, questões para despertar o interesse, suscitar 
perguntas. É significativo propor também exercícios e/ou 
atividades que permitam pequenas sínteses no decorrer 
do texto.
- texto dialógico: você pode optar por uma abordagem dialó-
gica no desenvolvimento do próprio texto, ou nas introdu-
ções e/ou fechamentos das subunidades. O importante é 
seu leitor perceber a si mesmo num processo de diálogo, 
em que ele participa como sujeito da produção do conheci-
mento.
- estilo e formatação textual: o tamanho da letra, o distan-
ciamento entre as linhas e parágrafos também são pon-
tos importantes na organização do texto impresso. O 
próprio tamanho do parágrafo, às vezes, interfere na 
compreensão. Frases longas e intercaladas, usadas 
excessivamente, igualmente dificultam a compreensão.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 31
- tipografia e realces: os títulos, subtítulos, ideias-chave 
devem ser realçados com tamanho de letra, grifo ou utili-
zação de cor. Você pode fazer destaques, por meio de 
notas de rodapé, de margem, de enquadramento do texto, 
de utilização de sinais etc.
- ilustrações: gráficos, esquemas, quadros estatísticos, 
desenhos, fotografias, mapas etc, devem ser atrativos e 
dispostos de maneira a facilitar a compreensão do texto.
6. Conclusão: deve favorecer uma síntese das ideias e conceitos 
trabalhados.
7. Bibliografia: deve ser indicada a bibliografia básica para aprofun-
damento das discussões trabalhadas na confecção do material.
8. Extensão do texto: lembre-se que um texto muito longo pode 
dispersar a atenção do aluno, além de desanimá-lo em razão de sua 
espessura. O recomendável é que cada texto tenha por volta de 60 
a 80 páginas, tamanho ofício.
9. Avaliação: você poderá estabelecer o processo de avaliação no 
percurso do aluno mediante atividades que vão sendo desenvolvi-
das no decorrer dos estudos e pode também, ao final, propor uma 
avaliação de síntese. O importante é que estas propostas permi-
tam verificar a compreensão crítica do aluno-leitor sobre o texto 
trabalhado.
Bem, para que você possa ter um esquema de roteiro, relativo às 
ações a serem desenvolvidas no processoda sua produção textual, 
apresentamos, na página seguinte, um pequeno mapa do percurso a ser 
feito.
Esperamos que, com as discussões aqui promovidas, você se 
sinta mais encorajado na tarefa da produção de seu material didático para 
a EAD.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção32
 
PROJETO 
POLÍTICO-
PEDAGÓGICO
Bases
epistemológicas
 Diretrizes
Conceitos
Ideias-chave
Avaliação
Saber +
Planejamento
F
I
N
A
L
I
D
A
D
E
S
Princípios
Seleção do
conteúdo
Mapa 
(área/disc/mod)
conceitual
Unidades/capítulos
Objetivos
Desejamos a você BOM TRABALHO!
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 33
MATERIAL DIDÁTICO E O 
PROCESSO DE 
COMUNICAÇÃO NA EAD
Maria Lúcia Cavalli Neder
o refletirmos a respeito da EAD, temos que, primeiramente, 
focar a essência, aquilo que é substantivo. Isto é, não são as Acaracterísticas, não é o adjetivo (ser a distância, presencial, 
semipresencial, modular) que deve ser o centro de nossa ação, mas, sim, 
a compreensão de que estamos fazendo educação. É importante, antes de 
qualquer outra consideração, que tenhamos consciência de que estamos 
construindo uma prática educativa. A EDUCAÇÃO é a essência e deve 
ser compreendida como prática social que, em interface com outras 
práticas, contribui para a construção de significados culturais, reforçan-
do e/ou conformando interesses sociais e políticos.
Silva (1996) afirma que a educação, o currículo, a pedagogia 
estão envolvidos numa luta em torno de significados. Esses significados 
são construídos a partir de relações estabelecidas entre os sujeitos da 
prática educativa, através da organização e do desenvolvimento do 
currículo.
A forma e o modo pelo qual o currículo é organizado merecem, 
também, atenção especial. Tanto conteúdo como forma, afirma Apple 
(1989), são construções ideológicas. A modalidade ou a forma de organi-
zação curricular não pode e não deve ser pensada ou discutida isolada das 
discussões políticas, isto é, dos processos de significação que se quer ou 
se deseja construir por meio da educação.
A Educação a Distância, como modalidade de organização e 
desenvolvimento de currículo educacional, não deve ser reduzida apenas 
a questões metodológicas ou a possibilidades de uso de novas tecnologi-
as da informação e da comunicação (TIC). Deve ser vista sempre como 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 35
parte de um projeto político que vincule a educação com a luta por uma 
vida pública na qual o diálogo, a tolerância e o respeito à diferença este-
jam atentos aos direitos e às condições que organizam a vida pública 
como uma forma social justa e democrática.
Você concorda com nossa posição de que a essência é a 
EDUCAÇÃO, e não as características da modalidade
A DISTÂNCIA?
Você já havia pensado sobre isso?
É importante que comecemos a refletir, a partir de agora, sobre 
a importância do material didático no desenvolvimento de 
projetos de EAD.
Qual é, em sua opinião, o papel do material didático em projetos 
desenvolvidos na modalidade a distância? Acompanhe nossa 
reflexão a esse respeito.
As instituições escolares têm necessidade, conforme Silva 
(2000), de se apresentarem como espaço de educação, ao invés de um 
lócus de distribuição de saber-produto a clientes consumidores.
Um espaço de educação deve pressupor a construção de uma 
prática que possibilite aos sujeitos da ação educativa compreender criti-
camente a realidade social em que se inserem, com vista a uma participa-
ção ativa nessa realidade.
Para pensarmos sobre material didático, faz-se necessário 
primeiro que pensemos que estamos participando da construção de um 
projeto educativo. A educação deve ser concebida como prática social, 
que acontece na e da relação de sujeitos historicamente situados e que, a 
partir dessas relações, se constroem sentidos que interferirão diretamen-
te na vida das pessoas e na vida social.
Isso pressupõe uma compreensão de educação como um siste-
ma aberto, não só voltado para a transmissão e transferência de conheci-
Material Didático para a EaD: Processo de Produção36
mentos, que implica processos transformadores que decorrem da expe-
riência de cada um dos sujeitos da ação educativa.
Essa compreensão implica também pensar no estudante não 
mais como um ser passivo, receptor de mensagens enviadas pelo profes-
sor, seja através de material didático, seja através de aulas expositivas 
presenciais.
Se entendermos a educação como prática social de construção 
de sentidos pelos sujeitos que delam participam, a autonomia do estu-
dante passa a ser um dos ideais da ação educativa. Ele deve ser estimula-
do a ser ativo no processo de construção do conhecimento, principal-
mente quando se tem presente que o mundo contemporâneo, em que o 
conhecimento evolui de forma incontrolável, exige uma educação volta-
da para a autonomia do aprendiz, o que implica uma metodologia do 
aprender a aprender.
A EAD, por suas peculiaridades, sobretudo em relação a media-
tização das mensagens pedagógicas, coloca-se como uma modalidade 
em potencial para o desenvolvimento dessa autonomia que se quer do 
aprendiz.
Mediatizar, na perspectiva do processo educacional, significa, 
segundo Belloni (2001):
conceber metodologias de ensino e estratégias de utiliza-
ção de materiais de ensino/aprendizagem que potenciali-
zem ao máximo as possibilidades de aprendizagem autô-
noma. Isso inclui desde a seleção e elaboração de conteú-
dos, a criação de metodologias de ensino e de estudo, 
centradas no aprendente, voltadas para a formação da 
autonomia, a seleção dos meios mais adequados e a 
produção de materiais, até a criação de estratégias de 
utilização de materiais e de acompanhamento do estu-
dante de modo a assegurar a interação do estudante com 
o sistema de ensino (BELLONI, 2001. p. 26).
Como uma modalidade de ensino e de aprendizagem mediatiza-
da, a EAD deve considerar os dois principais componentes, destacados 
por Belloni (2001), de uma nova pedagogia: a utilização cada vez mais 
das tecnologias de produção, estocagem e transmissão de informações, 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 37
por um lado, e, por outro, o redimensionamento do papel do professor. 
Este tende a ser amplamente mediatizado: como produtor de mensagens 
inscritas em meios tecnológicos, destinadas a estudantes a distância, e 
como usuário ativo, crítico e mediador entre estes meios e os alunos.
A EAD, para Belloni (1999), usa a tecnologia como forma de 
mediatizar o processo de ensino e de aprendizagem. Embora todo pro-
cesso educativo seja mediatizado, visto que há necessidade de “traduzir” 
as mensagens pedagógicas, a autora argumenta que a EaD tem que 
potencializar as virtudes comunicacionais do meio técnico a ser utiliza-
do, no sentido de abrir oportunidade ao estudante para realizar sua apren-
dizagem de modo autônomo e independente.
Deste modo, a EaD pode contribuir significativamente não só 
para a transformação dos métodos de ensino e da organização do trabalho 
pedagógico, mas também para a utilização adequada das tecnologias de 
mediatização da educação, implicando, nesse caso, uma redefinição da 
comunicação nos processos educacionais.
Que tecnologias da comunicação e informação você poderia 
utilizar em sua instituição no desenvolvimento de um projeto de 
Educação a Distância, e qual a importância delas no contexto do 
curso de que você participa?
Com certeza, você destacou a comunicação como um dos 
elementos essenciais que podem ser garantidos pelas TIC's, não é 
mesmo?.
A comunicação constitui um dos elementos centrais na EAD, 
tendo em vista, sobretudo, a relação professor-aluno, que não se estabe-
lece mais face a face, mas, sim, pela mediação de textos, veiculados pelas 
tecnologias da informação e da comunicação.A Educação a Distância pode possibilitar, ainda, aquilo que 
Belloni (2001, p. 12) denomina de “educação para as mídias”, cujos 
objetivos dizem respeito à formação do usuário ativo, crítico e criativo de 
todas as tecnologias de informação e comunicação.
Ela deve ser pensada, pois, como um modo privilegiado de 
“educar para a comunicação”.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção38
Educar para a comunicação é, segundo Costa (1993), orientar 
para realizar análises mais coerentes, complexas-completas e, ao mesmo 
tempo, ajudar a expressar relações mais ricas de sentido entre as pessoas. 
É uma educação que gera outras relações simbólicas e outras expressões 
do ser social.
Um dos maiores desafios que o professor enfrenta hoje na 
construção de sua prática pedagógica, conforme Silva (2000), é modifi-
car a comunicação, no sentido da participação-intervenção, da bidirecio-
nalidade-hibridação e da permutabilidade-potencialidade. O papel de 
transmissor de conhecimento deve ser modificado para o de disponibili-
zador de domínios de conhecimento e de ambiência de aprendizagem 
que garanta a liberdade, a pluralidade, a escolha, a intervenção.
Você saberia explicar o que seria essa bidirecionalidade-hibridação
proposta pelo autor acima citado?
Você saberia identificar as características de uma 
modalidade comunicacional unidirecional e de uma 
modalidade comunicacional bidirecional? Qual a principal 
diferença entre elas? Veja se sua resposta está 
adequada à definição proposta a seguir.
O conhecimento, nessa perspectiva, deixa de ser “algo” a ser 
doado, para ser compreendido como um processo de busca, de análise, de 
explicação de fenômenos e situações da realidade, que se constrói na/da 
interação de sujeitos da prática social.
No espaço educacional, o professor (interlocutor), um dos 
sujeitos envolvidos na construção curricular, deve possibilitar, ao invés 
de uma prática educativa unidirecional, uma prática alicerçada na bidire-
cionalidade, na participação livre e plural das subjetividades.
De uma modalidade comunicacional unidirecional, passa-se, 
portanto, a uma modalidade interativa.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 39
A modalidade comunicacional unidirecional tem como princi-
pais características, segundo Silva (2000, p. 73):
- A mensagem se apresenta de modo fechado, imutável, linear e 
seqüencial;
- O emissor busca atrair o receptor (geralmente por imposição) 
para seu universo mental;
- O receptor é compreendido como ser assimilador passivo;
A modalidade comunicacional interativa se apresenta com as 
seguintes características:
- A mensagem é modificável, em mutação, à medida que res-
ponde às solicitações daquele que a manipula;
- O emissor, “designer de software”, constrói uma rede ( não 
uma rota) e define um conjunto de territórios a explorar; ele 
não oferece uma história a ouvir, mas um conjunto intrincado 
(labirinto) de territórios abertos a navegações e dispostos a 
interferências, a modificações;
- O receptor manipula a mensagem como coautor, cocriador, 
verdadeiro conceptor.
De uma teoria de comunicação em que a mensagem é um conte-
údo informacional fechado, o aluno/leitor é considerado um ser passivo, 
sem liberdade de modificar ou interferir na mensagem e o emissor é auto-
ritário, deve-se avançar para uma teoria da comunicação que tenha como 
princípios de sustentação a interatividade e a interação.
Na comunicação interativa, compreende-se o caráter ativo e 
participativo do sujeito (receptor) na ação comunicativa, o que modifica 
sensivelmente o papel e a função do sujeito (emissor). Além disso, a men-
sagem (texto) passa a ser também compreendida como uma unidade de 
significação que só se instaura quando da interação entre autor (emissor) 
e leitor (receptor).
Material Didático para a EaD: Processo de Produção40
Interação e interatividade são dois conceitos fundamentais 
quando se discutem processos de comunicação. Qual é sua 
compreensão a respeito desses termos. Tente conceituá-los 
em seu caderno de anotações, antes de ver a opinião de alguns 
autores sobre isso. Após, leia o texto nº1 do SABER +.
Possari (2002) compreende por interação o processo pelo qual 
interlocutores “inter-agem” e decorrem daí os efeitos de sentido. Interlo-
cutores são entendidos como os dois polos de qualquer situação de comu-
nicação (verbal, não verbal, mediada por tecnologias). Os interlocutores 
constroem sentidos conjuntamente.
A interatividade, por seu lado, seria o processo que permite a 
coautoria entre emissor e receptor, ensejando a este último transformar-
se, a partir de suas ações, em coprodutor de sentidos. Equivale a dizer que 
o leitor pode e deve interferir no texto do produtor.
Silva (2000), referindo-se à interatividade, destaca dois compo-
nentes lexemáticos: um deles significaria “entre” e, o outro significaria 
relação recíproca. Na interatividade está prevista a possibilidade de 
interferência, de modificação, de escolha de caminhos nos processos de 
significação.
A modalidade interativa, como assinala Possari (2002), pressu-
põe: um emissor que constrói uma rede, um conjunto de possibilidades a 
explorar; oferece um conjunto intrincado de lugares dispostos à interfe-
rência e às modificações; uma mensagem (texto) modificável; um recep-
tor ativo, que se apresenta como coautor no processo da interlocução.
Orlandi (1993), trabalhando a questão da autoria no processo de 
produção de textos, argumenta que a escola deve propiciar a passagem do 
enunciador/autor (perspectivas que o eu constrói no discurso), de tal 
forma que o aprendiz possa experimentar práticas que façam com que ele 
tenha controle dos mecanismos com os quais está lidando quando escreve.
Possari e Neder (2001) assim concebem texto:
Texto é qualquer unidade de sentido. São todas as formas 
(unidades de significação) que são utilizadas para intera-
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 41
ção entre sujeitos: a pintura, a música, a charge, o gibi, o 
texto escrito poético, a dissertação, a música, a fotogra-
fia, o vídeo, o cinema, a escultura etc).
Textos são construções simbólicas que podem materializar-se 
em qualquer suporte: a televisão, os CDs-ROM, o rádio, a internet 
(APARICI, 2000).
Pensando-se na prática da leitura, como processo que permite a 
interlocução entre autor/leitor, Orlandi (1993) assim se posiciona:
Se se deseja falar em processo de interação da leitura, eis 
aí um primeiro fundamento para o jogo interacional: a 
relação básica que instaura o processo de leitura é o do 
jogo existente entre um leitor virtual e o leitor real. É uma 
relação de confronto. O que, já em si, é uma crítica aos 
que falam em interação do leitor com o texto. O leitor não 
interage com o texto (relação sujeito/objeto), mas com 
outro(s) sujeito(s) (leitor virtual, autor, etc). A relação, 
como diria Schaff (em sua crítica ao fetichismo sígnico, 
1966), sempre se dá entre homens, são relações sociais; 
eu acrescentaria, históricas, ainda que (ou porque) 
mediadas por objetos (como o texto). Ficar na “objetali-
dade” do texto, no entanto, é fixar-se na mediação, abso-
lutizando-a, perdendo a historicidade dele, logo, sua 
significância (ORLANDI, 1993. p. 9).
Acedo (2000), trabalhando o conceito de interatividade em 
texto multimídia, chama de comunicação bancária aquela em que se 
utilizam os meios de comunicação para transmitir ao usuário uma série 
de conteúdo conceitual, com um esquema de comunicação unidirecional.
Nesse modelo comunicativo, existe um emissor, um receptor e 
uma mensagem, que é a informação que se transmite. O receptor tem que 
traduzir a mensagem.
Nesse caso, Acedo argumenta que não existe a verdadeira 
comunicação, já que o receptor não participa ativamente. Alguém trans-
mite um ou outro conteúdo. A informação se dá de um ladosó. É o mode-
Material Didático para a EaD: Processo de Produção42
lo de comunicação unidirecional.
Na Comunicação, com uso de meios técnicos (TV, computador, 
etc.), Acedo afirma que se está falando em comunicação mediada, que 
deve ser:
- intencional: terá que estar presente tanto no emissor como no 
receptor, de tal forma que os produtores e usuários se convertam 
em emissores e receptores ao mesmo tempo;
- multissensorial; nesta, não haverá emissor e receptor, mas, sim, 
produtores e usuários, situando-se ambos no início do esquema, 
pois os dois são responsáveis por originar mensagens.
Nesse modelo de comunicação multidirecional, devem-se 
conceber, portanto, os sujeitos da ação comunicativa como interlocuto-
res, com responsabilidade de produzir significados.
O interlocutor (receptor) é concebido como protagonista da 
construção dos processos de significados, portanto autônomo e ativo na 
relação comunicacional.
Pensar o processo de comunicação, na perspectiva da relação 
comunicacional, portanto de comunicação interativa ou multidirecional, 
é imprescindível para qualquer modalidade educativa, sobretudo quando 
essa modalidade é a EAD.
Conceber a comunicação, a partir desses pressupostos, é pensá-
la de forma redimensionada, dinâmica, em processo.
O professor, numa modalidade comunicacional redimensiona-
da, tem que considerar a participação (a coautoria) nos processos de 
significação que são instaurados no espaço escolar. Ele deixa de ser 
simplesmente um transmissor de conhecimento para ser um organizador 
de situações de aprendizagem, alguém que busca disponibilizar múlti-
plas situações que permitam a intervenção do interlocutor.
Como um dos interlocutores privilegiados no processo da 
construção, cabe ao professor possibilitar ao aluno (receptor) constituir-
se também em autor (emissor), crítico e criativo, de novos textos, ao 
mesmo tempo em que se constitui, ele próprio, também em um aprendiz. 
É um processo de troca, de diálogo.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 43
Qual é a importância de mudança de paradigma na 
compreensão do processo de comunicação, quando se 
tem em vista a Educação a Distância?
Uma das características fundamentais da EAD, como vimos em 
outra passagem, é ser um processo de ensino e de aprendizagem mediati-
zado, sobretudo pelo uso de tecnologias da informação e da comunicação.
Paradoxalmente, a Educação a Distância só pode se desenvol-
ver se não houver “distância” entre os sujeitos da prática educativa. Essa 
“não distância” diz respeito ao processo de interlocução, diálogo perma-
nente, que deve ocorrer entre os envolvidos na prática educativa, mesmo 
que não ocupem o mesmo espaço físico em um tempo real.
Na tentativa de recuperação de algumas reflexões sobre a temá-
tica tempo/espaço, invocamos Santos (1997), que afirma que o tempo só 
existe em relação a uma subjetividade concreta. Por isso, é o tempo da 
vida de cada um e da vida de todos, e o espaço é aquilo que reúne a todos, 
em suas múltiplas possibilidades: diferentes de uso de espaço (território) 
relacionado com possibilidade de uso de tempo. É o viver comum, segun-
do Santos, que se realiza no espaço. Esse espaço seria, então, o lócus onde 
são construídos os significados sociais, culturais, a partir dos processos 
de interlocução, de compartilhamento, de diálogo, de troca entre sujeitos 
relacionais, situados historicamente.
Toda forma de interação, segundo Possari (2001), se dá por um 
processo de mediação simbólica. O signo/símbolo poderá ser verbal: oral 
ou escrito; não verbal: sonoro/musical; visual: estático, dinâmico etc.
Nos processos de interlocução a distância, os efeitos de sentido, 
significação, que são atribuídos aos textos (verbais ou não verbais), 
devem ser preocupação fundamental. É o leitor/aluno que, com sua 
história de vida e de leituras, atribuirá sentidos aos textos selecionados 
e/ou produzidos pelo professor.
Como, para a EAD, os processos de significação são materiali-
zados em textos de diferentes natureza e propósito, a seleção ou produ-
ção de textos para o processo educativo requerem uma compreensão no 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção44
âmbito de suas dimensões sociocomunicativa e semântico-conceitual, 
conforme VAL (1993).
Além disso, na escolha de determinado tipo de texto, estarão 
sendo escolhendo também os meios de veiculação desses textos, o que 
implica um pouco de conhecimento sobre essa questão.
A comunicação é um dos elementos fundamentais no desenvolvi-
mento da EAD, como você viu na discussão feita até aqui. Por isso, 
gostaríamos que você refletisse um pouco mais sobre esse 
assunto, produzindo um texto, conforme a solicitação proposta na 
seção atividade. Não se esqueça que o FÓRUM é o espaço para 
nossas reflexões.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 45
PRODUÇÃO DE 
MATERIAL 
DIDÁTICO PARA A EAD
Lúcia Helena V. Possari
INTRODUÇÃO (OU POLIFONIA)
uando nos propomos participar de um processo de interação, 
como neste caso especificamente, ocuparemos, num dos polos, a Qfunção-autor e, no outro, você, cursista, a função-leitor.
Todavia, sabemos que o teor do que vamos tratar não começa 
aqui nem termina aí, pois o processo de interação pressupõe conheci-
mento prévio de ambos os polos e, no final do texto, o assunto não se 
encerra, dado que o processo de leitura é contínuo.
Antes de começarmos a redigir, fazemos imagens de vocês 
leitoras/leitores: professores e professoras de diversas áreas de 
conhecimento, com pós-graduação lato e stricto sensu, desejosos de 
sistematizar conosco a produção de material didático para a EAD. 
Será que é só isso, ou é bem isso? Vocês também têm imagens de nós. 
Não interessa se essas imagens se confirmam ou não no texto, na 
leitura, na orientação. Mas foi preciso partir de um pressuposto para 
produzir o texto para vocês.
Possari (1999) afirma que comunicar é interagir. Os dois polos 
se estabelecem como interlocutores. O texto materializado entre quem 
fala e quem ouve, quem escreve e quem lê, professor/aluno, pin-
tor/apreciador de obra de arte, músico/ouvinte, autor/diretor de nove-
la/telespectador etc, engendra discursos diversos que dependem, para 
efeitos de sentidos, da HISTÓRIA DE VIDA do produtor e do leitor.
Isto a que chamamos de “nosso” texto é, na verdade, um inter-
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 47
texto dos textos que já lemos e dos interdiscursos de que fazemos parte. É 
um texto polifônico. Assim também na leitura, este texto fará parte de seu 
intertexto, ou seja, é mais um.
Por falar em texto, este é escrito e será lido por você, no impres-
so, mas pode-se também escrever para ser veiculado na rede mundial de 
computadores ou produzi-lo para ser visto num vídeo ou para ser ouvido 
num CD-ROM ( ou fita cassete) ou, ainda, lido num site.
A opção pelo meio(áudio, audiovisual, hipertextual) que fizer-
mos vai determinar nosso texto, nosso discurso.
Vocês já devem ter visto, na internet, textos escritos exatamente 
como no impresso. Já devem ter visto enciclopédias inteiras na internet. 
Não é por estar sendo veiculado na Rede que os autores tiveram a preocu-
pação de modificar o texto. Ou seja, nesse caso, o texto só foi transferido 
do impresso para a tela.
Para falarmos, então, sobre o modo de veiculação dos textos, 
1retomamos o conceito de Possari e Neder (2003) :
1. POSSARI, Lúcia H.V. e NEDER, Maria L. C. Linguagem, o entorno, o percurso. 3ª. Ed. 
Cuiabá: EDUFMT, 2003
Texto é um todo de significação, passível de compreensão e 
atribuição de sentidos.
Texto pode ser verbal: oral ou escrito, pintura, gravura, escultura, 
música, cores(enfim tudo o que fizer sentido).
Leitura será o processo pelo qual cada leitor atribuirá sentidos ao 
texto lido, seja ele de que natureza for e veiculador porqualquer 
mídia: impresso, TV, Rádio, CD, DVD, ou internet.
Assim,
Falando nisso, faz-se necessário, a nosso ver, discorrermos 
sobre os tipos de leitor(leitura) aos quais nos dirigimos.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção48
PARTE I
LEITOR/LEITURA - POR UMA TIPOLOGIA EM EAD
Sabemos que a leitura é um processo complexo e que a relação 
entre leitor/autor, mediada pelo texto, é uma das principais questões que 
devem ser trabalhadas na EAD. Como já vimos, o material didático 
(textos) se coloca como um dos elementos centrais de mediação entre os 
sujeitos da prática pedagógica. Assim, pensar nos tipos de leitor que 
podem ser encontrados e, ainda, como o texto se apresenta para os 
leitores é fundamental no processo da produção textual.
Você saberia identificar algum tipo de leitor, a partir de sua 
experiência pedagógica? Tente uma categorização nesse sentido.
Você certamente se lembrou de algumas classificações, mas, 
para nosso texto, optamos por referenciar a classificação de Santaella 
2(2004) .
Segundo a autora, os leitores podem ser classificados em 
CONTEMPLATIVO ou MEDITATIVO; MOVENTE ou FRAGMEN-
TADO E IMERSIVO ou VIRTUAL.
Essa classificação se refere aos momentos da HISTÓRIA em 
que veículos foram oferecidos ao leitor para ler um texto.
LEITOR CONTEMPLATIVO OU MEDITATIVO
2. SANTAELLA Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfil cognitivo do leitor imersivo. 
São Paulo: Paulus, 2004
Assim, não é correto dizer que autores escrevem livros. O que 
escrevem são textos que se tornam objetos escritos, manuscritos, grava-
dos, impressos ou, mais recentemente, digitalizados, informatizados.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 49
É válido ressaltar que os efeitos de sentido produzidos pelo leitor 
NÃO são independentes das formas materiais pelas quais o texto é 
veiculado, pois elas interferem na forma de legibilidade do texto.
O LEITOR CONTEMPLATIVO é o leitor de:
- SIGNOS E OBJETOS DURÁVEIS
- LIVROS, PINTURAS E MAPAS
- LIVRO NA ESTANTE 
- LEITOR NÃO ACOSSADO PELA URGÊNCIA
- O LEITOR PROCURA OS OBJETOS IMÓVEIS.
O processo de LEITURA do leitor contemplativo é, até hoje, 
reproduzido pela escola, nos seguintes passos:
- Silenciosa;
- Com os lábios;
- Em voz alta.
O livro é o exemplo histórico e permanente desse processo de 
leitura que, na História, foi e tem sido – e parece-nos que permanecerá 
sendo ainda por algum tempo – o instaurador de formas de cultura. Por 
ele têm sido divulgadas a ciência moderna e o saber universitário.
O livro tem seus desdobramentos nos jornais e revistas. Para 
além do livro, esses outros veículos oferecem leituras espirituais, intelec-
tuais e profissionais.
Todavia, esses meios impressos convivem com um conjunto de 
mutações tecnológicas, formais e culturais para as quais se tem que 
aplicar atenção.
Como vimos no início desta Unidade, LER é um processo de 
reconstrução desconcertante, labiríntico, comum e pessoal. É construir 
um ou mais sentidos dentro das regras de linguagem e, ainda, ruminação 
e contemplação.
Dessa forma, não podem ser ignorados novos suportes e estru-
turas para o texto escrito, com a proliferação das redes de telecomunica-
ções – internet.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção50
Logo, ler não mais é ficar imóvel, ou privilegiar a leitura 
contemplativa não é mesmo? Como fica o processo de leitura a 
partir dos novos suportes eletrônicos e estruturais textuais 
da multimídia? Pense a esse respeito.
Vivemos um momento de construção de conhecimento rizomá-
3 4tico (DELEUZE E GUATARRI) e se faz necessário ter presente a 
universalidade e o intercâmbio de idéias, através de leituras não só con-
templativas.
Devemos, como educadores, atentar-nos para as novas formas 
de percepção e cognição que os atuais suportes eletrônicos e estruturas 
híbridas e alineares do texto escrito estão fazendo emergir, dilatando, 
com isso, o conceito de leitura, ou seja, a expansão do conceito de leitor 
de livro para leitor de imagem e para leitor de formas híbridas de signos, 
incluindo o leitor que navega pelas infovias do ciberespaço.
Cabe ressaltar que os leitores deste nosso texto e os leitores para 
os quais vocês produzirão material didático são leitores:
- de imagem, desenho, pintura, foto;
- de jornal e de revista;
- de gráficos, mapas e sistemas de notação;
- de miríade de signos, símbolos e sinais;
- do cinema e do vídeo;
- de infovias: arquiteturas líquidas e alineares da hipermídia.
3. É a metáfora que recorre à imagem de bulbos e tubérculos. O rizoma pode ser conectado a 
qualquer outro. É o princípio da multiplicidade. Não é um sistema centrado ou 
hierárquico, é circulacão de estados momentâneos.
4. DELEUZE, G e GUATARRI, F. Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia. Rio: Ed. 34, 
1995, v.1
Vimos falando do leitor contemplativo, mas, mesmo antes de 
apresentarmos os outros leitores, temos que ter presente que a 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 51
classificação não se restringe a tipos de linguagens nem a suporte 
de canais, mas, sim, a tipos de habilidades sensoriais, perceptivas e 
cognitivas das quais lançamos mão quando somos leitores. 
Independentemente de qual seja a mídia, ler é construir um ou mais 
sentidos dentro das regras de linguagem.
O segundo tipo de leitor, então, de acordo com Santaella (A 
52004) é o 
LEITOR MOVENTE, FRAGMENTADO
5. SANTAELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfifl cognitivo do leitor imersivo. 
São Paulo;Paulus,2004.
Esse leitor o qual, surge em momentos de grandes transforma-
ções midiáticas, em geral, sofre mudanças profundas no modo de ver o 
mundo.
Isto pode ser observado, a partir da segunda metade do século 
dezenove:
- Os objetos, sejam para o vestir, para o lazer, para a locomoção, 
passam a ser produzidos em PRODUÇÃO SERIAL;
- O Estado, como instituição, passa a ser legal e fiscal;
- Viver significa compartilhar de complexidade, como o telé-
grafo, o telefone, cuja consolidação encontra ecos nas redes de 
opinião, principalmente dos jornais.
O espaço urbano é de movimento contínuo e de proximidade 
promíscua, uma vez que tendo a Cidade-Luz, a iluminação a gás, o con-
vívio estreito nas galerias, parques e cafés, abre ensejo para o espaço 
urbano como Cidade-Passarela que estetiza aparências.
De acordo com a autora, a sensorialidade é alucinógena, o que 
propicia o flaneur, ou seja aquele que pode gozar do ócio espiando a 
cidade. Nessa esteira, o livro e o profissional sofrem transformação em 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção52
mercadoria. É claro que isto perdura até os nossos dias.
Esse leitor é alvo de ofertas de produtos, geralmente de reprodu-
tilibilidade técnica, como discos, livros em série, revistas de grande 
tiragem, fotos. Passa a ser o leitor que se dá o direito dos prazeres do 
consumo.
Os centros urbanos são habitados por signos. O leitor passa de 
contemplativo a leitor apressado de linguagens efêmeras, híbridas. 
Não é mais só aquele leitor de gravar na memória muitas coisas. Ele 
é leitor novidadeiro (do jornal), de memória curta, cujos textos 
lidos são para serem vistos e decodificados. Com a profusão de 
muitos outros meios além do escrito impresso, o leitor é um leitor 
de massas, volumes, formas, cores, luzes e, consequentemente, é 
um leitor acelerado.
Mesmo essa passagem se dando em meados do século XIX, até 
os dias atuais, para além dos livros e dos impressos, oferecem-se fotos e 
imagens ainda sob o signo do choque. A muitos é dada a oportunidade de 
gravar imagens, através das fotos, do cinema, da TV e do vídeo.
Assim, da contemplação, do permanente, do sempre encontrar 
o livro na estante, passa-se ao superficialismo, à efemeridade, à hipe-
restesia.
Dele, leitor, é exigido (e a ele é possibilitado) ler o verbo, oral e 
escrito, lerimagens, ler sons, ler ruídos, ou seja, ler situações vivenciadas 
por ele.
É o leitor do rádio, da TV, de vídeos, de filmes, de revistas em 
quadrinhos, de tiras de jornais. 
E mais recentemente?
6De acordo com Santaella (2004, p.33) , leitor contemporâneo é 
o leitor IMERSIVO ou VIRTUAL.
Trata-se de um modo inteiramente diferente de ler. Esse leitor se 
difere do leitor contemplativo e do leitor movente, pois não se trata mais 
6. SANATELLA, Lucia. Navegar no ciberespaço. O perfil cognitivo do leitor imersivo. 
São Paulo, Paulus, 2004.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 53
de um leitor que tropeça, esbarra em signos físicos, materiais – como é o 
caso do leitor movente –,
... mais de um leitor que navega numa tela, programando leituras,
num universo de signos evanescentes e eternamente disponíveis, 
contanto que não se perca a rota que leva a eles... um leitor em 
estado de prontidão, conectando-se entre nós e nexos. Num rotei-
ro multilinear e multissequencial e, ainda, labiríntico que ele próprio 
ajudou a construir ao interagir com nós entre palavras, documenta-
ção, músicas e vídeo. (...)
Um leitor implodido, cuja subjetividade se mescla na hipersubjetivi-
dade de infinitos textos num grande caleidoscópio tridimensional 
em que cada novo nó e nexo pode conter uma outra grande rede 
numa outra dimensão.
Nesse processo de facilitação tecnológica, qualquer signo pode 
ser recebido, estocado, difundido por computador, por telecomunicação 
e informática, cujos suportes multimídia e linguagem hipermídia possi-
bilitam o hipertexto com a liberdade de escolha, de nexos. Iniciativa de 
direções e rotas.
Essas potencialidades envolvem transformações sensórias, 
perceptivas e cognitivas que trazem novas possibilidades de sensibilida-
de corporal, física e mental. Para se decidir por nós, nexos, direções e 
rotas, diferentemente do leitor contemplativo e do leitor movente, o 
leitor imersivo depende de tipos de ações e controles perceptivos que 
resultam da decodificação ágil de sinais e, ainda, de comportamento e 
decisões cognitivas alicerçados em operações inferenciais, métodos de 
busca e de solução de problemas. Essas funções são perceptivas no toque 
do mouse, que depende da polissensorialidade sinestésica e motora.
Nas telas de hipermídia, a combinatória plurissensorial que 
nosso cérebro pratica, é possível fora dele, na tela, pelo movimento do 
mouse.
Estamos falando do texto que não é linear, não é aquele texto 
apenas passado do impresso para o computador ou divulgado na rede.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção54
Estamos falando do texto que o leitor constrói, à medida que 
opta por vias, nexos de sua preferência, ou seja, não há linearidade de 
escrita, de proposição ou de leitura.
É possível considerar, contemporaneamente, que possamos nos 
dirigir a um leitor que se identifique apenas com UM dos leitores 
da tipologia estudada até aqui?
Toda proposta de produção de material didático para a EAD 
pode ser veiculada em TODOS os meios apresentados?
Fundamente sua resposta, de acordo com a área em que atua e 
leve suas reflexões para o Fórum.
PARTE II
A EAD E OS PROCESSOS COMUNICATIVOS
7Lévy (1999) identifica três diferentes formas de comunicação:
7. LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1996.
- uma (olho no olho, ou pode ser também por telefone e, 
recentemente, por e-mail);
- um para milhões (todos os processos de comunicação 
engendrados pelos meios de comunicação de massa: 
jornal/revista impressos, rádio, TV;
- milhões para milhões: com o advento da internet.
Cabe, aqui, diferenciar quando se usa recurso e quando o meio 
se constitui em processo de construção de conhecimento.
O quadro de giz, o quadro de pregas, mais antigamente, e, mais 
recentemente, o retroprojetor, hoje o datashow, podem comutar-se para 
ser apresentado algum conteúdo. A TV, o vídeo, para apresentação de um 
material relacionado com o que se está abordando, podem ser recursos.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 55
Todavia, quando se concebe que a presença física do interlocu-
tor (professor) pode ser substituída e, portanto, um dos meios pode esta-
belecer a interação/interlocução, começa-se a conceber diferentemente o 
paradigma educacional. Não mais – e apenas – a educação presencial 
com a ajuda de recursos, mas, e principalmente, a educação não presenci-
al mediada.
Mediada por impressos, por mídias e por mídias interativas. 
Juntamente com aquele, move-se o paradigma da comunicação.
Por um lado, os conceitos, as hegemonias passam a ser revistos. 
Por outro, as inovações tecnológicas nos obrigam a reconceber comuni-
cação.
De uso como recursos, rádio, TV e vídeo, constituem-se em 
processos de construção de conhecimento.
8É o paradigma educacional emergente (MORAES, 1999) que, 
num só bojo, revê educação, ensino, linguagem e comunicação.
A educação já pode se dar fora da escola em tempos diferentes 
da grade escolar. O ensino já pode fugir da verborragia. A linguagem, 
portanto, amplia-se para todas as formas de expressão. Consequente-
mente, comunicar-se, interagir, passa a pressupor o outro na construção 
dos sentidos.
A recepção – de lugar passivo – passa a ser espaço de interação. 
O que se entendia por emissão-recepção se modifica. Conforme Possari 
9(2002, p.97) ,
[...] o emissor muda de papel. Não mais emite uma mensa-
gem, no sentido funcionalista do termo(...) constrói um 
sistema... um conjunto, no qual são previstos encaixes, 
vias de circulação como sinais elementares de aponta-
mentos e referências.
10Para Silva (2000, p.116-117) ,
[...] o autor se transforma em construtor de espaços 
8. MORAES, Maria C. O Paradigma educacional emergente. São Paulo: Papirus, 1999.
9. POSSARI, Lúcia H. V. Comunicação e Educação: novo conceito de espaço(tempo). In: 
Cadernos de Educação. Cuiabá: EDUNIC. V.5.,n.1,2002.
10. SILVA, Marco. Sala DE AULA INTERATIVA. Rio: Quart, 2000.
Material Didático para a EaD: Processo de Produção56
visuais e sonoros, universos pré-construídos onde podem 
e devem ser combinadas linguagens de grafismos, sons e 
imagens. Para o autor, o espírito permanece o mesmo, 
mais ou menos no lugar de construir classicamente uma 
rota, ele constrói uma rede e define um conjunto de terri-
tórios desenhados por essa rede.
O receptor é coautor. No processo de interação, há a recursivi-
11dade permanente. Para Silva (2000,P.164) , o emissor é o receptor em 
potencial,e o receptor é emissor em potencial, os dois polos codificam e 
decodificam.
12Possari (2001, p.97) acrescenta: [...] o emissor disponibiliza a 
possibilidade de múltiplas redes articulatórias e, ainda, oferece informa-
ções em redes de conexões, o interlocutor encontra gama de associações 
e de significações.
11. SILVA, Marco. Sala de aula Interativa. Rio: Quartet, 2000.
12. POSSARI, Lucia H.V. Texto Impresso II. In: Laboratório de produção para a Educação 
a distância. Curitiba: NEAD/UNIREDE, 2001.
A Educação a Distância potencializa os fundamentos teórico-
metodológicos abordados quanto à comunicação. Por suas peculia-
ridades, evoca pragmaticamente interação e interatividade, 
ambas exigem a historicidade dos processos de comunicação: as 
possibilidades de interlocução mediadas por tecnologias (diferen-
tes em cada fase da história) e, ainda, os processos virtuais de 
linguagem e interação.
Faz-se necessário, aqui, distinguir, mais uma vez, a interação da 
interatividade.
Você seria capaz de estabelecer diferenças entre esses
processos?
A interação é a condição de os dois polos “inter-agirem” para a 
Material Didático para a EaD: Processo de Produção 57
construção de sentidos. A interatividade diz respeito à ação do receptor 
que é a de interferir, modificar o que está sendo objeto de construção de 
sentidos/de conhecimento.

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