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Aula 11 B

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UNI IBMR
Processos de Integração Regional
Professor Diego Santos
A integração na Ásia-Pacífico: Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) – história
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1. Definição
Apec: estabelecida em 1989, é o único grupo intergovernamental no mundo que opera na base de compromissos não-vinculantes, de diálogo aberto e de respeito equânime pelas visões de todos os participantes. Tem como objetivos estimular o crescimento e a prosperidade econômica para a região e fortalecer a comunidade da Ásia-Pacífico.  Ao contrário da OMC ou outros corpos multilaterais, Apec não tem obrigações definidas em tratados para todos seus participantes. Decisões tomadas no âmbito da Apec são alcançadas por consenso, e os compromissos são assumidos numa base voluntária.
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Desde sua criação, Apec buscou reduzir tarifas e outras barreiras comerciais na região, criando economias domésticas eficientes e elevando consideravelmente as exportações.  Metas de Bogor (1994): comércio livre e aberto e investimento na Ásia-Pacífico até 2010 para as economias industrializadas e até 2020 para as economias em desenvolvimento. 
Características:
Comércio não-discriminatório e liberalização dos investimentos com base no regionalismo aberto (eliminação da contradição entre multilateralismo e regionalismo);
Processo de liberalização voluntária: unilateralismo concertado.  Economias tomam ações individuais e coletivas para abertura de mercados;
Abarca várias regiões distintas.
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2. Histórico
Reformas liberalizantes aplicaram-se de maneira isolada nas várias economias da região. Início ocorre com a desregulação empreendida pelos EUA no início da década de 1980. A maioria dos processos foi gradual e de longo prazo, e há uma aceleração na década de 1990.
Bob Hawke (primeiro ministro da Austrália, 1989): plantou a necessidade de criar um fórum intergovernamental para analisar e aplicar um novo modelo de cooperação econômica na região do Pacífico Asiático. Ideia original era criar uma organização em que participariam as economias capitalistas do leste e do sudeste da Ásia e do Pacífico Sul para estudar os meios de colaboração em face da ameaça de formação de blocos comerciais em outras partes e o renascimento do protecionismo diante das constantes falhas para conclusão da Rodada Uruguai. Porém, Hawke não previa incorporação dos EUA.
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Japão não apoia a possível exclusão dos EUA, ao julgar que a participação de seu primeiro sócio comercial era fundamental para a viabilidade de qualquer mecanismo de cooperação. Da mesma forma, considerou essencial a incorporação do Canadá.
Reticência e ceticismo iniciais da Asean, que pensava que o surgimento de outra organização na região era desnecessário. Ao final, Asean aceita com a premissa de que as decisões da nova organização fossem tomadas por consenso e reconhecessem diferentes níveis de desenvolvimento econômico entre os membros.
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3. Os encontros
Canberra, Austrália (1989): Apec começa como um grupo de diálogo informal em nível ministerial com 12 membros. Num comunicado conjunto, destacou-se o papel da região nos processos de liberalização comercial nos modelos multilaterais e se manifestou seu compromisso para apoiar a conclusão da Rodada Uruguai. Reafirmou-se a ideia de que a nova organização não tinha a intenção de converter-se num bloco regional fechado. Delegados concordaram em delimitar áreas específicas no programa de trabalho da Apec, que incluíam aspectos comerciais, investimentos, transferência de tecnologia, desenvolvimento de recursos humanos e cooperação setorial nos setores de infraestrutura, turismo e recursos marítimos.
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Caminho para conformar atual estrutura não foi fácil. Ocorreram encontros diplomáticos árduos para eliminar desconfianças e para apoiar seus trabalhos.  Contraposição de duas visões: a norte-americana (maior transparência e reciprocidade nas ações, enquanto o voluntário e o difuso são considerados de aplicabilidade duvidosa) e a asiática (Teve influência decisiva. Asean defendeu ideias sobre consenso na tomada de decisões, a decisão de assumir compromissos de maneira voluntária e tomada de ações diferenciadas na aplicação de suas políticas); 
Clinton: Comunidade no Pacífico como meio para promover a liberalização econômica e para o incremento dos nexos comerciais. Objetivo: transformar a Apec de um simples espaço de reunião de altos funcionários em uma estrutura institucional cujas deliberações fossem respaldadas politicamente com o encontro de mandatários;
Blake Island, EUA (1993): Líderes econômicos encontram-se pela primeira vez e definem a visão da Apec: estabilidade, segurança e prosperidade para os povos da região.
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Bogor, Indonésia (1994): EUA tentam estabelecer um modelo de livre comércio para a Bacia do Pacífico. Alguns membros mostraram de forma aberta o seu desacordo, como Malásia e China. Ao final, incorporou-se à declaração final a condição de que tal liberalização seria um processo gradual e diferenciado.  Apec define as metas de Bogor (comércio livre e aberto e investimento na Ásia-Pacífico até 2010 para as economias industrializadas e até 2020 para as economias em desenvolvimento).
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Crise asiática desempenha papel importante na elevação da prioridade concedida pela Apec às reformas e nas iniciativas empreendidas em matéria financeira. Reforça-se o papel da Apec como meio para melhorar os sistemas financeiros, fortalecer a cooperação entre reguladores de mercados e supervisores e outras medidas destinadas a melhorar a integridade e o funcionamento dos mercados financeiros. Destaca-se a importância de reforçar a capacidade do sistema financeiro internacional de prevenir ou de responder a crises financeiras.  Declarações oficiais da Apec destacam o aprofundamento dos processos unilaterais de liberalização financeira, por meio da abertura do comércio de serviços financeiros; o fortalecimento das estruturas financeiras internas e a participação nas iniciativas destinadas a reformar a esfera financeira global. 
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Apec foi considerada pelos EUA como um espaço para a instrumentação de seu programa de liberalização econômica integral, assim como um meio para pressionar a abertura de mercados e para reduzir seu déficit crônico com Japão e China. Pretende-se criar um espaço de participação regional com a influência dos EUA;
Pilares da PE dos EUA para a região: promoção da liberalização econômica, expansão da democracia e manutenção da segurança regional. Porém, discurso sobre fomento da liberalização econômica já se encontra desgastado e enfrentou resistência na zona. Diferenças nos níveis de desenvolvimento financeiro podem inibir o sucesso da Apec em matéria de liberalização e de facilitação do comércio exterior, de fluxos de investimento e de crescimento econômico estável.  Logo, é preciso reconhecer as características particulares dos modelos de desenvolvimento endógeno e de seus projetos de nação;
Apec vem assumindo um papel mais ativo na discussão de temas de caráter político, incluindo aspectos de segurança.

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