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BRONQUIECTASIAS KARINA MENIS DEFINIÇÃO: A bronquiectasia é uma desordem adquirida caracterizada por uma dilatação anormal dos brônquios, podendo ser de distribuição focal ou difusa. Sua patogênese envolve um processo inflamatório persistente (infecções necrotizantes crônicas) e intenso na parede brônquica, levando à destruição das suas estruturas de sustentação, com substituição por tecido fibroso. As causas de bronquiectasias são diversas, geralmente envolvendo uma patologia infecciosa. Existem algumas doenças causadoras de bronquiectasia cujo mecanismo é não infeccioso, mediado por uma resposta imune inflamatória, como por exemplo a inalação de gases tóxicos e na deficiência de alfa1-antitripsina Pseudobronquiectasias: dilatação brônquica que surge em decorrência de processos inflamatórios agudos, é reversível, geralmente cilíndrica, resolução em 3 meses a 1 ano A bronquiectasia surge em associação com uma variedade de condições Condições congênitas ou hereditárias: fibrose cística, sequestro intralobar do pulmão, estado de imunodeficiência, Sd de discinesia ciliar primária e de Kartagener. Condições pós-infecciosas: incluindo pneumonia necrosante causada por bactérias (M. tuberculosis, S. aureus, Ilaemophylus influenzae, Pseudomonas), vírus (adenovírus, vírus influenza, vírus da imunodeficiência (HIV)) e fungos (aspergillus) Obstrução brônquica: decorrente de tumor, corpos estranhos, impactação de muco; em que a bronquiectasia permanece localizada ao segmento pulmonar obstruído. Outras condições: artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, Sd de Sjögren, doença intestinal inflamatória e pós transplante, obstrução localizada, aspiração gástrica ou inalação tóxica (cloro, heroína), Sd Young, RCU e unha amarela Associadas à outras doenças pulmonares: ASMA E DPOC Imunodeficiência: Primária: hipogamaglobulinemia, deficiência deletiva de IgA ou de IgG ou subclasses Secundária: LLC, SIDA, quimioterapia, imunomodulação ETIOLOGIA E PATOGENIA Obstrução e infecção são as principais causas associadas à bronquiectasia, é provável que ambas sejam necessárias para o desenvolvimento de lesões completas. Ocorre acúmulo de secreções distalmente a obstrução e inflamação das vias aéreas. Infecções severas de brônquios levam à inflamação, com necrose, fiborse e dilatação das vias aéreas. Essas alterações são visualisadas na forma severa da bronquiectasia associada à fibrose cística. Com infecções repetidas, ocorre uma lesão difusa das vias aéreas, com destruição do tecido muscular liso e elástico, fibrose e dilatação dos brônquios. Os bronquíolos menores são consequentemente obliterados como resultado da fibrose. Na discinesia ciliar primária (sd autossômica), cílios com funcionamento inadequado contribuem para retenção de secreção e infecções recorrentes que levam à bronquiectasia. Síndrome de Kartagener: bronquiectasia, sinusite e situs inversus ou anormalidade de laterização parcial. A ausência de atividade ciliar, interfere com a eliminação de bactérias, predispõe os seios nasais e os bronquíolos à infecção e afeta a motilidade celular durante a embriogênese, resultando em situs inversus. Homens com essa condição tendem a ser inférteis, como alteração da motilidade dos espermatozoides. A aspergilose broncopulmonar alérgica, é uma condição que resulta de uma reação de hipersensibilildade ao fungo Aspergillus fumigatus. Também constitui uma complicação importante da asma e da fibrose cística. Suas características constituem, elevada IgE no soro, anticorpos séricos contra Aspergillus, inflamação intensa com eosinófilos e a formação de tampões de muco que atuam temporariamente. Clinicamente, há períodos de exacerbação e remissão que podem levar à bronquiectasia proximal e doença pulmonar fibrótica. ALTERAÇÕES PULMONARES: Estrutura pulmonar alteração da arquitetua brônquica destruição parênquima pulmonar Função pulmonar obstrução restrição Colonização flora biofilme Inflamação sistêmica marcadores sistêmicos BQT FOCAIS : segmentar ou lobar, associadas à obstrução localizada, compressão extrínseca e/ou distorção brônquica BQT DIFUSAS: multissegmentar ou lobares, associadas À doenças sistêmicas. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Tosse persistente com grande produção de expectoração purulenta, hemoptise podendo ser de grande quantidade, infecções respiratórias repetidas, em casos de exacerbação há uma piora da tosse e surgimento de dispneia. DIAGNÓSTICO Radiografia: podem mostrar sinais sugestivos de bronquiectasias como as opacidades lineares paralelas em diração à coluna dorsal em “trilhos de trem”, porém o exame padrão-ouro é a TC de alta resolução TC: revela 1) dilatação da via aérea, demonstrada por uma relação luz brônquica-vaso adjacente maior que 1,5 e por um não estreitamrnto da via aérea na direção periférica, 2) espessamento da parede brônquica, 3) presença de plugs mucopurulentos nas vias aéreas com aprisionamento de ar e formação de cistos. Broncoscopia/ broncografia(diagnóstico passado com contraste):bronquiectasias vancosas e saculares-císticas Prova de função pulmonar: também é indicada para quantificação da repercussão funcional da doença, geralmente com padrão obstrutivo. CLASSIFICAÇÃO: EXACERBAÇÕES NAS BRONQUIECTASIAS: São importantes peças no ciclo vicioso das bronquiectasias. A proliferação bacteriana leva ao aumento da atividade inflamatória. Pontos importantes no tratamento das bronquiectasias são a identificação das exacerbações e o tratamento adequado delas. FATORES PREDITORES DE EXACERBAÇÕES: A exacerbação está relacionada com o declínio da função pulmonar associada a piora do estado de saúde do paciente, maior risco de morte e piora da qualidade de vida do paciente. A exacerbação pode ser caracterizada como piora da sintomatologia do paciente de modo mais persistente e acentuado do que o de rotina. Alteração na produção de escarro é um fator importante na exacerbação principalmente com relação ao aumento de volume, da viscosidade e da purulência. A presença de hemoptise também pode sugerir exacerbação. CRITÉRIOS DE EXACERBAÇÃO SEGUNDO O’DONNEL: Mudança da característica do escarro Febre Fadiga Piora da função pulmonar Aumento da tosse Aumento da sibilância Alterações na ausculta pulmonar Alteração radiológica nova Com relação à gravidade da exacerbação deve-se levar em conta a causa da bronquiectasia, e sua extensão além da característica da lesão. As bronquiectasias císticas ou saculares são as mais graves por representarem o estágio final de destruição do brônquio. São frequentemente colonizados por: Pseudomonas aeruginosas, S. aureus e acetobacter. A avaliação da gravidade da exacerbação é importante para guiar a conduta terapêutica, já que pacientes com doença mais grave e extensa, a cobertura com antipseudomonas é necessária. Quanto mais grave é a doença maior a prevalência de colonização por esse agente, que se associa com a piora dos sintomas e aceleração do declínio da função pulmonar. TRATAMENTO DAS EXACERBAÇÕES A escolha do ATB deve ser baseada no patógeno mais provável de acordo com a gravidade das bronquiectasias e no conhecimento prévio da flora bacteriana por escarros. O tempo varia de 10-14 dias de duração. CRITÉRIOS PARA AVALIAR A NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO POR BRONQUIECTASIAS Incapacidade de tratamento domiciliar Cianose ou confusão mental Falência circulatória Insuficiência resp. T >38ºC Incapacidade de ingerir medicamentos Necessidade de ATB parenteral INDICAÇÃO DE ATB EMPÍRICO PARA TRATAR EXACERBAÇÕES POR BQT. Primeira opção: Ciprofloxacino, amoxicilina, amoxicilina+clavulanato, moxifloxacino ou claritromicina Segunda opção ( ou caso de falência terapêutica): Ceftazidima, imipenem + cilostasol, piperacilina + tazobactan, gemifloxacino, levofloxacino, moxifloxacino SUGESTÃO DE ATB-ALVO PARA TRATAMENTO DE EXACERBAÇÕES POR BQT. S. pneumoniae : Amoxicilina, Claritromicina, Levofloxacino, Moxifloxacino H. influenzae: Amoxicilina, Amoxicilina + clavulanato, Ciprofloxacino,Ceftriaxone M. catarrhalis: amoxicilina +clavulanato, Ceftriaxone Coliformes: Ciprofloxacino, Ceftriaxona, Imipenem + cilostasol, Polimixina B S. aureus: Oxacilina, vancomicina, linezolida (sensível ) S. aureus: vancomicina linezolida ( resistente) P. aeruginosa: Ciprofloxacino, Ceftazidima, Piperacilina + tazobactam, imipenem +cilostasol, meropenen, Acinetobacter: imipenem + cilostasol, meropenem, polimixina B Burkholderia cepacia: Sulfametoxazol + trimetropim, cloranfenicol
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