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03 TEORIA DA AÇAO

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1 
WWW.FOCANORESUMO.COM 
 MARTINA CORREIA 
TEORIA DA AÇÃO (NCPC) 
PROCESSO CIVIL 
Curso de Direito Processual Civil de Fredie Didier (2016) 
 
 
 ACEPÇÕES DA PALAVRA AÇÃO 
 
1) AÇÃO = DIREITO DE AÇÃO  para a primeira acepção, o direito de ação é um direito fundamental: 
o direito de acesso à justiça, de submeter um determinado problema à solução jurisdicional. Decorre 
do princípio da inafastabilidade: o direito de ação é um direito abstrato de levar ao Judiciário 
qualquer alegação de violação a direito. 
- Visualizar duas situações: o direito de provocar o Judiciário (direito de ação, provocado contra o 
Estado) e o direito que se afirma ter quando se provoca o Judiciário (direito afirmado, provocado 
contra o réu). Percebe-se que o direito de ação é autônomo em relação ao direito afirmado: o sujeito 
pode ir ao Judiciário sem ter razão, mas tem o direito de provocá-lo. 
- O direito de ação contém o direito de acesso a uma ordem jurídica devida e justa (devido processo 
legal). 
- O direito de ação é um direito de conteúdo complexo ou compósito. Instaurado o processo, surgem 
novas situações jurídicas. Ex.: direito de provocar a atividade jurisdicional, de tornar alguém réu, de 
provar o alegado, de escolher o procedimento a ser adotado, de obter uma resposta do Judiciário, de 
recorrer, dentre vários outros. 
 
2) AÇÃO = DIREITO MATERIAL AFIRMADO  para essa acepção, ação é o direito que se alega ter 
quando se vai ao Judiciário (ação em sentido material). Contudo, sabe-se que direito de ação e direito 
afirmado são distintos e autônomos: o direito de ação é abstrato, pois independe do conteúdo do que 
se afirma quando se provoca a jurisdição. 
 
3) AÇÃO = DEMANDA  na primeira e na segunda acepções, a ação é um direito. Aqui, ela é um ato, 
um agir: o EXERCÍCIO DO DIREITO DE AÇÃO. A demanda instaura o processo e define os limites da 
atuação jurisdicional. O ato de demandar é o exercício do direito de ação com a afirmação de um 
outro direito (direito afirmado). Toda demanda é um ato concreto, porque se refere sempre a pelo 
menos um direito afirmado. Esta é a acepção sobre que nos debruçaremos: os elementos da ação 
são, na verdade, os elementos da demanda, cujo conteúdo é uma relação jurídica (direito afirmado). 
 
 A DEMANDA E A RELAÇÃO JURÍDICA SUBSTANCIAL 
 
- Em toda demanda, há no mínimo a afirmação de um direito. Esse direito afirmado se chama res 
judicium deducta (a coisa que foi deduzida em juízo) e o processo serve para transformar aquilo que 
foi deduzido em res judicata (coisa julgada): transformar o deduzido em julgado. Inexistindo ao menos 
a afirmação de uma relação jurídica de direito material, o ato demanda não terá conteúdo, será um 
recipiente vazio. O direito afirmado é o conteúdo da demanda (relação jurídica), o objeto do 
processo. 
 
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 MARTINA CORREIA 
 ELEMENTOS DA AÇÃO: PARTES, PEDIDO E CAUSA DE PEDIR 
 
1) PARTES  ser parte do processo é estar no processo agindo com parcialidade. 
 
PARTE PROCESSUAL PARTE MATERIAL PARTE LEGÍTIMA 
É aquela que está em uma relação 
jurídica processual, faz parte do 
contraditório, atuando com 
parcialidade e podendo sofrer alguma 
consequência com a decisão. 
CONCEITO QUE DEVE SER UTILIZADO. 
Sujeito da situação jurídica 
discutida em juízo. Pode ou 
não ser a parte processual. 
Casos de legitimação 
extraordinária. 
Tem autorização para estar em 
juízo discutindo determinada 
situação jurídica. Atenção: parte 
ilegítima também é parte porque 
pode alegar sua própria 
ilegitimidade. 
 
- Em geral, são partes principais o autor e o réu. Parte auxiliar é aquela que, apesar de parcial, não 
formulou o pedido ou não teve o pedido contra si formulado (caso do assistente). Há também a parte 
em um incidente do processo (ex.: o juiz é parte de um incidente de suspeição). 
- Carnelutti fala da parte complexa (incapaz ou pessoa jurídica + representante). 
 
2) PEDIDO  será estudado em outro capítulo. 
 
3) CAUSA DE PEDIR  será estudado em outro capítulo. 
 
 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES 
 
1) Ações reais e pessoais  a ação é real quando a relação jurídica (causa de pedir próxima) for um 
direito real. Quando for um direito pessoal, a ação será pessoal. Essa classificação leva em conta o 
direito afirmado. 
 
2) Ações mobiliárias ou imobiliárias  a ação será mobiliária quando tiver como objeto de pedido um 
móvel, e imobiliária quando tiver como objeto um imóvel. 
- Uma ação mobiliária ou imobiliária pode ter como causa de pedir tanto um direito real como um 
direito pessoal. Existem direitos reais sobre móveis e direito reais sobre imóveis, e direitos pessoais 
sobre móveis e direitos pessoais sobre imóveis. Temos a tendência de pensar que os direitos reais são 
sempre para bens imóveis. O despejo, por exemplo, é fundado num direito pessoal, mas o objeto é 
um imóvel. 
 
3) Ação de conhecimento, ação cautelar e ação de execução  depende do tipo de tutela jurisdicional 
pretendido: certificação de direito (conhecimento), efetivação de direito (execução) ou proteger a 
efetivação de um direito (cautelar). A classificação perdeu importância porque as demandas têm 
assumido natureza sincrética e servindo a vários tipos de tutela e propósitos. 
 
4) Ações dúplices  no sentido processual, ação dúplice é sinônimo de pedido contraposto. Nos 
Juizados Especiais, o réu pode formular um pedido contra o autor no bojo da contestação. 
- O que importa, contudo, é o sentido material: QUANDO UMA AÇÃO É MATERIALMENTE DÚPLICE, 
A DEFESA DO RÉU É O EXERCÍCIO DE UM DIREITO SEU, OU SEJA, AO SE DEFENDER, JÁ ESTÁ 
 
3 
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 MARTINA CORREIA 
AFIRMANDO UM DIREITO PRÓPRIO. No sentido processual, o réu se defende e formula um pedido 
contraposto ao autor (são coisas diferentes). Na ação materialmente dúplice, o fato de o réu se 
defender já é a afirmação de um direito. Pensar no cabo de guerra: as equipes se defendem e atacam 
ao mesmo tempo. A defesa do réu não vai ser só defesa, mas também puxar a corda pra o lado dele. 
O réu que se defende numa ação que não é dúplice só quer não perder; numa ação materialmente 
dúplice, o réu sai com algo que ele não tinha (ele não apenas “não perde”). Ex. um pai vai a juízo 
oferecendo alimentos a seu filho (R$ 1000). O filho se defende e diz que mil reais não é um valor 
suficiente, que é necessário o valor de R$ 1500. Essa defesa, por si só, já é uma afirmação de um direito 
dele. Se o juiz disser que, de fato, devem ser pagos apenas os mil reais, o pai ganhou, mas quem 
executa a sentença é o réu. A definição do valor dos alimentos é um problema que qualquer um dos 
dois poderia ter levado ao Judiciário. 
- TODA AÇÃO MERAMENTE DECLARATÓRIA É MATERIALMENTE DÚPLICE. Eu peço que o juiz declare 
que existe uma relação jurídica. A defesa do réu será dizer que ela não existe (uma ação declaratória 
contrária). Uma ação é materialmente dúplice a depender do direito que eu afirme ter. O que torna a 
ação materialmente dúplice não é o procedimento, mas o tipo de direito. 
- São materialmente dúplices: ação de usucapião, ADI e ADC, ação de consignação em pagamento, 
ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, ação declaratória de união estável. 
- A ação possessória é uma ação duplamente dúplice (em ambos os sentidos) porque o réu, além de 
se defender do pleito possessório (no qual já afirmará sua posse, ou seja, o seu próprio direito – 
materialmente dúplice), poderá formular um pedido de indenização contra o autor, no bojo da 
contestação (pedido contraposto – processualmente dúplice). 
 
 CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DE CONHECIMENTO 
 
- DIREITO A UMA PRESTAÇÃO éo poder jurídico de exigir de outrem o cumprimento de uma 
prestação (uma CONDUTA), que pode ser um FAZER, NÃO FAZER, DAR DINHEIRO OU DAR COISA. O 
direito a uma prestação precisa ser concretizado no mundo físico. É um direito que só se executa 
com a realização da conduta devida, com ATOS MATERIAIS. 
- Quando o sujeito passivo não cumpre a prestação, fala-se em inadimplemento (os direitos a uma 
prestação são os únicos que podem ser inadimplidos). A tutela executiva pressupõe inadimplemento. 
- Somente o direito a uma prestação se submete à prescrição. A possibilidade de exigir de outrem 
uma prestação chama-se pretensão. 
- Executar é satisfazer uma prestação devida. A execução pode ser voluntária ou forçada. Ela pode 
realizar-se com o devedor simplesmente adimplindo, voluntariamente; ou pode ser forçada através do 
Judiciário. 
 
EXECUÇÃO DIRETA EXECUÇÃO INDIRETA 
A DECISÃO EXECUTIVA impõe uma prestação 
ao réu e prevê uma medida coercitiva direta. 
Não precisa da colaboração do executado: o 
Estado-juiz se substitui ao devedor e realiza a 
prestação por ele. É também chamada de 
execução por sub-rogação. 
A DECISÃO MANDAMENTAL impõe uma prestação ao réu 
e prevê uma medida coercitiva indireta. 
A execução indireta atua na vontade do executado para 
que ele mesmo cumpra a prestação. Para isso, o Estado 
se vale de coações psicológicas: medo (ex.: prisão civil e 
multa coercitiva) ou incentivo (ex.: sanções premiais, 
 
4 
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 MARTINA CORREIA 
Medidas sub-rogatórias: desapossamento, 
transformação, expropriação etc. 
como a isenção de custas e honorários para que o réu 
cumpra o mandado monitório). 
O resultado buscado é o mesmo: a tutela jurisdicional executiva. 
As formas com que se buscam essa tutela é que se distinguem. 
A tendência atual é a de prestigiar os meios executivos indiretos (menos onerosos). 
 
- Vamos ver agora a evolução das ações de prestação. 
- 1973: as ações de prestação eram ações de pura declaração, ou seja, você ia ao Judiciário obter uma 
decisão que reconhecia o seu direito a uma prestação. Essa decisão lhe permitia a instaurar um novo 
processo apenas para executá-la. Em regra, as ações de prestação à época eram NÃO SINCRÉTICAS, 
eram AÇÕES CONDENATÓRIAS, que tinham o propósito de gerar um título para ser executado depois. 
Ação condenatória é aquela em que se afirma a titularidade de um direito a uma prestação e pela 
qual se busca a certificação e a efetivação desse mesmo direito, com a condenação do réu ao 
cumprimento da prestação devida. 
- Sucede que alguns procedimentos especiais inseriam atos executivos no próprio processo de 
conhecimento. Ex.: mandado de segurança, ações possessórias, ação de nunciação de obra nova. Essas 
ações sincréticas eram divididas em duas espécies: AÇÕES MANDAMENTAIS (se efetivavam por 
execução indireta) e AÇÕES EXECUTIVAS EM SENTIDO AMPLO (se efetivavam por execução direta). 
Ambas visam à efetivação de uma prestação devida e se distinguem pela técnica executiva utilizada. 
- Com a generalização da tutela antecipada, o legislador passou a prever a prática de atos executivos 
no procedimento padrão. Ambas são espécies da ação condenatória. 
- Conclusões: AC (regra geral, não sincrética) + AM e AESA (exceção, sincréticas). 
- Havia quem dissesse que essa tripartição das ações de prestação era indevida e que todas as ações 
de prestação deveriam chamar-se de ações condenatórias porque todas são substancialmente 
idênticas, porque todas servem à prestação de um direito. As variações técnicas não justificariam essa 
divisão. 
 
- 1994 (primeira grande reforma do CPC): o legislador tornou sincréticas todas as ações de 
PRESTAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER (passaram a ter “força executiva própria”). Nesse sentido, alguns 
diziam que como todas as ações de prestação de fazer e de não fazer são sincréticas, não há mais ação 
condenatória de fazer e de não fazer, porque ou eram mandamentais ou executivas em sentido 
amplo. Por outro lado, outros continuavam a afirmar que não há porque fazer essa distinção já que 
todas são condenatórias, o legislador muda a técnica, mas não muda a substância. 
- Fortaleceram-se as noções de sentença mandamental e sentença executiva como sendo modelos 
de decisões sincréticas. 
 
- 2002 (segunda etapa da reforma do CPC): o legislador tornou sincréticas todas as ações para 
ENTREGA DE COISA (art. 461-A). De um lado, havia aqueles que diziam que não existe mais ação 
condenatória para entrega de coisa, já que agora são todas sincréticas. Para essa parte da doutrina, 
apenas restavam as ações condenatórias de prestação de dar dinheiro. Outra parte continuava 
afirmando que todas as ações eram condenatórias, não havendo motivo para a tripartição. Art. 287 do 
CPC (redação antiga): foi retirado o verbo “condenar”. 
 
 
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- 2005: tornaram-se sincréticas as AÇÕES DE DAR DINHEIRO, ou seja, agora TUDO VIROU 
SINCRÉTICO. A Lei 11.232/05 criou a fase de cumprimento da sentença. 
- As regras da execução de título extrajudicial aplicam-se subsidiariamente, no que couber, ao 
cumprimento ou execução da sentença. 
 
CONDENATÓRIAS FAZER e NÃO FAZER ENTREGA DE COISA ENTREGA DE DINHEIRO 
(não sincréticas) tornam-se sincréticas tornam-se sincréticas tornam-se sincréticas 
 
1973 1994 2002 2005 
 
MAJORITÁRIA (3) ADA PELLEGRINI (4) CARLOS ALBERTO ALVARO (5) 
Constitutiva 
Declaratória 
Condenatória 
(mandamentais e AESA são 
espécies) 
Constitutiva 
Declaratória 
Mandamental 
AESA 
 
Constitutiva 
Declaratória 
Condenatória 
Mandamental 
AESA 
 
- A teoria ternária (majoritária) não distingue diferenças no conteúdo de sentenças condenatórias, 
executivas lato sensu e mandamentais. Em todas elas há a imputação de cumprimento de uma 
prestação ao réu, havendo diferença somente na forma de satisfação dessa prestação. 
- Nota-se que para Ada Pellegrini, não existe mais a ação condenatória. 
- Carlos Alberto Alvaro de Oliveira entende necessária a tripartição das ações de prestação, mesmo 
que todas sejam sincréticas, fazendo-se uma tripartição de acordo com o tipo de prestação. Para essa 
corrente, ação condenatória é ação de prestação pecuniária; a ação mandamental é ação para fazer e 
não fazer; e ação executiva em sentido amplo são as ações para entrega de coisa. 
 
- Diferentemente do direito a uma prestação, o DIREITO POTESTATIVO É O DIREITO QUE ALGUÉM 
TEM DE SUBMETER OUTREM À ALTERAÇÃO, CRIAÇÃO OU EXTINÇÃO DE SITUAÇÕES JURÍDICAS 
(“ESTADO DE SUJEIÇÃO”). O direito potestativo efetiva-se NORMATIVAMENTE: basta a decisão 
judicial para que ele se realize, sem qualquer ato material. Exatamente por operarem no mundo 
jurídico, não precisam de execução, pois não há prestação devida. Não há ato material a ser 
praticado, não há prestação (conduta) do sujeito passivo. Por isso, são direitos que não podem ser 
violados, inadimplidos. Ex.: direito à invalidação do ato jurídico, direito ao divórcio, à resolução do 
negócio, direito de decidir uma sentença, direito de casar. É por isso que se diz que “sentença 
constitutiva, que diz respeito a um direito potestativo, não é título executivo”. 
- Chiovenda diz que o direito potestativo é um direito-meio: é um meio de remover um direito 
existente (extintivo) ou é um instrumento (“tentáculo”) de um direito-possível que aspira surgir. O 
direito potestativo esgota-se com o seu exercício. 
- Os direitos potestativos submetem-se, se houver previsão legal, a prazos decadenciais. 
- AÇÃO CONSTITUTIVA é a demanda que tem o objetivo de obter a certificação e efetivação de um 
direito potestativo. 
- As ações constitutivas costumam ser ações queproduzem efeitos apenas para frente, eficácia ex 
nunc. Nada impede, porém, que o direito atribua à ação constitutiva uma eficácia retroativa, é 
excepcional, mas pode ocorrer. 
 
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- Atenção: a efetivação de um direito potestativo pode gerar um direito a uma prestação. Isso porque 
a situação jurídica criada após a efetivação de um direito potestativo pode ser exatamente um 
direito a uma prestação. Ex.: a decisão que rescinde uma sentença que já fora executada gera, por 
efeito anexo, o direito do executado à indenização pelo exequente dos prejuízos que lhe foram 
causados em razão da execução malsinada. Essa decisão tem aptidão para transformar-se em título 
executivo, pois torna certa a obrigação de indenizar, que ainda é ilíquida, impondo-se a liquidação. 
 
DIREITOS A UMA PRESTAÇÃO DIREITOS POTESTATIVOS 
Efetiva-se no mundo físico com atos materiais 
(fazer, não fazer, dar dinheiro ou dar coisa). 
Efetiva-se no mundo jurídico com a alteração, 
criação ou extinção de uma situação jurídica. 
Prazos prescricionais. Prazos decadenciais. 
Ação condenatória. Ação constitutiva. 
Podem ser inadimplidos e, nesse caso, executados 
(satisfação da prestação). 
Não podem ser inadimplidos e executados. A própria 
sentença constitutiva já certifica e efetiva o direito 
potestativo. 
 
- Já analisamos a ação condenatória nos direitos a uma prestação e a ação constitutiva nos direitos 
potestativos. Agora vamos analisar a terceira ação de conhecimento: ação declaratória. 
- Na AÇÃO DECLARATÓRIA pede-se o reconhecimento da existência, da inexistência de uma relação 
jurídica ou o modo de ser dessa relação ou a declaração de autenticidade ou da falsidade de 
documento. Não se busca a efetivação de direito algum, nem direito à prestação, nem direito 
potestativo. O que se pretende é a mera declaração de certeza jurídica. 
- Vejamos o que o NCPC diz sobre a ação declaratória: 
 
Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração: 
I - da existência, da inexistência ou do modo de ser de uma relação jurídica; 
II - da autenticidade ou da falsidade de documento. 
 
- Súmula 181 do STJ: é admissível ação declaratória, visando a obter certeza quanto à exata 
interpretação de cláusula contratual. 
- Também é admitida a ação declaratória para interpretar decisão judicial. 
- Fora o caso da declaração de autenticidade ou falsidade de documento (art. 19, II), não se admite 
ação meramente declaratória de fato. 
- Exemplos de ações declaratórias: ADC (ação declaratória de constitucionalidade), ação de usucapião, 
ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária, ação declaratória de inexistência de 
união estável, consignação em pagamento etc. 
- Exatamente porque se busca a mera certeza de uma relação, e não a prestação de um direito 
(prescrição) ou a afirmação de um direito potestativo (decadência), não se submetem a prazos. 
- O art. 20 do NCPC repete o art. 4º do CPC antigo, vejamos: 
 
Art. 20. É admissível a ação meramente declaratória, ainda que tenha ocorrido a violação do 
direito. 
 
 
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- O exemplo continua o mesmo: caso Wladimir Herzog (jornalista judeu que apareceu morto numa cela 
em SP com uma corda no pescoço), em que Clarice Herzog, viúva, pediu ao Judiciário apenas o 
reconhecimento do direito à indenização, sem, porém, pedir a condenação da União ao pagamento. A 
União alegou falta de interesse e o Tribunal (TFR) entendeu que ela possuía o direito. Depois, Clarice 
resolveu pedir indenização com base na sentença. 
- Quando uma ação declaratória é ajuizada e a sentença declara a existência de direito a prestação 
exigível, ela terá força executiva. Não é necessário ajuizar outra ação condenatória. Nesse caso, é difícil 
distinguir de uma sentença de prestação. 
- O NCPC repete o que estava previsto no art. 475-N: 
 
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos 
previstos neste Título: 
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de obrigação de 
pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; 
 
- Atenção: o direito à declaração não prescreve, mas o direito à prestação sim. Ação meramente 
declaratória ajuizada quando já poderia ter sido ajuizada uma ação condenatória não interrompe a 
prescrição. Isso porque não houve comportamento do credor que revelasse a sua vontade de buscar 
a efetivação da prestação. E todos os fatos interruptivos da prescrição se justificam em um 
comportamento do credor direcionado ao cumprimento da prestação pelo sujeito passivo. Na ação 
declaratória, o demandante não anuncia o desejo de efetivar o seu direito após a certificação 
judicial. É diferente do que ocorre na ação condenatória, em que o comportamento do credor 
direciona-se ao cumprimento da prestação pelo sujeito passivo. Distinguir 3 situações: 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA SEM 
QUE TENHA HAVIDO LESÃO 
AÇÃO DECLARATÓRIA QUANDO HOUVE 
LESÃO (ART. 20) 
AÇÃO CONDENATÓRIA 
Não há prescrição, pois não 
houve violação do direito. 
Há prescrição, pois a violação do direito 
já ocorreu. 
O despacho que ordena a citação não 
interrompe a prescrição, pois não há 
pretensão à efetivação. 
Há prescrição, que é 
interrompida pele o despacho 
que ordena a citação. 
 
- Os efeitos da sentença declaratória são ex tunc (só declara o que já existe). Exceção: art. 27 da Lei 
9.868/99, que permite a modulação temporal dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade. 
 
 CONDIÇÕES DA AÇÃO 
 
- Para o CPC-73, eram condições da ação a POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO, o INTERESSE DE 
AGIR e a LEGITIMIDADE AD CAUSAM. Assim, o processo era extinto sem resolução de mérito quando 
ausente alguma condição da ação (art. 267, VI). 
- A doutrina criticava: ou a questão é de mérito ou é de admissibilidade. O NCPC NÃO MENCIONA 
MAIS A CATEGORIA ‘CONDIÇÃO DA AÇÃO’. Isso não quer dizer que não haja nenhuma análise sobre 
o que correspondia à possibilidade jurídica do pedido, o interesse de agir e a legitimidade ad causam. 
Essas questões são analisadas, mas não mais dentro do assunto ‘condições da ação’, agora inexistente. 
 
8 
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Nota: essa é a posição de Didier (livro-base desse resumo). Boa parte da doutrina ainda continua 
falando das condições da ação. 
- O NPCP NÃO MENCIONA MAIS A POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. A questão passa a ser 
examinada como hipótese de IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO, no capítulo respectivo. 
 
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: 
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; 
 
- Nota-se, então, que as antigas condições da ação ‘interesse de agir’ e ‘legitimidade ad causam’ agora 
permitem decisão de inadmissibilidade. Mas não são mais chamadas de ‘condições da ação’. Também 
não se fala mais em ‘carência de ação’. Na verdade, a legitimidade e o interesse passarão a constar da 
exposição sistemática dos pressupostos de validade: O INTERESSE, COMO PRESSUPOSTO DE 
VALIDADE OBJETIVO EXTRÍNSECO; A LEGITIMIDADE, COMO PRESSUPOSTO DE VALIDADE SUBJETIVO 
RELATIVO ÀS PARTES. 
 
CPC-73 NCPC 
Estudava-se o instituto da ‘condição 
da ação’, que abrangia a 
possibilidade jurídica, a legitimidade 
ad causam e o interesse processual. 
A ausência de uma condição levava à 
carência da ação e à extinção do 
processo sem resolução de mérito. 
Não existe mais o instituto ‘condição da ação’. 
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO  analisada como hipótese 
de improcedência liminar do pedido. 
INTERESSE DE AGIR  analisado como pressuposto de validadeobjetivo extrínseco. 
LEGITIMIDADE AD CAUSAM  analisado como pressuposto de 
validade subjetivo relativo às partes.

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