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Resenha crítica do capítulo 01 -Psicologia e psicologias - do livro da BOCK e outros

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Universidade de São Paulo
Faculdade de Educação
Disciplina: Psicologia da Educação I
Prof. Dra. Ana Laura Godinho Lima
Discente: Walter V Poltronieri - N° USP: 1732012 Turma 31 – noturna
Trabalho: 
Resenha crítica do capítulo 01 – Psicologia e psicologias do livro
BOCK, Ana Mercês Bahia Bock & Outros – Psicologias- Uma introdução ao estudo da psicologia. Saraiva, São Paulo. 2009. 492 páginas. 
Estrutura do capítulo 1 (páginas 18 a 38): 
 CAPÍTULO 1 – A PSICOLOGIA OU AS PSICOLOGIAS
Ciência e senso comum 15
O senso comum: conhecimento da realidade 16
Áreas do conhecimento 18
A Psicologia científica 19
A Psicologia e o misticismo 26
Texto complementar: A Psicologia dos psicólogos – Hilton Japiassu 28
O capítulo 1 estabelece uma relação empática com o leitor, uma vez que seguiu a linha editorial de livro didático. Assim, despertou não apenas curiosidade para o estudo das psicologias, mas é fonte de consulta tanto para estudantes do ensino médio como superior. 
a parte da introdução do capítulo, a psicologia é apresentada como área do saber que traz diversas expectativas para o ser humano, entre elas, que é possível se saber quem se é, atendendo, assim, uma das recomendações do filósofo Sócrates (469 a.C.—399 a.C.) que foi um filósofo ateniense do período clássico da Grécia Antiga: “Conheça-te a ti mesmo”. Assim, não é por acaso que este livro dos professores e psicólogos da PUC-SP esteja na sua 13ª edição, pois foi escrito em linguagem clara e conquista o leitor de primeira. A empatia direta pode ser comprovada no diálogo estabelecido com o leitor da página 19, (negritos de minha autoria): 
“É a Psicologia científica que pretendemos apresentar a você. Mas, antes de iniciarmos o seu estudo, faremos uma exposição da relação ciência/senso comum; depois falaremos mais detalhadamente sobre ciência e, assim, esperamos que você compreenda melhor a Psicologia científica.”
Quem deseja compreender em detalhes com exemplos fortes do cotidiano a relação entre senso comum, filosofia e o porquê de a ciência psicológica ser de natureza múltipla, a leitura desse primeiro capítulo é extremamente indicada. Houve justificativa de a importância da filosofia que é considerada “mãe” epistemológica da psicologia antes de ela se tornar ciência. O plural para “psicologias” é importante, uma vez que a ciência da psicologia é arena da diversidade de perspectivas sobre o homem que, filosoficamente, é múltiplo, datado, localizado e sujeito a diversas forças externas ao “eu”, mesmo que isso seja negado por alguns. 
As referências da importância da Bíblia, do Livro dos Vedas (livro sagrado dos hindus) e de outras práticas religiosas estão no capítulo para, justamente, evidenciar que existem outras formas de o homem lidar com o conhecimento que é através do misterioso e divino. Assim, o capítulo segue a tendência modernas das ilustrações em sua maior parte coloridas com legendas explicativas e escolhidas de acordo com o tópico abordado. Destaque para as fotos de objetos de arte, principalmente para as estátuas de Sócrates, Platão e Aristóteles e assim os autores ilustraram o quanto as artes são fontes legítimas para a compreensão e materialização da diversidade humana. Até frases feitas fizeram parte da argumentação quando ilustraram que no conhecimento ingênuo do homem comum pode ter uma ciência escondida, tal como “de psicólogo e de louco todo mundo tem um pouco”, parodiada para a profissão. 
Os professores argumentaram que os seres humanos sempre desejaram saber sobre si mesmos, mas utilizaram métodos distintos para isso. Sabe-se que até hoje muitas pessoas leem o horóscopo nos jornais ou sites, procuram cartomantes ou quiromantes e fazem trabalhos de magia para diversos fins. Mesmo essas áreas não sendo “ciência” no sentido lato, elas ainda existem por três razões associadas de formas recíprocas: 
1) Curiosidade atávica sobre si – a psicologia desenvolveu os testes de personalidade para atender cientificamente essa demanda; 
2) Há pessoas dispostas a pagar por essas informações e trabalhos – a psicologia, principalmente a clínica, terá seus pacientes e clientes alimentando o mercado das psicoterapias ou análises; 
3) Lidar com a imprevisibilidade do futuro, o que desperta a vontade de saber antecipadamente sobre ele. [1: Segundo John Naisbitt (1929-), 88 anos que é um escritor americano estudioso das Megatendências e também conferencista internacional, o futuro é realmente imprevisível, mas podemos diminuir as chances de surpresa sobre ele se planejarmos de forma rigorosa. Assim, a imagem que Naisbitt trouxe foi que é possível diminuir as áreas de incerteza dentro do universo de possibilidades do que virá. Assim, o escritor faz uso da estatística avançada para “prever” as tendências da sociedade. Para aquelas que atingem determinada inclinação crescente, Naisbitt as denominou de “Megatendências”. ][2: Para essa última razão, a psicanálise argumentará que todos os seres humanos deverão lidar com essa angústia primitiva do “não-saber” e prosseguir na individuação (ser alguém especial e único com sua história singular).]
Os olhares distintos sobre as concepções do homem estão refletidos nas diversas teorias, escolas e métodos que a psicologia apresenta, um pressuposto quase que universal para as ciências humanas. Ao mesmo tempo que o campo é fragmentado e múltiplo, ele representa uma área do saber aberta aos experimentos, estudos, aprimoramentos teóricos e desenvolvimentos de métodos para estudar a subjetividade. 
Os autores seguiram uma lógica muito interessante que foi estabelecer relações entre o senso comum e a ciência, mostrando inúmeros exemplos claros para o seu entendimento. O exemplo do chá de “quebra-pedra” é forte, uma vez que a ciência experimental comprovou que há um princípio ativo nesse chá que favorece a quebra e a posterior eliminação pela urina. No entanto, os primeiros homens que tomaram não sabiam disso e foi através do relato de inúmeras pessoas que essa sabedoria popular foi ganhando credibilidade para finalmente ser pesquisada de forma rigorosa. Por essa razão, uma parte do saber científico pode ter sua origem no conhecimento ingênuo do senso-comum, do misticismo e até da magia. 
A escrita do capítulo é de natureza crítica, pois os autores trouxeram informações datadas, teceram comentários interessantes e pontuais para essa área do saber humano que se iniciou como ciência em 1879. De acordo com a eleição de um determinado objeto de estudo no homem, isso gerará uma escola específica da psicologia. Assim, o Behaviorismo escolheu o comportamento observável, pois se filiou à experimentação científica, enquanto que a Gestalt preferiu a percepção porque apostou na máxima “O todo é maior do que a simples soma das partes” da fenomenologia alemã. A psicanálise inaugurada por Sigmund Freud (1856—1939) elegeu o inconsciente como o principal objeto de estudo da psicologia científica, mas a psicologia sócio-histórica a subjetividade, com toda sua polissemia, mas considerando-a construída historicamente com recurso discursivo ideológico. 
Tratou-se de um momento de transparência ética dos autores pela opção que fizeram e elegeram a subjetividade, inaugurando vertente da psicologia social brasileira engajada politicamente, uma vez que as desigualdades históricas devem ser combatidas. Assim, pode-se considerar que esse principal objeto de estudo da psicologia científica – a subjetividade ou intersubjetividade - tenha também outra função: ser eixo transdisciplinar para abordar todos os capítulos posteriores. 
Finalmente, esse capítulo é esclarecedor para alunos da disciplina de psicologia da educação, se eles desejarem conhecer as relações discursivas do senso-comum, o misticismo, as artes e a eleição da subjetividade pela vertente da psicologia sócio histórico, cuja genealogia é devida aos russos Vygotsky (1896—1934), Alexander Luria (1902—1977) e Alexis Leontiev (1903—1979).

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