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Poder Judiciário Quem deve interpretar-concretizar os direitos fundamentais? Poder Judiciário – arts. 92 a 126 Dentre as três funções do Estado, uma delas é encarregada de aplicar a lei ao caso concreto, resolvendo conflitos de interesse de forma definitiva. Jurisdição é o poder-dever de dizer o Direito ao caso concreto, substituindo a vontade das partes, resolvendo o conflito de interesses com força definitiva. É a função exercida pelo órgão Judiciário (função judicial ou jurisdicional). Características da jurisdição: 1. inércia – não existe jurisdição de ofício, em regra. Não existe processo sem autor. O Ministério Público e a Advocacia são funções essenciais à justiça justamente em razão da inércia dos magistrados. Ver arts. 127 e 133 da CF. 2. substitutividade – em razão do monopólio da jurisdição, só o Estado-juiz pode dizer o direito no caso concreto, vedando-se o exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP); 3. definitividade – é a qualidade dos efeitos da sentença, também chamada de “coisa julgada”, para que possamos alcançar a segurança jurídica. A definitividade é relativizada em determinadas situações; 4. indeclinabilidade ou inafastabilidade – o Professor Nelson Nery dá o nome de direito constitucional de ação. Art. 5º, XXXV, CF. Conceito de Arruda Alvim: “Podemos, assim, afirmar que a função jurisdicional é aquela realizada pelo Poder Judiciário, tendo em vista aplicar a lei a uma hipótese controvertida mediante processo regular, produzindo, afinal, coisa julgada, com o que substitui, definitivamente, a atividade e vontade das partes”. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PODER JUDICIÁRIO: Princípio da Inércia: O Poder Judiciário só se manifesta quando provocado. Art. 5º, XXXV CF. O interessado tem o direito de buscar o Judiciário para a solução de uma lide. Princípio do Devido Processo Legal: A prestação jurisdicional deve ser prestada com a obediência de todas as formalidades legais. Art. 5º, LIV CF. Das Garantias Assegurar a imparcialidade e a tranquilidade dos magistrados (atuação livre, autônoma e independente): Garantias institucionais (autonomia financeira (art. 99 CF), administrativa (art. 96 CF));** Garantias funcionais (garantias da magistratura) – art. 95 e § único CF. 1) Vitaliciedade: 1º grau adquirida após 02 anos de exercício, 2º grau adquirida no momento da posse; 2) inamovibilidade: salvo motivo por interesse público, art. 93, VIII; 3) irredutibilidade de subsídio: ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39 § 4º, 150, II, 153, III e 153, §2º, I. Existem as garantias funcionais de imparcialidade que visam assegurar a isenção do magistrado no exercício da função. São previstas como vedações impostas aos juízes e compreendem (art. 95, § único): exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; Receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; Dedicar-se à atividade político-partidária; Receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; Exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. O Estatuto da Magistratura destinado à disciplina da carreira da magistratura é disposto por Lei Complementar de iniciativa do STF. Ainda não foi editada a LC dispondo sobre o Estatuto, e foi decidido pelo STF que até o advento da lei o Estatuto será disciplinado pela LC nº 35/79 que foi recebida pela CF. Ingresso na carreira: art. 93, I CF (mediante concurso público de provas e títulos, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, 3 anos de atividade jurídica e participação da OAB em todas as fases). O ingresso na carreira da magistratura se dá no cargo inicial de juiz substituto. A partir daí, o magistrado seguirá na carreira, por meio de promoção, podendo ascender aos cargos de juiz titular e desembargador de Tribunal. Estão fora da carreira da magistratura os desembargadores que ingressaram nos Tribunais por meio do quinto constitucional (art. 94) e os ministros dos Tribunais Superiores que ingressaram na forma prevista na CF. O art. 59 da Resolução nº 75/2009, considera atividade jurídica: I - Exercida, com exclusividade por bacharel em direito; II – Advocacia(inclusive voluntária), participação anual mínima em 5 processos; III - Cargos, empregos ou funções, inclusive de magistério superior, que exijam utilização preponderante de conhecimento jurídico. Nesse caso, a comprovação depende de certidão do órgão competente; III – Conciliador (tribunais judiciais, juizados especiais, carga horária mínima de 16 horas mensais durante um ano; IV - Mediação ou arbitragem. Órgãos do Poder Judiciário: (art. 92 CF) I – SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL – STF; II – CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA (apesar de ser um órgão do PJ não exerce função jurisdicional, limitando-se a adotar medidas administrativas; III – SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ; IV – TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E JUÍZES FEDERAIS; V – TRIBUNAIS E JUÍZES DO TRABALHO; VI – TRIBUNAIS E JUÍZES MILITARES; VII – TRIBUNAIS E JUÍZES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS. STF, CNJ e os Tribunais Superiores têm sede na Capital Federal; já o STF e os Tribunais Superiores têm jurisdição em todo o território nacional. ESTRUTURA DO PODER JUDICIÁRIO A estrutura da justiça brasileira deve ser estudada levando-se em conta 2 aspectos: Em decorrência da forma federal de Estado, a justiça divide em Federal (Comum ou especializada) e Estadual (Residual); Em razão da competência outorgada pela CF = justiça comum (justiça remanescente da justiça especializada) e a justiça especializada (Militar, Eleitoral e Trabalhista) I) Justiça no âmbito federal = Comum – art. 109 CF Especializada (trabalhista, eleitoral e militar) – arts. 11 a 124 CF II) Justiça no âmbito estadual = residual (tudo que não for competência federal comum ou especializada). STF = Suprema Corte ou Excelso Pretório Previsão Constitucional: art. 101 CF, composição: 11 ministros; É o órgão do cúpula do Poder Judiciário, pois é o guardião da Constituição; Atua no âmbito do controle de constitucionalidade concreto (quando aprecia em última análise as controvérsias concretas suscitadas nos juízes inferiores). Requisitos para ser Ministro do STF: 1. ser brasileiro nato (o art. 12, §3º da CF diz que o Presidente do STF substitui o Presidente da República – está na linha de sucessão); 2. idade mínima de 35 anos e máxima de 65. José Afonso da Silva diz que aos 35 anos o cidadão adquire a capacidade política absoluta. A idade máxima se justifica porque é necessário que exerça a função por cinco anos para aposentar-se compulsoriamente aos 70 anos (* para ser Presidente da República não há idade máxima. Igualmente para os demais cargos políticos); 3. notável saber, conhecimento jurídico que dispensa prova. Hoje a doutrina pacífica entende que deve ser no mínimo bacharel em direito; 4. reputação ilibada – vida pretérita sem mácula. O Presidente da República escolhe a pessoa dentre brasileiros com os requisitos acima e remete o nome ao Senado, que o aprovará ou não, por maioria absoluta de votos. Art. 101, CF. Antes de aprovar, o Senado faz uma sabatina. STJ Previsão Constitucional: art. 104 CF Competência: art. 105 CF. É o guardião da lei Federal no nosso ordenamento jurídico – compete principalmente apreciar “questões federais”. Foi criado com a CF/88. José Afonso da Silva diz que foi criado doutrinariamente por ele, em 1965. Cuida da guarda da uniformidade da interpretação das leis federais, harmonizando as decisões dos tribunais regionais federais e dos tribunais estaduais de segunda instância. Também aprecia recursos especiais cabíveis quando contrariadas leis federais. É composto por, no mínimo, 33 Ministros. Mesmos requisitos dos Ministros do STF e escolhidos pelo Presidente da República, tendo seus nomes aprovado pelo Senado, por maioria absoluta (antes da EC/45 era maioria simples). A escolha dos Ministros é vinculada (diferente do que ocorre com a escolha dos membros do STF, que é livre): - 1/3 dentre Desembargadores dos Tribunais Regionais Federias; - 1/3 dentre Desembargadores dos Tribunais de Justiça; - 1/3 dentre advogados e representantes do Ministério Público (1/6 de cada – 1/12 de membros do MP estadual e 1/12 de membros do MP federal). OBS: ao contrário do STF, a CF exige a graduação em Direito de todos os membros do STJ porque eles serão, obrigatoriamente, membros da magistratura, MP ou advogados. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ Foi instituído pela EC 45/2004; Previsão Constitucional: art. 92, inciso I-A e artigo 103-B) Art. 103-B, § 4º - atribuições (rol exemplificativo) O Conselho Nacional da Justiça, CNJ, é um órgão integrante do Poder Judiciário, e controla a sua atuação administrativa e financeira, bem como o cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Ou seja, é um órgão administrativo integrante da própria magistratura. Art. 94 – Quinto Constitucional Reserva de 1/5 das vagas dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do DF e Territórios, aos membros do Ministério Público, com mais de 10 anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Recebida essa lista da entidade de classe, o tribunal respectivo, federal ou estadual, forma uma lista tríplice, enviando-a aos Chefe do Poder Executivo, que, nos vinte dias seguinte, nomeará um de seus integrantes. Ministros do STF, STJ, TST e do STM são nomeados pelo Presidente da República, após aprovação da escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. FUNÇÕES ESSENCIAIS A JUSTIÇA – arts 127 a 135CF É uma criação do Poder Constituinte Originário de atividades profissionais (públicas ou privadas) atribuindo-lhe o status de funções essenciais à Justiça. MINISTÉRIO PÚBLICO É instituição permanente, essencial à justiça, incumbe-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais (combate a criminalidade, controle externo da atividade policial, etc) e individuais indisponíveis (tutela dos interesses de menores, incapazes, etc) (art. 127 CF). É o órgão de defesa da sociedade Atua como fiscal da lei, do cumprimento da lei = “custos legis”. Princípios: unidade, indivisibilidade e independência funcional Atribuições: art. 129 CF Estrutura: art. 128CF (organizados por Lei Complementar) I – MP da União: tem por chefia o Procurador-Geral da República (art. 128, § 1º) Nomeado pelo Presidente, maior de 35 anos, aprovação maioria absoluta do Senado, mandato 2 anos; II – MP dos Estados: tem por chefe o Procurador-Geral de Justiça (art. 128, § 3º) Lista tríplice=é composta pelos 3 candidatos ao cargo que obtiver o maior nº de votos dentre os integrantes da instituição. ADVOCACIA PÚBLICA A Advocacia-Geral da União é a instituição que representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento. O Advogado-Geral da União, de livre nomeação pelo Presidente dentre cidadãos maiores de 35 anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, exerce sua chefia. Para o ingresso nas classes iniciais far-se-á mediante concurso público de provas e títulos. Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional A representação judicial e a consultoria jurídica das unidades federadas serão exercidas pelos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal. ADVOCACIA E DEFENSORIA PÚBLICA O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. A defensoria pública é instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do art. 5º, LXXIV.
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